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PROTESTO EM CARTÓRIO DE FATURA DE ENERGIA ELÉTRICA –

RESOLUÇÃO 1.000 DA ANEEL – LEI Nº 9.492/1997 – LEI 12.767/2012 - LEI


8.078/90 – CONSTITUIÇÃO FEDERAL ART. 5º. INCISO XXXII – TITULO
PROTESTADO EM VALOR SUPERIOR AO DOS SERVIÇOS CONSUMIDOS –
COBRANÇA VIA PROTESTO INDEVIDA E ABUSIVA.

1.SINTESE DA CONSULTA

Trata-se de consulta submetida pelos membros da Comissão de Defesa do Consumidor


da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil de Mato Grosso do Sul cujo objeto é
verificar os aspectos legais do Protesto em cartório de fatura de energia elétrica
promovida pela Concessionária de Energia Elétrica ENERGISA S.A de Consumidores
supostamente em débito com as suas respectivas contas de energia elétrica.

Consultam-me se seria legal o referido Protesto levado a efeito pela Concessionária.

É o que se passa a responder.

2.CONSIDERAÇÕES SOBRE A COMPOSIÇÃO DA FATURA DE ENERGIA


ELÉTRICA: (RESOLUÇÃO 1.000 ANEEL).

Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL publicou em 20/12/2021 a Resolução


Normativa n° 1.000/2021, que consolida as principais regras da Agência para a
prestação do serviço público de distribuição de energia elétrica, onde estão dispostos os
direitos e deveres dos consumidores.
A nova norma agrega os atos normativos relativos aos direitos e deveres do consumidor
e dos demais usuários do serviço público de distribuição energia elétrica. Ela é,
portanto, um dos regulamentos mais importantes da ANEEL, pois define de maneira
mais simples e objetiva as responsabilidades dos agentes e os procedimentos a serem
seguidos pelos consumidores para que o acesso universal ao serviço de energia elétrica
esteja disponível com qualidade e eficiência. Entre eles determina o que deve conter a
Fatura de Energia Elétrica, mais conhecida por “Conta de Luz”. Como pode se observar
a Seção I da Resolução 1.000 tem entre os Arts. 327 ao Art. 330, paragrafo único de
forma clara e objetiva todas as informações necessa´rias para que se tenha
conhecimento do que deve estar contido no respectivp documento. Senão vejamos:

DA FATURA E DO PAGAMENTO
Seção I

Das Disposições Gerais

Art. 327. A fatura de energia elétrica deve conter, de forma clara e objetiva e observadas
as disposições do Módulo 11 do PRODIST, as seguintes informações:

I - identificação do consumidor e demais usuários;

II - identificação da unidade consumidora ou demais instalações;

III - valor total devido e data de vencimento;

IV - grandezas medidas e faturadas;

V - tarifas aplicadas;

VI - valores adicionais a serem cobrados quando da aplicação das bandeiras tarifárias,


caso aplicável;

VII - valores relativos aos produtos, serviços e atividades prestados;

VIII - histórico de consumo, caso aplicável;

IX - impostos e contribuições incidentes; e

X - código para pagamento e linha numérica digitável ou, caso aplicável, mensagem
indicativa de que o pagamento será realizado por meio de débito automático.
§ 1º A distribuidora pode disponibilizar gratuitamente códigos de pagamento de
resposta rápida alternativos (QR Code ou outro), endereço digital ou informação
equivalente e, em caso de substituição do código usual, mediante prévio consentimento.

§ 2º A distribuidora deve discriminar na fatura os valores da energia faturada na


modalidade tarifária horária branca por posto tarifário, informando a tarifa aplicada.

Art. 328. A distribuidora pode, mediante concordância do consumidor e demais


usuários, emitir apenas um resumo da fatura de energia elétrica em substituição a fatura
completa, observadas as disposições do Módulo 11 do PRODIST.

§ 1º O consumidor e demais usuários podem solicitar a fatura de energia elétrica


completa sempre que desejar, e a distribuidora deve disponibilizá-la sem custo
adicional.

