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ÓRGÃOS DE SOBERANIA

• Artigo 110.º CRP


• (Órgãos de soberania)
• 1. São órgãos de soberania o Presidente da República, a Assembleia da República,
o Governo e os Tribunais.
• A Constituição não institui apenas os órgãos de soberania indicados taxativamente
indicados no artº110º
• Assim como os órgãos de governo própria das regiões autónomas (arts. 6º, n° 2,
231º e 234ºº) e do poder local (art. 235º) Institui também como órgãos do Estado o
Provedor de Justiça (art. 23º), a Alta Autoridade para a Comunicação Social (art.
39º), o Conselho Económico e Social (artº 92º), O Conselho de Estado (artº 141º) o
Conselho Superior da Magistratura (art. 218º), o Conselho Superior dos Tribunais
Administrativos e Fiscais (art. 217º, n° 2), a Procuradoria-Geral da República (artº
220º), o Conselho Superior do Ministério Público (artº 220º, n. 2) , os Representantes
da República para as regiões autónomas (art. 230º) e o ConselhoSuperior de Defesa
Nacional (art. 274º).
ÓRGÃOS DE SOBERANIA

Como distinguir os órgãos de soberania dos restantes órgãos.


Entende-se que os órgãos de soberania são aqueles que se ligam, necessária e
primariamente, à soberania como poder próprio e originário do Estado.
Os órgãos ditos de soberania vêm a ser aqueles que se ligam, necessária e
primeiramente, à soberania como poder próprio e originário do Estado; os restantes
são órgãos de entidades autónomas diferenciadas do Estado ou não - possuem uma
qualidade e uma consistência secundária de poder.
Os órgãos de soberania são as peças essenciais do sistema político; é a partir dos
órgãos de soberania que se define o sistema de Governo e o relacionamento destes
com os Tribunais releva para o regime político para o Estado de direito democrático.
ÓRGÃOS DE SOBERANIA

• Artigo 111º Separação e interdependência


• 1. Os órgãos de soberania devem observar a separação e a interdependência
estabelecidas na Constituição.
2. Nenhum órgão de soberania, de região autónoma ou de poder local pode delegar
os seus poderes noutros órgãos, a não ser nos casos e nos termos expressamente
previstos na Constituição e na lei.
• A consagração do princípio da separação e interdependência dos órgãos de
soberania como princípio organizatório básico do poder político visa acolher alguns
momentos fundamentais da clássica doutrina da «divisâo de poderes» (prevenção
perante abusos de poder resultantes da concentração de «poderes» ou «funções»
num só órgão ou numa só pessoa), embora a Constituição tenha evitado deliberada-
mente a utilização desta fórmula.
ÓRGÃOS DE SOBERANIA

• Não se trata de «dividir» o poder soberano, cujo titular é apenas o povo (cfr. art. 3°-
1), mas da separação das funções do Estado e da sua ordenação e distribuição por
vários órgãos de soberania.
• A separação dos órgãos de soberania é constitucionalmente concebida, quer como
critério ordenados da relação entre funções e tarefas constitucionais, de um lado, e
• órgãos de soberania, do outro (distribuição das diversas funções por vários órgãos
com a finalidade de uma optimização das tarefas e fins do Estado, normativamente
definidas na lei fundamental), quer como princípio de divisão das funções políticas,
fazendo respeitar a sua repartição constitucional, bem como as formas
constitucionais de exercício compartilhado por vários órgãos.
ÓRGÃOS DE SOBERANIA

• Em rigor, o princípio da divisão de poderes acentua este último aspecto, pois a


distribuição do poder político por vários órgãos de soberania neutraliza a
concentração, o monismo e o absolutismo do poder político. O princípio da
separação de poderes acentua a diferenciação funcional.
• A interdependência concretiza-se em vários planos:
• (a) na própria forma de governo, assente numa complexa teia de relações e
interdependências recíprocas dos órgãos de soberania;
• (b) na exigência de intervenção de vários órgãos no exercício de certas
competências (por ex., declaração do estado de sítio, escolha, nomeação ou
demissão de titulares de certos órgãos ou titulares de cargos);
• (c) na distribuição da mesma função por diferentes órgãos, concorrencialmente (ex.:
função legislativa) (cfr. arts. 115°, 134°/b, g, h, 136°, 165°-2-3-4 e 169°).
PARTIDOS POLÍTICOS E DIREITO DE OPOSIÇÃO

• Artigo 114º Partidos políticos e direito de oposição


• 1. Os partidos políticos participam nos órgãos baseados no sufrágio universal e
directo, de acordo com a sua representatividade eleitoral.
2. É reconhecido às minorias o direito de oposição democrática, nos termos da
Constituição e da lei.
3. Os partidos políticos representados na Assembleia da República e que não façam
parte do Governo gozam, designadamente, do direito de serem informados regular e
directamente pelo Governo sobre o andamento dos principais assuntos de interesse
público, de igual direito gozando os partidos políticos representados nas Assembleias
Legislativas das regiões autónomas e em quaisquer outras assembleias designadas
por eleição directa relativamente aos correspondentes executivos de que não façam
parte.
PARTIDOS POLÍTICOS E DIREITO DE OPOSIÇÃO

