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CNBB

Conferência Nacional dos Bispos do Brasil

“Não ardia o nosso coração


enquanto ele nos explicava
as escrituras no caminho?”
(Lc 24,32)

Roteiros Homiléticos para


Tríduo Pascal e Tempo Pascal
Ano À

São Mateus

Projeto Nacional de Evangelização


O Brasil na Missão Continental
C748n “Não ardia o nosso coração enquanto ele nos explicava as escrituras
no caminho?” (Lc 24,32). Roteiros Homiléticos para Tríduo Pascal e
Tempo Pascal - Ano À - Abril / Junho 2011. Brasília: Edições CNBB.
2011.

80p.: 14x 21 cm
ISBN: 978-85-7972-077-2

| .Liturgia 2.Páscoa, Tempo Pascal 3. Igreja Católica


CDU - 264.941.6

Coordenação:
Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia
Coordenação Editorial:
Pe. Valdeir dos Santos Goulart
Revisão:
D. Hugo Cavalcante, OSB
Capa e Diagramação:
Henrique Billygran da Silva Santos
Projeto Gráfico:
Fábio Ney Koch dos Santos

12 Edição - 2011

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Sumário
Apresentação... iiererireceeerereareerentaanaas 7
A liturgia no tempo pascal... 9
MISSA VESPERTINA DA CEIA DO SENHOR
OUINTA-FEIRA SANTA
21 de abril de 2011... ereto era ceara rir eree ese eeetao 14

SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO DO SENHOR


22 de abril de 2011... tries reea ese r tears tree er rt era atiren e 21

VIGÍLIA PASCAL
(A mãe de todas as vigílias)
23 de abril de 2011... eeererteeree roer rane rr rrere ren ranets 28

DOMINGO DA PÁSCOA NA
RESSURREIÇÃO DO SENHOR
24 de abril de 2011... rece srr ti e aaa rats att tata 35

2º DOMINGO DA PÁSCOA
Domingo da Divina Misericórdia
1º de maio de 201... ea rear r rear err reeenereeaeen 40

3º DOMINGO DA PÁSCOA
8 de maio de 201... E EEE 45

4º DOMINGO DA PÁSCOA
15 de maio de 20h... EEE 51

5º DOMINGO DA PÁSCOA
22 demaio de 201... ERES 56

6º DOMINGO DA PÁSCOA
29 de maio de 2011... tretas tre ai tetra ni eeaa rea rea tee 61
DOMINGO DA ASCENSÃO DO SENHOR
Solenidade
5 de junho de 2011... irerrereerrerecrereerararenaeeno

DOMINGO DA SOLENIDADE DE PENTECOSTES


12 de junho de 2011... irirerrrerreerenreeerenerenserarenararo
Ea Roteiros Homiléticos para Tríduo Pascal e Tempo Pascal - Ano A - Abril / Junho 2011

Apresentação
Queridos ministros e ministras da Palavra de Deus do nosso Brasil,
animadores da vida litúrgica em nossas comunidades, é com ale-
gria que, em nome da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia,
apresento-lhes os Roteiros Homiléticoos do Tríduo Pascal e dos do-
mingos da Páscoa deste ano de 2011, ano A da liturgia.
No Tempo Pascal, uma festa de cinquenta dias, celebrar a Pa-
lavra na Liturgia significa: reconhecer todas as manifestações de
Jesus Ressuscitado na sua Igreja; tornar-nos instrumentos destas
manifestações; dar graças ao Pai pela presença contínua entre nós
de Cristo Ressuscitado, no Espírito Santo. O tempo das profecias (o
Antigo Testamento) passou; não por nada, na liturgia eucarística
dos domingos do Tempo Pascal a leitura do Antigo Testamento dá
lugar à leitura dos Atos dos Apóstolos: passa-se da profecia à reali-
zação plena e jubilosa do Mistério de Cristo, na história humana. O
Tempo Pascal nos mostra a fé das primeiras comunidades cristãs
e dos Apóstolos em Cristo Ressuscitado e nos convida a fazer da
nossa vida uma contínua páscoa, testemunhando corajosamente a
nossa fé cristã no mundo de hoje. “Cristo venceu. Aleluia”.
Celebrar a Páscoa é festejar a alegria de termos recebido os sa-
cramentos pascais. Neles vivenciamos a graça de sermos batizados
e de renascermos como filhos e filhas de Deus; o dom de sermos
marcados com o Espírito Santo e de sermos, apesar de nossas fra-
quezas, outros cristos. Na Eucaristia, somos transformados naquele
que recebemos: o corpo do Senhor!
Como aos discípulos de Emaús, Jesus nos “interpreta as Es-
crituras” e sua Palavra aquece o nosso coração ao longo do “ca-
minho”. Não estamos sozinhos, pois no “caminho” — que é Cris-
to — se encontram, movidos pela força da Páscoa, os que buscam
“Fraternidade e a Vida no Planeta” (CF 2011), “justiça e profecia
a serviço da Vida”. Não estamos sozinhos, pois somos “CEBs,
“Não ardia o nosso coração enquanto ele nos explicava as escrituras no caminho?” (Lc 24,32). E
v

romeiras do Reino no campo e na cidade” (tema e lema do próxi-


mo 13º Intereclesial das CEBs).
Em sua recente Exortação Apostólica “Verbum Domini”, o Papa
Bento XVI nos pede: “Exorto os Pastores da Igreja e os agentes pas-
torais a fazer com que todos os fiéis sejam educados para saborear o
sentido profundo da Palavra de Deus que está distribuída ao longo
do ano na liturgia, mostrando os mistérios fundamentais da nossa
fé” (52). O Papa ainda insiste: “É preciso que os pregadores tenham
familiaridade e contato assíduo com o texto sagrado; preparem-se
para a homilia na meditação e na oração, a fim de pregarem com
convicção e paixão” (59). É o nosso anseio, desafio e missão.
A característica forte deste tempo é a alegria. A música, o canto,
os símbolos, os gestos, a cor dos paramentos, as leituras, as orações,
enfim, tudo expressa os sentimentos de júbilo e louvor.
Pedimos a todos que se unam em orações pela 49º, Assembléia
Geral dos Bispos do Brasil que será realizada nos dias 04 a 12 de
maio, no Santuário Nacional de Aparecida. Na Assembléia Geral
deste ano serão aprovadas as novas Diretrizes para a Ação Evange-
lizadora da Igreja no Brasil e também será eleita a nova presidência
da CNBB. Acompanhem com o subsídio de orações para cada dia
da Assembleia.
Que estes roteiros homiléticos nos ajudem a fazer um bom ca-
minho pascal com o Senhor que vai à nossa frente, como luz nova
do novo dia.
Invoco a bênção do Senhor sobre todas as pessoas que fa-
zem parte de nossas equipes de liturgia, desejando-lhes uma feliz
Páscoa!

D. Fernando Panico, M.S.C.


Bispo de Crato/CE
Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia
A liturgia no tempo pascal
Considerações e sugestões gerais
A festa da páscoa é memorial do dia em que o Pai tirou Jesus do
túmulo, da morte, e o exaltou Senhor dos vivos e dos mortos. A
liturgia celebra essa ação do Senhor em cada dia do ano e em cada
celebração, mas com mais intensidade no tempo pascal. As cores
alegres e festivas, com a predominância do branco, indicam o cará-
ter festivo deste tempo.
A celebração anual da páscoa compreende um tempo de prepa-
ração, a festa e seu prolongamento.
“Com a missa celebrada nas horas vespertinas da quinta-feira
Santa, a Igreja dá início ao tríduo pascal e recorda aquela última ceia
em que o Senhor Jesus, na noite em que ia ser traído, tendo amado
até ao extremo os seus que estavam no mundo, ofereceu a Deus Pai
o seu Corpo e Sangue sob as espécies do pão e do vinho e deu-os
aos apóstolos como alimento, e ordenou-lhes que fizessem a mesma
oferta”.
Na sexta-feira, “... dia, em que “Cristo, nosso cordeiro pascal, foi
imolado”, a Igreja, com a meditação da paixão do seu Senhor e Esposo
e adorando a cruz, comemora o seu nascimento do lado de Cristo que
repousa na cruz, e intercede pela salvação do mundo todo”?
“Durante o sábado santo a Igreja permanece junto do sepulcro
do Senhor, meditando a sua paixão e morte, a sua descida aos infer-
nos, e esperando na oração e no jejum a sua ressurreição”:
A Noite das noites “segundo uma antiquissima tradição, é 'em
honra do Senhor”, e a vigília que nela se celebra, comemorando a
noite santa em que o Senhor ressuscitou, deve ser considerada como

1 CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO Paschalis Sollenitatis: A preparação e Cele-


bração das Festas Pascais, Documentos Pontifícios, n. 224, n. 44.
2 Idem.,n. 224, n. 58.
3 Idem.,n. 224, n. 73.
“Não ardia o nosso coração enquanto ele nos explicava as escrituras no caminho?” (Lc 24,32). EM

'mãe de todas as vigílias”. Nesta vigília, de fato, a Igreja permanece


à espera da ressurreição do Senhor e celebra-a com os sacramentos
da iniciação cristã.
Os cinquenta dias do tempo pascal são como “um só dia”, “um
grande domingo” (Santo Atanásio), onde prolongamos o aleluia
dando graças ao Senhor (aleluia é palavra hebraica que significa
louvor a Deus) porque ressuscitou Jesus, e porque nos insere neste
mistério de vida.
A alegria da festa pascal prolonga-se por cinquenta dias.
Nos primeiros três domingos fazemos isso contemplando o tes-
temunho da experiência que as discípulas e os discípulos tiveram
do Senhor ressuscitado:
1º Domingo — anos À, Be C (As miróforas e o túmulo vazio): No
primeiro dia da semana, bem de madrugada, quando ainda estava
escuro, Maria Madalena foi ao túmulo e viu a pedra retirada, então
ela saiu correndo para anunciar: “Eu vi o Senhor” — Jo 20,1-18.
2º Domingo — anos À, Be C (São Tomé e o seu testemunho): Oito
dias depois, o Senhor se manifesta na comunidade dos discípulos, e
Tomé confessa: “Meu Senhor e meu Deus” — Jo 20,19-31.
3º domingo — ano A (Os discípulos de Emaús): O Senhor ressuscitado
aparece também aos dois discípulos de Emaús, enquanto eles cami-
nhavam desanimados. Eles reconhecem o Senhor quando este cami-
nha com eles, partilha as Escrituras e reparte o pão — Lc 24,13-35.
3º domingo — ano B (O encontro de Jesus com os discípulos): Jesus se
encontra com os discípulos, que ficam espantados e cheios de medo,
e faz refeição com eles — (Lc 24,35-48).
3º domingo — ano C (A aparição de Jesus às margens do mar): Jesus
aparece aos discípulos enquanto estavam nos trabalhos da pesca e
os confirma na missão, designando Pedro para o exercício do pas-
toreio — Jo 21,1-19.

4 CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO Paschalis Sollenitatis: A preparação e Cele-


bração das Festas Pascais, Documentos Pontifícios, n. 224, n. 77.
EEE Roteiros Homiléticos para Triduo Pascal e Tempo Pascal - Ano À - Abril / Junho 2011

A partir do 4º domingo a comunidade se organiza para dar


continuidade à missão de Jesus, assumindo o mesmo projeto que
o levou a dar a sua vida. A comunidade é chamada a enfrentar a
perseguição e o sofrimento:
4º domingo (O Bom Pastor): O Senhor ressuscitado se revela
como pastor de nossas vidas e manifesta ternura e cuidado com o
seu povo — Jo 10,1-10 (ano A); Jo 10,11-18 (ano B); Jo 10,27-30 (ano €).
5º domingo — ano A (As muitas moradas): O Senhor se manifesta
como Caminho, Verdade e Vida — Jo 14,1-12.
5º domingo — ano B (A videira e os ramos): Jesus revela uma parce-
ria: ele é a videira, o Pai é o agricultor e nós somos os ramos, dos
quais brotam os frutos — Jo 15,1-8.
5º domingo — ano C (O mandamento novo): O Senhor nos convoca
a pôr em prática a comunhão, a solidariedade e a transparência em
nossas ações — Jo 13,31-35.
6º domingo — ano À e ano C (A promessa do Espirito e do anúncio do
Evangelho aos povos): Jesus consola os discípulos e promete o Espírito
Santo, que irá conduzi-los na missão de anunciar o evangelho a to-
dos — Jo 14,15-21;
Jo 14,23-29.
6º domingo — ano B (O mandamento novo e o anúncio do Evangelho
aos povos): O Senhor nos renova na alegria da sua ressurreição para
proclamarmos este anúncio a todos os povos da terra — Jo 15,9-17.
7º domingo — (A ascensão do Senhor): O Pai exaltou Jesus como
Senhor de todos os espíritos e forças do céu e da terra. Deus fez dele
a plenitude de tudo o que existe. Mateus 28,16-20 (ano A); Marcos
16,15-20 (ano B); Lucas 24,46-53 (ano €).
Domingo de Pentecostes — Espírito Santo é o dom da páscoa. O Res-
suscitado aparece diante da comunidade reunida e sopra sobre eles
dizendo: “Recebei o Espírito Santo” (Jo 20,19-23 — ano A, Be C).
No dia de pentecostes, a comunidade é revestida pela força do
Espírito Santo para ser testemunha do Senhor ressuscitado que a
envia a anunciar o Evangelho a todos os povos, línguas e nações
(At 2,1-11 - Ano A, Be €).
“Não ardia o nosso coração enquanto ele nos explicava as escrituras no caminho?” (Lc 24,32). — UH

Ao celebrarmos a Páscoa do Senhor, participamos de seu misté-


rio de morte e ressurreição. Em outras palavras, fazer a memória do
Cristo é participar; é entrar em comunhão com o seu corpo (tornar
um só corpo com Ele e com os irmãos); é participar do seu destino;
é participar da ressurreição na vida que brota da sua entrega. Quan-
do nos reunimos para celebrar o mistério de Cristo, Ele mesmo, por
seu Espírito, nos vai moldando à sua estatura, porque assume nossa
vida em seu mistério (cf. At 20,7-12).
Neste tempo em que celebramos a vitória de Cristo, o verdadei-
ro Cordeiro pascal, que morrendo destruiu a morte, e, ressurgindo,
deu-nos a vida em plenitude, somos convidados a celebrar com ale-
gria e exultação.
Para celebrarmos profundamente a páscoa é importante não
esquecermos alguns símbolos, atitudes e ações rituais que marcam
este tempo, como prolongamento da Páscoa:
1. A característica mais destacada do tempo pascal é a alegria.
A cor branca, as flores, tudo é orientado para expressar o sen-
timento de festa.
2. O círio pascal, durante os cinquenta dias da páscoa, está no
centro das nossas celebrações como sinal do Cristo vivo, res-
suscitado, luz de nossas vidas. É importante que ele seja bem
bonito e enfeitado. Ele pode ser aceso e incensado no início
da celebração, enquanto a assembleia canta um refrão que
evoque o sentido do gesto. A comunidade pode ser convida-
da a se aproximar do círio, ou a estender a mão em direção a
ele, durante a profissão de fé, nas preces e na bênção final.
3. Uma das expressões mais fortes é o “aleluia”, palavra hebraica
que significa simplesmente “louvor a Deus”. E o canto novo da
vitória do Cristo e das comunidades dos filhos e filhas de Deus.
4. As flores ligam a páscoa com a natureza, sempre superando
a hostilidade do tempo e irrompendo com força de vida e
encanto.
Roteiros Homiléticos para Tríduo Pascal e Tempo Pascal - Ano À - Abril / Junho 2011

5. O rito da aspersão da água, no tempo pascal, mais do que um


sentido penitencial, faz memória do batismo e pode substi-
tuir o ato penitencial ou ser feito no momento da profissão
de fé, como aconteceu na celebração da Vigília pascal.
6. A última semana da páscoa é consagrada pelas Igrejas como
tempo de oração pela unidade dos cristãos. Antecedendo pen-
tecostes é importante programar os momentos dessa oração.
Veja material existente com o padre de sua comunidade.
7. Escolher cantos que ajudam a cantar o mistério celebrado e o
momento ritual ao qual ele se destina. O Hinário Litúrgico 2,
da CNBB e o Ofício Divino das Comunidades, oferecem exce-
lentes sugestões de letra e música para este tempo.
MISSA VESPERTINA DA CEIA DO
SENHOR —- QUINTA-FEIRA SANTA
21 de abril de 2011

DEI-VOS O EXEMPLO, PARA QUE FAÇAIS A MESMA COISA (JO 13,15).

