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Cições CNS?
C748m Conferência Nacional dos Bispos do Brasil / “Mestre, que eu veja!”
(Mc 10,51): Roteiros Homiléticos do Tempo Comum II Ano B -
Setembro/ Novembro de 2009. Brasília, Edições CNBB. 2009.
"Mestre, que eu veja!” (Mc 10,51): Roteiros Homiléticos do
Tempo Comum II Ano B - Setembro/ Novembro de 2009.
Brasília, Edições CNBB. 2009.
12p.:14x21em
ISBN: 978-85-60263-74-5
1. Liturgia 2. Igreja Católica.
CDU - 264.941.6
Coordenação:
Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia
Coordenação Editorial:
Pe. Valdeir dos Santos Goulart
Projeto Gráfico:
Fábio Ney Koch dos Santos
Diagramação e Capa:
Henrique Billygran da Silva Santos
Revisão Doutrinal:
Pe. Antônio Silva Paixão
Revisão:
Lúcia Soldera
12 Edição - 2009
Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita do autor - CNBB.
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Sumário
Apresentação ...................
rr errre rear re era r arraia 7
Solenidade de N. S. Aparecida
12 de outubro de 2000 ..............eeee
eres ererrrrerrerrrreeneronra 52
Comemoração de todos
os Fiéis Defuntos - Finados
02 de novembro de 2000 ..............eer
eres errrrernnornerererernero 81
Lembretes
1 Cf. CARPANEDO, Penha; GUIMARÃES, Marcelo. Dia do Senhor: guia para as celebrações das
comunidades, tempo comum, ano C. São Paulo: Apostolado Litúrgico, 2004. p. 29.
2 Cf. Ibidem. p. 29.
06 de setembro de 2009
Situando-nos
Recordando a Palavra
Atualizando a Palavra
A palavra de Deus, dirigida a nós, neste domingo, faz reacender
a esperança e a certeza de que Deus cuida, com carinho, de to-
das as pessoas e, de maneira especial, dos necessitados e margi-
nalizados.
Tanto na experiência do povo da primeira aliança, quan-
to do povo da segunda aliança, acontece uma nova criação. Um
novo mundo é possível. Deus não nos abandona. Ele é fiel para
sempre.
O evangelho de Marcos é um alerta para os que se dizem cris-
tãos. O surdo-gago, depois de curado, torna-se um evangelizador.
Nele há disponibilidade para crer e comprometer-se, não facilmen-
te encontrada nos discípulos. A fé emerge rapidamente naqueles
que estavam fora, os pagãos. Tudo isso é um grande desafio para
os que já creem ser cristãos maduros e comprometidos.
Podemos dizer que é um desafio para nós, hoje, fazer opção
por Jesus Cristo, sua vida, suas ações, sua proposta.
A palavra de Deus nos faz rever também nossas opções como
pessoas e comunidades. E a evangélica opção pelos pobres? Preci-
samos ser tocados por Jesus e escutar sua palavra, para termos mais
coragem e decisão para assumirmos sua missão aqui e agora.
“Mestre, que eu veja!” (Mc 10,51)
Sugestões:
3 Suplemento do Ofício Divino das Comunidades: refrões meditativos. São Paulo, Apostolado
Litúrgico. Também gravado em CD.
“Mestre, que eu veja!” (Mc 10,51)
Situando-nos
Recordando a Palavra
O evangelho de Marcos contém duas partes. A primeira, concluída
no capítulo 8, versículo 30, objetiva levar ao reconhecimento de que
Jesus é o Messias (cf. 1,1). A partir do versículo 31, do capítulo 8,
inicia-se a segunda parte que tem a finalidade de explicar que tipo
de Messias é Jesus.
"Mestre, que eu veja!” (Mc 10,51)
Atualizando a Palavra
Sugestões: +
2 DO *ê e adere: O DO A? TD EMO
ao COMB AV
20 de setembro de 2009
Situando-nos
Recordando a Palavra
No evangelho de hoje, lemos o texto do segundo anúncio que Jesus
faz de sua paixão e morte.
Jesus faz três anúncios de sua paixão. Em cada anúncio, há uma
predição, um mal-entendido e uma instrução.
No segundo anúncio, que lemos hoje, Jesus exige de seus dis-
cípulos que se façam servos de todos e recebam as crianças como
Pis PNE - BMC - Roteiros Homiléticos do Tempo Comum Il Ano B - Setembro/ Novembro de 2009
Atualizando a Palavra
4 CARPANEDO, Penha e GUIMARÃES, Marcelo. Dia do Senhor: guia para as celebrações das comu-
nidades, Tempo Comum, Ano B, p. 174.
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27 de setembro de 2009
Situando-nos
No domingo passado, escutamos o segundo anúncio do mistério
pascal de Jesus.
Hoje, o evangelho de Marcos continua a apresentar Jesus ensi-
nando a seus discípulos e indicando as exigências para quem quer
segui-lo: máximo de abertura para com os de fora da comunidade
(cf. vv. 38-40); acolhimento para os pequenos e excluídos; comporta-
mento que não escandalize estes pequenos (vv. 9,41-50).
Somos alertados que o monopólio não é ação do Espírito. Deus
é livre e age onde quer.
Recordando a Palavra
O evangelista Marcos, no texto que lemos hoje, continua a narrar
ensinamentos de Jesus à comunidade, perante algumas atitudes que
não condizem com o Messias-Servo. No caminho, podem aconte-
cer ambição (vv.33-37) inveja, intolerância (vv. 38-41) e escândalos
(vv. 42-48).
À inveja e a intolerância apresentam-se, quando João e outros dis-
cípulos tentam impedir uma pessoa, que está “fora da comunidade”,
de exercer um ministério em nome de Jesus (v. 38). Jesus exorta-os
para que sejam tolerantes e receptivos, pois não deve haver mono-
Ao PNE - BMC - Roteiros Homiléticos do Tempo Comum Il Ano B - Setembro/ Novembro de 2009
Atualizando a Palavra
Sugestões:
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04 de outubro de 2009
Situando-nos
Hoje, Jesus, fiel à aliança com Deus Pai, assumindo todas as conse-
quências deste pacto até o fim, convida-nos a enxergar que a rela-
ção amorosa entre o homem e a mulher é o mais forte sinal da sua
aliança com a humanidade.