§ 2º O consumidor e demais usuários podem optar, a qualquer tempo, por voltar a


receber regularmente a fatura de energia elétrica completa.

§ 3º A distribuidora deve disponibilizar a fatura de energia elétrica completa no espaço


reservado de atendimento pela internet, independentemente da opção pelo resumo da
fatura.

Art. 329. A distribuidora deve prestar ao consumidor e demais usuários esclarecimentos


sobre os tributos, subvenções e incidência de tributos nos benefícios tarifários,
observada a legislação tributária da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios.

Art. 330. A segunda via da fatura deve ser emitida com todas as informações constantes
na primeira via e conter em destaque a expressão "segunda via".

Parágrafo único. Alternativamente à emissão da segunda via, o consumidor e demais


usuários podem optar por receber o código de pagamento ou outro meio que viabilize o
pagamento da fatura, sendo vedada a cobrança adicional por este serviço.
Como pode se observar, para o que interessa na presente consulta, que a Fatura de
Energia Elétrica tem contido além do valor total devido ( Inciso III) pela Energia
medida , faturada e efetivamente Consumida bem como Impostos e Contribuições
(Inciso IX). Neste quesito, por enquanto importante salientar que o Valor devido pela
Energia medida , faturada e efetivamente Consumida é devido a Concessionária pelo
serviço efetivamente prestado de fornecer Energia Elétrica a Unidade Consumidora
respectiva. Já os Impostos, de forma diversa, são créditos pertencentes a União
(PIS/COFINS) e ao Estado o ICMS, e ao Municipio a COSIP não podendo de nenhuma
forma serem os respectivos valores e créditos confundidos como valores e créditos de
titularidade da Concessionária.

3- CONSIDERAÇÕES SOBRE LEI Nº 9.492/1997 – LEI DE PROTESTO.

O que diz a lei de protesto?

A Lei nº 9.492/1997 dispõe que “protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova a
inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros
documentos de dívida.” É ato formal porque atende a certas formalidades legais. É a
prova insubstituível da apresentação do título ao devedor.

Para todos os efeitos legais, o Protesto é um poderoso instrumento que o credor possui
para compelir o devedor ao adimplemento da obrigação contraída pelo devedor. Os
títulos de crédito, documentos particulares produzidos sem a chancela do Estado,
oferece-se o protesto como forma de colocar o devedor em mora. Além disso, o
Protesto causa efeito negativo na vida do devedor, gerando-lhe restrição de crédito.
Importante salientar que os títulos de crédito particulares, documentos particulares sem
chancela do Estado precisam do Protesto porque não estão municiados da publicidade
ou, então, para caracterizar, de modo mais claro, a inadimplência.

4- CONSIDERAÇÕES SOBRE LEI NO. 8.078/90 (CÓDIGO DE DEFESA DO


CONSUMIDOR)

Os princípios e normas do CDC são de ordem pública e de interesse social, criados,


portanto, com o intuito de se preservarem pilares essenciais da sociedade, motivo pelo
qual aplicam-se obrigatoriamente às relações por eles reguladas, sendo, ainda,
inderrogáveis pela vontade dos contratantes, dada a sua natureza estipulada pelo
legislador quando de sua aprovação e promulgação.
O que é uma norma de ordem pública?

As normas de ordem pública são aquelas fundadas na realização de interesses e de


função que merecem tutela e que são socialmente úteis. Há uma utilidade social,
portanto, que faz com que o domínio do direito privado seja permeado por normas
(regras e princípios) que restringirão o absolutismo das vontades particulares.

Por que o Código de Defesa do Consumidor tem caráter de interesse social?

Possui também natureza de caráter social, pois visa resgatar a imensa coletividade de
consumidores da vulnerabilidade não apenas em face do poder econômico, como
também dotá-la de instrumentos adequados para o acesso à Justiça do ponto de vista
individual e coletivo.