Leituras: Êxodo 12,1-8.11-14; Salmo 115(116 B),12-13.15-16bc.17-18


(R/. cf. 1Cor 10,16); 1ICoríntios 11,23-26; João 13,1-15

Situando-nos

No domingo de ramos e da paixão fomos convocados a iniciar a ce-


lebração da Páscoa de nosso Senhor, ou seja, seguir seus passos para
que assim, associados à graça da sua cruz, participemos também de
sua ressurreição e de sua vida.
“Como o Cristo realizou a obra da redenção humana e da per-
feita glorificação de Deus principalmente pelo seu mistério pascal,
quando morrendo destruiu a nossa morte e ressuscitando renovou
a vida, o sagrado Tríduo pascal da Paixão e Ressurreição do Senhor
resplandece como o ápice de todo o ano litúrgico”
Com a missa vespertina na Ceia do Senhor, iniciamos o Tríduo
pascal da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor. “A recordação
do banquete que precedeu o êxodo ilumina, de maneira especial,
o exemplo de Cristo ao lavar os pés dos discípulos e as palavras de
Paulo sobre a instituição da Páscoa cristã na Eucaristia”.º
Celebramos a Ceia, na qual o Senhor se entrega por nós. “Antes
da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a sua hora de pas-
sar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no
mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1). Jesus sabia que seria entregue

5 Instrução Geral do Missal Romano (IGMR), n. 18.


6 Introdução ao Lecionário, n. 99.
1 Roteiros Hoimiléticos para Tríduo Pascal e Tempo Pascal - Ano A - Abril / Junho 2011

às autoridades que o estavam procurando há muito tempo. Ele não


foge, se entrega.
É agora o novo Cordeiro pascal. É corpo entregue e sangue
derramado — “Eis o meu corpo — eis o meu sangue — que é dado por
vós — fazei isto para celebrar a minha memória”.
Como Servo, Ele nos ensina a servir e amar sem medida.

Recordando a Palavra

A cena do lava-pés, no Evangelho, introduz o longo discurso de des-


pedida (caps. 13 a 17), onde existem ensinamentos essenciais de Jesus
deixados à comunidade. Ao longo de seu ministério, Jesus formou
uma comunidade de discípulos para partilhar sua vida e missão. Com
o gesto do lava-pés, ele mostra o sentido do amor pleno recebido do
Pai e oferecido aos seus mediante a entrega total da vida.
Jesus “tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o
fim” (Jo 13,1). Como Filho de Deus enviado ao mundo, ele sabe que
chegou a hora de voltar para a casa do Pai. Chegou a hora da eleva-
ção e da glorificação do Filho do Homem através da cruz. Jesus ceia
com seus discípulos antes da festa da Páscoa, isto é, de sua passagem
deste mundo para a glória do Pai.
Durante a ceia, Jesus, como Mestre e Senhor, levanta-se da
mesa, despoja-se do manto e põe-se a lavar os pés dos discípulos.
Oferecer água para lavar os pés era sinal de hospitalidade e acolhi-
da (cf. Gn 18,4; Lc 7,44). O gesto de Jesus é sinal de amor e serviço
incondicionais e exemplo a ser imitado. É uma síntese de toda a sua
vida, que proclama a Boa Nova da salvação, rompendo com toda
forma de desigualdade.
Na ação de Jesus, o Messias Servo, que ama e acolhe as pessoas
sem fazer distinção, revela-se o rosto solidário e amoroso do Pai.
Pedro, como representante dos discípulos, ainda não compreende
a novidade do ministério de Jesus a serviço da vida e libertação.
A vida do Mestre Jesus será iluminada pela sua Páscoa. Deixar-se
“Não ardia o nosso coração enquanto ele nos explicava as escrituras no caminho?” (Lc 24,32). EK

lavar os pés significa participar da comunhão com Deus realizada


através da vida, morte e ressurreição do Filho amado. O lava-pés
é um gesto profético, que antecipa o sentido da cruz: a entrega de
Jesus por amor até o fim.
Com palavras e ações, Jesus impele a uma opção radical a
serviço do Reino. “Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa”
(Jo 13,15). Os discípulos são chamados a continuar repetindo as ati-
tudes de Jesus, seu amor centrado ao Pai e aos irmãos. O gesto de
Jesus, ao lavar os pés dos seus, e o mandamento novo do amor fra-
terno devem fundamentar as relações entre os membros da comu-
nidade eclesial.
A primeira leitura, tirada do livro do Êxodo, acentua o sentido
familiar da Páscoa, uma festa antiga de pastores. Posteriormente,
ela foi unida com a festa agrícola dos pães ázimos e interpretada
como memorial da passagem da escravidão do Egito à liberdade.
“Este dia será para vós um memorial em honra do Senhor, que haveis de
celebrar por todas as gerações” (Ex 12,14).
O povo é chamado a assimilar a urgência da libertação. O modo
de preparar o cordeiro, de comer às pressas, com os rins cingidos,
sandálias nos pés e cajado nas mãos, revela aspectos de quem tem
pressa para realizar uma longa viagem. Os rins cingidos, ou seja, a
orla da túnica presa no cinto facilitava o trabalho, a viagem.
O sangue do cordeiro, colocado na entrada das portas, repre-
senta a esperança de salvação. A morte ameaçava o povo hebreu e
egípcio. Deus revela-se como o Senhor da vida, vencendo todas as
formas de morte e opressão. A salvação dos primogênitos e a liber-
tação da escravidão asseguram uma vida digna, impelindo o povo a
seguir o caminho de Deus com fidelidade.
O Salmo 115(113B) é uma ação de graças litúrgica, durante a
qual o orante expressa sua confiança em Deus. A experiência da
misericórdia do Senhor, que liberta das provações, leva ao agradeci-
mento e ao sentimento renovado, no amor e na fé.
1/0 Roteiros Homiléticos para Tríduo Pascal e Tempo Pascal - Ano À - Abril / Junho 2011

Paulo, na segunda leitura (1Cor 11,23-26), lembra o verdadei-


ro significado da eucaristia: memorial da morte e ressurreição do
Senhor. A tradição recebida descreve o acontecimento da Ultima
Ceia, quando o Senhor Jesus tomou o pão e o cálice e os distribuiu
aos discípulos. As palavras que acompanham os gestos de Cristo le-
vam os discípulos a fazer memória do seu corpo entregue por amor
e da nova aliança, em seu sangue.
O pão partido e entregue aos discípulos simboliza a totalidade
da vida de Jesus, oferecida ao Pai e à humanidade. É um apelo a vi-
ver a comunhão, o amor fraterno e a partilha solidária com todas as
comunidades e povos. A oferta de Cristo alimenta e dá vida aos que
esperam de forma ativa a manifestação plena da salvação.

Atualizando a Palavra
O texto do Evangelho de hoje não fala da instituição da eucaristia,
mas de seu significado através da cena do lava-pés. Ele nos faz com-
preender que o banquete da graça, ou seja, a eucaristia é celebração
da vida. Deixar-se lavar por Jesus significa fazer comunhão com
seu projeto de amor que o levou a entregar a vida pela salvação da
humanidade.
Celebramos a vitória de Cristo, o Cordeiro pascal, que quis Ji-
vremente servir-nos no amor até o fim. Alegremente anunciamos
sua morte e proclamamos sua ressurreição, enquanto esperamos
sua vinda gloriosa. Semelhante a Cristo que ofereceu a vida para
libertar os seus, somos impelidos ao serviço amoroso, ao acolhi-
mento e à partilha solidária.
“SÓ participamos autenticamente da eucaristia, memorial do
sacrifício de Jesus, quando ela é também memorial do nosso sacri-
fício. Trata-se de ter para com o corpo eclesial do Cristo aquele res-
peito que se tem por seu corpo eucarístico. A presença do Senhor
morto e ressuscitado no pão e no vinho, sobre os quais se proclama
a ação de graças, se estende, embora de outro modo, à pessoa dos
irmãos, especialmente dos mais pobres. Quem faz discriminação,
“Não ardia o nosso coração enquanto ele nos explicava as escrituras no caminho?” (Lc 24,32). 84

quem despreza os outros, quem mantém divisões na comunidade,


'não reconhece o corpo do Senhor”. Sua ceia não é mais a Ceia do
Senhor, mas um rito vazio.”

Ligando a Palavra com a ação eucarística


Esta noite, nós também sentamos à mesa com o Senhor, onde ele
estabelece uma aliança conosco, como reza a oração do dia: “O Pai,
estamos reunidos para a santa ceia, na qual o vosso Filho único, ao
entregar-se à morte, deu à sua Igreja um novo e eterno sacrifício,
como banquete do seu amor...”
Damos início à páscoa de Cristo, realizando as palavras da Es-
critura: “Desejei ardentemente comer convosco esta ceia pascal an-
tes de sofrer” (Lc 22,15).
O ato de comer e tomar uma refeição em conjunto possui uma
significação própria, como consequência de uma reciprocidade e
cumplicidade que se estabelece na relação. Comungando, participa-
mos do destino de Jesus, ou seja, do seu amor-serviço levado até as
últimas consequências na cruz, como cantamos no salmo: “O cálice
por nós abençoado é a nossa comunhão com o sangue do Senhor”.
O Cristo que entrega a eucaristia é o mesmo que dá o seu corpo
e derrama o seu sangue por nós. No lava-pés, temos uma concreti-
zação eloquente dessa entrega de Jesus até o fim.
Que a nossa participação neste mistério tão excelso, nos leve
à plenitude da caridade e da vida, no mais autêntico serviço aos ir-
mãos e irmãs, realizado na entrega gratuita e generosa.

Sugestões para a celebração E

e Preparar bem o local da celebração que assume um tom festivo,


com flores, velas, etc.

e A cor utilizada é a branca.

7 Missal dominical. São Paulo: Paulus, 1995, p. 287.


RM Roteiros Homiléticos para Tríduo Pascal e Tempo Pascal - Ano À - Abril /Junho 2011

*« Há um rito alternativo de acendimento das velas* que pode ser


realizado da seguinte forma:
» A comunidade, no início da celebração do tríduo pascal, faz
a memória dos vários grupos com os quais quer estar em
comunhão. Onde houver a menoráh (castiçal de sete braços)
pode ser usado, ou a equipe prepara um local adequado para
colocar as velas.
à Ao lembrar cada grupo, alguém acende uma vela e coloca no
lugar preparado.
à Bendito sejais, Deus da vida, por esta luz e pela luz que vós
acendeis em todos os que lutam pela paz e justiça.
» Bendito sejais, Deus da vida, por esta luz e pela luz que vós
fazeis resplandecer em todas as Igrejas que proclamam que
Jesus é o Senhor.

» Bendito sejais, Deus da vida, por esta luz e pelo clarão que
arde em todas as religiões e em todos os que buscam o vosso
rosto.
» Bendito sejais, Deus da vida, por esta luz e pela luz que brilha
na luta e esperança de todos os pobres da terra.
» Bendito sejais, Deus da vida, por esta luz e pela luz que vós
fizestes brilhar entre nós nesta campanha da fraternidade.
à Bendito sejais, Deus da vida, por esta luz e por toda luz que
ilumina a nossa comunidade.
à Bendito sejais, Deus da vida, por esta luz e pela luz que vós
fazeis resplandecer em todos os amigos e amigas da nossa
comunidade.

8 CARPANEDO, Penha; GUIMARÃES, Marcelo. Dia do Senhor: guia para as


celebrações das comunidades, ciclo pascal ABC. São Paulo: Paulinas/Aposto-
lado Litúrgico, 2002, p. 182.
“Não ardia o nosso coração enquanto ele nos explicava as escrituras no caminho?” (Lc 24,32). — EM

e Para que o rito do lava-pés tenha seu sentido pleno, é importante


planejá-lo bem, prevendo jarra, bacia e toalhas, bem como quem
irá fazê-lo e o lugar aonde vão se posicionar as pessoas que terão
os pés lavados.
* Onde for o costume, preparar um local adequado ou a capela
do Santíssimo, para a adoração, observando a recomendação:
“Convidem-se os fiéis a permanecer na igreja, depois da missa
In Coena Domini, por um determinado espaço de tempo da noite,
para a devida adoração ao Santíssimo Sacramento... Durante a
adoração eucarística pode ser lida uma parte do Evangelho se-
gundo João (caps. 13-17)..”.º
e Recomendamos que a adoração não seja prolongada a noite intei-
ra, evitando que as pessoas cheguem cansadas para a celebração
maior na noite pascal. A adoração da 5º feira não deve sobrepor-
se à vigília pascal, ponto alto do tríduo.
e Prever velas e incenso para a procissão de translado.
- Os cantos sejam preparados com antecedência, prevendo en-
saios. O Hinário Litúrgico da CNBB possui ótimas sugestões. As
melodias estão gravadas no CD Triduo Pascal — I.

9 CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO. Paschalis Sollenitatis: Preparação e Celebração


das Festas Pascais. Documentos Pontifícios, 224, n. 55.
SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO
DO SENHOR
22 de abril de 2011

ELE APRENDEU A OBEDIÊNCIA E TORNOU-SE CAUSA DE SALVAÇÃO ETERNA PARA


TODOS OS QUE LHE OBEDECEM HB 5,9

Leituras: Isaías 52,13-53,12; Salmo 30(31), 2.6.12-13.15-16.17.25


(R/. Lc 23,46); Hebreus 4,14-16; 5,7-9; João 18,1-19,42

Situando-nos
Hoje celebramos a paixão e morte de Jesus Cristo na cruz. Não en-
fatizamos o sofrimento de Cristo, mas a sua morte vitoriosa.
Recordamos aqui palavras eloquentes de São Teodoro Estudita
sobre a cruz de Cristo: “Ô preciosíssimo dom da cruz! Não mostra
apenas uma imagem mesclada de bem e de mal, como aquela árvore
do Paraíso, mas totalmente bela e magnífica para a vista e o paladar.
É uma árvore que não gera a morte, mas a vida; que não difunde as
trevas, mas a luz; que não expulsa do Paraíso, mas nele introduz. A
esta árvore subiu Cristo (...) para libertar o gênero humano da escra-
vidão do tirano (..). Se antes, pela árvore, fomos mortos, agora, pela
árvore, recuperamos a vida; se antes, pela árvore, fomos enganados,
agora, pela árvore, repelimos a astúcia da serpente. Sem dúvida, nova
e extraordinária mudança! Em vez da morte, nos é dada a vida; em
lugar da corrupção, a incorrupção; da vergonha, a glória...”.!º
Neste dia, em que Cristo, nosso cordeiro pascal, foi imolado, a
Igreja, comunidade de fé, contempla a paixão do Senhor Jesus, adora
a cruz e comemora o seu próprio nascimento do lado de Cristo.”

10 Liturgia das Horas, Ofício das Leituras da 2º semana do tempo pascal, p. 609-611.
1 Cf, CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO. Paschalis Sollenitatis: Preparação e Celebra-
ção das Festas Pascais. Documentos Pontifícios, 224, n. 58.
“Não ardia o nosso coração enquanto ele nos explicava as escrituras no caminho?” (Lc 24,32). “— tt

Num profundo silêncio celebramos tão grande mistério da en-


trega de Jesus que na consumação de sua vida, tornou-se causa de
salvação eterna para todos os que lhe obedecem (cf. Hb 5,9).

Recordando a Palavra
O Evangelho apresenta a narrativa do julgamento, condenação e
crucificação de Jesus. O relato do sofrimento, paixão e morte de
Jesus Cristo aparece à luz da fé no Ressuscitado. Jesus, enviado ao
mundo para não perder nenhum daqueles que o Pai lhe confiou
(Jo 18,9), conclui sua missão na cruz como sinal de glória e exal-
tação. Desde a prisão até a crucificação, salienta-se a soberania de
Jesus, sua entrega livre e obediente à vontade do Pai. Ele se entrega
livremente para ser preso e julgado por aqueles que se opõe ao pro-
jeto de salvação de Deus.
Jesus afirma que seu Reino não é deste mundo, pois se funda-
menta na fraternidade, justiça, amor solidário. O modo de agir de
Jesus manifesta a verdadeira realeza e rejeita toda forma de poder,
dominação, violência. A morte de Jesus é consequência de sua ação
em favor da vida, de seu compromisso com a verdade. “Eu nasci e
vim ao mundo para dar testemunho da verdade” (Jo 18,37). Pilatos não
se compromete com a verdade. Sob pressão e com ironia, ele entre-
ga Jesus “o rei dos judeus” para ser crucificado.
A entrega de Jesus por amor à humanidade ocorre durante a
preparação para a Páscoa, quando era imolado o cordeiro pascal
(Jo 19,14). No caminho doloroso para o Calvário, Jesus carrega so-
zinho a sua cruz. Ele entrega conscientemente seu Espírito, pois
“tudo está consumado” (Jo 19,30), realizando-se plenamente a obra da
redenção. O sangue e a água, que jorram do lado aberto, simboli-
zam a vida nova do Espírito do Senhor glorificado (Jo 7,38-39).
A cena da Mãe e do Discípulo Amado (Jo 19,25-27) revela que
a comunidade está renascendo e encontrando o sentido da missão
a partir do amor de Jesus consumado na cruz. Assim, os discípulos
superam a dificuldade que tinham de compreender o ministério de
238 Roteiros Homiléticos para Tríduo Pascal e Tempo Pascal - Ano A - Abril / Junho 2011

Jesus como Servo sofredor. A força da vitória de Cristo sobre a mor-


te, o poder, a violência e toda forma de maldade humana, impele os
discípulos a assumirem sua identidade.
A primeira leitura pertence ao Segundo Isaías e relata o quarto
cântico do Servo. Provavelmente, o Servo refere-se ao povo oprimi-
do no tempo do exílio babilônico. Em meio a uma situação de ex-
trema humilhação e sofrimento, o profeta anuncia a esperança de
salvação. “O meu servo terá êxito, ele será exaltado” (Is 52,13). Durante
o exílio, o povo faz a experiência de morte e no fim de renascimen-
to com a libertação e o retorno à sua terra.
O Servo permanece fiel ao projeto de Deus, em meio ao sofri-
mento e as adversidades, tornando-se exemplo para as nações. Ao
sofrer injustamente e carregar as dores dos outros, ele justificará a
muitos e será glorificado. A profecia do Servo realiza-se plenamente
em Jesus Cristo, pois ele entregou-se pela humanidade, carregou
suas dores, ofereceu a salvação e a vida.
No Salmo 30(31), o salmista, em meio a muitas aflições, con-
serva a confiança no Deus fiel e clemente. Ele entrega a vida nas
mãos do Senhor, proclamando sua bondade. “Tu és o meu Deus. Na
tua mão está o meu destino” (vv. 15-16). Jesus, na hora de sua morte,
proferiu uma prece de serena confiança: “Pai, em tuas mãos entrego o
meu espirito” (Lc 23,46).
A segunda leitura faz parte da carta aos Hebreus e ressalta a
entrega total de Cristo, que “aprendeu a obediência e tornou-se cau-
sa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem” (Hb 5,8-9). Jesus
fez-se em tudo semelhante a nós, menos no pecado. Ele viveu em
profundidade a condição humana, vencendo as provações até a pai-
xão e morte, tornando-se assim capaz de se compadecer de nossas
fraquezas.
Jesus, sendo Filho de Deus, venceu a morte e foi exaltado na
glória celeste, abrindo-nos um caminho para o Pai. Ele é o sumo
sacerdote eminente, pois ofereceu o sacrifício único, total de sua
vida a Deus e a humanidade. Somos exortados à perseverança na fé,
na certeza que Jesus exerce seu ministério sacerdotal para sempre.
A presença solidária de Jesus nos dá confiança para aproximarmos
do trono da graça e misericórdia de Deus.

Atualizando a Palavra

Cristo é o verdadeiro Cordeiro pascal, pois venceu a morte, a vio-


lência, toda forma de maldade e egoísmo, que impede a realização
plena do Reino de Deus. Com a paixão e morte, ele assumiu e trans-
formou profundamente o nosso sofrimento. A força do mistério
pascal de Jesus nos possibilita perseverar no caminho do discipula-
do, colocando a vida a serviço do Reino de justiça, amor e verdade.
“A missão de Jesus cumpre-se no Mistério Pascal: aqui vemo-
nos colocados diante da “Palavra da cruz” (cf. 1Cor 1,18). O Verbo
emudece, torna-se silêncio de morte, porque Se “disse” até calar,
nada retendo do que nos devia comunicar. Sugestivamente os Pa-
dres da Igreja, ao contemplarem este mistério, colocam nos lábios
da Mãe de Deus esta expressão: “Está sem palavra a Palavra do Pai,
que fez toda a criatura que fala; sem vida estão os olhos apagados
d'Aquele a cuja palavra e aceno se move tudo o que tem vida”. Aqui,
verdadeiramente comunica-se-nos o amor “maior”, aquele que dá
vida pelos próprios amigos (cf. Jo 15,13)”.!
Ao consumar a missão na cruz, Jesus realiza plenamente a von-
tade do Pai, na obediência e fidelidade ao seu plano de amor. Por
isso, a cruz torna-se sinal de vitória, de esperança renovada de vida
digna e melhor para o ser humano. O seguimento a Jesus implica
assumir as cruzes que decorrem da missão, no empenho para trans-
formar as situações de morte em vida plena.

12 Exortação apostólica pós-sinodal, Verbum Domini. Brasília: Edições CNBB, 2010, p. 24.
Ee Roteiros Homiléticos para Triduo Pascal e Tempo Pascal - Ano A - Abril/ Junho 2011

Ligando a Palavra com a ação eucarística


Hoje, a Igreja não celebra a eucaristia. Temos como partes essen-
ciais da liturgia da Paixão do Senhor: liturgia da Palavra, a adoração
da Santa Cruz e comunhão.
Nesta ação ritual, meditamos a paixão do Senhor Jesus; inter-
cedemos pela salvação do mundo todo; adoramos a cruz e come-
moramos a nossa própria origem, pois nascemos do lado aberto do
Salvador.”
O Servo Sofredor, suspenso na cruz, derramou o seu sangue,
destruiu a morte que o pecado transmitiu a todos (cf. oração do dia).
Numa silenciosa adoração contemplamos o mistério da salva-
ção, pois do lenho da Cruz, veio vida para todos, como cantamos
durante a adoração da Cruz: “Cravam-lhes os cravos tão fundo, seu
lado vão traspassar; já corre o sangue fecundo, a água põe-se a bro-
tar: estrelas, mar, terra e mundo, a tudo podem lavar!”
No mistério da Paixão do Senhor, tornamos presentes, as dores
e martírios de todos os oprimidos da terra, nos quais sua Paixão
continua.

Sugestões para a celebração


* A celebração começa em silêncio, sem canto, e assim termina.

e A celebração começa com a comunidade toda ficando de joelhos.


Aqueles que coordenam podem se ajoelhar ou se prostrar no
chão. Neste caso, é bom prever o espaço.
* À leitura da paixão ocupa, neste dia, uma dimensão de sacra-
mento e sinal para a comunidade orante. É importante planejá-
la, distribuindo bem as tarefas e ensaiando-a previamente. Pode
ser dialogada, encenada ou cantada.

13 Cf. CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO E A DISCIPLINA DOS SACRAMENTOS. Di-


retório sobre a piedade populare liturgia; princípios e orientações. São Paulo, Paulinas, 2003, n. 142.
“Não ardia o nosso coração enquanto ele nos explicava as escrituras no caminho?” (Lc 24,32). Ha

O subsídio Dia do Senhor, guia para as celebrações das comunida-


des, ciclo pascal, ABC, contém uma ótima sugestão onde propõe
a narrativa da Paixão, repartida em trechos intercalados com um
refrão e invocação do povo, no estilo das estações da via-sacra.
Se a narrativa da Paixão for cantada, há sugestões no Hinário
Litúrgico da CNBB, fascículo 2.

Na oração universal, a assembleia interpelada pela Palavra de


Deus, abre-se à caridade orando.

A cruz é entronizada como sinal de vitória. Beijando e aclaman-


do a cruz o povo aclama e adora o Cristo que deu sua vida por
nós na cruz, para dar-nos a vida.
Uma única cruz é usada para a adoração, tal com se requer a
verdade do sinal.
Ao participar da comunhão eucarística, os fiéis assumem sacra-
mentalmente a entrega de Jesus, a fim de que, sejam testemu-
nhas de tão grande mistério.
Para que os fiéis continuem a contemplação do mistério da Pai-
xão do Senhor, depois da comunhão, realiza-se a desnudação do
altar, deixando a cruz no centro, ladeada com velas acesas.

A comunidade pode prever um lugar adequado, onde será colo-


cada a cruz com as velas, a fim de que os fiéis possam permane-
cer em oração e meditação.!

Recordem aos fiéis que o sábado é dia de meditar sobre a sepultu-


ra de Jesus, contemplando a sua paixão e morte, a sua descida aos
infernos e esperar na oração e no silêncio a sua ressurreição. A
celebração do ofício da leitura e das laudes são recomendadas.”

14 Cf. CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO. Paschalis Sollenitatis: Preparação e Celebra-


ção das Festas Pascais. Documentos Pontifícios, 224, n. 71.

15 Cf. Idem, 224,n. 73.


ME Roteiros Homiléticos para Tríduo Pascal e Tempo Pascal - Ano À - Abril / Junho 2011

e À Liturgia das Horas e o Ofício Divino das Comunidades ofere-


cem indicações preciosas para esses momentos.

- Os cantos sejam preparados com antecedência, prevendo en-


saios. O Hinário Litúrgico da CNBB possui ótimas sugestões. As
melodias estão gravadas no CD Triduo Pascal — I.
VIGÍLIA PASCAL
(A mãe de todas as vigílias)
23 de abril de 2011

SÓ TU, NOITE FELIZ, SOUBESTE A HORA EM QUE CRISTO DA MORTE RESSURGIA;


E É POR ISSO QUE DE TI FOI ESCRITO: A NOITE SERÁ LUZ PARA O MEU DIA!
(PROCLAMAÇÃO DA PÁSCOA)

Leituras: Gênesis 1,1-2,2 (ou 1,1.26-31a); Salmo 103(104) ou Salmo


32(33); Gênesis 22,1-18 (ou 22,1-2.9a.10-13.15-18); Salmo
15(16); Êxodo 14,15-15,1a: Cântico: Êxodo 15; Isaías 54,5-14;
Salmo 29(30); Isaías 55,1-11; Cântico: Isaías 12; Baruc 3,9-
15.32-4,4; Salmo 18(19); Ezequiel 36,16-17a.18-28;
Salmo 41(42); Romanos 6,3-11; Salmo 117(118);
Mateus 28,1-10.

Situando-nos
Esta noite mil vezes feliz é “em honra do Senhor”.
“A vigília que nela se celebra, comemorando a noite santa em
que o Senhor ressuscitou, deve ser considerada como 'mãe de todas
as santas vigílias”.!º
Na vigília pascal, a comunidade de fé, permanece à espera da
ressurreição do Senhor e a celebra com os sacramentos da iniciação
cristã.”
Celebrar a vigília é exultar em plena escuridão o resplendor de
uma luz que não se apaga. É proclamar as maravilhas que o Senhor
fez, desde a criação do mundo, passando pela libertação dos hebreus

16 CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO. Paschalis Sollenitatis: Preparação e Celebração


das Festas Pascais. Documentos Pontifícios, 224, n. 77.

17 Idem, n. 77.
E] Roteiros Homiléticos para Tríduo Pascal e Tempo Pascal - Ano A - Abril / Junho 2011

até a páscoa nova do Senhor Jesus. É retomar o alegre aleluia da vi-


tória do Cristo sobre o mundo com todas as suas opressões e sobre
a morte. É beber com alegria da água da vida, renovando os nossos
compromissos batismais e batizando na vida nova de Cristo novos
membros de nossas comunidades. É celebrar a Ceia do Cordeiro
sem mancha, nossa páscoa, comendo do pão puro sem fermento,
com os corações sinceros e contentes, assumindo com mais totali-
dade o compromisso com a causa do Reino, do qual a ressurreição
do Cristo é a inauguração e o lançamento decisivos.
Nesta noite de alegria verdadeira, que o Cristo ressuscitado, ven-
cedor da morte, dissipe as trevas do nosso coração e da nossa mente.
Com toda a criação celebramos a vitória da vida sobre a
morte.

Recordando a Palavra

No Evangelho, Maria de Magdala e a outra Maria foram ver o se-


pulcro de Jesus na alvorada da manhã após o sábado. Como haviam
seguido Jesus desde a Galileia, prestando-lhe serviços, certamente
elas tiveram numerosas oportunidades para ouvir os ensinamentos
sobre a morte e a ressurreição de seu Mestre. Sendo representantes
da comunidade, as mulheres desejam encontrar Jesus. Elas serão
testemunhas da ressurreição de Jesus, como foram de sua crucifica-
ção e sepultamento (Mt 27,55-56.61).
Na ressurreição de Jesus ocorrem vários sinais que revelam a
presença e a ação de Deus, manifestando a força da vida que ven-
ce a morte. O anjo, mensageiro de Deus, dirige-se às mulheres e
lhes anuncia a ressurreição de Jesus. “Ele não está aqui! Ressuscitou,
conforme havia dito! Vinde ver o lugar em que ele estava” (Mt 28,6). As
mulheres são convidadas a olhar dentro do sepulcro vazio e cons-
tatar o triunfo do reinado da vida sobre a morte. Aquele que foi
crucificado está vivo, não está mais no sepulcro.
A mensagem da ressurreição de Cristo não é invenção humana,
mas palavras de Deus. Por meio das palavras de seu mensageiro,
“Não ardia o nosso coração enquanto ele nos explicava as escrituras no caminho?” (Lc 24,32). SU]

Deus anuncia que o Crucificado está vivo, ressuscitado. As mu-


lheres recebem a missão divina de anunciar a Boa Nova da ressur-
reição de Jesus aos discípulos. “Ide depressa contar aos discípulos: Ele
ressuscitou dos mortos e vai à vossa frente para a Galileia” (Mt 28,7).
Preanunciando a dispersão, o abandono dos discípulos, Jesus havia
prometido que os encontraria de novo na Galileia (Mt 26,31-32), re-
gião do anúncio do Reino, do chamado para a missão.
Os discípulos adquirem na experiência pascal, no encontro com
o Ressuscitado, a luz e a confiança para assumir com fé a vocação
apostólica. Jesus ressuscitado vai ao encontro e se comunica com as
mulheres através de uma saudação pascal de alegria (Mt 28,9). Elas
se aproximam do Senhor, prostrando-se num gesto de súplica e ado-
ração. À vida orante e os laços fraternos, que levavam a considerar
os outros como irmãos, favoreceram a perseverança das comunida-
des primitivas no anúncio e testemunho de Jesus ressuscitado.
As outras leituras desta noite de alegria pascal destacam tam-
bém o mistério da luz divina, que ilumina o povo no decorrer da
história da salvação. Em Gênesis 1,1-2,2 ou 1,1.26-31a, enfatiza-se
a bondade de Deus, que cria maravilhosamente o universo. Deus
mantém com sua providência todos os seres. O ser humano, criado
com a capacidade de conhecer o bem e o mal, tem a responsabilida-
de de preservar a oba de Deus.
O texto de Gênesis 22,1-18 mostra que Abraão confia de ma-
neira incondicional em Deus, seguindo sua palavra com fidelida-
de. O pai da fé abre os olhos e compreende que o plano de amor
de Deus implica no cuidado e preservação da vida do povo. Assim,
os sacrifícios humanos são substituídos com outros alternativos
de animais.
A leitura do Éxodo revela a ação salvífica de Deus atuando na
história humana. O povo é chamado a dar sua resposta colocando-
se em marcha, buscando a própria libertação. Deus caminha à fren-
te, iluminando o povo durante a passagem da escravidão para a
vida e a liberdade. A travessia do mar Vermelho torna-se símbolo
do batismo, no qual Cristo guia no caminho da vida nova.
EI Roteiros Homiléticos para Tríduo Pascal e Tempo Pascal - Ano À - Abril / Junho 2011

Os textos proféticos de Isaías, Baruc e Ezequiel acentuam a


eterna misericórdia de Deus, que acolhe e renova a aliança com o
povo ao longo da história. Por meio dos profetas, Deus se compade-
ce e chama o povo a uma renovada fidelidade no amor e na solida-
riedade. O apelo profético impele a procurar o Senhor, deixando-se
envolver pela sua palavra, que “não volta sem produzir seu resultado,
sem cumprir com sucesso a sua missão” (Is 55,11).
A leitura de Romanos 6,3-11 mostra que, pelo batismo, mergu-
lhamos no mistério da Páscoa de Cristo. A participação na morte e
ressurreição de Jesus Cristo, na vitória total sobre o pecado, reveste-
nos de vida nova para trabalharmos por um mundo novo. Fomos
enxertados em Cristo ressuscitado para vivermos a vida nova de
filhos e filhas de Deus.

