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CARTAS PAULINAS
BELO HORIZONTE
2011
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SUMÁRIO
Página
I-INTRODUÇÃO 03
CONCLUSÃO 88
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 89
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I INTRODUÇÃO
II A INFÂNCIA DE PAULO
Jerusalém
Em determinada altura Paulo foi viver em Jerusalém, foi aluno do rabino Gamaliel
em Jerusalém. Não há dúvida de que alí passou uma parte importante da juventude.
Em Jerusalém que Paulo participou do apedrejamento de Estevão, um líder de um
grupo fervoroso dos seguidores de Jesus. Paulo foi um perseguidor destes
seguidores de Jesus, núcleo de cristãos que procuravam difundir a nova fé entre os
judeus de Jerusalém. Alguns autores chegam mesmo a colocar a hipótese de Paulo
ter sido um zelote.
Damasco
Foi durante a missão a Damasco que Saulo tomou o partido dos cristãos que
perseguia anteriormente. Aqui que Saulo, indo no caminho de Damasco, já perto da
cidade, viu um resplendor de luz no céu que o cercou, e caindo por terra, ouviu uma
voz que lhe dizia: "Saulo, Saulo, porque me persegues?". (Atos 9.1-22) Esta
experiência levou Saulo a mudar de lado. Abandonou o nome Saulo e, deste
momento em diante, fez-se conhecer como Paulo.
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Aspecto físico
Não temos qualquer relato confiável do aspecto físico de Paulo. Os únicos relatos
que possuímos são dos finais do século II e não são mais do que a projeção dos
ideais estéticos a uma figura lendária. Dizia-se que Paulo era manco de uma perna,
tinha problemas de vista e era calvo, tinha aproximadamente 1,50 metro de altura.
A IGREJA EM ROMA
Fundação: Em sua epístola, Paulo deixa claro que ainda não conhecia Roma. Logo,
a igreja ali não foi por ele fundada. Entendemos que Pedro também não participou
desse processo, pois, se este ou outro apóstolo fosse responsável por aquela igreja,
Paulo não escreveria uma carta doutrinária para aqueles irmãos. Por outro lado, se
Pedro estivesse em Roma, o mesmo teria sido mencionado nas saudações do
último capítulo. Ambrosiastro, escritor do século IV disse: "Os romanos abraçaram a
fé em Cristo sem ver nenhum sinal de obras poderosas e nenhum dos apóstolos."
No século II surgiu a tradição segundo a qual Pedro teria exercido ministério em
Roma. No século IV iniciou-se a tradição de que ele teria sido o 1 o bispo romano.
Quem então teria fundado aquela igreja? De fato, isso não tem grande importância,
mas sempre gostamos de ter um nome para a atribuição das honras. É isso que
fomenta o surgimento das tradições. Uma das hipóteses mais prováveis é que a
igreja tenha sido fundada no ano 30 pelos judeus de Roma que estiveram em
Jerusalém no Pentecostes – At.2.10,11.
Local – Corinto.
Objetivo de Paulo - Paulo queria expor aos romanos seu entendimento a respeito
do Evangelho e prepará-los para sua futura visita, quando estivesse a caminho da
Espanha. (Rm. 15.22-24).
"remédio", mas, para isso, torna-se imperioso que a "doença" seja diagnosticada.
Isto é feito de forma magistral pelo "doutor" Paulo. Nesse momento ele quer
despertar a consciência dos romanos, então chama a atenção para práticas
pecaminosas tais como a idolatria (1.23-25), o homossexualismo (1.27), a
prostituição, o homicídio, e uma lista que inclui até a desobediência aos pais (1.29-
31).
Os romanos eram a elite política do império. Os judeus eram a elite religiosa, pelo
menos para si mesmos. Os gregos eram a elite cultural. Entretanto, o autor
apresenta, de forma contundente, a universalidade do pecado. Ao citar gentios,
judeus, bárbaros, romanos, gregos, sábios e ignorantes, ele não deixa ninguém de
fora da sua abordagem (1.13-16). Isso se evidencia de forma definitiva no capítulo 3,
onde lemos: "Não há um justo sequer", (3.10). "Toda boca esteja fechada e todo o
mundo seja condenável diante de Deus" (3.19). "Todos pecaram e destituídos estão
da glória de Deus" (3.23).
Paulo vai explicar como o pecado entrou na história humana. Paulo não se limita a
mostrar o problema humano e suas conseqüências. Após ter diagnosticado a
"doença", o autor vai buscar sua causa. Então, ele menciona Adão, como sendo o
primeiro pecador humano. Na condição de representante da humanidade, o primeiro
homem passou a natureza pecaminosa a todos os homens. Novamente, a
universalidade do pecado está evidente (3.23). Para o alívio dos leitores, não só o
pecado é universal, mas também o amor de Deus possui a característica da
universalidade. Já no capítulo 1 o autor diz que os destinatários são "amados de
Deus". Afinal, o amor de Deus é o pressuposto fundamental do Evangelho, conforme
se observa em João 3.16.
A salvação não ocorre por meio das obras e nem através da lei. Os mandamentos
da lei são santos, justos e bons (Rm. 7.12), porem não salvam. A lei serve para
mostrar o pecado e determinar a condenação. Mostrando o pecado, a lei é útil. No
entanto, não salva. A lei serve para mostrar ao homem a necessidade que ele tem
da obra de Jesus Cristo. Tal obra foi o seu sacrifício na cruz, sua morte. Entretanto,
tal obra não tem efeito automático. Se assim fosse, toda a humanidade estaria salva
a partir do momento em que Cristo expirou. Ao sacrifício de Cristo deve ser aplicada
a fé, pois a salvação é para "todo aquele que crê" (Rm. 1.16).
No capítulo 5, este problema está resolvido, pois Deus nos declara justos pelos
méritos de Cristo. Por natureza, não somos justos, mas pela graça de Deus somos,
pois a justiça de Jesus nos é imputada. "Imputar", de acordo com o dicionário
Aurélio, significa "aplica um pagamento a determinada dívida". Podemos entender a
imputação como um crédito aplicado a uma conta corrente. Paulo disse que Abraão
creu e sua fé lhe foi imputada como justiça, ou seja, a fé de Abraão foi considerada
como justa. Da mesma forma a justiça do homem Jesus, sua vida santa, é imputada
a todo aquele que nele crê. Sua justiça é creditada em nossa "conta" que estava
"negativa" por causa da dívida do pecado. Assim, nosso débito é pago e ficamos em
paz com Deus, a quem jamais poderíamos pagar. Por isso, a salvação é o "dom
gratuito de Deus" (Rm. 6.23). Sendo gratuito, não faz sentido nenhum tipo de
pagamento que se pretenda estabelecer para a obtenção do perdão divino. A
gratuidade da salvação não significa que ela não tenha um preço, mas indica que
esse preço já foi satisfatoriamente pago através do sangue do nosso Senhor e
Salvador Jesus Cristo.
4.5 A santificação – 6 a 8.
Nessa parte da epístola, o apóstolo Paulo se dedica a mostrar aos Romanos o valor
dos judeus e sua posição no plano de salvação. Se os romanos não valorizassem os
judeus e não reconhecessem neles a origem da revelação divina, como poderiam
valorizar a pessoa de Jesus? Mesmo nós, hoje, aceitamos o cristianismo porque
entendemos que "a salvação vem dos judeus" (João 4.22). Esse destaque para
Israel parecia incompatível com a rejeição que os próprios judeus demonstraram à
pessoa de Cristo. Paulo então expõe alguns detalhes históricos do povo de Deus,
sua incredulidade, sua desobediência e seu distanciamento do Evangelho.
Dizer que Israel era o povo escolhido de Deus poderia soar muito estranho para os
romanos. Paulo demonstra enfaticamente que Deus é soberano. Ele escolhe a quem
quer e rejeita a quem quer. Logo, se Deus escolheu Israel, não se deve questioná-lo
por isso. Deus tem razões anteriores às suas soberanas decisões. Sua presciência,
conhecimento antecipado, faz com que as evidências das suas escolhas apareçam
antes dos fatos que lhes deram causa. Então, a situação pode ter aparência de
injustiça aos olhos humanos. Antes que Jacó e Esaú nascessem, Deus disse: "Amei
a Jacó e aborreci a Esaú." (Rm. 9.11-13). Então, Jacó já nasceu como escolhido de
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Deus, enquanto que Esaú nasceu rejeitado, mas tudo isso porque Deus já via qual
seria, no futuro, a decisão de cada um daqueles meninos diante do plano divino.
Deus, em sua presciência, sabia que o "enganador" se converteria e que o
primogênito desprezaria sua primogenitura. Contudo, tais atitudes não foram
determinadas por Deus, mas por eles mesmos.
O conceito de soberania poderia nos levar a pensar que abaixo de Deus, apenas a
sua vontade é feita. Mas não é assim. A soberania divina significa que acima dele
não existe mais ninguém. Abaixo dele, nem todos obedecem à sua vontade.
Contudo, até a desobediência se encontra debaixo da soberania. Os homens
desobedecem porque Deus lhes deu um limitado campo de ação onde a vontade
humana prevalece.
