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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA Vª VARA CÍVEL DA CIDADE

E COMARCA DE VVVVVVVVVVVVVVVVVVVV

Processo n. VVVVVVVVVVVVVVVV

Ação revisional de contrato

XXXXXXXXXXXXXXXXXX, já qualificada nos autos da ação de


revisional de contrato de financiamento de veículo movida em face do
XXXXXXXXXX S.A, já qualificado nos autos, através de seu advogado ao
final firmado (doc.01), vem à presença de Vossa Excelência, apresentar
por seu procurador e advogado que esta subscreve, procuração nos autos,
processo n° XXXXXXXXX, havendo sido intimado do teor da sentença de
mérito, vem, pela presente e dentro do prazo legal de quinze dias
interpor RECURSO DE APELAÇÃO, conforme razões em anexo, confiando,
concessa vênia, seja provida a espécie recursal para a reforma completa
da decisão combatida, marcada pela presença de errores in procedendo e
in judicando, impondo manifesto sacrifício financeiro em desfavor do
peticionário.

Nestes termos
Pede deferimento.

XXXXXXXXXX, XXXXXXXXXXXXX.

________________________________

XXXXXXXXXXXXX

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Apelante: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

Apelado: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

RAZÕES DA APELANTE

RESUMO DOS FATOS

A presente demanda trata-se de ação revisional de contrato de


financiamento de veículo garantido por alienação fiduciária proposta em
face do Banco apelado. Nesse sentido, o apelante requereu no pedido da
inicial a consignação em juízo das parcelas incontroversas em conta
judicial uma vez que está ocorrendo a capitalização mensal de juros que
não foram pactuados expressamente com contrato de financiamento e que é
vedado pelas súmulas 121 do STF e 93 do STJ. Além disso, o apelante
requereu a devolução do veículo apreendido em ação de busca e apreensão,
processo n.XXXXXXXXXXXXX, por ordem do MM. Juiz de direito da Xª Vara
Cível da Cidade de Teresina com a condição de que o apelante consignasse
em juízo as parcelas incontroversas em conta judicial. Contudo, o MM.
Julgador de 1ª instância indeferiu o pedido de ação reconvencional em
sua sentença com fulcro no mitigado princípio pact sunt servanda,
afirmando que tal entendimento é o dominante perante as Cortes
Superiores e o melhor entendimento jurisprudencial pátrio.

Por conseguinte, o objetivo "in casu" é a pretensão do apelante


em ação revisional de contrato é a mera revisão de cláusulas com
alteração do montante devido. Por esse motivo é em conformidade aos
precedentes da Colenda Corte Superior Cidadã conclama a relativização do
princípio pact sunt servanda nos contratos de financiamento.

DO MÉRITO

DO “PACTA SUNT SERVANDA” E SUA RELATIVIZAÇÃO NAS RELAÇÕES


CONSUMERISTAS:

Com referência ao princípio da força obrigatória dos contratos


modernamente não se admite mais o sentido absoluto do pacta sunt
servanda.

Por primeiro, impende ressaltar que a revisão dos contratos é


possível em razão da relativização do princípio pacta sunt servanda,
para afastar eventuais ilegalidades, ainda que tenha havido quitação ou
novação.

O princípio do pacta sunt servanda esbarra ante a nulidade


absoluta das referidas cláusulas, visto que esta defende um interesse
público de maior relevância que a intangibilidade da avença,

“devendo ser aplicado ao caso o CODECON, por


ocorrência do princípio da vulnerabilidade da parte.
Dito isto, é de se ver que, hodiernamente, acentua-se
um movimento de revisão do contrato, com a tendência
em nosso direito, de sua adoção pela autoridade

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judiciária, fundando-se em princípios superiores de
direito, boa-fé, amparo do fraco contra o forte, e,
inclusive, a ocorrência de acontecimento
extraordinário e imprevisto, que torna a prestação de
uma das partes sumamente onerosa. É o caso, por
exemplo, da variação das prestações com base no
dólar”, consoante entendimento do Des. Roberto Eugênio
da Fonseca Porto, no v. Acórdão nº 353/2002). 

