Você está na página 1de 5

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DA VARA DA 01ª

VARA CÍVEL DE PARAGOMINAS

Autos nº: 0003415-14.2017.8.14.0039

MARLOS HENRIQUE DOS SANTOS, Economista Perito, ora assistente técnico

contratado pelo patrono do Requerido para dar luz aos números judiciais, alinhados aos comandos judiciais

e expertise financeira, nos autos de execução patrocinado pelo Banco SICREDI em epígrafe, respeitosamente

vêm à presença de V.Exa. impugnar os cálculos apresentados pelo Autor e discorrer sobre as ilegalidades

cometidas, uma vez que o despacho ID 59512438 alega que o conhecimento das cláusulas é pertinente ao

Requerido e que o mesmo deveria buscar ajuda de um contador para auxiliá-lo na tomada de decisão,

senão vejamos:

 SOBRE O ACORDO

Cabe destacar a Vossa Excelência que não se trata de conhecimento ou não, mas

sim de omissão de informações relevantes para que seja possível, com a ajuda de um expert corroborar
com os termos do contrato, sem que esses sejam abusivos. Abaixo vemos um trecho do acordo

pactuado onde o Requerente sequer demonstra a forma como chegou no valor da dívida de R$

769.842,54, simplesmente afirma que este é o débito, sem qualquer explanação dos encargos cobrados

e como forma cobrados.

Em seguida, cita o plano de pagamento.

Como Vossa Excelência pode verificar, em nenhum momento o Requerido teve

acesso aos valores devidos e transformando-o em refém da instituição financeira para aceitar o referido

acordo, não se tratando de homem com conhecimento limitado ou não, pois se não há informação,

nem o melhor dos experts financeiros, o qual me incluo, é capaz de dizer a origem dos valores e quais

encargos foram cobrados para chegar ao valor de R$ 769.842,54, agravado pelo fato da Instituição

financeira conceder um “desconto” para R$ 685.829,55.

2
Desta forma não coube ao Requerido, senão apresentar ao juízo as irregularidades

cobradas no contrato original e cujas diferenças alteram substancialmente o valor do acordo pactuado.

Não há como não dizer que foi um contrato obscuro e leonino, e que a parte frágil é exatamente o

tomador do empréstimo.

Outro ponto relevante e que sequer foi observado no despacho é a legalidade das

cobranças imputadas pelo Requerente, principalmente no que tange a forma de remuneração taxa CDI

do contrato.

A aplicação do CDI se mostra abusivo, revelando unilateralidade na pactuação. Isso

porque o critério de aferição do percentual embute juros remuneratórios e remetem o devedor ao

controle exclusivo do credor, mesmo porque, referidos indexadores representam taxas unilaterais,

divulgadas pela Associação Nacional dos Bancos de Investimento (ANBID) e Central de Liquidação e

Custódia de Títulos (CETIP), entidades voltadas à defesa dos interesses das empresas financeiras que

compõem seus respectivos quadros societários, motivo pelo qual impossível a manutenção destes

encargos no contrato, pois, flagrantemente, nulos.

Deve ser julgado procedente o afastamento da previsão de incidência de taxa

flutuante sobre a remuneração acumulada no período, dos Certificados de Depósito Interbancário (CDI),

apurada e divulgada pela Central de Liquidação e Custódia de Títulos – CETIP, sendo substituída por

outro índice ou metodologia que o mercado financeiro ou a autoridade normativa venham a instituir em

substituição.

A Taxa CDI não pode ser utilizada como critério de correção monetária, uma vez que

a própria correção monetária se mostra como simples reposição das perdas acontecidas com o passar

do tempo e que resultam numa depreciação da moeda, impondo-se recompô-la pela incidência de

índice que melhor corresponda à inflação ocorrida no período, neste caso o INPC. Outrossim, porque

distinta dos juros, é vedada, para a atualização pura da moeda, a utilização das taxas divulgadas pela

ANBID e CETIP, uma vez que contém embutidos juros remuneratórios inominados, sendo que o

3
contrato já versa sobre aplicação de juros remuneratórios de 1% a.m., ou seja, o contratante está sendo

cobrado duplamente pela incidência de encargos remuneratórios.

Fato mais agravado corresponde aos encargos moratórios. Sobre os juros de mora

em função do atraso/não pagamento das parcelas, este está pactuado no importe de 79,585633% ao

ano, que equivale aos absurdos 5% a.m. sobre um valor que já está sendo acrescido de remuneração

CDI. Como não considerar esses juros abusivos, sendo que o parâmetro legal equivale a 1% a.m. a título

de juros moratórios. Vejamos cláusula pactuada.

Nada melhor do que visualizar a aplicação dos números. Imagine Vossa Excelência

que o contrato esteja há 20 meses inadimplido e que o Autor vai cobrar do cliente esse contrato. Será

repassada a comissão de permanência (taxa de juros remuneratórios), multa moratória de 2% e os

incríveis 100% de juros moratórios sobre os valores. Como não dizer que essa conduta é abusiva?

Vossa Excelência ao concordar com os valores cobrados pela instituição corrobora com tamanha

perversidade.

REQUERIMENTOS FINAIS

Ante o exposto, clama o Requerido pelo conhecimento e provimento dos embargos

propostos em petição anterior e que a Vossa Excelência reconsidere o pedido, a fim de que, reconhecidos

as irregularidades apontadas nos cálculos do Autor, sejam os cálculos em sua totalidade impugnados na

forma exposta na insurgência ora apresentada.

4
Nestes termos,
Pede deferimento.

Palhoça/SC, 17 de maio de 2022.

Marlos Henrique dos Santos


Economista Perito / CORECONSC 3665
contato@mhcalculos.com.br

Você também pode gostar