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SUMÁRIO
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TÓPICO 1 – Preparação do Novo Testamento
1 O Fundamento ................................................................................................. 04
2 As fontes............................................................................................................ 04
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Teologia Bíblica – Novo Testamento
Instituto Teológico Shallom
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Teologia Bíblica – Novo Testamento
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TÓPICO 13 – A TEOLOGIA DA FÉ
1 Termos bíblicos para a fé.................................................................................. 54
2 Expressões sobre atividade da fé ...................................................................... 55
3 O ensino sobre fé .............................................................................................. 56
4 A base da nossa fé............................................................................................. 58
BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................... 65
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Teologia Bíblica – Novo Testamento
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TÓPICO 1
MÉTODO E AS FONTES
1 O Fundamento
A Pregação do Evangelho
Se Jesus não fosse uma realidade vivida, presente e atuante em nossos dias,
como explicar os testemunhos de milhares de pessoas que foram salvas,
transformados pelo seu poder? Dizer que essas pessoas são transformadas em
função apenas do testemunho convincente, direto dos seus seguidores, é negar
ou desconhecer a realidade da presença vida do Cristo vivo entre nós.
a. Evangelhos sinóticos
b. Evangelho de João
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TÓPICO 2
ATIVIDADE PÚBLICA DE JESUS
Jesus voltou para a Galileia “no poder do Espírito Santo” e pregando o evangelho
de Deus: “O tempo está cumprido, e é chegado o reino de Deus. Arrependei-vos
e credo no evangelho”. O evangelho de Deus pregado por Jesus Cristo tem como
mensagem fundamental quatro grandes verdades:
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A fé no Evangelho
Em Cafarnaum
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Atividades na Judéia
c. Uma mulher exalta-lhe a maternidade, mas Jesus declara ser mais bem-
aventurada a observância de sua palavra. Lc 11.27,28.
a. Criticado por não haver feito a lavagem cerimonial das mãos, Jesus
defende-se com a ilustração da lavagem exterior, apenas, do copo e do prato,
numa figura de analogia. Lc 11.38, 39.
Atividade na Pereia
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TÓPICO 3
A TEOLOGIA DO REINO DE DEUS
O título Messias se refere a alguém que Deus escolheu para uma missão (Is.
61.1). Também o povo de Israel é designado de Messias (Sl 105.15). Inclusive um
rei estrangeiro como o persa Ciro é chamado de ungido (Is.45.1).
O ungido passa a ter uma relação especial com Deus e participa da autoridade
divina (1 Sm 24.7 e 2 Sm 1.14).
Por sua vida, morte e ressurreição, Jesus foi reconhecido como o Messias (Mt
16.16).
Pela ressurreição, Jesus foi demonstrado que é Filho de Deus com poder pelo
Espírito Santo (Rm 1.4).
O reino de Jesus não é deste mundo (João 18.36). O relato da tentação de Jesus
mostra que ele não aderiu a um messianismo político-nacionalista (Mt 4.8-10).
Mas no futuro abrangerá o Novo Mundo.
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João certamente não usa a expressão “Reino de Deus”, porque esse conceito não
era conhecido ou compreendido pelo homem helenista. Por esta razão João o
substitui pela expressão “a vida eterna” ou “a vida”. Provavelmente Jesus usou o
conceito vida para falar do Reino de Deus. E comum a expressão “entrar na vida”
Mc 943-45 ou o caminho que leva “a vida” Mt 25.34; Mc 10.17.
Paulo usa o termo Kyrios (Senhor) em vez de “Reino de Deus”. Como Senhor ele
é o Rei deste reino.
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Para os israelitas, Deus é o Rei do povo escolhido. Por isso, muitos contestaram a
escolha de um rei para governar Israel (I Sm 8 e 12). Mas, uma vez instituída a
monarquia, os reis passaram a ser vistos como representantes (ungidos) de Deus.
O Novo Testamento anuncia que o Reino chegou com Jesus, que veio para
estabelecê-lo. O reino já está presente e em pleno desenvolvimento, mas sua
consumação final acontecerá no futuro. Jesus foi saudado como rei (Mt 21.5),
mas acentuou que seu reino não é deste mundo (João 18.36).
O Reino não está condicionado ao tempo, pois é eterno; não se restringe a uma
nação, pois é universal. Não é um reino político, à semelhança dos reinos
humanos. Também não é um reino apenas espiritual e abstrato, com ênfase na
moral, nem inteiramente ultraterrestre. O Reino de Deus consiste na soberania
do Criador sobre a criação. Onde a soberania de Deus é aceita ali o Reino está
iniciando.
A Igreja não deve ser comparada com o Reino de Deus, mas também não deve
ser separada dele. Em todo o seu agir, a igreja deve refletir os valores do Reino
de Deus.
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TÓPICO 4
A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
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A salvação vem por meio de Jesus (Lc 19.9). Ele veio para salvar (Mc 3.4; Lc 4.18).
Sua missão impõe certa obrigação moral sobre os homens (Mc 8.35; Lc 7.50). A
salvação requer um coração contrito, a receptividade como a de uma criança, a
renúncia de tudo por causa de Cristo. Ela nos conduz à vida eterna, à salvação da
alma (Mt 7.13-14; Mc 8.34).
Nesse evangelho temos um ponto de vista mais similar ao de Paulo do que aos
dos evangelhos sinópticos. O princípio de filiação é associado à salvação, e isso é
um discernimento penetrante. Fica subentendido que assim como é o Filho,
assim também seremos. (I João 3.1-2). Somente no evangelho de João é que
temos o conceito da participação do homem na vida de Deus.
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como o Filho dela participa II Co 3.18, tudo isso é produzido pelas operações do
Espírito que nos amolda segundo a natureza moral de Cristo.
3. O MEIO DA SALVAÇÃO
A salvação não vem através de obras legais ou meritórias, pois ninguém pode
tornar-se um ser semelhante a Cristo, que é o alvo da salvação. A salvação nos
vem pela graça divina (Ef. 2.l8-9), mediada pela santificação (II Ts 2.13). Ninguém
verá jamais a Deus se não for totalmente santo, como Deus é santo (Hb.12.14;
Rm 3.21).
4. OS ELEMENTOS DA SALVAÇÃO
A salvação pode ser entendida como um ato instantâneo, como também com um
processo contínuo da alma para obter a plenitude de Deus (Ef. 3.19),
experimentando a transformação segundo a natureza e a imagem do Filho (Rm
8.29), que avança de um estágio a outro de glória, interminavelmente (II Co
3.18). A teologia tem dado nomes aos vários estágios desse processo.
(Justificação, Regeneração, Santificação, Conversão, Glorificação).
A pessoa é salva do pecado (Mt 1.21), da ira divina (Rm 5.9), da morte (Tg 5.20),
do diabo (At 10.38). A pessoa é salva para a vida (Ef.2.5), para o reino celeste (2
Tm 4.18).
TÓPICO 5
A TEOLOGIA DO ESPÍRITO SANTO
Nomes e títulos dados ao Espírito Santo nos revelam muita coisa a respeito dele.
Embora o nome “Espírito Santo” não ocorra no Antigo Testamento, mas a sua
ação está bastante explícita nas páginas das Sagradas Escrituras.
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Espírito Criador
O Espírito Santo é a terceira Pessoa da Trindade por cujo poder o universo foi
criado. Ele pairava por sobre a face das águas e participou da glória da criação.
Gn. 1.2; Jó. 26.13; Sal.33.6
O Espírito Santo criou e sustenta o homem. Gn. 2.7; Jó 33.4. Toda pessoa, seja ou
não servo de Deus, é sustentada pelo poder criador do Espírito de Deus. Dn.
5.23; Atos 17.28. O homem deve a sua existência ao Verbo João 1.1,3 e ao
Espírito. Foi a esses que Deus dirigiu dizendo: “Façamos o homem...”.
Espírito dinâmico
A operação dinâmica do Espírito criou duas classes de ministros: primeira,
obreiros para Deus - homens de ação, organizadores, executivos; segunda,
locutores de Deus - profetas e mestres.
Obreiros para Deus
Como exemplo de obreiros inspirados pelo Espírito Santo, mencionamos Josué.
Num. 27.8-21; Otoniel, Juízes 3.9-10; José, Gn. 41.38-40; Moisés, Nm. 11.16-17;
Gideão.Juízes 6.34; Sansão, Juizes 23.24,25; etc.
Locutores de Deus
O profeta de Israel podemos dizer, era um locutor de Deus, um que recebia
mensagens de Deus e as entregava ao povo. Ele estava cônscio do poder celestial
que descia sobre ele de tempos em tempos capacitando-o para pronunciar
mensagens não concebidas por sua própria mente. Ezequiel. Ez . 8.1-3; Isaias,
Jeremias, Daniel e tantos outros.
Espírito regenerador
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d. As obras que o Espírito Santo realiza, testificam que ele tem os mesmos
atributos de Deus. Criação, regeneração, ressurreição. Gn. 1.2; Jó 33.4; João 3.5-
8; Rm. 8.11
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Desde o princípio até o fim de sua vida terrena, o Senhor Jesus esteve
intimamente ligado ao Espírito Santo. Tão íntima foi esta relação que Paulo
descreve a Cristo como “um Espírito vivificante”. Vejamos:
Nascimento
No seu batismo
Com o passar dos anos, começou uma nova relação com o Espírito. Aquele que
havia sido concebido pelo Espírito foi ungido com o Espírito. Assim como o
Espírito desceu sobre Maria na concepção, assim também no batismo o Espírito
desceu sobre o Filho, ungindo-o como Profeta, Sacerdote e Rei.
No seu ministério
Logo foi levado pelo Espírito ao deserto Mc. 1.12 para ser tentado por Satanás.
Ali ele venceu as sugestões do príncipe deste mundo.
Ele exerceu seu ministério com o conhecimento “íntimo de que o poder divino
habitava nele. Sabia que o Espírito do Senhor Deus estava sobre ele para cumprir
o ministério predito acerca do Messias Lc. 4.18; e pelo dedo de Deus expulsou
demônios. Luc. 11.20, At. 10.38.
Na sua crucificação
O mesmo Espírito que o conduziu ao deserto e o sustentou ali também lhe deu
força para consumar seu ministério sobre a cruz, onde, “pelo Espírito eterno se
ofereceu a si mesmo, imaculado a Deus” Hb. 9.14. Ele foi à cruz com a unção
ainda sobre ele. O Espírito manteve diante dele as exigências inflexíveis de Deus.
O Espírito Santo encheu-lhe a mente de ardor, zelo e amor persistentes, os quais
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o conduziram a completar seu sacrifício. Seu espírito humano estava de tal modo
saturado pelo Espírito de Deus que vivia no eterno e invisível, e pôde “suportar a
cruz, desprezando a afronta”. Hb. 12.2.
Na sua ressurreição
O Espírito Santo foi o agente vivificador na ressurreição de Cristo. Rom. 1.4; 8.11.
Alguns dias depois desse evento, Cristo apareceu a seus discípulos, soprou sobre
eles, e disse: “Recebei o Espírito Santo” João 20.22; At. 1.2. Essas palavras não
podem significar um símbolo daquilo que havia de ocorrer cinquenta dias depois,
isto é, um lembrete do Pentecostes vindouro.
Na sua ascensão
2. Com o passar dos anos começou uma nova relação com Espírito. O
Espírito de Deus veio a ser o Espírito de Cristo, para exercer o ministério
messiânico.
Operando Convicção
Do pecado de incredulidade
Quando Pedro pregou, no dia de Pentecostes ele nada disse acerca da vida
licenciosa do povo, do seu mundanismo, ou de sua cobiça; ele não entrou em
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Da justiça de Cristo
Da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais. João 16.10. Jesus
Cristo foi crucificado como malfeitor e impostor. Mas depois do dia de
Pentecostes, o derramamento do Espírito e realização do milagre em sua nome
convenceram a milhares de judeus de que não somente ele era justo, mas
também era a fonte única e o caminho da justiça. O Espírito Santo não somente
convenceu os judeus de que haviam crucificado o Senhor da Justiça, At. 2.36,37,
mas também ele lhes assegurou que havia perdão e salvação em seu nome. At.
2.38
“O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus”.
Rom. 8.1; I João 3.24.
Ele ensina
“Mas o Conselheiro, o Espírito Santo, que o Pai enviará em Meu nome, lhes
ensinará todas as coisas e lhes lembrará de tudo o que Eu lhes disse”. João 14.26.
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“...porque os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus”. Rom.
8.14.
“Da mesma forma o Espírito Santo nos ajuda em nossas fraquezas. Não sabemos
o que deveríamos orar, mas o Próprio Espírito intercede por nós com gemidos
que as palavras não conseguem exprimir”. Rom. 8.26.
O Novo Testamento fala do Espírito Santo como uma Pessoa, e nunca como uma
influência. Suas referências a Ele são sempre com o pronome masculino e nunca
neutro.
TÓPICO 6
TEOLOGIA DA IMAGEM DE DEUS NO HOMEM
1. INTRODUÇÃO
De acordo com a Bíblia, o homem foi criado à imagem de Deus. Os primeiros Pais
da Igreja concordavam plenamente de que o homem fora criado à imagem e
semelhança de Deus.
Ao criar o homem, Deus tinha um maravilhoso plano e propósito para ele. Ele
desejava ter seres que pensassem e sentissem como Ele, seres com os quais Ele
pudesse compartilhar a sua vida e que dominassem sobre a terra. Assim sendo,
Ele criou o homem - em Sua própria imagem.
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2. CONSCIÊNCIA PRÓPRIA
3. CONHECIMENTO ABSTRATO
Este é o segundo ponto que separa o homem dos outros animais. Qualquer
animal pode ser ensinado a pensar numa cor, será uma cor identificada com
algum objeto. O homem tem a capacidade de pensar não só na cor
independente de qualquer objeto colorido, como também em outras coisas
abstratas, tais como: ódio, amor, prazer, etc.
4. A LEI MORAL
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Há ainda a semelhança moral, porque assim foi o homem criado por Deus. Essa
semelhança moral consistia nas qualidades morais que faziam, e ainda hoje
fazem parte do caráter de Deus.
O homem não somente possui a imagem de Deus. A imagem de Deus não é algo
acidental, é algo essencial a natureza humana.
O homem reflete a imagem de Deus como um ser que é relacional. Ele não vive
isolado, assim como Deus não vive só. Deus é tri-pessoal. Gen. 1.26.
O homem reflete a imagem de Deus por ter atributos que inerentes a sua
própria natureza.
O que significa ser criado à imagem e semelhança? Significa que o homem foi
criado para refletir, espelhar e representar Deus. Agostinho diz que o homem foi
criado “capaz de não pecar”. Berkhof diz que a imagem de Deus consiste na
integridade original da natureza do homem, que se expressa:
No conhecimento verdadeiro
Col. 3.10 “E vos revestistes do novo homem, que se refaz para o pleno
conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou”.
Na justiça
Ef. 4.24 “E vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e
retidão procedentes da verdade”.
Na santidade
Ef. 4.24 “E vos revistais do novo homem, que, segundo Deus, é criado em
verdadeira justiça e santidade”.
O estado original não foi mantido pelos nossos primeiros pais. Veio a
desobediência e consequentemente a queda. Foram criados para refletir Deus e
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Para Calvino, a imagem de Deus não foi totalmente aniquilada com a queda,
mas foi terrivelmente deformada. Ele descreveu esta imagem depois da queda
como “uma imagem deformada, doentia e desfigurada”. Rom. 3.10-19
Imagem restaurada
O homem antes criado para refletir Deus, agora após a queda, precisa ter esta
condição restaurada. Restauração esta que se estenderá por todo o processo da
redenção. Esta restauração da imagem só é possível através de Cristo, porque
Cristo é a imagem perfeita de Deus, e o pecador precisa agora tornar-se mais
semelhante a Cristo. Col. 1.15 “Ele é a imagem do Deus invisível” e em Rom. 8.29
diz que Deus nos predestinou para sermos “Conforme a imagem de Seu Filho” . I
João 3.2; II Cor. 3.18.
Imagem aperfeiçoada
A glorificação é voltar à perfeição com a qual fomos criados por Deus, é voltar a
imagem de Deus. Este é o propósito final da redenção. E isto só é possível em
Cristo. Em Cristo, o cristão não apenas volta ao que era Adão antes de pecar, mas
vai um pouco mais além.
Adão ainda podia perder a impecabilidade, mas aos santos glorificados isso não
poderá mais ocorrer. Os santos na glória não serão capazes de pecar nem de
morrer. Isaias 25.8; I Cor. 15.42,54; Ef. 5.27; Apoc. 21,4.
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TÓPICO 7
TEOLOGIA DO PECADO
1. A ORIGEM DO PECADO
Rejeitamos esta teoria porque ela faz de Deus um ser finito e dependente. Não
pode duas coisas infinitas na mesma categoria, e Deus não pode ser ao mesmo
tempo soberano e limitado por algo que nem criou e nem pode evitar. Esta idéia
elimina o conceito do pecado como um mal moral. Se o pecado é uma parte
inseparável da nossa natureza, fica sem efeito o sentido de responsabilidade ou
culpabilidade humana.
Rejeitamos esta teoria porque ela ignora a distinção entre o elemento físico e
moral. Mesmo que o homem tenha sido criado com algumas fraquezas e
limitações físicas, ele não foi criado com fraquezas e limitações morais. Ele
poderia ter obedecido a Deus, se tivesse escolhido fazer. I Co. 3.10
A narrativa da queda em Gn. 3.1-8 não é uma narração alegórica, mas sim
histórica, isto fica evidenciado pelo contexto de fatos históricos e por escritores
posteriores considerarem como histórica. Prova disto é que os nomes Adão e Eva
não são simbólicos. Também o Jardim, os rios, as árvores e os animais são
claramente fatos históricos, literais. Não podemos aceitar a hipótese da queda
alegórica, pois o próprio Jesus e os apóstolos trataram a narrativa do Gênesis
como histórica. João 8.44; II Cor. 11.3; Apoc. 20.2.
Quando saíram das mãos do Criador, eles eram não apenas inocen tes, mas
também santos. Sua natureza não era pecaminosa. Agora tinham uma sensação
de vergonha, degradação e poluição. Havia algo a esconder. Estavam nus e não
poderiam comparecer diante de Deus em sua condição decaída. Foi esta
sensação de impropriedade que os levou a fazer para si mesmos vestes de folhas
de figueira. Estavam moralmente arruinados. Deus havia dito a Adão a respeito
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da árvore proibida: “No dia em que dela comeres, certamente morrerás”. Gn.
2.17. Portanto, por um só homem entrou o pecado no mundo. Rom.5.12
3. A IMPUTAÇÃO DO PECADO
A Teoria Pelagiana
Pelágio foi um monge inglês, que nasceu mais ou menos em 370 AD. Ele expôs
uma teoria, onde afirma que o pecado de Adão afetou apenas a ele; que toda a
alma humana é criada por Deus imediatamente, e criada inocente, livre de
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tendências depravadas e capaz de obedecer a Deus como o era Adão; que Deus
imputa aos homens apenas aos que eles fizerem pessoal e conscientemente; e
que o único efeito de pecado de Adão sobre sua posteridade é o de ser um mau
exemplo.
Na verdade esta teoria nunca foi conhecida como bíblica, nem formulada em
uma confissão por qualquer ramo da igreja; que as Escrituras, pelo contrário,
mostram que todo o ser humano herdou uma natureza pecaminosa. Rm. 5.12; Sl.
51.5; Ef. 2.3; Jó 14.4 que os homens se tornam culpados de atos pecaminosos
tão logo entrem de posse da consciência moral. Sal. 58.3; Is. 48.8
A Teoria Arminiana
A teoria federativa
Rejeitamos tal teoria, porque não há nenhuma menção de uma tal alian ça com
Adão; a palavra hebraica traduzida “Adão” em Oséias 6.7 deve mais
provavelmente ser traduzida como “homem”. Esta idéia contradiz à Escritura,
por fazer do primeiro pecado de Adão o fato de Deus considerar e tratar a raça
como pecadores. A Escritura, pelo contrário, declara que a ofensa se Adão nos
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Significado de depravação
Com depravação queremos dizer a falta que o homem tem de justiça original e
de afeições santas para com Deus, e também a corrupção de sua natureza moral
e sua tendência para o mal. O ensinamento bíblico é claro sobre este assunto:
“Não há ninguém que não peque”. I Reis 8.46; “porque a tua vista não há justo
nenhum vivente”. Sl. 143.2. “Quem pode dizer: Purifiquei o meu coração, limpo
estou do meu pecado”. Pv. 20.9 “Não há homem justo sobre a terra, que faça o
bem e que não peque”. Ec. 20.9 “Não há justo, nem se quer um... não há quem
faça o bem, não há nenhum sequer”. Rm.3.19. “Pois todos pecaram e carecem
da glória de Deus”. Rm. 3.23.
Culpa
O fato de considerarmos a culpa depois da depravação não significa que ela
venha mais tarde. Todas estas consequências caem sobre o homem
simultaneamente como o resultado da queda.
O Significado da Culpa
Culpa significa o merecimento do castigo. A santidade de Deus reage contra o
pecado, esta é a “ira de Deus”. Rm. 1.18. Portanto o pecado é uma ofensa a Deus
e sujeito à Sua ira.
Os graus da culpa
As Escrituras reconhecem diferentes graus de culpa que resultam de diferentes
tipos de pecados (Strong).
