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PAGINA DE PLINIO SALGADO, EXTRAIDA DO DIÁRIO DE SUA MULHER,

ESCRITA NA NOITE DE 7-10-1938, EM SÃO PAULO, À RUA CAPITÃO-MOR


DIOGO BARRETO, nº 46, NO PARAISO.

O dia 7 de Outubro é considerado a data da fundação do Integralismo,


pelo fato de haverem sido nesse dia distribuídos os exemplares do Manifesto,
conhecido pelo nome de Manifesto de Outubro. Na verdade, a primeira vez
que se falou em “Ação Integralista Brasileira” foi em Maio de 1932, numa
reunião da Sociedade de Estudos Político, realizada no Clube Português. Mo
livro de atas daquela sociedade, consta que ficou resolvido organizar-se, com
o fim de divulgar nossos princípios doutrinários e exercer uma função
educativa de amplitude popular. Foi nesse mês de Maio que escrevi o
Manifesto chamado de Outubro, do qual tirei algumas cópias, que entreguei a
vários dirigentes da Sociedade de Estudos Políticos. Creio que em atas
subseqüentes existem referencias a tais fatos. Não chegamos, porém, a lançar
o Manifesto, porque na ocasião em que pretendíamos fazê-lo rebentou a
revolução paulista (9 de Julho). As coisas ficaram paralisadas. Em 3 de
outubro terminou a revolução. Um grupo que freqüentava a minha casa
durante aqueles tormentosos dias, e que era Eurico Guedes de Araújo, Iracy
Igayara, Alpinolo Lopes Casale, Antônio Toledo Piza, Manoel Pinto da Silva,
Louro Pedroso resolveu mandar imprimir o Manifesto. Não havia, porém,
dinheiro. Resolveu Louro Pedroso mandar imprimir por conta própria, porém
não pagou a tipografia. Resolvemos, então, assumir a responsabilidade da
dívida (eu, Iray, Guedes e Alpínolo, pois os outros se encontravam ausentes
no momento) ,e entramos com 200$, devendo pagar o restante em prestações.
A tipografia nos entregou os Manifestos na tarde de 6 de Outubro. No dia 7 de
Outubro, numa das salas da Secretaria de Segurança Pública (Chefatura de
Policia) na mesa em que trabalhava o Eurico Guedes de Araújo, que era
funcionário, subscritamos centenas de envelopes, enviando o Manifesto para
todos os pontos do País, Esse serviço foi feito às escondidas naquela sala.
Durante todo o dia fizemos distribuição do Manifesto em S. Paulo, incumbindo
disso os membros da Sociedade de Estudos Políticos, que iam aparecendo,
após a revolução paulista. Trabalhamos toda a tarde e toda a noite. Foi só dias
depois que começamos a realizar reuniões para a organização definitiva da
«Ação Integralista Brasileira»; mas a data da fundação ficou sendo 7 de
Outubro, embora nesse dia não se verificasse nenhuma reunião.
O 7 de Outubro foi comemorado solenemente, a primeira vez, em 1934,
com o desfile de camisas verdes que terminou com o tiroteio da Praça da Sé,
entre os integralistas e comunistas. Foi o maior conflito que se registrou em
todos os tempos na capital paulista, verdadeiro combate em que perderam a
vida Caetano Spinelli e Jayme Guimarães, que vieram formar com Nicola
Rosica (morto em conflito com os Comunistas de Bauru, no dia 3) a lista de
nossos mártires.
MARIA AMELIA SALGADO LOUREIRO

(Coordenadora)

O INTEGRALISMO
Síntese do pensamento
político-doutrinário de Plínio Salgado

“Editora Voz do Oeste”


São Paulo
1981
“NÃO PERGUNTE O QUE
A PATRIA PODE FAZER
POR VOCÊ,
MAS O QUE VOCÊ
PODE FAZER
PELA PÁTRIA”
APRESENTAÇÃO

Achamos oportuno divulgar, em embora sinteticamente, o pensamento


político doutrinário de Plínio Salgado, que hoje se afigura mais atual que
nunca.
Resolvemos adotar o método de perguntas e respostas – o catecismo –
por considerá-lo mais didático e abrangente, pois atinge as diversas camadas
culturais da sociedade.
O texto foi construído sobre toda a obra de Plínio Salgado (livros, artigos,
entrevistas, manifestos, projetos legislativos), razão pela qual se faz
desnecessário apontar a bibliografia.
O nosso intuito foi antes de tudo, colocar em seus devidos termos os
princípios do Integralismo, já que vem sendo ele tão mal interpretado por
alguns.
E se verá, afinal, que todo o seu fundamento se apóia na doutrina de
Cristo, o que torna perene e próprio para todas as épocas, enquanto existir
um Homem sobre a face da terra.

Maria Amélia Salgado Loureiro


A GUISA DE PREFÁCIO
“... As suas palavras repetiram o que, no fundo da consciência, nas horas
de meditação, digo a mim mesmo: “a semeadura foi grande, a colheita virá”.
Nem outra coisa me propuz ou me proponho. Dizem de uns que plantam
couves, de outros que plantam carvalhos: mas eu não pretendi fazer uma
horta para alimentar os apressados, os medíocres, nem erguer carvalhos
onde as aves de rapina, decorativas e inúteis, vem pousar como emblema de
egoísmos ferozes e usurpações imperialistas; o que eu quis foi semear uma
grande seara, para encher os celeiros de um povo; uma seara que reproduza
indefinidamente, repartindo em cada colheita o milagre de ouro da fartura.
Sonhei e sonho um Brasil honesto e bom, inteligente, penetrado do superior
sentido do equilíbrio, que realiza harmonias sociais perfeitas.
Justamente por adotar uma concepção totalista do mundo e dos seus
movimentos, repugna-me a idéia do Estado Totalitário, do Estado absorvente,
com finalidade em si próprio; desejo-o forte, como expressão de força
nacional, e eficiente, como mantenedor das liberdades inerentes à Pessoa
Humana, mas a amplitude do seu domínio limita-se às portas das
consciências. Homens íntegros, lares intangíveis, coletividades esclarecidas,
dignidades asseguradas, solidariedade nacional, elevação espiritual, eis o
panorama que imagino sobre a carta geográfica do Brasil.
Essas idéias foram semeadas. A terra é boa. Não me interessa o êxito
imediato. O essencial é que os nossos filhos sejam dignos de nossos
esforços. Tudo isso costumo pensar quando converso comigo mesmo. Esta
sua carta veio continuar essa conversa, como um comensal que chega, senta-
se numa cadeira, e prossegue familiarmente a versar o tema que não foi
interrompido. Sou-lhe imensamente grato pelas suas palavras. Elas
representam para mim uma das alegrias desta fase. Esta fase de exílio, de
incompreensões, de excomunhão oficial, não pode ser uma fase triste. Tudo
isso é normal em relação à idéias que deverão triunfar. Se nos faltassem estes
sofrimentos, isso significaria que nossas idéias não eram suficientemente
fortes e belas, capazes de despertar o ódio. A aceitação sem réplica, sem
relutância de uma idéia, por uma sociedade corrompida, demonstraria uma
afinidade degradante como o meio em que surgiu.
Fraca é a luz que não faz sombra”.

(Trecho de uma carta escrita do exílio por Plínio Salgado, a um amigo


do interior de São Paulo)
Como nasceu o
Integralismo
(Uma página de Plínio Salgado)

Uma data histórica

O dia 24 de fevereiro de 1932 amanheceu em São Paulo manifestando


grande agitação popular. Comemorando a Constituição de 1891 realizava-se
um comício monstro, bem indicativo da revolução constitucionalista que se
deflagraria em 9 de julho daquele ano.
No momento em que a enorme massa popular se comprimia na Praça da
Sé, um grupo de intelectuais e idealistas se reunia na redação do matutino “A
Razão”, na Rua José Bonifácio. Desse jornal de propriedade de Alfredo Egidio
de Souza Aranha, era eu redator principal, tendo como companheiros de
redação San Tiago Dantas, Gabriel de Barros, Mario Graciotti, Alpinolo Lopes
Casali, Nuto Sant’Ana, Leopoldo Sant’Ana, Nóbrega de Siqueira, Silveira
Peixoto e outros da nova geração. Fazia um ano que eu publicava, sem
assinatura, a “Nota Política”, duas colunas em que diariamente analisava a
situação do país e punha em evidência os pensadores até antão esquecidos,
entre eles Alberto Torres, Farias Brito, Euclides da Cunha, Oliveira Lima,
Joaquim Nabuco, Tavares Bastos e rememorava os fatos da Monarquia e a
República, entre os quais os mencionados por Afonso Celso (Oito anos de
parlamento) e Campos Sales (“Da propaganda à presidência”). Os artigos iam
formando adeptos em todo o país, cumprindo destacar Helder Câmara e
Jeovah Mota, no Ceará; Petrônio Chaves, no Rio; Olbino de Melo, em Minas;
Fairbanks, no interior de São Paulo, e muitos outros.
Naquela manhã de 24 de fevereiro, organizamos a Sociedade de Estudos
Políticos (SEP), constituída inicialmente por José de Almeida Camargo, Mario
Graciotti, Ataliba Nogueira, Alpinolo Lopes Casali, Antônio Toledo Piza, Iraci
Igaiara, Mota Filho, Sebastião Pagano, Mario Zaroni, José Maria Machado,
Leães Sobrinho, Carvalho Pinto, Arlindo Veiga dos Santos, João de Oliveira
Filho, e vários outros.
As reuniões da SEP passaram a realizar-se no “Clube Português”,
Avenida São João, na sala de armas daquela sociedade.
Em 23 de maio deu-se o violento movimento popular contra a ditadura
Vargas. Nessa noite, por equívo, foi empastelado o jornal “A Razão”, por
aconselhar o povo paulista a não se levantar em revolução, tão desejada pelo
Ditador, para ter oportunidade de esmagar São Paulo.
De maio a julho, redigi o Manifesto chamando depois, “de outubro”. Tirei
cópias para distribuir entre os membros da SEP. Foi quando Mota Filho, que
sabia da evolução dos acontecimentos em São Paulo, aconselhou-me a
guardá-lo para melhor oportunidade.
Em 9 de julho, estourou a revolução paulista. Esperei três meses, até o
epílogo daquela tragédia. Os rádios da Ditadura anunciavam que se tratava de
um movimento separatista (cínica mentira, pois se tratava de um movimento
armado a favor a favor da constitucionalização do país) e com isto se
fortaleceu para destruir São Paulo, o que sempre fora o seu desejo. A 3 de
outubro, as forças paulistas, cercadas por todos os lados, capitularam.
Em 5 daquele mês, mandei imprimir para distribuição em todo o país, o
manifesto integralista, já escrito em junho. Começou a ser enviado para todos
os Estados, no dia 7, da que foi consagrada como a inicial da “Ação
Integralista Brasileira”.
O chamando “Manifesto de Outubro” causou grande repercussão no
país. Acordava os sentimentos patrióticos e de unidade nacional. Afirmava, de
início, uma convicção espiritualista e cristã. Criticava as revoluções sem
doutrina. Sustentava o princípio tradicional da Pátria, consubstanciado na
expressão “Deus, Pátria e Família”. Examinava o problema de Federação e
dos Municípios. Detinha-se na questão social. Debatia o assunto das raças,
todas iguais na formação da nacionalidade. Combatia o cosmopolitismo.
Como chaga destruidora das estruturas nacionais, concitava a união dos
brasileiros, das Forças Armadas e da população civil, na luta contra o
comunismo e o capitalismo internacional. Propunha a criação de um Estado
em que todas as forças nacionais se conjugassem com o alto objetivo de se
construir o grande Brasil.
DEUS E O HOMEM
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DEUS E O HOMEM, BASE DO PENSAMENTO INTEGRALISTA
Qual a doutrina criada por Plínio Salgado?
- O Integralismo.
Em que se alicerça essa Doutrina?
- Na concepção espiritualista do Universo e do Homem.

Crê o Integralismo em Deus e na imortalidade da alma?


- Sim. Acredita num Deus pessoal e no destino sobrenatural do Homem.

O que deriva dessa crença?


- A primordialidade e a prevalência do Espírito sobre a matéria, ou seja, a superposição
dos valores da Alma em relação às contingências do Corpo, pois o Homem não pode
procurar alicerce em si mesmo, porque o seu alicerce único é Deus.

E o que resulta desse conceito?


- O primado do espiritual sobre o moral, do moral sobre o social, do social sobre o
nacional, do nacional sobre o individual.

Acredita o Integralismo na ação da Providência na vida do Homem?


- Sim. Ao afirmar: “Deus dirigi o destino dos Povos”.

Qual a corrente que se opõe a essa concepção espiritualista do Universo e do


Homem?
- A grande corrente do Materialismo.
Como concebe o Materialismo, o Universo e o Homem?
- Somente segundo suas expressões físicas. Nega ou não considera a existência de
Deus e a imortadelidade da alma.

Então que resta à criatura humana segundo essa corrente?


- Um destino biológico, circunscrito ao âmbito da Terra.

Qual o primeiro degrau do materialismo?


- A atitude de certas pessoas, ditas religiosas, que procuram mais os bens da Terra que
os bens do Céu, afirmando ser imperioso resolver antes de tudo os problemas
econômicos, para que a criatura humana esteja em condições psicológicas de se voltar
para Deus.

Qual o segundo degrau?


- A atitude dos que não tomam conhecimento da origem e da finalidade da criatura
humana.
E a terceiro?
- É a negação do espírito. Se pudesse haver dignidade na revolta do Homem contra
Deus, poder-se-ia dizer que é este o degrau mais digno, mais coerente do Materialismo.

Adota o Integralismo alguma confissão religiosa?


- Não. Acredita fundamentalmente em Cristo, pois sua doutrina emana das fontes
inesgotáveis do Evangelho. Por isso afirma que seu pensamento “veio de Cristo e vai
para Cristo”. Sem ser confessional declara que cada homem tem o dever de se voltar
para o seu criador. Em suma, o Integralismo, em face do crescente perigoso materialista
que avassala o mundo, com a impassibilidade dos agnósticos, proclama aquilo mesmo
que o Papa Pio XI afirmou na Encíclica “Caritatis Chisti Compulsi”: “É chegado o
momento em que se devem unir, não somente os que se gloriam do nome de cristãos,
mais todos aqueles que acreditando em Deus, fazem dEle o fundamento da sociedade”.

Qual o propósito do Integralismo ao esposar esses princípios?


- O Integralismo propõe uma frente única espiritualista, contra a onda avassaladora do
materialismo, proclamando, contra a existência de Deus e da alma do Homem e não se
imiscuída no que se refere à disciplina religiosa adotada por este ou por aquele, pois só
reprova aquilo mesmo que a Constituição Brasileira também reprova, ou seja, as práticas
de seitas que constituem ameaça à paz e aos bons costumes.

Por que uma corrente política como o Integralismo vai buscar no Evangelho a
sua inspiração?
- Por entender que somente a prática da Verdade pregada pelo Divino Mestre
poderá levar o Homem a alcançar aquela felicidade possível na Terra.

O que é o Homem para o Integralismo?


- É a síntese substancial, o ser racional, o ser livre, onde se integram todos os
fenômenos. Não o destrói como o comunismo; nem o oprime como o capitalismo;
dignifica-o. Por isso prega o respeito á Pessoa Humana e a defesa de tudo que lhe
é inerente: Família, Propriedade, Salário Justo, Iniciativa Particular, Liberdade
Religiosa.

Qual a visão especifica que o Integralismo tem do Homem?


- O Integralismo possui uma visão global do Homem, isto é, soma todas as suas
expressões, todas as suas tendências, fundindo o sentido materialista do fato, ao
sentido interior da idéia e subordinando ambos ao ritmo supremo espiritualista.

As outras correntes de pensamento adotam esse ponto de vista?


- Não. As demais correntes de pensamento possuem visões parciais do Homem.

Quais são essas visões?


- Uns viram no Homem apenas uma realidade econômica: é o Homem Econômico
de Marx; outros só viram a realidade política: é o Homem-cívico das democracias
agnósticas; outros só viram as realidades do prazer sensual: é o Homem-
pansexualista de Freud; outros só viram as realidades dos impulsos violentos e
dominadores: é o Super-Homem de Nietbche; outros viram as realidades de
diferenciação do plasma germinativo: é o Homem-Raça de Gumplowcz, de
Ratzenhoffer, de Houston Chamberlain e de Gobineau; alguns, como Rousseau e
Locke apenas consideravam a bondade natural do ser humano, ao passo que
outros, como Hobbes, considerou somente a maldade natural de nossa Espécie.

E a que levam essas visões mutiladas do Homem?


- A formação de monstros.

Que monstros são esses?


- O monstro Individualismo, o monstro Coletividade, o monstro Estado, o monstro
Raça, o monstro Liberalismo.