A Egrégia Corte Superior de Justiça tem precedentes nesse


sentido, a exemplo das seguintes decisões:

CONTRATO BANCÁRIO. REVISÃO CONTRATUAL. RELATIVIZAÇÃO DO


PACTA SUNT SERVANDA. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. COMPROVAÇÃO
DO ERRO. DESNECESSIDADE. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. NÃO
CUMULATIVIDADE COM OUTROS ENCARGOS MORATÓRIOS. AGRAVO
REGIMENTAL DESPROVIDO.

1. A revisão dos contratos é possível em razão da


relativização do princípio pacta sunt servanda, para
afastar eventuais ilegalidades, ainda que tenha havido
quitação ou novação. 2. A compensação de valores e a
repetição de indébito são cabíveis sempre que
verificado o pagamento indevido, em repúdio ao
enriquecimento ilícito de quem o receber,
independentemente da comprovação do erro. Precedentes.
3. A comissão de permanência é admitida durante o
período de inadimplemento contratual, não podendo,
contudo, ser cumulada com qualquer dos demais encargos
moratórios. 4. Agravo regimental improvido.(STJ -
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL: AgRg no REsp
879268 RS 2006/0186428-3Relator(a): Ministro HÉLIO
QUAGLIA BARBOSA
Julgamento: 05/02/2007 Órgão Julgador: T4 - QUARTA
TURMA Publicação: DJ 12.03.2007 p. 254)

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. REVISÃO


CONTRATUAL. POSSIBILIDADE. RELATIVIZAÇÃO DO PRINCÍPIO
PACTA SUNT SERVANDA. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. COBRANÇA.
POSSIBILIDADE, DESDE QUE NÃO CUMULADA COM NENHUM OUTRO
ENCARGO, SEJA MORATÓRIO OU REMUNERATÓRIO. VALOR DA
CONDENAÇÃO E CUSTAS. FIXAÇÃO NA FASE DE CUMPRIMENTO DA
SENTENÇA. AGRAVO IMPROVIDO.

1. A revisão dos contratos é possível em razão da


relativização do princípio pacta sunt servanda, para
afastar eventuais ilegalidades, ainda que tenha havido
quitação ou novação. 2. Permite-se a cobrança da
comissão de permanência, desde que não cumulada com
nenhum outro encargo, seja moratório ou remuneratório.
Precedentes. 3. Incabível a fixação imediata do valor
da condenação, o que ocorrerá em sede cumprimento da
sentença. 4. Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp

3
921.104/RS, Rel. Ministro HÉLIO QUAGLIA BARBOSA, QUARTA
TURMA, julgado em 22/05/2007, DJ 04/06/2007 p. 375)

Há de se ressaltar ainda, que a capitalização dos juros merece


ser combatida pelos Tribunais Pátrios, vez que contumaz e ilegalmente
continua sendo aplicada, inobstante ser questão sumulada pelo Excelso,
ipsis litteris:

Súmula 121 - “É vedada a capitalização de juros, ainda


que expressamente convencionada”.

 Cabem aqui, pois, alguns acórdãos para esposar tal entendimento


pretoriano:

“AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. COMISSÃO DE


PERMANÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO COM
CORREÇÃO MONETÁRIA, JUROS REMUNERATÓRIOS,
MORATÓRIOS E MULTA CONTRATUAL. REPETIÇÃO DO
INDÉBITO. MATÉRIA PACIFICADA.
1. A comissão de permanência não pode ser cumulada
com correção monetária (súmula 30/STJ), juros
remuneratórios, moratórios e multa contratual.
Precedentes.
2. A repetição de indébito é admitida, em tese,
independentemente da prova do erro (súmula
322/STJ), ficando relegado às instâncias ordinárias
o cálculo do montante a ser apurado, se houver.
3. Agravo regimental desprovido” (AgRg no REsp
1020737/RS AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL
2008/0001241-0, Ministro Fernando Gonçalves, 4ª
Turma, Julgado em 26/06/08).

“RECURSO ESPECIAL. AGRAVO REGIMENTAL. CONTRATO


BANCÁRIO. CAPITALIZAÇÃO MENSAL DOS JUROS. AUSÊNCIA
DE PACTUAÇÃO. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. COBRANÇA
CUMULADA COM OS DEMAIS ENCARGOS MORATÓRIOS.
IMPOSSIBILIDADE. MORA. COBRANÇA DE ENCARGOS
ILEGAIS. DESCARACTERIZAÇÃO. MANUTENÇÃO DO DEVEDOR
NA POSSE DO BEM. POSSIBILIDADE.

