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(Coordenadora)
O INTEGRALISMO
Síntese do pensamento
político-doutrinário de Plínio Salgado
Por que uma corrente política como o Integralismo vai buscar no Evangelho a
sua inspiração?
- Por entender que somente a prática da Verdade pregada pelo Divino Mestre
poderá levar o Homem a alcançar aquela felicidade possível na Terra.
E como combatê-los?
- Contra o monstro Individualismo, opor os deveres do Homem para com a Família,
a Sociedade e a Pátria; contra o monstro Coletividade, os deveres do Homem para
consigo mesmo, no sentido de manter íntegras as expressões de sua personalidade
no Espaço (Propriedade e Nação), no Tempo (Família e Tradição), no Espaço-
Tempo (Liberdade e obrigação de trabalho e direito a salário justo), e, finalmente, na
Eternidade (Religião); contra o monstro Estado, os deveres do Homem em face da
dignidade que lhe confere Deus, caracterizada no principio da intangibilidade da
pessoa Humana e nas responsabilidades decorrentes do livre-arbítrio; contra o
monstro Raça, a fraternidade dos povos, unidos pelo próprio sangue do Salvador;
contra o monstro Liberalismo, o respeito à autoridade dos representantes de Deus
na Hierarquia da Igreja e na ordem temporal.
Por que?
- Porque os dois extremos (autoridade sem limites e liberdade sem freios) estão
sempre dispostos a sacrificar aquilo que mais importa ao Homem conservar
intangível: a dignidade de sua Pessoa, segundo os fins preestabelecidos pelo
Criador.
A) TECNICISMO
O que se entende por Tecnicismo?
- É o conceito que transformou a escala de valores e procedeu à mecanização do
Homem.
E o que aconteceu?
- À proporção que o uso foi se transformando em hábito, o suplemento adquiriu o
caráter de complemento, porque, dispensando-o, o Homem se sente diminuído no
seu poder de domínio do espaço e do tempo.
Como definir, pois, o Homem do Século XX?
Qual a conseqüência?
- Desamparado pelos filósofos, desamparado pelos cientistas, desamparado pelo
Estado, sem moral, sem esperança, sem caridade, o Homem geme no mais extremo
desespero.
E a decorrência disso?
- Nesse estado de espírito de simples objetivo passivo de agentes exteriores, muitas
vezes imprevisíveis, o Homem de nosso tempo, perdendo inteiramente a fé em seu
poder espiritual de intervir na Marcha da História, não apenas se deixa levar pela
corrente dos fatos sociais, porém ainda, no que concerne ao seu próprio governo
pessoal, abdica o seu lugar de Ser Racional e se entrega, inerme e brutalizado, ao
despotismo dos seus próprios instintos. Conforma-se ao “standard” de uma
inconseqüente multidão bestializada à qual adere por incapacidade de reagir.
B) ESPIRITO BURGUES
Qual o maior mal advindo da civilização tecnicista?
- O espírito burguês.
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A RECONSTRUÇÃO DO HOMEM E A REVOLUÇÃO INTERIOR
Como se poderá atingir a Quarta Humanidade?
- Talvez, chegando ao estremo paroxismo esta civilização sem Deus, e se um
pavoroso desastre puzer fim ao orgulho insensato dos cientistas, dos estadistas, dos
poderosos, dos ricos, dos gozadores, dos malfeitores, dos luxuriosos e de todos os
que se agitam aos ventos da loucura, talvez uma Nova Humanidade recomece. E
das cinzas de nossa civilização renascerá, por certo, uma outra – a nova Fênix –
que resplandecerá em juventude de perene beleza, à luz da Graça que vem
d’Aquele que é a própria Luz, a Luz verdadeira que alumia a todo o Homem que
vem ao mundo, conforme diz o versículo do Evangelista de Patmos.
E o que mais?