E como combatê-los?
- Contra o monstro Individualismo, opor os deveres do Homem para com a Família,
a Sociedade e a Pátria; contra o monstro Coletividade, os deveres do Homem para
consigo mesmo, no sentido de manter íntegras as expressões de sua personalidade
no Espaço (Propriedade e Nação), no Tempo (Família e Tradição), no Espaço-
Tempo (Liberdade e obrigação de trabalho e direito a salário justo), e, finalmente, na
Eternidade (Religião); contra o monstro Estado, os deveres do Homem em face da
dignidade que lhe confere Deus, caracterizada no principio da intangibilidade da
pessoa Humana e nas responsabilidades decorrentes do livre-arbítrio; contra o
monstro Raça, a fraternidade dos povos, unidos pelo próprio sangue do Salvador;
contra o monstro Liberalismo, o respeito à autoridade dos representantes de Deus
na Hierarquia da Igreja e na ordem temporal.

Dentre todos esses monstros, quais os maiores inimigos do Homem?


- Se se puder estabelecer degraus de valores nessa área, acreditamos que os
maiores inimigos do Homem são o Estatismo e o Liberalismo.

Por que?
- Porque os dois extremos (autoridade sem limites e liberdade sem freios) estão
sempre dispostos a sacrificar aquilo que mais importa ao Homem conservar
intangível: a dignidade de sua Pessoa, segundo os fins preestabelecidos pelo
Criador.

Como neutralizar essa ação dissolvente?


- Opondo, a cada exagero, a justa medida, o sentido de equilíbrio que herdamos de
Cristo.

Qual o atributo essencial da pessoa Humana, segundo o Integralismo?


- A Liberdade. Considera o Homem mesmo uma expressão de Liberdade, com
direitos naturais na tríplice esfera de suas legítimas aspirações materiais,
intelectuais e espirituais. Portanto acha imprescindível criar as condições
indispensáveis para a realização efetiva da Liberdade.
Como considera o Integralismo a Liberdade?
- Como base fundamental da doutrina de Estado por ele pregada.

Luta o Integralismo pela Liberdade?


- Acreditando em Deus que nos traçou leis imprescritíveis e na existência da alma
do Homem. Logicamente pugna pela Liberdade, sem a qual o mesmo Homem não
poderá escolher o seu caminho.
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O HOMEM MODERNO
Quais as manifestações práticas do materialismo no mundo moderno?
- O Tecnicismo, O Espírito Burguês e o Agnosticismo.

A) TECNICISMO
O que se entende por Tecnicismo?
- É o conceito que transformou a escala de valores e procedeu à mecanização do
Homem.

Quais os fatos característicos da civilização tecnicista?


- Dois principais:
a) Crise de adaptação conseqüente da transformação rapidíssima do modo de vida
nestes 80 anos e da qual resultam não somente o choque psíco-fisiológico no
individuo, mas também político-social.
b) Ausência de conteúdo moral, cuja conseqüência é ficar o Homem Moderno
guarnecido de instrumentos materiais para a objetivação de fins materiais, porém
inteiramente desarmado de instrumentos espirituais capazes de submeterem o ritmo
acelerado do progresso técnico a condições de equilíbrio social, de conformidade
com a lei divina.

Quais as conseqüências do Tecnicismo em outros setores humanos?


- A civilização da máquina influiu no processo da vida social e política, determinando
a substituição do conceito “povo” pelo conceito “massa” e o conceito “direito” pelo
conceito “fato”. Não mais vale a Pessoa, mas o Individuo, parcela da massa.

Há relação entre o progresso humano e o progresso técnico?


- O progresso humano não acompanhou o progresso técnico.

Qual a conseqüência dessa disritmia?


- A conseqüência é que a ciência em lugar de contribuir para o desenvolvimento do
Homem concorre para a desumanização da Pessoa Humana.

Como a Ciência de nossos dias considera o Homem?


- Considera o Homem não como causa, um fim, uma justificativa de suas pesquisas,
mas simplesmente um campo de experiências, um objetivo de investigações, um
boneco, afinal, de carne e sangue, ossos e nervos, mas tão insignificante e
mesquinho, que o cientista puro jamais cogita de sua significação e seu destino.

O que decorre do espírito tecnocrata que domina o nosso tempo?


- Que tanto mais o Homem crê nas possibilidades técnicas e por elas se
entusiasma, tanto menos crê nas possibilidades anímicas do seu próprio ser,
entregando-se a uma espécie de fatalismo que o reduz a simples joguete das
circunstâncias criadas pelo progresso material.

Em que se transformou, pois, o Homem na era da máquina?


- Em monstruoso Frankstein centaurizado á justaposição das máquinas, a que adere
como peça adequada ao ritmo das propulsões elétricas ou mecânicas.

O que pode advir às futuras gerações se esse estado de coisas persistir?


- No caminho em que vamos, serão as futuras gerações constituídas de Homens e
Mulheres autômatos, dirigidos despoticamente por uma elite exploradora de seus
instintos.

Em que se transformou, então, a máquina moderna?


- A máquina moderna, criação do Homem para produzir confortos ao Homem,
tornou-se uma concorrente deste.

E o que poderá acontecer?


- O Homem moderno, tornando-se um autômato, um boneco de carne e osso, será
possivelmente substituído por um outro boneco de aço e ferro.

O que representa a máquina para o Homem moderno?


- A vida humana mecanizou-se sucessivamente e de tal forma, que a máquina
passou a constituir uma segunda natureza do Homem. O Homem moderno é como
um mutilado que se adaptou, não a um complemento, mas sim a um ou mais
suplemento.

E o que aconteceu?
- À proporção que o uso foi se transformando em hábito, o suplemento adquiriu o
caráter de complemento, porque, dispensando-o, o Homem se sente diminuído no
seu poder de domínio do espaço e do tempo.
Como definir, pois, o Homem do Século XX?

- O Homem do século XX é um ser de muletas. Muletas suplementares, mas


muletas.
Para onde leva essa realidade?

- Por essa subtração constante do poder do Homem no que se refere à sua


capacidade de prover-se independente dos implementos constituídos pelo cabedal
de objetos que possui, realiza-se uma diminuição do seu poder espiritual. E o
Homem, de alma enfraquecida, manifesta-se na plenitude de sua substância
inquinada pela mancha original de remota ascendência. É o ser embrutecido,
primeiro pelo comodismo e depois pelo egoísmo.

O que acontece ao Trabalho nesta sociedade tecnocrata?


- O Trabalho perde sua original grandeza e dignidade, passando a ser uma
mercadoria. O trabalhador transforma-se num autômato. O empresário noutro
autômato.

E o que deriva de tudo isso?


- O Trabalho deixa de ser um instrumento do Homem, passando o Homem a ser o
seu instrumento.

Qual a outra conseqüência do tecnicismo na vida humana?


- O tecnicismo concorreu para uma total desagregação do pensamento, do Espírito,
que pode assim se expressar:
a) O sentido de análise do experimentalismo científico, criando um novo processo
“de pensar”;
b) O individualismo romântico com a variedade de seus padrões artísticos e
literários, criando um novo processo “de sentir”;
c) O ceticismo filosófico, que lançou a dúvida sobre o pensamento e o sentimento;
d) O democratismo liberal, no campo da política, permitindo a expansão máxima de
todas as concepções e formas de vida, e tendendo, de seu turno, aos extremos
fraccionamentos da sociedade.

E como esta civilização essencialmente técnica, considera o Homem?


- Ela adstringe-se, no que tange ao Homem, ao critério das especializações
profissionais, excluindo todos os elementos culturais não concernentes ao objeto da
preparação especializada. Em resumo, não constrói homens.

Então o que significa o Homem para o mundo de hoje?


- o Homem nada mais vale. Pra o industrial ele é, apenas, a “máquina de consumir”;
para o político, a peça na “máquina do Estado”; para o arquiteto, “o objeto
acondicionável”; para o psicólogo e o pedagogo, um “barro plástico”; para o biólogo,
uma “espécie animal”; para o fisiologista e o médico, um “campo de experiências”;
para o filósofo, o “fenômeno da consciência”. O Homem é a mercadoria mais
desvalorizada nos dias de hoje.

O que se pode concluir, então?


- Que o Homem moderno é um ser desenraizado. Vivendo num mundo hostil,
desligado do sobrenatural, o Homem sente-se desamparado, diminuindo,
degradado. Perdeu o sentido humano da existência e, conseqüentemente, perdeu o
sentido da sua finalidade. Esqueceu-se de que possui uma alma.

Qual a conseqüência?
- Desamparado pelos filósofos, desamparado pelos cientistas, desamparado pelo
Estado, sem moral, sem esperança, sem caridade, o Homem geme no mais extremo
desespero.

E a decorrência disso?
- Nesse estado de espírito de simples objetivo passivo de agentes exteriores, muitas
vezes imprevisíveis, o Homem de nosso tempo, perdendo inteiramente a fé em seu
poder espiritual de intervir na Marcha da História, não apenas se deixa levar pela
corrente dos fatos sociais, porém ainda, no que concerne ao seu próprio governo
pessoal, abdica o seu lugar de Ser Racional e se entrega, inerme e brutalizado, ao
despotismo dos seus próprios instintos. Conforma-se ao “standard” de uma
inconseqüente multidão bestializada à qual adere por incapacidade de reagir.

Como, pois, caracterizar esta Civilização?


- É uma Civilização puramente técnica e baseada no individualismo, que exclui a
consideração do Homem Integral, pois transforma a pessoa em Individuo, tomando
do Homem apenas os seus fragmentos.

Como definir o Homem Integral?


- É o homem ou Pessoa Humana, criatura de Deus, constituída de um corpo e de
uma alma, dispondo de faculdade que lhes são próprias, gozando de direitos e
subordinando-se a deveres, segundo a doutrina que lhe foi estabelecida pelo
Criador. A Pessoa Humana não é somente alma, nem somente corpo, mas o
composto de alma e corpo. Não é gigante, nem pigmeu, nem autômato: é
simplesmente Homem. Essa a visão do Homem Integral, penetrado do sentido
profundo do Cosmos, como a Primeira Humanidade; iluminado pelo Verbo Divino,
como a Segunda; senhora dos elementos, como a Terceira; e com tudo isto criando
a luminosa era em que a Ciência, orientada pela Consciência, não seja mais a serva
do ódio, porém o instrumento da Bondade, na Quarta Humanidade.

B) ESPIRITO BURGUES
Qual o maior mal advindo da civilização tecnicista?
- O espírito burguês.

O que vem a ser o “espírito burguês”?


- É o próprio espírito da avareza e da sensualidade, que se manifesta de formas tão
variada e por vezes tão sutis, que muitos casos há em que alguém, julgando estar
combatendo o espírito burguês, não faz mais do que avolumá-lo em sua própria
alma.

Quais as características do espírito burguês?


- Podemos sintetizá-las em:
01) Preocupação exclusiva pelos bem materiais e sede de lucro;
02) Egoísmo feroz e sede;
03) Materialismo de vida e moral de prazer progressista;
04) Espírito de transação;
05) Espírito de passividade e espírito de comodismo;
06) Insatisfação que leva ao desespero;
07) Insensibilidade;
08) Orgulho satânico;
09) Transmutação dos meios em fins e dos fins em meios:
10) Incapacidade de se elevar à idéia nobilitantes, impotência para caminhar contra
a corrente dos erros e o vendaval da loucura contemporânea.

E a que leva o espírito burguês?


- A um quadro de ambigüidade e confusão, de miséria moral e aviltamento, de
tolerância para com o vício, o crime, a desordem, e de intolerância contra os
legítimos direitos dos que se batem por mundo melhor e mais digno.

De onde promana o espírito burguês?


- Inegavelmente do Capitalismo, pois ele se origina da concepção utilitária de vida,
sem nenhuma consideração pelos fins transcendentais do Homem. A sua fonte real
está no Utilitarismo inglês, que foi, no século passado, a grande fábrica de Sancho-
pancismo que desgraça o mundo moderno pela ausência dos ideais superiores do
Homem.

E qual a origem do Utilitarismo?


- O Fenomenismo de Hume. Suas raízes, porém, vão à teoria do prazer de Hobbes
e a moral de interesse de Locke e, mais remotamente, ao individualismo de Bacon.

A burguesia pode ser considerada uma classe?


- Não. A burguesia é um estado de espírito. O espírito da burguesia vive em todas
as classes sociais.
C) AGONOSTICISMO
Qual a decorrência lógica do espírito burguês?
- O Agnosticismo.

Como podem ser classificados os agnósticos?

- Como homens imparciais, os homens-tipo da mediocridade, os homens que


consideram o Bem e o Mal com iguais direitos.

O que caracteriza o agnóstico?


- O fundamento de sua filosofia é o vazio de opiniões e o aspecto tranqüilo de seu
estilo de vida. O traço característico do agnóstico é a transigência. A sua atitude, a
do menor esforço.

O que essas manifestações do materialismo produzem no Homem?


- A animalização do gênero humano, a degradação do Homem pela renuncia ao
divino.

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A RECONSTRUÇÃO DO HOMEM E A REVOLUÇÃO INTERIOR
Como se poderá atingir a Quarta Humanidade?
- Talvez, chegando ao estremo paroxismo esta civilização sem Deus, e se um
pavoroso desastre puzer fim ao orgulho insensato dos cientistas, dos estadistas, dos
poderosos, dos ricos, dos gozadores, dos malfeitores, dos luxuriosos e de todos os
que se agitam aos ventos da loucura, talvez uma Nova Humanidade recomece. E
das cinzas de nossa civilização renascerá, por certo, uma outra – a nova Fênix –
que resplandecerá em juventude de perene beleza, à luz da Graça que vem
d’Aquele que é a própria Luz, a Luz verdadeira que alumia a todo o Homem que
vem ao mundo, conforme diz o versículo do Evangelista de Patmos.

Qual o caminho a seguir para a realização desse luminoso porvir?


- A reconstrução do Homem. É a única solução para o problema humano que se
apresenta hoje com uma gravidade sem precedentes na História e da qual depende
a sorte das Nações. Urge, pois, como preliminar de qualquer solução dos
angustiosos problemas que afligem este século, reeducar o Homem, restaura-lhe a
dignidade, reacender nele a chama da juventude criadora. Esta a grande Cruzada
dos tempos modernos: Lançar no mundo o Homem Nono dos tempos Novos.

Como empreender essa reconstrução do Homem?


- Pela Revolução Interior, a revolução dos espíritos, a mudança dos costumes.

No que consiste a Revolução do Interior?


- A Revolução do Espírito contra a Matéria. Em vez de reformar, transformar.
Transformar no sentido da valorização do Espírito.
Quais os caminhos que levam à Revolução Interna?
- A Revolução Interna supõe o domínio de si mesmo pela renúncia às paixões, pelo
esforço reflexivo que procura descobrir no Homem decaído a verdadeira grandeza
humana. O problema é este: descobrir o Homem no homem.

E o que mais?
- Reconstruir o Homem é levar o próprio Homem a reconsquistar-se, Dominar o
comodismo, a preguiça, o ceticismo, a desilusão, o cansaço, a impetuosidade, o
egoísmo, o apego às glórias falazes, convencido de que ninguém tem o direito de
pretender orientar uma Pátria, quando não é capaz de governar-se a si próprio. O
problema do mundo é um problema de santificação das Nações. Porém as nações
não se santificam coletivamente, se cada um dos seus componentes não procurar
aprimorar-se nas virtudes através de sacrifícios.

Por que essa afirmação?


- Porque para combater o mal da sociedade precisamos primeiro, combater o mal
em nós mesmos. Vejamos o caso do Brasil: o que ele mais precisa não é de
reformas administrativas (conquanto estas sejam necessárias), mas de reforma dos
homens. O momento nacional exige uma verdadeira revolução nos costumes. Sem
ela não teremos homens dignos. Sem homens dignos não teremos administração
honesta, de nada valendo nem novas estruturas, nem mesmo os planos
governamentais por mais belos que sejam.

Terão esses conceitos validade prática?


- São os únicos conceitos “práticos” no campo das idéias. Senão vejamos: tomemos
como exemplo a construção d uma casa. O arquiteto elabora uma planta perfeita
nos seus mínimos detalhes. Nada falta: é bela, é funcional. Mas na sua construção
entram materiais de segunda e terceira qualidade. O que acontece? Logo a casa se
deteriora e cai.
E ao que leva essa evidência?
- Á verificação de que ou fazemos uma revolução nos costumes, ou de nada valerão
os esforços do Governo e dos homens de Estado empenhados em elevar a Nação e
engrandecê-la. Esta a Revolução pregada pelo Integralismo.

Como, então, classificar a Revolução Integralista?


- Ela é muito mais profunda do que uma simples revolução política, pois o Homem
tem de reagir, violentar os costumes. Precisa lutar consigo mesmo, batalhar contra o
próprio ser, aperfeiçoar-se cada vez mais na prática das virtudes, ser sincero, ser
verdadeiro, não cortejar a popularidade.

Quais as qualidades para se obter a vitoria integral?