A introdução do ritual do matrimônio afirma: “na verdade, fa-
zendo nova criatura e novas todas as coisas, o Cristo Senhor quis o
Matrimônio reconduzido à sua forma e santidade primitivas, de tal
modo que o que Deus uniu, o homem não separe; e, ainda mais,
elevou o pacto conjugal indissolúvel à dignidade de sacramento,
para que significasse mais claramente e exprimisse mais facilmente
a imagem da sua própria aliança com a Igreja”(n. 5).
Celebrando, somos envolvidos pelo amor de Deus que nos aju-
da a vencer nossas contradições e infidelidades, e a participarmos
mais profundamente no amor de Cristo até a crucifixão.
Na celebração do mistério pascal de Cristo, nós, Igreja-esposa,
renovamos nossa aliança com Jesus Cristo, o Esposo fiel. Em seu
corpo e sangue entregues, sinais eloquentes da nova e eterna alian-
ça, nós somos fortalecidos na capacidade de doação e fidelidade nas
relações fraternas, em todos os âmbitos e espaços, com o coração
simples, acolhedor e puro de uma criança.
“Mestre, que eu veja!” (Mc 10,51)
Recordando a Palavra
No evangelho hoje proclamado, Jesus encontra-se no território da
Judeia, do outro lado do rio Jordão (v. 1). A caminho de Jerusalém,
ele continua ensinando seus discípulos.
Antes da entrada de Jesus em Jerusalém, o evangelista Marcos
expõe o ensinamento sobre quatro questões básicas: o matrimônio,
as crianças, a cobiça e a ambição.
A palavra, proclamada hoje, narra duas questões: sobre o ma-
trimônio e sobre as crianças.
A uma interpelação difícil sobre o matrimônio, com a intenção
de colocá-Lo à prova (v. 2), Jesus se contrapõe com outra pergunta
(v. 3) que os interlocutores respondem, revelando seus pontos fracos
(v. 4). Jesus corrige a resposta dada, apresentando a novidade (vv. 5-9).
Os fariseus querem saber de Jesus se o divórcio é permitido
ou não. Jesus devolve-lhes a pergunta, fazendo-os recordar a lei
de Moisés. Os fariseus, conhecedores da Lei, sabem-na na ponta
da língua: “Moisés permitiu escrever uma certidão de divórcio e
despedi-la” (v. 4).
Escrita desta forma, a lei de Moisés (Dt 24,1-3) visava proteger
os direitos da mulher, embora concedesse vantagens ao homem. A
mulher, recebendo o documento do divórcio, estaria livre para se
casar com outro homem, sem o perigo de adultério.
A dureza de coração é o alvo desta lei. A carta (documento)
de divórcio deveria ser assinada por duas testemunhas (homens).
O homem (marido) tinha que reconhecer formalmente o fracasso
do seu casamento e a “violação” da ordem estabelecida por Deus
(Gn 1,27; 2,24; 5,2). Sancionando esta lei, Moisés não contrariou a lei
divina, mas buscou corrigir um comportamento errôneo por parte
dos homens que lesavam o direito da mulher. A carta servia de tes-
temunho, diante de Deus e da sociedade.
Jesus não nega a Lei de Moisés, mas resgata um significado mais
profundo. Ele une num só pensamento o dizer do livro do Gênesis
1,27 e 2,24. Diz que homem e mulher, unidos em matrimônio,
PNE - BMC - Roteiros Homiléticos do Tempo Comum Il Ano B - Setembro/ Novembro de 2009
/
“es
Atualizando a Palavra
A palavra de Deus hoje nos faz reconhecer que somos chamados à
união, à convivência, a sermos pessoas de relação. Embora cada um
seja inteiro em si e possua tudo em si é, no entanto, inacabado. O ser
humano possui uma estrutura dialogal.
? A primeira leitura e o evangelho nos convidam à reflexão pro-
funda sobre o relacionamento entre um homem e uma mulher.
Diante da provocação dos fariseus, Jesus mais uma vez mani-
festa seu jeito de ser, e ressalta a dignidade da mulher, colocando-
a em igualdade com o homem. “A mensagem e a prática de Jesus
significam uma ruptura com a situação imperante e a introdução
de um novo tipo de relação, fundado não na ordem patriarcal da
subordinação, mas no amor indiscriminado que inclui a igualda-
de entre homem e mulher. A mulher irrompe como pessoa, filha
de Deus, destinatária do sonho de Jesus e convidada a ser, como
os homens, também discípula e membro da nova comunidade
messiânico-libertadora”.
Sabemos que não obstante todos os esforços para diminuição da
desigualdade entre homem e mulher, a situação da mulher ainda é
muito difícil. Vale lembrar a afirmação feita pelos bispos em Apare-
cida: “Lamentamos que inúmeras mulheres de toda a condição não
sejam valorizadas em sua dignidade, estejam com frequência so-
zinhas e abandonadas; não se reconhecem nelas suficientemente o
abnegado sacrifício, inclusive a heroica generosidade no cuidado e
educação dos filhos e na transmissão da fé na família. Muito menos
5 MURARO, Rose Marie; BOFF, Leonardo. Feminino e masculino: uma nova consciência para o en-
contro das diferenças. Rio de Janeiro: Sextante, 2002. p. 99.
“Mestre, que eu veja!” (Mc 10,51)
Sugestões:
Situando-nos
Recordando a Palavra
O evangelho propõe o episódio do encontro que acontece entre o
jovem rico e Jesus. O evangelista apresenta uma situação concreta,
sinal de luz e discernimento para o discípulo de Jesus. Como se po-
sicionar diante das riquezas?
O episódio, inserido entre o segundo e o terceiro anúncio da
paixão, faz parte das instruções de Jesus aos discípulos.
O relato transmite ensinamentos sobre a posse de bens mate-
riais: a vocação de um rico (vv. 12-22), o impedimento da riqueza
(vv. 23-27), o prêmio da pobreza (vv. 28-31). O tema da vida eterna
está no começo e no fim do relato (vv. 17 e 30). O tema do Reino de
Deus está no centro (vv. 23.24.25).