A soberania divina não anula a liberdade humana. Paulo mostra que podemos
escolher. Ele diz: "Não sabeis vós que a quem vos oferecerdes por servos para lhe
obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da
obediência para a justiça?" (Rm. 6.16). "Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de
Deus, que apresenteis os vossos corpos por sacrifício vivo, santo e agradável a
Deus, que é o vosso culto racional." (Rm. 12.1). Nesses textos, observamos a
vontade humana em ativa participação no destino espiritual de cada um.
A transformação operada pelo Evangelho na vida humana deve ter dois aspectos: a
pessoa deve deixar de fazer o mal e começar a fazer o bem (Is. 1.16-17). A
justificação é quase um sinônimo de perdão. A santificação seria o "deixar de fazer o
mal". É o abandono de práticas pecaminosas. Contudo, o processo de ação do
Evangelho ainda não está concluído. Deixamos de fazer as coisas erradas e agora
precisamos começar a fazer as coisas certas. Deixamos de servir ao Diabo e
precisamos servir a Deus ativamente. Libertos do pecado tornamo-nos servos da
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justiça (Rm. 6.18). Por isso Paulo nos admoesta a apresentarmos os nossos corpos
para o trabalho cristão. Entendemos assim pela análise do conteúdo do capítulo 12.
O cristianismo não se resume em espiritualidade, mas em ação. As obras não
salvam, mas o salvo pratica boas obras.
Paulo nos convida ao serviço cristão. O apóstolo usa sempre os conceitos de servo
e senhor, figuras tão presentes na organização social do Império Romano. Ele
mesmo fora chamado para ser apóstolo. Sua vocação não era apenas para a
salvação, mas para o serviço sagrado. Somos convidados a apresentar os nossos
corpos (12.1) para o serviço no corpo de Cristo (12.5). Orar é bom e necessário, mas
não é tudo. É preciso ação na igreja através dos dons espirituais e dos ministérios.
A igreja não é o único campo de ação do cristão nem deve ser um esconderijo ou
lugar de alienação. Precisamos enxergar além dos limites do nosso grupo de irmãos,
não para lançar mão das imundícies do mundo, mas para desempenharmos nele o
nosso papel como bons cidadãos e agentes do bem. Por isso Paulo insere a
questão da sujeição às autoridades, o pagamento dos impostos e de toda dívida
(Rm. 13.1,6 7,8). Deve haver coerência entre nossa ação na igreja e no mundo.
Exercícios de Fixação:
3° Faça um breve comentário pessoal sobre a importância da Carta para a sua vida.
Localização
As quatro cidades mais importantes do Império Romano eram: Roma, Corinto, Éfeso
e Antioquia da Síria. Portanto, Corinto era célebre. Localizava-se em um istmo, que
é uma porção de terra que liga uma península ao continente. Possuía dois portos.
Assim, além de ser a única passagem por terra entre o norte e o sul da Grécia, era
também passagem entre a Ásia, a Palestina e a Itália. O mar na região era muito
tempestuoso. Corinto era então um corredor de mercadorias. Além disso, suas terras
eram férteis. A cidade era rica e tinha localização estratégica no cenário mundial.
História
Corinto grega
Corinto Romana
Devido à sua posição estratégica, a cidade foi reconstruída em 46 a.C. por Júlio
César, tornando-se capital da Província Romana da Acaia. A nova Corinto possuía
ruas amplas, praças, templos (Netuno, Apolo, etc.), estádio (I Cor. 9.24), teatros,
estátuas, e o santuário de mármore branco e azul (Rostra), onde se pronunciavam
discursos e sentenças.
A idolatria de Corinto
A idolatria fazia parte da cultura grega com seus inúmeros deuses mitológicos. Ao
sul de Corinto havia uma colina chamada Acrocorinto, que se elevava a 152 metros
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acima da cidade. Ali estava o templo de Afrodite, também chamada Astarte, Vênus
ou Vésper, – deusa do amor e da fertilidade.
A corrupção de Corinto
Os cultos a Afrodite incluíam ritos sexuais realizados por 1000 sacerdotisas, ou seja,
prostitutas cultuais. O fato de ser cidade portuária contribuía para que uma série de
problemas se estabelecesse. Muitos viajantes que por ali passavam se entregavam
à prostituição e à prática de outros delitos. O fato de estarem de passagem criava
uma sensação de impunidade, o que de fato se concretizava normalmente. Estes e
outros fatores contribuíam para uma corrupção generalizada na cidade.
A IGREJA EM CORINTO
A igreja em Corinto foi fundada pelo apóstolo Paulo durante sua 2 a viagem
missionária, entre os anos 50 e 52 d.C. Ali, Paulo permaneceu durante dezoito
meses (At.18.1-8). A igreja era composta por judeus e gentios. Entre seus membros
havia ricos e pobres, inclusive escravos.
5.2 CORÍNTIOS
Data: 56 d.C.
Divisão na igreja
Logo que Paulo saiu de Corinto, Apolo chegou e deu prosseguimento ao trabalho
(At.18.24-28). Como disse o apóstolo: "Eu plantei, Apolo regou." (I Cor. 3.6). Sua
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O fato de alguns se intitularem "de Cristo" pode ter sentido positivo ou negativo. Isso
poderia significar uma consagração maior, uma rejeição ao partidarismo, mas pode
também indicar independência, rejeição a todo tipo de liderança e uma manifestação
"orgulho espiritual". Conquanto não possamos tirar conclusões sobre isso na
primeira epístola, o texto de II Cor. 10.7 parece mostrar que aqueles que se diziam
"de Cristo" eram os mais problemáticos.
Influências da cidade
Como vimos, a cidade de Corinto estava dominada pela idolatria, pela imoralidade e
pela corrupção generalizada. Tais fatores estavam "batendo à porta da igreja". Esta
situação não é diferente nos nossos dias, quando o "modernismo" e o "mundanismo"
estão querendo entrar no nosso meio. Não podemos simplesmente nos fechar para
tudo o que nos rodeia. Nesse caso, teríamos que "sair do mundo". Contudo,
precisamos discernir o que é aceitável e o que não é. Muitas influências podem até
ser positivas. O que não se pode admitir é à entrada do pecado na igreja. Em
Corinto, as influências da cidade estavam fazendo apodrecer a igreja. Os costumes
pagãos estavam influenciando até mesmo a organização dos cultos.
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A carnalidade daqueles cristãos era a porta aberta para os males externos. Assim,
surgiam diversos problemas na vida da igreja. No capítulo 2, Paulo fala sobre o
"homem natural" (v.14) e o "homem espiritual" (v.15). O homem natural é o ímpio. O
espiritual é o cristão controlado pelo Espírito Santo. No capítulo 3, verso 1, o autor
se refere ao "homem carnal". Carnalidade é o modo de vida de acordo com os
desejos descontrolados da natureza pecaminosa. O homem carnal é o crente sem o
controle do Espírito Santo. Sua vida se torna semelhante à do homem natural, onde
o domínio do pecado é visto com naturalidade.
Especificando as influências
A cultura de Corinto misturava religião e imoralidade. Paulo deixa bem claro que
essa mistura não poderia existir dentro da igreja. O padrão de religiosidade da
cidade não servia para os cristãos. O caso mais grave está relatado no capítulo 5:
um homem da igreja havia cometido incesto com a sua madrasta. O apóstolo
aconselhou que o mesmo fosse expulso da igreja. Em casos assim, muitos poderiam
apelar para a tolerância, o amor, etc. Contudo, a impunidade seria um forte incentivo
para que outros se deixassem levar por pecados semelhantes. A exclusão precisava
ser feita. Posteriormente, o irmão poderia ser re-admitido na congregação, como
parece ter ocorrido (II Cor. 2).
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Sabendo que o culto a Afrodite era uma orgia, deduzimos que ali não se
encontravam ideais de reverência, ordem, decência e organização. Os cultos da
igreja, embora não incluíssem práticas sexuais, estavam bastante tumultuados.
Paulo escreveu então, procurando estabelecer princípios que pudessem
regulamentar as reuniões da igreja. Por isso ele diz para que se evite o falar em
línguas sem interpretação. E quando houvesse que não se manifestem mais do que
três profetas. Aconselha que as mulheres fiquem caladas durante o culto e que
guardem as perguntas para seus maridos em casa. Entendemos que Paulo não
pretendia criar uma "camisa de força" para nós, como se estivesse ditando um
conjunto de "leis eclesiásticas". Tais orientações foram assim radicais, pois a
situação dos coríntios era grave. De tudo isso, precisamos guardar os princípios de
ordem, decência, reverência e que só se faça no culto aquilo que puder promover a
edificação da igreja.