• .Os partidos políticos ocupam um lugar de grande relevo no sistema constitucional-


democrático da CRP.
• A CRP .elevou-os à dignidade da constituição formal («incorporação constitucional»
dos partidos) e atribuiu-lhes tal relevo no sistema político que pode afirmar-se que o
regime político português constitui uma das manifestações mais acabadas do
Estado-de-partidos.
• Depois de, em sede de princípios fundamentais, ter reconhecido os partidos políticos
como elementos necessários para a organização e expressão da vontade popular
(art. 10°-2) e de, em sede de direitos fundamentais, ter consagrado o direito de
constituição e de participação em partidos políticos como um dos «direitos,
liberdades e garantias de participação política» (art. 51°), a Constituição reafirma
aqui, em sede de organização do poder político, a função democrática dos partidos
políticos, legitimando a sua participação — «... participam ... nos órgãos baseados
no sufrágio universal e directo.
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• A função democrática constitucionalmente atribuída aos partidos — «participação


nos órgãos baseados no sufrágio universal e directo» é, em primeiro lugar, uma
função de mediação.
• O poder político pertence ao povo (art. 108°), mas como não pode ser directamente
por ele exercido, atribui-se aos partidos o papel mediador, de formação e
canalização de vontade popular (cfr. art. 10°).
• Além desta função de mediação, os partidos políticos têm como função a
participação nos próprios órgãos de soberania e noutros órgãos constitucionais
baseados no sufrágio universal e directo, sendo esta a função de participação (n° 1).
• Os partidos políticos não concorrem apenas para a formação da vontade popular
(art. 10°-2); estão presentes nos próprios órgãos escolhidos ou eleitos, concorrendo
para a formação da vontade destes mesmos órgãos.
PARTIDOS POLÍTICOS E DIREITO DE OPOSIÇÃO

• .A representatividade eleitoral dos partidos (n° 1) é determinada de acordo com os


resultados eleitorais e constitui a expressão e medida da sua representatividade
democrática.
• Embora os partidos possam reclamar-se de representatividade social e política
qualificada, isso é irrelevante para efeitos de determinação da sua representação
parlamentar.
• O princípio aqui estabelecido implica, fundamentalmente, duas coisas:
• (a) os partidos políticos têm o direito de apresentar candidatos a todas as eleições
directas de órgãos colegiais;
• (b) os partidos têm o direito de obter mandatos de acordo com os resultados
eleitorais, ou seja, de acordo com o método proporcional (art. 113°-5).
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• O direito de candidatura é expressamente reafirmado nos arts. 151° (para a AR) e


245° (assembleia de freguesia); quanto às restantes eleições, a lei não só lhes tem
conferido esse direito como lho tem reservado.
• No que respeita ao sistema de representação proporcional, além do princípio geral
do art. 113°-5, ele é reafirmado em relação à AR (art. 152°-1), às Assembleias
Legislativas das regiões autónomas (art. 231°-2) e às assembleias locais (art. 245°-
2). Mas a participação dos partidos de acordo com a representatividade eleitoral
refere-se a todos os órgãos baseados no sufrágio universal e directo, o que inclui a
câmara municipal (art. 252°)
• .No n° 2 é reconhecido às minorias o direito de oposição democrática.
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• O direito de oposição democrática (n° 2) é uma concretização de outros princípios e


direitos fundamentais da Constituição: princípio democrático (arts. 2° e 9°/b), direitos,
liberdades e garantias de participação política (arts. 48° e 51°).
• . Daí que o direito de oposição não se limite à oposição parlamentar e abranja
também o direito à oposição extraparlamentar (cfr. L n° 24/98, art. 3°-4, que se refere
ao direito de oposição dos partidos sem representação parlamentar).
• De resto, o direito de oposição existe não apenas a nível dos órgãos de governo da
República mas também a nível dos órgãos de governo das regiões autónomas e do
poder local (cfr. L n° 24/98, art. 3°).
• O direito de oposição é reconhecido às minorias, sendo tais todas as forças políticas
que não façam parte do executivo, mesmo que este seja ele mesmo minoritário e
que as forças de oposição sejam em conjunto maioritárias.
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• O que importa é a relação Governo-oposição, que normalmente será uma relação


maioria-minorias.
• O direito de oposição é intrinsecamente plural, assistindo a todos os partidos de
oposição, e é igual, não podendo o Governo eleger o partido de oposição ou excluir
qualquer partido.
• Não existe nenhuma abertura para imputar prerrogativas especiais ao principal
partido da oposição, ressalvados os poderes que são reservados aos partidos
parlamentares e que são proporcionais à representação parlamentar dos partidos (v.
g., direito de antena).
• .A Constituição não especifica as formas de oposição democrática (cfr., porém, L n°
24/98, arts. 4 e ss.).
• Todavia A própria Constituição especifica algumas destas actividades (arts. 176°-3,
180°-2, 192°-3 e 194°-1).
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• Desde logo, o direito de consulta prévia relativamente a questões de especial


sensibilidade politico-constitucional (marcação de datas de eleições, orientação geral
de política externa, orientação de políticas de defesa nacional e segurança interna,
grandes opções do Plano e Orçamento do Estado).
• Explícitos direitos de oposição são, igualmente, os de natureza especificamente
parlamentar, designadamente os que são conferidos aos grupos parlamentares (cfr.
art. 1800). Não menos importantes são os direitos que para a oposição decorrem do
facto de certas decisões não poderem ser tomadas sem ou contra a sua vontade, ou,
pelo menos, não poderem ser livremente adoptadas pela maioria. É o caso da
exigência constitucional de maiorias parlamentares qualificadas (maioria absoluta ou
2/3 dos deputados) na votação de certas leis ou na designação de determinados
órgãos (cfr. arts. 163°/h e 168°-6).

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