Atualizando a Palavra
Nesta noite jubilosa, somos iluminados pela Boa Notícia da ressur-
reição de Jesus Cristo. “No mistério refulgente da ressurreição, o
silêncio da Palavra manifesta-se com o seu significado autêntico
e definitivo. Cristo, Palavra de Deus encarnada, crucificada e res-
suscitada, é Senhor de todas as coisas; é o Vencedor, o Pantocra-
tor, e assim todas as coisas ficam recapituladas nEle para sempre
(cf. Ef 1,10). Por isso, Cristo é 'a luz do mundo” (Jo 8,12), aquela luz
que resplandece nas trevas, mas as trevas não a acolheram (...). Na
ressurreição, o Filho de Deus surgiu como luz do mundo. Agora
vivendo com Ele e para Ele, podemos viver na luz”.º
Ouvimos nesta noite o relato da criação, onde o caos, as trevas
foram transformadas em luz. A força da vida, que surge da ressur-
reição de Cristo, renova todos os seres criados. O Senhor continua
nos libertando de todas as opressões. Proclamemos com alegria e jú-
bilo que a vida vence a morte. Com a ressurreição de Jesus, começa
o mundo novo ao qual somos chamados a cooperar para a sua rea-

18 Exortação apostólica pós-sinodal, Verbum Domini. Brasília: Edições CNBB, 2010, p. 25.
“Não ardia o nosso coração enquanto ele nos explicava as escrituras no caminho?” (Lc 24,32). EM

lização plena.
Como as mulheres discípulas, a Palavra de Deus nos plenifica
de esperança e nos faz crer no mistério da vida que surge da morte.
Somos impelidos a correr para anunciar que Jesus ressuscitou e vai
à nossa frente na missão. Cantemos com Moisés, Míriam e todo o
povo, pois o Senhor é a nossa força e salvação. “Ele nos faz compre-
ender os prodígios de outrora, prefigurando na passagem do mar
Vermelho a fonte batismal e, naqueles que foram libertados da es-
cravidão, o povo que renasce do batismo”.

Ligando a Palavra com a ação eucarística


Celebrando a vigília pascal, a comunidade vai sendo introduzida
na contemplação da páscoa em todas as suas dimensões: na liturgia
da luz celebra a Páscoa cósmica, que marca a passagem das trevas
para a luz; a liturgia da Palavra celebra a Páscoa histórica evocando
os principais momentos da história da salvação; a liturgia batismal
celebra a Páscoa da Igreja, povo novo suscitado pela fonte batismal;
a liturgia eucarística celebra a Páscoa perene e escatológica com a
participação no convite eucarístico, imagem da vida nova e do reino
prometido.”
De rito em rito, embora diferenciados em diversas partes clara-
mente definidas, formam um conjunto unitário girando em torno
do núcleo essencial da Palavra de Deus e da eucaristia. Pelos sinais
sacramentais-pascais da luz, da água, do pão e do vinho — explici-
tados e feitos presentes pela palavra de Deus — significa-se e faz-se
presente a realidade da Páscoa do Senhor para que se torne nossa e
a expressemos em nossa vida.
Somos conduzidos a contemplar a história das obras salvíficas
realizadas por Deus, desde a criação do cosmos e do homem e da
mulher, para chegar à nova criação da pessoa em Cristo morto e

19 Cf. Matias AUGÊ. Quaresma, páscoa, pentecostes; tempo de renovação no Espírito. São Paulo,
Ave Maria, 2005, p. 66-67.
55 Roteiros Homiléticos para Triduo Pascal e Tempo Pascal - Ano A - Abril / Junho 2011

ressuscitado.
Percorremos esse itinerário na certeza de que Ele ressuscitou.
A vida triunfou, aleluia. A luz venceu as trevas. Mergulhados nele
nascemos para uma nova vida. Por Ele, com Ele participamos da
ceia pascal, memorial e atualização de sua morte e ressurreição, na
certeza de sua nova vinda.
Que a experiência da ressurreição nos faça pessoas pascais —
unidas no amor do Senhor e comprometidas com o Reino de paz e
de justiça.

Sugestões para a celebração


e A vigília pascal é a principal celebração do ano, por isso, é neces-
sário preparar tudo com antecedência. Os diversos ministérios e
também o material que será utilizado.
*- E importante não antecipar o horário da celebração, para não
perder o seu caráter de vigília. “Toda vigília pascal seja celebrada
durante a noite, de modo que não comece antes do anoitecer e
sempre termine antes da aurora de domingo”.”
e A celebração da vigília é de uma riqueza extraordinária. Contêm
muitas ações, gestos simbólicos que explicitam a celebração da
páscoa: círio, luz, água, palavra proclamada, batismo, aspersão,
renovação das promessas batismais, pão, vinho, partilha... Isso
exige que os sinais e ações sejam verdadeiros para que realizem
o que significam.
e As leituras da Sagrada Escritura narram acontecimentos culmi-
nantes da história da salvação, então na medida do possível, é
bom proclamar todas as leituras. No Evangelho, é anunciada a
ressurreição do Senhor, como ápice da liturgia da Palavra.”

20 CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO. Paschalis Sollenitatis: Preparação e Celebração


das Festas Pascais. Documentos Pontifícios, 224, n. 78.
2 CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO. Paschalis Sollenitatis: Preparação e Celebração

das Festas Pascais. Documentos Pontifícios, 224, n.85-87.


“Não ardia o nosso coração enquanto ele nos explicava as escrituras no caminho?” (Lc 24,32). ERA

* Oaleluia, que foi omitido desde a quarta-feira de cinzas até aqui,


deve ser solene. A comunidade pode realizá-lo da seguinte ma-
neira:

«Uma criança da comunidade se dirige a quem preside: N..., durante 40 dias


não cantamos o aleluia. Entoa, agora, para nós este canto de ale-
gria e festa. Em seguida se entoa o canto do Aleluia.”

* É bom que seja realizado o batismo.


* Valorizar a celebração da eucaristia, quarta parte da vigília e
também o seu ápice. Não é recomendável celebrar apressada-
mente a liturgia eucarística.

* Que na comunhão aconteça a plenitude do sinal eucarístico, re-


cebido sob as espécies do pão e do vinho.
* No momento da comunhão que a mesa eucarística seja valori-
zada.
* Os cantos sejam preparados com antecedência, prevendo en-
saios. O Hinário Litúrgico da CNBB possui ótimas sugestões. As
melodias estão gravadas no CD Triduo Pascal — II.

22 CARPANEDO, Penha; GUIMARÃES, Marcelo. Dia do Senhor: guia para as celebra-


ções das comunidades, ciclo pascal ABC. São Paulo: Paulinas/Apostolado Litúrgico,
2002, p. 221.
DOMINGO DA PÁSCOA NA
RESSURREIÇÃO DO SENHOR
24 de abril de 2011

ELE Vil, E ACREDITOU (JO 20,6).

Leituras: Atos 10,34a.37-43; Salmo 117(118),1-2.16ab-17.22-23


(R/. 24); Colossenses 3,1-4 ou ICoríntios 5,6b-8;
João 20,1-9 ou nas Missas vespertinas: Lucas 24,13-35

Situando-nos

O Senhor ressuscitou! Aleluia! O sepulcro está vazio. Maria de Mag-


dala não encontra o Senhor no túmulo. Lá só estavam as faixas de
linho e o pano. Os sinais da morte ficaram para trás.
É o grande dia. A vida reinou. Com toda a criação que desperta
para a vida nova, celebramos com alegria e júbilo a festa da vida.
Nestes primeiros três domingos contemplamos a experiência e
o testemunho que as discípulas e os discípulos tiveram do Senhor
ressuscitado.
Na celebração comunitária, em assembleia, nos encontramos
com o Senhor da vida. Ele nos renova e nos faz verdadeiras teste-
munhas da ressurreição.

Recordando a Palavra

No texto do Evangelho de João, Maria de Magdala dirige-se ao se-


pulcro na madrugada, após o sábado. Como representante da comu-
nidade, que busca entender o significado da morte e ressurreição de
Jesus, ela vê a pedra removida e volta correndo para avisar a Pedro
e ao Discípulo Amado. Esses dois discípulos ocupam também papel
“Não ardia o nosso coração enquanto ele nos explicava as escrituras no caminho?” (Lc 24,32). EL

de destaque na comunidade. Pedro recebeu o encargo de confirmar


os irmãos e irmãs na fé. O Discípulo Amado, que esteve presente
na Última Ceia, ao pé da cruz, compreende os sinais e descobre que
Jesus está vivo.
O amor faz a comunidade reconhecer nos sinais da ausência do
corpo, a presença do Senhor ressuscitado. O túmulo vazio, as fai-
xas, O sudário são sinais que exigem adesão da fé, para compreender
o mistério da ressurreição de Jesus. O amor fiel, como o de Jesus
pelos seus, move e conduz os discípulos e discípulas no itinerário
da fé. “O outro discípulo viu e acreditou” (Jo 20,8). A compreensão da
Escritura suscita a verdadeira fé no Ressuscitado. “Eles ainda não
haviam compreendido a Escritura, segundo a qual ele devia ressuscitar
dos mortos” (Jo 20,9).
Iluminados pela Escritura, os discípulos acolhem e seguem Je-
sus como o Servo rejeitado e exaltado (cf. Is 53), o verdadeiro Messias
e Filho de Deus. A fé na ressurreição fundamenta-se nas Escrituras
e no testemunho de homens e mulheres que vivem e anunciam o
amor de Cristo, como Maria de Magdala, o Discípulo Amado, Pe-
dro e tantas outras pessoas.
O episódio dos discípulos de Emaús (Lc 24,13-35) indica à co-
munidade cristã o caminho para um verdadeiro encontro com o Se-
nhor ressuscitado. A escuta atenta das Escrituras (vv. 27.32) e o par-
tir juntos o pão (vv. 30-31.35) abre os olhos dos discípulos. Assim,
eles superam a experiência decepcionante da morte de seu Mestre
e encontram o Senhor da vida. “Realmente, o Senhor ressuscitou!” (v.
34), impelindo a acolher a sua presença que se revela como compa-
nheiro de caminhada.
A primeira leitura, tirada dos Atos dos Apóstolos, apresenta os
principais momentos da vida de Jesus. Ungido por Deus com o Es-
pírito Santo, Jesus de Nazaré “andou fazendo o bem e curando a todos
os que eram oprimidos” (At 10,38). Ele amou tanto a ponto de entregar
a vida na cruz pela salvação de toda a humanidade. “Mas Deus o res-
suscitou e o constituiu Juiz dos vivos e dos mortos” (At 10,40.42).
EIA Roteiros Homiléticos para Tríduo Pascal e Tempo Pascal - Ano À - Abril / Junho 2011

Jesus vivo, ressuscitado, tornou-se o fundamento de nossa fé


e esperança. A ressurreição de Jesus é o ponto culminante de um
projeto de salvação, de libertação. Os discípulos são chamados a dar
testemunho da ressurreição de Jesus, acolhendo e anunciando a sua
proposta libertadora de vida plena para todos os povos.
O Salmo 117(118) é uma solene ação de graças a Deus após uma
vitória conquistada. “Este é o dia que o Senhor fez: exultemos e alegre-
mo-nos nele” (v. 24). Na tradição cristã, este versículo é aplicado ao
dia da ressurreição de Cristo.
A segunda leitura da carta aos Colossenses fala da vida cristã e
mostra que a experiência da ressurreição começa já neste mundo, no
tempo presente. “Se ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas do alto”
(Cl 3,1), ou seja, o seu projeto de libertação. A comunhão com Cris-
to ressuscitado, na qual somos introduzidos pelo batismo, impele ao
despojamento das coisas opostas à vontade de Deus para nos reves-
tirmos da vida nova. A vitória da vida sobre o pecado e a morte deve
manifestar-se em nós através das obras do amor e da solidariedade.

Atualizando a Palavra
As leituras falam do fundamento da fé cristã: a ressurreição de Je-
sus. Sendo a nossa vida, Cristo continua revelando os sinais de sua
ressurreição ao longo do caminho, na palavra, na eucaristia, quan-
do partilhamos o pão. Graças à vitória de Cristo sobre a morte e
toda forma de maldade, realiza-se a grande esperança: uma terra e
céus novos, um mundo de paz e justiça, amor, alegria e vida plena.
Cristo ressuscita e restaura a vida plena, a nossa dignidade, re-
vestindo-nos da vida nova de filhos e filhas. Somos chamados a co-
laborar com a graça e a força do Espírito, morrendo continuamente
para ressuscitar com Cristo. Quem segue os passos de Jesus Cristo
ressuscita com ele e empenha-se em buscar as coisas do alto.
A vida nova de ressuscitados nos leva a agir conforme o projeto
de Deus, na abertura de coração para acolher o outro e construir ati-
tudes justas. Assim, damos testemunho da ressurreição de Cristo,
“Não ardia o nosso coração enquanto ele nos explicava as escrituras no caminho?” (Lc 24,32). ELI

como Maria de Magdala, primeira testemunha da alegria pascal, e


de tantos leigos, em especial mulheres, que evangelizam com gene-
rosidade as comunidades espalhadas pelo mundo.
Tocados pela Boa Nova, os cristãos tornam-se anunciadores da
Palavra de Deus e testemunhas do Senhor ressuscitado, esperança
do mundo. “Os primeiros cristãos consideraram o seu anúncio mis-
sionário como uma necessidade derivada da própria natureza da fé:
o Deus em quem acreditavam era o Deus de todos, o Deus único
e verdadeiro que Se manifestara na história de Israel e, por fim, no
seu Filho, oferecendo assim a resposta que todos os homens, no seu
íntimo, aguardam”?

Ligando a Palavra com a ação eucarística

Neste dia que o Senhor fez para nós, celebramos com exultação a
ressurreição do Senhor e com Ele, por Ele e n'Ele as nossas esperan-
ças de vida nova.
Ele está verdadeiramente vivo e presente no meio de nós. Sa-
cramentalmente presente na nossa reunião, na Palavra proclamada
e no pão e vinho, consagrados e partilhados.
Com Maria de Magdala e com os discípulos proclamamos que
vimos o Cristo Ressuscitado, o tâmulo abandonado, pois Ele res-
suscitou de verdade.
Elevamos ao Senhor, um imenso canto de ação de graças, por-
que “eterna é a sua misericórdia” para conosco.
Que o Senhor ressuscitado nos renove no seu Espírito e nos
ressuscite na luz da nova vida (oração do dia).
Somos convidados a perder o medo, a vencer as incertezas, a
abandonar o velho fermento, pois o nosso cordeiro pascal, Cristo,
foi imolado.

23 Exortação apostólica pós-sinodal, Verbum Domini. Brasília: Edições CNBB, 2010, p. 123.
ELA Roteiros Homiléticos para Tríduo Pascal e Tempo Pascal - Ano À - Abril / Junho 2011

Sugestões para a celebração E


* O espaço celebrativo deve estar devidamente arrumado para
que as pessoas se sintam bem: limpo, cheiroso, iluminado ade-
quadamente, ventilado, alegre, com flores, expressando a alegria
da festa pascal.
* Podem fazer parte da procissão de entrada, as pessoas que foram
batizadas na vigília pascal;
e O círio pascal é aceso solenemente. Uma proposta: A pessoa que
carrega o círio, ao chegar ao presbitério, se volta para a assembleia e reza: Bendito
sejais, Deus da vida, pela ressurreição de Jesus Cristo, e por esta
luz radiante! Esta oração pode ser feita por outra pessoa. Alguém incensa o ci-
rio, ou queima ervas cheirosas, enquanto todos cantam: Bendito sejas, Cristo
Senhor. Que é do Pai imortal esplendor! Em seguida coloca-se o círio no
seu devido lugar.

e Fazer a aspersão com água no lugar do ato penitencial.


e Se possível, a sequência pascal pode ser encenada.
e Preparar bem os leitores para a proclamação da Palavra de
Deus.

- Os cantos sejam preparados com antecedência, prevendo en-


saios. O Hinário Litúrgico da CNBB possui ótimas sugestões. As
melodias estão gravadas no CD Liturgia XVI — Páscoa — Ano A.
2º DOMINGO DA PÁSCOA
Domingo da Divina Misericórdia
1º de maio de 2011

JESUS ENTROU E, PONDO-SE NO MEIO DELES, DISSE:


A PAL ESTEJA CONVOSCO" (JO 20,19).

Leituras: Atos 2,42-47; Salmo 117(118),2-4.13-15.22-24 (R/.1);


1Pedro 1,3-9; João 20,19-31 (Tomé)

Situando-nos

No primeiro dia da semana os discípulos estão reunidos, ainda com


medo das autoridades judaicas e romanas. O Senhor ressuscitado
se coloca no meio deles. Quem não está na comunidade não vê o
Senhor. Oito dias depois, novamente Jesus põe-se no meio deles e
Tomé faz a sua grande profissão de fé.
O Senhor apresenta-se com os sinais gloriosos da paixão; sopra
sobre eles e lhes transmite o Espírito.
Celebrar neste Dia do Senhor, nos possibilita fazer uma expe-
riência profunda do Senhor ressuscitado, que se coloca no meio de
nós e nos presenteia com os dons pascais.
Sejamos dignos da palavra do Senhor: “Bem-aventurados os
que creram ser terem visto!”
Neste dia do trabalhador, celebramos em comunhão profunda
com todos os homens e mulheres que colaboram com seu trabalho
na edificação de um mundo novo, mais justo e mais humano.