Um homem entusiasta e decidido corre ao encontro de Jesus.
Essa pessoa não tem nome. O que se sabe é que ele está à procura
da vida eterna (v. 17b).
Notemos que a série de mandamentos que Jesus recorda, ao
responder ao homem, diz “respeito às relações sociais justas: o res-
peito pela vida, propriedade, integridade e bens vitais dos outros,
bem como o respeito por aqueles que foram a origem da vida das
pessoas (pai e mãe).
O mandamento 'não enganarás” diz respeito às normas de Ex
21,10 e Dt 24,14. Trata-se de não reter o salário dos empregados,
forma de evitar o acúmulo injusto do capital; é também a síntese
do 9º e 10º mandamentos que proíbem a cobiça e os delitos contra
a propriedade. Deus, portanto, nada pede para si; o que fazemos às
pessoas é a Ele que o fazemos (cf. Mt 25,40)".
O homem responde que tem observado estes mandamentos,
desde a sua juventude. Jesus o olha com amor e lança-lhe um desafio
que parece ultrapassar suas capacidades: “Só uma coisa te falta: vai,
vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu.
6 BORTOLINI, José. Roteiros Homiléticos: anos A, B, C, festas e solenidades. 2 ed. São Paulo:
Paulus, 2006. p. 464.
“Mestre, que eu veja!” (Mc 10,51)
Depois vem e segue-me!”.(v. 21). “Mas quando ele ouviu isso, ficou
abatido e foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico” (v. 22).
Jesus deixa claro que a fortuna pode ser grande impedimento
para entrar no Reino dos Céus (cf. 23-25). No entender do homem
rico, ter muitos bens era sinal de bênçãos. Para Jesus, é dificuldade
para entrar no Reino. Jesus é radical: é preciso se desfazer de tudo e
ficar livre para segui-lo.
Sozinho com seus discípulos, Jesus deixa claro que é muito difi-
cilum rico entrar no Reino dos Céus (vv. 23-25). Os discípulos ficam
espantados com a exigência radical de Jesus. Parece ser impossível a
salvação, mas sendo esta um dom, não se compra com riquezas.
Ainda com dificuldade de compreender as exigências de Jesus,
Pedro diz: “Eis que deixamos tudo e te seguimos” (v. 28b). Quem
segue Jesus, encontra a felicidade já aqui, porém com perseguições
(Cv. vv. 29-30).
A primeira leitura é tirada do livro da Sabedoria. Este livro sur-
giu na primeira metade do primeiro século antes de Cristo, no meio
de uma comunidade de israelitas que viviam na cidade de Alexan-
dria. Eles viviam numa cultura helenística, numa sociedade rica e
poderosa, correndo o perigo de trocar valores que eram fundamen-
tais para a cultura israelita. As reflexões sapienciais ajudavam os
judeus da diáspora a se defenderem contra a sabedoria do mundo
(riqueza, poc
poder...) para buscarem a sabedoria divina.
Oautor chama a comunidadeà reflexão: o que torna uma pes-
soa feliz de verdade? O que é ser sábio numa sociedade que se apoia
no poder e na riqueza? Onde está a verdadeira sabedoria?
— Israel, como povo, não pode se desviar de sua vocação à liberda-
de, inaugurada com a experiência do êxodo. A verdadeira sabedoria
é optar por caminhos que não tolhem a liberdade. É não deixar-se
escravizar pelo dinheiro, pelo poder ou pelas riquezas.
Salomão é o protótipo da pessoa sábia. Por isso, é atribuída a ele
a autoria da obra.
O texto que lemos hoje é uma releitura sapiencial da oração de
Salomão e da resposta de Deus (1 Rs 3,7-12).
EV PNE - BMC - Roteiros Homiléticos do Tempo Comum II Ano B - Setembro/ Novembro de 2009
N,
Atualizando a Palavra
Hoje, nos sentimos profundamente tocados pela Palavra de Deus
que é “mais cortante do que qualquer espada de dois gumes”
“Mestre, que eu veja!” (Mc 10,51)
(Hb 7,12). É uma palavra radical que pede de nós uma resposta: sim
ou não. Não suporta meio termo. São dois caminhos: o da vida e
o da morte (cf. Sl 1). Temos liberdade para escolher. Deus nos dá a
sabedoria para discernir.
São muitas as vozes querendo seduzir-nos para a confiança no
poder, nas riquezas, no prazer, na posse...
A iluminação nos vem da própria Palavra. O rei Salomão prefe-
re a sabedoria à riqueza. Esta atitude é exemplar para a comunidade
judaica que vive fora de suas terras, num mundo que tem como
prática outras opções de vida. No entender da comunidade judaica,
são atitudes que não condizem com aquilo que Deus quer. A carta
aos Hebreus nos oferece a Palavra que é lâmpada para nossos passos
e luz para o caminho. Ela não deve voltar para Deus em vão. Deve
ser como o ditado popular: “dito e feito”. Ela desvenda tudo. No
evangelho, temos o exemplo do homem que queria fazer alguma
coisa para ganhar a vida eterna (cf. v. 17), mas diante das exigências
radicais colocadas por Jesus, desiste, sente-se incapaz, apegado às
riquezas e vai embora sem fazer uma opção profunda.
O que esta palavra tem a ver conosco? Com nossa caminhada
pessoal, comunitária e social? Qual a nossa resposta? Quais são nos-
sas opções?
Jesus afirma que é difícil um rico entrar no Reino dos Céus
(cf. v. 23b). Muitas notícias que ouvimos e fatos que presenciamos e
até algumas ações que nós praticamos ou assistimos parados, sem
fazer nada, não condizem com a proposta de Jesus.
Viver coerente com a proposta do Reino de Deus significa es-
colher Deus em primeiro lugar, não só com palavras, mas também
com ações concretas, ou seja, mais ainda, é fazer com que ele tenha
o único lugar em nossa vida: “vai, vende tudo o que tens e dá aos
pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me!”
O Deus que seguimos é aquele que “tem sua glória na pessoa
viva”, como já dizia Santo Irineu.
O homem rico do evangelho era bom, cumpria os seus deveres
legais para com o próximo (cf. vv. 19-20). Porém, o amor de Deus
49 PNE - BMC - Roteiros Homiléticos do Tempo Comum Il Ano B - Setembro/ Novembro de 2009
e ao próximo não era a única razão da vida dele. Ele tinha “outros
amores” — a riqueza (cf. v. 22).
A riqueza acaba escravizando. Deixa a pessoa egoísta, centrada
em si, narcisista. A palavra de Deus nos conclama, como aos discí-
pulos ontem, a revermos nossas opções.
Em Medellín, há quarenta e um anos, os bispos afirmaram:
“O Episcopado Latino-Americano não pode ficar indiferente ante
as tremendas injustiças sociais existentes na América Latina, que
mantêm a maioria de nossos povos numa dolorosa pobreza que, em
muitos casos, chega a ser miséria humana” (capítulo 4).
Em Puebla os bispos retomaram: “Do coração dos vários países
que formam a América Latina está subindo ao céu um clamor cada
vez mais impressionante. É o grito de um povo que sofre e que
reclama justiça, liberdade e respeito aos direitos fundamentais dos
homens e dos povos” (n. 87)
Hoje a realidade continua desafiadora: fome, guerras, desastres
ecológicos, desemprego, políticos que não se interessam pelo bem
do povo e tantos outros desafios. O convite e o apelo de Jesus são
para nós hoje: “Só uma coisa te falta: vai vende tudo o que tens e dá aos
pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me!” (v. 21). O que
vamos fazer? Qual a nossa resposta?
Sugestões: ne
Situando-nos brevemente
* Este roteiro foi preparado pela liturgista Maria de Lourdes Zavarez e pela biblista Maria do
Carmo, publicado no subsídio “Ele está no meio de nós”, Edições CNBB, 2008.
PNE - BMC - Roteiros Homiléticos do Tempo Comum II Ano B - Setembro/ Novembro de 2009
Recordando a Palavra
Uma festa de casamento em uma aldeia sustenta e unifica um gran-
de número de ações simbólicas. Momento que costuma reunir mui-
tas pessoas, o matrimônio é, no Primeiro Testamento, símbolo fre-
quente do amor do Senhor pela comunidade. Na Segunda Aliança,
é símbolo da união do Messias com a Igreja. O vinho é dom do
amor e se anuncia como dom messiânico e símbolo do Espírito.
No Evangelho de João, o “terceiro dia” refere-se ao terceiro dia
depois da promessa feita a Natanael, sete dias depois do testemunho
de João Batista, em Betânia, perto do Rio Jordão. O sinal em Caná
passa-se no sétimo dia, como releitura da la semana do livro do
Gênesis. É a primeira manifestação da glória de Jesus. O versículo 4
demonstra a diferença de planos entre Jesus e Maria. O uso da pala-
vra mulher, não é um tratamento ofensivo, mas um costume grego
existente na época. O v. 6, ao falar das seis talhas de pedra, traz
à tona a necessidade de mudança de uma religião que já não tem
um vinho novo para oferecer, principalmente para os mais pobres.
Cada vasilha de água continha de setenta a cem litros, conforme
nos diz a Bíblia do Peregrino. A tradução da TEB diz 40 litros. Seja
como for, o vinho novo trazido por Jesus é uma quantidade bem
considerável! É abundância! João considera os atos de Jesus como
gestos simbólicos (sinais/sêméion), característicos dos tempos mes-
siânicos. É o primeiro sinal, encabeçando, no Evangelho de João,
uma série de sete sinais.
Qual é o papel de Maria nesse casamento? Ela está presente,
mas não é dito que ela seja uma simples convidada. Sua presença
é importante, pois possui autoridade de circular entre os criados
e de dar-lhes a ordem de obedecer a seu filho Jesus. Ela sabe o que
acontece e tem conhecimento da necessidade do vinho. Como este
casamento é simbólico do casamento messiânico, Maria é a Mãe do
Noivo. (Filhas de Sião, saí para admirar o rei Salomão com a coroa
com que sua mãe o coroa no dia de seu casamento: no dia em que
ele é todo alegria.)-(Cantares 3,11) Jesus retira-se com Maria para
"Mestre. que eu veja!” (Mc 10,51)
Atualizando a Palavra
O primeiro sinal que Jesus realiza acontece no terceiro dia, lem-
brando o dia da ressurreição, da nova criação, da transformação
da situação de menos vida para uma vida plena e cheia de alegria!
A mãe de Jesus é parte integrante da realização desse sinal. Ela
ocupa o lugar central. Nela se manifesta o povo simples e pobre
que espera a chegada do reino do Amor, a plenitude da salvação.
A função de Maria não está determinada apenas pelo fato de ser a mãe
física de Jesus, mas sua figura e sua atuação devem ser entendidas em
termos do seguimento, do discipulado de Jesus e de seu projeto.
55 PNE - BMC - Roteiros Homiléticos do Tempo Comum Il Ano B - Setembro/ Novembro de 2009
Sugestões: a
7 Cf CNBB. Doc. 87. Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil: 2008 - 2010. Brasília:
Edições CNBB, 2008. n. 216.
5 A PNE - BMC - Roteiros Homiléticos do Tempo Comum Il Ano B - Setembro/ Novembro de 2009
18 de outubro de 2009
Situando-nos
acaso podeis beber o cálice que eu vou beber? Podeis ser batizados
com o batismo com que vou ser batizado?” (v. 38).
O cálice e o batismo são imagens da agonia e da morte de Jesus.
Participação e imersão na paixão e morte de Jesus — eis o caminho
da glória. Mesmo aceitando beberem do cálice e participarem do
mesmo batismo de Jesus, os discípulos não recebem a garantia dos
postos de honra, cobiçados por eles.
A resposta de Jesus é desafiadora e convoca todo o grupo a não
repetir o mesmo esquema que está acostumado a ver. É preciso ser
servo de todos, a exemplo do Filho do Homem que veio para servir,
tanto que foi capaz de lavar os pés dos seus.