- Reconstruir o Homem é levar o próprio Homem a reconsquistar-se, Dominar o
comodismo, a preguiça, o ceticismo, a desilusão, o cansaço, a impetuosidade, o
egoísmo, o apego às glórias falazes, convencido de que ninguém tem o direito de
pretender orientar uma Pátria, quando não é capaz de governar-se a si próprio. O
problema do mundo é um problema de santificação das Nações. Porém as nações
não se santificam coletivamente, se cada um dos seus componentes não procurar
aprimorar-se nas virtudes através de sacrifícios.
Qual a conclusão?
- Que o nosso combate deve, portanto, principiar em nós mesmos. E é somente por
esta Revolução Interior que se poderá salvar a democracia, vivificar a liberdade,
enobrecer a Pessoa Humana, engrandecer a Nação, transmitir à posteridade um
patrimônio moral com que se defenda, se afirme e se engrandeça, realizando a
Pátria dos nossos sonhos, que é a Pátria inspirada na lei eterna de Cristo. Isto
porque no próprio Homem, considerado singularmente, lutam dois homens: o velho
e o novo, aquele trazendo a tendência ao Mal, este a iluminar-se com a própria luz
que de si mesmo tira e que é a aspiração ao Bem. Portanto, para combater o mal da
sociedade, precisamos, primeiro, combater o mal em nós mesmos.
Teorias de Governo
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TIPOS FUNDAMENTAIS DE CONVÌVIO SOCIAL
Como se origina a conduta dos Estados na variedade de suas expressões e
modalidades?
- Em três tipos fundamentais de convívio social, a saber:
a) O individualismo;
b) O Coletivismo;
c) O Grupalismo.
E o Coletivismo?
- A supressão total da ordem pela força.
E o Grupalismo?
- É a Democracia Orgânica, a verdadeira democracia.
Por que?
- Porque toda a doutrina ou ação política ou social que coloca em primeiro lugar um
conceito qualquer e em segundo lugar o Homem pode ser taxada de totalitária.
Pode citar exemplos?
- O nazismo colocou em primeiro lugar a raça; o socialismo, a coletividade; a liberal-
democracia, a liberdade isenta de todos os deveres; o capitalismo, o negócio.
Quais as conseqüências?
- O triunfo da força sobre o direito, das transigências sobre os princípios, da vontade
onipotente dos governantes sobre a lei. Em suma, é o predomínio dos fisicamente
mais fortes.
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A LIBERAL DEMOCRACIA
Como se rege a Liberal Democracia?
- Pelo critério individualista, isto é, o Liberalismo.
Como assim?
- O naturalismo do século XVII, com Rousseau, D’Alemberr, Helvetus, Holbach,
substituiu em política, o conceito do Estado e do Governo – Tão luminosamente
expendidos por São Tomás, pelos caprichos da chamada soberania, oriunda das
massas populares desorganizadas, onde cada individuo deixou de ser criatura de
Deus com necessidades tanto do corpo como do espírito, para torna-se, apenas, o
ente-cívico, desprotegido de todo o amparo dos grupos naturais em que o Homem
se agrega para defender-se.
E por que?
- Por ser um regime político do “salve-se quem puder”, a liberal democracia
abandona o ser humano ao seu próprio destino, exigindo dele, apenas um cidadão
votante e pagador de impostos, com boa folha na policia, caderneta de serviço
militar, RG e CPF, haja embora fome na sua casa. Consagra, portanto, o direito das
classes de fazer justiça pelas próprias mãos.
Como assim?
- É um Estado estático, incapaz de adaptar-se dinamicamente à evolução dos
tempos e às necessidades atuais das Nações. E é um Estado amoral porque não há
moral sem conceito filosófico de vida. Na administração pública não podemos
compreender moralidade sem definição de conceito de Estado e de objetivos
nacionais claramente prefixados.
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SOCIALISMO
Como surgiu o Socialismo?
