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Análise da percepção da estética do sorriso entre cirurgiões

dentistas de diferentes especialidades
An analysis of the smile aesthetic perception among dental surgeons of several
specialties
Larissa Perin1
Lucas Pradebon Brondani2
Cinthia Studzinski3
Fabíola Jardim Barbon2
Janesca de Lurdes Casalli4

Resumo
A constante busca pelo sorriso étnico cultural harmônico está fazendo com que, cada vez
mais, as pessoas procurem o tratamento odontológico. Assim, o presente estudo teve como
objetivo avaliar a percepção de estética dental de odontólogos que estavam cursando dife-
rentes especialidades, levando em consideração o quanto isso afeta na sua conduta clínica. A
coleta de dados foi realizada por meio de um questionário, composta por 108 cirurgiões den-
tistas cursando diferentes áreas de especialização em uma escola de pós-graduação no ano de
2016, em que cada participante avaliou fotografias que possuíam cinco alterações frequentes
na dentição anterior. Foi realizada a análise descritiva dos dados e o teste qui-quadrado para
a análise quantitativa. Através dos resultados, verificou-se que fatores como idade, especiali-
zação prévia e tipo de especialização em andamento apresentaram relação estatisticamente
significante na percepção estética entre as diferentes áreas de atuação da Odontologia. Desse
modo, foi possível concluir que o sorriso considerado esteticamente mais agradável entre os
entrevistados possuía as seguintes características: plano incisal intermediário entre o reto e
o que segue a linha do sorriso, nível gengival harmônico, ausência de desvio de linha média,
ausência de diastema e matiz A1.
Descritores: Epidemiologia, estética dentária, estudantes de Odontologia.

Abstract
The constant search for a harmonious cultural ethnic smile is causing more people to seek
dental treatment. Thus, the present study aimed to evaluate the perception of dental aesthe-
tics by dentists who were studying different specialties, taking into consideration how much
this affects their clinical behavior. Data collection was performed through a questionnaire
of 108 dentists attending different areas of specialization at a postgraduate school in 2016,
in which each participant evaluated photographs that had five frequent changes in the pre-
vious dentition. Descriptive data analysis and chi-square test were performed for quantitative
analysis. The results showed that factors such as age, previous specialization and type of spe-
cialization in progress had a statistically significant relationship in the aesthetic perception in
different areas of Dentistry practice. So it was possible to conclude that the smile considered
aesthetically more pleasant for the interviewers had the following characteristics: intermedia-
te incisal plane between the straight and the smile line, gingival harmonic level, absence of
midline deviation, absence of diastema, and A1 shade.
Descriptors: Epidemiology, esthetics, Dentistry students.

1
CD, Esp. em Dentística – Centro de Estudos Odontológicos Meridional.
2
Me. em Odontologia área de Concentração Prótese Dentária – UFPel, Doutorando em Odontologia – UFPel.
3
CD – UFPel, Mestranda em Clínica Odontológica – UFPel.
4
Me. em Dentística – ULBRA, Profª. de Especialização em Dentística – Centro de Estudos Odontológicos Meridional.

E-mail do autor: fabi_barbon@hotmail.com

Recebido para publicação: 08/03/18
Aprovado para publicação: 26/04/18

Como citar este artigo:

Perin L, Brondani LP, Studzinski C, Barbon FJ, Casalli JL. Análise da percepção da estética do sorriso entre cirurgiões dentistas de diferentes especia-
lidades. Full Dent. Sci. 2018; 9(36):111-116.
DOI: 10.24077/2018;936-111116