De acordo com o artigo inaugural do CDC , as normas ali contidas estabelecem


proteção e defesa do consumidor e, são de ordem pública e interesse social.Por ordem
pública, entende-se que a norma é cogente, de aplicação obrigatória (não se trata de
norma meramente programática). O interesse social diz respeito ao CDC ser uma Lei de
função social, ou seja, além de tutelar os indivíduos da relação de consumo (fornecedor
e consumidor), alcança a toda coletividade indistintamente.

4.1 - –COMENTÁRIOS SOBRE O ART. 42 DO CDC

Art. 42. Na cobrança de débitos o consumidor inadimplente não será exposto a


ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.

4.1-A. CONEXÃO COM O ART. 71

Antes de qualquer análise do que pretende o Código relativamente à cobrança de


dívidas, é preciso que se faça a leitura do art. 71, que estabelece o crime em que incorre
o fornecedor que descumpre a norma.

Isto porque o citado art. 71 é mais amplo que o art. 42 e, em certo sentido, complementa
e esclarece a intenção da lei.

O art. 71 estipula, verbis:

“Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação, constrangimento físico ou moral,


afirmações falsas, incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que
exponha o consumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu trabalho,
descanso ou lazer:
Pena – Detenção de três meses a um ano e multa”.

4.2-B. AÇÃO REGULAR DE COBRANÇA

A cobrança de uma dívida é ação regular do credor em relação ao devedor. A Lei n.


8.078, obviamente, não a impede. O que está proibido é a chamada cobrança abusiva.

Para o exato sentido da abusividade da cobrança, é preciso examinar a norma contida no


caput do art. 42 na sua necessária combinação com o tipo penal do art. 71. A simples
leitura do contido no caput do art. 42 pode levar a equívocos.

É que da leitura isolada do art. 42 poder-se-ia chegar a sentido oposto ao querido pela
norma, pois está escrito que, na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente “não
será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou
ameaça”.

Ser devedor de alguém, por si só, já implica uma situação de ridículo – pelo menos para
a maior parte das pessoas. Ser cobrado por essa dívida, quer seja por carta ou telefone,
constrange, também, a maior parte dos consumidores. E sofrer a “ameaça” de que seu
nome irá para o Cartório de Protesto a cobrança do débito não é, necessariamente,
caracterização de alguma ilegalidade. É preciso, pois, entender o sistema instituído.

Em primeiro lugar é necessário consignar que as normas que proíbem a cobrança


abusiva são corolário da garantia constitucional da inviolabilidade da vida privada,
honra e imagem das pessoas. As normas infraconstitucionais que regulam a cobrança
têm de estar em consonância com esses princípios constitucionais.

Claro que o direito de propriedade é, também, uma garantia constitucional (art. 5º,
XXII, da CF), o que permite que a legislação infraconstitucional, por sua vez, garanta o
direito de o credor cobrar seu crédito.

Então, a interpretação das regras que permitem a cobrança deve levar em conta, de um
lado, o direito de o credor cobrar e, de outro, o direito de o devedor não ser atingido em
sua integridade de vida privada, honra e imagem.

E, tendo em vista o que já dissemos, somos obrigados a perguntar: dá para o credor


fazer cobrança sem violar o devedor?

A resposta é: sim. Mas há limites para a ação de cobrança, conforme ficará agora
explicitado.

Comecemos pelo lado do credor. Ele pode cobrar, dissemos. Aliás, isso é garantia legal
que já estava instituída na legislação civil.

Com efeito, o ato de cobrar uma dívida constitui exercício regular de um direito. E o art.
188, I, do Código Civil estabelece, in verbis:

“Art. 188. Não constituem atos ilícitos:


I – os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido”.

E como já vimos no item (2) acima o credor tem a sua disposição a Lei nº 9.492/1997 –
Lei de Protesto.

Na linha do que já apresentamos quanto às ações abusivas, lembre-se de que o controle


da cobrança tem origem no conceito de “abuso do direito”.

É que, como vimos, existe a possibilidade real de o detentor legítimo de um direito dele
abusar no seu exercício.

