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Tarifa de Administração

Quanto à tarifa de administração mensal, no importe de R$


25,00 (vinte e cinco reais), também não há ilegalidade.

Tratando-se de instituição financeira, a cobrança das referidas


tarifas administrativas está autorizada pela Resolução nº 3.919/2010
do BACEN, que no artigo 1º que assim dispõe:

Art. 1º A cobrança de tarifas pela prestação de serviços por parte


das instituições financeiras e demais instituições
autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil deve
estar prevista no contrato firmado entre a instituição
financeira e o cliente ou ter sido o respectivo serviço
previamente autorizado ou solicitado pelo cliente ou pelo
usuário.
§ 1º Para efeito desta resolução:
I - considera-se cliente a pessoa que possui vínculo negocial não
esporádico com a instituição, decorrente de contrato de
depósitos, de operação de crédito ou de arrendamento
mercantil, de prestação de serviços ou de aplicação
financeira;
II - os serviços prestados a pessoas naturais são classificados como
essenciais, prioritários, especiais e diferenciados;

Desse modo, verifica-se que está autorizada a cobrança de


tarifas pela prestação de serviços decorrentes de financiamento
imobiliário, desde que explicitadas ao cliente às condições de fruição
e pagamento dos serviços.

Não obstante, o artigo 14, § 1º, inciso II, da Resolução n.


3.932/10 do BACEN dispõe o seguinte:

Art. 14. [...] § 1º Não estão incluídos no custo efetivo máximo para
o mutuário final a que se refere o inciso III do caput: [...]
II - o valor de tarifa mensal eventualmente cobrada do
mutuário de contrato de financiamento imobiliário com o
objetivo de ressarcir custos de administração desse

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contrato, limitado a R$25,00 (vinte e cinco reais) por
contrato; [...]

Pelo contrato de empréstimo entabulado entre as partes, foi


prevista expressamente a cobrança da taxa de administração mensal
no importe de R$ 25,00 (vinte e cinco reais). Portanto, a alegação de
ilegalidade na sua cobrança não merece prosperar, porquanto
expressamente previstas no contrato.

A cobrança de tarifa de administração mensal é contraprestação


pelos custos operacionais necessários para a manutenção do
financiamento imobiliário, especialmente diante de sua longa
duração.

Ademais, o artigo 19, inciso IV e § 1º, da Lei nº 9.514/97 dispõe


a licitude de referida cobrança até a liquidação da dívida:

Art. 19. Ao credor fiduciário compete o direito de:


[...]
IV - receber diretamente dos devedores os créditos cedidos
fiduciariamente.
§ 1º As importâncias recebidas na forma do inciso IV deste artigo,
depois de deduzidas as despesas de cobrança e de
administração, serão creditadas ao devedor cedente, na
operação objeto da cessão fiduciária, até final liquidação
da dívida e encargos, responsabilizando-se o credor
fiduciário perante o cedente, como depositário, pelo que
receber além do que este lhe devia.

Em recente decisão, os tribunais pátrios consideraram que não


há ilegalidade na cobrança da tarifa de administração mensal:

APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO DE


FINANCIAMENTO IMOBILIÁRIO – SISTEMA
FINANCEIRO DA HABITAÇÃO (SFH) – CONTRATO
POSTERIOR À VIGÊNCIA DA LEI N. 11.977/2009 –
POSSIBILIDADE DE COBRANÇA DE JUROS
CAPITALIZADOS – ENTENDIMENTO FIRMADO NO

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RESP REPETITIVO N° 1.124.552/RS. TAXA DE
ADMINISTRAÇÃO – COBRANÇA AUTORIZADA E
PREVISTA NO CONTRATO. POSSIBILIDADE.
SEGUROS DE MORTE/INVALIDEZ PERMANENTE E
DANOS FÍSICOS AO IMÓVEL – ART. 5ª, INCISO IV, DA
LEI Nº 9.514/97 – NÃO CONFIGURAÇÃO DE VENDA
CASADA. DANO MORAL – INOVAÇÃO RECURSAL –
NÃO CONHECIMENTO. RECURSO PARCIALMENTE
CONHECIDO E NÃO PROVIDO. , relatados e discutidos
estes autos de Apelação Cível nºVISTOS 0000753-
95.2015.8.16.0070, DE CIDADE GAÚCHA - VARA
CÍVEL, em que são CLAUDINEIA Apelantes AVELINO
DOS SANTOS E NELSON MARQUES DA SILVA e
BANCO DO BRASIL S/A.Apelado I – RELATÓRIO:
(TJPR - 6ª C.Cível - 0000753-95.2015.8.16.0070 - Cidade
Gaúcha - Rel.: Renato Lopes de Paiva - J. 11.12.2018)

Diante disso, a cobrança da tarifa de administração mensal é


lícita, estando expressamente prevista no contrato de financiamento,
com anuência do autor.

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