- Em 1848, Marx e Engels lançaram um manifesto conclamando os operários de
todo o mundo a se unirem. Enquanto a doutrina liberal era agnóstica, o marxismo se
apresentou como a doutrina do liberalismo histórico, também chamado dialético,
pela conjunção das concepções materialistas inglesas e francesas com o idealismo
dialético do filósofo alemão Hegel.
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NACIONAL SOCIALISMO
Como considera o Nacional Socialismo a Pessoa Humana?
- Reduz o Homem a simples célula do Estado, desprovido de autonomia e fisionomia
própria.
Como vê o Estado?
- Considera o Estado segundo a concepção de Bluntschli, isto é, o Estado como um
ser vivo, do qual os cidadãos não passa de células.
E o que decorre dessa conceituação?
- Querendo livrar-se de um Estado Totalitário, destinado a absorver a espécie
humana, como no regime comunista, cai na armadilha de um Estado totalitário que
se propõe absorver a Nação.
Como Assim?
- O Comunismo pretende reduzir toda a Humanidade à massa amorfa, onde os
direitos individuais se afogarão no oceano dos direitos coletivos, utopia que só
favorece a uma reduzida casta dirigente. O nacional-socialismo, identificando os
conceitos de Nação e Estado e dando a este configuração e exercício funcional de
caráter biológico, fará desaparecer as marcas da personalidade dos súbitos, sempre
que contrariem os caracteres expressivos da fisionomia estatal.
Mas o Trabalhismo não tem por fim melhora a vida dos trabalhadores?
- O Trabalhismo, pelo contrário, agrava a situação econômica e social sem nenhum
beneficio para os trabalhadores, porque o seu fim único e último é ir forçando as
situações até chegar o dia em que, estando tudo preparado, transformará os
operários, os camponeses, os homens das profissões liberais, todos enfim, em
verdadeiros escravos do Estado ou do Governo. Se o Trabalhismo pretendesse,
realmente, melhorar a vida dos trabalhadores, ele cogitaria de resolver todos os
problemas que se relacionam com o bem estar dos que trabalham.
O bem estar dos que trabalham depende da solução de outros problemas?
- Mas é lógico. O que adianta, por exemplo, aumentar os salários, se também cresce
o custo dos gêneros de primeiras necessidades e dos alugues de casa, não
podendo o operário manter-se com sua família, dado os preços caríssimos que paga
por tudo? O que adianta oferecer garantias para tratamento de moléstias,
aposentadorias e pensões, e outros benefícios, se as condições de saúde pública,
de alimentação, de transportes, são péssimas? O que adianta favorecer o operário
se não se cuida de dar bases sólidas às próprias indústrias? O que adianta pugnar
pelos direitos, aliás, legítimos, dos trabalhadores da cidade, se a agricultura não
produz e, portanto, há falta de gêneros nas grandes cidades e um encarecimento
exorbitante desses mesmos gêneros? E o que adianta ao agricultor produzir, se ele
não tem meios de transporte para trazer a mercadoria que quer vender nas cidades?
E o que adianta facilitar meios de transporte, se não há braços para a lavoura? E
como arranjar braços para a lavoura, se na roça tudo falta ao trabalhador: médico,
farmácia, escola ou os mínimos confortos para uma vida compatível com a
dignidade do trabalho? E o que adianta prodigalizar esses meios aos homens da
roça, se os próprios fazendeiros não encontram apoio do governo, lutando com tais
dificuldades de dinheiro ou crédito, que são obrigados a se sujeitarem aos
açambarcadores que lhes pagam o que bem entendem pelos produtos, sacrificando
dessa maneira os próprios trabalhadores rurais? E que adiantaria amenizar o
esforço dos fazendeiros, se o país não possui máquinas agrícolas a preço razoável,
tendo de importar tudo, por não haver em nossa terra uma indústria suficiente de
ferro? E que adianta tentar resolver o problema do ferro, se não possuímos carvão
de pedra, também chamado hulha, dependendo o nosso país, em matéria de
combustível, dos estrangeiros?.
E o Fascismo?
- Quanto ao Fascismo, o Integralismo o considera um regime de circunstância,
aparecido na Itália no momento em que o Comunismo avançava assustadoramente,
ameaçando a integridade daquela Nação. Não tinha uma doutrina fixa, como o
Nazismo. Sua preocupação era o combate ao comunismo. Uma vez no poder
organizou o Estado baseado no corporativismo católico, absorvendo o partido
cristão de D. Stulzo, no nacionalismo pregado pelo partido desse nome e tradições
históricas do povo italiano e seus ancestrais romanos. Tentou debalde dar ao
movimento um conteúdo filosófico, por esforço de alguns intelectuais como Giovanni
Bentile, mas o sentido político do regime foi pragmático, mais se preocupando com
as realizações administrativas.
O Estado Integral
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DEFINIÇÕES NECESSÁRIAS
Qual o primeiro passo para a formulação de uma doutrina equipadora de
Estado?
- Uma exata conceituação sobre Política, Sociedade, País, Pátria, Nação e Estado.
O que é a Política?
- É o Governo da Sociedade pelo Estado. Podemos também defini-la como a ciência
e a arte de realizar o bem comum.
A Sociedade o que é?
- A Sociedade é a união moral e necessária de seres humanos, vivendo
harmoniosamente, em demanda de seus fins superiores.
E a Pátria?
- Das relações sentimentais entre o Homem e a paisagem física e humana em que
se move é que se originou a idéia de Pátria.
Quais as erradas?
- muitas são essas falsas conceituações. Entre elas existem:
a) As que exaltam o Nacionalismo a tal ponto, que o tornam um instrumento de
preocupação interna e de ameaça externa. Assim o Nazismo e o Comunismo, ao
identificar a Nação com o Estado, sacrificando, porisso, ao Estado, a Pessoa e suas
legitimas projeções e tornando-se por assim dizer, um Nacionalismo anti-
nacionalismo, porque a pretexto de salvar, mata a Nação em tudo que diz respeito à
sua essência e substância.
b) As que condenam “in limine”, todo nacionalismo.
c) As que tomaram o nacionalismo como sinônimo de xenofobia, de jacobinismo, de
atitudes de repulsa às nações estrangeiras.
E o que mais?
- A disciplinação deve também ser no sentido de que, na verdade, entrem valores
monetários no país, impedindo-se que empresas estrangeiras, servindo-se de
Bancos estrangeiros, utilizem dinheiro brasileiro para montar sua indústria ou
comércio, iludindo, assim a boa fé nacional. Deve, ainda, regular a remessa de
lucros de sorte a se evitar as sucessivas sangrias que, por intermédio do capital
estrangeiro inescrupuloso, depauperam a Nação. Dentro desse espírito, devemos,
através de uma reforma bancária, impedir que Bancos estrangeiros, trazendo
contribuição mínima, girem com o próprio dinheiro brasileiro neles depositados. No
mais, não devemos temer o capital estrangeiro, mas até estimular o seu ingresso no
País.
Então, segundo o que foi exposto, não se pode confundir Nação e Estado?
- Jamais. Aliá, essa identificação está na raiz dos totalitarismos.
E o que concluir?
- O Estado pode variar de formas políticas, mas não pode, em face do direito
natural, em face da finalidade que Deus designou à Criatura Humana, variar de
essência.
Como assim?
- Os problemas têm de ser resolvidos em conjunto. Todos têm de ser enquadrados
num só pensamento e subordinados a uma única orientação geral e
supervisionadora.
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O HOMEM E O ESTADO
Em que se baseia o Estado Integral?
- Na concepção integral do Homem, sendo base fundamental do Estado Integral a
intangibilidade da Pessoa Humana e do Livre Arbítrio de cada um. Para ele a
Pessoa Humana é o ponto de partida e de chegada de todas as cogitações sociais e
políticas, o fundamento dos Grupos Naturais, a fonte do direito e da independência
das Nações. Porisso é preciso colocar o Homem como base de toda a ordem social.
A) A FAMILIA
Qual o primeiro e mais importante Grupo Natural?
- É a Família.
Por que?
- Porque o Homem e sua Família procedem o Estado.
O que é preciso para uma formação que tornem úteis à Nação os homens e as
mulheres?
- É preciso não unilateralizar o problema apenas ministrando conhecimentos
literários ou técnicos, mas também os fundamentos da moral e do civismo, pois a
falta ou má aplicação desse ensino é que têm produzido no país multidões de
egoístas, oportunistas e irresponsáveis.
Como assim?
- A Revolução Francesa destruiu as corporações. Como sucedâneo destas surgiram
os partidos políticos. Mas os partidos políticos tomaram por base, apenas, um dos
aspectos do Homem: o Homem-cívico. Não representavam, de fato, os interesses
das diferentes classes sociais. A industrialização subseqüente suscitou novos
problemas de caráter econômico-social, estranho às preocupações dos partidos.
Sentindo os trabalhadores que os partidos políticos não se preocupavam com os
problemas, foram se organizando em uniões, federações e confederações. Essas
associações verificaram que os problemas econômico-sociais relacionavam-se
intimamente com os problemas políticos. Como conseqüência os sindicatos de
trabalhadores, ainda que organizados muitas vezes com fins econômicos,
adquiriram tom político; os partidos, que são essencialmente políticos, vão
inscrevendo nos seus programas reivindicações de caráter econômico-social.
E o que concluir?
- A evidencia da necessidade de criação de corporações que tenham caráter
econômico e político, como preconiza o Integralismo, isto é, com prolongamento na
Câmara Política, esta sendo independente.
C) PROPRIEDADE
E quanto à Propriedade? Firmado o princípio da legalidade da propriedade
familiar, é natural que perguntemos: qual o conceito do Integralismo sobre a
propriedade em geral?
- O Integralismo considera a Propriedade, qualquer que ela seja, desde que
adquirida honestamente, como trabalho acumulado. Ora, se o Trabalho, na
concepção integralista, participa da liberdade, da intangibilidade e da dignidade do
Homem, logicamente a Propriedade que dele se origina, também participa daquelas
prerrogativas humanas. É, portanto, intangível. Mas o direito e posse sobre as
propriedades estão sujeitas a deveres, pois não existe nenhum direito que não
corresponda a um dever e nenhum dever que não corresponda a um direito.
D) MUNICÍPIO
O que é Município?
- É uma reunião de pessoas, de famílias autônomas, de propriedades de que o
homem dispõe livremente, de grupos de trabalhadores livres.
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DEMOCRACIA ORGANICA
Que quer dizer Democracia?
- Etmologicamente, Democracia é o governo do povo. O que supõe o
reconhecimento efetivo das prerrogativas da Pessoa Humana e a participação mais
direta dos cidadãos no governo do Estado. Essa participação se processa através
do voto.
Como assim?
- Está claro: um metalúrgico entende muito mais de seus próprios problemas do que
um tecelão; o médico sabe mais de suas próprias necessidades que o engenheiro;
este mais que o advogado e assim por diante. Podemos exemplificar com os órgãos
do corpo humano: e falem em nome das Famílias; os que trabalham (e são todos os
homens, segundo as Leis aos rins cabe a tarefa de filtrar e para isso ele está
aparelhado convenientemente; assim acontece ao coração, ao pulmão, ao fígado.
Todos são órgãos vitais, mas não poderão jamais cumprir a tarefa dos outros. É da
correta realização de suas funções e da harmonia entre todas essas mesmas
funções, que resulta a saúde do corpo humano.
Por acaso não são essas agremiações que representam e significam as forças
vivas da nacionalidade?
- Sim.
Podemos acusá-las de pouco patrióticas pelo fato de clamarem contra as
crises que as atingem como no caso relativo à agricultura, quando as coisas
não andam bem no setor; ou em se tratando da indústria e do comercio, das
concordatas e falências cujas explicações só tem sido dada pelo monólogo
governamental; ou ao que se refere às profissões liberais, ao funcionalismo e
ao operariado, o drama do custo de vida, não debatido pelos interessados que
a ele se sujeitam passivamente, sem o direito de emitir opinião?