A lei fundamental que rege a comunidade dos doze e de todos
os discípulos e discípulas de Jesus é, portanto, fazer-se servidor (a)
dos demais. Caracterizada pelo serviço, a comunidade deve cres-
cer, sem desejo de ambição e de poder — renunciar os “valores”
não-evangélicos, como “ser senhor absoluto dos outros”. Ser cris-
"Mestre, que eu veja!” (Mc 10,51)
tão é ser servo, como Jesus (v. 45). Ser o primeiro e o maior é servir
a todos, como Jesus fez (v. 44). Esse é o caminho da glória para um
discípulo de Jesus.
Tudo isto não significa que a comunidade deve caminhar sem
uma autoridade. A autoridade, o líder deve ser o maior servidor, o
primeiro a “beber o cálice”, servindo sempre às necessidades dos ir-
mãos e irmãs, não importa a condição social, a raça, a cor... Só uma
comunidade de servidores poderá contribuir eficazmente na luta
contra as forças opressoras.
Na comunidade dos seguidores de Jesus, a autoridade deve ser
exercida diferentemente de como a exercem os grandes e os chefes das
nações, os quais oprimem e tiranizam as pessoas: “... entre vós não deve
ser assim..”. Nesta comunidade, a grandeza está na opção de servir, a
exemplo de Jesus que veio para servir e dar a sua vida para todos.
Os versículos da primeira leitura do livro do profeta Isaías fa-
zem parte do quarto canto do servo de Javé (52,12-53,12). Este canto
fala da paixão, morte e vitória de um personagem, vítima da socie-
dade injusta em que vive.
O início do canto (52,12-15) narra os sofrimentos a que o servo vai
ser submetido e anuncia também o seu triunfo que pasmará até reis.
O versículo 10 conta que o sofrimento do servo não é por aca-
so, mas desígnio de Deus. O servo, fiel a Deus, aceita livremente o
sofrimento, sendo fiel ao plano de Deus. A aceitação livre vai fazer
com que o seu gesto seja extremamente fecundo.
A morte do servo tem caráter de sacrifício expiatório — o sofri-
mento do justo carrega o pecado de outros. O justo morre por todos
e ele próprio torna-se vitorioso. Depois de morto, verá a luz (v. 11).
O canto não descreve o sofrimento pelo sofrimento. Como
Deus quer o sofrimento, se este era tido como punição pelo mal
praticado? O justo não sofre por si mesmo, mas carrega o pecado
dos outros. É um sofrimento redentor. A vitória do servo que passa
pelo sofrimento, mostra que Deus não sente prazer no sofrimento
das pessoas e nem o deseja. O que ele quer e suscita é a vitória da
justiça e o triunfo dos que são esmagados pela sociedade injusta.
PNE - BMC - Roteiros Homiléticos do Tempo Comum Il Ano B - Setembro/ Novembro de 2009
Atualizando a Palavra
No caminho para Jerusalém, os discípulos vão assimilando, pouco
a pouco, o jeito de ser do Messias. Ao contrário do que compreen-
diam, Jesus é um Messias-Servo, a exemplo do Servo-Sofredor do
profeta Isaías. Não é fácil desfazer-se das concepções velhas e anti-
gas em favor de uma nova mentalidade. Chegar a dizer: “as coisas
antigas já se passaram, somos nascidos de novo”, é um caminho
feito a duras penas, com esforço e desejo de conversão, de mudança
de atitudes e opções claras e decididas por Jesus, o Servo de todos.
A palavra de Deus, dirigida a nós hoje, nos convoca a uma mu-
dança radical. O seguimento é exigente. Jesus quer sua comunidade
diferente das que se orientam pelos princípios que regem o mundo
do poder, do dinheiro, da dominação. As atitudes de dominação, de
ganância, de busca de poder e de prestígio devem ser substituídas
pelo espírito de serviço.
“Mestre, que eu veja!” (Mc 10,51)
8 CNBB. Doc. 87. Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil: 2008 - 2010. Brasília:
Edições CNBB, 2008. n. 142.
9 Ibidem, n. 178.
“Mestre, que eu veja!” (Mc 10,51) eai
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Sugestões:
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25 de outubro de 2009
Situando-nos
Recordando a Palavra
A palavra do evangelho de hoje narra a cura do cego Bartimeu. Este
episódio é de grande importância, do ponto de vista da iniciação e
da catequese, pois o cego Bartimeu, embora condenado por sua do-
ença e discriminado pelo povo, percebe o que outros não veem.
PNE - BMC - Roteiros Homiléticos do Tempo Comum Il Ano B - Setembro/ Novembro de 2009
10 CNBB. Caminhamos na estrada de Jesus: o evangelho de Marcos. São Paulo: Paulinas, 1996. p. 59.
"Mestre, que eu veja!” (Mc 10,51)
Atualizando a Palavra
Ele, a cabeça de seu corpo que é a Igreja, “ora por nós como nos-
so sacerdote; ora em nós como nossa cabeça e recebe a nossa oração
como nosso Deus. Reconheçamos nele a nossa voz, e em nós a sua
voz. E quando se disser sobre o Senhor Jesus, sobretudo nos profe-
tas, algo referente âquela humilhação, aparentemente indigna de
Deus, não hesitemos em lhe atribuir, já que não hesitou em fazer-se
um de nós...” (Santo Agostinho).
Com confiança renovamos nossa fé no Senhor, que nos tira da es-
curidão, nos liberta do medo e nos traz de volta à vida. Sem Ele, nada
podemos, por isso, já no início da celebração, pedimos: “Deus eterno e
todo-poderoso, aumentai em nós a fé, a esperança e dai-nos amar o que
ordenais para conseguirmos o que prometeis...” (oração do dia).
Na celebração da Eucaristia, oferecemos o pão que dá vida e
o cálice da nossa salvação. Junto com Jesus, entregamos ao Pai a
nossa vida (cf. oração eucarística para missa com crianças). Diz a
Sacrosanctum Concilium “que os fiéis aprendam a oferecerem-se a si
próprios, oferecendo a hóstia imaculada, não só pelas mãos do sa-
cerdote, mas também juntamente com ele e assim, tendo a Cristo
como Mediador, dia a dia, se aperfeiçoem, na união com Deus e
entre si, para que, finalmente, Deus seja tudo em todos” (48).
Que o Senhor faça de nós, povo gerado pela aliança, instituída
por Cristo, uma oferenda perfeita e saibamos, na vida e na celebra-
ção, oferecer nossos corpos como hóstia viva, santa e agradável a
Deus (cf. Rm 12,1).
