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Lobo MM, Kirschner R, Barbosa LAF, Cardoso G, Peris AR

Análise da face em
Harmonização Orofacial
(parte I): a perspectiva frontal

Face analysis in orofacial balance


(part I): frontal perspective

Maristela Maia Lobo1


Roger Kirschner2
Luiz Antônio Franco Barbosa3
Guilherme Cardoso4
Alessandra Rezende Peris5

186
186 FACE 2019;1(2):186-201
Lobo MM, Kirschner R, Barbosa LAF, Cardoso G, Peris AR

RESUMO
ABSTRACT
À medida que os profissionais de saúde aumentam sua capaci- dade
As health professionals increase their ability to change lines,
de mudar linhas, formas e ângulos faciais, intensifica-se a
shapes and facial angles, the need to understand what is
necessidade de entender o que é esteticamente agradável e de se
aesthetically pleasing and to translate this into defined goals and
traduzir isso em objetivos definidos e sequência de tra- tamento
sequence of clinical treatment in orofacial balance intensifies.
clínico em Harmonização Orofacial. A análise facial é indispensável
Facial analysis is indispensable for the success of any
ao sucesso de qualquer proposta de Harmonização Orofacial, pois visa
orofacial harmonization proposal, since it aims to assist in the
auxiliar o diagnóstico de possíveis assimetrias, desequilíbrios e/ou
diagnosis of possible asymmetries, imbalances and/or facial
deficiências faciais, e no planejamento em Odontologia estética deficiencies and in planning in multidisciplinary aesthetic
multidisciplinar. O presente trabalho tem como objetivo descrever a dentistry. The present work aims to describe facial analysis in
análise facial em perspectiva frontal (parte I), caracterizando frontal perspective (part I), characterizing key elements to be
elementos-chave a serem observados no diagnóstico da face. observed in the face diagnosis. Subsequently, facial analysis in
Posteriormente, será publicada a análise facial em perspectiva lateral lateral perspective (part II) will be published, characterizing other
(parte II), caracterizando outros elementos faciais igualmente facial elements equally important, visualized when patient is
importantes, visualizados quando o paciente está posicionado em positioned in profile. There are many points to be observed,
perfil. São muitos os pontos a serem observados, e as mensurações and precise measurements can indicate in which regions
precisas podem indicar em quais regiões predominam as assimetrias, asymmetries predominate, thus enabling better planning of
possibilitando, assim, melhor planejamento das técnicas clínicas em clinical techniques in orofacial balance.
Harmonização Orofacial. Key words – Orofacial balance; Face analysis; Aesthetics;
Palavras-chave – Harmonização Orofacial; Análise de face; Esté- tica; Proportion; Symmetry.
Proporção; Simetria.

1
Doutora em Dentística e Mestra em Cariologia – FOP/Unicamp; Especialista em Periodontia – EAP/APCD; Professora horista dos cursos de pós-graduação em Odontologia Estética e
Especialização em Implantodontia – Centro Universitário Senac; Master em Toxina e Preenchimento – MARC Miami; Professora de cursos livres de Imersão em Perio-Implantodontia
Plástica aplicada à Odontologia Estética multidisciplinar e Imersão em Visagismo e Harmonização Orofacial.
2
Mestre em Prótese e Especialista em Periodontia – São Leopoldo Mandic; Especialista em Implantodontia – FMU; MBA em Visagismo – Estácio; Master em Toxina e Preenchimento –
MARC Miami; Professor de Cursos Livres de Imersão em Visagismo e Harmonização Orofacial.
3
Clínico geral – Universidade Metodista; Especializando em Implantodontia – Facset; Master em Toxina e Preenchimento – Marc Miami; Professor assistente de cursos livres de Imersão
em Visagismo e Harmonização Orofacial.
4
Clínico geral; Professor de cursos livres de Imersão em Visagismo e Harmonização Orofacial.
5
Mestra e doutora em Dentística – FOP/Unicamp; Professora de Dentística – Universidade do Estado do Amazonas (UEA).