- De maneira nenhuma.
Como assim?
- Adotando-se nessas Casas o critério político, vemos advogados em comissões de
Minas e Energia ou Saúde; médicos ou engenheiros em comissões de Justiça;
comerciantes em comissões de Educação; professores em comissões de
Transportes e assim por diante.
Como assim?
- Urge tirar o verdadeiro povo, coordenado em suas respectivas categorias, da
situação de marginalização em que vive, enquanto as massas insensatas elegem
representantes sem nenhum vínculo que os liguem a qualquer dos órgãos vitais da
Nação.
A) INDUSTRIA
O que o governo integralista faria pela indústria?
- Facilitaria por todos os meios o progresso industrial, a partir das indústrias de base
que garantem maior expansão de todas as outras. Preocupar-se-ia com a criação de
novas indústrias, principalmente as que visassem o aproveitamento das matérias-
primas nacionais. Evitaria a concentração industrial, criando outros pólos de
desenvolvimento no setor.
E o que mais?
- Entraria, com visão nova, numa fase de predomínio da tecnologia, incrementando
a criação cada vez maior de novos laboratórios de pesquisas e institutos culturais,
para a elevação dos índices de nossa capacidade técnica.
E quanto às empresas?
- Garantiria os direitos da livre empresa e restringiria os limites da intervenção
estatal e da concorrência estatal, que são fatores de desânimo.
E no que se refere às greves?
- Além de leis regulamentando as greves, faria cessar os colapsos freqüentes da
produção, ocasionados pelas paredes suscitadas com fins políticos; esse objetivo
seria facilitado pela presença de representantes operários e empresariais na
Câmara Orgânica, onde um espírito de harmonia seria criado no trato de problemas
que interessam empregados e empregadores.
E o que mais?
- Favoreceria, enfim, por todos os meios, as indústrias do País; dando oportunidade
aos seus órgãos representativos a se manifestarem na Câmara Orgânica, como
conhecedores mais diretos dos assuntos relacionados com suas atividades.
B) COMÉRCIO
Como o Integralismo considera o Comércio?
- Como o sistema de circulação do corpo da Pátria. À semelhança do que se passa
no organismo humano, a Indústria e a Agricultura criam os glóbulos vitais, que pelo
Comércio atingem o grande pulmão que é o mercado ou a praça; ai recebem o
oxigênio do negócio ou venda, transformando-se no sangue vermelho (dinheiro) que
volta ao ponto de partida, para revitalizar os órgãos da produção, a fim de que
produzam mais.
E o que fazer?
- Todos esses problemas nos são oferecidos na apreciação da vida comercial
brasileira e urge corrigir tamanhas injustiças. Porisso achamos que também o
Comércio lucrará com a criação da Câmara Orgânica, onde tratará diretamente de
seus interesses, que são o interesse da Nação.
C) AGRICULTURA
Como o Integralismo considera a Agricultura?
- Com referência à Agricultura, o Integralismo entende ser ela e a Pecuária de tal
importância, que não se compreende tenham sido até hoje quase que inteiramente
abandonadas a si próprias esses grande setor da vida nacional. Urgem providências
novas, iniciativas novas, métodos novos, para o desenvolvimento da lavoura e da
pecuária em nosso País.
Como pretende o Integralismo resolver os problemas da Agricultura?
- Segundo o critério já anteriormente enunciado, atentas as correlações dos
fenômenos econômicos e sociais, o progresso da Agricultura e da Pecuária está
intimamente ligado à Indústria e ao Comercio.
E quanto ao Comércio?
- Quanto ao Comércio, precisamos sair da rotina de seus contatos esporádicos e
descoordenados com os produtores do campo, criando-se, com a colaboração das
entidades rurais, sistemática no que se refere ao acesso aos mercados.