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Por que será que Paulo foi tão rigoroso em relação às mulheres cristãs? Lembremo-
nos de que as mulheres ocupavam lugar de proeminência na religião pagã de
Corinto. A principal divindade era uma deusa. As mulheres oficiavam os cultos a
Afrodite. Eram 1000 sacerdotisas que se prostituíam no templo. Além disso, as
prostitutas proliferavam-se pela cidade. Comentaristas nos informam que, quando
uma mulher usava o véu, isso significava que ela estava submissa a um homem,
quer seja seu marido, seu pai ou um parente responsável. Quando se via uma
mulher sem véu e com o cabelo tosquiado ou mesmo raspado, já se deduzia que a
mesma estava totalmente disponível. Essa era a maneira como as prostitutas eram
identificadas. Sendo assim, as mulheres cristãs precisavam agir com modéstia,
precisavam usar o véu e manter seus cabelos compridos. Nos cultos não lhes seria
dado lugar de destaque ou liderança. Não se poderia deixar que o estilo pagão de
culto influenciasse a igreja. O uso do véu era importante naquele contexto cultural.
Deixar de usá-lo naqueles dias seria motivo de mau testemunho ou escândalo.
Então, era prudente que as mulheres cristãs usassem o véu. Podemos comparar
isto ao uso da aliança hoje como sinal de compromisso matrimonial. Se o homem
casado ou a mulher casada deixam de usar aliança, não estarão desobedecendo a
um mandamento bíblico específico, mas estará levantando suspeita e mau juízo, o
que não é edificante para o cristão nem para o evangelho. Reforça-se então a
necessidade que temos de extrair os princípios que tais passagens nos trazem e
não sua aplicação literal. Paulo está ensinando o uso do bom senso em relação aos
costumes culturais e também está orientando sobre a autoridade do homem sobre a
esposa.
refeições nos templos pagãos. Desta influência surgiram dois problemas para a
igreja:
Religião e Filosofia
A solução
Paulo lembra aos coríntios que Jesus é o fundamento de suas vidas. Entra aí a
questão da responsabilidade dos líderes eclesiásticos. Não sabemos quem liderava
a igreja em Corinto. Ao que tudo indica, faltava ali uma liderança forte que
conseguisse conduzir a igreja. Vemos que a mesma estava dividida em grupos.
Certamente, havia líderes, mas estes não estavam conseguindo uma coesão entre
si e entre os membros da igreja. Paulo precisou enviar Timóteo (I Cor.4.17; 16.10).
Ele insistiu para que Apolo fosse até lá, mas isso não foi possível (I Cor.16.12).
De Trôade, Paulo vai à Macedônia. Pouco depois, Tito chega com notícias de
Corinto. (At.19.30 a 20.1 II Cor.2.12-13; 7.5-10,13).
Havia falsos apóstolos agindo entre os coríntios (II Cor.11.3,13; 12.11), os quais
procuravam desmoralizar a pessoa e a mensagem de Paulo (I Cor.1.17; 10.9-10;
11.1,6,16).
Exercícios de Fixação:
3° Faça um breve comentário pessoal sobre a importância da Carta para a sua vida.
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Data: 57 d.C.
Local: Macedônia
Classificação: eclesiologia
Texto chave: 3.1; 5.12; 6.3; 7.2; 10.2-3; 11.5-6; 12.11; 13.3.
OS OBEDIENTES E OS REBELDES
Muitos judeus convertidos ao cristianismo queriam impor a lei mosaica aos cristãos
gentios. Estes fizeram diversos ataques ao ministério de Paulo. Os ataques aos
ministros de Deus sempre ocorrem. O ataque é normal. As perseguições fazem
parte da vida cristã. Contudo, é preciso ver se as acusações contra nós são justas
ou não. Como disse Pedro, nenhum de nós deve padecer como transgressor, mas
como cristão (I Pd.4.15-16).
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Como não havia nenhum motivo concreto com que pudessem acusar Paulo, os
judaizantes apelavam para quaisquer argumentos possíveis. Até mesmo uma
mudança dos planos de viagens de Paulo foi usada por eles para o acusarem de
leviandade, ou imprudência (II Cor.1.17).
Ao que tudo indica Paulo não correspondia ao padrão grego. As credenciais gregas
de um grande líder seriam, entre outras, uma ótima aparência e admirável
eloqüência. Apolo estaria mais próximo desse paradigma (At.18.24). Talvez isso
tenha contribuído para que muitos coríntios tenham se unido em torno do seu nome,
formando um partido na igreja (I Cor.1.12). Enquanto isso, Paulo era alvejado pelas
infâmias dos falsos apóstolos que pesavam o seu ministério com base em valores
humanos e filosóficos. Tais argumentos não eram associados ao judaísmo, mas
bem poderiam servir como excelentes armas circunstanciais para os ataques dos
judaizantes contra o ministério de Paulo. Além de derrubar do pedestal as
credenciais da aparência e da eloqüência, Paulo atinge frontalmente o legalismo dos
judaizantes ao se referir à lei como "ministério da morte" (3.7) e "ministério da
condenação" (3.9). Desse modo, Paulo não ridiculariza a lei, mas coloca-a no seu
devido lugar em relação à obra de Cristo.
Os cristãos formavam partidos em torno dos líderes. Então, Paulo lhes escreve
dizendo que os líderes deviam ser vistos de maneira mais simples, embora
importantes quanto à sua missão. Então, em I Coríntios, o apóstolo questiona:
"Quem é Paulo? Quem é Apolo?" (I Cor.3.11). Na seqüência, utilizando figuras de
linguagem, ele apresenta os líderes como:
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A perspectiva é a visão que se tem de alguma coisa. Isso varia de acordo com a
posição em que o observador se encontra em relação ao objeto observado. Essa
posição pode ser inferior, superior, distante, longínqua, etc. Essas variações vão
alterar não o objeto, mas a visão que se tem dele. Assim também, a perspectiva a
respeito dos ministros varia e, algumas vezes, torna-se distorcida por posições
extremadas.
Alguns vêem os ministros como vasos de ouro. Assim, o valor não estaria no
conteúdo, mas no recipiente. Já não interessa mais o que está dentro do vaso, nem
se existe ali algum conteúdo. O valor está no vaso em si. Vistos como vasos de
ouro, os ministros são considerados inquebráveis, infalíveis. Isso pode conduzir ao
enriquecimento material do líder e a idolatria da sua pessoa. Parece que esta era a
visão dos coríntios ao formarem partidos em torno dos nomes dos apóstolos. A
história mostrou o agravamento desse problema, ao ponto de hoje haver quem se
refira aos apóstolos como santos, como ídolos, no sentido mais grave do termo. O
próprio apóstolo Paulo recebeu o título de "São Paulo" e inúmeras são as
homenagens póstumas à sua pessoa.
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"Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder
seja de Deus, e não de nós." (II Cor.4.7). Os ministros devem ser vistos como vasos
de barro contendo um tesouro precioso, que é Cristo. O servo de Deus não deve ser
idolatrado, nem desprezado, mas amado. Sendo de barro, o vaso é quebrável. O
servo de Deus não é infalível. O vaso é quebrável, mas não pode estar quebrado.
Embora sejamos sujeitos ao erro, não podemos nos dar ao direito de cometer
determinados erros. Evidentemente, precisamos combater todo tipo de erro, mas
alguns são mais destrutivos do que outros, principalmente para a reputação do líder.
O vaso quebrado não tem utilidade. O vaso de barro é frágil e precisa ser tratado
com cuidado. O vaso não pode cair. Como disse Paulo, "aquele que pensa estar de
pé, cuide para que não caia." (I Cor.10.12). Embora seja de barro, esse vaso contém
um grande tesouro. O maior valor está no conteúdo e não no vaso. Contudo, o vaso
se reveste de grande importância em função do seu conteúdo e da sua utilidade.
Morte Vida
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Paulo nos surpreende quando se gloria na tribulação (II Cor.11.30). Isso nos parece
estranho, mas tal atitude se dá porque Paulo tem em vista o resultado de um
processo, e também considera uma honra sofrer pelo nome de Jesus. Como
escreveu aos Romanos, "a tribulação produz perseverança" (Rom.5.3).
A tribulação não é inútil. Ela produz alguma coisa. Nisso está o seu valor. Assim
como uma cicatriz é um tecido mais resistente do que a pele normal, a tribulação vai
produzindo em nós maior resistência, de modo que nos tornamos cada vez mais
capazes para enfrentarmos diversas dificuldades futuras.
Gloriar-se nas fraquezas não significa gloriar-se no pecado, mas nas limitações e
incapacidades próprias do ser humano. Novamente, a proposição nos surpreende.
Qual será o valor da fraqueza? É por causa das nossas fraquezas que recebemos
as manifestações do poder de Deus.
A Galácia era uma região da Ásia Menor. Para localizarmos melhor, vamos
diferenciar Ásia de Ásia Menor. A Ásia é um continente que inclui diversos países:
Rússia, Índia, países do Oriente Médio, países do Extremo Oriente, etc. A Ásia
Menor, por sua vez, corresponde a território bem menor, que hoje é ocupado pela
Turquia.
7.2 GALÁCIA
A carta aos gálatas destina-se a várias igrejas, acerca das quais não temos
informações específicas. Sabemos que, entre tantas cidades localizadas na
província da Galácia, Paulo fundou igrejas em Antioquia da Psídia, Icônio, Listra e
Derbe, durante sua primeira viagem missionária (At.13-14).