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Full Dent. Sci. 2018; 9(36):111-116.
 Introdução
Atualmente, a sociedade impõe padrões estéticos
que exigem sorrisos atraentes e harmoniosos e, incentiva-
dos por isso, os pacientes procuram o consultório odonto-
lógico em busca de um sorriso esteticamente agradável1.
Acredita-se, também, que dentes brancos e bonitos este-
jam associados à saúde, jovialidade, dinamismo, sucesso,
simpatia, expressividade e prestígio socioeconômico2,3.
Um sorriso com dentes saudáveis, além de facilitar
o contato na sociedade, associado às expressões faciais,
pode representar sentimentos transitórios e emoções,
podendo produzir um conjunto de sensações que am-
pliam a beleza da face, fazendo parte das qualidades e
virtudes da personalidade4. Todos esses fatores podem
causar um comprometimento no estilo de vida das pes-
soas com problemas estéticos dentários, fazendo com
que tenham baixa autoestima e grande propensão em
cobrir a boca enquanto falam3.
A imagem que o indivíduo faz de si não é um fenô-
meno estático, ela é adquirida, construída e conquista-
da no constante contato com o universo, influenciando
sua inserção e integração na sociedade. Assim, enten-
dendo que os dentes constituam uma etapa impor-
tante na organização psíquica humana, sua mutilação
(intencional ou provocada) implica em alterações para
a vida emocional dos sujeitos, contribuindo para for-
mulação de julgamentos sociais1,5.
Nesse sentido, o cirurgião dentista tem um papel fun-
damental na vida dos indivíduos, pois ele é o profissional
capacitado para conduzir melhoras no sorriso. Por isso, o
conhecimento tanto pessoal quanto profissional do cirur-
gião dentista na formulação, planejamento e apresenta-
ção de cada caso é de fundamental importância, pois o
sorriso, além de fazer parte da saúde do ser humano, é
fundamental na convivência diária em sociedade6.
Além disso, a correção dos dentes anteriores alte-
rados por qualquer razão e as correções para devolver
harmonia aos dentes, através de tratamentos dentá-
rios, podem ser consideradas como uma promoção de
saúde, visando à melhoria do estado de espírito das
pessoas e uma necessidade muito grande tanto para a
saúde bucal quanto para a saúde geral dos indivíduos7.
Desse modo, esse estudo teve como objetivo avaliar
a percepção da estética dental por cirurgiões dentistas
que cursam diferentes especialidades, bem como a influ-
ência da mesma por fatores socioeconômicos (sexo, ida-
de e setor de trabalho - público e privado). As hipóteses
testadas são: (i) cirurgiões dentistas de diferentes espe-
Artigo original / Original article
cialidades e com (ii) diferença socioeconômica possuirão
diferentes percepções quanto à estética dental.
Materiais e métodos
Delineamento e amostra do estudo
Foi realizado um estudo quantitativo do tipo trans-
versal, entre os meses de junho a outubro de 2016,
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o qual contou com a participação de 108 cirurgiões
dentistas, de ambos os sexos, que estavam cursando
diferentes especialidades no Centro de Estudos Odon-
tológicos Meridional (CEOM).
Coleta de dados
O estudo foi submetido à aprovação do Comitê de
Ética e Pesquisa da Faculdade Meridional/IMED, sendo
aprovado pelo código 1727025 e todos os participan-
tes assinaram o termo de consentimento livre esclare-
cido.
A coleta de dados foi realizada através de um
questionário descrito e validado por Andrade et al.3
(2006), no qual são avaliados quesitos relacionados
com a percepção de estética dental. Todos os quesitos
possuíam três opções de escolha, na qual poderia ser
marcado apenas uma que o cirurgião dentista julgasse
mais agradável esteticamente. As perguntas do ques-
tionário são:
Pergunta 1: perfil do plano incisal - (a) plano incisal
intermediário entre o reto e o que segue a linha do
sorriso, (b) plano incisal reto e (c) plano incisal seguindo
a linha do sorriso;
Pergunta 2: nível gengival - (a) nível gengival har-
mônico: a margem gengival do incisivo central superior
está em torno de um milímetro apical da margem gen-
gival do incisivo lateral superior e a margem gengival
dos caninos está no mesmo nível do incisivo central,
(b) nível gengival ascendente: a margem gengival dos
incisivos centrais superiores está abaixo da margem dos
incisivos laterais superiores. A margem gengival dos in-