Como assim?
- Tal sistema, baseado em levantamentos estatísticos de quantidade e preços de
custos e transporte e numa rede de armazéns, silos, frigoríficos, será um elemento
propulsor do dinamismo da produção agro-pecuária.
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TRANSPORTE
E quanto ao transporte?
- Realizaria uma política de transportes para o barateamento dos fretes e despesas
portuárias, entrave hoje dos maiores para o desenvolvimento de nosso comércio
interno e externo.
E o que mais?
- Com a crise atual do petróleo, além de fontes alternativas de energia, incrementar
a construção de novas vias férreas, movidas a eletricidade ou mesmo a carvão e o
aprimoramento daquelas já existentes.
O que conclui?
- Que é preciso resolver o problema do transporte, tendo-se em vista o problema do
combustível e enfatizando-se a necessidade de se criar fontes de energia
eminentemente nacionais. Com isso estar-se-ia dando um passo formidável para a
solução de todos os problemas sociais e econômicos que afligem a Nação.
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REFORMA AGRÁRIA
Como o Integralismo coloca o problema agrário no Brasil?
- Submetendo-o, também, à criteriologia integralista.
Como assim?
- Numerosos são os projetos chamados de reforma agrária, e intensa é a
propaganda que a respeito do assunto se desenvolve em todo o País. Entendemos
ser necessária e urgente a solução dessa importante questão. Entretanto, submetida
à criteriologia integralista da concepção global das diferenciações em que se
exprime a unidade do tema, entendemos que a maior parte dos que sinceramente
pugnam em tal esfera, pelos interesses do homem do campo, do equilíbrio social e
dos imperativos da produção nacional, tem equacionado mal a sua tese.
Por que?
- Porque partem da apreciação do termo “Terra”, quando deveriam partir do termo
“Homem”. O Integralismo esquematiza o problema considerando que de nada vale
distribuir terras sem que o Homem esteja aparelhado para utilizá-las.
Poderia explicar?
- Suponhamos ter um lavrador perfeita saúde, mas ser analfabeto. Como pode ele
aprender o que lhe é mister para produzir mais e melhor? Demos, entretanto, que
ele tenha saúde e seja instruído, porém sem recursos financeiros, sem crédito
bancário como hoje acontece. Como tocará sua lavoura? Como atualizará a faina
agrícola sem as máquinas indispensáveis ao tombamento, ao plantio, à colheita, às
iniciais operações de beneficiamento dos produtos? Como poderá se utilizar de
adubos adequados? Usemos de otimismo e suponhamos que esse homem tem
saúde, instrução e, por milagre, obteve financiamento para o trato de seu chão, mas
não tem transporte; nesse caso ficará à mercê dos especuladores, com suas frotas
de caminhões, se houver estradas, a pagar-lhe um preço que não atinge os gastos
que fez. Digamos, todavia, que esse agricultor é saudável, instruído, financeiro e
dispões de transportes, mas lhe falta assistência técnica; não conhece a natureza de
seu terreno, ignora quais s processos mais adequados à sua produção, desconhece
a natureza química dos adubos convenientes. Nesse caso, será um lavrador
rotineiro, pouco útil a si mesmo e aos interesses da produção nacional.
E quanto à Terra?
- Passando do termo “Homem” para o termo “Terra”, devemos ter em vista:
1) as diferenciações geográficas e geológicas (vocação da terra) no imenso
território;
2) as diversidades dos tipos de produção;
3) os conceitos variáveis de minifúndios e latifúndio.
E o que mais?
- Isto posto, é preciso complementar a Lei Agrária adotando-se um método nacional
de armazenamento e distribuição dos produtos agrícolas, de sorte a liberar o
produtor e o consumidor da bárbara exploração dos intermediários desalmados. Isto
resolverá, ao mesmo tempo, dois problemas: o da justa remuneração ao homem do
campo e o barateamento do custo de vida nos centros urbanos.