A doutrina e a jurisprudência constatavam essa ação irregular, que, de certa forma, já


estava prevista no próprio inciso I do art. 1607 do Código Civil de 1916, uma vez que a
garantia era apenas do “exercício regular” e não “irregular” de um direito.

A Lei n. 8.078, atenta a esse estado real de coisas, resolveu, então, limitar o exercício da
ação de cobrar do credor. Este continua podendo cobrar, porém as ações que ele está
autorizado a praticar somente podem ser aquelas que não configurem abuso do seu
direito. E é aí que entra o art. 71, para permitir a elucidação da norma que trata da
cobrança.

Então, é de estabelecer que o exercício regular do direito de o credor cobrar seu crédito
está garantido. Ele pode levar a Conta de Luz para Protesto. Pode, também, efetuar a
cobrança por telefone ou por carta (com os limites que explicitaremos na sequência).
Pode, ainda, “ameaçar”, desde que tal ameaça decorra daquele regular exercício de
cobrar: por exemplo, o credor remete carta ao devedor dizendo (ameaçando) que irá
ingressar com ação judicial para cobrar o débito caso ele não pague a dívida já vencida
no novo prazo que ele (credor) fixa.

Não há nenhuma ilegalidade nesse tipo de ameaça, já que ela apenas aponta que o
credor irá exercer um direito que é seu (ingressar com ação judicial). Na realidade se
trata de ameaça de exercício regular de direito, o que é permitido. O direito de cobrar é
garantido pela adequação com o exercício. Assim, são válidas as ações legais que
impliquem cobrança. A atitude do dono da padaria que coloca ao lado do caixa o cheque
devolvido sem suficiente provisão de fundos é ilegal não porque ele não possa cobrar o
emitente do cheque, mas porque aquela afixação não implica exercício regular de
cobrança: trata-se de verdadeira expiação pública. Tem como única função (e intenção)
denegrir a imagem do consumidor emitente do cheque, colocando-o em situação
vexatória. Até se compreende que o dono da padaria fique irritado com o calote. Mas
isso não lhe confere o direito de atacar a pessoa do consumidor. O dono da padaria tem
o direito de protestar o cheque, ingressar com ação de execução, mas colocar o cheque
na parede da padaria é abuso, agora proibido.
4.3.C AS AÇÕES PROIBIDAS

A ação de cobrança somente é válida se estiver dentro dos limites do CDC.

A propósito, leiamos novamente o caput do art. 71:

“Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação, constrangimento físico ou moral,


afirmações falsas, incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que
exponha o consumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu trabalho,
descanso ou lazer.

Em primeiro lugar se diga que o uso do termo “injustificável”, de forma inteligente, dá


guarida a tudo o que dissemos: o exercício regular do direito de cobrar é garantido.

Mas nenhum abuso é permitido. Vejamos item por item as ações proibidas.

4.3.C (1)- AMEAÇA

Excluindo a ameaça do exercício regular de um direito – como acima enunciamos –,


qualquer outra ameaça está proibida.

Assim, pode o fornecedor-credor ameaçar o devedor de processá-lo; de negativá-lo etc.


Mas não pode ameaçá-lo de denunciá-lo aos amigos; de contar para seu marido ou
esposa que ele/ela deve etc.

Ver item 3.3, adiante, sobre outro tipo de ameaça ilegal.

4.3.C (2) COAÇÃO

A coação é já em si o exercício de uma ação (coação) contra a vontade do consumidor


inadimplente.

Infelizmente, tem sido comum nos hospitais. O administrador ou seu agente coage o
consumidor a assinar uma nota promissória ou a entregar um cheque para o pagamento
da dívida, sob pena de não liberá-lo do hospital ou não liberar pessoa de sua família.

4.3.C (3) CONSTRANGIMENTO FÍSICO OU MORAL

Estão, evidentemente, proibidas quaisquer ações que impliquem constrangimento físico


ou moral.