cisivos laterais superiores está abaixo dos caninos su-
periores, (c) nível gengival reto: a margem gengival de
todos os dentes está no mesmo nível;
Pergunta 3: linha média - (a) desvio de 2 mm, (b)
sem desvio e (c) desvio de 4 mm;
Pergunta 4: presença de diastema - (a) diastema
de 0,5 mm, (b) diastema de 1 mm e (c) sem diastema;
Pergunta 5: cor dos elementos dentais - (a) matiz A2,
(b) matiz A3 e (c) matiz A1.
As variáveis descritivas utilizadas foram: (i) sexo, (ii)
idade, (iii) número de especialidades que possui, (iv)
setor onde trabalha, (v) se faz tratamentos estéticos e
(vi) especialização que cursa atualmente.
Foram avaliados todos os cirurgiões dentistas que
estiveram cursando alguma especialidade, indepen-
dente da faixa etária, da região onde moram e do lugar
onde trabalham, seriam excluídos os profissionais que
se recusassem a participar do estudo.
Análise estatística
Os dados foram digitados em duplicata e, inde-
pendentemente, em uma planilha com posterior che-
cagem para inconsistências. A análise estatística foi re-
alizada no software STATA 14.0 (STATA, version 14.0;
Chicago, EUA) assumindo um nível de significância de
5% para todas as comparações. Em seguida, foi feita
uma análise estatística, sendo realizado o teste qui-
-quadrado.
Resultados
Os indivíduos avaliados foram divididos em variá-
veis descritivas, tais como sexo (feminino e masculino),
idade (até 30; 30 a 50; mais que 50), se possui ou-
tras especializações (outra especialidade e não), setor
de atuação profissional (público; privado ou ambos)
e tipo de especialização em andamento (Endodontia;
Dentística; Ortodontia; Prótese Dentária; Odontopedia-
tria; Implantodontia e Cirurgia e Traumatologia Buco-
maxilofacial - CTBMF). Observou-se que a amostra foi
composta por 74% dos indivíduos do sexo feminino;
73% dos indivíduos possuíam até 30 anos de idade;
71% não possuíam outra especialidade de formação;
76% trabalhavam no setor privado e 22% em am-
bos; e 82% declararam realizar tratamentos estéticos
nos pacientes. A especialidade que mais respondeu
ao questionário foi a Endodontia (50%), seguido pela
Dentística (19%), e as demais especialidades tiveram
uma média de respostas de 6%.
No Gráfico 1 (distribuição das respostas em per-
centual (%) para cada quesito da percepção estética
dos cirurgiões dentistas) é apresentada a distribuição
geral das respostas para cada pergunta do questioná-
rio. De modo que, levando em consideração o plano
Gráfico 1 – Distribuição das respostas em percentual (%) para cada quesito da percepção estética dos cirurgiões den-
tistas.
incisal, 49% dos entrevistados consideraram o plano
incisal intermediário entre reto e seguindo a linha do
sorriso como o mais adequado, sendo esse o quesito
com distribuição de respostas mais equânime. Por ou-
tro lado, no que diz respeito ao nível gengival, linha
média e presença ou ausência de diastema, os entrevis-
tados foram quase unânimes ao escolher um nível gen-
gival harmônico (92%), um sorriso sem desvio de linha
média (93%) e ausência de diastema (99%) como os
mais estéticos. No quesito cor, a matiz A1 foi a que ob-
teve maior aceitação pelos cirurgiões dentistas (61%).
A Tabela 1 mostra a distribuição das respostas de
percepção de estética de acordo com as variáveis des-
critivas avaliadas. Observou-se que houve diferença es-
tatística significante entre as especializações cursadas
quanto à pergunta 1 (p=0.031) e pergunta 3 (p=0.025),
sendo maior o predomínio do número de resposta na
especialização de Endodontia para as respostas “plano
incisal intermediário entre o reto e o que segue a linha
do sorriso” (n=33) para análise de plano incisal e “sem
desvio” (n=50) para análise de linha média do total dos
108 questionários aplicados. Quanto ao fator idade,
houve diferença estatisticamente significante para a
pergunta 2 (p<0,001), com predomínio de respostas
para “nível gengival harmônico”, e também para a
pergunta 5 (p=0,004) para “matiz A1”, ambos para
menores de 30 anos. Na pergunta número 3, pessoas
que não possuem outras especializações preferiram li-
nha média “sem desvio” (p=0,031).
Perin L, Brondani LP, Studzinski C, Barbon FJ, Casalli JL.
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 Tabela 1 – Distribuição das respostas de percepção de estética de acordo com as variáveis descritivas avaliadas.