- Pedir a Deus coragem e paciência, fortaleza e inspiração, energia e bondade,
severidade sem alarde, bravura sem ostentação, virtude sem orgulho puritanista,
humildade sem dignidade e dignidade sem egolatria. Cultivar o amor ao seu povo e
a generosidade para os que se manifestam incapazes de compreender o ideal
proposto.

E o que é necessário para levar a Revolução Integralista avante?


- Em primeiro lugar a crença de que o Homem pode interferir na marcha social e a
Revolução é a nota característica do poder da Pessoa Humana. Revolução é
vitalidade, é força do Homem. É autonomia da Idéia, é interferência histórica, é
propulsão, desvio da rota, criação de aspectos novos. Revolução é, pois, beleza da
mocidade e glorificação do Homem. O Homem é novo, quando se rejuvenesce pela
ação criadora de seu mundo interior; e quando ele se sente suficientemente jovem,
interfere, atua, modifica, na ânsia de renovar a faze da Terra.

Quais as qualidades necessárias a essa em empresa?


- Energia, destemor e domínio próprio, lembrando-se que tudo se rebela contra
aquele que quer uma ordem nova. Todos os preconceitos se levantam. Tudo o que
há de negativo no passado se mobiliza. Todos os comodismos dos satisfeitos se
insurgem. Todos os medíocres se conjugam para aniquilar aquele que vai interferir
na marcha normal dos fatos.

Qual a conclusão?
- Que o nosso combate deve, portanto, principiar em nós mesmos. E é somente por
esta Revolução Interior que se poderá salvar a democracia, vivificar a liberdade,
enobrecer a Pessoa Humana, engrandecer a Nação, transmitir à posteridade um
patrimônio moral com que se defenda, se afirme e se engrandeça, realizando a
Pátria dos nossos sonhos, que é a Pátria inspirada na lei eterna de Cristo. Isto
porque no próprio Homem, considerado singularmente, lutam dois homens: o velho
e o novo, aquele trazendo a tendência ao Mal, este a iluminar-se com a própria luz
que de si mesmo tira e que é a aspiração ao Bem. Portanto, para combater o mal da
sociedade, precisamos, primeiro, combater o mal em nós mesmos.

Teorias de Governo
_______________________________________
TIPOS FUNDAMENTAIS DE CONVÌVIO SOCIAL
Como se origina a conduta dos Estados na variedade de suas expressões e
modalidades?
- Em três tipos fundamentais de convívio social, a saber:
a) O individualismo;
b) O Coletivismo;
c) O Grupalismo.

Como definir o Individualismo?


- É a desordem política e moral.

E o Coletivismo?
- A supressão total da ordem pela força.

E o Grupalismo?
- É a Democracia Orgânica, a verdadeira democracia.

Qual a origem do Individualismo e do coletivismo?


- Sem dúvida nenhuma o totalitarismo.

Por que?
- Porque toda a doutrina ou ação política ou social que coloca em primeiro lugar um
conceito qualquer e em segundo lugar o Homem pode ser taxada de totalitária.
Pode citar exemplos?
- O nazismo colocou em primeiro lugar a raça; o socialismo, a coletividade; a liberal-
democracia, a liberdade isenta de todos os deveres; o capitalismo, o negócio.

E como é considerado o Homem no Estado Totalitário?


- Nele o Homem perde suas prerrogativas de Pessoa Humana, sendo encarada a
coletividade nacional como um conjunto de agentes biológicos e culturais da
produção.

Quais as conseqüências?
- O triunfo da força sobre o direito, das transigências sobre os princípios, da vontade
onipotente dos governantes sobre a lei. Em suma, é o predomínio dos fisicamente
mais fortes.

Qual o exemplo mais nítido dessa realidade?


- No passado, o nazismo com sua doutrina do espaço vital e da divisão do mundo
em zonas de influências impostas pela fatalidade geográfica; no presente, o
comunismo com sua doutrina de expansionismo imperialista.

Quais as origens filosóficas dos totalitaristas?


- Se buscarmos na História da Filosofia a origem dos Totalitarismos iremos
encontrá-la em Hobbes com sua concepção do Estado absorvente e anulador das
liberdades humanas e em Locke e Rousseau, pais do Estado Liberal.

Um Estado forte é um Estado Totalitário?


- Não. Um Estado forte é aquele cuja autoridade moral se fortalece pelo respeito que
este mesmo Estado vota à intangibilidade da Pessoa Humana e de todas as suas
expressões grupais ou sociais. O Estado totalitário é o Estado arbitrário.

______________________
A LIBERAL DEMOCRACIA
Como se rege a Liberal Democracia?
- Pelo critério individualista, isto é, o Liberalismo.

O que vem a ser Liberalismo?


- O Liberalismo é uma doutrina política que surgiu com o advento da Revolução
Francesa, nos fins do século XVIII. Podemos dizer que sua ação política, oriunda da
Declaração de Direitos do Homem, da Virginia (Estados Unidos), em 1876, e da
Assembléia Constituinte Francesa em 1789, na realidade começou a ter prática
efetiva a partir do movimento constitucionalista da Europa, de 1820 em diante. Teve
um lado positivo: trouxe grandes benefícios à humanidade, abolindo os governos
despóticos e traçando normas ao equilíbrio social. Entretanto, aplicado ao campo
econômico, onde se fazia sentir nenhuma ação do Estado no sentido de equilibrar
as forças do Capital e do Trabalho, deixou que aquele se organizasse em trusts e
monopólios e este tivesse de reagir por si mesmo, organizando na Inglaterra as
Trade Unions e no Continente as Confederações Gerais de Trabalhadores. É que
estando obsoletas as estruturas da Economia medieval, foram estas extintas, mas
não se lhe deu em substituição nenhuma organização que correspondesse ao
desenvolvimento industrial e à internacionalização do comercio. Gerou-se, desse
fato, a luta de classe.
Que se entende por Estado liberal-democratico?
- É um Estado agnóstico e naturalista, favorecendo com sua neutralidade, o
progresso do Mal contra o Bem, desconhecendo, assim, por principio, as questões
da origem e finalidade do ser humano.

Como assim?
- O naturalismo do século XVII, com Rousseau, D’Alemberr, Helvetus, Holbach,
substituiu em política, o conceito do Estado e do Governo – Tão luminosamente
expendidos por São Tomás, pelos caprichos da chamada soberania, oriunda das
massas populares desorganizadas, onde cada individuo deixou de ser criatura de
Deus com necessidades tanto do corpo como do espírito, para torna-se, apenas, o
ente-cívico, desprotegido de todo o amparo dos grupos naturais em que o Homem
se agrega para defender-se.

Quais, então os conceitos consagrados pela democracia-liberal?


- São dois esses conceitos:
a) O conceito do homem-cívico.
b) O conceito da soberania nacional como a expressão da soma das vontades dos
“homens-cívicos”.

Como se denomina a relação entre esses dois conceitos?


- O voto.

O que é o voto na democracia liberal?


- Uma burla, porque não exprime um interesse real, direto, sendo uma relação entre
o eleitor e o candidato, do mesmo modo como esta seria uma relação entre o
problema público e a solução alvitrada pelo votante.

E o que resulta desse conceito?


- O Homem passa a ser o cidadão-cívico, cujas necessidades o Estado ignora.
Por que?

- Porque exclui-se do voto a expressão representativa de interesse individuais ou


grupais.
Mas então os governantes não são livremente escolhidos pelo voto?
- O principio da livre escolha dos governantes pelos cidadões é burlada pelo
individualismo excessivo que, utilizando-se do prestígio das posições conquistadas
ou do poder do dinheiro, ilude as multidões, moldando a opinião ao seu talante, e
conduzindo despoticamente as massas desorganizadas.

Que concluir dessa afirmativa?


- Que a liberal-democracia despersonaliza o Homem. Essa democracia afoga o
individuo no oceano do sufrágio.

No terreno econômico como age a liberal democracia?


- O Estado Liberal permanece de braços cruzados, como mero espectador do
processo evolutivo da vida econômica da Nação. Não admite nenhuma orientação
diretiva do Estado no tocante à evolução das forças materiais. O Estado é mero
mantenedor da ordem pública, simples espectador da batalha econômica. A ele é
negado o poder de intervir nos fenômenos da produção, da distribuição e do
consumo das mercadorias. Todo o edifício da Economia Clássica repousa sobre os
princípios que enclausuram o Estado, tornando-o impotente e inerme.

E quanto às questões sociais?


- Toda a legislação do Estado liberal em relação às questões sociais não passa de
aspirina para as dores de cabeça das Nações, meros tratamentos sintomáticos de
enfermidades profundas. A frase “laisser faire, laisser passer”, define a atitude de
indiferença do Estado diante das lutas sociais.

Aonde leva essa impassibilidade do Estado liberal?


- Aos totalitarismos extremos.

E por que?
- Por ser um regime político do “salve-se quem puder”, a liberal democracia
abandona o ser humano ao seu próprio destino, exigindo dele, apenas um cidadão
votante e pagador de impostos, com boa folha na policia, caderneta de serviço
militar, RG e CPF, haja embora fome na sua casa. Consagra, portanto, o direito das
classes de fazer justiça pelas próprias mãos.

Nunca o Estado liberal se inquietou com as conseqüências desse seu


descaso?
- Quando o Estado se inquieta diante das greves e demonstrações proletárias, a
burguesia oferece-lhe as idéias altruísticas com que mascaram a sua opressão aos
trabalhadores: montepios, caixas de pensão, creches, hospitais.

E o que decorre dos princípios liberais?


- O Estado parece desconhecer a organização dos grupos financeiros e dos
sindicatos de trabalhadores. Nega, porisso mesmo, aos sindicatos os direitos
políticos, esquecendo-se de que o sindicato tem não só um caráter econômico,
mas um caráter ético e uma função política.

Quais os principais defeitos do Estado liberal?


- É um Estado estático e um Estado amoral.

Como assim?
- É um Estado estático, incapaz de adaptar-se dinamicamente à evolução dos
tempos e às necessidades atuais das Nações. E é um Estado amoral porque não há
moral sem conceito filosófico de vida. Na administração pública não podemos
compreender moralidade sem definição de conceito de Estado e de objetivos
nacionais claramente prefixados.

Mas não se baseia o Liberalismo no conceito de liberdade, fonte mais pura da


Democracia?
- O Liberalismo tornou-se a negação da Liberdade e da própria Democracia. Senão
vejamos: livre não é o Estado para intervir na economia; livre não é a classe
profissional para defender os interesses de seus membros, porque o trabalho,
transformando-se em mercadoria, ficou sujeito à lei da oferta e da procura; livre não
é a família, uma vez que não tem independência e economia garantidas; livre não é
o produtor, porque na oscilação dos preços não consegue muitas vezes defender,
não somente o valor de seu trabalho, mas nem mesmo os prejuízos do capital
empregado, isto é, do trabalho anterior acumulado; livre não é o consumidor, pois
desejaria comprar, não dispondo do poder aquisitivo; livre não é ó comercio, porque
está sujeito a manobras de grupos financeiros que governam à revelia do Estado;
livre não é o individuo, porque os próprios governos reconhecem que o direito de
escolha política deve ser secreto, o que demonstra não haver garantias para
ninguém.

____________
SOCIALISMO
Como surgiu o Socialismo?
- Em 1848, Marx e Engels lançaram um manifesto conclamando os operários de
todo o mundo a se unirem. Enquanto a doutrina liberal era agnóstica, o marxismo se
apresentou como a doutrina do liberalismo histórico, também chamado dialético,
pela conjunção das concepções materialistas inglesas e francesas com o idealismo
dialético do filósofo alemão Hegel.

Em que se baseia o Socialismo?


- Sua base é o materialismo, negando a existência de Deus e da alma humana.
Considera o Homem como um Ser-Economico, que precisa atender, apenas, as
suas necessidades físicas.

É o Socialismo uma doutrina adequada à época atual?


- Além dê ser uma doutrina baseada no ateísmo e no materialismo, o Socialismo
representa uma mentalidade atrasada para o nosso tempo, pela unilateriedade na
consideração dos problemas, pelo que Henri Lê Man, pensador belga, o qualificou
como uma forma de mentalidade do tempo da iluminação a gás.

Como se divide o Socialismo?


- Em Nacional Socialismo e Internacional Socialismo.

Além da mesma origem filosófica, quais as outras identidades entre o Nacional


Socialismo e o Internacional Socialismo?
- Ambos confundem Estado e Nação, conforme o conceito de Blustchel. Ambos
consideram o Estado, não como um instrumento do Homem, porém como um
instrumento de aproveitamento do Homem no interesse da coletividade. Ambos são
socialistas revolucionários, um de caráter nacional, outro de caráter universal.
Ambos invertem a hierarquia dos valores humanos, dando preeminência aos valores
físicos e tolerando, apenas por motivos táticos, a manifestação espiritual dos
cidadões, a qual, todavia, é de tal forma controlada ou coagida, que praticamente
não tem exercício assegurado. Ambos destroem os Grupos Naturais, que são
anteparo do Homem na defesa das suas liberdades face ao Estado.

Quantas espécies de Socialismo existem?


- Existem três espécies de Socialismo: Socialismo Capitalista, Socialismo Coletivista
e Socialismo Nacionalista ou Nacional Socialista.

Que pretende o Socialismo Capitalista?


- Pretende impor o governo de grupos ou indivíduos detentores das riquezas, dos
meios de produção e do dinheiro. Um certo número de homens ricos, ou unidos em
grupos que tomam a forma de sociedades industriais ou comerciais, dirige o trabalho
de uma grande multidão de pessoa proletarizada, subordinando os detentores dos
pequenos capitais, pequenos bens, e os que exercem as atividades em profissões
liberais. É a ditadura da plutocracia.
Que pretende o Socialismo Coletivista?
- O Socialismo Coletivista pretende que o Governo, ou o Estado, se apodere de
todas as riquezas, de todos os meios de produção (estrada de ferro, navios, bancos,
fábricas, minas, etc.) tornando-se o único patrão e submetendo todas as pessoas a
uma espécie de cativeiro, sob o falso pretexto de uma igualdade econômica a qual,
na verdade, não existe, pois os dirigentes desse sistema de governo levam vida de
magnatas, exatamente como no regime capitalista. É a ditadura da Economia.

Quantas espécies de Socialismo Coletivista existem?


- Pondo de lado o Socialismo chamando Utópico ou Sonhador, o qual hoje está fora
de moda, o Socialismo chamando Científico ou Marxista divide-se em duas
correntes: a dos evolucionistas e dos revolucionários.

Que pretendem os socialistas evolucionistas?


- Pretendem que a própria evolução do regime capitalista, na sua marcha natural,
termine pela imposição do capitalismo de Estado, isto é, pela posse de todos os
bens nas mãos do governo, tornando-se todas as pessoas subordinadas ao único
patrão, que será o mesmo governo. Essa espécie de socialismo não se utiliza de
revoluções, mas dos meios políticos comuns, isto é, do voto, para eleger seus
representantes e das medidas administrativas para acelerar a transformação do
capitalismo de grupos ou indivíduos em capitalismo do Estado.

Que pretendem os socialistas revolucionários?


- Os socialistas revolucionários, também chamados comunistas, pretendem a
mesmíssima coisa que os socialistas evolucionistas, mas me vez de se utilizarem,
apenas, dos meios pacíficos (eleitorais e administrativos) utilizam-se não somente
desses meios, mas também dos golpes de força isto é: revoluções, sabotagens,
assassinatos, desordens e violências de toda a espécie, quando os meios pacíficos
não dão os resultados que desejam.

Mas então, o Socialismo e o Comunismo são a mesma coisa?


- Sim. Porque ambos são materialistas, ambos negam a existência de Deus e da
alma; ambos pretendem abolir a Família, para tornar o ser humano isolado e sem
defesa no meio social; ambos pretendem que o Estado seja o único patrão; ambos
querem destruir a idéia e o culto da Pátria.

Mas os socialistas ou os comunistas nem sempre dizem que desejam abolir a


Família, acabar com a Pátria, combater a Religião. Como explica\r isso?
- Cada vez que eles assim procedem é para iludir os ignorantes que não conhecem
a doutrina do marxismo e, principalmente, do marxismo-leninista, ou Comunismo.
Quando algum propagandista do Socialismo ou do Comunismo, disser semelhantes
coisas, responda-se a ele dizendo: ou você é um ignorante que não conhece os
fundamentos materialistas do Socialismo ou Comunismo, ou então pensa que sou
ignorante e pretende iludir-me.

Por que o Comunismo é denominado “marxismo-leninista”?


