Você está na página 1de 13

Liberalismo e

Fundamentalismo
Teológico!

TEXTO ÁUREO
"Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em
vosso coração; e estai sempre preparados
para responder com mansidão e temor a
qualquer que vos pedir a razão da
esperança que há em vós." 1 Pe 3.15
TEXTO BÍBLICO BÁSICO

Colossenses 2.1-7
1 - Porque quero que saibais quão grande
combate tenho por vós, e pelos que estão em
Laodiceia, e por quantos não viram o meu rosto
em carne;
2 - para que os seus corações sejam consolados,
e estejam unidos em amor e enriquecidos da
plenitude da inteligência, para conhecimento
do mistério de Deus — Cristo,
3 - em quem estão escondidos todos os tesouros
da sabedoria e da ciência.
4 - E digo isto para que ninguém vos engane
com palavras persuasivas.
5 - Porque, ainda que esteja ausente quanto ao
corpo, contudo, em espírito, estou convosco,
regozijando-me e vendo a vossa ordem e a
firmeza da vossa fé em Cristo.
6 - Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo,
assim também andai nele,
7 - arraigados e edificados nele e confirmados
na fé, assim como fostes ensinados, crescendo
em ação de graças.
Palavra introdutória
O Iluminismo foi um movimento filosófico que
transformou o mundo ocidental a partir do início
do século 18. O chamado século das luzes
promoveu uma variedade de ideias centradas nas
ciências e na razão como fonte única e primordial
de autoridade.
A sociedade nunca mais foi a mesma. Houve um
grande despertar na área da literatura, da
filosofia e das ciências. Os inventos mais
revolucionários da história humana surgiram a
partir do Iluminismo.
No entanto, o mesmo movimento que promoveu a
busca do conhecimento científico e defendeu
ideais — como a liberdade, incluindo a religiosa;
a separação entre Igreja e Estado; a igualdade e a
fraternidade —, também questionou a ortodoxia
cristã, sua teologia e ensinos.
A base teológica da Igreja foi profundamente
influenciada, e duas grandes correntes teológicas,
antagônicas, surgiram: Liberalismo e
Fundamentalismo Teológico. Este é o assunto
desta lição.
1. O LIBERALISMO TEOLÓGICO
Foi inspirado no ideário do Iluminismo, com forte
influência do Racionalismo — de René Descartes
(1560–1650) — e do Empirismo — de Locke e Hume.
Naquela época, havia grande resistência contra tudo
que se relacionava à religião e à sua influência sobre a
vida das pessoas. Assim, a partir do início do século 18,
iniciaram a desconstrução dos principais fundamentos
da teologia cristã, aliando a erudição acadêmica e o
Racionalismo ao campo da fé, da Igreja e de seus
ensinos.
O alvo principal do Liberalismo era uma releitura da
Palavra de Deus, evitando que a mesma colidisse com a
razão e o conhecimento tido como científico à época.
Quando notavam aparentes contradições entre as
interpretações tradicionais da fé cristã e as descobertas
científicas, essas interpretações bíblicas eram
descartadas pelos liberais ou eram reinterpretadas.

Seguem alguns pilares do Liberalismo


Teológico: Para os liberais, toda
doutrina bíblica pode ser relativizada ou descartada,
caso haja conflito com a cultura moderna.
1.1. Relativização dos dogmas cristãos
O programa do liberalismo exige total complacência
com a cultura vigente. Desse modo, negam os absolutos
bíblicos e afirmam que a maioria das convicções cristãs
não passa de equívocos e ensinos ultrapassados, que
devem ser abandonados.
1.2. Superioridade da Razão em relação à Fé na busca
da verdade
Os liberais sentem grande desprezo diante das
interpretações teológicas tradicionais. Muitas vezes
rotulam ensinos fundamentais das Escrituras como
fábulas ou mitos. Assim, substituem a Igreja pelas
instituições de ensino superior — e a revelação pela
razão —, considerando-as as verdadeiras detentoras do
conhecimento que levam à verdade.

1.3. Contestação da teologia cristã tradicional

A maior parte dos teólogos liberais contestou os


dogmas cristãos. Eles proclamavam que a crença cristã
nunca foi unanimidade na história da Igreja, havendo
uma evolução histórica nos ensinos bíblicos, conforme
a igreja evoluía. Reinterpretaram as doutrinas bíblicas
para que elas se adaptassem à cultura vigente. Alguns
temas centrais das Escrituras foram relativizados e
colocados ao nível de superficialidades e crendices pelo
movimento liberal.
Os liberais descreram nos seguintes fundamentos
teológicos: na infalibilidade das Escrituras — para
eles, a Bíblia contém, mas não é, a Palavra de Deus; na
doutrina da Queda — ensinaram que Adão não existiu
e o relato da Criação é apenas um mito; na encarnação
de Cristo — para eles, Jesus não nasceu de uma
virgem, e os ensinos sobre Suas duas naturezas (divina
e humana), Sua morte expiatória, ressurreição e
retorno à terra são conclusões erradas e enganosas; no
relato bíblico de milagres — abandonaram a fé no
poder de Deus, na operação de milagres. Negaram
veementemente
a autenticidade dos milagres efetuados por Cristo nos
Evangelhos. Assim, concluíram que Jesus não é Deus,
mas, sim, o maior homem entre todos os homens. Um
exemplo de como o europeu deveria portar-se diante
da sociedade.
Por conta da influência do Liberalismo Teológico na
igreja da Europa, as convicções cristãs foram deixadas
de lado por serem consideradas ultrapassadas ou
equivocadas. Como resultado, a igreja esvaziou-se e a
secularização ganhou proporções gigantescas. Muitos
daqueles que outrora eram seguidores de Cristo
naufragaram na fé.
O Liberalismo Teológico não pode ser limitado ao
passado e ao continente europeu. Ele continua vivo e
ativo hoje, inclusive no Brasil. As universidades
seculares brasileiras que oferecem cursos de teologia
com reconhecimento do MEC, e alguns seminários
teológicos, veiculam ensinos de matiz liberal e
despejam no mercado evangélico, todo ano, um grande
número de formandos comprometidos com esse ponto
de vista — o que é lamentável.
2. O FUNDAMENTALISMO TEOLÓGICO
Hoje, ouve-se muito sobre fundamentalismo islâmico,
budista, confucionista ou político. A palavra
fundamentalismo adquiriu um tom depreciativo, pois
se tornou sinônimo de intolerância, radicalismo
religioso, dificuldade em interagir com novas ideias e
dialogar com as diferenças. O fundamentalista tende
ao isolamento à hostilidade quando discorda de certos
ideais e convicções; no entanto, é preciso ter o cuidado
de não confundir essas ramificações com o movimento
histórico chamado fundamentalismo protestante, pois
não há associação entre uma coisa e outra.
Seguem alguns esclarecimentos sobre o
Fundamentalismo Teológico:
2.1. Uma contraposição ao Liberalismo
O Fundamentalismo Teológico é uma corrente de
pensamento em reação ao Liberalismo Teológico.
Surgiu nos Estados Unidos e recebeu esse nome em
1895, numa conferência em Niágara, Ontário, Canadá.
Neste evento, foi proclamado que certos dogmas da
Igreja são absolutos e constituem sua coluna vertebral.
Sendo assim, não podem ser relativizados ou
modificados em sua essência.
2.2. Uma reafirmação dos fundamentos bíblicos
A migração de teólogos europeus liberais para os
Estados Unidos, no início do século 19, culminou com a
entrada do liberalismo nas igrejas norte-americanas e
em seus seminários. Com isso, as certezas de jovens
seminaristas foram abaladas. Eles passaram a
questionar muitas coisas dentro da igreja e muitos
tornaram-se resistentes ou rebeldes às autoridades
eclesiásticas. Além disso, muitos cristãos desviaram-se
e perderam a fé.
A conferência fundamentalista de Niágara foi uma
reafirmação dos fundamentos bíblicos abandonados
pelos liberais. Nela, foram reiteradas as doutrinas que
todo cristão deveria acreditar, sem relativizar ou
desviar-se delas. São estas as doutrinas:
2.2.1. A infalibilidade das Escrituras
Como na Reforma Protestante, o conceito de Sola
Scriptura foi reivindicado e ao Cânon Sagrado foi dada
uma posição de proeminência. A Bíblia evoca a si a
mesma condição de o Livro do Senhor (Is 34.16); os
Oráculos de Deus (Rm 3.2); e o registro inspirado e
inerrante do Altíssimo à humanidade (2 Tm 3.16,17; 2
Pe 1.20,21).

2.2.2. A divindade de Jesus


As Escrituras Sagradas dão um testemunho inequívoco
da divindade de Cristo. No Antigo Testamento, as
profecias sobre o Messias apontam para um Ser divino
(Is 9.6). No Novo Testamento, temos o testemunho de
João (Jo 1.1); Paulo (Cl 2.9); e do próprio Cristo, que
declarou a respeito de si: Eu sou o Alfa e o Ômega, o
Princípio e o Fim, [...] que é, e que era, o que há de vir,
o Todo-Poderoso (Ap 1.8; cf. 22.13).
2.2.3. A encarnação de Cristo
A encarnação de Cristo figura entre as principais
doutrinas da Bíblia. Ela é o ato pelo qual Deus se fez
homem ou o Verbo se fez carne e habitou entre nós (Jo
1.14). Através da encarnação, o Altíssimo deu uma
grande demonstração do Seu amor incondicional pela
humanidade (Jo 3.16; Rm 5.8; Ef 5.2; 1 Jo 3.16; 4.9).