Enquadram-se nesse caso de cobrança abusiva todas as práticas que expõem o


consumidor inadimplente a riscos a sua saúde e integridade física, bem como de seus
familiares, e/ou lhes causem dor (aspecto moral).
E – mais uma vez temos de usar o advérbio –, infelizmente, essa prática da ENRGISA
S.A vem se tornando muito comum: a empresas que prestam serviços públicos de
eletricidade utiliza-se da prática da ameaça doProtesto, e até do Protesto em Cartório
efetivamente , sob pena do corte do serviço, caso o pagamento não seja feito, bem como
efetivamente o cortam, o que implica constrangimento físico e moral.

Já tivemos oportunidade de comentar que o corte desses serviços é vedado pela Lei n.
8.078. É claro que o consumidor e seus familiares que com ele vivem, que ficam sem
luz, sofrem com a falta, correndo risco de saúde e padecendo de toda sorte de perda
material e de dano moral.

Como o corte é proibido, sua ameaça de Protesto pesa como uma espada de Damocles
sob a cabeça dos Consumidores, pois como fins de cobrança, por mais força de razão,
também é ilegal, e o efetivo corte, por maior motivo ainda, também implica modo
abusivo de pretender receber o crédito através do Protesto em Cartório.

4.3. D (4)- AFIRMAÇÕES FALSAS, INCORRETAS OU ENGANOSAS

Diga-se, inicialmente, mais uma vez, que é da natureza do direito o não admitir a
inverdade. Aqui ela surge outra vez para tornar abusiva a cobrança , via Protesto em
Cartório com a designação de decorrer de afirmação falsa, incorreta ou enganosa.

Quando comentamos os vários aspectos que envolvem a publicidade enganosa, tivemos


ocasião de mostrar que existem várias maneiras de enganar, nem sempre para tanto
sendo necessário mentir descaradamente. Pode-se enganar por omissão, por exemplo.

A questão volta aqui. Todavia, há que buscar identificar a intenção da lei. O que ela
pretende é impedir que por qualquer artifício o consumidor seja iludido quanto aos
elementos apresentados em qualquer tipo de cobrança e também na prática da cobrança
em si tratando-se da cobrança via Protesto em Cartório.

Por isso, parece correto dizer que as expressões “afirmação falsa”, “incorreta” e
“enganosa” são tomadas como sinônimas. Os exemplos deixam tal circunstância clara.

É abusiva, por exemplo, a ação do mero cobrador da empresa que, ao telefone,


apresenta-se ao devedor como oficial de justiça ou advogado (sem sê-lo).

É abusiva, também, portanto a cobrança que ameaça o consumidor, apesar de faze-lo em


exercício regular de seu direito ( Protesto) , porém, ao apresentar ao devedor e ao
Cartório uma conta de valor maior do que ele deve relativo a energia medida e faturada
em Kw/Hora,pois, esta acrescido ao valor da energia efetivamente consumida o valor
dos Impostos, Contribuições que não fazem parte do Crédirto de Titularidade da
Concessionária para, com isso, pressioná-lo e conseguir negociação para o recebimento
de ambos os créditos, envolvendo no caso valor de Impostos e Contribuições que, além
de não ser considerado crédito de titularidade da Concessionária, não pode ser levada a
Protesto, a uma que só o credor pode faze-lo, cujos titulares são a União, Estado e
Municipio, que até onde se tem conhecimento não foram consultados para que
autorizassem o PROTESTO, também de seus créditos pela Concessionária.
Tais ações e informações oferecidas ao Cartório de Protestos pela Concessionária são
além de um tanto falsas quanto incorretas ou enganosas. Pois os valores totais das
Faturas que estação Protestadas ou ameaçadas de serem Protestadas não são valores
somente do Crédito que seria de direito da Concessionária cobrar via Protesto , mas
estão informando valor a maior que contem valores cujos créditos são da Fazenda
Pública e ainda não se constituíram dos requisitos essenciais ( não são débitos
tributários como dispõe Lei nº 9.492/1997 e Lei 12.767/2012 – não se converteram
ainda em CDAs).

4.3.E (5) EXPOSIÇÃO AO RIDÍCULO

Referimo-nos acima ao caso do dono da padaria que coloca o cheque na parede ao lado
do caixa, apenas para “se vingar” do emitente, que lhe passou cheque sem fundos.
Aquela situação, como não tem caráter de cobrança, é tida como abusiva por expor o
consumidor a ridículo, vexame público, constrangimento.

Tal ação torna-se ilegal por importar em exposição do consumidor inadimplente sem
qualquer conexão com o ato de cobrar.

Portanto, a exposição ao ridículo, sem decorrer do ato legal de cobrar, torna a cobrança
abusiva. Está proibida, por exemplo, a remessa de correspondência “aberta”, fazendo
cobrança; ou o envio de envelope com carta de cobrança, tendo-se colocado por fora do
envelope em letras garrafais “cobrança” ou tarja vermelha com o termo “cobrança” ou
“devedor”. É ilegal, também, a colocação de lista na parede da escola ou na sala de aula
com o nome do aluno inadimplente etc.

Da forma como consta da redação do citado dispositivo, o consumidor está bem


protegido no tocante à abordagem que lhe é feita quando da cobrança de dívidas, mas,
por outro lado, passa-se a impressão de que o fornecedor não poderá mais exercer
qualquer método para cobrar o que lhe é devido, pois determina a lei que o consumidor
inadimplente não será:

■ exposto a ridículo;

■ submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.

Nesse contexto, concordamos com Herman de Vasconcellos e Benjamin ao atrelar a


interpretação do art. 42 do CDC ao art. 71 do mesmo diploma, que estabelece como
crime de consumo:

Art. 71. Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação, constrangimento físico ou


moral, afirmações falsas incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento
que exponha o consumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu trabalho,
descanso ou lazer:
Pena — Detenção de três meses a um ano e multa.

Assim, o CDC considera como infração penal a prática das seguintes condutas típicas
utilizadas na cobrança de dívidas pelo fornecedor:

■ ameaça;

■ coação;

■ constrangimento físico ou moral;

■ afirmações falsas, incorretas ou enganosas; ou

■ qualquer outro procedimento que exponha o consumidor, injustificadamente, a


ridículo ou interfira com seu trabalho, descanso ou lazer. (fonte: Bolzan, Fabrício.
Direito do consumidor esquematizado® / Fabrício Bolzan. – 2. ed. – São Paulo:
Saraiva, 2014.)

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COBRANÇA DE DÍVIDA

O Código deixa claro que o consumidor inadimplente não será́ exposto ao ridículo ou
submetido a constrangimento ou ameaça. Essa proibição não é novidade, uma vez que é
longa a tradição contraria ao abuso de direito no ordenamento nacional, mas é louvável
a opção de deixar clara tal proibição, em linguagem simples e objetiva.

A problemática central da cobrança de dívidas é definir quais condutas dos fornece-


dores constituem exposição do consumidor ao ridículo ou constituem ameaças ou
constrangimento. Percebe-se facilmente que o Código não proíbe a cobrança de débitos
pelo fornecedor, cobrança essa que pode ser feita por telefone, por carta, por ação
judicial, entre outros meios. O valor jurídico protegido é o direito do consumidor a não
ser objeto de abuso, razão pela qual o Código proíbe o abuso na cobrança, mas não
obsta a cobrança civilizada, ordeira, que é direito do credor fornecedor contra o
consumidor inadimplente.

A EXPOSIÇÃO AO RIDÍCULO

Expor o consumidor ao ridículo é forma de abuso de direito de cobrança. Constituem


exposição ao ridículo, entre outras práticas, a colocação de cobradores seguindo
devedores de maneira ostensiva, de forma que todos possam perceber a perseguição e a
associem com a inadimplência, ligações para o ambiente do trabalho do consumidor
devedor com recados aos colegas do tipo “peca para o devedor X ligar para a agência de
cobrança Y para tratar de seu débito” (ou mesmo “tratar de assunto de seu interesse”,
uma vez que é facilmente identificável a natureza do assunto), ou ainda a prática da
empresa que liga para a pessoa que foi dada como referência no momento da abertura
do crédito, dizendo que o referenciado está em débito e pede que essa pessoa (o
terceiro) entre em contato com o devedor pedindo para que compareça na loja... Esses
são apenas alguns exemplos. (fonte: NETO, SILVA, Orlando da. Comentários ao
Código de Defesa do Consumidor. Forense, 08/2013)