(...)

II - É vedada a cobrança cumulada da comissão de


permanência com juros remuneratórios, correção
monetária e/ou juros e multa moratórios, nos
contratos bancários. (...)” (AgRg no REsp
1028642/RS AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL
2008/0030870-2, Ministro Sidnei Beneti, 3ª Turma,
Julgado em 10/06/08).

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“AGRAVO REGIMENTAL - AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO DE
FINANCIAMENTO COM ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA
- COMISSÃO DE PERMANÊNCIA - LICITUDE NA COBRANÇA,
DESDE QUE NÃO CUMULADA COM JUROS REMUNERATÓRIOS,
CORREÇÃO MONETÁRIA OU ENCARGOS DA MORA – REPETIÇÃO
DO INDÉBITO - POSSIBILIDADE - PROVA DO ERRO -
DESNECESSIDADE - AGRAVO IMPROVIDO.” (AgRg no REsp
1018924/RS AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL
2007/0307776-0, Ministro Massami Uyeda, 3ª Turma,
Julgado em 20/05/08).

 Nesse entender, deve ser afastado o caráter de rigidez


contratual normalmente imposto pelo princípio do pacta sunt servanda.

Deste modo, a jurisprudência da Colenda Corte Superior firmou-


se no sentido de possibilitar a revisão de contratos celebrados com
instituições financeiras, ainda que tais pactos encontrem-se extintos
pela novação.

“AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 790.348 - RS


(2005/0172758-1) RELATOR : MINISTRO HÉLIO QUAGLIA
BARBOSA AGRAVANTE : BV FINANCEIRA S/A CRÉDITO
FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO

ADVOGADO: PAULO HENRIQUE FERREIRA E OUTROS AGRAVADO:


ASTÉRIO OLAVO BERQUO DOS SANTOS ADVOGADO : RAFAEL
FERNANDES ESTEVEZ E OUTRO

EMENTA

RECURSO ESPECIAL. CIVIL. CONTRATO BANCÁRIO. REVISÃO


CONTRATUAL. RELATIVIZAÇÃO DO PACTA SUNT SERVANDA.
COMISSÃO DE PERMANÊNCIA AFASTADA. CUMULATIVIDADE.
OUTROS ENCARGOS MORATÓRIOS. RECURSO IMPROVIDO.

1. A revisão dos contratos é possível em razão da


relativização do princípio pacta sunt servanda , para
afastar eventuais ilegalidades, ainda que tenha havido
quitação ou novação.

2. É imperioso o afastamento da comissão de


permanência, porquanto cumulada com juros moratória e
multa, haja vista a existência de cláusulas referentes
a esses encargos moratórios.

3. Agravo regimental improvido.”

DA RELATIVIZAÇÃO DO PACTA SUNT SERVANDA E DA NECESSIDADE DA


PERÍCIA CONTÁBIL:

Data vênia, a matéria em discussão ou controvertida não é


unicamente de direito, razão porque inaplicável, no caso, a norma
processual do julgamento unicamente de direito. Assim, para a
comprovação dos valores abusivos cobrados pelo Banco, a realização de
uma perícia técnica é indispensável, e esse tipo de prova não existe nos
autos.
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Nesse entender, o MM. Julgador sobrelevou o princípio “pacta
sunt servanda”, entendendo que o apelante ao assinar o contrato de
financiamento com o banco apelado tinha pleno conhecimento de todos os
seus termos, e o contrato faz lei entre as partes, não podendo, agora,
discutir aquilo que ele próprio aceitou. Contudo, esse princípio não é
absoluto. Ele pode em algumas situações ser relativizado. No que tange
ao caso em tela, por ex., a jurisprudência tem entendimento que