Recebido em fev/2019 Aprovado


em fev/2019

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Pesquisa Básica
| Introdução | de uma face atraente, o que inclui características sexuais
secundárias, textura e cor da pele14.
A face tem sido uma fonte de grande interesse de Estudos sobre quais as características e quais as
psicólogos, pesquisadores e profissionais da área da Saú- de, por relações faciais são importantes nos julgamentos da atra-
causa da excelente capacidade dos seres humanos de processar, tividade são essenciais ao clínico, pois podem elucidar ele-
reconhecer e extrair informações de outros rostos, como a mentos básicos a serem trabalhados quando se pretende intervir
capacidade inata de reconhecer quando um rosto é belo. As regras na aparência facial, seja em nível estético ou nível funcional.
que governam o porquê de um rosto ser bonito não são A análise facial é indispensável ao sucesso de qualquer
compreendidas nem são necessárias para que alguém defina a proposta de Harmonização Orofacial, pois visa auxiliar o
beleza facial. Contudo, à medida que os profissionais de Saúde diagnóstico de possíveis assimetrias, desequi- líbrios e/ou
aumentam sua capacidade de mudar linhas, formas e ângulos deficiências faciais, e no planejamento em Odontologia
faciais, intensifica-se a necessidade de entender o que é Estética e Harmonização Orofacial. O presente trabalho tem
esteticamente agradável e de traduzir isso em objetivos como objetivo descrever a análise facial em perspectiva frontal
definidos e sequência de tratamento clínico em (parte I), caracterizando elementos-
Harmonização Orofacial1. -chave a serem observados no diagnóstico da face. Poste-
O conceito de beleza evolui a cada década, mas com apenas riormente, será publicada a análise facial em perspectiva lateral
um objetivo: o equilíbrio – expressado na simetria e na harmonia (parte II), caracterizando outros elementos faciais igualmente
dos traços orofaciais. Há muito se observou que existe um importantes, visualizados quando paciente está posicionado
estereótipo de que “o que é bonito é bom”2 e que indivíduos em perfil. Essa divisão permite explorar mais detalhadamente
atraentes são percebidos como possuidores de uma variedade de cada perspectiva, auxiliando o clínico a identificar os principais
atribuições positivas de personalida- de. A proporção áurea (ou pontos a serem trabalhados na face do seu paciente.
divina) é considerada a base de toda a estética, porque está no
limite da irregularidade3. A proporção divina foi usada pelos 1. Protocolo de fotografias de face para Harmonização
antigos gregos (proporção de 1,0 a 1,618) para descrever a estética Orofacial
facial ideal, e alguns autores advogam que quanto mais Estabelecer um protocolo simples e sucinto de fotos da
simétrica for a face, mais atraente e estética ela será4. Isso face é bastante útil para a análise facial e o espelhamen- to digital
acontece porque a percepção visual de formas organizadas e (Figuras 1). As fotos devem ser tiradas com fundo negro (de
simétricas é interpretada como bela pelo cérebro, antes preferência um tecido do tipo veludo molhado), branco ou
mesmo que se possa raciocinar sobre esse fato. Há cinza, posicionado atrás da cabeça do paciente. O cabelo deve
evidências que pessoas com faces atraentes tendem a receber estar preso para mostrar a face de forma ampla (ou isolado
mais re- ações positivas5, e a ser julgadas como mais através de toucas brancas), assim como o pescoço que também
inteligentes que pessoas com faces menos atraentes, o que eleva deve estar evidente – o paciente pode utilizar uma capa com
suas probabilidades de obter mais sucesso6-7. tecido semelhante ao veludo molhado negro utilizado como
Segundo Rhodes (2006)8, existem três temas de fundo para a foto, visando isolar possíveis interferências
investigação sobre traços físicos que influenciam a atrativi- dade reflexivas advindas dos tecidos da roupa do paciente (Figuras
facial em humanos. O primeiro abrange hipóteses de que a 2). De preferência, o profissional deverá pedir às pacientes do
simetria facial é o principal fator de atratividade9-10. Tal sexo feminino que removam acessórios como brincos e colares,
característica poderia ser um fator de forte influência na além de qualquer tipo de maquiagem.
atratividade facial, por demonstrar sinais saudáveis dos Alguns profissionais podem investir em câmeras
indivíduos7-8,11, sugerindo que eles tiveram bom desen- profissionais e estúdios fotográficos (com soft boxes);
volvimento físico e fisiológico, supostamente por serem outros, podem fazer a foto de face utilizando câmeras
resistentes tanto a pressões do meio ambiente quanto a profissionais ou semiprofissionais e o conjunto flash e
infecções por parasitas e, por isso, poderiam ser bons difusor Gary Fong (Figuras 3); ou, ainda, realizar fotos com a
representantes genéticos de sua população12-13. O segundo engloba câmera do celular, utilizando aplicativos que compensam a
pesquisas sobre as proporções e as harmonizações entre os distorção da lente e padronizam a luz do flash, como o
elementos faciais, com ênfase nas faces médias ou prototípicas4. E DuduApp (http://www.duduapp.com.br) ou dispositivos que
o terceiro abrange teorias que evidenciam o dimorfismo sexual padronizam a iluminação da face.
como responsável pelas características