1o – A lei de Moisés foi dada aos filhos de Israel (Ex.19,3,6). Nós, cristãos gentios,
não somos filhos de Israel;
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2o – Jesus cumpriu a lei cerimonial. Tal cumprimento significa não apenas sua
obediência, mas a satisfação das exigências da lei cerimonial através da obra de
Cristo;
As leis civis do povo de Israel não se aplicam a nós. Além dos motivos já expostos,
nossas circunstâncias são bastante diferentes e temos nossas próprias leis civis
para observar. O cristão deve obedecer às leis estabelecidas pelas autoridades
humanas enquanto essas leis não estiverem ordenando transgressão da vontade de
Deus (Rm.13.1).
As leis cerimoniais judaicas foram abolidas por Cristo na cruz. Por esse motivo,
mesmo os judeus que se convertem hoje ao cristianismo estão dispensados da lei
cerimonial judaica. Por isso, não fazemos sacrifícios de animais, não guardamos o
sábado, não celebramos as festas judaicas, etc.
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Se alguém quiser observar algum costume judaico, isso não constituirá problema
(Rm.14.5), desde que a pessoa não veja nisso uma condição para a salvação,
porque, se assim for, a obra de Cristo estará sendo colocada em segundo plano,
como algo incompleto e insuficiente (Gálatas 5.4).
A RESPOSTA DE PAULO
Diante das alegações e acusações dos judaizantes, Paulo elabora sua resposta: a
carta aos gálatas com amor e censura. Sua epístola apresenta:
Infância Maturidade
A lei mosaica se concentrava em questões visíveis, embora não fosse omissa com
relação ao espiritual. Os pecados ali proibidos eram, principalmente, físicos. Assim
também, a adoração era bastante prática. Seus preceitos determinavam o local, a
postura, a roupa, o tempo apropriado, etc. No Novo Testamento, Jesus vem
transferir a ênfase para o espiritual, embora não seja omisso em relação ao físico.
Ao falar com a mulher samaritana, Jesus observa que ela estava muito preocupada
com os aspectos exteriores da adoração a Deus. Isso era característica da ênfase
do Antigo Testamento. Jesus lhe disse: "A hora vem e agora é em que os
verdadeiros adoradores adorarão ao Pai em espírito e em verdade." (João 4.23).
Vemos nisso a ênfase do Novo Testamento: o que é espiritual.
PRESERVAÇÃO DA LIBERDADE
O amor é o parâmetro da nossa liberdade. Isto é focalizado também nas cartas aos
Romanos e aos Coríntios. Não existe liberdade absoluta. Ou somos servos do
pecado ou servos da justiça (Rm.6.18).
A liberdade cristã existe dentro dos limites estabelecidos por Deus. Os limites não
são necessariamente contrários à liberdade. Somos como os passageiros de um
navio, que podem andar para onde quiserem, mas sempre dentro dos limites da
embarcação. As restrições que Deus nos propõe são para o nosso próprio bem. São
como cercas à beira do abismo. Só não somos livres para fazer o que destruiria a
nossa liberdade.
MARCAS IDENTIFICADORAS
A circuncisão era símbolo de status religioso para os judeus. Era a marca que
identificava um adepto do judaísmo.
Uma das maiores cidades do Império Romano, capital da província chamada Ásia
Menor, cujo território pertence hoje à Turquia. Localizava-se às margens do rio
Cayster. Entre suas construções, destacava-se o templo da deusa Diana, também
conhecida como Artêmis. Os cultos ali realizados incluíam a prostituição em seus
rituais. Tal edifício estava entre as sete maravilhas do mundo antigo. O templo foi
incendiado no dia em que nasceu Alexandre Magno. Posteriormente, o próprio
Alexandre ofereceu-se para reconstruí-lo. Contudo, sua oferta foi recusada pelos
efésios, os quais reconstruíram o santuário, tornando-o mais esplêndido do que
antes. Quando escreveu a primeira carta aos coríntios, Paulo estava em Éfeso.
Talvez por isso, diante da grandiosidade daquela construção, o apóstolo fala sobre a
igreja de Cristo, comparando-a a um edifício. Ele menciona o processo de
edificação, o fundamento, os construtores e o material utilizado (I Cor.3.9-17). Mais
tarde, quando escreve aos Efésios, Paulo volta a essa comparação (Ef.2.19-22).
Havia em Éfeso uma grande biblioteca e um teatro com lugares para 25 mil pessoas
assentadas. A cidade possuía o principal porto da Ásia, colocando-se, assim, na rota
comercial do Império. Foi construído naquela cidade um templo para a realização de
cultos ao imperador romano. Hoje, existem apenas ruínas daquele grande centro
urbano, entre as quais se destaca a fachada da antiga biblioteca.
Paulo fundou a igreja em Éfeso por ocasião da sua primeira visita, durante a
segunda viagem missionária (At.18.19). Na segunda vez em que foi à cidade
(At.19.1), permaneceu lá durante um período superior a dois anos. Éfeso tornou-se o
centro dos trabalhos missionários do apóstolo. Naquele período, toda a Ásia Menor
foi evangelizada (At.19.10).
fosse publicamente condenado por pregar uma doutrina que estaria "prejudicando" a
cidade (At.19.21-40; I Cor.15.32). Afinal, o turismo e o comércio estavam
estabelecidos sobre a idolatria. Diante de disso, Paulo se retira. Depois de algum
tempo, mandou chamar os líderes da igreja de Éfeso para se encontrarem com ele
em outra cidade, Mileto. Ali, Paulo se despede deles, dizendo que não mais o veriam
(At.20.16-38).
8.4 COMENTÁRIO
A carta que hoje conhecemos como "Epístola de Paulo aos Efésios", parece ter sido
uma correspondência circular destinada às diversas igrejas da Ásia Menor. Seu
conteúdo não é pessoal nem trata de questões ou problemas específicos de uma
comunidade em particular. Não possui saudações pessoais, como seria natural em
uma carta dirigida a um grupo determinado. De acordo com os estudiosos dos
manuscritos do Novo Testamento, a expressão "que vivem em Éfeso" (1.1).
41
Desse modo, em todos os lugares Paulo encontrava uma sinagoga e ali pregava
para os judeus. Assim, apesar dos protestos e perseguições, alguns se convertiam.
Logo estava estabelecida a igreja e sua formação incluía gentios e judeus. Percebe-
se então uma dicotomia imediata na comunidade. Além disso, como era natural, a
igreja era formada por homens e mulheres, servos e senhores, escravos e livres,
ricos e pobres.
Tudo isso nos mostra que era fácil que a igreja se dividisse internamente entre o
grupo dos judeus e o grupo dos gentios. Então, Paulo insiste na doutrina da unidade
da igreja. Afinal, Cristo chamou pessoas tão diferentes e as uniu em um corpo para
que aprendessem o amor que supera todas as desigualdades e até mesmo ajuda a
minimizá-las ou eliminá-las quando possível.
"de ambos (judeus e gentios) fez um" (Ef.2.14); "um novo homem" – Ef. 2.15.
"um só corpo" – Ef.2.16. "um Espírito" – Ef.2.18. "unidade do Espírito"- Ef.4.3.
"um corpo" – Ef.4.4. "um Espírito" – Ef.4.4. "numa só esperança" – Ef.4.4.
"um só Senhor" – Ef.4.5. "uma só fé" – Ef.4.5. "um só batismo" – Ef.4.5.
"um só Deus e Pai" – Ef.4.6. "unidade da fé" – Ef.4.13. "comunidade" -
Ef.2.12. "unirá" - Ef.5.31. "uma só carne" - Ef.5.31 (fala sobre o casal e sobre
Cristo e a igreja).
A palavra "todos" também demonstra o desejo pela unidade ou fala de uma situação
comum: 1.15; 2.3; 3.8,9,18; 4.6,13; 6.18,24
"Com" - 1.15; 2.5,6; 2.16; 3.18; 4.25; 4.28 ("com o que tiver..."); 6.9.
Em 5.7, a preposição aparece mostrando "com" quem não devemos nos associar.
Não existe unidade entre o cristão e o mundano. Convivência, sim. Unidade, não.
Observe a relação entre 2.12 ("sem Cristo") e 2.13 ("em Cristo"), demonstrando a
situação antes e depois da conversão.
Continuando sua doutrina, Paulo mostra que somos parte do edifício de Deus, a
igreja (Ef.2.20-22).
Em uma família, cada membro é diferente. Contudo, não vamos dispersar o grupo
familiar por causa disso.
maridos, aos filhos, aos pais, aos servos e aos senhores, mostrando que cada um
tem um papel definido e que a situação individual deve ser respeitada (Ef.5.22 a
6.9).
Havendo unidade dentro dos padrões divinos, haverá ambiente para que se
desenvolva a espiritualidade. Esta palavra caracteriza bem a epístola aos Efésios.
