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Resumo
SUBNASAL
ESTÔMIO
MENTO
Figura 1: Subdivisões do terço inferior
da face.
SUBNASAL SUBNASAL
ESTÔMIO ESTÔMIO
MENTO
MENTO
Figura 2: Comprimento excessivo das duas subdivisões de baixo do terço inferior da face, associado a um prognatismo
verdadeiro.
SUBNASAL
SUBNASAL
ESTÔMIO
ESTÔMIO
MENTO
MENTO
Figura 3: Comprimento reduzido das duas subdivisões de baixo do terço inferior da face, em relação à subdivisão de
cima, em casos de deficiência mandibular verdadeira.
Figura 4: As imagens acima apresentam diferentes relações entre as subdivisões do terço inferior da face. A preferência
entre uma ou outra é uma questão subjetiva.
RELAÇÃO ENTRE AS ANÁLISES CEFALOMÉ- subjetiva que não requer medidas absolutas,
TRICA E FACIAL NA AVALIAÇÃO DO TERÇO mas sim relativas. As três estruturas são pro-
INFERIOR DA FACE porcionais entre si, implicando que devem ser
avaliadas em conjunto. No exemplo da Figura 6,
A análise cefalométrica fornece informações pode-se observar que as medidas em milíme-
cruciais sobre a posição, o tamanho e a relação tros dos pontos cefalométricos Co (Côndilo) até
entre as estruturas faciais, sendo essencial para o ponto A (tamanho da maxila), Co até o pon-
o diagnóstico e planejamento dos tratamentos to Gn (Gnátio) (tamanho da mandíbula) e ENA
ortodônticos. Compreender a intricada relação (espinha nasal anterior) até Me (Mento) (AFAI)
entre cefalometria e análise facial é fundamen- mostram compatibilidade (vide tabela na Fig 6),
tal, pois permite ao ortodontista obter uma visão resultando em um perfil equilibrado compatí-
abrangente do paciente, avaliando característi- vel com uma relação de Classe I.
cas tanto estéticas quanto estruturais. A combi-
nação de dados da análise facial com medidas Se as mesmas medidas da maxila e da mandíbu-
cefalométricas possibilita um planejamento la forem mantidas, e apenas a AFAI for modifica-
mais preciso e personalizado, resultando em da, haverá uma alteração no posicionamento sa-
tratamentos mais eficientes. gital da mandíbula em relação à maxila, provo-
cada pela rotação mandibular centrada no com-
Uma das análises consideradas mais impor- plexo fossa mandibular/côndilo. No exemplo da
tantes quanto às relações tridimensionais en- Figura 7, uma diminuição na AFAI levou a um
volvendo as dimensões da maxila, mandíbula e prognatismo relativo, não devido a um aumento
Altura Facial Anterior Inferior (AFAI) é o triân- no tamanho da mandíbula em si, mas sim de-
gulo de McNamara7. Trata-se de uma avaliação vido ao deslocamento para anterior do pogônio.
Tamanho da
Tamanho da maxila (mm) AFAI (mm)
mandíbula (mm)
(Co-Ponto A) (Co-Gn) (ENA-Me)
Figura 6: Medidas ideais de uma dada relação maxilomandibular/AFAI (adaptado de McNamara Jr.7).
No sentido oposto, se a AFAI for aumentada, le- renciamento adequado da AFAI. Para isso, é
vando a uma rotação horária da mandíbula, imperativo saber como interpretar as carac-
isso resultará em uma deficiência mandibular terísticas faciais dos pacientes. Por exemplo,
relativa. É crucial enfatizar que isso tem uma um indivíduo com diminuição da AFAI mas
implicação direta na tomada de decisões sobre com convexidade facial aumentada não deve
o plano de tratamento, pois, apesar do aumento ser tratado com um aumento adicional da
da convexidade facial nesses casos, a mandíbu- AFAI, pois isso poderia piorar a convexidade
la não deve ser aumentada em tamanho, pois facial. Por outro lado, se a diminuição da AFAI
isso causaria uma discrepância vertical (e vo- estiver acompanhada por prognatismo relati-
lumétrica), com um excesso no terço inferior. vo, esse indivíduo se beneficiaria do aumento
Nesses casos, a impacção maxilar seria uma ortodôntico do volume facial inferior, alcan-
opção desejável para produzir uma rotação an- çado por meio da rotação horária da mandí-
ti-horária da mandíbula, resultando em uma bula (Fig. 9).
melhoria na convexidade facial (Fig. 8).
O caso clínico descrito a seguir exemplifica uma
Dependendo de certas características esque- situação em que o objetivo era aumentar a AFAI
léticas e dentárias, muitos pacientes podem usando um protocolo de extrusão dos dentes su-
ser tratados mais rapidamente com o ge- periores desde o início do tratamento.
CASO CLÍNICO
Paciente com 37 anos de idade, buscou trata- exposição insatisfatória dos dentes anteriores
mento ortodôntico com a queixa de "falta de superiores. Na vista frontal, não havia inclina-
expressão no sorriso", além de um pedido do ção do plano oclusal (Fig. 11).
implantodontista para abertura de espaço na
arcada inferior, na região dos primeiros mola- Análise do perfil
res, para a colocação de implantes. Não houve
queixas, sinais ou sintomas de disfunção tempo- A paciente apresentava um perfil quase cônca-
romandibular (DTM). vo, devido à rotação anti-horária da mandíbula,
uma boa posição sagital maxilar, diminuição da
DIAGNÓSTICO AFAI, lábio superior curto e projeção insatisfató-
ria dos lábios superior e inferior (Fig. 12).
Análise frontal
Análise cefalométrica
Na avaliação frontal, a paciente apresentou um
padrão braquicefálico, assimetria leve, vedamen- A concavidade facial negativa é uma caracterís-
to labial passivo e diminuição da AFAI (Fig. 10). tica interessante nesse padrão facial. Uma vez
que a AFAI estava moderadamente reduzida, au-
Análise do sorriso mentá-la poderia beneficiar a paciente de duas
maneiras: corrigindo a concavidade e alongando
Na análise do sorriso, foram detectados os se- o perfil. O padrão hipodivergente extremo é evi-
guintes problemas: desvio da linha média infe- dente na medida GoGn.SN = 19,6°. Avaliando pelo
rior, inclinações excessivamente negativas nos triângulo de McNamara, levando em conside-
dentes posteriores, corredores bucais amplos e ração que a maxila tinha um tamanho adequa-
Figura 10: A análise frontal mostrou uma suave assimetria facial, com desvio do mento para a direita e uma redução
moderada na AFAI. O volume do terço inferior da face também estava moderadamente diminuído.
Figura 12: Análise de perfil. A diminuição da AFAI causa uma rotação anti-horária da mandíbula, com consequente
aumento do ângulo de convexidade (179º).
do (conforme observado na análise facial), po- cionamento vertical dos incisivos superiores em
de-se notar que a mandíbula tinha um tamanho relação ao lábio superior, era perceptível uma
compatível com o desejável, mas a AFAI estava deficiência vertical. Os incisivos superiores e in-
moderadamente reduzida. Avaliando-se o posi- feriores estavam retroinclinados (Figs. 13 e 14).
Figura 13: As medidas do padrão facial indicavam uma rotação anti-horária da mandíbula associada a uma deficiência
vertical da maxila, levando-se em consideração o POEF8.
Figura 14: Medidas lineares do comprimento maxilar, comprimento mandibular e AFAI, juntamente com a tabela de
compatibilidade do triângulo de McNamara.
Análise oclusal
Na análise oclusal, observou-se uma relação de dequada proporção entre a altura e a largura
Classe II (2/3), com dentes anteriores retroin- dos incisivos centrais superiores nesse caso,
clinados, sobremordida aumentada, sobressa- devido à exposição gengival limitada, teve como
liência normal e ausência dos dentes #36 e #46 solução o aumento desses dentes na direção in-
(o que provavelmente contribuiu para a piora da cisal, utilizando facetas cerâmicas. Essa opção
relação de Classe II). A linha média inferior es- foi discutida e aceita pela paciente, antes mesmo
tava desviada para a direita (2 mm), e os dentes do início do tratamento, quando da apresenta-
posteriores apresentavam inclinações extrema- ção das opções terapêuticas (Fig. 17).
mente negativas (Fig. 15).
Planejamento
Microanálise do sorriso
O plano de tratamento proposto, considerando as
A microanálise do sorriso leva em consideração, queixas da paciente, envolveu o aumento da AFAI
entre outras coisas, a proporção altura/largura por meio da extrusão dos dentes superiores. Os es-
dos incisivos, a relação entre os seis dentes an- paços dos primeiros molares inferiores foram
teriores, a altura e o posicionamento dos zênites abertos, por escolha da paciente, pois ela foi infor-
gengivais, e os degraus entre incisivos centrais mada de que fechar os espaços poderia levar mui-
e laterais 9,10
(Fig. 16). Essa análise deve estar vin- to tempo, já que seria necessário mover os dentes
culada às análises anteriores, especialmente à anteriores adjacentes aos espaços mesialmente
macroanálise do sorriso. É importante determi- para corrigir a relação dental de Classe II antes de
nar, ainda no início do tratamento, as mudanças mesializar os molares. Devido à imprevisibilidade
propostas, considerando desde então o que se da duração do tratamento, a paciente optou pela
planeja em termos de finalização estética. A ina- abertura dos espaços e colocação de implantes.
Zênites
incisivos laterais mais curtos
Degraus
Figura 19: O espaço na região posterior inferior pôde ser rapidamente aberto utilizando-se fios retangulares e loops
compressivos.
Figura 20: Fim do tratamento ortodôntico, com correção completa da Classe II e da sobremordida. As linhas médias
tornaram-se coincidentes, e implantes/próteses foram colocados nos molares inferiores.
Figura 21: De acordo com o planejamento proposto, com base na macroanálise e microanálise do sorriso, o aumento
dos dentes para restaurar a proporção ideal entre altura e largura foi alcançado por meio do uso de facetas cerâmicas.
Figura 22: O aumento da AFAI representa um ganho volumétrico no terço inferior da face, com um impacto positivo no
equilíbrio e na percepção de juventude. O sorriso, com a correção das inclinações e a extrusão dos dentes superiores,
também contribui para essa sensação de juventude.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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