O povo de Deus, “constituído raça eleita, sarcerdócio do Rei-
no, nação santa, povo que Ele conquistou... que antes não eram
povo, agora, são povo de Deus (1 Pd 2,9-10) (...) tem como lei o novo
mandamento de amar como o próprio Cristo nos amou (..) este
povo é para todo o gênero humano, fecundíssima semente de uni-
dade, de esperança e de salvação. Constituído por Cristo para uma
comunhão de vida, de amor e de verdade, e por ele assumido, para
ser instrumento da redenção universal, é enviado ao mundo intei-
ro, como luz do mundo e sal da terra” (Lumen Gentium, n. 9).
"Mestre, que eu veja!” (Mc 10,51) 72
Sugestões:
01 de novembro de 2009
Situando-nos
Recordando a Palavra
A palavra do evangelho de hoje, sobre as bem-aventuranças, faz
parte do Sermão da Montanha (cf. capítulos 5-7). O Sermão da Mon-
tanha é a constituição do novo povo de Deus, protocolo da segunda
aliança, manifesto do Messias Salvador.
O Sermão da Montanha é dirigido à multidão, à “nova comu-
nidade”, É um discurso exigente, convidando o ouvinte à constante
superação de si mesmo. Ele denuncia a mesquinhez e as infidelida-
des e apresenta a misericórdia de Deus.
wi. Deste discurso fazem parte, além das bem-aventuranças
(5,1-16.17-48), três obras de justiça ou fidelidade: esmola, oração e
jejum (6,1-4.5-15.16-18). Há ainda temas como a confiança em Deus e
a misericórdia para com o próximo (6,19-7,12) e um esclarecimento
sobre os dois caminhos e os falsos profetas. Por último, há o discur-
so de comparação de duas construções (7,24-29)."
As bem-aventuranças, início do Sermão da Montanha, são di-
rigidas às multidões vindas da Síria, da Galileia, da Decápole, de
Jerusalém, da Judeia e da Transjordânia (cf. 4,24-25).
Vendo as multidões, Jesus sobe ao monte, lugar do encontro
com Deus e com Ele. O monte, e/ou a montanha, é o lugar privile-
giado para revelações ou vindas de Deus.
Na montanha do Sinai, no primeiro testamento, foi selada a pri-
meira aliança entre Deus e o povo hebreu que saiu da escravidão do
Egito. Neste monte, Moisés recebeu a Lei, a constituição do povo
de Deus. Jesus, também num monte, promulga a nova aliança do
povo de Deus. Enquanto, na primeira aliança, o povo deveria per-
manecer longe de Moisés, na segunda, os discípulos aproximam-se
de Jesus (cf. v. 1).
O evangelista Mateus reuniu as palavras de Jesus, para propor-
cionar aos seguidores e seguidoras do Mestre ensinamentos básicos
para a vida cristã. Jesus, no monte, sinal da presença de Deus e sen-
tado numa posição de mestre, ensina os discípulos e a multidão.
Atualizando a Palavra
Hoje, Dia de Todos os Santos e Santas de Deus, refletimos sobre a
gratuidade divina: Deus nos ama e nos sustenta na fé.
Recebemos a palavra de Jesus como bênçãos, ou seja, dons que
vem da parte de Deus, por meio de Jesus. Neste caminho de santi-
dade, participamos da vida de Deus, por iniciativa dele.
Nosso destino é Deus. Ele nos santifica, e nós passamos a agir,
correspondendo à dignidade de santificados por Deus.
A carta aos Romanos diz que “pelo batismo fomos sepultados
com Jesus Cristo na morte, para vivermos uma vida nova, assim
como Ele ressuscitou da morte pela ação gloriosa do Pai. Pois, se fo-
mos, de certo modo, identificados a ele por uma morte semelhante
à sua, seremos semelhantes a ele também pela ressurreição. (...) Se
12 BORTOLINI, José. Roteiros Homiléticos: anos A, B, C, festas e solenidades. São Paulo: Paulus, 2006.
pp. 788-789.
"Mestre, que eu veja!” (Mc 10,51)
morremos com Cristo, cremos que também viveremos com ele” (6,4-
5.8). Ou seja, morrendo com Cristo e ressuscitando com Ele para uma
vida nova, no batismo, no coração da Igreja, somos santificados.
Deus, o santo por excelência, transforma-nos interiormente e
nos capacita a entrarmos em outro universo, a exemplo de tantos
homens e mulheres, santos e santas, pessoas que deram provas de
serem capazes de superar a si mesmas, em vista do Reino de Deus.
Hoje celebramos muitas testemunhas que “lavaram e alveja-
ram as suas vestes no sangue do Cordeiro e, com vestes brancas e
palmas nas mãos, estão de pé diante do trono e do Cordeiro” (v. 9).
Todas são testemunhas do único mistério pascal do Senhor, revivi-
do em seus membros.
Ao celebrarmos a memória das testemunhas de Cristo, crucif-
cado e glorificado, acolhemos o exemplo de suas vidas e nos unimos
à intercessão de suas preces.
Lembrar dos santos e das santas nos ajuda a olhar para a nossa
caminhada. Os que se deixaram santificar por Deus não são pesso-
as acomodadas. Esforçaram-se para viverem fielmente, conforme
o Evangelho. Tornaram-se pobres e abertas à ação divina. Foram
famintas e sedentas de justiça, da justiça que vem de Deus. Foram
mansas e misericordiosas...
Vivamos fiéis ao amor que Deus tem por nós. Caminhemos
certos de que, ao sermos testemunhas da paz, da justiça e da verda-
de, enfim da Boa Notícia, podem até matar nosso corpo, mas nunca
matarão nossa alma.
A realidade de injustiça, desigualdade, desamor, exploração,
fome e miséria, clama por testemunhas vivas e eficazes do Evange-
lho de Jesus. Que sejamos, verdadeiramente, seguidores de Cristo.
Sugestões: ( otm
» Pere (o IN
. Na procissão de abertura levar o círio Pascal, um ícone de Je-
sus-e/a imagem do padroeiro. Algumas pessoas podem entrar com
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6. Ab palavras do rito de envio podem estar em consonância
corró mistério celebrado: Bem-aventurados sois vós! Ide em paz e que o
Senhor vos acompanhe.