Variável Pergunta 1 Variável Pergunta 4

A B C X2 p A B C X2 p
Fem 35 4 37 Fem 1 0 75
1,12 0,571 0,29 0,587
Masc 15 2 10 Masc 0 0 27
até 30 40 5 30 até 30 1 0 74
30 a 50 9 1 17 5,30 0,258 30 a 50 0 0 27 0,38 0,828
Mais 50 1 0 0 Mais 50 0 0 1
Outra esp 10 2 18 Outra esp 1 0 29
3,98 0,136 0,21 0,644
Não tem 40 4 29 Não tem 0 0 73
Público 2 0 0 Público 0 0 2
Privado 36 5 37 2,48 0,647 Privado 1 0 77 0,32 0,851
Ambos 12 1 10 Ambos 0 0 23
Trat estét 39 4 41 Trat estét 1 0 83
1,89 0,388 0,55 0,460
Não 11 2 6 Não 0 0 19
Dentística 4 0 16 Dentística 1 0 19
Endo 33 3 16 Endo 0 0 52
Orto 4 0 4 Orto 0 0 8
Protése 3 1 4 22,61 0,031* Protése 0 0 8 4,19 0,651
Odontop 2 1 2 Odontop 0 0 5
Implante 1 1 4 Implante 0 0 6
CTBMF 3 0 1 CTBMF 0 0 4
Variável Pergunta 2 Variável Pergunta 5
A B C X2 p A B C X2 p
Fem 71 0 5 Fem 24 4 48
5,96 0,051 2,55 0,279
Masc 24 2 1 Masc 8 4 15
até 30 71 1 3 até 30 20 5 50
30 a 50 24 0 3 52,97 <0,001* 30 a 50 12 2 13 15,14 0,004*
Mais 50 0 1 0 Mais 50 0 1 0
Outra esp 26 1 3 Outra esp 10 4 16
1,83 0,400 2,18 0,336
Não tem 69 1 3 Não tem 22 4 47
Público 2 0 0 Público 0 0 2
Privado 72 1 5 1,16 0,884 Privado 24 4 50 5,60 0,231
Ambos 21 1 1 Ambos 8 4 11
Trat estét 77 2 5 Trat estét 27 6 51
0,59 0,745 0,16 0,923
Não 18 0 1 Não 5 2 12
Dentística 19 0 1 Dentística 7 1 12
Endo 46 1 5 Endo 14 4 34
Orto 8 0 0 Orto 2 0 6
Protése 8 0 0 9,74 0,638 Protése 2 1 5 8,88 0,714
Odontop 5 0 0 Odontop 3 0 2
Implante 5 1 0 Implante 2 1 3
CTBMF 4 0 0 CTBMF 2 1 1
Variável Pergunta 3
A B C X2 p
Fem 4 72 0
3,04 0,218
Masc 2 24 1
até 30 2 72 1
30 a 50 4 23 0 5,72 0,221
Mais 50 0 1 0
Outra esp 4 25 1
6,97 0,031*
Não tem 2 71 0
Público 0 2 0
Privado 5 73 0 3,75 0,441
Ambos 1 21 1
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Trat estét 6 77 1
1,92 0,382
Não 0 19 0
Dentística 4 16 0
Endo 2 50 0
Orto 0 8 0 * Asterisco ao lado do valor de p (p<0,05) demonstra que as va-
Protése 0 8 0 23,35 0,025* riáveis apresentam relação estatisticamente significante. X2 cor-
Odontop 0 5 0 responde à variância relacionada à variável classificatória, onde
Implante 0 5 1 quanto maior o valor de Χ2 maior será o efeito da variável classi-
CTBMF 0 4 0 ficatória na escolha da resposta.

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Discussão
A estética dental, quando comparada a indiví-
duos não atraentes, pode até simbolizar e classificar
uma pessoa como bem-sucedida profissionalmente9,
fazendo, assim, com que as pessoas que possuem uma
estética dental agradável se aceitem melhor perante a
sociedade10.
Desse modo, salientar que é uma atribuição fun-
damental ao cirurgião dentista saber interpretar os de-
sejos e anseios de cada paciente, sabendo estabelecer
ao tratamento os padrões básicos exigidos de estéti-
ca facial e dental unindo estes fatores com função e
oclusão, exigem tanto um conhecimento profissional
quanto científico para a obtenção de um tratamento
que seja satisfatório no seu resultado final6.
As hipóteses desse estudo foram parcialmente
aceitas, em vista que cirurgiões dentistas de diferentes
especialidades e com diferença socioeconômica possu-
íam diferentes percepções quanto à estética dental em
apenas algumas perguntas do questionário aplicado.
Nossos resultados vão em desencontro com os dois es-
tudos, nos quais não houve diferença entre as especia-
lidades, no entanto, a maioria das avaliações realizadas
pelas diferentes especialidades de Odontologia teve
uma semelhança nos resultados, onde foram conside-
radas agradáveis pelos avaliadores11,12.
A curvatura incisal do sorriso é determinada por
uma linha imaginária que toca as bordas incisais dos
incisivos superiores e a ponta da cúspide vestibular dos
caninos superiores13; já quando o plano incisal é ob-
servado de frente, apresenta uma curvatura convexa
seguindo a concavidade natural do lábio inferior du-
rante o sorriso14. Essa linha imaginária tem uma gran-
de condição agradável ao sorriso, pois ela é convexa
e segue a linha da curvatura do lábio inferior. Quan-
do os cirurgiões dentistas foram questionados sobre o
alinhamento do plano incisal, 49% relataram ser mais
estético o plano incisal intermediário entre o reto e o
que segue a linha do sorriso. Em segundo plano, 46%
dos indivíduos relataram que o plano incisal seguindo a
linha do sorriso foi a alternativa que mais lhes agradou,
concordando com a descrição do estudo citado ante-
riormente14. Isso provavelmente se deve ao fato de que
82% dos cirurgiões dentistas declararam realizar trata-
mentos estéticos e que grande parte das especializa-
ções analisadas trabalham com tratamentos reabilita-
dores extensos, fazendo que o uso de fundamentos de
próteses totais, como tamanho de dentes, exposição
dental e plano oclusal, sejam levados em consideração
nas reabilitações15.
O nível gengival considerado mais harmônico pos-
suindo uma satisfação de 92% dos entrevistados foi a
que possui a margem gengival do incisivo central supe-
rior em torno de um milímetro apical da margem gen-
gival do incisivo lateral superior, e a margem gengival
dos caninos está no mesmo nível do incisivo central.
Estudos descreveram que contornos gengivais conside-
rados estéticos devem possuir uma tangente desenha-
da a partir da margem gengival dos incisivos centrais
até a região correspondente dos caninos, e a margem
gengival do incisivo lateral deve estar 1 mm abaixo dos
incisivos centrais e caninos8; a única parte da gengiva
que deve aparecer em um sorriso estético é a papila
interdental16,17.
Em relação ao posicionamento da linha média,
grande parte dos entrevistados considerou mais atra-
ente o sorriso que possui ausência de desvio da linha
média. A linha média, além de influenciar na harmonia
facial, é uma importante guia na reabilitação facial, é
considerada o aspecto mais importante na avaliação de
um sorriso, pois uma linha média desviada sempre é re-
conhecida pelo paciente, principalmente quando anali-
sada juntamente com o filtro labial, e é ela quem deter-
mina a simetria do arco facial18. Quando a linha média
está posicionada no lugar ideal, sugerida no centro do
lábio superior, ou filtro labial, centro da distância bi-
-pupilar, posição da linha média dos incisivos inferio-
res, a percepção dental resulta invariavelmente numa
composição dental equilibrada19. Quando essa medida
não está correta, uma ilusão de ótica pode ser cria-
da, aparentando tamanhos divergentes relativamente
significativos entre os dentes devido à sua posição no
arco não estar correta no centro da face, onde é reco-
mendado20.
De acordo com o questionário, 107 dos dentistas
avaliados consideraram a ausência de diastema mais
esteticamente agradável do que quando existe a pre-
sença de espaço anterior. A presença de diastema na
região anterior do arco superior desfavorece a beleza
do sorriso e a harmonia do conjunto dente/face, sendo
a presença do espaço interdental visto como um fator
antiestético e altamente prejudiciais do ponto de vista
social21. Estudos revelaram que pessoas com menos de
40 anos possuíam grande rejeições a diastemas8 e que
pacientes portadores de um amplo diastema mediano
transpareciam pessoas de menor inteligência e com
menor sucesso social22. Sabe-se da importância e do
Perin L, Brondani LP, Studzinski C, Barbon FJ, Casalli JL.
impacto social da estética facial na sociedade contem-
porânea. Frente aos diastemas entre os incisivos cen-
trais superiores, o profissional frequentemente anseia
por fechá-lo. Entretanto, antes de qualquer conduta,
deve-se avaliar a necessidade e a época mais oportuna
para realizar tal procedimento, com base em conheci-
mentos sólidos sobre o desenvolvimento da oclusão e
sobre a etiologia das más oclusões21.
Relacionando a estética dental à cor dos dentes,
os entrevistados consideraram mais atraente matiz
A1 (61% da amostra), matiz A2 (31% da amostra) e
matiz A3 (8% da amostra), respectivamente. Apenas
oito indivíduos, sendo 60% odontopediatras e 50%
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 CTMB, relataram, pela sua percepção estética, dentes
com matiz A1 não serem atrativos. A cor esbranqui-
çada dos dentes foi citada como uma das característi-
cas mais relevantes para a beleza de um sorriso3, visto
que uma aparência dental esbranquiçada é relacionada
com uma apreciação positiva a uma maior atratividade
e, ainda, que a preferência por dentes claros pode estar
relacionada por crenças negativas sobre a cárie dentá-
ria e sua ligação com a má higiene oral4.
No presente estudo, o sorriso considerado mais
atraente possui as seguintes características: plano inci-
sal intermediário entre o reto e o que segue a linha do
sorriso, nível gengival harmônico: a margem gengival
do incisivo central superior está em torno de um milí-
metro apical da margem gengival do incisivo lateral su-
perior, e a margem gengival dos caninos está no mes-
mo nível do incisivo central, sem desvio de linha média,
sem presença de diastema maxilar anterior e matiz A1.
Conclusões
Em geral, houve concordância entre os diferentes
dentistas entrevistados quanto ao sorriso mais agradá-
vel, sendo as seguintes características levadas em con-
sideração: plano incisal intermediário entre o reto e o
que segue a linha do sorriso, nível gengival harmônico,
ausência de desvio de linha média, ausência de diaste-
ma e cor com matiz A1.
As variáveis socioeconômicas mostraram que ci-
rurgiões dentistas com menos de 30 anos possuem
divergências quanto à percepção de estética quando
comparados com maiores que 30 anos, e que possuir
mais de uma especialização também pode alterar a
percepção.
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