- O Comunismo, ainda que contido no pensamento de Marx, tomou corpo depois
que Lenine, em reunião dos socialistas internacionais, na Suíça, separou-se destes,
criando novos métodos de ação. Como já dissemos, o Comunismo deseja a mesma
coisa que o Socialismo, isto é, a estatização de todas as propriedades e meios de
produção, mas enquanto o Socialismo adota um método evolutivo – baseado no
materialismo histórico que é determinista – o Comunismo prefere os métodos
revolucionários, interferindo nos fatos sociais e políticos, para precipitar o processo
de transformação do Estado. De certo forma o Socialismo é mais materialista que o
Comunismo, pois este se contradiz quando acredita na intervenção do Homem na
formação dos acontecimentos de que tira proveito. Quando vencedor, depois de
se utilizar os componentes políticos e sociais, ainda que não comunistas, o
comunismo proclama seu ateísmo, persegue as religiões, que chama “ópio do
povo”, coíbe a iniciativa privada, a livre manifestação de pensamento, sujeita o
Homem e as Famílias à mais negra escravidão. Presentemente utiliza-se da tática
de infiltração nos Governos, nos partidos, na Imprensa, nos meios operários e
estudantis e até nas Religiões, para depois de vitorioso a todos submeter e oprimir,
mostrando a sua horrorosa catadura que logo aparecerá, ao arrancar a máscara do
nacionalismo e da democracia com que se disfarçou.

O que objetiva o Comunismo?


- O Comunismo identifica os conceitos de Nação, Estado e Governo. Subordinando
todo o seu método crítico ao jogo dialético das forças econômicos e sociais, o
marxismo objetivando a realização da síntese hegeliana, uma sociedade utópica que
depois de transitar pela ditadura, possa abster-se dos governos e da idéia do
Estado.

O que é o Estado Comunista na prática?


- O mais cruel dos totalitarismos, conseqüência lógica de sua concepção materialista
da vida e da História.

Qual o conceito que o marxismo tem de Democracia?


- Para ele a Democracia é a realização da igualdade econômica mediante a
socialização dos meios de produção. O que importa se colocar os instrumentos
produtores de riqueza nas mãos de uma classe dirigente, que se torna poderosa e
exerce o seu domínio incontrastável sobre a coletividade dirigida. Subordina-se,
assim, a Pessoa Humana, à vontade onipotente dos detentores do poder.

Quais as conseqüências dessa concepção materialista do Estado?


- Entre outras:
a) Supressão da autonomia do Homem, da Família, dos Grupos Naturais.
b) Negação do direito à propriedade privada.
c) Abandono da moral do Homem, pois se cuida, tão somente, do seu aspecto
econômico.
d) Impedimento do exercício da sociedade Religiosa.

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NACIONAL SOCIALISMO
Como considera o Nacional Socialismo a Pessoa Humana?
- Reduz o Homem a simples célula do Estado, desprovido de autonomia e fisionomia
própria.

Como vê o Estado?
- Considera o Estado segundo a concepção de Bluntschli, isto é, o Estado como um
ser vivo, do qual os cidadãos não passa de células.
E o que decorre dessa conceituação?
- Querendo livrar-se de um Estado Totalitário, destinado a absorver a espécie
humana, como no regime comunista, cai na armadilha de um Estado totalitário que
se propõe absorver a Nação.

Como Assim?
- O Comunismo pretende reduzir toda a Humanidade à massa amorfa, onde os
direitos individuais se afogarão no oceano dos direitos coletivos, utopia que só
favorece a uma reduzida casta dirigente. O nacional-socialismo, identificando os
conceitos de Nação e Estado e dando a este configuração e exercício funcional de
caráter biológico, fará desaparecer as marcas da personalidade dos súbitos, sempre
que contrariem os caracteres expressivos da fisionomia estatal.

Quais as conseqüências dessa doutrina de Estado?


- Três principais:
a) Coloca os interesses do Estado acima dos interesses do Homem e dos Grupos
Naturais;
b) O Estado faz de si mesmo um fim, obrigando todos os cidadãos a tomá-lo,
também, como seu próprio fim;
c) Ameaça os Grupos Naturais que servem de sustentáculo à estrutura temporal das
Sociedades Religiosas.

Qual a facção que, atualmente, se rege pelo Nacional-Socialismo?


- O Trabalhismo.

Mas o Trabalhismo é socialista?


- Sim. De tempo a tempo o Socialismo inventa um nome para se disfarçar e encobrir
seus propósitos materialistas contra a Família, a Religião e a Pátria. Atualmente, um
nome que está em voga é “Trabalhismo”.

Quer dizer que o Trabalhismo é também materialista?


- O Trabalhismo não é mais do que o socialismo evolucionista com outro nome.
Baseia-se, do mesmo modo que o Comunismo, na doutrina de Marx, o qual
proclama que o único problema do Homem é o problema econômico e que o único
meio de resolvê-lo é tornar as pessoas escravas do Estado, ou do Governo, que
deve ser o único patrão, pagando os salários que bem entenda e exigindo o esforço
que julgue necessário ainda que sacrificando o trabalhador à bem do que eles
chamam a coletividade. Em última análise, é o próprio Comunismo, sem se utilizar
de meios revolucionários ou violentos.

Mas o Trabalhismo não tem por fim melhora a vida dos trabalhadores?
- O Trabalhismo, pelo contrário, agrava a situação econômica e social sem nenhum
beneficio para os trabalhadores, porque o seu fim único e último é ir forçando as
situações até chegar o dia em que, estando tudo preparado, transformará os
operários, os camponeses, os homens das profissões liberais, todos enfim, em
verdadeiros escravos do Estado ou do Governo. Se o Trabalhismo pretendesse,
realmente, melhorar a vida dos trabalhadores, ele cogitaria de resolver todos os
problemas que se relacionam com o bem estar dos que trabalham.
O bem estar dos que trabalham depende da solução de outros problemas?
- Mas é lógico. O que adianta, por exemplo, aumentar os salários, se também cresce
o custo dos gêneros de primeiras necessidades e dos alugues de casa, não
podendo o operário manter-se com sua família, dado os preços caríssimos que paga
por tudo? O que adianta oferecer garantias para tratamento de moléstias,
aposentadorias e pensões, e outros benefícios, se as condições de saúde pública,
de alimentação, de transportes, são péssimas? O que adianta favorecer o operário
se não se cuida de dar bases sólidas às próprias indústrias? O que adianta pugnar
pelos direitos, aliás, legítimos, dos trabalhadores da cidade, se a agricultura não
produz e, portanto, há falta de gêneros nas grandes cidades e um encarecimento
exorbitante desses mesmos gêneros? E o que adianta ao agricultor produzir, se ele
não tem meios de transporte para trazer a mercadoria que quer vender nas cidades?
E o que adianta facilitar meios de transporte, se não há braços para a lavoura? E
como arranjar braços para a lavoura, se na roça tudo falta ao trabalhador: médico,
farmácia, escola ou os mínimos confortos para uma vida compatível com a
dignidade do trabalho? E o que adianta prodigalizar esses meios aos homens da
roça, se os próprios fazendeiros não encontram apoio do governo, lutando com tais
dificuldades de dinheiro ou crédito, que são obrigados a se sujeitarem aos
açambarcadores que lhes pagam o que bem entendem pelos produtos, sacrificando
dessa maneira os próprios trabalhadores rurais? E que adiantaria amenizar o
esforço dos fazendeiros, se o país não possui máquinas agrícolas a preço razoável,
tendo de importar tudo, por não haver em nossa terra uma indústria suficiente de
ferro? E que adianta tentar resolver o problema do ferro, se não possuímos carvão
de pedra, também chamado hulha, dependendo o nosso país, em matéria de
combustível, dos estrangeiros?.

Então o que fazer?


- Em primeiro lugar resolver o problema do combustível a nível nacional e rasgar o
país de estradas de ferro e rodagem; desenvolver a navegação fluvial e marítima;
melhorar a saúde do povo para torná-lo mais eficiente; educá-lo para que
compreenda as suas necessidades e os seus deveres. Tudo isso é um conjunto do
qual depende a sorte dos trabalhadores.

O Trabalhismo não faz essas cogitações?


- ao. Faz, apenas, promessas na praça pública e o seu fim único é agravar a
situação, como tem acontecido na Inglaterra, onde a miséria do proletariado
cresceu desde o advento do partido Trabalhista, tanto assim que o povo inglês
resolveu voltar ao manancial do Conservadorismo.

O que deseja, na realidade, o Trabalhismo?


- A mesma coisa que o Socialismo: a escravização de todos os indivíduos ao
Governo. No dia em que conseguir isso, adeus reclamações de operários! Adeus
liberdade de greve, liberdade de reunião, liberdade de palavra! Será, então, como na
Rússia soviética, onde os operários são mandados para a Sibéria quando reclamam.
____________________________
NAZISMO, FASCISMO, RACISMO
Já que estamos falando de regime políticos, qual a opinião do Integralismo
sobre Nazismo, Fascismo e Racismo?
- O Nazismo, isto é, o nacional-socialismo, conforme seu nome indica, é um misto
do socialismo de Marx e do nacionalismo de Bluntschili, cuja doutrina identifica a
Nação como o Estado. Entram na composição do Nazismo ainda o pensamento de
Nietzsche, que engendrou o Super-Homem e pregou a violência, assim como as
idéias racistas de Houston e Gobineau. Transferindo a idéia do Super-Homem de
Nietzsche para a Super-Raça, o Nazismo identificou esta com o Estado absorvente,
totalitário, belicoso, conquistador e opressor. É uma doutrina condenável que foi,
desde o começo, reprovada pelo Integralismo, como se vê na famosa “Carta de
Natal e Fim de Ano”, de Plínio Salgado, publicada em 1935.

E o Fascismo?
- Quanto ao Fascismo, o Integralismo o considera um regime de circunstância,
aparecido na Itália no momento em que o Comunismo avançava assustadoramente,
ameaçando a integridade daquela Nação. Não tinha uma doutrina fixa, como o
Nazismo. Sua preocupação era o combate ao comunismo. Uma vez no poder
organizou o Estado baseado no corporativismo católico, absorvendo o partido
cristão de D. Stulzo, no nacionalismo pregado pelo partido desse nome e tradições
históricas do povo italiano e seus ancestrais romanos. Tentou debalde dar ao
movimento um conteúdo filosófico, por esforço de alguns intelectuais como Giovanni
Bentile, mas o sentido político do regime foi pragmático, mais se preocupando com
as realizações administrativas.

Então o Fascismo pode ser aceitável?


- Não. O Fascismo não é aceitável por ser um regime que suprime a liberdade
individual e elimina a representação política, pois as corporações não tinham no
Fascismo senão uma função econômica e a Câmara Fascista não passava de um
órgão constituído pelas listas do Partido Único, não havendo, portanto, circulação
livre da opinião popular.

Por que o Comunismo denomina fascista a quantos lutam contra sua


ideologia?
- Por ter sido o primeiro movimento pequeno-burguês que se ergueu contra o
Comunismo. A Enciclopédia Soviética define o Fascismo como “qualquer ação
contraria à revolução do proletariado”.

O Nazismo e o Fascismo são idéias oriundas do século XX?


- Não. Tanto um como o outro são remanescentes das idéias do século XIX,
inadequadas ao nosso tempo.

Então o Integralismo não os aceita?


- Sendo o Integralismo uma doutrina do século XX, pelo se sentido de síntese e
critério de co-relações dos fenômenos econômico-sociais, jamais poderia aceita o
tipo de Estado Fascista ou Nazista. Além do mais, se o Integralismo considera o
Estado uma criatura da Nação, não pode aceitar qualquer doutrina que superponha
o Estado à Não. O menor não pode absorver o maior.
O Integralismo é anti-racista?
- Evidentemente. A declaração a tal respeito se encontra no Manifesto de Outubro
de 1932, em seu Capitulo 4º.

Em que se baseou o Integralismo sobre o assunto?


- Baseou-se em Alberto Torres no seu livro “O Problema Nacional Brasileiro”. Afirma
ele e afirma o Integralismo no citado Manifesto de há quase cinqüenta anos, que no
Brasil muitos intelectuais aceitavam as idéias racistas dos povos que nos queriam
dominar, sob pretexto de nossa inferioridade racial.

O que pensa o Integralismo disso?


- Seria ridículo que em nosso País, onde somos o resultado de um conjunto de
raças – índios, pretos, europeus e asiáticos – adotássemos qualquer preconceito
racial. Além do mais, o Integralismo é cristo e Cristo pregou a confraternização de
todos os povos e raças.

Mas não existiu, dentro do Integralismo, uma corrente racista?


- Se por acaso algum integralista foi atraído pelo racismo, ele estava fora de nossa
doutrina, agindo por conta própria, como acontece, aliás, a este e a outros respeitos,
em todas as correntes políticas.

O Estado Integral
________________________
DEFINIÇÕES NECESSÁRIAS
Qual o primeiro passo para a formulação de uma doutrina equipadora de
Estado?
- Uma exata conceituação sobre Política, Sociedade, País, Pátria, Nação e Estado.

A que leva uma determinação falsa sobre essas realidades?


- A uma série de erros que, aliás, incidem hoje sobre o Estado Moderno.

O que é a Política?
- É o Governo da Sociedade pelo Estado. Podemos também defini-la como a ciência
e a arte de realizar o bem comum.

A Política é então uma ciência?


- É ciência quando se baseia em conhecimentos certos acerca de assuntos de que
trata para atingir aquele bem comum, como por exemplo, os assuntos referentes à
sociologia, à economia, ao direito, à psicologia, à estatística, à pedagogia, etc.

E quando é a Política considerada uma arte?


- Quando traça regras de ação baseadas na experiência histórica e nos
conhecimentos exatos a respeito dos homens e de um determinado povo.

Que é o bem comum?


- É tudo que concorre para:
1º) Assegurar a liberdade humana nos limites da verdadeira moral inspirada em
Deus e nos direitos e deveres do Homem para com o mesmo Deus, para consigo
próprio, para com a sua Família e a sua Pátria;
2º) Garantir a cada um e a todos os seres humanos a subsistência individual e
familiar, o êxito no trabalho e a sua justa remuneração, os meios de educação,
higiene, transporte, comunicações, ordem pública, elevação cultural e
aperfeiçoamento moral.

Quantos elementos encontramos na definição da Política como “governo da


sociedade pelo Estado”?
- Três:
a) Sociedade
b) Governo
c) Estado

A Sociedade o que é?
- A Sociedade é a união moral e necessária de seres humanos, vivendo
harmoniosamente, em demanda de seus fins superiores.

Que se entende por Governo?


- Governo é o órgão que modera as vontades de cada um, condicionando os
impulsos individuais, segundo o direito e a ordem, às exigências do bem comum.
Mas governar não é apenas policiar. Governar é orientar para o bem.

E o Estado como pode ser definido?


O Estado é entidade jurídica criada pela Nação, isto é, pelo consenso dos homens
livres a fim de que exerça o governo nacional, promovendo o bem comum e
garantindo justos direitos.

O que é País para o Integralismo?


- O País é a base física do Estado. É o meio físico em que vive um povo. Por
analogia costuma-se designar a Nação pelo nome de País.

E a Pátria?
- Das relações sentimentais entre o Homem e a paisagem física e humana em que
se move é que se originou a idéia de Pátria.

E o que resulta dessas relações?


- Razão ética, imperativa espiritual, imposições do afeto e da solidariedade de
milhões de filhos de um mesmo Povo.

A Pátria é só a Terra, o Homem e a Comunidade Humana?


- A Pátria não é apenas constituída das expressões materiais dos espaços
geográficos. Ela – como seus filhos – tem um corpo e uma alma. O corpo é o
território e a população que o preenche, maquilo que esta possui de material e que é
tudo o que de material existe no Homem. A alma é a História.

O que se deve compreender como História?


- Devemos entendê-la como a interpretação dos fatores psicológicos que atuaram
nos fatos ocorridos e a compreensão do sentido moral que presidiu ao processo da
formação da Nacionalidade.
Por que chamar a História de alma de um povo?
- Porque a História é o agente das resistências eficazes, a força de sobrevivência, a
energia que se exprime na dignidade e na honra e, sobretudo, na consciência da
alta missão política entre as outras nacionalidades.

Como definir a Nação?


- Quando a comunidade pátria movimenta-se no sentido da organicidade surge a
Nação, conjunto de personalidades e de grupos naturais, exprimindo-se
politicamente numa personalidade coletivo que sabe de onde vem, onde está e para
onde vai?

Como o Integralismo compreende a Nação?


- Como ima grande sociedade de famílias vivendo em determinado território, sob o
mesmo governo, sob a impressão das mesmas tradições históricas e com as
mesmas aspirações e finalidades.

Quais os sinais característicos da Nação?


- A Nação é uma continuidade histórica, no tempo; é um patrimônio territorial, no
espaço geográfico; é realidade social, uma individuação econômica, uma expressão
moral, como conjunto de pessoas, famílias, grupos de trabalho, municípios. É a
unidade humana diferenciada pelo meio físico, pela estrutura étnica, pelos índices
culturais, pelo idioma, pelo temperamento e vocação de um povo. A Nação é um
conjunto de pessoas livres, de famílias livres, de profissões livres, de propriedades
livres, de municípios livres.

O que a Nação exprime?