Recordando a Palavra

O Evangelho começa narrando a aparição aos discípulos na tar-


de do mesmo dia, o primeiro da semana, isto é, no dia da Páscoa.
41 | Roteiros Homiléticos para Tríduo Pascal e Tempo Pascal - Ano À - Abril / Junho 2011

Assim, o evangelista recorda também o costume dos cristãos, que à


tarde do domingo, costumavam celebrar a eucaristia como memo-
rial da ressurreição do Senhor. Jesus entrou e, pondo-se no meio deles,
disse: “A paz esteja convosco” (Jo 20,19).
Jesus ressuscitado comunica a paz verdadeira, que liberta do
medo e infunde confiança na missão. Ele dá-se a conhecer aos dis-
cípulos, mostrando-lhes as mãos e o lado, as marcas da paixão. Os
discípulos exultam de alegria porque descobrem que o Senhor está
vivo e que a força da ressurreição provém da entrega na cruz por
amor. À paz e a alegria são dons do Cristo ressuscitado, que possibi-
litam reconhecer a sua presença no meio da comunidade reunida.
Como o Pai o havia enviado, Jesus envia seus discípulos para
a missão, revestindo-os com a vida nova do Espírito, que os capa-
cita para libertar do pecado, da opressão. O sopro, que lembra Gn
2,7, caracteriza a nova criação, a vida nova que surge a partir da
ressurreição de Jesus. O Espírito Santo, prometido antes da partida
de Jesus (Jo 16,7), renova o universo e assegura o êxito no trabalho
missionário.
“Oito dias depois”, Jesus aparece novamente aos discípulos, desta
vez na presença de Tomé, repreendido por causa de sua incredulida-
de. Tomé, como representante de todos os cristãos que aderem ao
Senhor, faz uma profunda profissão de fé: “Meu Senhor e meu Deus!”
(Jo 20,28). Acreditar em Cristo morto e ressuscitado é o núcleo cen-
tral da mensagem cristã.
A primeira leitura dos Atos dos Apóstolos mostra que as comu-
nidades cristãs primitivas estavam fundamentadas na fé e na par-
tilha. “Todos os que abraçavam a fé viviam unidos e colocavam tudo em
comum” (At 2,44). Quem acredita e segue Jesus com radicalidade
liberta-se e, por meio da partilha, manifesta a completa disponibili-
dade para colocar-se a serviço do Reino.
O ensinamento dos apóstolos, a escuta da palavra, a celebra-
ção da eucaristia, as orações, a comunhão fraterna sustentavam a
vida e a missão das comunidades primitivas. A simplicidade, a ale-
gria e a solidariedade atraem o povo, multiplicando o número dos
“Não ardia o nosso coração enquanto ele nos explicava as escrituras no caminho?” (Lc 24,32). EM

seguidores de Jesus. A nova forma de vida da comunidade testemu-


nha a presença de Jesus ressuscitado em seu meio.
O Salmo 117(118), relido na perspectiva cristã, convida a dar
graças pela vitória de Cristo. “A pedra que os construtores rejeitaram
tornou-se a pedra angular” (v. 22). Com esse versículo, a Igreja primi-
tiva procurou entender a rejeição e a morte de Jesus por seu próprio
povo (cf. Mt 21,42; At 4,11; 1Pd 2,7). Por meio da ressurreição, Cristo
tornou-se a pedra angular do edifício, o alicerce da vida cristã.
Na segunda leitura (1Pd 1,3-9), a comunidade, em meio a pro-
vações e discriminações, reafirma sua fé e esperança em Cristo res-
suscitado. A primeira parte desta leitura é composta de um hino
litúrgico antigo (vv. 3-5), mediante o qual damos graças ao Pai pela
esperança viva revelada na ressurreição de Jesus Cristo. Na segun-
da parte (vv. 6-9), considera-se a vida cristã nascida da nova relação
que se instaurou entre o ser humano e Deus.

Atualizando a Palavra
As leituras acentuam a realidade da ressurreição e a profissão de
fé no Senhor ressuscitado. “Felizes os que acreditam sem terem visto”,
A Palavra e o testemunho de fé dos apóstolos que viram o Senhor
vivo e ressuscitado, nos possibilitam crer sem ver. Como Tomé, po-
demos fazer uma profunda profissão de fé a partir do encontro com
Jesus na comunidade reunida para a celebração dominical.
Vale para nós também o elogio dos ouvintes dado pelo autor, na
segunda leitura de hoje: “Sem ter visto o Senhor, vós o amais. Sem o ver
ainda, nele acreditais. Isso será para vós fonte de alegria inefável e gloriosa,
pois obtereis aquilo em que acreditais: a vossa salvação” (1Pd 1,8-9). Somos
chamados a participar da alegria da salvação, testemunhando a res-
surreição de Cristo mediante a paz, a esperança, a vida nova.
A comunidade, com sua vida alicerçada na fé e na partilha so-
lidária, testemunha que Cristo está vivo, ressuscitado. A presen-
ça do Senhor abre as portas do nosso coração e nos faz romper as
barreiras do medo, enviando-nos em missão com a força do seu
[45 | Roteiros Homiléticos para Tríduo Pascal e Tempo Pascal - Ano A - Abril / Junho 2011

Espírito. Que o Ressuscitado fortaleça a nossa fé e esperança e nos


torne construtores de um mundo novo de fraternidade.

Ligando a Palavra com a ação eucarística


Reunidos em torno do Senhor ressuscitado, nos tornamos o lugar
espiritual, ou seja, sacramento da sua presença.
“A presença de Cristo na comunidade celebrante tem, com efei-
to, a primazia. Não é porque a comunidade celebrante está órfã de
Cristo que ela celebra a Eucaristia, como que para tornar o Cristo
presente à sua adoração. É antes porque o Cristo já está presente
nela, pela fé e pelo amor, que ela é capaz de torná-lo igualmente
presente sob os sinais do pão e do vinho eucarísticos e celebrar a re-
feição da aliança. (...) Do mesmo modo, não é porque a comunidade
está órfã de Cristo que ela celebra a Palavra para torná-l/O presente,
sob o sinal das palavras inspiradas. É antes para que Ele permaneça
com sua Igreja até o fim dos tempos (Mt 28,20) que ela pode abrir
seu coração ao Evangelho que Ele lhe dirige”.”
Os cristãos e as cristãs compreenderam, desde o início, que a
Igreja é essencialmente assembleia convocada pelo Senhor que se tor-
na presente e atuante na mesma. Fazer parte da assembleia litúrgica
é fruto da fé e da comunhão com a Igreja em torno do Ressuscitado,
pois a Igreja, povo da nova aliança, nasceu da páscoa de Cristo.
Que os dons pascais recebidos do Senhor nos ajudem a edificar
a Igreja — casa da Palavra sobre os quatro fundamentos: perseveran-
ça na escuta dos ensinamentos dos apóstolos, na comunhão frater-
na, na fração do pão e nas orações.
Então, “neste dia que o Senhor fez para nós”, experimentamos
sua presença viva na assembleia reunida, na palavra repartida e no
mistério de sua entrega na eucaristia. Assim, seremos um só corpo
e um só espírito, enviados para espalhar no mundo a paz e a recon-
ciliação, que dele recebemos.

24 DEISS, L. A palavra de Deus celebrada: teologia da celebração da palavra de Deus, p.42.


“Não ardia o nosso coração enquanto ele nos explicava as escrituras no caminho?” (Lc 24,32). Ea

Sugestões para a celebração


A característica mais destacada do tempo pascal é a alegria. A
cor branca, as flores, tudo é orientado para expressar o sentimen-
to de festa.
Neste dia primeiro de maio acontece no Vaticano a beatifica-
ção do Papa João Paulo II. É importante a nossa unidade com
a Igreja. A equipe de liturgia mencione o acontecimento no iní-
cio da celebração e prepare para o rito das preces, uma oração
apropriada.
Destacar o círio pascal ao lado da mesa da Palavra, a fonte batis-
mal, a mesa da Palavra e da Eucaristia.

A bandeira da paz pode ser entronizada na procissão de entrada.


Acender solenemente o círio pascal.
Incensar a assembleia, sacramento do Senhor ressuscitado.

O abraço da paz pode ser realizado após a proclamação do Evan-


gelho.
No final dar uma bênção especial aos trabalhadores e trabalha-
doras.
Os cantos sejam preparados com antecedência, prevendo en-
saios. O Hinário Litúrgico da CNBB possui ótimas sugestões. As
melodias estão gravadas no CD Liturgia XVI — Páscoa — Ano A.
3º DOMINGO DA PÁSCOA
8 de maio de 2011

Leituras: Atos 2,14.22-33; Salmo 15(16),1-2a.5.7-8.9-10.11 (R/.1lab);


IPedro 1,17-21; Lucas 24,13-35 (Emaús)

Situando-nos

Hoje, o primeiro dia da semana, dia em que o Pai ressuscitou Jesus,


nos reunimos em assembleia. Nesta reunião partilhamos com Ele
as incertezas, as dúvidas e as dificuldades em compreender o cami-
nho pascal. Somos iluminados pela palavra da Escritura que arde o
nosso coração e nos prepara para o banquete da aliança, onde Ele
mesmo se dá como alimento.
Ele vem ao nosso encontro, caminha conosco, abre os nossos
olhos e os ouvidos para compreendermos o sentido da cruz. Deixe-
mo-nos guiar por sua palavra que nos tira do medo e da timidez e
nos faz anunciadores da Boa Notícia.
Recordamos todas as mães, mulheres fortes, geradoras da
vida e testemunhas do Senhor na família, na Igreja e no mundo do
trabalho.

Recordando a Palavra
O Evangelho descreve o encontro de Jesus ressuscitado com os dis-
cípulos a caminho de Emaús. Os dois discípulos partem de Jerusa-
lém, tristes e decepcionados, e voltam dispostos a continuar a mis-
são libertadora de Jesus junto com a comunidade. A tristeza decorre
do fracasso de suas expectativas messiânicas. A cruz tornara-se para
eles o fim de toda a esperança.
Os discípulos precisam abandonar a mentalidade de um mes-
sianismo político nacionalista, para crer num Messias que realiza o
verdadeiro projeto de salvação de Deus, passando pelo sofrimento
“Não ardia o nosso coração enquanto ele nos explicava as escrituras no caminho?” (Lc 24,32). | 40

da cruz. A presença de Jesus, manifestada ao longo do caminho e


revelada nas Escrituras, faz arder o coração dos discípulos. Ilumina-
dos pela Palavra, eles descobrem que as expectativas e esperanças
proféticas realizam-se plenamente em Jesus, mediante sua fidelida-
de à vontade do Pai.
No encontro com o Ressuscitado, que vive pelo poder glorio-
so de Deus, a cruz adquire o significado de vitória, de esperança
nova de libertação. O Senhor ressuscitado abre as Escrituras, guia
os discípulos na releitura da Palavra de Deus, a antiga promessa
de salvação. Ele partilha a mesa, dá-se a conhecer aos discípulos ao
partir o pão. “Reconheceram-no ao partir o pão”, gesto por excelência
da comunhão cristã.
A escuta atenta da Palavra, que transforma o coração, e o partir
juntos o pão abrem os olhos e possibilitam reconhecer a presença do
Ressuscitado. Os dois discípulos retornam a Jerusalém e professam
a fé no Senhor ressuscitado na comunidade, com Simão, os onze e
os outros. Com ardor no coração, os discípulos testemunham que o
“Senhor ressuscitou verdadeiramente!”
A primeira leitura pertence aos Atos dos Apóstolos e apresenta
o anúncio, “o querigma” da ressurreição de Cristo. Os fatos da vida
de Jesus, sua entrega e morte na cruz, são interpretados conforme
o desígnio salvífico de Deus. A ressurreição de Jesus Cristo, sua vi-
tória sobre a morte é testemunhada pelos discípulos e também pela
Escritura. O autor cita um trecho do Sl 15(16) que, aplicado a Cristo,
mostra o sentido da ressurreição como plenitude de vida.
Cristo, glorificado à direita de Deus, realiza plenamente a es-
perança expressa no Salmo 15(16). “Não abandonarás minha vida na
morte” (v. 10). O salmista entrega-se confiante nas mãos do Deus,
que ensina o caminho para a vida. “Coloco à minha frente o Senhor,
ele está à minha direita, não vacilo” (v. 8). Quem abandona as falsas
seguranças deste mundo, encontra em Deus a certeza de uma vida
plena, que faz todo o ser exultar de alegria.
A segunda leitura (1Pd 1,17-21) exorta a viver uma vida nova na
fé e na esperança. A memória do acontecimento libertador, realiza-
EIA Roteiros Homiléticos para Tríduo Pascal e Tempo Pascal - Ano A - Abril / Junho 2011

do graças à entrega total de Cristo, torna-se a razão para a mudança


de conduta dos cristãos. Em Cristo ressuscitado, os cristãos sentem-
se impelidos a viver de forma confiante, filial com o Pai, pois ele
acolhe a todos sem discriminação.
O autor lembra o evento pascal antigo (cf. Ex 12,5) para res-
saltar que os cristãos “foram resgatados pelo precioso sangue de Cristo,
cordeiro sem defeito e sem mancha” (vv. 18-19). Em Cristo revelou-se o
caminho da salvação, conhecido antes da criação do mundo e ma-
nifestado por amor. Assim, Jesus Cristo nos leva a crer no Deus que
o ressuscitou dos mortos, dando-nos a esperança viva e a possibili-
dade de uma vida renovada no amor e na santidade.

Atualizando a Palavra
A liturgia de hoje indica o caminho para um verdadeiro encontro
com Jesus ressuscitado, presente de modo especial nas Escrituras e
no partir o pão. “Palavra e Eucaristia correspondem-se tão intima-
mente que não podem ser compreendidas uma sem a outra: a Pa-
lavra de Deus faz-Se carne, sacramentalmente, no evento eucaristi-
co. A Eucaristia abre-nos à inteligência da Sagrada Escritura, como
esta, por sua vez, ilumina e explica o Mistério eucarístico”.”
Os discípulos reconhecem Jesus ao partir o pão, sinal de sua en-
trega total por amor. As reuniões das comunidades primitivas, onde
a escuta da Palavra tinha um papel importante, culminavam com a
fração do pão, a Eucaristia (cf. At 2,42.46). Agradecemos ao Senhor
pela possibilidade de reconhecê-lo na palavra, na eucaristia, na co-
munidade dos irmãos na fé. Com os discípulos de Emaús, insisti-
mos: “Fica conosco, Senhor”, caminha ao nosso lado, para que possa-
mos repartir o pão e acolher todas as pessoas sem discriminação.
Após a morte de Jesus, a comunidade dos discípulos se disper-
sou por causa das desilusões, das adversidades. A compreensão do
mistério pascal de Jesus, na perspectiva do desígnio do Pai: a sal-

25 Exortação apostólica pós-sinodal, Verbum Domini. Brasília: Edições CNBB, 2010, p. 82, 83.
“Não ardia o nosso coração enquanto ele nos explicava as escrituras no caminho?” (Lc 24,32). Eua

vação da humanidade abriu nova esperança de libertação para os


discípulos. Assim, o encontro com o Ressuscitado desperta nos dis-
cípulos a disposição para reencontrar a comunidade e continuar a
missão. Que o Senhor ressuscitado nos conserve reunidos em seu
nome, em torno de sua proposta libertadora.

Ligando a Palavra com a ação eucarística


É o primeiro dia da semana, dia do Senhor. Ele está no meio de nós.
Somos uma comunidade reunida em nome d'Ele. Ele nos revigora,
abre os nossos olhos e nossos ouvidos para lermos os acontecimen-
tos à luz do seu mistério pascal.
Não há do que duvidar, Ele é aquele de quem falava as Escritu-
ras, como testemunham as leituras de hoje.
Na celebração, a proclamação da Palavra ganha pleno signifi-
cado, como relata a introdução do lecionário: “a economia da sal-
vação, que a Palavra de Deus não cessa de recordar e prolongar,
alcança seu mais pleno significado na ação litúrgica, de modo que a
celebração litúrgica se converta numa contínua, plena e eficaz apre-
sentação desta palavra de Deus. Assim, a palavra de Deus, proposta
continuamente na liturgia, é sempre viva e eficaz pelo poder do
Espírito Santo, e manifesta o amor ativo do Pai, que nunca deixa de
ser eficaz entre as pessoas” (OLM 4).
A assembleia litúrgica que se encontra para a celebração é nova-
mente a destinatária originária e originante da palavra escrita.”
Como discípula ouvinte da Palavra, a comunidade de fé, pro-
fessa no rito e na vida que o Senhor está vivo e nos tira das situações
de morte e desespero.
Ele é também aquele que entra em nossa casa, senta à mesa
conosco e partilha conosco o seu Corpo entregue e o seu Sangue
derramado.
Vale lembrar o que afirma o Elenco das Leituras da Missa:

26 Cf. TRIACCA, A.M. Valore teologico della liturgia della parola. Rivista Liturgica. p. 616-632.
49 | Roteiros Homiléticos para Tríduo Pascal e Tempo Pascal - Ano À - Abril / Junho 2011

“Espiritualmente alimentada nestas duas mesas, a Igreja, em uma,


instrui-se mais, e na outra se santifica mais plenamente; pois na Pa-
lavra de Deus se anuncia a aliança divina, e na Eucaristia se renova
esta mesma aliança nova e eterna. Numa, recorda-se a história da
salvação com palavras; na outra, a mesma história se expressa por
meio de sinais sacramentais da Liturgia. Portanto, convém recordar
sempre que a palavra divina que a Igreja lê e anuncia na Liturgia
conduz, como a seu próprio fim, ao sacrifício da aliança e ao ban-
quete da graça, isto é, à Eucaristia. Assim, a celebração da missa,
na qual se escuta a palavra e se oferece e se recebe a Eucaristia,
constitui um só ato de culto divino, com o qual se oferece a Deus o
sacrifício de louvor e se realiza plenamente a redenção do homem”
(OLM 10).
Alimentados nestas mesas, recebemos do Senhor força e cora-
gem para a entrega da nossa própria vida para a vida do mundo.

Sugestões para a celebração


e Cuidar do espaço para que seja expressão da Páscoa do Senhor,
destacando o Círio pascal, a fonte batismal, a mesa da Palavra e
a mesa eucarística.

e Depois da saudação inicial a comunidade pode fazer a recorda-


ção da vida, ou seja, fatos, acontecimentos, dores e alegrias das
pessoas — a páscoa do povo, na páscoa de Cristo.
« Lembrar, sobretudo, as mães, principalmente as que mais so-
frem.
e “A verdade do sinal exige que a matéria da celebração eucarística
pareça realmente um alimento. Convém, portanto, que, embora
ázimo e com a forma tradicional, seja o pão eucarístico de tal
modo preparado que o sacerdote, na Missa com povo, possa de
fato partir a hóstia em diversas partes e distribuí-las ao menos a
alguns dos fiéis” (IGMR 321).
“Não ardia o nosso coração enquanto ele nos explicava as escrituras no caminho?” (Lc 24,32). EN

« “A Comunhão realiza mais plenamente o seu aspecto de sinal,


quando sob as duas espécies. Sob esta forma se manifesta mais
perfeitamente o sinal do banquete eucarístico e se exprime de
modo mais claro a vontade divina de realizar a nova e eterna
Aliança no Sangue do Senhor, assim como a relação entre o
banquete eucarístico e o banquete escatológico no reino do Pai”
(IGMR 281).
* No final dar uma bênção especial às mães.
* Os cantos sejam preparados com antecedência, prevendo en-
saios. O Hinário Litúrgico da CNBB possui ótimas sugestões. As
melodias estão gravadas no CD Liturgia XVI — Páscoa — Ano À.
4º DOMINGO DA PÁSCOA
15 de maio de 2011

AS OVELHAS ESCUTAM A SUA VOZ; ELE CHAMA AS OVELHAS PELO NOME E AS


CONDUZ PARA FORA (JO 10,5).

Leituras: Atos 2,14a.36-41; Salmo 22(23), 1-3a.3b-4.5.6,


(R/.cf.1.2c); 1Pedro 2,20b-25; João 10,1-10
(As ovelhas ouvem a voz do Pastor).

Situando-nos
Hoje celebramos o domingo que nos apresenta a figura do Bom
Pastor. Ele chama as ovelhas pelo nome, caminha à frente das ove-
lhas. Recebemos dele o carinho e o cuidado.
Jesus é o pastor verdadeiro. Ele estabelece um relacionamento
pessoal e de verdadeira comunhão com suas ovelhas.
Neste itinerário pascal, fizemos com as discípulas e os discípu-
los do Senhor a experiência de ver o Ressuscitado e de professar a
fé nele.
A partir deste domingo, os/as seguidores/as de Jesus vão as-
sumindo a proposta de Jesus, dando continuidade a sua missão. A
comunidade é chamada a enfrentar a perseguição e o sofrimento, a
dar a sua vida, como fez Jesus.
Hoje, na certeza de que o Senhor é o Pastor das nossas vidas e
que cuida de nós, somos convidados/as a renovar a nossa vocação
batismal, que nos faz participantes da vida e da missão de Jesus.

Recordando a Palavra
O Evangelho apresenta Jesus como o Bom Pastor, que oferece a
vida em plenitude às suas ovelhas. Ezequiel havia profetizado a
“Não ardia o nosso coração enquanto ele nos explicava as escrituras no caminho?” (Lc 24,32). PH

chegada de um pastor messiânico para apascentar O povo, pois as


autoridades não estavam exercendo a missão de pastores (cf. Ez 34).
Em Jesus, o Messias, Deus torna-se o pastor do rebanho. A fidelida-
de de Jesus ao ministério, sua entrega total por amor, contrasta com
aqueles que oprimem e exploram o povo.
Jesus é o verdadeiro pastor, pois cuida com ternura de suas ove-
lhas. “As ovelhas escutam a sua voz; ele chama as ovelhas pelo nome e as
conduz para fora” (Jo 10,3). Normalmente, as ovelhas eram reunidas
num redil comum para passarem a noite. Pela manhã, cada pastor
fazia sair suas ovelhas chamando-as pelo nome a fim de conduzi-las
às pastagens. Jesus é o pastor que conhece as suas ovelhas e cami-
nha à sua frente guiando-as no caminho seguro.
As ovelhas seguem o pastor porque conhecem a sua voz. O
seguimento a Jesus implica em reconhecer a sua voz, deixando-se
guiar no caminho da vida nova. Jesus é, ao mesmo tempo, o pastor
e a porta das ovelhas, o acesso livre ao caminho da salvação. “Eu sou
a porta. Quem entrar por mim será salvo; poderá entrar e sair, e encontrará
pastagem” (Jo 10,9). Os que seguem a Cristo encontram a salvação, a
liberdade, a segurança, a vida plena.
Por meio de Cristo chega-se ao caminho da vida plena. “Eu vim
para que tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Jesus sal-
va, dá a vida em plenitude em contraste com os ladrões que rou-
bam, matam e destroem. Mediante a vitória sobre a morte pela res-
surreição, Jesus oferece a esperança de vida nova, eterna para toda
a humanidade. Quem segue a Jesus empenha-se para que todas as
pessoas tenham uma existência feliz, digna.
A primeira leitura, tirada dos Atos dos Apóstolos, destaca que
Jesus foi constituído Senhor e Cristo. Esses dois títulos expressam
a profissão essencial da fé cristã. Jesus é o Cristo, isto é, Messias, o
Ungido do Pai. É o Verbo encarnado, que assumiu a forma de escra-
vo até a morte humilhante na cruz, sendo exaltado na glória do Pai
e proclamado Senhor.
O testemunho e a profissão de fé na vida, morte e ressurreição
de Jesus tocam o coração dos ouvintes, que perguntam: “Irmãos, o
251 Roteiros Homiléticos para Triduo Pascal e Tempo Pascal - Ano À - Abril / Junho 2011

que devemos fazer?” (At 2,37). A escuta e o acolhimento da mensagem


de salvação leva à conversão e ao batismo em nome de Jesus Cristo.
Assim, os cristãos tornam-se aptos para receber o dom do Espírito
Santo, a vida nova de filhos e filhas de Deus.
No Salmo 22(23), o salmista confia na liderança do pastor divino
até quando o caminho leva para um vale de sombra e de morte. No
mundo antigo, a imagem do pastor caracterizava principalmente a
liderança e a providência do rei por seu povo. “Ele me faz descansar”
são palavras que, aplicadas a Cristo Bom Pastor, revelam sua solici-
tude pelo ser humano, restaurando-lhe a vida plenamente.
A segunda leitura (1Pd 2,20b-25) mostra que, vivendo numa so-
ciedade escravista, os cristãos encontram em Cristo o modelo para
transformar o sofrimento que lhes é imposto em testemunho de fé.
Cristo, o Servo sofredor, sofreu injustamente por causa da justiça.
“Quando injuriado, não revidava; ao sofrer, não ameaçava, antes coloca-
va a sua causa nas mãos daquele que julga com justiça” (v. 23).
Quem se torna discípulo/a contempla toda a vida de Jesus como
um dom de amor incondicional, cujo momento culminante foi a
paixão salvadora. Cristo “carregou nossos pecados em seu próprio corpo,
sobre a cruz, para que vivamos para a justiça” (v. 24), sendo portadores
de salvação. Sob o cuidado do pastor e protetor de nossas vidas,
somos chamados a carregar solidariamente os sofrimentos dos ir-
mãos excluídos, anunciando a libertação.

Atualizando a Palavra

Cristo ressuscitado é o Bom Pastor que nos conhece pelo nome e


nos guia no caminho para Deus. Ele nos abriu a porta da vida atra-
vés de sua entrega total por amor, que culminou na cruz. É necessá-
rio passar por Cristo, pelo seu projeto de libertação, para encontrar
a vida em plenitude que procuramos. Nossas opções em favor da
vida nos conduzem a Deus por meio de Cristo.
Quem passa através de Jesus e faz o rebanho passar por ele exer-
ce uma autêntica missão pastoral. Somos chamados a testemunhar
“Não ardia o nosso coração enquanto ele nos explicava as escrituras no caminho?” (Lc 24,32). ERA

Jesus Cristo, indo ao encontro das pessoas, conduzindo-as através


dele às fontes da vida. “Irmãos, o que devemos fazer?” é a pergunta que
todos nós ouvintes do Evangelho devemos nos fazer. O exemplo de
Jesus, o Bom Pastor, nos impele a doar a nossa vida para cuidar e
defender o rebanho.
Com o salmista, proclamemos que o Senhor é o nosso pastor,
que nada nos falta a seu lado, pois ele nos propicia a plenitude dos
bens da salvação. A comunhão com Cristo Pastor, a escuta de sua
voz, de sua palavra, deve levar-nos ao amor e à compaixão pelo
povo. “Ao sair do barco, Jesus viu uma grande multidão e encheu-se de
compaixão por eles, porque eram como ovelhas sem pastor” (Mc 6,34).

Ligando a Palavra com a ação eucarística


O Senhor que nos conhece profundamente, nos chama pelo nome
para fazermos parte do seu rebanho. O Pastor nos reúne em seu
amor, em comunidade. Entramos pela Porta que é o próprio Se-
nhor. |
Escutamos a sua voz que nos fala ao coração. Diferentemente
de ladrões e assaltantes, Ele nos indica o caminho da vida, nos enca-
minha para águas repousantes e restaura as nossas forças.
Participamos da mesa que Ele nos prepara, mesa farta, dando-
se em alimento: “Isto é o meu corpo dado por vós...”. Partilhando dessa
mesa, tomamos parte de seu grande mistério de morte, ressurrei-
ção, na certeza de sua vinda final.
Restaurados nas mesas, onde o Senhor se oferece como alimen-
to, fortalecidos por Jesus Cristo, renovamos nossa vocação batismal
de sermos testemunhas eloquentes do seu Reino no mundo. Capa-
zes de conhecer as pessoas pelo nome, carregá-las no ombro, curar
suas feridas, ajudá-las a trilharem caminhos seguros...
E: Roteiros Homiléticos para Tríduo Pascal e Tempo Pascal - Ano A - Abril / Junho 2011

Sugestões para a celebração


Cuidar do espaço para que seja expressão da Páscoa do Senhor,
destacando o Círio pascal, a fonte batismal, a mesa da Palavra e
a mesa eucarística.

Se possível, na procissão de entrada, levar um ícone ou imagem


do Bom Pastor.
Incensar o Círio pascal, o ícone do Bom Pastor. Incensar tam-
bém a comunidade reunida, como sinal da presença do Senhor
ressuscitado.
Após a homilia, quem preside se dirige à fonte batismal, pronun-
cia a oração de bênção da água, caso não seja usada a água da
vigília pascal. Em seguida, convida a comunidade a ficar de pé
a fazer a renovação do batismo, quando cada pessoa é chamada
e reconhecida pelo nome, pelo Bom Pastor. Logo após, asperge
todos, enquanto entoa-se um canto apropriado.
Fazer a bênção final própria para o tempo pascal.
Os cantos sejam preparados com antecedência, prevendo en-
saios. O Hinário Litúrgico da CNBB possui ótimas sugestões. As
melodias estão gravadas no CD Liturgia XVI — Páscoa — Ano A.
5º DOMINGO DA PÁSCOA
22 de maio de 2011

EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA.


NINGUÉM VAI AO PAI SENÃO POR MIM (JO 14,6)

Leituras: Atos 6,1-7; Salmo 32(33),1-2.4-5.18-19 (R/.22);


IPedro 2,4-9; João 14,1-12 (Caminho para o Pai)

Situando-nos

Hoje, nos encontramos com o Ressuscitado que é o Caminho, a


Verdade e a Vida. Ele nos alenta em nossa caminhada com sua pre-
sença confortadora. Ele nos mostra o Pai através de suas palavras,
seus gestos, ou seja, a pessoa de Jesus revela o Pai.
Como povo conquistado por Deus, cantemos ao Senhor um
canto novo, porque ele faz maravilhas no seu Filho Jesus.
O Senhor nos convida a renovar nossa adesão a ele e nosso de-
sejo de comunhão e solidariedade de uns para com os outros.

Recordando a Palavra
O Evangelho evidencia que a partida de Jesus, para a casa do Pai
através da morte e ressurreição, deixou o coração dos discípulos
perturbado. Tomé e Filipe representam a comunidade na busca
de libertação do medo que impede a ação missionária. O Senhor
ressuscitado consola os discípulos com a sua presença, revelada es-
pecialmente na oração, no dom do Espírito, na escuta amorosa da
palavra, no dom da paz (Jo 14,13-14.16-17.21.27).
Os discípulos ainda não tinham compreendido que Jesus, me-
diante sua vida e missão, indicou o caminho a seguir para chegar ao
Pai. Tomé expressa o desejo de conhecer o caminho. No encontro
EIA Roteiros Homiléticos para Tríduo Pascal e Tempo Pascal - Ano A - Abril / Junho 2011

com Tomé, Jesus faz a grande revelação: “Eu sou o Caminho, a Ver-
dade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim” (Jo 14,6). Jesus é
caminho por ser a verdade, expressão de sua fidelidade ao desígnio
salvífico; por ser a vida que consiste na comunhão perfeita de amor
com o Pai.
A pergunta de Filipe mostra que os discípulos ainda não se de-
ram conta de que Jesus como o caminho, a verdade e a vida é o
lugar onde Deus mesmo se torna acessível. “Há tanto tempo estou
convosco, e não me conheces? Quem me viu, tem visto o Pai” (Jo 14,9). O
discípulo é chamado a contemplar no Filho a presença amorosa do
Pai. Jesus é o caminho que possibilita fazer a autêntica experiência
de amor e comunhão com o Pai.
Por meio do caminho de seguimento a Jesus, os discípulos ex-
perimentam a verdade que é vida em plenitude, não uma doutrina.
A vida de Jesus, suas palavras e obras revelam o Pai. A obra de Jesus
continua através do testemunho de fé dos discípulos. “Quem acredi-
ta em mim fará as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas”
(Jo 14,12). Pela adesão a Jesus, o comprometimento com sua obra
mediante o amor fiel aos irmãos, os discípulos trilham o caminho
para o Pai.
A primeira leitura dos Atos dos Apóstolos destaca que a comu-
nidade, diante das dificuldades, organiza sua missão. O crescimento
da comunidade e a necessidade de dar assistência às viúvas suscitam
o surgimento de novas lideranças. Os Doze apóstolos reuniram os
discípulos e juntos “escolheram sete homens, repletos do Espírito Santo”
para cooperar na obra da evangelização.
Os apóstolos oram e impõem as mãos sobre os sete escolhidos,
invocando a força do Espírito Santo para a missão. A abertura à
ação do Espírito possibilita a unidade da comunidade em meio à
diversidade. Além do ministério de pronunciar a oração nas assem-
bleias litúrgicas e da pregação da palavra de Deus era necessário
acolher os pobres, representados, sobretudo pelas viúvas. Por meio
da ação e testemunho dos cristãos, a palavra do Senhor se difunde
e cresce o número dos discípulos.
“Não ardia o nosso coração enquanto ele nos explicava as escrituras no caminho?” (Lc 24,32). II

O Salmo 32(33) convida a dar graças a Deus pela sua bondade


e fidelidade, que se revela na criação do universo e na caminhada
de libertação do povo. Os fiéis esperam na misericórdia do Senhor,
pois ele ama o direito e a justiça. Jesus Cristo, a Palavra criadora e
terna do Pai, levou à plenitude o projeto universal de salvação para
a humanidade.
A segunda leitura (1Pd 2,4-9) impele a viver em Cristo, “pedra
viva, rejeitada pelos homens, mas escolhida e valiosa aos olhos de Deus”
(v. 4). Por meio da vida, morte e ressurreição, Jesus tornou-se a pe-
dra viva sobre a qual se constrói o novo edifício espiritual, que aco-
lhe a nova e definitiva presença de Deus. Pelo batismo, os cristãos
tornam-se pedras vivas, comunidade de fé, povo renovado pela gra-
ça de Deus.
Os títulos que enaltecem a missão do povo de Israel: escolhido
por Deus (cf. Is 43,20), reino sacerdotal, nação santa (cf. Ex 19,6) são
aplicados à comunidade cristã. “Vos sois raça escolhida, sacerdócio do
Reino, nação santa e povo conquistado, para proclamar as obras admi-
ráveis daquele que vos chamou das trevas à sua luz maravilhosa” (v. 9).
Na experiência pascal, a comunidade, formada principalmente de
gente simples, humilde, escrava, encontra dignidade e força para o
testemunho eloquente da fé.

Atualizando a Palavra
Jesus liberta o coração dos discípulos, infundindo-lhes confiança e
segurança para a missão, pois ele é o Caminho, a Verdade e a Vida.
Como os discípulos, conhecemos o caminho indicado por Jesus
para chegar ao Pai, mas a sua realização concretiza-se através de
nossa opção radical pelo Evangelho, renovada a cada momento. Je-
sus, presença do Pai, nos impele a manifestar sua vida em plenitude
mediante a fé e o amor solidário.
Confiantes, deixemos que o Senhor oriente a nossa caminhada,
como fizeram os primeiros cristãos. Em Cristo ressuscitado, pedra
angular do edifício, somos escolhidos e preciosos para Deus; mas
22 Roteiros Homiléticos para Tríduo Pascal e Tempo Pascal - Ano À - Abril / Junho 2011

também rejeitados, passamos por provações. No caminho de Cristo,


partilhamos sua eleição, seu sofrimento para sermos uma nova e san-
ta morada de Deus. Pelo batismo, nos colocamos a serviço do Reino,
assumindo assim nosso ministério sacerdotal na fidelidade a Deus.
“Os batizados, pela regeneração e unção do Espírito Santo, são
consagrados como casa espiritual e sacerdócio santo, para que por
todas as obras do homem cristão ofereçam sacrifícios espirituais e
anunciem os poderes d'Aquele que das trevas os chamou à sua ad-
mirável luz (cf. 1Pd 2,4-10). Por isso todos os discípulos de Cristo,
perseverando em oração e louvando juntos a Deus (cf. At 2,42-47),
ofereçam-se como hóstia viva, santa, agradável a Deus (cf. Rm 12,1).
Por toda a parte deem testemunho de Cristo. E aos que o pedirem
deem as razões da sua esperança da vida eterna (cf. 1Pd 3,15)".”

Ligando a Palavra com a ação eucarística


Nós, comunidade de fé, pedras vivas, raça escolhida, sacerdócio do
Reino, nação santa, povo conquistado, nos reunimos para procla-
mar as obras admiráveis daquele que nos chamou das trevas para
a luz.
A Palavra do Senhor, repartida fartamente nos indica o cami-
nho da vida, do serviço e do compromisso.
Não obstante nossas incertezas, o Senhor confirma nossa
vocação de seguidores e seguidoras seus, de quem assume o seu
projeto.
Renovamos nossa fé n Ele que é o Caminho, a Verdade e nos
conduz à verdadeira vida, construindo desde já uma morada de paz
e solidariedade.
Como povo sacerdotal, ofereçamos com ele ao Pai o culto es-
piritual, a oferta agradável de nosso louvor e de nossa vida. Que
nossos corações não se perturbem, pois Ele está no meio de nós e se
dá como alimento verdadeiro.

27 Constituição Dogmática Lumen Gentium. Petrópolis: Vozes, 1978, n. 10.


"Não ardia o nosso coração enquanto ele nos explicava as escrituras no caminho?” (Lc 24,32). EM

Que o Ressuscitado nos transforme em servidores autênticos e


capazes de colaborar na transformação pascal de nossa realidade.
Caminhamos na estrada de Jesus, o Caminho que nos leva ao
Pai.

Sugestões para a celebração


e- Cuidar do espaço para que seja expressão da Páscoa do Senhor,
destacando o Círio pascal, a fonte batismal, a mesa da Palavra e
a mesa eucarística.

e Na homilia, algumas pessoas, servidoras da comunidade, podem


dar um testemunho do próprio ministério.
e Apósa homilia, quem preside se dirige à fonte batismal, pronun-
cia a oração de bênção da água, caso não seja utilizada a água da
vigília pascal. Em seguida, convida a comunidade a ficar de pé e
fazer a renovação do batismo.

e Fazer a bênção final própria para o tempo pascal.


- Os cantos sejam preparados com antecedência, prevendo en-
saios. O Hinário Litúrgico da CNBB possui ótimas sugestões. As
melodias estão gravadas no CD Liturgia XVI — Páscoa — Ano A.
6º DOMINGO DA PÁSCOA
29 de maio de 2011

ORA, QUEM ME AMA, SERÁ AMADO POR MEU PA,


E EU O AMAREI E ME MANIFESTAREL A ELE (JO 14,2).

Leituras: Atos 8,5-8.14-17; Salmo 65(66), 1-3a.4-5.6-7.16.20 (R/.1-2a);


1Pedro 3,15-18; João 14,15-21 (O Espírito da verdade)

Situando-nos

Hoje, a liturgia dominical nos coloca em clima de Pentecostes. Je-


sus, em seu discurso de consolação dirigido aos discípulos, lhes pro-
mete o Espírito Santo, que irá conduzi-los na missão de anunciar o
Evangelho a todos. Eles não ficarão órfãos, pois o Espírito do Se-
nhor estará sempre cm eles.
A comunidade reunida é sinal sacramental da presença de Cris-
to. Testemunhamos sua presença na unidade — um só corpo, reuni-
do em seu amor.
Que sejamos sinais do amor verdadeiro no mundo que vive-
mos. Vamos ser reconhecidos pelo amor que vivermos.

Recordando a Palavra

O Evangelho pertence aos discursos de despedida (caps. 13 a 17),


onde há diversas normas de vida deixadas por Jesus à comunida-
de, antes de sua partida para a casa do Pai. O texto de hoje come-
ça ressaltando que amar a Jesus consiste em guardar seus manda-
mentos, sua palavra. “Se me amais, observareis os meus mandamentos”
(Jo 14,15). Os que amam Jesus são consolados com a promessa da
vida no Espírito e da sua própria presença no meio deles.
"Não ardia o nosso coração enquanto ele nos explicava as escrituras no caminho?” (Lc 24,32). EH

Mediante a intervenção do Filho, o Pai dará outro Defensor


para que permaneça sempre com os discípulos: “o Espírito da verda-
de” (Jo 14,16-17). O Espírito, enquanto verdade, evoca a revelação e
o contraste na acolhida a Jesus como o Messias e Filho de Deus. Ele
une e fortalece os que creem em Cristo, dando-lhes confiança para
enfrentar a missão no mundo (cf. Mt 10,19-20), para testemunhar a
fé em meio aos que se opõem ao projeto de amor de Deus. O Espíri-
to da verdade é para os discípulos o revelador, pois ensina e recorda
tudo o que Jesus havia dito (Jo 14,26).
O Espírito da verdade conduz ao caminho de Jesus por meio
do amor sem reservas e a escuta de sua palavra. Os discípulos co-
nhecem o Espírito que estava junto deles através de Jesus de Nazaré
(cf. Jo 1,33). Após a glorificação do Filho de Deus, o Espírito atua nos
fiéis como um rio de água viva (cf. Jo 7,38-39), como uma força divi-
na que anima a vida e a missão. Assim, os discípulos vivem a fé no
Ressuscitado, prolongando seus gestos misericordiosos e solidários.
Com sua presença, o Senhor se manifesta aos discípulos e assegura
a vitória da vida sobre a morte.
Todos podem tornar-se discípulos de Jesus e participar da ple-
nitude de sua vida. O encontro com o Senhor ressuscitado é pro-
metido a todos os que amam. “Quem me ama, será amado por meu
Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele” (Jo 14,21). O Pai, que toma a
iniciativa do amor, entra em comunhão com o discípulo pela fé. O
amor possibilita fazer a experiência da comunhão amorosa com o
Pai e o Filho amado. O Pai manifesta seu amor de modo especial ao
ser humano, dando-lhe seu Filho único para que tenha a vida eterna.
(cf. Jo 3,16).
A primeira leitura, tirada dos Atos dos Apóstolos, acentua a ação
missionária na Samaria e o dom do Espírito Santo. Com a persegui-
ção e o martírio de Estevão, muitos cristãos saem de Jerusalém e
anunciam a fé na Samaria. Filipe, um dos sete diáconos escolhidos
(cf. At 6,5), anuncia a Boa Nova de Cristo, causa da grande alegria na
cidade. A pregação de Filipe é acompanhada de milagres, ações liber-
tadoras em favor da vida, que manifestam a presença do Reino.
EEE Roteiros Homiléticos para Tríduo Pascal e Tempo Pascal - Ano A - Abril / Junho 2011

Os apóstolos Pedro e João chegam como enviados da comu-


nidade de Jerusalém para acolher os novos convertidos. Por meio
da oração e imposição das mãos dos Apóstolos manifesta-se o dom
do Espírito Santo na pequena comunidade que está se formando. A
ação do Espírito possibilita romper as fronteiras e unir as comuni-
dades no amor e na solidariedade. O Espírito é sinal da unidade que
se instaura entre povos e comunidades.
O Salmo 65(66) convida a terra inteira a louvar o Senhor Deus,
pois ele manifesta seu amor ao longo da história da salvação. “Como
são grandes vossas obras!”, proclama o salmista ao lembrar as ações
libertadoras de Deus, como na passagem pelo mar Vermelho. Deus
escuta, acolhe a oração e o clamor de todos os que o invocam com
amor e confiança.
Pela segunda leitura (1Pd 3,15-18), a comunidade cristã é cha-
mada a ser sinal de esperança. A comunhão com Cristo conduz ao
testemunho público da esperança mediante a palavra e a boa con-
duta. Semelhante a Cristo que “sofreu a morte na existência humana,
mas recebeu nova vida no Espírito” (v. 18), os cristãos são impelidos
a praticar o bem em meio aos sofrimentos. Cristo sofreu por cau-
sa da justiça, propiciando o bem supremo, a salvação para toda a
humanidade.

Atualizando a Palavra
O Espírito da verdade permanece conosco como advogado para nos
defender e guiar no caminho de Jesus. Ele vem do Pai, a fonte de
toda a verdade, para iluminar a nossa caminhada de fé, concreti-
zada no amor e fidelidade à sua vontade. A presença animadora do
Espírito nos leva a viver como filhos e filhas de Deus. O Espírito
nos ajuda a conservar viva a memória de Jesus, suas palavras, seu
amor sem reservas pela humanidade.
Cristo sofreu e morreu para que tivéssemos nova vida no Es-
pírito. Somos chamados a testemunhar sua presença através da
mansidão, respeito, consciência reta, não violência. Em Cristo vivo,
“Não ardia o nosso coração enquanto ele nos explicava as escrituras no caminho?” (Lc 24,32). | 04|

também nós temos vida no Espírito. Se permanecermos em co-


munhão com Cristo, estaremos prontos para testemunhar a nos-
sa fé e a nossa esperança, sobretudo quando difamados, ultrajados,
perseguidos.
O Espírito age no mundo como dom permanente do Ressus-
citado. Mediante a fidelidade ao projeto de Deus, ao amor que nos
identifica como cristãos, testemunhamos a presença viva de Jesus
ressuscitado. Com o salmista, exultemos no Senhor, pois ele conti-
nua manifestando seu amor, sua força de vida e salvação.

Ligando a Palavra com a ação eucarística


O Espírito do Senhor nos reúne e nos une. Na celebração somos
fortalecidos e vivificados no Espírito que consolida nossa vocação
batismal.
A vivacidade está presente na Igreja primitiva. Filipe, cheio de
fé e confiança, anuncia o Cristo que sofreu e morreu, mas recebeu
nova vida no Espírito.
A Palavra de vida e esperança nos alimenta em nosso caminho
de seguimento.
O Senhor nos ama e nos quer salvar. Ele não desiste de nós,
manifesta-se como Pai misericordioso, compassivo.
Na mesa eucarística nos alimenta com o sacramento da entrega
por amor. Ele nos ama. Sintamo-nos amados no Amor.
Na oração eucarística invocamos o Espírito sobre o pão e o vi-
nho, a fim de que se tornem Corpo e Sangue de Jesus Cristo. Invo-
camos ainda o mesmo Espírito para que nos reúna num só corpo.
Que a força do Espírito nos ajude a levar adiante a missão de
Jesus Cristo.
EE Roteiros Homiléticos para Tríduo Pascal e Tempo Pascal - Ano À - Abril / Junho 2011

Sugestões para a celebração


e Cuidar do espaço para que seja expressão da Páscoa do Senhor,
destacando o Círio pascal, a fonte batismal, a mesa da Palavra e
a mesa eucarística.

e Valorizar o momento das preces dos fiéis. Cantar a resposta.


* No abraço da paz, motivar para que seja expressão de comunhão
e amor fraterno.
- Os cantos sejam preparados com antecedência, prevendo en-
saios. O Hinário Litúrgico da CNBB possui ótimas sugestões. As
melodias estão gravadas no CD Liturgia XVI — Páscoa — Ano A.
DOMINGO DA ASCENSÃO DO SENHOR
Solenidade

5 de junho de 2011

ESTAREI CONVOSCO TODOS OS DIAS, ATÉ O FIM DO MUNDO (MT 28,20).

