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A Magnanimidade
Existem dois vôos que simbolizam dois estilos de diversas almas: o vôo da galinha e o
da águia. O vôo da galinha é de baixa altura, faz barulho, levanta poeira e revoluciona o
galinheiro. È símbolo das almas rasteiras, com ideais horizontais e corrida de curto
alcance. Pode fazer muito barulho e dar o que falar, mas geralmente ficam no
esquecimento. São os tipos de almas que apontam a metas que não ultrapassam a
sombra que projeta seu nariz, passam sem deixar pegadas.
A magnanimidade como seu mesmo nome indica faz referencia a grandeza da alma,
anima magna.
Este tipo de alma foi o que caracterizou Karol Wojtyla, como manifestação desta
grandeza de alma, foi conhecido mais tarde como João Paulo Magno.
Em 3 de maio de 1938, recebeu a crisma, e no mesmo mês, passou nas provas finais do
colégio. Em 22 de junho daquele ano, inscreveu-se na faculdade de filosofia da
universidade Jaguelonica, transferindo-se com o pai, em seguida, para Cracóvia. Lá, em
fevereiro de 1940, conheceu Jan Tyranowski, que o apresentou ao grupo Rosário
Vivente e o introduziu ao estudo do misticismo. Em 1 de novembro, começou a
trabalhar na pedreira de Zakrzówek, a fim de evitar a deportação para a Alemanha, que
ocupara a Polônia um ano antes.
O que tem atrás de um homem que bateu tantos records, de um homem quem sabe
maior do século XX? Será que seu segredo, é algo pessoal, incomunicável, ou será parte
de sua missão?
Introdução
Esta é a peça chave da leitura de vida de qualquer santo, assim como também do
papa João Paulo II. Uma vez Karol Wojtyla fez uma confissão muito intima que
descreve de modo perfeito o que quero dizer;
“Tentam entender-me desde fora; mas eu só posso ser entendido desde dentro”
A santidade... este era um tema que preocupava João Paulo II...O bom humor
sempre acompanhava até suas preocupações. Um dia, uma das irmãs que servia no
apartamento pontifício viu a João Paulo II particularmente cansado e lhe confessou
que estava preocupada por “Sua Santidade”; “Eu também estou preocupado por
minha santidade” , lhe respondeu rapidamente com um sorriso”.
SANTO “JÁ”!
Este foi o grito mais escutado e os cartazes levantados na Praza de São Pedro,
no dia de sua morte e durante o seu funeral, esta era a convicção dos fiéis sobre
os méritos de João Paulo II.
Os santos e beatos são proclamados tais, para serem imitados, venerados e para
serem invocados.
Sentia pelos santos uma veneração especial, celebrava suas festas, venerava
suas relíquias, (todas as manhãs depois de tomar café, atravessava a sacristia e
beijava todas as relíquias que tinha em cima de uma mesinha junto ao altar. Ao
lado de um pedaço da relíquia da santa cruz, se exibiam restos dos ossos de são
Pedro, de são Stanislaw, de são Carlos Borromeu, de Santa Hediviges e de
muitos outros beatos e santos. No ultimo período de sua vida, quando já estava
em cadeiras de rodas, pedia que o levasse ante as relíquias para venerá-las); e
lia freqüentemente suas vidas para inspirar-se na prática de suas virtudes.
Guardava a biografia de todos os santos e beatos que canoniza em duas pastas
grossas no seu quarto e as lia freqüentemente.
Este amor aos santos o levou a canonizar e beatificar tantos homens e mulheres
de todas as idades e condições.
Proclamou 1345 beatos e 483 santos, em ambas as coisas mais que todos seus
predecessores nos últimos quatro séculos juntos.
Esta foi a vocação do Papa João Paulo II, e esta é também a vocação de cada cristão,
minha vocação, sua vocação; a vocação do cristão é a santidade, isto firma o Papa
num discurso em sua visita apostólica a Croacia; “estais chamados a santidade em
todas as etapas; na primavera da juventude, na plenitude do verão da idade
madura, no outono e no inverno da velhice, e por ultimo na hora da morte... ”
Uma das características que chama a atenção na vida de João Paulo II, é que possuía
o que podemos chamar “uma santidade de carne e osso”. Todos os santos foram
de carne e osso com nós. Tiveram muitas tentações como nós, é verdade que a vida
de muitos santos, é admirável e não imitável, para alguns destes Deus lhes pedia
coisas extraordinárias, e lhes dava a graça para isto.
Mas no beato JPII tudo, o quase tudo é imitável. Em uma visita a sua querida Pátria
Polônia, em junho de 99 , falando dos santos disse; “o mundo necessita este tipo de
“loucos de Deus”, que travessam a terra como Cristo”,
e sobretudo nos demonstrou com sua vida; se somamos uma por uma todas as
coisas que fez e como as fez, tudo o que sofreu e como o sofreu, os inumeráveis
exemplos de caridade, etc., sem duvida alguma nos daríamos conta que estamos
diante de um gigante, um “monstro”, um titã, e é por isso que lhe dizem “João Paulo
Magno”, este homem tão magnânimo se fez próximo a nós pelos meios de
comunicação, por suas viagens, por seu carisma (sobre tudo com os jovens), etc., a
santidade de sua vida se mostra acessível, alcançável, imitável...
Depois de sua eleição como Papa, chamou por telefone a Cracóvia e pediu que
incluísse gratuitamente no grupo que iam viajar a Roma, para presenciar a
inauguração do pontificado à senhora Maria, empregada doméstica do palácio
arcebispal de Cracóvia. E nos últimos dias de sua vida quis despedir-se dos mais
altos expoentes do Vaticano, mas também de Franco, que se ocupava do
apartamento pontifício e de Arturo, o fotógrafo que o havia acompanhado durante
muitos anos.
JESUS CRISTO
E qual era o segredo de que viemos dizendo, de sua simplicidade... sem duvidas que
o papa tinha de base muitas virtudes humanas, de talentos, mas é impossível negar
que esteja elevado por uma vida espiritual muito intensa. O segredo está em Jesus
Cristo... Deus se fez homem, a santidade então não pode aparecer desencarnada...
“A trajetória existencial de Karol Wojtyla deve, sem duvida alguma, sua luz e seu
principio prioritário à plena adesão a Cristo, a certeza de estar em suas mãos e de
não poder ver-se privado em nenhum momento de seu amor. Uma espiritualidade
expressada com uma extraordinária intensidade as palavras de São Paulo; “Já
não sou eu quem vivo é Cristo que vive em mim” (Gal 2,20)
“Os homens devem entender que não somente não perdem nada com a
adesão a Cristo, senão que ganham tudo, porque em Cristo o homem se faz
mais homem”. (homilia pronunciada em Roma em março de 1981).
“Homem de nossa época! Somente Cristo ressuscitado pode saciar
plenamente tua insubstituível ânsia de liberdade (...) Para sempre!”
(mensagem pascoal no ano 1991).
“Somente Ele é capaz de saciar a nostalgia do infinito que mora no profundo
do vosso coração. Somente Ele pode encher a sede de felicidade que levais
dentro. Porque Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14,6). N’Ele estão
as respostas os interrogantes mais profundos e angustiosos de todo homem e
da mesma história”. (Discurso em Lima, Peru em junho de 1988).
“Queridos jovens já o sabeis; o cristianismo não é uma opinião e não
consiste em vãs palavras. O cristianismo é Cristo! È uma Pessoa, é um
Vivente! Encontrar a Jesus, amá-lo e fazê-lo amar; eis aqui a vocação cristã.”
(Mensagem para XVIII Jornada mundial da Juventude no ano 2002).
Buscava de ver em tudo a vontade de Deus, para isso olhava o mundo “desde o
alto”; sempre que recebia más noticias (enfermidade, morte de João Paulo I, etc)
se perguntava: “O que Deus quer me dizer com isso?” “Me pergunto o que
Deus quer comunicar-me com esta enfermidade”
Aos que lhe perguntavam se era fácil viver a história em primeira pessoa,
respondia; “Quando Deus quer é fácil. Isto simplifica a minha vida; o fato de
saber que é vontade de Deus. È Ele que dispõe as coisas”.
Quando busca sua vocação, devendo mudar seus planos (como ator, estudante);
quando o fazem bispo e logo Papa; quando reflete se deve ou não renunciar ao
Pontificado, em todo o momento o que prima é a vontade de Deus.
b) Sua oração
Em sua casa (seu primeiro seminário como ele mesmo chamou) aprendeu de
seus pais a amor a oração. Gravou em sua alma a profunda piedade de seu pai a
quem muitas
vezes o viu de joelhos rezando. Seu pai era um militar retirado, sério más,
bondoso; muito sofrido, amava muito a sua família e seus filhos.
A oração lhe dava luzes para atuar. Rezava muito e ainda mais, nos momentos
difíceis de seu ministério ou historicamente críticos. Costumava dizer; “A
solução a encontramos rezando mais” , “Temos que rezar muito e esperar um
sinal de Deus ”.
Rezava e jejuava antes de nomear a um bispo em destinos complicados:
“Dedicarei a missa para esta questão e depois elegerei entre um dos
candidatos”.
“Nada tem mais importância para mim ou me causa maior alegria que
celebrar diariamente a Missa e servir ao Povo de Deus na Igreja. E isso é
assim desde o mesmo dia de minha ordenação como sacerdote. Nada pode
mudar em nenhum momento, nem sequer o fato de ser agora Papa”.
Diz uma testemunha: “Se dirigia a Deus antes que as pessoas e antes de
representá-lo pedia a Deus que lhe permitisse ser uma imagem vivente entre
os homens”.
Aos que estavam presentes, a oração não era cansativa; era uma experiência de
outro mundo. Sem contar a preparação e a ação de graças suas missas privadas
sem sermão, duravam 40 min...
Poucos dias após ter apresentado sua tese de conclusão de curso, Wojtyla voltou
à diocese, onde lhe foi confiado o primeiro encargo como vice-pároco de
Niecowic a 30 km do leste de Cracóvia. Era uma comunidade de 5 mil devotos,
espalhados por 13 vilarejos por onde os meios de transporte não passavam.
Quando partiu de Cracóvia para sua nova missão num ônibus, em um
determinado ponto teve que descer e continuar a pé. Então um camponês lhe
ofereceu carona numa carroça. Ao chegar no limite do território paroquial,
Wojtyla desceu, se ajoelhou e rezou por todos os seus novos paroquiano,
seguindo o exemplo de São João M. Vianey o famoso Cura d’Ars.
Sendo bispo trabalhava na capela do Palácio arcebispal dado que ali podia
estudar e rezar sem muitas distrações. Muitos o viram ajoelhado junto ao
escritório que ainda se encontra a esquerda do tabernáculo. Para ele a oração foi
sempre uma fonte de força e inspiração, até o ponto de que, nas pausas entre
uma aula e outra, no seminário, ia a capela a vigorizar-se espiritualmente.
Sendo Papa tiveram que montar-lhe uma plataforma de madeira sobre o frio
mármore de sua capela privada, devido ao seu costume de rezar prostrado.
A oração era para o Papa JPII íntimo diálogo com Deus, das 5 a 6 da
manhã rezava em sua capela privada. Depois no seu dormitório, aonde
meditava. As 7 voltava a capela para celebrar a Missa. Levava sempre
consigo uma folha de papel já amarelo que tinha
dobrado em forma de escapulário com uma oração que ele mesmo tinha
escrito de seu punho e letra, e concluía com estas palavras: “Tudo para Ti,
Sacratíssimo Coração de Jesus”. Ao meio dia o Angelus. Terminava o dia
com as completas. Logo depois do atentado, nem bem se despertou, JPII
perguntou a seu secretário: “Já rezei as completas?”.