- O Homem e o conjunto de homens; cada um dos Grupos Naturais e todos ao
mesmo tempo. Se o Homem e os Grupos Naturais gozam de direitos e subordinam-
se a deveres, a Nação goza também desses direitos e subordina-se a idênticos
deveres, num sentido harmônico de reciprocidade, em relação a cada elemento que
a compõe e a todos em conjunto.

Existe uma vocação nacional?


- Se Deus ordenou a distribuição dos povos da terra em grupos nitidamente
diferenciados, é porque, do mesmo modo que a cada homem incumbe um papel
segundo a sua vocação, também a cada comunidade política toca desempenhar
missões próprias no curso da História, em relação às demais comunidades políticas.

As Nações possuem uma personalidade, isto é, um modo de ser coletivo, que


não se confunde com a existência de seus filhos?
- Sim. Essa personalidade nacional é constituída de elementos essencialmente
espirituais, ainda que se manifeste nas expressões materiais visíveis da sociedade
civil e dos tipos de vida condicionados a circunstâncias físicas especificas.

Como se manifesta a personalidade das Nações?


- Através do gênio de um povo.

E o que vem a ser o gênio de um povo?


- Gênio de um povo é um modo de ser, um caráter próprio, uma tendência
vocacional, uma consciência de missão histórica, uma aspiração a idéias que
justifiquem a permanência e a sobrevivência da Nação.
E como nasce a Nação?
- A Nação nasce quando aquele caráter acima especificado se define, aquele modo
de ser se fixa, aquela tendência vocacional se revela, aquela consciência se
determina e aquela aspiração se torna o móvel das ações políticas dos indivíduos e
dos Estados.

E quando as Nações definham e morrem?


- Quando vão perdendo o sentido de sua própria existência e encontram diante de si
o vazio imenso de idéias a serem procurados.

Qual, então, a missão dos condutores de povos?


- É despertar a Nação para a vocação histórica, ditada por sua personalidade.
Ensinar a Nação a saber quem é, para que ela continue a ser.

E o que acontece às Nações quando não sabem ou se esquecem de quem


são?
- As Nações que perdem a memória de sua vocação histórica se deixam conduzir
pelos acontecimentos em lugar de dirigir o destino de seus filhos.

O que resulta da consciência de vocação histórica das Nações?


- O sadio nacionalismo, pedra de toque da vitalidade de um povo.

Existe uma só conceituação de nacionalidade?


- Não. Vários são essas conceituações, que a grosso modo podemos sintetizar em
certas e erradas.

Quais as erradas?
- muitas são essas falsas conceituações. Entre elas existem:
a) As que exaltam o Nacionalismo a tal ponto, que o tornam um instrumento de
preocupação interna e de ameaça externa. Assim o Nazismo e o Comunismo, ao
identificar a Nação com o Estado, sacrificando, porisso, ao Estado, a Pessoa e suas
legitimas projeções e tornando-se por assim dizer, um Nacionalismo anti-
nacionalismo, porque a pretexto de salvar, mata a Nação em tudo que diz respeito à
sua essência e substância.
b) As que condenam “in limine”, todo nacionalismo.
c) As que tomaram o nacionalismo como sinônimo de xenofobia, de jacobinismo, de
atitudes de repulsa às nações estrangeiras.

Quais os graves erros do falso nacionalismo?


- A estatização crescente das empresas, a política tendente a dificultar a livre-
iniciativa, o poder emissor desencadeando as ondas inflacionárias que descontrolam
todos os orçamentos estaduais e municipais, se situam entre os graves erros do
falso nacionalismo.

Qual a conceituação certa?


- O verdadeiro nacionalismo é postulado pelas próprias prerrogativas naturais da
Pessoa Humana. Se na Nação encontramos os princípios fundamentais da
liberdade e da responsabilidade do Homem e a sustentação doutrinária da
autonomia dos Grupos Naturais, a começar pela Família, que é o mais importante,
então temos de aceitar a Nação e o nacionalismo como um meio de defesa e
garantia de sobrevivência dos direitos individuais e grupais. E resta lembrar que foi
Deus quem diferenciou a unidade humana em expressões particulares, segundo
condições geográficas, climáticas, econômicas, culturais, idiomáticas, históricas e
temperamentais.

Então o nacionalismo não é um atentado aos legítimos direitos da Pessoa


Humana?
- Ao contrário. O Nacionalismo bem concebido é uma condição para sua plena
realização. Na verdade, o nacionalismo cristão sustenta o principio da intangibilidade
da Pessoa Humana e dos Grupos Naturais de que se servem as mesmas pessoas
para defender seus direitos e cumprir seus deveres, tendentes a um fim determinado
por Deus.
Como o Integralismo concebe o nacionalismo?
- O nacionalismo é um instrumento que o Homem usa segundo as normas do
Estado e por intermédio de governo legítimos, para entender-se com os seus
semelhantes em todas as regiões da terra. Esta é, por assim dizer, a forma de um
internacionalismo cristão, que não pode aceitar aquele internacionalismo de
indivíduos, da utopia socialista, cujos objetivos passam por cima das Nações, as
quais, pelas suas diferenças já apontadas – geografia, climáticas, raciais,
idiomáticas e temperamentais – como que refletem e participam dos atributos das
pessoas que as compõe e da intangibilidade que essas pessoas asseguram direitos
irrecusáveis.

Então o Integralismo não é partidário do nacionalismo exacerbado?


- Não. Defendendo a diferenciação humana em grupos naturais, constituindo Pátrias
independentes, cada qual gozando de legítima soberania, usufruindo no concerto
internacional de iguais direitos e aceitando recíprocos deveres.

O nacionalismo faz parte da doutrina integralista?


- O nacionalismo foi lançado como bandeira pelo Integralismo no Manifesto de
Outubro de 1932, com estas palavras: “O cosmopolitismo, isto é, a influência
estrangeira, é um mal de morte para a Nacionalidade. Combatê-lo é nosso dever. E
isso não quer dizer má vontade para as nações amigas, para com os filhos de outros
países que aqui também trabalham objetivando o engrandecimento da Nação
Brasileira e cujos descendentes estão integrados em nossa vida do povo”. E mais:
“Levantamo-nos num grande movimento nacionalista para afirmar o valor do Brasil e
tudo o que é útil e belo no caráter e nos costumes brasileiros, para unir todos os
brasileiros num só espírito. Temos de invocar nossas tradições, temos de nos
afirmar como um povo unido e forte. O nacionalismo para nós não é, apenas, o culto
da Bandeira e do Hino Nacional: é a profunda consciência das nossas
necessidades, do caráter, das tendências, das aspirações da Pátria e do calor de
um povo. Essa a grande campanha que vamos empreender”.

E realizou o Integralismo essa campanha?


- Sim, ao mesmo tempo em que as suas elites dirigentes se entregavam ao estudo
das realidades do País. Em 1933, aplicando o principio nacionalista à solução dos
problemas econômicos brasileiros, foi publicado o chamando Manifesto-Programa,
sugerindo as medidas a serem adotadas, entre elas a nacionalização das riquezas
do sub-solo, inclusive o petróleo, da energia elétrica, a disciplinação dos capitais
estrangeiros e o favorecimento às industrialização do país, a transferência da
Capital para a ocupação do Oeste e desenvolvimento de zonas abandonadas e
muitas outras providências.
E o capital estrangeiro? Como o encara o nacionalismo integralista?
- O Integralismo não é adverso à contribuição do capital estrangeiro no
desenvolvimento do Brasil. Pelo contrário, entende de grande utilidade essa
contribuição. Devemos dar-lhe todas as garantias, lembrando-nos de que os
Estados Unidos, no começo, se valeu de capitais ingleses, franceses, belgas,
alemães e outros, que foram fatores positivos de seu progresso.

E faz o Integralismo alguma exigência na matéria?


- O que o Integralismo exige é a disciplinação desses capitais. O capital alienígena
empregado no país para produzir utilidades de exportação e conseqüentemente
divisas, deve ser melhor acolhido que aqueles que apenas gira no comércio interno,
não produzindo, muitas vezes, nenhuma riqueza nacional.

E o que mais?
- A disciplinação deve também ser no sentido de que, na verdade, entrem valores
monetários no país, impedindo-se que empresas estrangeiras, servindo-se de
Bancos estrangeiros, utilizem dinheiro brasileiro para montar sua indústria ou
comércio, iludindo, assim a boa fé nacional. Deve, ainda, regular a remessa de
lucros de sorte a se evitar as sucessivas sangrias que, por intermédio do capital
estrangeiro inescrupuloso, depauperam a Nação. Dentro desse espírito, devemos,
através de uma reforma bancária, impedir que Bancos estrangeiros, trazendo
contribuição mínima, girem com o próprio dinheiro brasileiro neles depositados. No
mais, não devemos temer o capital estrangeiro, mas até estimular o seu ingresso no
País.

Então, segundo o que foi exposto, não se pode confundir Nação e Estado?
- Jamais. Aliá, essa identificação está na raiz dos totalitarismos.

Como impedir essa identificação?


- Insistindo sempre na distribuição entre Nação e Estado, pois o Estado não é a
Nação, mas é o ordenamento jurídico das forças nacionais. A Nação cria o Estado,
ao passo que o Estado não pode criar a Nação. Mas a Nação que engendra o
Estado é a Nação que se pode definir como conjunto de pessoas humanas na
plenitude de uma consciência de comunidade histórico-social. O Estado é
instrumento de que servem o Homem, os Grupos Naturais, a Comunidade Nacional,
para manter o equilíbrio dos direitos e deveres entre uns e outros, nas relações da
vida interna, e para sustentar direitos e cumprir deveres na comunidade das outras
Nações.

Qual a diferença entre Governo e Estado?


- O Estado vive na lei escrita; o Governo vive nos atos que pratica para fazer viver a
lei do Estado. O Estado tem uma permanência maior, porque a sua transformação
se opera em razão de circunstância históricas; o Governo tem uma permanência
menor, porque a sua substituição se opera em razão de conveniência políticas. O
Governo é a concretização física e moral do Estado, a personificação da autoridade
do Estado, indispensável para coordenar e orientar as atividades individuais no
sentido das idéias preestabelecidas ao constituir-se o mesmo Estado.
________________________________________
PRINCIPIOS BÁSICOS DO ESTADO INTEGRAL
Como pretende o Integralismo construir a Sociedade?
- Segundo a hierarquia de seus valores espirituais e materiais, de acordo com as leis
que regem os seus movimentos e sob a dependência da realidade primordial,
absoluta, que é Deus.

Como define o Integralismo os valores do Estado?


- Na doutrina do Estado há valores essenciais e valores acidentais. Os valores
essenciais são independentes do tempo, do espaço e das formas de governo
porque inscritos na própria lei natural; os valores acidentais existem em função das
circunstâncias geográficas, históricas, econômicas, políticas e sociais de um povo.
Os primeiros são, por sua própria natureza, imutáveis, Os segundos são transitórios.

E o que concluir?
- O Estado pode variar de formas políticas, mas não pode, em face do direito
natural, em face da finalidade que Deus designou à Criatura Humana, variar de
essência.

E quais as características do Estado Integral?


- É um Estado Ético-Finalista, um Estado-Meio, um Estado Dinâmico.

Que se entende por Estado Ético-Finalista?


- É um Estado que se radica numa nítida concepção do Homem e do Universo,
regendo-se por uma norma moral definida, com objetivos prefixados. É um Estado
que tem consciência de sua origem, sabe o que quer e para onde vai.

Qual a conseqüência dessa concepção?


- Segundo um conceito de origem e de fim, e tendo em vista a realidade dos
movimentos sociais, o Integralismo deseja criar o Estado Finalista, de plasticidade
revolucionária, expressivo das aspirações superiores do Homem e atento à
interpretação dos movimentos sociais. Em resumo: Estado de finalidade prefixada,
porém de plasticidade revolucionária.

Onde esse Estado vai buscar sua força?


- Pretendo restaurar o equilíbrio social criando um Estado Ético, esse Estado tem de
ir buscar a sua força nalguma moral. Essa fonte de moralidade do Estado é a
Família. Sem a Família não existe Estado Ético.

Por que o Estado Integral é um Estado-Meio?


- Porque não é um fim em si, a que devam sacrificar-se o Homem e os Grupos
Naturais. Mas um meio indispensável ao desabrochamento das virtualidades
humanas e de suas legítimas projeções.

Por que o Estado Integral é um Estado Dinâmico?


- O Estado Integral, embora seja estável em seus elementos essenciais, é
necessariamente dinâmico em seus elementos acidentais. Deve adaptar-se às
circunstâncias históricas, sociais, econômicas e políticas de cada povo e de cada
época.
Qual o traço característico do Estado Integral?
- É a visão global dos problemas e da realidade, em oposição à consideração
unilateral e parcial deformante.

Como assim?
- Os problemas têm de ser resolvidos em conjunto. Todos têm de ser enquadrados
num só pensamento e subordinados a uma única orientação geral e
supervisionadora.

____________________
O HOMEM E O ESTADO
Em que se baseia o Estado Integral?
- Na concepção integral do Homem, sendo base fundamental do Estado Integral a
intangibilidade da Pessoa Humana e do Livre Arbítrio de cada um. Para ele a
Pessoa Humana é o ponto de partida e de chegada de todas as cogitações sociais e
políticas, o fundamento dos Grupos Naturais, a fonte do direito e da independência
das Nações. Porisso é preciso colocar o Homem como base de toda a ordem social.

Segundo o Integralismo de onde procede o pensamento da organização


social?
- Do sentido das finalidades humanas. E é do pensamento da organização social
que decorre a orientação política, com influência, por sua vez, na Sociedade e no
Estado.

Qual, então, a base da construção nacional?


- O Homem, a Pessoa humana.

E o que resulta dessa conceituação?


- O Estado não pode fugir ao fim para que foi criado e que é servir ao Homem,
facilitando-lhe a realização de seus justos objetivos. É preciso construir um Estado
para homens, segundo as suas finalidades, a sua natureza, os seus direitos, os seus
deveres, a sua função e as suas aspirações justas. Portanto o Estado deve
assegurar ao Homem todos os meios necessários para o livre desenvolvimento de
suas personalidades, de sorte que ele realize aqueles fins naturais e temporais que
objetivem o seu fim sobrenatural e eterno, Incumbe, pois, ao Estado a obrigação de
prover as condições necessárias à satisfação integral dessas legítimas aspirações
(materiais, intelectuais e espirituais) da personalidade humana, respeitando e
favorecendo a sua mais ampla expansão, norteando-se sempre pelos imperativos
da harmonia social e dos superiores destinos do Homem.

A que se opõe o Estado Integral?


- Opõe-se, ao mesmo tempo, às ditaduras que sacrificam o Homem ao Estado e aos
regimes que imolam o Homem ás oligarquias políticas e financeiras. O Estado
Integral é um Estado que salva o Homem da ditadura cruel do materialismo finalista
e da ditadura sem finalidade da plutocracia democrática e das oligarquias políticas
financeiras. É o Estado que defende o Individuo contra a Sociedade e a Sociedade
contra o Individuo.
________________________________
O ESTADO E OS GRUPOS NATURAIS
Como definir os Grupos Naturais?
- A Sociedade Cristã é, antes de tudo, uma sociedade ordenada que se baseia na
integridade do Homem ou da Pessoa Humana. Para que o Homem se manifeste
sempre segundo o que ele é, cumprir que se exprima por meio daqueles
instrumentos de sua própria consciência de realidade, necessidades, direitos e
deveres, fins temporais e eternos. Esses instrumentos se denominam Grupos
Naturais, isto é, a reunião de seres humanos defendendo interesses e objetivando
finalidades comuns.

Quais os Grupos naturais?


- A Família, a Profissão, a Propriedade, o Município.
Como o Estado Integral considera os Grupos Naturais?
- Considera os Grupos Naturais como legítima projeção das suas virtualidades. O
coletivismo marxista considera os indivíduos como frações de uma massa em que
se fundem todos os egoísmos. Os Estados Integrais, inspirados nos ideais cristãos,
considera as pessoas como unidades componentes de variados conjuntos em que
se reúnem todos os altruísmos, uma vez que as atividades dos homens objetivam
benefícios, beneficiando-se para obter condições de melhor oferecer benefícios.

Segundo o Integralismo, quais as bases da verdadeira Democracia e, portanto,


do Estado Integral?
- A Pessoa Humana intangível, os Grupos Naturais que dela procedem e dos quais
o primeiro é a Família, vindo em seguida a Profissão, a Propriedade justa, isto é,
aquela que não ultrapasse os limites do bem alheio ou comum e o Município, porque
esses Grupos Naturais facultam à Pessoa Humana os meios indispensáveis à
expressão de sua autonomia.

A) A FAMILIA
Qual o primeiro e mais importante Grupo Natural?
- É a Família.

Por que?
- Porque o Homem e sua Família procedem o Estado.