Leituras: Atos 1,1-11; Salmo 46(47),2-3.6-7.8-9 (R/.6);


Efésios 1,17-23; Mateus 28,16-20

Situando-nos

Celebramos hoje a Ascensão do Senhor Jesus. Com esta solenidade


entramos no sentido mais profundo da sua ressurreição e da missão
que ele nos confiou.
Ele foi elevado aos céus por entre aclamações. O Pai o associou
definitivamente à sua vida, ao seu poder sobre as pessoas e sobre o
mundo. Com Ele, por Ele e n'Ele, agradecemos a Deus pela eleva-
ção de todas as pessoas e do universo. São Leão Magno escreve: “A
ascensão do Cristo é a nossa ascensão; já que o Corpo é convidado
a elevar-se até a glória em que o precedeu a cabeça, vamos cantar
nossa alegria, expandir em ação de graças todo o nosso júbilo. Hoje,
não apenas conquistamos o paraíso, mas, no Cristo, penetramos no
mais alto céu”.
Jesus Cristo foi elevado aos céus, mas continua sempre presente
em nosso meio. Uma presença sacramental. Estará sempre conosco,
até o fim dos tempos.
Nós, na força do seu Espírito somos enviados para a missão,
começando da Galileia.
Recordando a Palavra
O Evangelho está inserido na parte conclusiva de Mateus (caps. 26
a 28), que narra a paixão, morte, ressurreição e glorificação de Jesus
Cristo. O texto de hoje ressalta que a Boa Nova da salvação destina-
se a todos os povos. A Galileia, região onde Jesus havia iniciado seu
ministério (Mt 4,12-17), é também o lugar do envio dos discípulos
para a ação missionária em todas as nações.
Jesus ressuscitado encontra-se com os discípulos no monte,
onde havia proclamado sua mensagem de libertação (cf. Mt 5 a 7).
Agora, novamente no monte, ressoam as palavras do Senhor glo-
rioso que levam os discípulos a superar as dúvidas e a reconhecê-lo
através de um gesto de adoração. A comunidade testemunha a fé no
Senhor Ressuscitado, sua autoridade plena no céu e na terra.
Jesus confia aos discípulos uma missão que garante a continui-
dade de seu programa libertador: “Ide, pois, fazer discípulos entre to-
das as nações, e batizai-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”
(Mt 28,19). O envio missionário dirige-se a todos os povos, não apenas
a Israel, como em Mt 10,5-15. Após ter conhecido plenamente a Jesus e
feito a experiência do encontro com ele na fé, os discípulos sentem-se
impelidos a ensinar, ministério antes reservado ao seu Mestre.
Os discípulos devem congregar os povos e torná-los seguidores
de Jesus, ensinando-os a observar os seus mandamentos, suas pala-
vras e ações misericordiosas e solidárias. A ressurreição de Jesus tem
um significado universal, que possibilita abrir o horizonte da comu-
nidade. O batismo significa entrar na vida nova, numa nova relação
de comunhão com o Pai através do Filho e o Espírito Santo.
Jesus assegura a sua presença no meio dos discípulos. “Estarei
convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28,20). A presença do
Senhor, como o Emanuel, o Deus conosco (cf. Mt 1,23), fortalece
os seus seguidores para que permaneçam no caminho trilhado
por ele até chegar à glória do Pai. Cristo permanece com os dis-
cípulos e discípulas, guiando-os e protegendo-os até a realização
plena do Reino.
"Não ardia o nosso coração enquanto ele nos explicava as escrituras no caminho?” (Lc 24,32). Eos

A primeira leitura, que é o início dos Atos dos Apóstolos, des-


creve a Ascensão de Jesus e a missão dos discípulos. A atividade mis-
sionária é conduzida, como a de Jesus, pela ação do Espírito Santo.
Quarenta dias tem um sentido simbólico ligado ao amadurecimen-
to da fé, à preparação dos discípulos para a missão. O Espírito ajuda
os discípulos a superar as incompreensões, a abrir o horizonte para
anunciar Jesus Cristo ao mundo inteiro.
Deus oferece a salvação a todos os povos, chamando os disci-
pulos a serem instrumentos de comunicação da Boa Nova de Jesus.
À ascensão assinala o coroamento da missão salvífica de Jesus, re-
alizada mediante a vida, morte e ressurreição. Por isso, a ascensão,
a exaltação de Jesus é um apelo para seguir o seu caminho com
fidelidade, anunciando sua mensagem de libertação.
O Salmo 46(47) celebra a realeza do Senhor “sobre toda a terra e
sobre todas as nações” (vv. 3.8-9). Sentado em seu trono de graça e gló-
ria, Deus exerce a soberania sobre todos os povos. Jesus Cristo, Rei e
Senhor, ascende vitorioso do abismo da morte para entrar na glória
do Pai e receber o Nome que está acima de todo nome (cf. Fl 2,9-11).
A segunda leitura (Ef 1,17-23) acentua que Deus nos concede o
espírito de sabedoria, de revelação e ilumina os olhos do coração
para compreendermos a extraordinária grandeza do seu poder ma-
nifestada em Cristo. A ressurreição e exaltação de Jesus na glória
do Pai são sinais que revelam sua soberania sobre todo o universo.
Como Corpo Místico de Cristo, a Igreja é chamada a testemunhar
a realização plena do amor divino, que rompe as fronteiras para
estabelecer a comunhão entre os povos.

Atualizando a Palavra
As palavras de Jesus e sua presença viva, que estará sempre em nos-
so meio, nos colocam a caminho e nos incentivam a sermos fieis à
missão. Elas nos impelem a sair de nós mesmos para abrir-nos a um
novo horizonte, que possibilita a todos os seres humanos a alegria
de sentirem-se filhos de Deus e irmãos entre si.
ESA Roteiros Homiléticos para Tríduo Pascal e Tempo Pascal - Ano À - Abril /Junho 2011

O Ressuscitado nos confia o anúncio da Boa Nova da salvação,


libertando-nos da estagnação para nos empenhar na promoção da
vida. Toda a comunidade recebe a ordem de fazer discípulos, bati-
zando-os e ensinando-os a observar os ensinamentos deixados por
Jesus. Da comunhão de amor, pelo batismo, deve surgir uma huma-
nidade nova, alicerçada na filiação divina e na fraternidade.
“Uma vez que todo o Povo de Deus é um povo enviado, a mis-
são de anunciar a Palavra de Deus é dever de todos os discípulos
de Jesus Cristo, em consequência do seu batismo. Nenhuma pes-
soa que crê em Cristo pode sentir-se alheia a esta responsabilidade
que deriva do fato de ela pertencer sacramentalmente ao Corpo de
Cristo. Esta consciência deve ser despertada em cada família, paró-
quia, comunidade, associação e movimento eclesial. Portanto, toda
a Igreja, enquanto mistério de comunhão, é missionária, e cada um
no seu próprio estado de vida, é chamado a dar uma contribuição
incisiva para o anúncio cristão”?

Ligando a Palavra com a ação eucarística


Ele está no meio de nós! Professamos porque cremos. Subiu ao céu,
mas permanece para sempre conosco, por uma nova forma de presen-
ça. Presente Ele está quando a Igreja ora e salmodia, presente Ele está
quando se leem as Escrituras, presente Ele está na pessoa que preside,
presente Ele está nas espécies do pão e do vinho consagrados.
Na celebração dominical fazemos experiência sacramental do
Ressuscitado que se revela a nós por meio de gestos e palavras.
Juntos, professamos nossa fé em todo o seu mistério e ao reci-
tarmos o “Creio”, firmamos nossa convicção de que a glorificação
do Senhor é e será também a nossa glória.
Nesta semana de oração pela unidade das Igrejas cristãs, invo-
quemos o Espírito de Deus para que habite em nós e seja nosso
sustento na missão que recebemos do próprio Ressuscitado.

28 Exortação apostólica pós-sinodal, Verbum Domini. Brasília: Edições CNBB, 2010, p. 125.
“Não ardia o nosso coração enquanto ele nos explicava as escrituras no caminho?” (Lc 24,32). KA

Sugestões para a celebração


e Cuidar do espaço para que seja expressão da Páscoa do Senhor,
destacando o Círio pascal, a fonte batismal, a mesa da Palavra e
a mesa eucarística.
e No início da semana de oração pela unidade das Igrejas, con-
vidar pessoas de outras Igrejas para participar da procissão de
abertura. Cada membro leva uma vela acesa que será colocada
num lugar previamente preparado.
e A profissão de fé poderá ser feita com a versão ecumênica can-
tada do “Credo Apostólico”, aprovada pelo CONIC (Conselho
Nacional de Igrejas Cristãs).
* O Pai nosso poderá ser cantado na versão ecumênica.
e Incentivar a comunidade a fazer a Semana de Oração pela Uni-
dade dos Cristãos.
e Dar destaque ao envio em missão, utilizando a bênção solene
para a Ascensão, conforme o Missal Romano.

* Os cantos sejam preparados com antecedência, prevendo en-


saios. O Hinário Litúrgico da CNBB possui ótimas sugestões. As
melodias estão gravadas no CD Liturgia XVI — Páscoa — Ano A.
- Promover a celebração da vigília de Pentecostes, no próximo
sábado.
DOMINGO DA SOLENIDADE
DE PENTECOSTES

12 de junho de 2011

ASSIM COMO O PAI ME ENVIOU, TAMBÉM EU VOS ENVIO: RECEBEI O ESPÍRITO


SANTO! (JO 20,21-22)

Leituras: Atos 2,1-11; Salmo 103(104), 1ab.24ac.29bc-30.31 e 34


(R/.cf.30); ICoríntios 12,3b-7.12-13; João 20,19-23
(Primeira aparição de Jesus aos apóstolos)

Situando-nos
O domingo de Pentecostes (no qual desemboca todo o tempo pas-
cal) recorda o Espírito Santo, dom do Pai, Amor de Deus derrama-
do sobre nós, condição de nossa comunhão no Cristo Ressuscitado,
fonte da transformação pascal de toda a realidade. Esta festa ativa
em cada um de nós a vocação e a capacidade para o encontro, para
o amor, para a união, para a doação, como pede a aclamação ao
Evangelho: “Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e
acendei neles o fogo do vosso amor”.
No Pentecostes, o mistério pascal é celebrado como um todo
(morte, ressurreição, ascensão, envio do Espírito).
Neste dia, o mistério pascal atinge a sua plenitude no dom do
Espírito derramado em nossos corações. Imbuídos deste mesmo Es-
pírito somos capacitados para o anúncio da Boa Notícia, sem temer
perseguições, nem morte.

Recordando a Palavra
No Evangelho, o Espírito Santo aparece como dom do Ressuscita-
do. Jesus manifesta-se aos discípulos no primeiro dia da semana,
"Não ardia o nosso coração enquanto ele nos explicava as escrituras no caminho?” (Lc 24,32). /4|

que evoca a criação. Assim, a ressurreição de Jesus marca o início de


uma criação renovada pela graça divina. Jesus revela sua presença
de paz no meio dos discípulos reunidos para celebrar a memória de
sua vitória sobre a morte pela ressurreição.
O local da reunião, com as portas fechadas por causa do medo,
caracteriza a situação das comunidades cristãs no fim do século pri-
meiro da era cristã. As hostilidades e perseguições, sobretudo da
parte do império romano, geram medo e dificuldades no anúncio
da Boa Nova da ressurreição de Jesus. A confiança na presença do
Ressuscitado, doador da paz, liberta do medo e fortalece a caminha-
da de fé e esperança.
O encontro com o Senhor ressuscitado suscita profunda alegria
nos discípulos. As marcas da paixão de Jesus, suas mãos e o lado,
revelam os sinais vitoriosos da vida sobre a morte. Do lado aberto
de Jesus, continuarão fluindo rios de nova vida, que é o Espírito
(Jo 7,37-39). A palavra de Jesus, o Enviado do Pai, ilumina a missão
dos discípulos. “Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio:
Recebei o Espírito Santo!” (Jo 20,21-22). O exemplo do Mestre que foi
fiel à vontade do Pai, doando a vida por amor, deve animar a missão
dos discípulos a serviço do Reino.
O Espírito que os discípulos recebem é o sopro divino, que lem-
bra Gn 2,7, quando Deus infundiu o dom da vida ao ser humano.
Assim, o sopro de Jesus caracteriza a vida nova que surge de sua
ressurreição, capacitando os discípulos para a missão de libertar dos
pecados, da opressão. A ação do Espírito Santo, nos discípulos e dis-
cípulas de Jesus, possibilita criar um mundo reconciliado de paz,
justiça e fraternidade.
A primeira leitura dos Atos dos Apóstolos mostra que o dom do
Espírito Santo é derramado sobre os que estavam reunidos para a
festa de Pentecostes. Essa celebração lembra a “festa das Semanas, ou
seja, as sete semanas depois da Páscoa, o quinquagésimo dia (em gre-
go, pentekoste; Ex 34,22). Anteriormente, festa da oferta das primeiras
espigas, mais tarde unida à recordação da aliança no Sinai. E descreve
a vinda com imagens clássicas de teofania” (Bíblia do Peregrino).
EEE Roteiros Homiléticos para Tríduo Pascal e Tempo Pascal - Ano À - Abril / Junho 2011

O texto de hoje ressalta o Pentecostes como momento propício


da graça do Espírito Santo, não mais como concessão da Lei. O Es-
pírito de Deus, que plenifica as pessoas de todas as nações, enfatiza
o sentido universal da salvação. Ele garante a unidade de fé em Je-
sus Cristo na diversidade de línguas e culturas. “Todos ficaram cheios
do Espírito Santo e começaram a falar” (At 2,4). O dom do Espírito
leva a proclamar a salvação a todos os povos, a cada pessoa em sua
língua.
O Salmo 103(104) é um hino ao Senhor, criador e vivificador de
tudo o que existe. O salmista bendiz o Senhor com toda a alma, o
ser, pois ele concede a existência às criaturas através de seu espírito
ou sopro vital. “Se tirais o seu respiro, elas perecem e voltam para o pó
de onde vieram. Enviais o vosso espirito e renascem e da terra toda a face
renovais” (vv. 29-30).
Na segunda leitura (1Cor 12,3b-7.12-13), a ação do Espírito San-
to possibilita viver na unidade em meio à diversidade. Os diversos
ministérios provêm do mesmo Espírito, do mesmo Senhor, do mes-
mo Deus que realiza tudo em todos. Os dons do Espírito manifes-
tam-se em benefício do bem comum. “Fomos batizados num único
Espírito para formarmos um único corpo” (v. 13). A diversidade de dons
ou carismas do Espírito contribui para a edificação da comunidade.
O Espírito leva a reconhecer Jesus como o Senhor.

Atualizando a Palavra
A ação do Espírito manifesta no mundo a salvação de Deus, desti-
nada a todo o ser humano. O Espírito nos fortalece e anima a for-
mar comunidades comprometidas em viver a unidade na diversi-
dade. Ele nos conduz a permanecer em comunhão com o Senhor
ressuscitado, deixando-nos envolver pela sua presença de amor e
vida nova.
O Espírito do Senhor nos liberta de todas as formas de opres-
sões, de pecado, para vivermos fraternalmente como irmãos e irmãs.
Como os discípulos, o Espírito nos plenifica da presença de Deus,
“Não ardia O nosso coração enquanto ele nos explicava as escrituras no caminho?” (Lc 24,32). E&S

capacitando-nos para sermos anunciadores da Boa Nova de Jesus.


O Espírito age em nós e em toda a criação, que geme em dores de
parto (Rm 8,22), aguardando a manifestação plena da salvação.
As palavras do Papa Bento XVI nos ajudam a entender a ação
perene do Espírito na Igreja e no mundo. “Pudemos assim consta-
tar, com alegria e gratidão, que na Igreja há um Pentecostes tam-
bém hoje, ou seja, que ela fala em muitas línguas; e isto não só no
sentido externo de estarem nela representadas todas as grandes lín-
guas do mundo, mas também, e mais profundamente, no sentido de
que nela estão presentes os mais variados modos de experiência de
Deus e do mundo, a riqueza das culturas, e só assim se manifesta a
vastidão da existência humana e, a partir dela, a vastidão da Palavra
de Deus. Além disso, pudemos constatar também um Pentecostes
ainda a caminho; vários povos aguardam ainda que seja anunciada
a Palavra de Deus na sua própria língua e cultura”?

Ligando a Palavra com a ação eucarística


Como os discípulos, estamos reunidos no Dia do Senhor.
Já no início, suplicamos que o Senhor: santifique a Igreja toda e
derrame por toda a extensão do mundo os dons do Espírito Santo...
(cf. Oração do dia).
O Senhor ressuscitado se coloca no nosso meio e sopra sobre
nós. Dele recebemos o dom do Espírito Santo. Este vento forte,
fogo abrasador, nos tira da dispersão e nos faz sempre mais um só
corpo em Cristo Jesus.
É no Espírito que professamos a nossa fé no Senhor Jesus.
Do Espírito recebemos os diversos dons, embora sejamos mui-
tos membros, formamos um só corpo, pois todos nós bebemos de
um único Espírito.

29 Exortação apostólica pós-sinodal, Verbum Domini. Brasília: Edições CNBB, 2010, p. 12.
Ee Roteiros Homiléticos para Tríduo Pascal e Tempo Pascal - Ano A - Abril / Junho 2011

Renascidos pela água e pelo Espírito, nos tornamos comunida-


de de fé, presença e prolongamento do Cristo ressuscitado na reali-
dade bem concreta, sobretudo lá onde se faz mais necessário, pois
assim como em Jesus, o Espírito é derramado sobre nós e nos envia
para anunciar a Boa-nova aos pobres; para proclamar a liberdade
aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os opri-
midos e para proclamar um ano da graça do Senhor.
Que hoje se cumpra em nós esta palavra de Escritura e nos faça
missionários sem-fronteiras.

Sugestões para a celebração


Cuidar do espaço para que seja expressão da Páscoa do Senhor,
destacando o Círio pascal, a fonte batismal, a mesa da Palavra e a
mesa eucarística. Preparar um candelabro ou um lugar adequa-
do para colocar as sete velas.
E bom fazer parte da procissão de entrada pessoas que exercem
ministérios na comunidade.
Durante o canto da Sequência, os membros da assembleia po-
dem acender suas velas no Círio pascal e nas sete velas, manten-
do-as acesas até o final do Evangelho.
Após a homília pode ser feita a bênção da água, em seguida a
renovação das promessas batismais e por último a aspersão.
Dar destaque ao envio em missão, utilizando a bênção solene
para Pentecostes, conforme o Missal Romano.

Os cantos sejam preparados com antecedência, prevendo en-


saios. O Hinário Litúrgico da CNBB possui ótimas sugestões. As
melodias estão gravadas no CD Liturgia XVI — Páscoa — Ano A.

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