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SOLUÇÕES•E•PROTOCOLOS•CLÍNICOS

[ 60 ] © Dental Press Publishing | Clin Orthod. 2023 Oct-Nov;22(5):60-75


Tratamento ortodôntico não
cirúrgico de pacientes com Face
Curta: criando links entre o
diagnóstico e as soluções clínicas

Resumo

INTRODUÇÃO: A relação entre as análises facial e cefa-


lométrica é fundamental na avaliação ortodôntica. Com-
binar informações estéticas e estruturais permite ao
ortodontista criar um plano de tratamento personalizado
e preciso. Cada paciente apresenta uma combinação
complexa de características faciais e dentoesqueléticas
únicas, exigindo uma análise meticulosa para determinar
um diagnóstico preciso e o plano de tratamento mais
https://orcid.org/0000-0002-8787-7029
adequado. Nesse contexto, o conhecimento das medidas

José Kleber Soares de MEIRELES1 cefalométricas ideais desempenha um papel fundamen-


tal. As medidas cefalométricas fornecem informações
detalhadas sobre as relações esqueléticas, dentárias e
faciais do paciente, permitindo ao ortodontista avaliar
1. Especialista em Ortodontia, Universidade de São Paulo, Faculdade de
Odontologia (Bauru/SP, Brasil). Mestrando em Ortodontia, Fundação a magnitude e a natureza das discrepâncias existentes.
Hermínio Ometto – FHO/Uniararas (Araras/SP, Brasil). Professor coordenador
Essas informações são essenciais para compreender as
dos cursos de Especialização e Imersão em Ortodontia do Instituto PRIME
(Salvador/BA, Brasil). causas subjacentes das más oclusões, identificar padrões
de crescimento e direcionar tratamentos personaliza-
Enviado em: 05/10/2023 - Revisado e aceito: 25/10/2023
dos. OBJETIVO: Ao longo desse artigo, exploraremos
Como citar: Meireles JKS. Non-surgical orthodontic treatment of short face a importância de conhecer as medidas cefalométricas
patients: Creating links between diagnosis and clinical solutions. Clin Orthod.
ideais durante a fase crucial do planejamento ortodôntico,
2023 Oct-Nov;22(5):60-75.
DOI: https://doi.org/10.14436/2675-486X.22.5.060-075.spc
com foco no tratamento de pacientes que apresentam
Face Curta. Veremos como essas medidas se correlacio-
Endereço para correspondência: José Kleber Soares de Meireles
nam com a análise facial, possibilitando uma visão abran-
E-mail: kmortho.doc@gmail.com
gente e integrada do paciente, e como são aplicadas para
estabelecer metas de tratamento realistas e atingíveis.
O autor declara não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou
financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias
descritos nesse artigo. O(s) paciente(s) que aparece(m) no presente artigo Palavras-chave
autorizou(aram) previamente a publicação de suas fotografias faciais e intrabucais,
radiografias ou outros exames imagiológicos e informações diagnósticas. Diagnóstico clínico. Estética dentária. Cefalometria.

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INTRODUÇÃO sorrir, entre outras questões. Uma análise deta-