Tendo em vista a importância da Família, como garantir a legitima expansão do


Homem para sua integralização dentro dela?
- Facultando-lhe os direitos indispensáveis para que ele possa cumprir os seus
deveres de acordo com sua finalidade.

Que deveres são esses?


- O primeiro, o de prover à sua própria manutenção e à da sua Família, para isso
necessitando de direitos que lhe assegurem justa remuneração de trabalho por meio
do qual aufere o necessário com que sustentar-se e sustentar o lar domestico. O
segundo, está na própria obrigação de manter a sociedade familiar que criou com o
objetivo de não se extinguir o gênero humano. Para isso o Homem une-se à Mulher
e funda essa pequena república que chamamos de Família, na qual ambos exercem
magistério e magistratura, primeiro por serem mestres de seus filhos na formação
moral, segundo, porque o Homem e a Mulher devem ser soberanos em sua casa,
não podendo nenhum Estado ou Governo interferir na sua liberdade. É o conjunto
de famílias que forma a nação, e os demais grupos naturais são criados para
garantir-lhes os legítimos direitos. O Estado deve, porisso, ser forte para manter o
Homem integro e a sua Família, pois é esta que cria as virtudes que consolidam o
próprio Estado.

Qual, pois, o papel do Estado Ético em relação à Família?


- O Estado Ético deve manter o equilíbrio dos Grupos, a fim de assegurar a
intangibilidade do Homem. A Família é o Grupo Síntese que oferece ao Estado o
sentido dos lineamentos exatos. Porisso o Integralismo considera a Família o
primeiro dos grupos naturais, pois que, pela sua natureza, ao mesmo tempo
biológica e moral, é o nascedouro da vida social e o repositório das tradições da
Pátria.

Que reivindica o Integralismo para a Família?


- Considerando a Família a primeira célula e fundamento da sociedade nacional,
cumpre ser dignificada e protegida. Não pode ser vítima de dissolução, nem o
Estado pode usurpar-lhe o direito da educação da prole. Para sua maior proteção o
Integralismo pleiteia a instituição do “bem da família”, isento de impostos, bem como
a instituição do salário família e do voto familiar, este último como meio da Família
participar no Governo do Estado.

Uma vez que o Integralismo reivindica para a Família a liberdade no tocante à


educação da prole, cabe perguntar: como encara o problema da educação?
- Dois aspectos oferece esses problema: o doutrinário e o prático. Do ponto de vista
doutrinário, o Integralismo propugna pela formação integral do Homem, visando a
sua felicidade, que está na plenitude da realização de sua personalidade. Nestas
condições, conjuga os elementos fornecedores do Homem completo ou integral: a
educação física, intelectual e espiritual. Da primeira, decorre a saúde e
vitalidade do corpo: da segunda, a posse dos acontecimentos científicos, técnicos e
artísticos: da terceira, as normas do seu comportamento moral, em seu próprio
beneficio, da Família e da Nação. Sob o aspecto prático, o Integralismo propugna
pela gratuidade do estudo nos primeiro e segundo graus e pela facilidade do acesso
a cursos no grau superior. Quanto à escolha do estabelecimento de ensino, os pais
de família devem gozar liberdade plena.

O que é preciso para uma formação que tornem úteis à Nação os homens e as
mulheres?
- É preciso não unilateralizar o problema apenas ministrando conhecimentos
literários ou técnicos, mas também os fundamentos da moral e do civismo, pois a
falta ou má aplicação desse ensino é que têm produzido no país multidões de
egoístas, oportunistas e irresponsáveis.

É o Integralismo favorável aos testes vocacionais?


- Sim. As vocações devem ser consultadas, para evitar futuros insucessos
profissionais e frustrações da personalidade.

A educação se processa somente no lar e na escola?


- Não. A educação se faz também por outros veículos do pensamento. Assim o
Estado deve exercer fiscalização direta sobre o rádio, a televisão, o teatro, o cinema,
o livro e a imprensa, a fim de que tais instrumentos de difusão de idéias e de
exemplos, longe de deseducarem o povo – como acontece atualmente – venham,
ao contrário, colaborar com o Estado e as Famílias na obra de elevação moral da
Nacionalidade.

Se o problema educacional não deve se restringir à instrução, mas também à


educação e baseando-se esta em princípios morais, qual o critério do
Integralismo no que se refere à concepção desses princípios morais?
- O Integralismo, baseando-se no conceito espiritualista de vida, acredita que o
Homem tem um destino terreno e um destino eterno tem corpo e alma e procede de
Deus. São, portanto, as concepções religiosas que dão ao Homem a consciência de
seus deveres.
B) A PROFISSÃO
Qual o construtor do Estado Integral?
- O Trabalho, sob suas variadas modalidades. Para o Integralismo o Trabalho é uma
das bases do Estado e do Governo.

Que prega o Integralismo no que tange ao Trabalho?


- Entende que os trabalhadores de todas as classes profissionais devem organizar-
se em associações.

A associação de trabalhadores deve ter caráter exclusivamente econômico ou


econômico-politico?
- A primeira das hipóteses representa a concepção que possuem do problema, com
absoluta identidade, o liberalismo-individualista e o corporativismo fascista. A única
diferença entre o primeiro e o segundo esta na pluralidade sindical consagrada pelo
primeiro em contraposição à unidade adotada pelo segundo. A segunda das
hipóteses representa a concepção que têm do problema o totalitarismo comunista e
certos tipos de social-democracia (estes tentaram a experiência de fazer coexistir na
mesma casa do parlamento a representação política e a representação classista);
mas, enquanto a social democracia, consagrando o multipartidarismo, também
consagra o pluri-sindicalismo, o totalitarismo comunista que, como o fascismo,
apóia-se no unipartidarismo, submete a vontade de todos os trabalhadores aos
caprichos do partido único.

Os trabalhadores devem ter representação política, segundo cada uma de suas


categorias ou devem ter apenas representação econômica segundo cada uma
de suas categorias?
- O Integralismo é pela organização corporativa econômica e política, que exprime a
democracia-organica por ele preconizada.

Como assim?
- A Revolução Francesa destruiu as corporações. Como sucedâneo destas surgiram
os partidos políticos. Mas os partidos políticos tomaram por base, apenas, um dos
aspectos do Homem: o Homem-cívico. Não representavam, de fato, os interesses
das diferentes classes sociais. A industrialização subseqüente suscitou novos
problemas de caráter econômico-social, estranho às preocupações dos partidos.
Sentindo os trabalhadores que os partidos políticos não se preocupavam com os
problemas, foram se organizando em uniões, federações e confederações. Essas
associações verificaram que os problemas econômico-sociais relacionavam-se
intimamente com os problemas políticos. Como conseqüência os sindicatos de
trabalhadores, ainda que organizados muitas vezes com fins econômicos,
adquiriram tom político; os partidos, que são essencialmente políticos, vão
inscrevendo nos seus programas reivindicações de caráter econômico-social.
E o que concluir?
- A evidencia da necessidade de criação de corporações que tenham caráter
econômico e político, como preconiza o Integralismo, isto é, com prolongamento na
Câmara Política, esta sendo independente.

Considerando que a garantia da liberdade humana e da autonomia da Família


reside, principalmente, nos meios materiais de subsistência e que estes são
auferidos pelo trabalho, qual é a concepção do trabalho adotada pelo
Integralismo.
- Trabalho humano não é uma mercadoria sujeita à lei da oferta e da procura; não é,
também, como concebem os socialistas e comunistas, um complemento da matéria-
prima na formação da mercadoria. Ambas as concepções são materialistas. O
Integralismo considera o Trabalho humano uma coisa sagrada, porque participa da
sacralidade do Homem, de sua liberdade, de seu poder criador, de seu sacrifício no
cumprimento do seu dever.

E o que deriva dessa concepção?


- A necessidade de ser o trabalho remunerado, de sorte que essa remuneração
supra as necessidades do trabalhador e da sua família. E entende mesmo que o
ganho de quem trabalha deve ser de tal forma, que lhe sobre alguma coisa a fim de
que, se o pai de família for previdente, possa juntar algo de seu com que adquirir
uma prosperidade ou “bem de família”, base física de autonomia e estabilidade do
lar domestico.

Qual a solução proposta pelo Integralismo para objetivar esse fim?


- o Integralismo pugna pelo salário familiar e pela real participação dos empregados
no lucro das empresas.

E quanto à chamada luta de classe, que erige uma incompatibilidade entre o


Capital e o Trabalho, como entendem os comunistas?
- O Comunismo, como o Socialismo, corresponde a uma mentalidade retrógada,
incapaz de ver as coisas em seu conjunto e suas correlações. O Capital, que é
trabalho acumulado, conjuga-se com o Trabalho atual e atuante, fornecendo-lhe os
meios de execução, enquanto este lhe fornece os elementos dinâmicos dessa
execução. São dois fatores que se compõe, unidos ainda pelas investigações
científicas e processos técnicos, para produzir riquezas que beneficiem a toda a
comunidade nacional.

E qual o objetivo do Integralismo nesse setor?


- Harmonizar os dois fatores, sob os critérios da justiça e atento aos interesses da
Nação, é o objetivo do Integralismo. Para impedir que o Capital se torne instrumento
de espoliação do Trabalho e que o Trabalho se faça instrumento da desorganização
e empobrecimento do país, com agravamento do custo de vida e desvalorização
monetária, o Integralismo propugna por leis adequadas que tragam a paz,
assegurem a justiça e a ordem, de que decorre o bem-estar de todos.

A real participação dos empregados no lucro das empresas, acima apontados,


pela qual o Integralismo pugna desde 1935, será um dos fatores para
solucionar a questão de luta de classe?
- É uma necessidade imperiosa, mas que tem de ser encarada sob diversos
aspectos:
a) O da manutenção da empresa:
b) O da capacidade e diligência do empregado a fim de que não se equipare o
homem trabalhador, competente, honesto, ao vadio, incompetente e desonesto, o
que seria grave injustiça
c) O das necessidades familiares do emprego e as suas próprias;
d) E, finalmente, o interesse nacional do enriquecimento do País pela elevação dos
índices da produção em condições econômicas adequadas.

O que é necessário para se alcançar esse objetivo?


- Urge uma legislação de bom senso e clarividência, pela qual o Integralismo luta há
longos anos. Acreditamos, entretanto, que todas as dificuldades surgidas à
execução da idéia já consagrada na Constituição da República, provêm da falta de
uma Câmara Econômica, pela qual o Integralismo se bate e que com a participação
de todas as categorias de empregadores e empregados, encontraria a fórmula
conciliatória. Isso mais reforça o argumento favorável à Democracia Orgânica
proposta pelo Integralismo.

C) PROPRIEDADE
E quanto à Propriedade? Firmado o princípio da legalidade da propriedade
familiar, é natural que perguntemos: qual o conceito do Integralismo sobre a
propriedade em geral?
- O Integralismo considera a Propriedade, qualquer que ela seja, desde que
adquirida honestamente, como trabalho acumulado. Ora, se o Trabalho, na
concepção integralista, participa da liberdade, da intangibilidade e da dignidade do
Homem, logicamente a Propriedade que dele se origina, também participa daquelas
prerrogativas humanas. É, portanto, intangível. Mas o direito e posse sobre as
propriedades estão sujeitas a deveres, pois não existe nenhum direito que não
corresponda a um dever e nenhum dever que não corresponda a um direito.

O que deve visar a Propriedade?


- Todas as propriedades devem visar, não somente aos interesses do proprietário,
mas também aos interesses do bem comum.

Qual, então, a finalidade da Propriedade?


- A Propriedade tem um fim social e na verdade se torna ilegítima, se não atende
aos reclamos do enriquecimento da Nação e à distribuição de benefícios sociais.

O que ocorre á Propriedade nos regimes socialista e comunista?


- O Socialismo e Comunismo, pregando a estatização dos meios de produção e a
total desapropriação das propriedades pelo Governo, destroem a liberdade
individual, anulam as bases da independência do Homem, pois o que é de todos não
é de ninguém.

D) MUNICÍPIO
O que é Município?
- É uma reunião de pessoas, de famílias autônomas, de propriedades de que o
homem dispõe livremente, de grupos de trabalhadores livres.

O que representa o Município para a Nação?


- Ele é a celular da Nação, pois a Nacionalidade é um conjunto de Municípios.
Nestes é que se exprime familiarmente, profissionalmente, politicamente, a vontade
da Nação.
De que necessitam os Municípios para realizar sua missão na vida da Nação?
- Devem ser autônomos em tudo o que respeita a seus interesses peculiares.

Quais as condições necessárias para que a autonomia municipal não seja


apenas teórica, mas prática?
- A autonomia municipal só pode ser efetiva, real, prática, se as suas rendas
compatibilizarem-se com as suas necessidades e se – eis um ponto importantíssimo
– o seu território se conserva intangível.

Em conclusão: o que exigem as realidades econômicas, sociais e políticas dos


tempos modernos no que se refere aos Grupos Naturais?
- Essas realidades exigem que todos os Grupos Naturais tenham uma expressão
política. De fato, a Família é autônoma e entre as prerrogativas dessa autonomia
deve estar a prerrogativa política de representar e fazer valer os seus direitos, em
tudo o que respeita ao seu peculiar interesse. Por sua vez as Classes Profissionais
devem ser livres e para valer essa liberdade devem ter direitos políticos
relacionados com tudo o que for de seu peculiar interesse. Do mesmo modo o
Município é autônomo em tudo o que se refere aos seus peculiares interesses e
logicamente, o Município, como Município, deve escolher livremente os seus
governantes locais e a reunião dos municípios deve produzir representantes do
Município na Nação.

______________________
DEMOCRACIA ORGANICA
Que quer dizer Democracia?
- Etmologicamente, Democracia é o governo do povo. O que supõe o
reconhecimento efetivo das prerrogativas da Pessoa Humana e a participação mais
direta dos cidadãos no governo do Estado. Essa participação se processa através
do voto.

É este o sentido que as diversas correntes políticas conferem à Democracia?


- A palavra Democracia, em nossos dias, recebeu significações substancialmente
diferentes e até mesmo contraditórias, de acordo com a filosofia de vida esposada
por cada regime político. Assim, pouco tem de comum a liberal-democracia, as
democracias populares (marxistas) e a democracia-cristã. Quase sempre, porém, a
palavra Democracia encobre um regime político anti-humano e, portanto, anti-
democratico.

Quais os elementos necessários para que um regime seja democrático?


- Três são esses elementos:
a) Representação;
b) Voto;
c) Igualdade de direitos.

O que é a Democracia para o Integralismo?


- É uma Democracia de conseqüências; é um efeito, jamais uma causa. Sua fonte
são os princípios, a doutrina, as regras originárias de uma concepção de vida. A
Democracia, para o Integralismo é, antes de tudo, uma declaração de princípios
cristãos.
Qual o papel da verdadeira Democracia?
- A Democracia pregada pelo Integralismo, a única exeqüível, vivifica a liberdade do
homem e autoridade do Estado, fazendo a primeira fundamento da segunda e a
segunda, condição da primeira. Sua base está em Deus e a sua inspiração nos
ensinamentos do Evangelho.

Outorga a Democracia pregada pelo Integralismo liberdade aos cidadões?


- sim. Menos a de utilizar essa liberdade para implantar regimes que contrariem
aqueles seus princípios fundamentais.

Mas com esse condicionamento não estará negando os princípios


democráticos?
- Jamais. A liberdade sem freios é a mãe de todos os totalitarismos, a destruição da
própria liberdade. O que pregamos hoje é o que já se pregava na Grécia antiga, isto
é, a defesa da Democracia contra os perigos da liberdade que levam à anarquia, da
anarquia que incita às reivindicações extremas de igualdade, e da igualdade que
produz o domínio de um só ou de alguns, sobre a multidão escravizada.

Democracia e forma de governo tem a mesma significação?


- Não. Democracia, que é regime, não se confunde com forma de governo. A forma
de governo pode ser monarquia ou republicana. No Brasil temos um regime
democrático e uma forma de governo republicana.

Pode-se confundir Democracia com modo de votar?


- De maneira nenhuma. Há diversos tipos de voto num regime democrático: o voto
direto e o indireto, o sufrágio universal e o profissional. No Brasil temos usado o
sufrágio universal, isto é, o voto direto e geral.

O Integralismo é pelo sufrágio universal?


- O Integralismo prega outro tipo de voto, porque sabe que o voto universal favorece
a vitoria dos que dispõe de mais dinheiro, deturpando assim a verdadeira expressão
da vontade popular.

Qual o tipo de voto pregado pelo Integralismo?


- Voto indireto: os eleitos vão constituir Câmaras que escolhem os administradores,
ao invés de serem esses escolhidos diretamente pelo eleitor, Pregamos o voto
profissional, porque melhor e mais fielmente traduz a defesa dos interesses do povo.
Isto quer dizer que a forma do Estado que desejamos è constituída dos organismos
profissionais, culturais, familiares e religiosos, cada qual elegendo seus
representantes pelos votos de classe e qualidade. É o que denominamos
Democracia Orgânica.

O que se entende por Democracia Orgânica?


- No organismo social os homens fazem parte integrante de Grupos Naturais, que
gozam de prerrogativas humanas. Esses grupos estão intimamente entrelaçados
entre si, constituindo a Nação. A Democracia Orgânica toma por base, então, não o
homem-cívico, isolado, da liberal-democracia, mas o Homem em função dos grupos
naturais, que protegem sua personalidade e asseguram sua autonomia. Em outras
palavras: o Estado Integral se edifica a partir das realidades que constituem o
“organismo social”.
Como assim?
- O Estado Integral não é um Estado unilateral, oriundo dos caprichos da soberania
popular e do sufrágio universal, uma simples projeção jurídica de um aspecto da
nacionalidade, e sim a própria Nação organizada segundo as categorias de seus
componentes. A Democracia Orgânica é, porisso, realmente o governo do povo,
sendo a expressão da verdadeira Democracia.

Quem, pois, participa do Governo do Estado na Democracia Orgânica?


- Quem participa do Governo do Estrado não é a massa amorfa, mas o homem livre
e consciente, enquanto integrado nos grupos naturais, isto é, o povo.

Qual a diferença entre “massa” e “povo”?


- Povo é multidão amorfa, ou como se diz “massa”, são dois conceitos diferentes. O
Povo vive e se move por vida própria. A “massa” é inerte e não pode ser movida
senão por agentes externos. O Povo vive na plenitude da vida dos homens que a
compõem, cada um na sua categoria e modo de ser, uma pessoa que compreende
a sua própria responsabilidade, as suas próprias convicções. A “massa”, ao
contrário, espera o impulso de fora, dominada pelos que lhe exploram os instintos e
impressões, pronta a seguir hoje uma bandeira, amanhã outra. Da exuberância de
vida de um verdadeiro povo, uma vitalidade abundante e rica se infunde no Estado e
em todos os seus órgãos, com vigor incessantemente renovado. A “massa” é a
inimiga capital da Democracia.

Porque a “massa” é a inimiga da Democracia?


- Porque sendo amorfa é suscetível de ser conduzida para onde querem os
detentores dos meios mais eficientes de propaganda, aventureiros de toda espécie,
que disponham de dinheiro e de audácia e que a sensibilizem com a demagogia das
ruas. Assim, sendo a matéria prima do sufrágio universal nas eleições diretas a que
temos assistido, elimina os valores mais altos e consagra deploráveis
mediocridades.

O que é necessário para que haja verdadeiro Povo?


- Para haver verdadeiro povo é preciso que o Homem se manifeste como membro
de cada Grupo Natural, cujas zonas de interesse são bem definidas. Os chefes de
famílias unam-se de Deus) unam-se, falem, segundo os interesses do grupo a que
pertencem ou dos grupos em que encontram motivos de união pela identidade
ocasional das suas preocupações; os que residem no mesmo Município unam-se e
falem em nome dos interesses locais que são comuns a todos os chefes de família e
a todos os gêneros de trabalho; os que habitam a mesma Nação (a qual é
constituída por todas as Pessoas, Família, Grupos de Trabalho e Grupos locais, seja
qual for a sua raça, sexo ou religião), unam-se e falem em nome da Pátria; os que
possuem uma disciplina religiosa (e devem ser todos os homens e mulheres) unam-
se e reclamem do Estado o respeito à sua liberdade e aos princípios segundo os
quais todas as atividades tendem para Deus. Só assim existe Povo, do contrário só
existe “massa”.

Em que se apóia a Democracia Orgânica para se realizar politicamente?


- Na Câmara Orgânica e na Câmara Política.

O que vem a ser Câmara Orgânica?


- É a Câmara formada pelos representantes das diversas categorias profissionais.
Por que o Integralismo pugna pela formação da Câmara Orgânica?
- Porque entende que somente os componentes de cada categoria profissional
podem, na verdade, conhecer os problemas específicos de sua classe, pois que os
sentem na própria carne.

Como assim?
- Está claro: um metalúrgico entende muito mais de seus próprios problemas do que
um tecelão; o médico sabe mais de suas próprias necessidades que o engenheiro;
este mais que o advogado e assim por diante. Podemos exemplificar com os órgãos
do corpo humano: e falem em nome das Famílias; os que trabalham (e são todos os
homens, segundo as Leis aos rins cabe a tarefa de filtrar e para isso ele está
aparelhado convenientemente; assim acontece ao coração, ao pulmão, ao fígado.
Todos são órgãos vitais, mas não poderão jamais cumprir a tarefa dos outros. É da
correta realização de suas funções e da harmonia entre todas essas mesmas
funções, que resulta a saúde do corpo humano.

O que se entende por Câmara Política?


- É a Câmara destinada a legislar, dar forma legal, às proposituras elaboradas pela
Câmara Orgânica.

Em que se apóia o Integralismo para pugnar pela Câmara Orgânica?


- Na realidade social. Senão vejamos: quem exerce um mandato parlamentar na
Câmara ou Senado observa, ao cabo de algum tempo, um fato que só aos
distraídos escapa: as atividades dos “grupos de pressão” procurando influir nos
trabalhos legislativos. Não é uma interferência indébita, mas o natural e humano
interesse das categorias econômicas, profissionais e culturais, que se constituem
em comissões, às vezes manifestando-se nas galerias. Trazem memórias e
representações, analisando artigos e parágrafos de projetos de lei que, afinal
aprovados, sobem à sanção presidencial. E se do Presidente da República a lei
votada volver ao Congresso com vetos totais ou parciais, também voltam as classes
interessadas a exercer cabala sobre deputados e senadores, visando a rejeição
igualmente total ou parcial das decisões do Executivo. E são novos comentários
mimeografados ou impressos, fortalecidos por argumentos orais junto aos
legisladores.

Então aqui no Brasil, a molde de outros países do mundo, já se sentem,


também, os efeitos dos “grupos de pressão” nos trabalhos legislativos?
- Sim. Ora é o problema do açúcar, jogando os interesses do Norte contra o sul; ora
é o problema do papel, pondo em cheque interesses de importadores contra a
indústria nacional; doutra feita é a controvertida questão do café, em que debatem
produtores, intermediários e a política do IBC; outras vezes são assuntos da
siderurgia, em que contrabatem objetivos nacionalistas e interesses de grupos
estrangeiros; freqüentemente surgem temas tributários, aduaneiros, creditícios,
trabalhistas, relacionados com o comercio, a indústria, a agricultura, o funcionalismo,
o operariado. Todo esse complexo nacional vai como regatos, rios ou caudais,
desaguar nos corredores do Parlamento.

Tal estado de coisas é um bem ou um mal?


- Não é nem uma coisa nem outra, porque representa, apenas, uma realidade social,
ainda não considerada jurídica ou politicamente. Os “grupos de pressão” não podem
ser evitados, pois evitá-los seria contrariar a natureza humana. Ninguém que se
sinta prejudicado ou favorecido por um artigo de lei proposto, deixará de manifestar
o seu pensamento.

Os órgãos constitutivos da vitalidade do corpo nacional costumam tomar


alguma iniciativa particular, para tentar suavizar a situação existente?
- Como expressão da vida desses órgãos temos os freqüentes congressos de
indústria, de comerciantes, de agricultores, de bancários, de operários de fábrica, de
funcionários públicos, de classes liberais.

E o que se discute nesses congressos?


- Neles se discutem matérias que dizem respeito a cada uma dessas categorias,
resultando relatórios, memoriais, estudos, conclusões, que são enviados ao
Legislativo ou aos órgãos do Executivo, morrendo nas gavetas, sem nenhum
resultado prático.

O que é necessário para resolver, de vez, o problema?


- É necessário transformar uma realidade social em norma constitucional.

Em que se apóia o Integralismo para reivindicar essa transformação?


- O desenvolvimento da Economia, os avanços culturais decorrentes do progresso,
da ciência e da técnica e a amplitude e complexidade crescentes do aparelho
administrativo em todos os países, criaram em nosso século necessidades novas,
que se esforçam por serem atendidas. Já Santo Agostinho, no IV século da nossa
era, declarava: “Os regimes políticos evoluem, a lei segue suas vicissitudes; os
costumes se transformam e a lei se adapta às suas variações. Aspirações, até antão
desconhecidas aparecem, necessidades imprevisíveis surgem e é de todo
indispensável rever as leis para as satisfazer”. A lentidão com que se opera a
translação dos costumes para a lei escrita levou Alberto Torres, com grande
clarividência, a escrever o seguinte, no seu livro “Organização Nacional”: “ Na
verdade todos os países possuem um regime constitucional verdadeiro, mas
subterrâneo. Está ai o terrível problema da arte política: conciliar a realidade com a
abstração, ou pelo menos, aproximar a verdade das coisas do nível ideal da lei. Um
regime puro seria aquele em que os dois planos se confundissem; assim, o regime
constitucional progride quando o plano inferior se aproxima da concepção legal. A
regra geral é que a marcha das nações se opera através ou apesar das instituições
nominais, de acordo com as correntes profundas que as impulsionam ou dirigem”.

Essa incapacidade, verificada no Brasil, para observar e compreender as


realidades da Nação e as exigências decorrentes do tempo que tudo vai
transmitindo, representa uma insuficiência apenas brasileira?
- Não. Em outros países vem se dando a mesma coisa. Na França, por exemplo. No
prefácio do livro “Homem Travail” de G. Le Fèvre, Tardieu diz: “Chegamos, nesta
matéria, como em outros assuntos, depois de tantos anos, sob o regime das
emendas, tímidas adições ratificativas de indiscutíveis rotinas. É preciso passar, das
emendas que mascaram, para a reforma que constrói”.

Já existem, no Brasil, organizações de categorias econômicas ou culturais?


- Sim. As categorias econômicas já se organizaram em entidades, como as
entidades rurais, as federações e confederações industriais, as associações
comerciais, as uniões de empregados no comercio, as associações de funcionários
públicos, os sindicatos operários; do mesmo modo as categorias culturais
expressivas nos Clubes de Engenharia, nas Sociedades de Medicina, na Ordem dos
Advogados, nas Associações de Professores, nas Academias de Letras, de Ciência,
nos Institutos Históricos e Geográficos, nas Religiões.

Por acaso não são essas agremiações que representam e significam as forças
vivas da nacionalidade?
- Sim.
Podemos acusá-las de pouco patrióticas pelo fato de clamarem contra as
crises que as atingem como no caso relativo à agricultura, quando as coisas
não andam bem no setor; ou em se tratando da indústria e do comercio, das
concordatas e falências cujas explicações só tem sido dada pelo monólogo
governamental; ou ao que se refere às profissões liberais, ao funcionalismo e
ao operariado, o drama do custo de vida, não debatido pelos interessados que
a ele se sujeitam passivamente, sem o direito de emitir opinião?
- De maneira nenhuma.

Então qual a solução?


- A solução para se evitar o clamor dessas forças vitais da Nacionalidade é
transformá-las, de simples espectadores, em agentes atuantes e participantes nas
decisões das matérias que lhes dizem respeito. É preciso dar-lhe responsabilidades,
tirá-las do desprezo em que vivem, como verdadeiros escravos, a mendigar favores
que nem sempre lhes são propiciados; elas representam a essência e a substância
dos “Grupos Naturais” de que se devem estruturar as sociedades cristãs, pelo que
lhes são inerentes os direitos de autonomia, oriundos da lídima fonte da Pessoa
Humana.

Então por que não se procura as bases naturais da organicidade do País?


- É o que deseja o Integralismo, ao propor a formação da Câmara Orgânica.

Qual a estrutura dessa Câmara Orgânica?


- A Câmara Orgânica, constituída pelos representantes diretos das categorias
econômicas e culturais da Nação, eleitos por seus pares, funcionará como órgão
técnico de assessoria das outras casas do Congresso e poderá ter iniciativa de
projetos de lei, que serão enviados à Câmara dos Deputados, a qual ajuizará da sua
constitucionalidade e jurisdicidade. Será um órgão de grande precisão técnica ao
contrário do que sucede atualmente nas comissões permanentes da Câmara dos
Deputados e do Senado.

Como assim?
- Adotando-se nessas Casas o critério político, vemos advogados em comissões de
Minas e Energia ou Saúde; médicos ou engenheiros em comissões de Justiça;
comerciantes em comissões de Educação; professores em comissões de
Transportes e assim por diante.

E a conseqüência desse estado de coisa?


- Os estudos são feitos de improviso, pois somente ao cabo de um ou dois anos o
membro da comissão vai entrando no assunto, porque falta-lhe a vivência deles.

E quanto ao poder Executivo?


- Ai se recrutam técnicos e teóricos, leitores de livros soezes em citações de autores
e mais versados em algarismos frios de estatísticas do que na palpitante realidade
humana dos fatos, mais apegados a conceitos e aforismas de doutrinas muitas
vezes superadas, do que ao sincero desejo de pesquisar e sobretudo de ouvir e ver
o que na verdade se passa no País.
E com a Câmara Orgânica?
- Na Câmara Orgânica estarão os homens em cuja própria carne doem os
problemas. Se uma categoria pleiteia uma reivindicação para sua área, o que pode
ser em detrimento de outras, ai estão todas as categorias para debater a questão e
encontrar a linha de equilíbrio, tendo em vista, antes de mais nada, o interesse
supremo da Pátria.

A Câmara Orgânica não diminuirá os poderes e prerrogativas da Câmara e do


Senado?
- Ao contrário, virá fortalecê-los, complementando-os como assessoria técnica e
corrigindo a inexpressividade do sufrágio universal, cujos representantes nada mais
exprimem do que as correntes de opinião do País, mas não, especificamente, os
interesses de qualquer das categorias componentes do corpo vivo da Nação.

Existirá outra vantagem com a formação da Câmara Orgânica?


- Sim. Não mais poder-se-ão ouvir as queixas da agricultura, da indústria, do
comercio, do operariado, do funcionalismo, das entidades culturais contra o
Congresso ou poder Executivo, alegando que não foram consultados ao se tomarem
certas deliberações, pois se lhe foi conferido uma parcela de responsabilidade nas
decisões legislativas ou governamentais.

A idéia da implantação da Câmara Orgânica preocupa outros países do


ocidente?
- Principalmente nos Estados Unidos a idéia da Câmara Orgânica vai caminhando a
passos largos nos círculos mais expressivos da cultura norte-americana. Em reunião
de professores catedráticos daquele país, realizada na Universidade de Pittsbourg,
foi debatido o problema dos “grupos de pressão” sobre os parlamentares. Ao cabo
de alguns dias, conforme relata o ilustre jurista Temístocles Cavalcanti, a conclusão
de todos os professores universitários ali convocados foi a de que solução única
seria criar-se o que nos Estados Unidos chamam a Câmara Econômica. E o Bispo
de Nova York, Fulton Sheen, analisando o problema expõe um argumento
esmagador quando diz: “Há mais motivo de identidade de interesse entre um
ferroviário da Califórnia, no Pacifico, e outro em Nova York, no Atlântico, do que
entre duas pessoas que, residindo na mesma cidade, são de profissão diferente”.

A que leva esse ponderação?


- Essa ponderação transcende o âmbito meramente geográfico, adotado como base
pelo sufrágio universal, para atingir o plano de maior expressão humano e de
realidade social, que é o interesse comum dos homens que trabalham na mesma
categoria.

Que outros países se preocupam com a idéia da Câmara Orgânica?


- A odeia é amplamente triunfante no mundo ocidental. Citaremos alguns nomes que
focalizaram o assunto: o socialismo russo Pitirim Sorokim; o catedrático da
Universidade de Viena, Léo Gabriel; o jurista francês Henri Burdeau; o professor da
Universidade de Leningrado Gurwitch, que depois de lecionar em Praga, Bordeus,
Strasbougo e na Sorbonne de Paris, atualmente leciona nos Estados Unidos; Harold
Laski; o jurista italiano Ciacc; e os escritores Danileski, Schubert, Berdiaev, Krosber,
comentados sobre este assunto por Sorokim.
Como reagem os países na atual conjuntura social?
- Os países que adotam o sufrágio impelem os partidos, para obter votos, a
inscrever em seus programas reivindicações das diversas categorias profissionais.

E as associações de classe e sindicatos?


- Passaram a desenvolver ação política.

Então é como se paralelas se tornassem convergentes?


- Exatamente. Os partidos adquirem caráter social e a classe trabalhadora assume
posições políticas.

E a que leva essa convergência?


- Estamos no século das grandes sínteses. Chegamos a este ponto no momento em
que vivemos, temos de caminhar para a síntese, que polarizará numa só expressão,
o econômico, o político, o cultural e o espiritual. A Câmara Orgânica será o primeiro
sinal dos tempos novos, o instrumento de harmonização entre o poder do Estado e
as forças vivas da Nação.

E o que é necessário fazer para dar esse primeiro passo?


- Temos de passar da falsa democracia das massas para a democracia verdadeira
do povo.

Como assim?
- Urge tirar o verdadeiro povo, coordenado em suas respectivas categorias, da
situação de marginalização em que vive, enquanto as massas insensatas elegem
representantes sem nenhum vínculo que os liguem a qualquer dos órgãos vitais da
Nação.

Então é uma verdadeira Revolução?


- Sim. A Câmara Orgânica será o início da revolução tão necessária para acabar
com os ídolos, fetiches e Cagliostros que iludem as multidões e desencadeiam
campanhas injustas contra governos honestos e homens honrados que não
compactuam com suas mágicas de feira.

Plínio Salgado teve a oportunidade de apresentar o Projeto da Câmara


Orgânica ao Parlamento?
- Sim. Através da Emenda Constitucional nº 609, assim redigida:
Ao artigo 28 do Cap. VI do Projeto de Constituição de iniciativa do Poder Executivo,
acrescentando-se:
“e da Câmara Orgânica”.
Onde convier:
Art. A Câmara Orgânica será constituída pelos representantes diretos das
categorias econômicas e culturais da Nação, eleitos pelos órgãos de classe, em
número de dois para cada uma, e com as mesmas prerrogativas dos membros do
Congresso.
Art. A Câmara Orgânica funcionará como órgão técnico de assessoramento das
outras Casas do Congresso e poderá ter iniciativa de projetos de lei que serão
enviados à Câmara dos Deputados, a qual ajuizará de sua constitucionalidade e
jurisdicidade.
Art. A manutenção da Câmara Orgânica correrá por conta das categorias
representadas, na forma estabelecida em lei.
Art. São consideradas categorias econômicas as atuais Federações e
Confederações das classes patronais e de empregados.
Art. São consideradas categorias culturais as instituições de cultura nos diversos
ramos científicos, técnicos, literários e artísticos e as entidades representativas das
profissões liberais.
Art. Os projetos oriundos de uma categoria deverão ser discutidos com a
participação de todas, visando-se evitar desequilíbrios resultantes das implicações
que a medida legislativa proposta possa ter sobre outros setores da vida nacional.
Art. Nenhuma lei que se relacione com qualquer das categorias econômicas e
culturais do País poderá ser aprovada sem parecer prévio da Câmara Orgânica.
Parágrafo único. Os pareceres da Câmara Orgânica sobre projetos oriundos da
Câmera dos Deputados, do Senado ou do Poder Executivo, terão caráter opinativo.
Art. O Poder Executivo deverá ouvir a Câmara Orgânica sobre matérias de decreto
ou instrução que afetem interesses das categorias econômicas e culturais da Nação.
Art. Em cada Estado da União haverá uma Câmara Orgânica Regional, eleita pelas
federações de classes, a qual se organizará e funcionará de acordo com os artigos
precedentes, nos assuntos relativos à competência das Assembléias Legislativas e
do Governo do Estado.

Problemas básicos da Nação


____________________________________
INDUSTRIA, COMERCIO E AGRICULTURA
Se os integralistas estivessem no poder, que fariam em relação à Industria, ao
Comércio e à Agricultura do País?
- Da filosofia integral que adotam decorre uma criteriologia governamental baseada
na co-relação dos fenômenos sociais e econômicos e na íntima conexão dos
diferentes problemas que se oferecem à consideração dos homens de Estado. O
desenvolvimento harmônico da Industria, do Comercio e da Agricultura significará o
perfeito equilíbrio econômico de que o País necessita para o seu desenvolvimento.

A) INDUSTRIA
O que o governo integralista faria pela indústria?
- Facilitaria por todos os meios o progresso industrial, a partir das indústrias de base
que garantem maior expansão de todas as outras. Preocupar-se-ia com a criação de
novas indústrias, principalmente as que visassem o aproveitamento das matérias-
primas nacionais. Evitaria a concentração industrial, criando outros pólos de
desenvolvimento no setor.

E quanto às matérias-primas nacionais?


- Organizaria equipes de especialistas (mineralogistas, botânicos, químicos, físicos)
para o estudo das riquezas brasileiras e seu aproveitamento industrial.

E o que mais?
- Entraria, com visão nova, numa fase de predomínio da tecnologia, incrementando
a criação cada vez maior de novos laboratórios de pesquisas e institutos culturais,
para a elevação dos índices de nossa capacidade técnica.

E quanto às empresas?
- Garantiria os direitos da livre empresa e restringiria os limites da intervenção
estatal e da concorrência estatal, que são fatores de desânimo.
E no que se refere às greves?
- Além de leis regulamentando as greves, faria cessar os colapsos freqüentes da
produção, ocasionados pelas paredes suscitadas com fins políticos; esse objetivo
seria facilitado pela presença de representantes operários e empresariais na
Câmara Orgânica, onde um espírito de harmonia seria criado no trato de problemas
que interessam empregados e empregadores.

E o que mais?
- Favoreceria, enfim, por todos os meios, as indústrias do País; dando oportunidade
aos seus órgãos representativos a se manifestarem na Câmara Orgânica, como
conhecedores mais diretos dos assuntos relacionados com suas atividades.
B) COMÉRCIO
Como o Integralismo considera o Comércio?
- Como o sistema de circulação do corpo da Pátria. À semelhança do que se passa
no organismo humano, a Indústria e a Agricultura criam os glóbulos vitais, que pelo
Comércio atingem o grande pulmão que é o mercado ou a praça; ai recebem o
oxigênio do negócio ou venda, transformando-se no sangue vermelho (dinheiro) que
volta ao ponto de partida, para revitalizar os órgãos da produção, a fim de que
produzam mais.

Como é, comumente, visto o Comércio?


- Esquecidos de que sem o Comércio de nada valeria termos Indústria e Agricultura,
longe de ser facilitada a sua tarefa, o Comércio tem sido olhado injustamente como
um instrumento de espoliação, sujeitando-se a verdadeiras perseguições
governamentais, sobretudo através de medidas contrárias às leis naturais da
economia, todas artificiais no que se refere ao problema dos preços, sem consulta a
dados estatísticos exatos que atendam ao custo da mercadoria, seu transporte, os
ônus dos impostos e as imposições das leis trabalhistas, não se falando na
insegurança criada pela desvalorização monetária.

Existem ainda, maiores gravames pesando sobre o Comércio?


- Sim. A atividade comercial é ainda atormentada pela variedade e multiplicidade de
impostos e contribuições municipais, estaduais e federais, todos em épocas
diferentes e sujeitos ao regime do papelório, não se falando nas fiscalizações muitas
vezes desonestas, que se exercem ou por motivo de perseguição política, ou
inspiradas pelo intuito de chantagem.

E o que fazer?
- Todos esses problemas nos são oferecidos na apreciação da vida comercial
brasileira e urge corrigir tamanhas injustiças. Porisso achamos que também o
Comércio lucrará com a criação da Câmara Orgânica, onde tratará diretamente de
seus interesses, que são o interesse da Nação.

C) AGRICULTURA
Como o Integralismo considera a Agricultura?
- Com referência à Agricultura, o Integralismo entende ser ela e a Pecuária de tal
importância, que não se compreende tenham sido até hoje quase que inteiramente
abandonadas a si próprias esses grande setor da vida nacional. Urgem providências
novas, iniciativas novas, métodos novos, para o desenvolvimento da lavoura e da
pecuária em nosso País.
Como pretende o Integralismo resolver os problemas da Agricultura?
- Segundo o critério já anteriormente enunciado, atentas as correlações dos
fenômenos econômicos e sociais, o progresso da Agricultura e da Pecuária está
intimamente ligado à Indústria e ao Comercio.

Qual a relação entre a Indústria e a Agricultura?


- No que se refere à Indústria, é necessário criar e estimular as já existentes
atividades no sentido de se elevar o nível da produção de tratores, máquinas
agrícolas, implementos, adubos químicos, inseticidas, veículos rurais e tudo aquilo
de que o lavrador ou pecuarista necessita.

E quanto ao Comércio?
- Quanto ao Comércio, precisamos sair da rotina de seus contatos esporádicos e
descoordenados com os produtores do campo, criando-se, com a colaboração das
entidades rurais, sistemática no que se refere ao acesso aos mercados.

Como assim?
- Tal sistema, baseado em levantamentos estatísticos de quantidade e preços de
custos e transporte e numa rede de armazéns, silos, frigoríficos, será um elemento
propulsor do dinamismo da produção agro-pecuária.

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TRANSPORTE
E quanto ao transporte?
- Realizaria uma política de transportes para o barateamento dos fretes e despesas
portuárias, entrave hoje dos maiores para o desenvolvimento de nosso comércio
interno e externo.

E o que mais?
- Com a crise atual do petróleo, além de fontes alternativas de energia, incrementar
a construção de novas vias férreas, movidas a eletricidade ou mesmo a carvão e o
aprimoramento daquelas já existentes.

E isso seria possível?


- Evidentemente. Temos a maior reserva de ferro do mundo – Minas Gerais -, temos
a experiência de Volta Redonda, que pode ser um início para a realização de uma
grande obra siderúrgica. Podemos, portanto, fabricar trilhos, como já fabricamos
vagões e até locomotivas. Entretanto, de quarentas anos para cá, não temos
construído estradas de ferro.

Qual tem sido a ação do Governo no setor?


- A realização de uma política eminentemente rodoviária.

O integralismo é contra essa política?


- Não. É claro que há, também, necessidade de estradas de rodagem, mas se
observamos detidamente, constataremos a concomitância da crise brasileira com o
surto rodoviário e revemos que estamos desgraçando a economia nacional com uso
de transportes em desacordo com a realidade brasileira. Os Estados Unidos, pátria
do automóvel e da gasolina, fazem seu comércio interior transitando 80% no
transporte fluvial – Mississipi, Missouri – e estradas de ferro.
O que acontece no Brasil?
- Nós não temos transportes fluviais, não temos transportes marítimos – porque as
empresas existentes estão cada vez piores e a queda da sua eficiência se acentua
de ano para ano – e não temos estradas de ferro.

O que resulta dessa constatação?


- Que estamos gastando prodigamente, num país paupérrimo. O valor econômico do
que um caminhão transporta não corresponde, para a Nação, à gasolina que ele
consume.

E o transporte fluvial, marítimo ou ferroviário eliminaria esse desperdício?


- Indiscutivelmente, uma vez que tanto os navios como as locomotivas podem ser
movidas a lenha, carvão ou eletricidade.

O que conclui?
- Que é preciso resolver o problema do transporte, tendo-se em vista o problema do
combustível e enfatizando-se a necessidade de se criar fontes de energia
eminentemente nacionais. Com isso estar-se-ia dando um passo formidável para a
solução de todos os problemas sociais e econômicos que afligem a Nação.

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REFORMA AGRÁRIA
Como o Integralismo coloca o problema agrário no Brasil?
- Submetendo-o, também, à criteriologia integralista.

Como assim?
- Numerosos são os projetos chamados de reforma agrária, e intensa é a
propaganda que a respeito do assunto se desenvolve em todo o País. Entendemos
ser necessária e urgente a solução dessa importante questão. Entretanto, submetida
à criteriologia integralista da concepção global das diferenciações em que se
exprime a unidade do tema, entendemos que a maior parte dos que sinceramente
pugnam em tal esfera, pelos interesses do homem do campo, do equilíbrio social e
dos imperativos da produção nacional, tem equacionado mal a sua tese.

Por que?
- Porque partem da apreciação do termo “Terra”, quando deveriam partir do termo
“Homem”. O Integralismo esquematiza o problema considerando que de nada vale
distribuir terras sem que o Homem esteja aparelhado para utilizá-las.

De que necessita o Homem para aproveitar a Terra?


- De vários elementos, a saber:
1) saúde
2) instrução
3) financiamento
4) transporte
5) assistência técnica
Sem esses elementos o que acontecerá?
- O agricultor irá morrer de fome, embora estabelecido no chão mais fértil.

Poderia explicar?
- Suponhamos ter um lavrador perfeita saúde, mas ser analfabeto. Como pode ele
aprender o que lhe é mister para produzir mais e melhor? Demos, entretanto, que
ele tenha saúde e seja instruído, porém sem recursos financeiros, sem crédito
bancário como hoje acontece. Como tocará sua lavoura? Como atualizará a faina
agrícola sem as máquinas indispensáveis ao tombamento, ao plantio, à colheita, às
iniciais operações de beneficiamento dos produtos? Como poderá se utilizar de
adubos adequados? Usemos de otimismo e suponhamos que esse homem tem
saúde, instrução e, por milagre, obteve financiamento para o trato de seu chão, mas
não tem transporte; nesse caso ficará à mercê dos especuladores, com suas frotas
de caminhões, se houver estradas, a pagar-lhe um preço que não atinge os gastos
que fez. Digamos, todavia, que esse agricultor é saudável, instruído, financeiro e
dispões de transportes, mas lhe falta assistência técnica; não conhece a natureza de
seu terreno, ignora quais s processos mais adequados à sua produção, desconhece
a natureza química dos adubos convenientes. Nesse caso, será um lavrador
rotineiro, pouco útil a si mesmo e aos interesses da produção nacional.

E quanto à Terra?
- Passando do termo “Homem” para o termo “Terra”, devemos ter em vista:
1) as diferenciações geográficas e geológicas (vocação da terra) no imenso
território;
2) as diversidades dos tipos de produção;
3) os conceitos variáveis de minifúndios e latifúndio.

Como, então, deverá ser a legislação no setor?


- A legislação há de ser plástica, acomodada às circunstâncias da complexidade
brasileira, científica e tecnicamente instruída no sentido de um planejamento
orgânico.

E o que mais?
- Isto posto, é preciso complementar a Lei Agrária adotando-se um método nacional
de armazenamento e distribuição dos produtos agrícolas, de sorte a liberar o
produtor e o consumidor da bárbara exploração dos intermediários desalmados. Isto
resolverá, ao mesmo tempo, dois problemas: o da justa remuneração ao homem do
campo e o barateamento do custo de vida nos centros urbanos.

O Integralismo possui algum projeto sobre a Reforma Agrária?


- Sim. Os deputados integralistas já apresentaram na Câmara dois projetos sobre o
assunto: um da reestruturação agrária do País e outro criando o fundo nacional para
a reforma agrária. O primeiro foi científica e tecnicamente elaborado, pondo em ação
todos os setores da vida nacional, no sentido de se elevar os índices da produção
nos campos. O segundo, oferecendo ao governo recursos para desapropriações em
dinheiro e execução de um plano de colonização. Temos a certeza de que esses
projetos resolveriam o problema agro-pecuário no Brasil.
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CONCLUSÃO
Uma vez exposto o pensamento político-doutrinário de Plínio Salgado, o que
devemos concluir?
- Em primeiro lugar, que é necessário uma restauração da Democracia,
principalmente neste momento em que é ameaçada pelos totalitarismos que a ferem
mortalmente.

E como atingir esse objetivo?


- Se a Democracia é a livre expressão da personalidade humana, insistimos: é
preciso buscar nas raízes do Homem o principio vital do sistema político a que ele
aspira. A vida da Democracia está, pois, na alma de cada cidadão.

Quais, então, os verdadeiros princípios da Democracia?


- São os princípios fundamentalmente cristãos. É a lei que procede da fé num
Criador do Universo e na imortalidade da alma humana e que sustenta a liberdade
do Homem como prerrogativa do seu espírito.

Qual a condição para a existência da Democracia?


- A Democracia só pode existir com a lei de Deus, que fez o Homem livre e
responsável. Cumpre, pois, como único meio de realizar-se o regime democrático,
uma larga e profunda obra de educação para a Democracia.

E quanto à solução dos problemas nacionais?


- Só a implantação da Democracia Orgânica, como foi exaustivamente demonstrado,
trazendo em seu bojo a Câmara Econômica, poderá solucionar, de vez, todos os
problemas que afligem a Nação Brasileira. Esse é o ideal do Integralismo, criado por
Plínio Salgado.
INDICE
Apresentação
A guisa de Prefácio
1ª Parte: Deus e o Homem
1) Deus e o Homem, base do pensamento integralista
2) O Homem Moderno
a) Tecnicismo
b) Espírito Burguês
c) Agnosticismo
3) A Reconstrução do Homem e a Revolução Interior

2ª Parte: Teorias de Governo


1) Tipos fundamentais de convívio social
a) Liberal Democracia
b) Socialismo
I – Nacional-Socialismo
II – Internacional Socialismo
c) Nazismo, Fascismo, Racismo

3ª Parte: O Estado Integral


1) Definições necessárias
a) País e Pátria
b) Nação
c) Estado
d) Governo

2) Princípios básicos do Estado Integral


a) O Estado e o Homem
b) O Estado e os Grupos Naturais
I – Família
II – A Profissão
III – Propriedade
IV – Município
c) Democracia Orgânica

4ª Parte: Problemas básicos da Nação


1) Industria, Comércio, Agricultura.
a) Industria
b) Comércio
c) Agricultura
2) Transporte
3) Reforma Agrária
4) Conclusão

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