Um dia as irmãs onde ia celebrar a Missa quando era sacerdote, o viram vestido
de um modo não tão adequado para proteger-se do rigor do inverno e decidiram
tecer um blusa de lã grossa. Imaginemos o que elas pensaram quando, uma
semana depois, Dom Wojtyla se apresentou sem a blusa, que já tinha dado a um
pobre.
Um domingo pela manhã, na Igreja de são Floriano, os fiéis tiveram que esperar
um bom tempo antes da celebração. O fez somente depois que o sacristão, que
tinha ido a buscá-lo, lhe emprestou seus sapatos. A noite anterior o jovem vice-
pároco havia dado o único par que possuía a um amigo estudante que não tinha
nenhum.
Um ano durante as férias, pegou ditas camisas e como fazia muito calor, lhes
cortou as mangas. Quando chegou o inverno, sua colaboradora domestica, a
senhora Maria, se deu conta da situação e contou ao ecônomo da cúria; este lhe
disse que ia
SEUS SOFRIMENTOS
Um lugar preferencial na sua vida foi o sofrimento. Ele mesmo o definiu como;
“o melhor modo de exercer meu ministério pastoral”.
O sofrimento:
a) Lhe permitia unir-se a Cristo: para JPII era uma “positiva colaboração com
a obra de Cristo”; compreendia e vivia o valor salvífico do sofrimento;
b) Podia expiar e reparar seus pecados e os pecados dos demais homens;
JPII também vivia e concebia o sofrimento como uma forma de expiação e como
uma forma de entrega pessoal á humanidade. As palavras que pronunciou
quando lhe operaram de apêndice em 1996 o revelam com toda claridade:
Uns anos antes (em 1994) depois de outra operação deu uma excelente
interpretação de sua dor; “Quero agradecer este dom, tenho compreendido que
é um dom necessário. O Papa devia ausentar-se desta janela durante quatro
semanas, quatro domingos, devia sofrer este ano como teve que sofrer há treze
anos atrás”.
Qualquer problema físico era para ele um motivo de meditação pessoal: “Me
pergunto o que quer Deus comunicar-me com esta enfermidade”, respondeu
numa ocasião a um médico que lhe havia perguntado como se sentia. (...).
Todas sextas fazia a Via Crucis, foi sempre fiel a esta prática, não importando
donde ou quanto estava ocupado; inclusive uma vez viram rezando no
helicóptero que o trasladava de um lugar para o outro em Jordânia, já que nesta
sexta tinha uma agenda muito apertada e temia não ter tempo de rezar na capela,
como era de costume. Uma fidelidade a que permaneceu firme até o final de
seus dias. Um dia antes de morrer, o 1º de abril de 2005, mais ou menos as dez
da manhã, JPII tentou dizer algo as pessoas que o rodeavam e estas não
conseguiam entendê-lo. A febre alta e a extrema dificuldade para respirar lhe
impediam quase por completo articular palavra. Então lhe levaram uma folha
para escrever. O Papa escreveu que, como era sexta, queria fazer a Via Sacra.
Uma das irmãs presente começou a ler em voz alta enquanto ele, e com muito
esforço, fazia o sinal da Cruz cada vez que iniciava uma das estações.
Durante sua primeira viagem que realizou em 1979 a México, visitou uma igreja
cheia de enfermos inválidos. Uma de suas acompanhantes testemunhou;
“O Papa se deteve ante cada um dos enfermos e teve a clara impressão de que
os venerava a todos: se inclinava a eles, tentava compreender o que lhe diziam
e depois acariciava a cabeça”
João Paulo II tinha um amor de predileção pela Mãe de Deus, existem muitos
escritos manifestando seu amor a Maria Santíssima, no seu livro Dom e Mistério
ele mesmo relata;
Discurso em Polônia:
Discurso na Itália: