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Pós Graduada em Harmonização Orofacial, Mestranda em Medicina Estética, Cosmética e do Envelhecimento Fisiológico – Universitat Barcelona
Coodenadora, Prof.ª Instituto – Dra Ana Laura Fontana.
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Mestrando em Ortodontia – UniAraras, Pós Graduado em Estética Orofacial.
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Me. em Medicina Antienvelhecimento e Estética, Doutorando em Ciências Biomédicas.
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Revisão de literatura
RESUMO
O objetivo deste trabalho é realizar uma revisão de literatura sobre a análise da face
na harmonização orofacial. A busca por uma face mais bela, harmônica e atrativa está cada
vez mais em alta dentro da harmonização facial. Quando nos referimos a uma face relativa-
mente bela, existem padronizações e pontos cefalométricos que nos auxiliam no diagnóstico
e planejamento preciso sobre cada caso. Sendo de suma importância realizarmos de forma
correta a análise da face bem como o planejamento individualizado para cada paciente,
respeitando suas individualidades e potencializando a beleza de cada pessoa.
Descritores: xxxx
ABSTRACT
The aim of this paper is to perform a literature review on face analysis in orofacial har-
monization. The pursuit of a more beautiful, harmonious and attractive face is increasingly
on the rise within facial harmonization. When we refer to a relatively beautiful face, there
are standardizations and cephalometric points that help us in the diagnosis and precise
planning of each case. Being of utmost importance to perform correctly the analysis of the
face as well as the individualized planning for each patient, respecting their individualities
and enhancing the beauty of each person..
Descriptors: Facial analysis, facial planning, facial harmonization.
Matemática da beleza
A análise tridimensional da face é a base de conhecimento fundamental para que
o profissional possa planejar um tratamento adequado com objetivo de rejuvenescer ou
embelezar seu paciente. O contorno da face de um indivíduo representa uma interação
complexa entre a estrutura óssea e o tecido mole sobrejacente, assim como forças estáticas
e dinâmicas. Cabe ao harmonizador a responsabilidade de estudar criticamente a morfologia
facial, reconhecer os desvios dos valores normativos e assim discutir as reais previsões do
tratamento frente às expectativas do paciente.
A face humana é uma fonte de informações, sejam por influências culturais, raciais,
características de gênero, processo de envelhecimento, mímica e outras configurações que
dificultam qualificar a singularidade de cada face. Há séculos, filósofos, cientistas, artistas
e estudiosos em diferentes campos vêm tentando definir e explicar o que é belo aos olhos
humanos. Beleza e atratividade facial são fáceis de identificar, mas difíceis de quantificar1.
Apesar de sua natureza subjetiva, podemos tentar definir, medir e explicar o fenômeno
da beleza, descrevendo-o numericamente e geometricamente. A antropometria é o estudo
das relações de tamanho e proporção do corpo humano, que permite a comparação de
muitos pontos críticos no esqueleto e tecido mole, baseado em valores normativos de
acordo com a idade, sexo e etnia. A medição de características esteticamente agradáveis,
animadas e inanimadas, durante pelo menos os últimos dois milênios, resultou no conceito
de proporção áurea. O mesmo número ou proporção esteticamente atraente de 1:1,618
indicadas pela letra Phi (ф) apareceu com tanta frequência como uma medida da beleza
que se tornou quase sinônimo do que é considerado bonito e harmonioso. Porém, a pro-
porção Phi (Figura 1) demonstra várias dificuldades em explicar questões complexas como
a harmonia facial do rosto em movimento e misturas inter-raciais (Figura 2).
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Revisão de literatura
Por muitos anos a beleza também foi ligada ao conceito de simetria, definido como
conformidade de tamanho, forma e posição entre as partes de um todo em relação a um
ponto, eixo ou plano. Porém, um conceito mais amplo interpreta o conceito de simetria
como a harmonia resultante de certas combinações e proporções regulares, ou seja, um
conjunto de proporções equilibradas. A avaliação tridimensional da face a partir da análise
da relação entre as suas partes é uma maneira conveniente de analisarmos a estética facial
e os padrões de beleza estabelecidos, e assim alcançar resultados cosméticos favoráveis
com as técnicas de volumização e preenchimento2.
Análise tridimensional
A análise da face (Figura 3) inicia com a localização da linha interpupilar (Figura 4) e
linhas correspondentes: linha bitemporal, bizigomática, bigoníaca, bem como a linha média
facial (Figuras 5 e 6).
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Revisão de literatura
Figura 5 - Linha Bitemporal - Linha Bizigomática - Linha Bigoníaca.
tos no sentido vertical (Figura 8). Em relação aos terços horizontais, a distância do triquio
(área de implantação do couro cabeludo na linha medial) à glabela é igual a distância da
glabela ao subnasal, que é igual à distância do subnasal ao gnátio (ponto mais inferior do
mento). Em ressalva a essa divisão limita-se a linha de implantação do cabelo, que pode
variar com a idade e em algumas condições de alopécia. Esses terços idealmente deveriam
ser da mesma altura, porém, há uma variação por questões étnicas, de gênero, idade ou
genéticas3. A metade superior da face é maior nas mulheres, enquanto os homens tendem
a ter um terço inferior maior por causa da mandíbula mais proeminente (Figura 9).
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Figura 9 - Metade superior e inferior da face.
A largura da face também pode ser dividida em 5 quintos verticais, sendo que a
distância da hélice ao canto lateral do olho é igual à distância do canto lateral ao canto
medial, que é igual à distância entre os cantos mediais dos olhos. No quinto central estão
localizadas as estruturas que colaboram significativamente para o perfil do paciente (nariz,
lábio e mento). O nariz desempenha importante papel na estética facial e correções nesta
área do terço médio devem ser consideradas dentro do contexto do formato e proporções
faciais, tamanho e forma das estruturas adjacentes, assim como medidas padronizadas. A
visão frontal da face permite que o comprimento nasal seja analisado em relação às pro-
porções faciais inferiores. Uma linha vertical mediana a partir da glabela, passando pela
raiz nasal através do lábio e queixo ajuda a avaliar se existe desvio nasal. A largura do nariz
de asa a asa corresponde à distância intercantal. Já a distância da raiz à ponta nasal deve,
idealmente, ser igual a distância do estômio ao mento (Figuras 10 e 11).
Dentro desta análise, o terço médio da face da mulher deve ser mais largo e volumoso
que o terço inferior (Figura 12), devido à projeção óssea importante do arco zigomático,
que se projeta lateral e anteriormente, e mais volumoso pelos compartimentos de gor-
dura malar lateral projeta-se superoanteriormente sobre o arco zigomático e representa
uma característica da beleza na maioria das culturas (Figura 13 e 14). O terço inferior se
apicula e afina na região central de encontro ao mento, formando um triângulo com base
invertida nos arcos zigomáticos e ápice no mento. Quando essas proporções encontram-se
bem estabelecidas na mulher, temos uma percepção de uma paciente jovem e bela, com
o chamado “triângulo de beleza”4 muito bem formado e um rosto oval ou em coração
esteticamente ideal nas mulheres.
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Figura 13 - Estruturas ósseas da face.
um formato quadrado ao rosto. Esse desenvolvimento ósseo mandibular sofre uma influ-
ência dos hormônios androgenéticos5.
O terço inferior compreende a região desde a columela nasal até o ponto mais inferior
e anterior do mento (gnátio). O lábio superior compreende a extensão do subnasal ao es-
tômio (ponto médio da abertura da boca), e o lábio inferior e mento do estômio ao gnátio.
A relação entre estas duas regiões deve ser 1:2, formando 1/3 e 2/3 do terço inferior da
face respectivamente (Figura 15), sendo que o lábio superior deve corresponder a 75% do
lábio inferior (Figura 16). No homem essa proporção é discretamente alterada, tomando
a proporção 1/4 para 3/4.
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Analisando a anatomia externa dos lábios observamos alguns pontos de referência
Revisão de literatura
que são a base da técnica de preenchimento labial. Numa visão frontal, no lábio inferior,
duas proeminências (tubérculos) localizam-se lateralmente a linha media, enquanto que
no lábio superior outros dois tubérculos encontram-se lateralmente ao ápice do arco do
cupido e um tubérculo na linha media6. Em ambos os sexos, a altura do vermelhão supe-
rior do lábio é menor do que a altura do vermelhão inferior. A relação ideal entre os lábios
segue o valor conhecido como valor da proporção divina ou Phi, equivalente a 1,618. Atra-
vés desta proporção numérica observamos que a altura vertical do lábio inferior deve ser
aproximadamente 1,6 maior que a altura do lábio superior. A largura do lábio corresponde
à linha vertical desenhada a partir dos limbos mediais até o canto do lábio e deve ser 1/5
da largura horizontal da face quando dividida em quintos. Geralmente, o canto da boca
deve estar numa linha reta com o limbo medial.
O mento compreende a região desde o sulco labiomentual até o gnátio. O alongamento
vertical do mento e a projeção anterior têm impacto significativo no contorno da face e pes-
coço7. A largura do mento da mulher segue a linha lateral da asa nasal e tem formato ovalado,
enquanto no homem o mento é retangular e sua largura acompanha a linha do limbo medial.
As sobrancelhas são posicionadas na horizontal no sexo masculino ao nível da mar-
gem supraorbitária, enquanto nas mulheres as sobrancelhas devem se localizar acima da
margem supra orbital, arqueando ligeiramente de medial para lateral, com a parte mais
alta de preferencia em linha vertical com o limbo lateral, ou entre o limbo lateral e canto
lateral, com a parte distal mais elevada. A pálpebra superior deve cobrir 1 a 2 mm do limbo
superior, enquanto a pálpebra inferior deve estar ao nível do limbo inferior (Figura 17).
passando desde a região malar até o sulco nasogeniano, é possível avaliar a convexidade
do terço médio. Anteriormente, o convexidade da região malar e da junção pálpebra-malar
são atribuíveis aos compartimentos de gordura profunda e suborbicular. Na mulher jovem
a projeção malar ultrapassa essa linha, formando uma convexidade discreta a frente, deno-
minada vetor positivo, com uma transição suave entre a região malar e a pálpebra inferior.
Com o processo de envelhecimento e o consumo gradual do tecido mole, o compartimento
de gordura vai alcançando essa linha, se retificando e com o tempo formará uma concavi-
dade. Esta avaliação se faz importante para programar a reposição de volume de acordo
com a faixa etária do paciente8. Nas mulheres com faixa etária até 40 anos podemos pre-
encher de modo a ultrapassar discretamente essa linha, o que não é compatível com uma
paciente de 65-70 anos, na qual nosso objetivo deve ser retificar e alcançar esta linha, mas
não ultrapassá-la. No homem, nosso objetivo será sempre retificar este vetor. Já o terço
superior tem contorno convexo nas mulheres e retificado nos homens.
Uma referência estética importante para avaliar o perfil do paciente é a Linha de
Burstone, onde é avaliado a relação entre nariz – lábios – mento a partir do ponto subnasal
(Sn) ao pogônio mole (Pg) (Figura18).
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Os parâmetros ideais para essa linha são que o lábio superior esteja à frente dela em 3,3 a
Revisão de literatura
3,5 mm e o lábio inferior esteja à frente dela em 2,0 a 2,2 mm. Essa correlação torna-se visível
após o tratamento, e sempre devemos nos atentar a isso na análise do paciente em perfil2.
Outra referência possível é o Plano Estético de Ricketts ou Linha E (E-Line). Essa linha avalia
a relação entre nariz – lábios – mento a partir do ponto pró-nasal (ponta do nariz) ao pogônio
mole (Pg).É amplamente utilizada na harmonização facial por ser facilmente determinante em
um perfil ser convexo ou côncavo (Figura 19).
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O nariz propriamente dito é analisado em vista lateral a começar pela posição e a
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profundidade da raiz nasal, onde geralmente o ângulo nasofrontal é de 120º, formado
pelo osso frontal e o dorso nasal (Figura 21). Quando 50-60% da ponta se encontram
anteriormente à linha vertical, projeção da ponta é considerada normal. A projeção da
ponta é 0,67 do comprimento nasal total, medido a partir da raiz até a ponta e deve ser
semelhante ou próximo à medida entre o estimo e o mento (Figura 22). Quando a relação
é menor que esse valor existe uma projeção inadequada da ponta. A base das columelas
e as rimas devem formar um triângulo equilátero12.
Figura 22 - O comprimento nasal (rádix - ápice do nariz) deve ser semelhante à medida entre o estômio e o mento.
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CONCLUSÃO
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Como os padrões das proporções faciais de beleza já foram há muito tempo descritos e a
cada dia mais bem detalhados, cabe ao profissional estudá-los e reproduzi-los objetivamente
na intervenção estética de seu paciente. A proposta profissional se trata de embelezar ou
rejuvenescer, mudando de alguma maneira a aparência do paciente e potencializando suas
características únicas, desta forma, quanto mais objetiva for a avaliação, mais seguro e previsível
será o resultado final, sempre buscando o equilíbrio e naturalidade da face.
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