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[ 1a ] [ 1b ]

Figuras 1 – Protocolo básico de fotos de face para


análise facil. A. Frontal com lábios selados.
B. Frontal sorrindo socialmente.
C. Movimentando o músculo frontal ou
feição de “susto”. D. Movimentando os
músculos glabelares – corrugadores do
supercílio e prócero, ou feição de “bravo”.
E. Movimentando o músculo depressor do
ângulo oral ou feição de “triste”.
F. Movimentando o músculo platisma.
G. Perfil direito com lábios selados.
H. Sorrindo. I. Perfil esquerdo com lábios
selados. J. Sorrindo. K. Foto cranial.

[ 1c ] [ 1d ] [ 1e ] [ 1f ]

[ 1g ] [ 1h ] [ 1i ] [ 1j ]

[ 1k ]

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Pesquisa Básica

[ 2a ] [ 2b ]

Figuras 2 – A e B. Face e pescoço devem ser isolados do meio circundante através de um tecido próprio (veludo molhado negro) dividido em duas partes, quando as
fotografias são realizadas em ambiente clínico.

[ 3a ] [ 3b ]

Figuras 3 – A e B. Câmera profissional DSLR Canon EOS 70D, com lente


macro 100, flash Speedlite Young Nuo (Yn560 III) e difusor Gary Fong.

Se a câmera for uma DSLR profissional ou semi- 2. Definição de referências pontuais anatômicas indis-
profissional, a sugestão é: fotografar no modo e no foco pensáveis à análise da face
manuais, com F entre 2,8 e 11, velocidade 1/125 e ISO 200. Algumas posições anatômicas externas são frequen-
Deve-se evitar fotografar no foco automático, pois as fotos temente utilizadas como referência para as medidas e as
ficam com tamanhos diferentes, tornando difícil ou quase análises faciais, e devem ser reconhecidas na estrutura facial
impossível deixá-las no mesmo tamanho, posteriormente, na durante a fase de diagnóstico e planejamento. Com a face em
apresentação. O paciente deve estar olhando para o seu horizonte perspectiva frontal, devem ser localizados os seguintes
(como se estivesse se vendo no espelho), nem para cima nem pontos anatômicos: glabela, násio, pogônio e subnasal; e as
para baixo, a roupa deverá ter cor neutra (branca, preta ou seguintes linhas anatômicas: mento em tecido mole e tríquio
cinza). (início da área pilosa), Figuras 4.

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Pesquisa Básica
[ 4a ]
Utilizando o tríquio, a glabela, o subnasal e o mento em
tecido mole, pode-se dividir a face em três terços e
padronizar essas divisões em todos os pacientes (Figura 5). O
terço superior compreende a área determinada pelas duas
linhas horizontais que passam pelo tríquio e pela glabela. O
terço médio é compreendido pelas linhas que passam pela
glabela e pela base de nariz, e o terço inferior é compreendido
pelas linhas horizontais que passam pela base do nariz e pelo
mento em tecido mole. Os terços faciais estão dentro de uma
faixa de 55 mm a 65 mm15-16, verticalmente, e podem ser
mensurados através de réguas digitais calibradas com medidas
reais da face do paciente, obtidas por meio de paquímetros
precisos. O aumento dessa proporção vertical é
frequentemente encontrado com o excesso vertical de maxila
[ 4b ]
e com as más-oclusões de classe III (a falta de
intercuspidação aumenta a altura vertical). O decréscimo dessa
proporção vertical pode es- tar associado à deficiência vertical
da maxila, à retrusão mandibular com mordidas profundas ou
à diminuição da distância vertical de oclusão.
Idealmente, os terços faciais deveriam ter tamanhos
equilibrados, sob os pontos de vista frontal e lateral (Figura
5). Entretanto, se fosse possível escolher, o terço superior da
face deveria ser o menor, uma vez que não abriga nenhuma
estrutura anatômica importante. O terço médio deveria ser o
maior, já que contém os olhos, o nariz e as orelhas. Na avaliação
das bochechas, são observadas a eminência malar, a borda
Figuras 4 – Fotografias com a exata localização dos pontos anatômicos infraorbital e as áreas paranasais1.
faciais externos: glabela, násio, pogônio e subnasal, mento em tecido
mole e tríquio. A. Frontal. B. Lateral.

