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RESUMO
Este artigo tem por objetivo demonstrar que os direitos dos animais são
o prolongamento lógico do reconhecimento dos direitos em geral. O re-
conhecimento crescente dos direitos depois de 1948 lança o desafio de
retornar à ideia da supremacia do homem na natureza. Nesse sentido,
o animal não humano deve ser reconhecido em seu valor intrínseco. E,
apoiando-se no princípio da igualdade, deve-se conferir a eles a igualdade
além da humanidade. A luta contra o especismo deve inaugurar uma nova
era de moralidade e reflexão humana sobre a ética, a justiça e o direito. De
outro lado o reconhecimento dos direitos fundamentais dos animais não
humanos obriga a reconhecer que limites éticos devem ser levados em
conta no relacionamento dos homens com eles, da mesma forma que para
com os humanos, e que os animais têm igualmente o direito à liberdade.
Palavras-chave: Direitos. Ética e direitos dos animais. Princípio da igual-
dade. Direito à liberdade.
ABSTRACT
This article aims to demonstrate that animal rights are the logical ex-
tension of the recognition of rights in general. The growing recognition
of rights after 1948 poses the challenge of returning to the idea of the
supremacy of man in nature. In this sense, the non-human animal must be
recognized in its intrinsic value. And, based on the principle of equality,
they must be given equality beyond humanity. The fight against specie-
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sism must usher in a new era of morality and human reflection on ethics,
justice and law. On the other hand, the recognition of the fundamental
rights of non-human animals obliges us to recognize that ethical limits
must be taken into account in the relationship of men with them, just as
with humans, and that animals also have the right to freedom.
Keywords: Rights. Ethics and animal rights. Principle of equality. Right
to freedom.
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2. DECLARAÇÃO DE DIREITOS
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3. ÉTICA E BIOÉTICA
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dizia que aos homens devemos justiça, mas aos animais devemos
solicitude e benevolência (DIAS, 2000, p. 33-36).
Rousseau atribuía à sociedade a origem de todos os males
e a instituição das desigualdades. Em sua 7ª caminhada, no livro
“Devaneios de um caminhante solitário”, ele critica o uso de ani-
mais em experimentos e a visão das plantas como bem utilitário
na confecção de remédios. E afirma que nunca julgou que tanta
ciência contribuísse para a felicidade da vida. Ele se refugiava na
natureza para se furtar à lembrança dos homens e aos ataques
dos maus (DIAS, 2000, p. 46-48)
Goethe criticava o ser humano por valorizar as coisas so-
mente na medida em que lhe são úteis, e por se arrogar o direito
de classificar algumas plantas como ervas daninhas, em vez de
vê-las como crianças da natureza universal, tão amadas por ela
quanto o trigo que o homem valoriza e cultiva.
Foi com base nesse pensamento utilitarista e antropocen-
trista que o filósofo inglês Thomas Hobbes, com seu livro “O Le-
viatã”, fundou a filosofia do direito individual moderno. Dando à
linguagem o papel de formadora das relações sociais e políticas,
ele excluiu os animais do contrato social. De acordo com Hobbes,
para a formação do Estado, é preciso um pacto, para cuja adesão
é preciso a linguagem (DIAS, 2000, p. 36-39)
John Locke, precursor do liberalismo inglês, coloca o homem
em sua origem como senhor de todas as criaturas “ inferiores”,
podendo fazer delas o que lhe aprouver. Pregava que, em princí-
pio, tudo pertence a todos, e a força do trabalho pertence a cada
um individualmente, o que vem a constituir a primeira forma de
propriedade privada. Em decorrência disso, segundo ele, o ho-
mem pode se apossar dos frutos e das criaturas da terra. Locke
retirou o animal da natureza tornando-o propriedade privada.
Dizia que a natureza extra humana não tem vontades e nem
direitos, são recursos à disposição de toda a humanidade (DIAS,
2000, p. 40-42).
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Embora tenha sido proclamada pela UNESCO, em 15 de outubro de 1978, a
Declaração é uma proposta de diploma legal internacional, elaborada pelo
cientista Georges Heuse, ativista da causa dos direitos dos animais.
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4. ISONOMIA JURÍDICA
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CONCLUSÃO
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REFERÊNCIAS
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