É abusiva, também, portanto a cobrança que ameaça o consumidor, apesar de faze-lo em


exercício regular de seu direito ( Protesto) , porém, ao apresentar ao devedor e ao
Cartório uma conta de valor maior do que ele deve relativo a energia medida e faturada
em Kw/Hora,pois, esta acrescido ao valor da energia efetivamente consumida o valor
dos Impostos, Contribuições que não fazem parte do Crédito de Titularidade da
Concessionária para, com isso, pressioná-lo e conseguir negociação para o recebimento
de ambos os créditos, envolvendo no caso valor de Impostos e Contribuições que, além
de não ser considerado crédito de titularidade da Concessionária, não pode ser levada a
Protesto, a uma que só o credor pode faze-lo, cujos titulares são a União, Estado e
Municipio, que até onde se tem conhecimento não foram consultados para que
autorizassem o PROTESTO, também de seus créditos pela Concessionária.

Se isso fosse permitido ainda assim Em 2012, alteração legislativa incluiu entre títulos
passíveis de protesto as Certidões de Dívida Ativa (CDA) da União, dos estados, do
Distrito Federal, dos municípios e das respectivas autarquias e fundações públicas.

Ora, caros consulentes, os Impostos e Contribuições que fazem parte da Fatura de


Energia Elétrica ainda não se constituíram em Débito Tributário, pois só após serem
registrados no setor competentes Federal,Estadual e Municipal em CDAs( Certidões de
Divida Ativa) serão legalmente revestido dos requisitos para serem Protestados.

Sendo assim, a conduta praticada pela Concessionaria ENERGISA S.A transparece um


modo de coagir o devedor(Consumidor). Se o devedor deve sofrer mais que do que o
pagamento da Multa, juros, é de se repensar a efetividade do CDC(Art.42 do CDC),
autorizando-se o devedor ao ridículo, permitindo-se nessa linha exposição pública
apontado o caloteiro e até bandiha entoando em sua porta, altas horas da noite, o Me dá
um dinheiro ai.

CONCLUSÕES:

Por tudo quanto exposto, conclui-se que:


a) A Concessionária tem o direito de utilizar o Protesto como forma legitima de
cobrança pois faz parte do exercício regular de um direito seu se se limitar a
Protestar somente os valores relativos ao Consumo de energia medido e
faturado;

b) A partir do momento que a Concessionária envia para Protesto a Fatura de


Energia com o valor total para ser Protestado, esta violando o Art. 42, da Lei
8078/90 , pois conforme acima fundamentado esta utilizando de informações
falsas ( valores que não lhe pertencem a titularidade para levar a Protesto e que
cujos valores (Impostos e contribuições que ainda não se concretizaram como
Debito Tributário , o que só pode ocorrer após os tramites legais de competência
da União, Estados e Municipios para obter a natureza jurídica de CDAs).

c) Presente também a omissão de fiscalização de responsabilidade do Cartório de


Protestos, pois de acordo com a Lei Nº 9.492, DE 10 DE SETEMBRO DE 1997
que Define competência, regulamenta os serviços concernentes ao protesto de
títulos e outros documentos de dívida e dá outras providências em seu Art. 9º ,
diz in verbis:

Todos os títulos e documentos de dívida protocolizados serão


examinados em seus caracteres formais e terão curso se não
apresentarem vícios, não cabendo ao Tabelião de Protesto
investigar a ocorrência de prescrição ou caducidade.

Parágrafo único. Qualquer irregularidade formal observada


pelo Tabelião obstará o registro do protesto.
É o parecer.

Campo Grande,MS, 9 de Março de 2022.

Lairson Palermo – OAB/MS 6460 – Membro titular da Comissão de Defesa do


Consumidor da OAB/MS

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