2.2.4. A morte expiatória de Cristo


Na revelação da ilha de Patmos, Jesus é o Cordeiro que
foi morto desde a fundação do mundo (Ap 13.8). Isto
significa que a morte de Cristo foi decidida num
remotíssimo passado nos conselhos eternos de Deus.
Ela está presente em todo Antigo Testamento e está
representada na tipologia bíblica, como no
protoevangelho, em Gênesis 3.15; no animal que foi
morto para fornecer vestimentas de pele para Adão e
Eva (Gn 3.21); e nos diversos sacrifícios (como o de
Abel) e rituais dos cinco primeiros livros da Antiga
Aliança. Nas palavras de Thiessem (1989, p. 223),
pode-se perceber um cordão escarlate por toda a
Bíblia.
A morte de Cristo não foi um incidente isolado que
pode ser relativizado.
Ela mudou a história da humanidade.
De maneira voluntária, o Deus encarnado morreu em
lugar dos pecadores (Lc 19.10).
No Novo Testamento, o próprio Cristo, começou
a mostrar aos seus discípulos que convinha ir a
Jerusalém, e padecer muito dos anciãos, e dos
principais dos sacerdotes, e dos escribas, e
ser morto, e ressuscitar ao terceiro dia (Mt 16.21).

2.2.5. A ressurreição física de Cristo


Compreendendo a importância da ressurreição de
Cristo para a vida cristã e para os ensinos bíblicos,
Paulo escreveu: Se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa
fé (1 Co 15.17). Se Cristo não ressuscitou, logo é vã a
nossa pregação (1 Co 15.14); seremos tidos como falsas
testemunhas de Deus (1 Co 15.15); permaneceremos
em nossos pecados (1 Co 15.17); e também os que
dormiram em Cristo estão perdidos (1 Co 15.18).

2.2.6. O retorno de Cristo à terra


Não é possível ter coerência cristã sem acreditar ou
relativizar a volta de Cristo à terra. Este assunto ocupa
grande parte Escrituras.
A Bíblia faz mais de 300 menções ao arrebatamento.
Esse acontecimento é citado em capítulos inteiros, e
alguns livros da Bíblia tratam exclusivamente do
assunto, como 1 e 2 Tessalonicenses e Apocalipse.

A Igreja vive a expectativa da parusia,


evento escatológico conhecida como segunda vinda de
Cristo (Mt 16.21; 24.30; Mc 13.32-36; 1 Co 15.51,52; 1
Ts 5.1-6).
2.2.7. Pontos negativos e positivos do Fundamentalismo
Teológico
Negativos
Tendência à interpretação literal da Bíblia. Dificuldade
em aceitar que as versões bíblicas só podem ser
consideradas inspiradas se forem fiéis ao texto bíblico
original.
Tendência ao sectarismo e ao isolamento.
Rejeição às interpretações diferentes da Bíblia, mesmo
quando elas não afetam o cerne do Evangelho.
Positivos O amor e a fidelidade à Palavra de Deus.
Reafirmação da vida com Deus, baseada na santidade.
Ênfase na oração; no estudo das Escrituras; na
vigilância quanto à influência do pecado e de Satanás
no mundo; e no arrebatamento da Igreja.
Distinção entre o Reino de Deus e a cultura humana,
mostrando que o mundo de Deus e o mundo dos
homens são diferentes; que a salvação não tem relação
com o melhoramento intelectual ou a libertação
política.

CONCLUSÃO
O Liberalismo relativizou e renunciou a muitos
fundamentos do cristianismo: uns deixaram de crer
nas Escrituras como infalível; outros passaram a dizer
que Jesus é apenas um grande sábio, e não o Deus
encarnado, que foi morto, ressuscitou e voltará. É
preciso aprender a separar os verdadeiros ensinos
bíblicos dos falsos. É imprescindível não se deixar
enganar e reter o bem (Cl 2.4; 1 Ts 5.21).
ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO
1. Em sua opinião, qual é o principal legado do
Fundamentalismo Teológico?
Fontes:
LIÇÕES DA PALAVRA DE
DEUS N° 56

Você também pode gostar