lhada do terço inferior da face é essencial para
O terço inferior da face é uma área de extrema os ortodontistas identificarem desequilíbrios e
importância na análise facial, desempenhando anomalias1-6. Esse terço pode ser subdividido
um papel significativo na tomada de decisões em três partes, sendo uma do ponto subnasal
terapêuticas em Ortodontia. Um equilíbrio har- ao ponto estômio, e as outras duas, do ponto es-
monioso entre os terços faciais é uma caracte- tômio ao ponto mentoniano (Fig. 1)4.
rística altamente valorizada na estética facial,
frequentemente procurada por pacientes em Discrepâncias nas proporções dessas subdivi-
busca de melhorias em sua aparência. A har- sões podem indicar necessidades distintas para
monia facial é alcançada quando os terços su- tratamento ortodôntico. Por exemplo, um terço
perior, médio e inferior complementam-se de inferior excessivo pode estar relacionado a prog-
maneira equilibrada. Alguns dos parâmetros natismo mandibular (Fig. 2) e exigir abordagens
mais importantes na avaliação da harmonia do terapêuticas mais invasivas, como intervenção
terço inferior são a proporção entre o compri- cirúrgica. Por outro lado, um terço inferior re-
mento dos lábios superior e inferior e a expo- duzido pode resultar de um crescimento man-
sição dental (e gengival) em repouso. Mudan- dibular insuficiente (retrognatismo mandibular)
ças sutis nesses parâmetros podem influenciar e exigir tratamento que promova o aumento do
significativamente a percepção da beleza e do volume mandibular (Figs. 3 e 4).
equilíbrio facial. Pacientes com discrepâncias
nessa região podem apresentar queixas esté- A análise do terço inferior da face também pode
ticas específicas, como queixo alongado, altura ser realizada em vista lateral, permitindo uma
facial reduzida, ausência de vedamento labial avaliação detalhada das estruturas faciais a
passivo, exposição excessiva ou insuficien- partir dessa perspectiva4. A Figura 5 exemplifica
te dos dentes em repouso, durante a fala e ao essa análise em perfil.

SUBNASAL

ESTÔMIO

MENTO
Figura 1: Subdivisões do terço inferior
da face.

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SUBNASAL SUBNASAL

ESTÔMIO ESTÔMIO

MENTO
MENTO

Figura 2: Comprimento excessivo das duas subdivisões de baixo do terço inferior da face, associado a um prognatismo
verdadeiro.

SUBNASAL
SUBNASAL

ESTÔMIO
ESTÔMIO

MENTO
MENTO

Figura 3: Comprimento reduzido das duas subdivisões de baixo do terço inferior da face, em relação à subdivisão de
cima, em casos de deficiência mandibular verdadeira.

Figura 4: As imagens acima apresentam diferentes relações entre as subdivisões do terço inferior da face. A preferência
entre uma ou outra é uma questão subjetiva.

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Figura 5: Análise das três subdivisões do


terço inferior da face, em vista lateral.
Na segunda imagem, é possível observar
a melhora na relação entre os compri-
mentos dos lábios superior e inferior.

RELAÇÃO ENTRE AS ANÁLISES CEFALOMÉ- subjetiva que não requer medidas absolutas,
TRICA E FACIAL NA AVALIAÇÃO DO TERÇO mas sim relativas. As três estruturas são pro-
INFERIOR DA FACE porcionais entre si, implicando que devem ser
avaliadas em conjunto. No exemplo da Figura 6,
A análise cefalométrica fornece informações pode-se observar que as medidas em milíme-
cruciais sobre a posição, o tamanho e a relação tros dos pontos cefalométricos Co (Côndilo) até
entre as estruturas faciais, sendo essencial para o ponto A (tamanho da maxila), Co até o pon-
o diagnóstico e planejamento dos tratamentos to Gn (Gnátio) (tamanho da mandíbula) e ENA
ortodônticos. Compreender a intricada relação (espinha nasal anterior) até Me (Mento) (AFAI)
entre cefalometria e análise facial é fundamen- mostram compatibilidade (vide tabela na Fig 6),
tal, pois permite ao ortodontista obter uma visão resultando em um perfil equilibrado compatí-
abrangente do paciente, avaliando característi- vel com uma relação de Classe I.
cas tanto estéticas quanto estruturais. A combi-
nação de dados da análise facial com medidas Se as mesmas medidas da maxila e da mandíbu-
cefalométricas possibilita um planejamento la forem mantidas, e apenas a AFAI for modifica-
mais preciso e personalizado, resultando em da, haverá uma alteração no posicionamento sa-
tratamentos mais eficientes. gital da mandíbula em relação à maxila, provo-
cada pela rotação mandibular centrada no com-
Uma das análises consideradas mais impor- plexo fossa mandibular/côndilo. No exemplo da
tantes quanto às relações tridimensionais en- Figura 7, uma diminuição na AFAI levou a um
volvendo as dimensões da maxila, mandíbula e prognatismo relativo, não devido a um aumento
Altura Facial Anterior Inferior (AFAI) é o triân- no tamanho da mandíbula em si, mas sim de-
gulo de McNamara7. Trata-se de uma avaliação vido ao deslocamento para anterior do pogônio.