7. Amanhã é a comemoração de todos os fiéis defuntos. No dia
3, lembramos Martinho de Lima, irmão dedicado à medicina popu-
lar no Peru. Dia 4, fazemos memória de Carlos Borromeu, amigo
dos pobres.
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02 de novembro de 2009
* Este roteiro foi preparado pela liturgista Maria de Lourdes Zavarez e pela biblista Maria do
Carmo, publicado no subsídio “Ele está no meio de nós”, Edições CNBB, 2008..
"Mestre, que eu veja!” (Mc 10,51)
Recordando a Palavra
Atualizando a Palavra
A Palavra de Deus é um apelo para sermos pobres em espírito e nos
propõe o aspecto dinâmico do ser humano, de buscar a inteireza do
ser. Expressa muita exigência e não apenas desprendimento dos bens
materiais. Ser pobre “em espírito” nos leva a transformar a referên-
cia de uma situação econômica e social em uma atitude para aceitar
a Palavra de Deus. Este é um tema central das Sagradas Escrituras
“Mestre, que eu veja!” (Mc 10,51)
Sugestões:
Situando-nos
Recordando a Palavra
O evangelho proclamado na liturgia de hoje faz parte de um con-
texto maior que abrange os capítulos 11,1 até 13,37 de Marcos.
Nestes episódios, o evangelista narra os envolvimentos de Jesus
em uma série de incidentes, na cidade de Jerusalém. “Quase todas
as cenas nos capítulos de 11 a 13 são dominadas por conflitos, mos-
trando Jesus em confronto com os chefes religiosos de Jerusalém
sobre as questões de oração e piedade (11,12-25 e 12,28-44); vida após
a morte (12,18-27); imposto devido a César (12,13-17) e autoridade
de Jesus em todos esses assuntos (11,27-33). Esta série de histórias de
conflito fará com que o leitor de Marcos se lembre de conflitos ante-
riores (2,1-3,6), que terminaram, quando os fariseus tramaram, com
os herodianos, os meios de destruir Jesus (3,6). Dessa vez, a trama
leva a sua prisão e morte (14,43-52 e 15,21-26)"."
O evangelista mostra a quem quer seguir Jesus que a base do
discipulado cristão é ter fé em Deus (11,22). Fé transformada em
ação, em amor ao próximo como a si mesmo (12,31). O discípulo
tem diante dos olhos dois modelos: “o escriba sincero de 12,28-34 e
a viúva pobre, cuja generosa fé em Deus a levou a “depositar tudo o
que tinha para viver (12,44).!º
Podemos dividir em duas partes o texto de hoje: um alerta à mul-
tidão diante da hipocrisia dos doutores da Lei, e o exemplo da viúva
que depositou, no cofre do Templo de Jerusalém, tudo o que tinha.
Embora contados em dois momentos pelo evangelista, os tex-
tos estão profundamente ligados, visto que as viúvas eram o grupo
social mais explorado pelos doutores da Lei.
Ed
Atualizando a Palavra
Ser discípulo significa seguir os passos do Mestre. Participar de
tudo o que Ele diz e faz. Em Jerusalém, no meio da tensão entre
Jesus e as autoridades, os discípulos vivem o conflito que a adesão a
Jesus traz. Agora, concretamente verão o que significa “seguir Jesus
e carregar sua cruz”.
Chamando a atenção para o gesto da viúva, Jesus ensina aos
discípulos onde eles devem procurar a manifestação da vontade de
Deus: nos pobres e na partilha.
V Os discípulos ontem, nós hoje, somos convidados a dar tudo
o que somos e temos. Onde há partilha, não existe concentração,
desigualdade e exploração.
NNJesus nos ensina a ser pobres com os pobres e a lutar contra a
miséria e contra tudo o que fere a dignidade humana.
/ Não podemos repetir a atitude de “doutores da Lei” e, muito
menos, cruzar os braços, sem agir.
My Lembrando as conclusões da Conferência de Puebla, temos que
enfrentar o “desafio de ajudar a pessoa humana a passar de situa-
ções menos humanas a situações mais humanas. As profundas dife-
renças sociais, a extrema pobreza e a violação dos direitos humanos
(..) são desafios lançados à evangelização. Nossa missão de levar
Deus até as pessoas e as pessoas até Deus implica também em cons-
truirmos, no meio delas, uma sociedade mais fraterna...” (nº 90).
Vale ainda lembrar as palavras de são Tiago: “Religião pura e
irrepreensível aos olhos de Deus Pai consiste em cuidar de órfãos
e viúvas em suas necessidades e em não deixar-se contaminar pelo
mundo” (1,27).
"Mestre, que eu veja!” (Mc 10,51)
Sugestoes:
Situando-nos
Estamos chegando ao final do ano litúrgico, é o penúltimo domin-
golDurante este ano fomos guiados pelo evangelista Marcos. Passo
a passo, ele foi nos colocando frente a frente com Jesus Cristo. Um
Messias-servo sofredor que foi perseguido e morto na cruz.
à Descobrir quem é Jesus não é tarefa fácil. É um caminho exi-
gente, sobretudo, quando se trata de um Jesus que foge dos parâ-
metros de quem espera um rei poderoso, equipado de exército e
armas, dominador.
Muitas vezes, os discípulos não compreenderam o jeito de ser
de Jesus. Tiveram dificuldades, reagiram, resistiram à proposta de
um Messias sofredor, capaz de se abaixar, de se fazer um de nós,
menos no pecado. O caminho é desafiador, mas não é impossível.
Hoje, ouvindo as palavras de Jesus sobre o fim do mundo, so-
mos convidados a refletir sobre a transitoriedade da vida e o julga-
mento de Deus.
Enquanto aguardamos a vinda final, não podemos ficar para-
dos. Novos céus e nova terra são possíveis, começando aqui.
Recordando a Palavra
O evangelho de hoje está inserido no capitulo 13 de Marcos, chama-
do de “apocalipse de Marcos”.