Enquanto que, aos coríntios, Paulo não pode falar como a espirituais, visto que eram
carnais (I Cor.3.1), com os efésios foi diferente. O apóstolo falou sobre:
A 1a igreja cristã na Europa. Foi fundada por Paulo durante a segunda viagem
missionária - At.16.11-40. Ali chegando, o apóstolo foi bem recebido juntamente com
Silas. Os primeiros convertidos foram Lídia, vendedora de púrpura, e (talvez) uma
jovem que adivinhava, da qual foi expulso um espírito imundo. Sendo liberta,
cessaram os seus prognósticos. Diante disso, cessou também o lucro dos seus
senhores, os quais se enfureceram contra Paulo e Silas, incitando contra eles as
autoridades locais. Como resultado, aqueles irmãos foram espancados e lançados
na prisão (I Ts.2.2). Estando orando e louvando à meia-noite, Deus os libertou por
meio de um terremoto que abriu as cadeias. Diante de tão grande acontecimento, o
carcereiro se converteu e também a sua família.
Algum tempo depois, os irmãos filipenses enviaram ajuda financeira para Paulo - II
Cor.8.2 Fil. 4.10,15.
Portador: Epafrodito
Data: 60 ou 61.
COMENTÁRIO
OS SANTOS FILIPENSES
Paulo usa a palavra "santos" para se referir aos filipenses (1.1). "Santo" significa
"separado", "consagrado". Todo cristão é santo, ou pelo menos deveria ser. Todo
servo do Senhor é separado do mundo e separado para Deus. Essa separação não
significa alienação. Podemos e devemos participar de tudo o que acontece em
nossa volta, exceto daquelas coisas que podem interferir na nossa comunhão com
Deus e contrariar o nosso compromisso com Cristo. Quando a questão ameaça esse
ponto, então nos separamos, pois somos santos.
47
"Santo" não significa perfeito ou alguém que esteja livre da possibilidade de pecar.
Somente alcançaremos essa condição quando deixarmos esta terra e formos para o
nosso lar celestial. Antes disso, devemos viver num processo de aperfeiçoamento.
O Evangelho envolve perdas e ganhos (3.7-8). Isso não combina com certas
pregações de prosperidade. Paulo estava preso, privado de muitas coisas, mas
certo do seu ganho espiritual. Será que Paulo pensava em um Evangelho que lhe
proporcionaria riqueza material, uma grande casa, um lindo carro, o seu próprio
negócio? De modo nenhum. Ele assumia as tribulações e os sofrimentos como
fatores naturais no caminho do cristão e que tudo isso até contribuiria para o avanço
do reino de Deus. "... As coisas que me aconteceram têm antes contribuído para o
progresso do Evangelho." (1.12). Ele destacou ainda, de modo comemorativo, que
sua prisão tinha se tornado oportunidade para evangelizar os soldados romanos
(1.13).
Quando, ao fim da epístola, Paulo diz: "Tudo posso naquele que me fortalece"
(4.13), ele não estava ensinando uma declaração do pensamento positivo, como se
quisesse colocar o cristão numa posição de sucesso absoluto, conforme a visão que
o mundo tem de sucesso. Lendo 4.12, entendemos que Paulo estava dizendo que
ele foi capacitado por Deus para passar por qualquer situação, fosse de abundância
ou escassez, de humilhação ou honra, de fartura ou de fome. Certamente, o obreiro
de Deus precisa estar pronto para tudo isso e não apenas para ser rico.
OS INIMIGOS DA CRUZ
"Pois muitos andam entre nós, dos quais repetidas vezes eu vos dizia e agora vos
digo até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo; O destino deles é a perdição,
o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia; visto que só se
preocupam com as coisas terrenas. Pois a nossa pátria está nos céus, de onde
48
Além disso, precisamos colocar os valores espirituais acima dos valores terrenos.
Em sua oração pelos filipenses, Paulo pede que eles tenham amor, conhecimento,
discernimento e fruto de justiça para a glória de Deus (Fil.1.9-11). São valores
espirituais, os quais devem ser enfatizados, acima das nossas ambições materiais.
Paulo disse que "andam entre nós" muitas pessoas "cujo deus é o ventre." Entre nós
significa dentro da igreja. São pessoas que não estão servindo ao verdadeiro Deus,
mas estão procurando apenas seu próprio interesse. A alimentação estava acima
de tudo para elas. Outro deus da atualidade que podemos mencionar é o sexo. O
dinheiro é também um deus da humanidade. Cristo mesmo já mencionou algo
semelhante quando disse: "Não podeis servir a Deus e a Mamom" (Mt.6).
REGOZIJAI-VOS NO SENHOR
Paulo, mesmo preso, estava se regozijando (1.18). Possuía uma alegria sem motivo
aparente (1.4,18,25). Ele usa não apenas a palavra alegria, mas gozo e regozijo,
que são termos ainda mais fortes, que falam de uma alegria intensa, grande
satisfação ou prazer (2.2; 2.17,18,28,29). A chave do contraste entre a prisão de
Paulo e sua alegria é a expressão: "Regozijai-vos no Senhor (3.1; 4.1,4,10). A
alegria do cristão não vem de fora para dentro, mas de dentro para fora. Alegria no
Senhor não depende de circunstâncias mas depende do Senhor, e ele não muda.
Um cristão alegre no meio da tribulação? Isso é loucura para o mundo. Tal alegria
provém de uma paz que excede todo entendimento (4.7).
A expressão "alegrai-vos no Senhor" nos dá uma idéia de uma alegria que não
depende de outros fatores, mas depende do Senhor.
A ansiedade, seja por motivo legítimo ou não, é resultado dos nossos pensamentos.
Paulo nos aconselha a selecionar nossos pensamentos. Se pudermos agir para
resolver determinado problema, então devemos fazê-lo, mas ficar apenas cultivando
a preocupação não vai nos levar a nada. Precisamos então, pensar em coisas boas,
positivas, agradáveis, e isso serão favoráveis ao nosso bem estar e à nossa alegria.
Embora tais palavras possam parecer apenas à valorização do pensamento positivo,
Paulo coloca a pessoa de Deus como a fonte da nossa paz (4.9).
50
Os filipenses haviam mandado uma ajuda financeira para o apóstolo (4.16-18). Ele
se regozijou muito pela comunhão que os irmãos tiveram com ele naquele momento
difícil. É na dificuldade que a comunhão e a unidade se tornam mais necessárias e
importantes.
"Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o
que é dos outros." (2.4). Cuide do problema do seu irmão como se fosse seu, desde
que não esteja havendo abuso nem aconteça de você estar atrapalhando o
crescimento da outra pessoa. Ajude o seu próximo, mas, de preferência, ensine o
seu próximo a ajudar a si mesmo.
51
Data: 60 ou 61 d.C.
Ficava a sudoeste da Frígia, na Ásia Menor, às margens do rio Lico. A cidade foi
importante no século V a.C.. Depois foi perdendo sua importância diante do
crescimento de Laodicéia, a 18 km, e Hierápolis (Col.4.13). O livro de Apocalipse
confirma que Laodicéia era uma cidade rica (Ap.3.18).
A igreja em Colossos deve ter sido fundada por Epafras. Isso não está claro no Novo
Testamento, mas parece ser uma dedução coerente com as palavras de Paulo (Col.
1.7,8). É provável que Paulo nunca tenha estado em Colossos. Isso é deduzido de
Col. 2.1. Apesar de tantas questões incertas sobre a fundação da igreja, o que
sabemos com certeza é que a mesma estava sob a liderança de Epafras, como
também ocorria com as igrejas de Laodicéia e Hierápolis (Col. 4.12-13). O texto de
Colossenses 4 e também o de Filemom 23 nos dão a entender que Epafras estava
preso juntamente com Paulo, quando este escreve as chamadas "epístolas da
52
COMENTÁRIO
Na parte prática, Paulo dá instruções para os pais, esposas, maridos, filhos, servos
e senhores. Orienta também em relação à oração, à pureza e liberdade cristã.
JUDAÍSMO E GNOSTICISMO
Os gnósticos acreditavam que o mal estava ligado à matéria. Este conceito produzia
outros bastantes perigosos. Criam que, sendo a matéria má, então não foi Deus
quem a criou, mas sim os anjos. Se a matéria é má, então a encarnação divina não
poderia ser considerada um fato nem uma possibilidade. Assim, estava criado um
sistema doutrinário que negava a divindade de Cristo e a obra da cruz.
Apesar de não ser diretamente responsável pela igreja em Colossos, Paulo reage
energicamente contra aquelas heresias que ameaçavam a sã doutrina. Em seu
combate, Paulo destaca a supremacia de Cristo. A sua divindade e a sua obra na
cruz eram elementos plenamente suficientes para a refutação de todos aqueles
ensinamentos judaicos e filosóficos (2.8-10). Se forma incisiva, Paulo derruba todos
aqueles sofismas. Ele destaca que o mistério que nos interessa é Cristo, o qual já foi
revelado a nós. Então, de nada importam os mistérios gnósticos (Col. 1.26-27; 2.2-3;
4.3). Se conhecermos a Cristo, não precisamos inquirir sobre nenhum outro mistério
religioso ou filosófico. O nome gnosticismo vem do termo "gnose", que significa
conhecimento. Paulo usa a mesma palavra para mostrar que o conhecimento de
Deus através de Cristo é suficiente para suprir as necessidades espirituais do
homem (Col. 1.9-10,27-28; 2.2-3; 3.16).
Com relação às questões judaicas, Paulo insiste naqueles pontos já presentes nas
outras epístolas. Cristo já nos resgatou do domínio das exigências cerimoniais da lei.
Ele a cravou na cruz (2.14). O significado de Cristo em nós (1.27) supre totalmente o
que poderíamos buscar através da circuncisão (2.11; 3.11), ou das festas, ou dos
sábados (2.16-17).
54
A natureza de Cristo – Sua divindade e usa unidade com o Pai - (Col. 1.15-19)
Imagem do Deus invisível – Col. 1.15; Criador – Col. 1.16; Mantenedor da criação –
Col. 1.17.
Cristo é tudo o que precisamos para a nossa salvação. Seus ensinamentos são os
únicos que vão reger a nossa vida espiritual. Nele estão todas as riquezas espirituais
de Deus para os seus filhos. (1.27; 2.2; 3.16).
55
Autor: Paulo
Data : 50 ou 51 d.C.
Classificação: escatologia.
Fundação
A igreja dos tessalonicenses foi fundada por Paulo em sua 2 ª viagem missionária.
Tendo se levantado grande perseguição contra Paulo, este fugiu para Corinto.
Depois Timóteo voltou a Tessalônica para saber a situação da igreja a fim de
informar ao apóstolo. Alguns irmãos haviam morrido e isso preocupava a igreja.
Será que os irmãos mortos ficariam para trás quando Jesus voltasse? Para
esclarecer o assunto, Paulo escreveu a primeira epístola aos tessalonicenses.
Esboço comentado
Em sua introdução, Paulo elogia a igreja. Os motivos de elogio são: a fé, o serviço, a
influência exemplar, o abandono da idolatria, a esperança, a paciência e
receptividade à palavra. Observe o destaque dado a questões espirituais.
A epístola nos mostra que a igreja dos tessalonicenses estava bem. Contudo, Paulo
diz que eles podiam alcançar um estado ainda melhor (4.1,9,10). Sempre existe um
nível superior a ser alcançado. Além disso, o autor admoesta contra alguns riscos
que poderiam ameaçar a estabilidade espiritual daqueles irmãos. Por isso, o capítulo
4 toca na questão moral. A admoestação que se destaca é a que se refere à
prostituição.
- Amor fraternal (4.9);- Cuidar dos próprios negócios (4.11); - Trabalhar (4.11); - Ser
honesto (4.12); Conseqüência: não ter necessidade (4.12).
Nós não estamos nas trevas (5.5). As trevas caracterizam a condição daquele que é
cego ou de quem está dormindo. A cegueira representa a ignorância. O sono
representa indiferença ou incredulidade. Se tivermos conhecimento sobre os últimos
dias, não sejamos indiferentes ou incrédulos, pois assim, o conhecimento não nos
seria útil.
nossa pregação e da nossa profecia. Jamais poderemos dizer algo sobre uma
possível data da vinda de Cristo. Os que se atreveram a fazê-lo caíram em
descrédito e vergonha.
Autor: Paulo
Data : 51 d.C.
Local: Corinto.
MOTIVO DA CARTA
Na primeira epístola, Paulo falou sobre a segunda vinda de Cristo. Depois, escreveu
a segunda para avisar que antes deveriam ocorrer a manifestação do iníquo e a
apostasia.
COMENTÁRIO
Novamente, Paulo faz elogios à igreja em relação à sua fé, seu amor e firmeza no
meio das tribulações. A tribulação pode tê-los feito pensar que já se tratava da
"grande tribulação" escatológica.
60
Ao introduzir o assunto da segunda vinda de Cristo, Paulo mostra que Ele trará
recompensa para os justos e ímpios (1.6-10), os quais serão encaminhados aos
seus destinos eternos.
Capítulo 2 – A apostasia
Capítulo 2 – O iníquo
Anticristo é, antes de tudo, um espírito, ou uma atitude contra Cristo. Sob esse
enfoque, João diz que "muitos anticristos têm surgido". Uma forma de sua
manifestação é a oposição a Cristo. Outra maneira é a tentativa de se fazer passar
por Cristo, tentando assumir o seu lugar e tomar a sua honra.
assunto: Ez.38 e 39; Dn. 7.9-12; Dn.9.24-27; Dn. 11.21,36 a 12.2; Mt.24.5-30;
Apc.13.1,11,12,13; 19.19-20; Jo.5..43.
O texto diz que algo ou alguém impede a manifestação do Anticristo. Quem ou o quê
o detém? Ninguém sabe dizer. As especulações a esse respeito são tão variadas
que há quem diga que Satanás impede tal manifestação. Um grupo bem maior
acredita que o Espírito Santo o detém.
Suas ações - sinais e injustiça. Ele mostrará o poder do diabo em ação. Embora
muitos digam o contrário, o Diabo tem poder. Ele pode fazer o que Deus permite que
ele faça. O Diabo faz sinais. E é importante que se diga que a realização de sinais
não determina a origem divina de um fato ou a autoridade divina de um líder. O
Diabo faz sinais, mas não ensina a justiça. O objetivo dos seus sinais é manter o
homem preso.
A ênfase nesse capítulo está sobre o trabalho. Não devemos usar a expectativa da
segunda vinda de Cristo como desculpa para a preguiça, a ociosidade e a
negligência. Existe nesse ponto o risco de se adotarem posições extremas.
1 - Viver como se Cristo não fosse voltar. Isso poderia levar a um comportamento
errado como aconteceu com os israelitas quando pensaram que Moisés não
desceria mais do monte.
Autor: Paulo
Local: Macedônia.
Data: 64 d.C. (datas prováveis variam entre 64 e 67) (entre as duas prisões em
Roma).
Essa foi uma das epístolas pastorais de Paulo (I Tm, Tt, II Tm.), escrita com o
objetivo de animar, estimular e instruir o jovem Timóteo a respeito de questões
bastantes práticas. Com Paulo surgiu o que poderíamos chamar de uma "escola
ministerial". Paulo ensinou a Timóteo que, por sua vez, deveria ensinar a outros e
estes continuariam a transmissão do ensinamento.
Timóteo
Seu nome significa: "que adora (ou honra) a Deus". Seu pai era grego. Sua mãe
(Eunice) e avó (Lóide) eram judias cristãs. Elas foram o exemplo e a origem dos
primeiros conhecimentos que Timóteo recebeu a respeito de Deus. Quando Paulo
esteve em Listra, encontrou Timóteo, o qual passou a acompanhá-lo em suas
viagens (At.16.1; II Tm.1.5; 3.14-15).
Timóteo foi circuncidado por Paulo. Sua condição de filho de grego não favorecia
seu livre curso na comunidade judaica. Paulo então o circuncidou. Tal ato faria com
que ele fosse tratado como se fosse um prosélito judaico (At.16.3).
Paulo o chama de filho amado. Diz que ele é fiel. Além de ter sido companheiro de
viagens de Paulo (2a e 3a viagens missionárias), Timóteo foi enviado pelo apóstolo a
vários lugares. (At.16.1-4; 17.13-15; 18.1,5; 19.22; 20.4; Rm.16.21; I Cor.16.10-11; II
Cor.1.1,19; Col.1.1; Fp.1.1; 2.19; Fm.1; I Ts.1.1; 3.2; II Ts.1.1; II Tm.4.9,21). Por fim,
foi encarregado de cuidar da igreja em Éfeso – I Tm.3.2. Em alguma ocasião esteve
preso e depois foi solto – Hb.13.23. A tradição informa que Timóteo foi o 1 o bispo de
Éfeso. Se for verdadeira a informação, então podemos vislumbrar a progressão
daquele ministro, que começando como evangelista, tornou-se pastor da igreja de
63
Esboço comentado
1 – Saudação – 1.1-2.
A vida cristã e o ministério não são apresentados como meio de enriquecimento nem
como um descanso confortável. É uma milícia, um combate constante.
5 – A oração – 2.1-8.
11 – Conclusão – 6.20-21.
65
Esboço
I – Saudações – 1.1-5
Comentário
Paulo compara o obreiro ao soldado (2.3). Na prisão, Paulo estava cercado por
soldados. Assim, observava a disciplina militar e aplicava tudo isso à sua própria
vida espiritual. Como um soldado, o obreiro de Deus deve ser:
Forte (2.1).
66
Disciplinado.
Submisso.
Preparado para o combate.
Firme e constante em seu objetivo, sem desistir.
Vestido com a armadura de Deus (Ef.6.12-17).
Essa é uma das epístolas pastorais. (Em ordem cronológica: I Tm. Tito e II Tm.)
Classificação: eclesiologia.
TITO
Embora fosse grego, seu nome vem do latim e significa "louvável". As referências a
Tito no Novo Testamento apresentam seu itinerário ministerial:
Tito 1.4 – Paulo o trata como "filho na fé", dando a entender que sua conversão se
deu mediante a pregação do apóstolo. Paulo demonstra ligação espiritual e fraternal
com Tito.
II Cor.2.13; 7.6-7; 7.13-15; 8.6; 8.16-18; 8.23-24; 12.18 – Tito trabalhou em Corinto e
levou relatório para Paulo sobre a situação da igreja.
De acordo com a tradição, Tito se estabeleceu em Creta, ficando ali até a sua
velhice.
CRETA
Seu poeta famoso, Epimênides (600 a.C.), foi citado por Paulo (1.12).
ESBOÇO COMENTADO
1-Introdução – 1.1-4.
1.5 - "Por esta causa te deixei em Creta". Se em algum momento Tito se sentisse
incomodado com os problemas das igrejas e do povo de Creta, a situação poderia
não ser muito confortável para Tito, mas se tudo estivesse bem, sua presença não
seria necessária e recebeu a incumbência de constituir ministros. É relevante
observamos nisso a capacidade de Tito e confiança de Paulo em sua pessoa.
Paulo apresenta instruções práticas para a vida cristã. Ele se refere a várias classes
de pessoas que faziam parte da igreja. Sabendo que o povo de Creta era imoral e
preguiçoso, os convertidos deveriam ter um padrão de comportamento diferente.
5 – A salvação – 2.11-15.
Paulo dedica parte de sua epístola para reforçar o ensinamento a respeito dos
fundamentos da fé cristã.
2.11 – Universalidade da graça divina: "a todos os homens". Esse texto é um dos
que derrubam a teoria da predestinação absoluta para a salvação ou para a
perdição.
2.14; 3.1,8,14 – Essas passagens destacam o valor das boas obras, ou frutos do
cristão. Não se trata apenas de obras de caridade, mas ações justas de modo geral.
A salvação é pela graça e pelo amor de Deus (3.4-5), mas as boas obras
acompanham a salvação. É o testemunho diário do cristão.
7 – Conclusão – 3.12-15
Paulo parece apressado ao escrever essa epístola, pois não especifica nomes na
saudação e abrevia a benção final (3.15).
70
Data: 60 ou 61 d.C.
FILEMOM
Era um homem rico da cidade de Colossos. Seu nome grego significa "amável".
ESBOÇO COMENTADO
Onésimo havia fugido para Roma. Era um escravo esperto e visionário. Foi logo
para a capital do Império. Talvez tenha furtado de Filemom antes de fugir. Em
Roma, encontra-se com o apóstolo Paulo e se converte ao Evangelho. Em seguida
retorna a Colossos junto com Tíquico, levando a carta a Filemom e também a
epístola aos Colossenses - Col.4.9.
O nome Onésimo significa "útil", exatamente o que não tinha sido para Filemom,
mas passaria a ser (v.11).
senhor. Portanto, devia fazê-lo. Restituir o dinheiro furtado, entretanto, não era
possível (v.18).
Nessa carta, chama-nos a atenção a questão da escravidão. Paulo não condenou tal
prática. Afinal, estava mandando o escravo de volta ao seu dono. Temos uma idéia
de escravidão muito vinculada à prática portuguesa no Brasil. Entretanto, podemos
amenizar esse conceito quando estudamos a respeito da servidão entre os judeus.
Um judeu poderia se tornar escravo do outro como forma de pagamento de uma
dívida. O contexto de Onésimo não era judaico, mas devemos observar que Paulo
aconselhou Filemom a tratar o escravo como um irmão amado. Então, o texto não
está endossando a prática de crueldades contra os escravos. Mesmo assim, a
questão parece não estar ainda resolvida. Talvez esperássemos que Paulo
"proclamasse a liberdade" de Onésimo. Contudo, não o fez. O fato é que o
Evangelho não é uma metodologia de revolução social, mas de revolução pessoal.
Paulo não poderia simplesmente dizer que Onésimo estava livre. Onde ele iria morar
ou quem garantiria o seu sustento? Então, o melhor a fazer era retornar à casa de
Filemom.
Classificação: cristologia
O NOME DA EPÍSTOLA
"Hebreu" era o nome dados aos israelitas pelas nações vizinhas. Talvez tenha
derivado de Éber ou Héber, que significa "homem vindo do outro lado do rio" (Jordão
ou Eufrates) (Gn.10.21,24; 11.14-26; 14.13 Js.24.2). Abraão foi chamado de
"hebreu".
Alguns desses termos foram mudando um pouco de sentido com o passar do tempo.
O "judeu" do Antigo Testamento estava estritamente ligado à tribo de Judá. Depois
do cativeiro, a maior parte dos que regressaram a Canaã eram da tribo de Judá.
Então, "judeu" tornou-se quase um sinônimo de israelita, já que quase todos os
israelitas eram judeus. O termo tem esse mesmo sentido genérico até hoje.
OS DESTINATÁRIOS
A epístola aos hebreus nos mostra que seus destinatários eram judeus cristãos. Ao
mesmo tempo em que o autor está se dirigindo a pessoas convertidas a Cristo
(Hb.10.19), ele dá a entender que elas tinham um passado de vínculo com o
judaísmo. Tais irmãos pertenciam a uma igreja, cujos líderes são anonimamente
referenciados no capítulo 13 (versos 7, 17 e 24). A localização de tal igreja é objeto
de especulação por parte dos estudiosos e comentaristas. As sugestões mais
comuns são: Roma, Jerusalém, Antioquia, Cesaréia e Alexandria. Como se vê, as
possíveis cidades eram grandes centros. Jerusalém e Cesaréia eram cidades da
Judéia. Nas outras se localizavam grandes colônias judaicas. Naturalmente, em
todas elas havia igrejas locais que contavam com a presença de muitos judeus
cristãos.
AUTORIA
A epístola não apresenta o nome do seu autor. Muitos atribuem a Paulo sua escrita.
Em alguns manuscritos antigos encontra-se o título: "Epístola de Paulo aos
Hebreus". Evidentemente, o título traz a conclusão de algum copista ou autoridade
religiosa, visto que não faz parte do texto. Alguns "pais da igreja" atribuíam a autoria
a Paulo sem dificuldades. Os defensores dessa hipótese, utilizam as palavras de
Pedro em sua segunda epístola (3.15). A passagem nos informa que Paulo escreveu
aos judeus. Contudo, isso não encerra a questão, pois tal escrito pode ter sido a
chamada carta aos hebreus, mas pode também ter sido outra. A referência que o
autor faz a Timóteo (Hb.13.23) também é usada como argumento. Além disso, a
epístola está dividida em dois blocos: doutrinário (capítulos 1 a 11), e prático
(capítulos 12 e 13). Isso nos lembra o método paulino. No texto prático do capítulo
13, temos uma lista de admoestações curtas, à maneira de Paulo. A doxologia
(13.20-21) e a bênção final (13.25) também reforçam a tese.
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DATA
A referência a Timóteo e ao fato de sua prisão faz a datação do livro se projetar para
o final dos anos 60 do primeiro século. Já que as epístolas paulinas não dizem que
Timóteo tenha sido preso, então é possível que a carta aos Hebreus tenha sido
produzida depois daquelas identificadas paulinas. O livro fala de um sacerdócio em
funcionamento no templo de Jerusalém (10.1,11; 9.6-8). Isso nos faz concluir que o
livro não pode ter sido escrito depois do ano 70, data da destruição do templo.
Portanto, a datação, embora indefinida, fica entre 60 e 70 d.C.
CARACTERÍSTICAS
A carta aos Hebreus liga o Antigo e o Novo Testamento de modo brilhante. Temos
na obra os seguintes confrontos:
- Símbolos X realidade
TEMA
Lendo a epístola, podemos delinear o problema que deu ensejo à sua produção. Os
hebreus, a quem a carta foi destinada, eram judeus que, tendo se convertido ao
cristianismo, se sentiam tentados a recuar, retornando ao judaísmo. Estavam em
uma situação de paralisação espiritual. Viviam em um dilema e, com isso, não
cresciam espiritualmente (Hb.5.11-14). O autor escreveu para mostrar a esses
irmãos que eles estavam livres da Antiga Aliança. Tal propósito era de grande
envergadura. Se já era difícil provar aos gentios convertidos que eles não
precisavam observar a lei, quão árdua seria a tarefa de demonstrar o mesmo
princípio para judeus cristãos! As realidades da graça já eram presentes. Contudo,
ainda se encontravam no futuro para aqueles que hesitavam em relação à
apropriação das mesmas.
Lei Evangelho
Símbolos Realidades
Sombras Realidades
O visível O invisível
Aparência Essência
Material Espiritual
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Transitório Permanente
Temporário Eterno
Figura Verdadeiro
Terreno Celestial
A situação dos hebreus foi ilustrada através de uma etapa de sua própria história. O
autor demonstra que, assim como seus antepassados estavam no deserto,
hesitando diante de Canaã (Hb.4.1), os hebreus estavam hesitantes diante da graça
de Deus e seus benefícios. O livro admoesta radicalmente a respeito dos riscos
representados pelo retrocesso, pela apostasia (Hb.4.1; 6.1-6; 10.38-39). O desvio
encontra-se relacionado à incredulidade, desobediência e rebelião (Hb.2.1-3;
3.12,16-19; 4.11). Em lugar do desvio, os hebreus são aconselhados a avançar com
ousadia (Hb.10,19).
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O aspecto cerimonial da Antiga Aliança era algo grandioso. Eles ainda estavam
apegados ao culto judaico, mas precisavam se acostumar a viver sem ele, pois sua
destruição estava bem próxima (Hb.8.13).
Os hebreus estavam muito apegados aos aspectos visíveis do judaísmo. Aliás, o ser
humano, em geral, tem essa tendência. Por isso é que muitos objetos acabam
sendo incorporados à prática religiosa que, em princípio, é essencialmente espiritual.
Na igreja, podemos usar recursos visíveis, uma vez que a Bíblia nos dá exemplos
disso. Os lenços de Paulo curavam (At.) Contudo, precisamos ter cuidado para não
elaborarmos doutrinas e condicionamentos para a nossa fé.
O autor aos hebreus se esforçava por conduzi-los a um novo nível, em que não
dependeriam de objetos sagrados, lugares físicos ou sacerdotes terrenos.
O autor coloca em destaque: a fé. O capítulo 11, tão utilizado quando se estuda
sobre a fé, ali está com esse objetivo: mostrar aos hebreus que até mesmo seus
antepassados, os pais, juízes e profetas, viveram e serviram a Deus e venceram
pela fé e não por vista. Portanto, convinha que os hebreus seguissem tal exemplo e
se desvencilhassem de toda dependência visual contida no cerimonial judaico.
O mundo espiritual é invisível para nós hoje, mas um dia poderemos vê-lo. Hoje,
podemos falar apenas de uma "visão espiritual", como acontecia com os patriarcas
(Hb.11.13,26,27). Pela fé, "vemos" o cumprimento das promessas. Um dia, porém,
Cristo aparecerá (Hb.9.28). Então, o invisível se tornará visível.
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TERRA E CÉU
Utilizando os termos "terra" e "céu", o autor tenta fazer com que seus destinatários
"mudem o foco" de sua espiritualidade.
A realidade celestial
Para o escritor aos hebreus, o céu não é um lugar vazio, envolto em névoa branca.
Ele fala de uma cidade celestial, de um santuário celestial e coisas celestiais, as
quais se constituem em mistério para nós. Em destaque está o santuário celestial, o
qual foi visto por Moisés no monte e serviu de modelo para a construção do
santuário terreno. Portanto, os hebreus não deveriam ficar apegados ao terreno,
mas sim ao santuário celestial, onde Cristo entrou depois de oferecer sua própria
vida como sacrifício.
A SOLUÇÃO
O problema dos hebreus consistia no apego a algo bom. Como disse o apóstolo
Paulo em Romanos 7, "a lei é santa e o mandamento é santo, justo e bom". O apego
ao que é bom pode nos privar daquilo que é melhor. A epístola vem mostrar "o
melhor" para os hebreus. Esta é a palavra chave da carta. As expressões "superior",
ou "tão superior", ou "maior" ou "mais excelente", variando conforme a tradução,
também são freqüentes e demonstram o pensamento do autor no seu esforço por
apresentar a superioridade de Cristo e do Evangelho no confronto com a lei e a
Antiga aliança.
Melhor: Hb.1.1-4; 6.9; 7.4,19-22; 8.6; 9.23; 10.34; 11.16; 11.35; 11.40; 12.24;
“A expressão “tão superior” e mais excelente” contêm uma ênfase muito forte.
Bastaria dizer que Cristo é superior ou excelente. Contudo, o autor utiliza uma
terminologia que demonstra a insuperabilidade do Senhor Jesus.
Mostrar algo melhor para um povo que já tem um pacto com Deus é um desafio
muito grande. Contudo, o autor se saiu muito bem na produção de sua apologia. Seu
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Para que o impasse dos hebreus se resolvesse, eles deveriam entrar na nova
realidade apresentada por Cristo: a Nova Aliança com Deus. A nova realidade é
acessada por meio da fé. De fato, sendo judeus convertidos, eles criam em Cristo,
mas ainda não usufruíam de todos os recursos da graça.
Havendo fé na palavra dita por Deus, ainda cabe, em muitos casos, a ação humana
coerente com a palavra. É a obediência. Algumas profecias divinas são absolutas e
incondicionais. Vão acontecer de qualquer forma. Outras vêm acompanhadas de
uma ordem ou mandamento e estão condicionadas à obediência. Por exemplo, a
promessa de Deus a Abraão estava ligada a uma ordem: "Sai da tua terra e da tua
parentela." Sobre esta palavra, Abraão depositou sua fé e acrescentou a obediência.
Abraão saiu sem saber para onde ia. Desse modo, "o que se espera" (Hb.11.1) vem.
"O que há de vir virá e não tardará." (Hb.10.37). Se, por outro lado, formos
incrédulos e desobedecermos à palavra, estará também juntando elementos que
trarão o castigo, que também é um cumprimento da Palavra de Deus. Contudo,
sempre há um tempo para o arrependimento e a retomada do rumo certo.
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Seu fundamento é rocha ou areia? Jesus comparou sua palavra à rocha (Mt.7.24). A
obediência, que pressupõe fé, seria a construção sobre a palavra. A desobediência
também seria um tipo de construção, destinada a ruir sobre o seu construtor.
A palavra é verdadeira, mas sem fé ou sem obediência não produz o efeito desejado
(Hb.3,18,19; 4.1,2,11). Aqui temos um lado positivo e um lado negativo. No esquema
abaixo, temos o vazio de uma falsa fé ou uma falsa palavra.
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Palavra(s) - Hb.1.3; 2.2; 4.2,12; 5.13; 6.5; 7.28; 10.28; 11.3; 12.19,27; 13.7,22.
Temos nessas passagens, quase sempre, a Palavra de Deus. Aparecem também as
palavras dos anjos, das testemunhas e do próprio autor da carta.
Para os irmãos do primeiro século, a palavra escrita de Deus era apenas o Antigo
Testamento. A carta aos hebreus está bem fundamentada nessa porção das
Escrituras. Afinal, não pretende negar o Antigo Testamento, e sim mostrar o seu
cumprimento em Cristo e no Evangelho.
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É digna de destaque a leitura messiânica que o autor faz dos textos citados. Temos,
portanto, sólida base, para ver Cristo no Antigo Testamento. É bastante forte a
expressão do autor ao escrever: "Assim, pois, como diz o Espírito Santo." (3.7-11).
As palavras seguintes são do Salmo 95, escrito por Davi. Notamos então que o autor
reconhecia e declarava claramente que o salmo foi inspirado pelo Espírito Santo, ou
podemos até dizer, "ditado" por ele. Tal reconhecimento é óbvio, mas é bom
sabermos que o texto está mostrando isso, de modo que temos uma prova
inequívoca de tal afirmação.
EXORTAÇÕES
Aproximemo-nos - Hb.10.22
Guardemos - Hb.10.23
Consideremo-nos - Hb.10.24
Corramos - Hb.12.1
Prossigamos - Hb.6.1
Sirvamos - Hb.12.28
Ofereçamos - Hb.13.15
Conservemos - Hb.4.14
Retenhamos - Hb.12.28
Apeguemos - Hb.2.1
executa sobre si mesmo. O que Ele decidiu fazer por nós nesse sentido, ele já fez.
Jesus já veio e já subiu "abrindo um novo e vivo caminho" (Hb.10.20). O caminho
está aberto. Entrar, caminhar, correr, aproximar, são ações que dependem de cada
um.
A observação dos verbos mencionados, seu tempo, modo e pessoa, muito nos
ensinam. A maioria dos verbos se encontra conjugada na primeira pessoa do plural.
Isso mostra que o autor se inclui em quase tudo o que diz, em quase todas as
propostas que faz. É uma atitude desejável para os que pregam, ensinam ou
lideram.
CONCLUSÃO
Somos gratos a Deus que em seu rico propósito nos permite crescer em
conhecimento da Sua vontade. Em todo momento percebemos a ação do Espírito
Santo a instruir por meio do seu servo Paulo a igreja que inicialmente necessitava
repensar sua conduta à luz de Cristo.
Que cada livro analisado sirva-nos de estímulo por haver neles ensinamentos do
Senhor para a divulgação do Evangelho, na compreensão do ser humano caído, da
salvação em Cristo Jesus, da atuação do Espírito Santo na vida do crente, de ânimo
e esperança na perseguição, na certeza da fé que Jesus voltará para buscar sua
igreja e que tudo já fora realizado por Cristo necessário à comunhão com o Pai
através do seu sacrifício e mediatizado pelo Espírito Santo.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BECKER, J. Apóstolo Paulo: vida, obra e teologia. São Paulo: Ed. Academia Cristã
Ltda, 2007.
PACKER, J.I., TENNEY, Merril C., WHITE JR., William. O Mundo do Novo
Testamento. Editora Vida.