“A REVISÃO DOS CONTRATOS É POSSIVEL EM RAZÃO DA


RELATIVIZAÇÃO DO PRINCÍPIO PACTA SUNT SERVANDA, PARA
AFASTAR EVENTUAIS ILEGALIDADES, AINDA QUE TENHA HAVIDO
QUITAÇÃO OU NOVAÇÃO (AgRg no REsp 921.104RS, Rel.
Ministro HÉLIO QUAGLIA BARBOSA, QUARTA TURMA, JULGADO
EM 22.05.2007, DJ 04.06.2007 P. 375). O princípio pacta
sunt servanda deve se interpretado de acordo com a
realidade sócio-econômica(RMS 7.399MS, Rel. Ministro
LUIZ VICENTE CERNICCHIARO, SEXTA TURMA, julgado em
25.11.1996, DJ 07.04.1997 p. 11172).

Embora conste dos autos que o apelante tenha já quitado algumas


parcelas do financiamento, a revisão contratual é possível para afastar
as eventuais ilegalidades apontadas na presente ação.

Assim, afirmamos, mais uma vez que houve pressa no julgamento


da causa. A matéria de fato e de direito poderia ter sido objeto de
maior debate entre as partes com a apresentação, inclusive de prova
pericial sobre as ilegalidades alegadas pelo requerido.

Nesse contexto, somente a perícia contábil poderá da subsídios


concretos para o magistrado proferir a sentença.

Nesse sentido:

Perícia. Apuração de cláusulas abusivas.

Precedentes da Corte.

1. Precedentes da Terceira Turma descartam o


cerceamento de defesa para apuração de eventuais abusos
nas cláusulas contratuais porque "podem ser aferidos
sem a necessidade de perícia ou de oitiva de
testemunhas" (REsp n° 290.594/PR, DJ de 4/2/02; REsp n°
287.130/RS DJ de 12/11/01). Todavia, se existe alegação
de que abusivos os juros na linha do mais recente
julgado da Corte (REsp n ° 271.214/RS), a prova da
abusividade deve ser efetiva, não bastando alegações
genéricas, não há razão para impedir a realização de
perícia. 2. Recurso especial conhecido e provido.

Portanto, a produção da prova em questão se mostra


absolutamente necessária, conveniente e adequada.

DO REQUERIMENTO

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DIANTE DO EXPOSTO, além do que será suprido pelo notório saber
jurídico de Vossa Excelência, respeitosamente, requer-se:

a)Por esses motivos, requer a V. Exª., com base no preceito


inscrito no artigo 1º e seguintes, Lei nº 1.060, de 1950, se digne
deferir a benesse da gratuidade da justiça à parte ora Apelante. Para o
fim especificamente visado, a parte ora Apelante, no particular, por seu
procurador, ao fim assinado, declara que a sua situação econômica não
lhe permite vir a Juízo sem prejuízo da sua manutenção ou de sua
família:

“Justiça Gratuita - declaração de pobreza firmada pelo


procurador – ausência de poderes específicos –
admissibilidade.

Processo Civil. Justiça gratuita. Declaração de pobreza


afirmada pelo advogado. O pedido para ser contemplado
com os benefícios da justiça gratuita pode ter fincas
em declaração firmada pelo advogado com poderes para
foro em geral, dispensada a exigência de poderes
específicos, e poder ser formulado em qualquer fase do
processo, inclusive na apelação. Recurso parcialmente
conhecido e nessa extensão, provido em parte.”
( Recurso Especial n. 543.023-SP, 4ª Turma, César Asfor
Rocha, julgado no dia 02 de outubro de 2003, v.u., DJU
1 de 1º dezembro de 2003, p. 365, grifos aditados).

“ A presunção contida no art. $º da Lei 1.060/50,


quanto à declaração de pobreza, dispensa o requerente
de comprovação” (Recurso Especial 579.756-AC, 2ª Turma,
Eliana Calmon, julgado no dia 16 de dezembro de 2004,
DJU 1 de 21 de fevereiro de 2005, p. 141”

b)seja processado e julgado procedente a apelação, os presentes


pedidos da ação revisional de contrato para que seja depositado em juízo
as parcelas incontroversas em conta judicial condicionado à devolução do
veículo apreendido, com a conseqüente desconstituição da r. decisão
apelada.

Respeitosamente, pede deferimento.

XXXXXXXXXXXXXXX, XX de XXX de 20XX.

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XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

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