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DO STF
O Município de São José, por outro lado defende a constitucionalidade do tributo sob
o argumento de que não houve violação do princípio da isonomia tributária; que o COSIP não
se confunde com a extinta taxa de iluminação pública, bem como não se trata de um imposto
e nem de uma taxa, cuidando-se de uma contribuição de caráter especial, cuja base de cálculo
não é a mesma do ICMS, porque corresponde ao rateio do custo de iluminação pública
municipal entre os contribuintes.
Entende o relator que a COSIP é um novo tipo de contribuição que refoge aos padrões
estabelecidos nos arts. 149 e 195 da CF. Portanto, é, com efeito, uma exação subordinada à
disciplina própria, qual seja, a do art. 149-A da CF, sujeita, todavia, aos princípios
constitucionais tributários, visto enquadrar-se inequivocamente no gênero tributo.
Trata-se de recurso extraordinário interposto pelo Estado do Rio Grande do Sul contra
decisão proferida que julgou inconstitucional o art. 18 da Lei Estadual de número 8.821/1989,
acerca do sistema progressivo de alíquotas para o Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis
e Doações (ITCD), no qual determina que fosse aplicado a alíquota mínima ao fundamento da
progressividade prevista no art. 145, p. 1, da Constituição Federal somente se refere aos
impostos de natureza pessoal.
No recurso interposto, alega a recorrente que houve violação dos artigos 145, p. 1, e
155, p. 1, IV, da Constituição Federal e argumenta, em síntese, que não há nenhuma vedação
constitucional à progressividade do Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e quando
Doação de bens ou direitos, ainda que se trate de um tributo de natureza real.
Ocorre que a progressividade é uma das formas pelas quais a graduação dos tributos é
levada a efeito pelo Estado. Não se deve, contudo, confundir a seletividade aplicada aos
impostos reais com a progressividade, que serve para modular os impostos pessoais. Nesta, as
alíquotas aumentam em função do valor da base de cálculo, onerando mais pesadamente
aqueles que possuem maior capacidade econômica, de maneira proporcional à sua riqueza. Já
na primeira, as alíquotas variam em razão dos objetos tributados, tendo em mira a realização
de determinada política fiscal, de modo a estimular ou desestimular a produção ou o consumo
de alguns bens específicos.
A graduação dos impostos somente pode ser levada a efeito se guardar relação com a
capacidade contributiva do sujeito passivo. Tal ideia aparece melhor nos tributos de natureza
pessoal, ao menos do ponto de vista da proporcionalidade e razoabilidade da exação.
Acrescenta ainda que é impossível ter a capacidade contributiva do sujeito passivo do ITCD e
que, embora não esteja vedada para os impostos reais como forma de graduação dos tributos.
A progressividade prevista no parágrafo 1º do artigo 145 para os impostos de natureza
pessoal, apenas seria aplicável a alguns impostos reais em hipóteses de extrafiscalidade
expressamente definidas no texto da CF.
Tal decisão teve divergência nos votos do Supremo Tribunal Federal, o que fez com
que a maioria dos ministros votassem pelo provimento do recurso extraordinário. Eles
entenderam que a progressividade não é incompatível com a Constituição Federal e não fere o
princípio da capacidade contributiva.
O Min. Eros Grau ao final de seu voto ressaltou que não compete ao Supremo analisar
a proporcionalidade ou razoabilidade do texto constitucional, mas controlar a correspondência
do ordenamento jurídico da Constituição Federal. Logo, o art. 145, §1º, da CF/88 deve ser
seguido e não criticado.
Por fim, entende-se que quanto à aplicação da progressividade aos impostos reais,
embora existisse doutrina no sentido da sua possibilidade, este não era o entendimento
tradicional firmado no Supremo. Houve grande mudança na jurisprudência do STF com este
Recurso Extraordinário, que foi acertada e significativa para a implementação da justiça
fiscal. Ao alinhar-se com a corrente que defende todos os impostos, independentemente de
sua classificação como de caráter pessoal ou real, podem e devem guardar relação com a
capacidade contributiva do sujeito passivo, o Supremo garantiu maior isonomia na
arrecadação fiscal.
Cabe ressaltar que a isonomia, que permeia todo o texto da Constituição, precisa
mesmo ter essa aplicação compulsória no campo do direito tributário e conduzir o olhar do
intérprete para além da compreensão literal da norma, sob pena de serem cometidas graves
injustiças arrecadatórias.
A recorrente afirma que houve ofensa ao artigo 150, VI, e, da Constituição Federal e
afirma que a demanda servirá de precedente para os demais casos relacionados à interpretação
da desoneração constitucional voltada à defesa da cultura nacional e para o combate à
pirataria.
Analisando o artigo 150, VI, e, da CF, compreende-se que a matéria possui viés
constitucional e relevância dos pontos de vista jurídico, social, político e econômico. Além
do mais, ela ultrapassa o interesse subjetivo das partes, com base no fluxo internacional de
bens e serviços a que se integra o Brasil.
Já do ponto de vista econômico, observa-se que a discussão tem relação com a carga
tributária incidente sobre a Economia da Cultura e o respectivo potencial de arrecadação,
assim como a conformação do comércio internacional em relação às obras musicais. No
mesmo plano , colocam-se em xeque os tratamentos tributários distintos devidos a obras de
artistas brasileiros de acordo com a origem dos suportes materiais que os têm.
Considero o agravo pertinente no sentido de que a música para ter essa imunidade
precisa ser de autor brasileiro, ou que ele interprete e seja produzido no Brasil, quanto à
reprodução da alínea “e”, do inciso VI, do art. 150, da CF ainda permite que a replicação
industrial de mídias ópticas de leitura a laser. Isso ocorre justamente para o apoio da indústria
musical brasileira e o combate à contrafração.