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Tamanho da
Tamanho da maxila (mm) AFAI (mm)
mandíbula (mm)
(Co-Ponto A) (Co-Gn) (ENA-Me)

Figura 6: Medidas ideais de uma dada relação maxilomandibular/AFAI (adaptado de McNamara Jr.7).

Tamanho da maxila (mm) Tamanho da AFAI (mm)


(Co-Ponto A) mandíbula (mm) (ENA-Me)
(Co-Gn)

DIMENSÃO VERTICAL DEFICIENTE


RESULTANDO EM PROGNATISMO RELATIVO

Figura 7: Diminuição da AFAI, resultando em prognatismo relativo.

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Tamanho da maxila (mm) Tamanho da AFAI (mm)


(Co-Ponto A) mandíbula (mm) (ENA-Me)
(Co-Gn)

DIMENSÃO VERTICAL EXCESSIVA


RESULTANDO EM RETROGNATISMO RELATIVO

Figura 8: Aumento da AFAI, resultando em retrognatismo relativo.

No sentido oposto, se a AFAI for aumentada, le- renciamento adequado da AFAI. Para isso, é
vando a uma rotação horária da mandíbula, imperativo saber como interpretar as carac-
isso resultará em uma deficiência mandibular terísticas faciais dos pacientes. Por exemplo,
relativa. É crucial enfatizar que isso tem uma um indivíduo com diminuição da AFAI mas
implicação direta na tomada de decisões sobre com convexidade facial aumentada não deve
o plano de tratamento, pois, apesar do aumento ser tratado com um aumento adicional da
da convexidade facial nesses casos, a mandíbu- AFAI, pois isso poderia piorar a convexidade
la não deve ser aumentada em tamanho, pois facial. Por outro lado, se a diminuição da AFAI
isso causaria uma discrepância vertical (e vo- estiver acompanhada por prognatismo relati-
lumétrica), com um excesso no terço inferior. vo, esse indivíduo se beneficiaria do aumento
Nesses casos, a impacção maxilar seria uma ortodôntico do volume facial inferior, alcan-
opção desejável para produzir uma rotação an- çado por meio da rotação horária da mandí-
ti-horária da mandíbula, resultando em uma bula (Fig. 9).
melhoria na convexidade facial (Fig. 8).
O caso clínico descrito a seguir exemplifica uma
Dependendo de certas características esque- situação em que o objetivo era aumentar a AFAI
léticas e dentárias, muitos pacientes podem usando um protocolo de extrusão dos dentes su-
ser tratados mais rapidamente com o ge- periores desde o início do tratamento.

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Figura 9: O impacto da rotação


anti-horária da mandíbula no per-
fil pode ser eliminado com o correto
gerenciamento ortodôntico, utilizando
mecânicas extrusivas, estimulando a
rotação horária da mandíbula e melho-
rando a convexidade facial.

CASO CLÍNICO

Paciente com 37 anos de idade, buscou trata- exposição insatisfatória dos dentes anteriores
mento ortodôntico com a queixa de "falta de superiores. Na vista frontal, não havia inclina-
expressão no sorriso", além de um pedido do ção do plano oclusal (Fig. 11).
implantodontista para abertura de espaço na
arcada inferior, na região dos primeiros mola- Análise do perfil
res, para a colocação de implantes. Não houve
queixas, sinais ou sintomas de disfunção tempo- A paciente apresentava um perfil quase cônca-
romandibular (DTM). vo, devido à rotação anti-horária da mandíbula,
uma boa posição sagital maxilar, diminuição da
DIAGNÓSTICO AFAI, lábio superior curto e projeção insatisfató-
ria dos lábios superior e inferior (Fig. 12).
Análise frontal
Análise cefalométrica
Na avaliação frontal, a paciente apresentou um
padrão braquicefálico, assimetria leve, vedamen- A concavidade facial negativa é uma caracterís-
to labial passivo e diminuição da AFAI (Fig. 10). tica interessante nesse padrão facial. Uma vez
que a AFAI estava moderadamente reduzida, au-
Análise do sorriso mentá-la poderia beneficiar a paciente de duas
maneiras: corrigindo a concavidade e alongando
Na análise do sorriso, foram detectados os se- o perfil. O padrão hipodivergente extremo é evi-
guintes problemas: desvio da linha média infe- dente na medida GoGn.SN = 19,6°. Avaliando pelo
rior, inclinações excessivamente negativas nos triângulo de McNamara, levando em conside-
dentes posteriores, corredores bucais amplos e ração que a maxila tinha um tamanho adequa-

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Figura 10: A análise frontal mostrou uma suave assimetria facial, com desvio do mento para a direita e uma redução
moderada na AFAI. O volume do terço inferior da face também estava moderadamente diminuído.

Figura 11: Macroanálise do sorriso.

Figura 12: Análise de perfil. A diminuição da AFAI causa uma rotação anti-horária da mandíbula, com consequente
aumento do ângulo de convexidade (179º).

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do (conforme observado na análise facial), po- cionamento vertical dos incisivos superiores em
de-se notar que a mandíbula tinha um tamanho relação ao lábio superior, era perceptível uma
compatível com o desejável, mas a AFAI estava deficiência vertical. Os incisivos superiores e in-
moderadamente reduzida. Avaliando-se o posi- feriores estavam retroinclinados (Figs. 13 e 14).

Figura 13: As medidas do padrão facial indicavam uma rotação anti-horária da mandíbula associada a uma deficiência
vertical da maxila, levando-se em consideração o POEF8.

Tamanho da maxila (mm) Tamanho da mandíbula (mm) AFAI (mm)


(Co-Ponto A) (Co-Gn) (ENA-Me)

Figura 14: Medidas lineares do comprimento maxilar, comprimento mandibular e AFAI, juntamente com a tabela de
compatibilidade do triângulo de McNamara.

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Análise oclusal

Na análise oclusal, observou-se uma relação de dequada proporção entre a altura e a largura
Classe II (2/3), com dentes anteriores retroin- dos incisivos centrais superiores nesse caso,
clinados, sobremordida aumentada, sobressa- devido à exposição gengival limitada, teve como
liência normal e ausência dos dentes #36 e #46 solução o aumento desses dentes na direção in-
(o que provavelmente contribuiu para a piora da cisal, utilizando facetas cerâmicas. Essa opção
relação de Classe II). A linha média inferior es- foi discutida e aceita pela paciente, antes mesmo
tava desviada para a direita (2 mm), e os dentes do início do tratamento, quando da apresenta-
posteriores apresentavam inclinações extrema- ção das opções terapêuticas (Fig. 17).
mente negativas (Fig. 15).
Planejamento
Microanálise do sorriso
O plano de tratamento proposto, considerando as
A microanálise do sorriso leva em consideração, queixas da paciente, envolveu o aumento da AFAI
entre outras coisas, a proporção altura/largura por meio da extrusão dos dentes superiores. Os es-
dos incisivos, a relação entre os seis dentes an- paços dos primeiros molares inferiores foram
teriores, a altura e o posicionamento dos zênites abertos, por escolha da paciente, pois ela foi infor-
gengivais, e os degraus entre incisivos centrais mada de que fechar os espaços poderia levar mui-
e laterais 9,10
(Fig. 16). Essa análise deve estar vin- to tempo, já que seria necessário mover os dentes
culada às análises anteriores, especialmente à anteriores adjacentes aos espaços mesialmente
macroanálise do sorriso. É importante determi- para corrigir a relação dental de Classe II antes de
nar, ainda no início do tratamento, as mudanças mesializar os molares. Devido à imprevisibilidade
propostas, considerando desde então o que se da duração do tratamento, a paciente optou pela
planeja em termos de finalização estética. A ina- abertura dos espaços e colocação de implantes.

Figura 15: Análise oclusal.

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Progresso do tratamento (Figs 18 a 22)


RELAÇÃO ALTURA/LARGURA
Na vista de perfil, é possível observar a melho-
ra na proporção entre os lábios superior e in-
ferior, com o alongamento do terço inferior da
Formato Quadrado
face. O acompanhamento por meio das radio-
grafias e sobreposições dos traçados cefalomé-
tricos pré e pós-tratamento destaca o aumento
da AFAI, com a melhoria, entre outras coisas, na
relação entre o lábio superior e os incisivos su-
Boa proporção entre incisivos
centrais e laterais periores (POEF) (Figs. 23 e 24).

No QR Code abaixo (QR Code 1), assista ao vídeo


com o detalhamento desse caso clínico.

Zênites
incisivos laterais mais curtos

Degraus

QR Code 1: Vídeo com detalha-


mento do caso clínico.
Figura 16: Microanálise do sorriso.

Figura 17: Radiografia panorâmica.

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Figura 18: Desde o primeiro dia, foram


instalados bite turbos nos incisivos
superiores, para permitir a extrusão
dos dentes posteriores, resultando em
um aumento na AFAI.

Figura 19: O espaço na região posterior inferior pôde ser rapidamente aberto utilizando-se fios retangulares e loops
compressivos.

Figura 20: Fim do tratamento ortodôntico, com correção completa da Classe II e da sobremordida. As linhas médias
tornaram-se coincidentes, e implantes/próteses foram colocados nos molares inferiores.

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Figura 21: De acordo com o planejamento proposto, com base na macroanálise e microanálise do sorriso, o aumento
dos dentes para restaurar a proporção ideal entre altura e largura foi alcançado por meio do uso de facetas cerâmicas.

Figura 22: O aumento da AFAI representa um ganho volumétrico no terço inferior da face, com um impacto positivo no
equilíbrio e na percepção de juventude. O sorriso, com a correção das inclinações e a extrusão dos dentes superiores,
também contribui para essa sensação de juventude.

Figura 23: Comparações pré e pós-tratamento do efeito do aumento da AFAI no perfil.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para se alcançar resultados ortodônticos


bem-sucedidos, é essencial compreender a
intricada relação entre as análises facial e
cefalométrica, ao mesmo tempo em que se
considera as nuances da análise do sorriso.
A interação entre esses componentes diag-
nósticos permite ao ortodontista ter uma
compreensão abrangente das característi-
cas faciais do paciente, proporções dentárias
e aspectos funcionais. Ao integrar a análise
facial, podemos avaliar características de te-
cidos moles, dinâmica labial e estética facial,
que influenciam significativamente no pla-
nejamento do tratamento e na satisfação ge-
ral do paciente. Simultaneamente, a análise
cefalométrica fornece insights críticos sobre
relações esqueléticas e posições dentárias,
permitindo a avaliação de padrões oclusais

Figura 24: Sobreposição dos traçados pré e pós-tratamento.


e de crescimento. Combinar essas avaliações
com uma análise detalhada do sorriso per-
mite ao ortodontista elaborar planos de tra-
tamento que abordam tanto aspectos funcio-
nais quanto estéticos, permitindo resultados
de tratamento ótimos e harmoniosos.

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Non-surgical orthodontic role. Cephalometric measurements provide detailed


information about the patient's skeletal, dental,
treatment of short face pa-
and facial relationships, allowing orthodontists
tients: Creating links between to assess the magnitude and nature of existing
diagnosis and clinical solutions discrepancies. This information is essential for
understanding the underlying causes of maloc-
Abstract clusions, identifying growth patterns, and defining
personalized treatment. OBJECTIVE: This article
INTRODUCTION: The relationship between facial will explore the importance of knowing the ideal
and cephalometric analysis is fundamental in cephalometric measurements for each case, during
orthodontic evaluation. Combining aesthetic and the crucial stage of orthodontic planning, with
structural information enables the orthodontist to a focus on Short Face patients. We will see how
create a personalized and precise treatment plan. these measurements correlate with facial analysis,
Each patient presents a complex combination of enabling a comprehensive and integrated view of
unique facial and dentoskeletal characteristics, the patient, and how they are applied to establish
requiring a meticulous analysis to determine realistic and achievable treatment goals.
an accurate diagnosis and the most appropriate
treatment plan. In this context, knowledge of ideal Keywords: Clinical diagnosis. Dental
cephalometric measurements plays a fundamental aesthetics. Cephalometry.

REFERÊNCIAS
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