PNE - BMC - Roteiros Homiléticos do Tempo Comum II Ano B - Setembro/ Novembro de 2009
Atualizando a Palavra
Cantava o poeta: “Peregrinos nas estradas de um mundo desigual,
espoliado pelo lucro e ambição do capital, do poder do latifúndio,
enxotado e sem lugar, já não sei por onde andar, na esperança, eu
me apego ao mutirão. Quero entoar um canto novo de alegria, ao
raiar daquele dia, de chegada ao nosso chão, com meu povo cele-
brar a alvorada, minha gente libertada, lutar não foi em vão”. »
Como já dito, a tensão entre o já e o ainda não é constante em
nossas experiências pessoais, comunitárias e sociais.
Nossa morada aqui não é permanente. Nós todos peregrina-
mos em busca de uma morada definitiva e estável. Buscamos novos
céus e nova terra que já começam aqui e agora.
A Constituição Pastoral Gaudium et Spes oferece algumas refle-
xões que podem nos ajudar a atualizar a Palavra de Deus dirigida a
nós hoje. Começa indicando a tensão presente no mundo e a neces-
sidade da solidariedade e da atuação dos seguidores de Cristo: “As
alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de
hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também
as alegrias e as esperanças,
as tristezas e as angústias dos discípulos
de Cristo... (nº 1).
Os padres conciliares, inspirados pelo Espírito, continuam a in-
terpelar: “Para continuar a obra de Cristo que (...) veio para salvar
(...) e para desempenhar tal missão, a Igreja, a todo momento, tem
o dever de perscrutar os sinais dos tempos e interpretá-los à luz do
“Mestre, que eu veja!” (Mc 10,51)
Sugestões:
Situando-nos
Com a solenidade de Cristo, Senhor e Rei do Universo, concluímos
o ano litúrgico. É uma festa recente, em honra do Senhor Jesus. Foi
instituída pelo papa Pio XI, com a Encíclica Quas primas, de 11 de no-
vembro de 1925. Primeiro era celebrada no último domingo de ou-
tubro. A reforma do Vaticano IH transferiu-a para o último domingo
do Tempo Comum, sintonizando-a com a perspectiva própria do
final do ano litúrgico e começo do Advento.
Ao longo do ano litúrgico, percorremos um caminho peda-
gógico.e espiritual, fomos nos inserindo, pouco a pouco, na expe-
riência profunda da pessoa de Jesus, em seu mistério de “descida
— Kénosis”. Ele, fazendo-se um de nós, mostrou-nos o caminho do
serviço e da extrema solidariedade para com a pessoa humana e
com toda a criação.
Ele, o rei-servo, a testemunha fiel, sentado à direita do Pai, pelo
seu sangue, nos libertou dos pecados e fez de nós um reino de sacer-
dotes para seu Deus e Pai. A Ele que veio para dar testemunho da
verdade, o louvor, a glória e o poder, por todo o sempre (cf. Ap 1,6).
Lembrando hoje as leigas e os leigos, rendemos graças a Deus
por tantas mulheres e homens, que vivem profundamente sua
)
"Mestre, que eu veja!” (Mc 10,51)
Recordando a Palavra
O evangelho proposto para hoje é do evangelista João que nos mos-
tra que tipo de rei é Jesus.
É interessante notar que o texto proclamado está inserido no
processo da narrativa da paixão do Senhor. Depois de ter passado
pela prisão (18,1-11), pelo processo religioso (18,12-27), Jesus é inter-
rogado por Pilatos e é condenado à morte (18,28-19,16). Aquele que
tem um tipo de reino diferente é crucificado, morre na cruz (19,16b-
37) e é sepultado (19,38-42).
Pilatos era governador romano da Judeia. Neste cargo, tinha
a obrigação de administrar as finanças e recolher impostos para o
tesouro imperial. Ele era um homem duro e, muitas vezes, tratava
os judeus com insensibilidade e crueldade.
Num duplo cenário, ora “fora” — Pilatos com a multidão e “ora”
dentro — Pilatos com Jesus, acontece o julgamento de Jesus diante
de Pilatos.
O texto de hoje concentra-se no interrogatório que Pilatos faz a
Jesus. Pilatos começa perguntando: “Tu és o rei dos judeus?” (v. 33b).
É uma pergunta com conotação política.
Jesus responde perguntando, apelando à consciência de Pilatos:
“Estás dizendo isto por ti mesmo, ou outros te disseram isto de mim?”
(v. 34). Pilatos, nega a responsabilidade neste caso e joga a culpa para
os conterrâneos de Jesus, comprometendo-os: “Por acaso, sou judeu?
O teu povo e os sumos sacerdotes te entregaram a mim. Que fizeste?”
(v. 35). O “povo de Jesus”, como dizia Pilatos, não havia renunciado
ao ideal messiânico, mas também não admitia que Jesus pudesse ser
o messias esperado e o entrega ao poder romano.
* -PNE- BMC - Roteiros Homiléticos do Tempo Comum Il Ano B - Setembro/ Novembro de 2009
1l6 BORTOLINI, José. Roteiros Homiléticos: anos A., B, C, festas e solenidades. 2 ed. São Paulo: Paulus,
2006. pp. 487-486.
17 Ibidem, p. 490.
PNE - BMC - Roteiros Homiléticos do Tempo Comum Il Ano B - Setembro/ Novembro de 2009
Atualizando a Palavra
É significativo encerrarmos o ano litúrgico, justamente na solenida-
de de Cristo Rei, com estes textos bíblicos.
Ao longo do ano litúrgico, fomos guiados pelo evangelista Mar-
cos que foi lentamente revelando quem é Jesus. O texto joanino co-
roa este caminho trilhado, revelando que o reinado de Jesus passa
pelo caminho da cruz e da morte.
Percebemos que o jeito de ser de Jesus é diferente. É sinal
de contradição. Servo de todos, deu a vida para os sofredores e
marginalizados.
Ele veio instaurar o reino do Pai. Um reino que não é deste
mundo. Neste mundo, o que vale é a glória, a competição, a rique-
za, O ter, o poder e o prazer.
O reinado de Jesus já está no meio de nós, começa aqui e ago-
ra, mas não se esgota na realidade em que vivemos. Caminhamos
“Mestre, que eu veja!” (Mc 10,51)
Sugestoes: