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UNIDADE III

AULA 7 – CRIMES OMISSIVOS

1) Crimes omissivos próprios


- Critério tipológico:
a) omissivos próprios, previstos num tipo específico (art. 135 do CP,
por ex), conteúdo típico se esgota com a não realização da ação
mandada; Crimes de mera conduta.
b) omissivos impróprios, dependem da delimitação de um dever
especial de garantidor, vinculado a um tipo comissivo.
- Critério tradicional: o resultado. São sempre crimes materiais.

2) Crimes omissivos impróprios (ou comissivos por omissão)


Art. 13, §2º, CP: posição de garante.

Relevância da omissão (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para


evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:(Incluído pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (Incluído pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)

b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (Incluído pela


Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do


resultado. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

-Exemplo: vínculo obrigacional dos pais com relação aos filhos. Pode
matar por mão própria ou se omitir e deixar de alimentar a criança.
- Posição de garantidor + resultado + omissão (possibilidade físico-
individual de agir + não praticar a ação físico-individualmente possível) +
nexo causal ou quase-causal + imputação objetiva (não diminuição de
um risco juridicamente desaprovado e realização desse risco no
resultado).
 Posição de garantidor:
- Garantidores de proteção: especial relação de cuidado em relação a
um bem jurídico. Ex: pais
- Garantidores de vigilância: especial relação de controle sobre uma
fonte de perigo (sobre coisas e pessoas). Ex: caso de empresários (como
barragens).

a) dever derivado da lei


b) dever derivado da assunção (contratual ou extracontratual)
c) ingerência (alínea c)

- Deve haver fundamentação material e adequação à realidade.


- Resultado: mencionado expressamente no §2º do art. 13.
- Surgimento do dever de agir: perigo da ocorrência do resultado (perigo
direto para o BJ).
- Omissão da conduta determinada e exigida de evitação do resultado,
apesar da capacidade físico-real de fazê-lo.
 Há que se determinar o dever concreto de agir do garantidor e seu
descumprimento.

AULA 8 – TIPCIDADE OBJETIVA


1) Crime doloso
- Art. 18 do CP:

Art. 18 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Crime doloso (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;

- Teoria volitiva do dolo:


a) elemento cognitivo (consciência atual)
b) elemento volitivo (vontade)

- Teorias de disposição e ânimo:

a) teoria do consentimento (ou da assunção aprovadora): aprovação


do resultado como possível; (dolo eventual)
b) teoria do levar a sério o perigo de realização do tipo objetivo.

- Formas de dolo:

a) Dolo direto de primeiro grau; (predominância da vontade)


b) Dolo direto de segundo grau; (Dolo de segundo grau ou de
consequências necessárias: é a vontade do agente dirigida a
determinado resultado, efetivamente desejado, em que a utilização dos
meios para alcançá-lo inclui, obrigatoriamente, efeitos colaterais de
verificação praticamente certa). Efeitos colaterais necessários.
c) Dolo eventual; Efeitos colaterais possíveis.

2) Crime culposo:

- Tipo penal aberto;


- CP não conceitua o crime culposo, como faz com o doloso, mas
menciona apenas as suas modalidades (art. 18, II) e a regra que é
excepcional (§ único):

Crime culposo (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência


ou imperícia. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato
previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. (Incluído pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)

- Finalismo: previsibilidade objetiva (homem médio) + violação de um


dever objetivo de cuidado.
- Funcionalismo: princípio do risco (imputação objetiva).

- culpa (deixa de cumprir um dever de cuidado) x omissão (deixa de


cumprir um dever de agir).
- Espécies de culpa:

a) culpa consciente;
b) culpa inconsciente; (não prevê o resultado que lhe era previsível).

- A diferença da culpa consciente para o dolo eventual, é que neste,


mesmo com a previsão do resultado, o agente assume o risco de produzi-
lo. Já na Culpa Consciente, tem-se a previsão a previsão de um
resultado, porém o agente tem a certeza e a esperança que tal resultado
não ocorrerá.

- Modalidade de culpa:

a) Negligência
b) Imprudência

c) Imperícia

 Erro de tipo:
- Erro de tipo incriminador: Dolo exige o conhecimento das circunstancias
de fato do tipo legal. Art. 20:

Erro sobre elementos do tipo (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo,
mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)

- Erro de tipo evitável e inevitável.


- Erro de tipo permissivo: Art. 20, §1º:

Descriminantes putativas (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias,


supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de
pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.(Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

- Teoria da cegueira deliberada: indivíduo busca de beneficiar de seu


estado de ignorância para eludir a responsabilidade.
AULA 9 - ANTIJURIDICIDADE

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)

I - em estado de necessidade; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

II - em legítima defesa; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (Vide ADPF 779)

III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de


direito. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Excesso punível (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá


pelo excesso doloso ou culposo. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

- Consentimento como causa supralegal de justificação.

1) Estado de necessidade:

Estado de necessidade

Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar


de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar,
direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-
se. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de


enfrentar o perigo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena


poderá ser reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

- Situação justificante: perigo atual, involuntário, e inevitável para direito


próprio ou alheio.
- Ação justificada: elemento subjetivo: conhecimento da situação
justificante. Elemento objetivo: cláusula de razoabilidade.

- E.N. justificante (antijuricidade – bens jurídicos de maior valor) e


exculpante (culpabilidade – bens jurídicos de menor valor). De igual
valor, há controvérsia jurídica.
- Não há legítima defesa no E.N. justificante.
- Há L.D. no E.N. exculpante. Tb há possibilidade de punir partícipe.

2) Legítima Defesa

Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios


necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de
outrem. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (Vide ADPF 779)

Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo,


considera-se também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele
agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de
crimes. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vide ADPF 779)

- Situação justificante: agressão (conduta humana) injusta, atual ou


iminente, a direito próprio ou alheio.
- Ação justificada: elemento subjetivo (conhecimento da situação
justificante). Elemento objetivo (uso moderando dos meios necessários).
- Pacote anticrime: § único.

3) Estrito cumprimento do Dever Legal

4) Exercício Regular do Direito

5) Consentimento: causa supralegal de exclusão da ilicitude

6) Excesso nas causas de justificação: art. 21, responsabilidade pelo


excesso doloso ou culposo.

Excesso punível (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá


pelo excesso doloso ou culposo. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

- Causa de exculpação que socorre. Inexigibilidade de conduta diversa


pode ser uma alternativa de defesa.

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