[5]

Figura 5 – Disposição frontal dos terços da face divididos através de linhas horizontais que passam pelo tríquio, glabela,
subnasal e mento em tecido mole. Esses terços podem ser medidos através de réguas digitais calibradas manualmente com
paquímetros digitais.

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Figuras 6 – A. Uma linha vertical que passa pelo ponto central [ 6a ]


da glabela divide a face em duas hemifaces – esquerda e direita –
tornando possível a mensuração das proporções horizontais. B.
Outras linhas verticais podem ser empregadas para determinar as
proporções dos olhos (OE, OD), dos entreolhos (E-O), a distância
da orelha até o olho esquerdo (O-EE) ou olho direito (O-ED).

[ 6b ]

O terço inferior localiza-se entre a linha subnasal e o mento e mento). É possível determinar o comprimento da hemiface
deveria possuir tamanho vertical intermediário, por conter apenas frontal esquerda ou direita (Figuras 6).
a boca. O mento é avaliado quanto à sua simetria, relações Em relação ao exame dos olhos, Arnett & Bergman
verticais e morfologia e muito frequentemente é mais (1993)16 citam que estes devem estar simétricos tanto no
pronunciado que o resto da face15-16. Se o terço inferior sentido horizontal quanto no sentido transversal. A
apresentar-se aumentado, tal desarmonia pode sugerir a assimetria do globo ocular sugere a existência de desen-
ocorrência de mordida cruzada acentuada ou mordida aberta volvimento deficiente do osso maxilar do lado afetado, po- dendo
severa ou, até mesmo, a associação de ambas. Se o terço ter sido causado pela presença de mordida cruzada, respiração
inferior estiver diminuído, a presença dessa desarmonia mista ou bucal.
facial pode sugerir a ocorrência de mordida profunda severa
acompanhada ou não de deficiência no desenvolvimento 3. Espelhamento digital da face em perspectiva frontal
mandibular. Apesar de as faces humanas mostrarem alto grau de
A igualdade dos terços médio e inferior não deve ser simetria, certa dose de assimetria é aceitável, as cha- madas
usada como fator determinante no planejamento de assimetrias flutuantes. Neste tipo de assimetria, há pequenas
alterações na altura facial. A exposição dos incisivos e o diferenças entre o lado esquerdo e o lado direito da face do
intervalo interlabial, dentro do terço inferior, são mais indivíduo, que aparecem principalmente durante a fala e nas
importantes na avaliação do equilíbrio da face do que a expressões faciais17. Uma hemiface é, geralmente, mais
igualdade dos terços médio e inferior. De fato, os indivíduos não expressiva do que a outra3.
são perfeitamente simétricos e, frequentemente, há uma Para o estudo da simetria facial são utilizadas duas
predominância vertical de algum dos terços17. técnicas de manipulação para confecção de faces simé- tricas:
As distâncias horizontais da face também podem ser a técnica de hemifaces e a técnica de morphing18. Ambas
avaliadas, após se determinar a linha média da face (uma linha têm pontos positivos e negativos na confecção de faces
vertical que passa pelo ponto central da glabela, simétricas, que podem prejudicar ou melhorar a atra- tividade
independentemente da posição da ponta do nariz ou do das faces manipuladas. A técnica da composição
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Pesquisa Básica

[ 7a ] [ 7b ]

Figuras 7 – Fotos essenciais à análise de espelhamento digital da face. A. Frontal com lábios selados. B. Frontal sorrindo.

digital por espelhamento de hemifaces é uma maneira sim- ples e no tamanho de 810 pt de largura por 1050 pt de altura, é
mais viável, clinicamente, de determinar a simetria/ assimetria inserida sobre um slide negro, de tamanho 4:3, no software de
da face do paciente, previamente à realização dos apresentações (Apple Inc.), embora qualquer software de
procedimentos em Harmonização Orofacial. Para a realização apresentações possa ser utilizado. A coluna “imagem” deve ser
dessa técnica, são utilizadas fotos frontais, com lábios selados e selecionada no editor de slides à direita da tela, com o botão
sorrindo (Figuras 7), e ela é descrita pelas composições bilaterais “editar máscara”. Nesta função, o limite vertical direito da
com formação de faces compostas da metade direita moldura deve ser posicionado sobre a glabela, simulando a
(composição de face direita-direita) e faces compostas da linha média da face e determinando a sua divisão em duas
metade esquerda (composição de face esquerda-esquerda). hemifaces. A hemiface direita permanece visível e a hemiface
A técnica de espelhamento facial é bem simples: a foto esquerda é omitida (Figuras 8). Em seguida, a hemiface
frontal do paciente, com lábios selados ou sorrindo, direita é duplicada, e posteriormente girada horizontalmente
através da função “virar” na coluna

[ 8a ] [ 8b ]

Figuras 8 – A e B. A foto frontal (com lábios selados ou sorrindo) deve ser inserida sobre um slide de tamanho 4:3, com fundo branco ou negro, no software de
apresentações (Keynote). A coluna “imagem” deve ser selecionada no editor de slides à direita da tela, com o botão “editar máscara”. Na função máscara, o
limite vertical direito da moldura é posicionado sobre a glabela, simulando a linha média da face e determinando a sua divisão em duas hemifaces. A hemiface
direita permanece visível e a hemiface esquerda é omitida.
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[9]

Figura 9 – A hemiface visível (direita) é duplicada após clique no botão direito do mouse, e girada horizontalmente com a função “virar”, disponível na coluna
“organizar” no editor de slides à direita da tela. O resultado obtido corresponde à “face DD”, composta do espelhamento das hemifaces do lado direito da
paciente.

“organizar” do editor de slides (Figura 9). O resultado obtido é a vez que as faces geradas pela técnica do espelhamento
“face DD”, composta do espelhamento das hemifaces do lado diferem bastante entre si. Segundo alguns autores16, as áreas
direito da paciente. O mesmo processo é repetido com a hemiface faciais em que as assimetrias são mais comuns são o mento
esquerda e com a foto frontal da paciente sorrindo, de modo que, (queixo), os ângulos mandibulares (gônios) e os arcos
ao final das análises, são geradas duas faces (DD e EE) além da zigomáticos (ápice malar).
face real (ou plena) da pa- ciente (Figura 10A).
As faces geradas foram dispostas ao lado da face real ou 4. A face esteticamente agradável em perspectiva frontal Em
plena, que fica no centro, e comparadas visualmente. Quanto uma face esteticamente agradável, existem al- guns
mais parecidas forem as faces, mais simétrica (e estética) parâmetros e medidas que devem ser observados. A distância
será a pessoa. Visualizando as três faces, é pos- sível perceber a bizigomática (entre os ápices zigomáticos) deve ser cerca de
localização e a magnitude das assimetrias. No caso da paciente 30% maior que a distância bigoníaca (entre os gênios
em questão, ela possui assimetrias em nariz, mento, sulco mandibulares), ou seja, o terço inferior da face deve ser mais
nasogeniano, olhos e orelhas (Figuras 10). A análise da foto estreito em perspectiva frontal, causando o efeito visual de
frontal com sorriso revela a discrepância entre as linhas média rosto em formato de triângulo invertido16 (Figura 12).
facial e dental (Figura 10B). Deficiências nas distâncias bizigomáticas estão
Essa avaliação torna-se bastante útil para revelar ao frequentemente associadas à retrusão de maxila15-16.
paciente, antes de qualquer tratamento, as assimetrias Quanto à proporção altura (medida do tríquio ao
inerentes à sua face, que, muito provavelmente, poderão se mento) versus largura (medida entre zigomáticos) da face,
manter em algum grau, mesmo após qualquer procedi- mento existem diferenças entre os gêneros. Na mulher, a largura do
estético realizado para a Harmonização Orofacial. Uma face rosto deve corresponder a 70% da medida do seu
simétrica pode ser observada nas Figuras 10, com a paciente séria comprimento, enquanto no homem, a largura da face deve
ou sorrindo, na qual as três faces geradas se parecem muito. Por corresponder a 65% do valor do seu comprimento. Dessa
outro lado, a assimetria pode ser facilmente identificada na forma, a proporção facial altura/largura ideal é de 1,3:1 para a
paciente das Figuras 11, uma mulher e 1,35:1 para o homem (mulher: altura 30% = largura;
homem: altura 35% = largura), Figura 1319.
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[ 10a ]

[ 10b ]

Figuras 10 – Faces espelhadas (DD e EE) e plena (real) com fotos frontais. A. Séria. B. Sorrindo. Em perspectiva frontal, com lábios selados,
é possível perceber pequenas assimetrias em nariz, mento, sulco nasogeniano, lábios, olhos e orelhas. Essa face exemplifica uma face simétrica
espelhada: as três faces se parecem muito porque o nível de assimetria é pequeno.

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[ 11a ]

[ 11b ]

Figuras 11 – A e B. Exemplo de face assimétrica espelhada sob análise em fundo fotográfico branco, as diferenças são bastante perceptíveis,
e envolvem: volume de têmpora e malar; plano oclusal; nível de comissura labial; volume de mento; linha média dental; filtro labial;
nariz; olhos e orelhas.

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Pesquisa Básica
Embora as proporções altura versus largura da face
possam ser quantificadas, é comum caracterizar as faces como
longa ou curta, redonda ou oval, quadrada ou retan- gular.
[ 12 ]
Desproporções podem resultar em faces longas e finas –
excesso vertical de maxila, mordida aberta e/ou protrusão
mandibular –; curtas e largas – deficiência verti- cal de maxila,
má-oclusão classe II com mordida profunda e/ou hiperplasia de
masseter.
As linhas verticais e horizontais em face frontal devem
estar paralelas entre si. A principal linha horizontal é a
bipupilar e deve ser reconhecida para avaliar o nivelamento
horizontal da face. Assimetrias podem ser avaliadas atra- vés
de linhas horizontais, considerando as asas do nariz, as
comissuras e os vértices labiais, os cantos interno e externo dos
olhos, os ápices malares, as sobrancelhas e as orelhas.

Figura 12 – Distâncias bizigomática e bigoníaca: proporcionalmente, a primeira deve


ser 30% maior que a segunda, em vista frontal.

[ 13 ]

Figura 13 – Proporção altura versus largura da face: para mulheres (1,3:1) e para homens (1,35:1).

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[ 14 ]

Figura 14 – As linhas verticais e horizontais em face frontal devem estar paralelas entre si. A principal linha horizontal é a bipupilar e deve
ser reconhecida para avaliar o nivelamento horizontal da face. Assimetrias podem ser avaliadas através de linhas horizontais, considerando
as asas do nariz, as comissuras e os vértices labiais, os cantos interno e externo dos olhos, os ápices malares, as sobrancelhas e as orelhas. A
principal linha vertical é a linha média facial, que atravessa o centro da glabela. Linhas verticais revelam posição das asas do nariz em relação aos
olhos, comissuras labiais em relação à íris, posição do ápice nasal e do mento em relação à linha média.

A principal linha vertical é a linha média facial, que boca larga teria essa linha vertical invadindo a íris. As linhas
atravessa o centro da glabela. Linhas verticais revelam verticais bilaterais que tangenciam as comissuras labiais devem
posição das asas do nariz em relação aos olhos, comissuras labiais também tangenciar a pupila ou a linha externa da íris quando o
em relação à íris, posição do ápice nasal e do mento em relação à paciente sorri. Essas linhas mostram se a boca do paciente é
linha média. A linha vertical que passa pela asa do nariz, pequena (quando ela passa pelo meio da pupila) ou grande
bilateralmente, permite verificar se o nariz é correto, largo ou (quando tangencia a distal da íris). A boca é um receptor –
estreito para a face (Figura 14). O ideal é que a linha vertical órgão que assume trocas com o meio externo –, e seu
que tangencia a asa do nariz quando o paciente está com a tamanho e largura é, ou deve ser, proporcional à amplitude e
face em repouso toque o início da esclera (branco do olho). à frequência de suas trocas.
Para que ocorra uma proporção ideal, a largura da base do nariz A linha vertical que passa pela lateral da asa do na- riz
deve ser um pouco maior que a largura do olho, enquanto a deve passar na porção medial da face vestibular dos
largura da boca deve se aproximar da distância interpupilar1. primeiros pré-molares, demonstrando a relação ideal de
Quanto mais dentro da esclera está a linha, mais largo é o nariz. largura dos seis dentes anteriores superiores. Mostra ainda
Se a linha não toca a esclera, o nariz é estreito para a face. Sugere a disposição ideal do arco maxilar, se ele deve ser mais
centrais abaixo, ou na média ou acima da média de largura. quadrado ou mais triangular até que a linha toque na porção
Sugere ainda arco maxilar mais triangular ou mais quadrado. medial da face vestibular dos primeiros pré-molares superiores
Outra linha vertical pode ser desenhada saindo da (Figura 15).
comissura labial em direção à linha interna da íris, A exposição ideal dos dentes no sorriso radial é de três
tangenciando-a. Essa linha permite verificar se a largura da quartos da altura da coroa, a 2 mm de gengiva, sendo maior nas
boca em repouso é correta para a face (Figura 15). Uma mulheres do que nos homens. A variabilida- de na
exposição dos dentes e da gengiva ao sorrir está

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Pesquisa Básica
relacionada com: (1) comprimento labial; (2) comprimento mentoniano. Seu comprimento normal, entre o ponto mais
maxilar vertical; (3) comprimento anatômico da coroa e (4) superior do lábio até o tecido mole do mento (Li – Pg’),
magnitude da elevação dos lábios com sorriso. fica entre 38 mm e 44 mm (Figura 16A)15-16. A exposição do
O excesso de exposição gengival pode ser causado por lábio inferior, quando em repouso, deve ser 25% maior que a do
lábio superior curto, excesso vertical de maxila, coroa clínica lábio superior. Um lábio inferior anatomicamente curto está
curta e/ou elevação dos lábios ao sorrir. Exposição deficiente associado, algumas vezes, com más-oclusões de classe II. Um
inclui lábio superior longo, deficiência vertical de maxilar e lábio inferior anatomicamente longo pode ser associado a más-
hipotonia labial. A diminuição da exposição dos incisivos é oclusões de classe III1.
tratada com alongamento maxilar, quando encontrada em Na posição de repouso, quando existe uma boa es- tética,
combinação com a diminuição da distância interlabial, a menor haverá um espaço interlabial de 1 mm a 5 mm15-16 onde é
altura de um terço da face inferior e o comprimento normal do possível verificar a exposição dentária (particular- mente dos
lábio superior. incisivos centrais; Figura 16B). Em mulheres, essa exposição
O terço inferior da face deve ser avaliado com cautela, pois pode variar entre 1,0 mm e 3,0 mm para ser esteticamente
existem muitos detalhes importantes a serem obser- vados. O agradável, e em homens entre 1 mm e 1,5 mm. O ideal é que
lábio superior corresponde à região situada entre o ponto apareça em maior comprimento os centrais superiores e em
subnasal e o estômio, devendo ocupar um terço da distância menor comprimento os laterais superiores, os caninos podem
subnasal mentoniana20. Seu comprimento normal, medido do ou não aparecer. Quanto à correspondência entre a linha média
subnasal ao ponto mais inferior do lábio, é de 19 mm a 22 mm facial e a linha média dental, os desvios de até 2 mm podem ser
(Figura 16A)15-16. A proporção normal entre os volumes verticais imperceptíveis ao observador. Porém, nenhum grau de inclinação
dos lábios superior e inferior é de 1:215-16. Segundo Landgraf et al é acei- tável para a linha média dental.
(2002)20, o lábio inferior e o mento correspondem a dois terços Um aumento no espaço interlabial com os lábios em
da distância sub- nasal mentoniana e situam-se entre os repouso é observado quando existe um lábio superior
pontos estômio e

[ 15 ]

Figura 15 – As linhas verticais que passam pela comissura labial em direção ao globo ocular, em repouso e ao sorrir, determinam a largura da
boca e a proporção dela em relação à face. Quando o lábio está em repouso, essas linhas devem tangenciar o limite interno da íris. Quando a
paciente sorri, as mesmas linhas devem deslocar-se para o limite externo da íris.

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[ 16b ] [ 16c ]

Figuras 16 – A. A medida normal do lábio superior (da base do nariz até o


limite mais inferior do lábio superior) é de 19 mm a 22 mm;
a medida normal do lábio inferior (da base do mento em tecido mole até o
limite superior do lábio inferior) é de 38 mm a 44 mm.
B. A exposição dentária com lábios em repouso é de 1,5 mm a 3,0 mm para
mulheres e de 1,0 mm a 1,5 mm para homens. C. O espaço interlabial
normal, com lábios em repouso, é de 1 mm a 5 mm.

1,5 mm (mulheres)
1,0 mm (homens)

200 FACE 2019;1(2):186-201


Pesquisa Básica
anatomicamente curto, excesso maxilar vertical e protusão e ptose de tecidos moles. E o aumento do espaço inter-
mandibular com mordida aberta. Um espaço reduzido é labial pode sugerir excesso vertical de maxila e protrusão
encontrado nos casos de deficiência maxilar vertical, lábio mandibular, com mordida aberta24.
superior anatomicamente longo (mudança natural com a idade,
especialmente nos homens) e retrusão mandibular com | Conclusão |
mordida profunda1. A exposição ao sorrir é de três quartos
de altura da coroa para 2 mm de gengiva15-16. A va- riabilidade da A análise da face sob perspectiva frontal auxilia o
exposição gengival está relacionada a vários fatores, como cirurgião-dentista clínico a diagnosticar desequilíbrios
comprimento labial, comprimento maxilar vertical, visuais e deficiências de proporção nos elementos que a
comprimento da coroa anatômica dos incisivos su- periores e compõem. São muitos os pontos a serem observados, e as
magnitude da elevação labial com o sorriso. Tjan e Miller mensurações precisas podem indicar em quais regiões
(1984)20 relataram dimorfismo sexual na avaliação do sorriso. predominam as assimetrias, possibilitando, assim, melhor
As mulheres aceitam mostrar mais a gengiva que os homens planejamento das técnicas clínicas em Harmonização Oro- facial.
durante o sorriso, em uma relação de 2:1. Também é possível Seguindo a análise frontal e não menos importante, a análise da
avaliar a maxila no sentido transversal, através do exame do face em perfil permite a avaliação de outros elementos faciais
sorriso. Em uma relação harmônica, durante o sorriso, a e seu relacionamento com o todo, e serão abordados na
maxila se comporta de maneira a mostrar o corredor bucal continuação deste artigo.
(distância entre a face interna da bochecha e a face vestibular
dos dentes posteriores). Diante de uma discrepância transversa Nota de esclarecimento
Nós, os autores deste trabalho, não recebemos apoio financeiro para pesquisa dado por organizações que possam ter
de atresia maxilar, identificamos um extenso corredor bucal.
ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Nós, ou os membros de nossas famílias, não recebemos honorários
Lábios anatomicamente curtos e exposição dentária em de consultoria ou fomos pagos como avaliadores por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação
repouso maior que 3,0 mm em incisivos centrais podem sinalizar deste trabalho, não possuímos ações ou investimentos em organizações que também possam ter ganho ou perda
com a publicação deste trabalho. Não recebemos honorários de apresentações vindos de organizações que com
excesso vertical de maxila. Lábios longos podem estar associados fins lucrativos possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho, não estamos empregados pela
ao envelhecimento da face e à ptose dos tecidos moles21-22. O entidade comercial que patrocinou o estudo e também não possuímos patentes ou royalties, nem trabalhamos
como testemunha especializada, ou realizamos atividades para uma entidade com interesse financeiro nesta
espaço interlabial (distância entre os lábios inferior e superior com área.
exposição de incisivos e lábios em repouso) normal varia entre 1
mm e 5 mm, sendo que as mulheres podem exibir espaços Endereço para correspondência
Maristela Maia Lobo
maiores23. Distâncias interlabiais reduzidas podem sugerir Av. Ministro Gabriel de Resende Passos, 500 – Cj. 1010 – Indianópolis 04521-
deficiências de maxila 022 – São Paulo – SP
Tel.: (11) 5051-3534
maristelalobo@me.com

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