Pecado de natureza
A natureza pecaminosa que existe dentro de cada ser humano o leva cometer
atos de transgressão. As palavras de Jesus “porque dos tais é o reino dos céus”
Mt.19.14, falam da inocência relativa da criança; enquanto que suas palavras aos
escribas e fariseus: “Enchei-vos, pois, à medida de vossos pais” Mt. 23.32, se
referem a transgressão pessoal acrescentada à depravação herdada.
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Natureza do castigo
O Significado do Castigo
O Caráter do Castigo
Morte física
A morte física é a separação entre a alma e o corpo. Gen.2.17; 3.19; Num. 16.29;
27.3; Sl. 90.7-11; Is. 38.17,18 João. 8.44; Rm.5.12,14,16-17. Para o cristão, a
morte não é mais um castigo, pois Cristo sofreu a morte como castigo do pecado.
Para ele, ela se torna como um sono para o corpo, um portal para a alma, através
do qual ele entra em plena comunhão com seu Senhor. II Cor. 5.8; Fl.1.21-23
Morte espiritual
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1. INTRODUÇÃO
A Nova Vida em Cristo está resumida nas palavras do apóstolo Paulo: “Pelo que,
se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que
tudo se fez novo” II Cor. 5.17. Este versículo fala de uma experiência subjetiva,
isto é. Todos os desejos e apetites deste homem não-regenerado passaram e
foram substituídos por um conjunto de desejos e apetites inteiramente novo.
Os profetas ansiavam pelo dia em que Deus faria algo de novo. Is. 43.19; Jer.
31.22. Quando Deus completar sua obra redentora, fará um novo trato com seu
povo. Jer. 31.31; Ez. 34.25; 37.27; ele implantará um novo coração e um novo
espírito dentro deles. Ez. 11.19; 36.26. A afirmação, de que, “em Cristo”, o que é
velho já passou e tudo se fez novo é um enunciado escatológico, que teve seu
cumprimento com a vinda de Cristo. Com ele veio a nova criação, a criação de
um novo homem. Em Cristo, os homens não precisam mais se conformar com o
século antigo. Rm. 12.2. O novo pacto com deus já existe. I Co. 11.25. Deus forjou
uma nova criação em Cristo, que deve se expressar em boas obras. Ef. 2.10. Ele
criou um novo homem, que é constituído de todos aqueles que estão em Cristo,
sejam judeus ou gentios. Ef. 2.15.
Em Cristo, os homens não precisam mais se conformar com o velho sistema. Rm.
12.2. O novo pacto com Deus já existe. I cor. 11.25. Esta nova criação é uma nova
natureza interior que capacita a viver em justiça, porque já se despiram do velho
homem e estão revestidos do novo homem, “que se renova para o pleno
conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou”. Col. 3.9-10.
Em Cristo, significa comunhão consciente com ele. Nada poderá nos separar do
amor de Deus em Cristo Jesus. Rom. 8.39. A nova vida significa justiça, paz e
alegria no Espírito Santo. Rm. 14.17.
Em Cristo, equivale a estar no corpo de Cristo. Rm. 12.5. Todos os crentes são um
em Cristo Jesus. Gl. 3.28. Deus nos escolheu em Cristo. Ef. 1.4, e nos predestinou
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Ef. 1.7. Tanto a redenção Rm. 3.2 como a santificação I Co. 1.2 foram forjadas em
Jesus Cristo. A reconciliação do mundo se deu em Cristo. II Co. 5.19. A
justificação chega aos homens em Cristo. Ef. 4.32.
Em I Co. 6.11 estar escrito: “mas fostes lavados, mas fostes santificados, mas
fostes justificados... no Espírito do nosso Deus”. Lavados, significa
primariamente, ser purificado do pecado. Justificados, significa o ato de
absolvição. Santificados, significa o processo daqueles que estão vivendo em
Cristo. Estes são fatos presentes na vida daqueles que estão vivendo em Espírito.
Em Rm. 7.5 encontramos: “quando estávamos na carne”, indica que aqueles que
estão no Espírito não estão mais na carne. Aqui encontramos dois modos de
viver a vida: o velho, na carne - do pecado e da morte; e o novo, no Espírito - da
justiça e da vida.
morreu: “Estou crucificado com Cristo”. Gl. 2.20. Este não é um enunciado
subjetivo de algo que aconteceu na consciência cristã, mas uma afirmação
teológica da posição de alguém em Cristo. A mesma idéia se repete quando
Paulo afirma que foi crucificado para o mundo, e o mundo, para ele. Gl. 6.14.
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A união do crente com Cristo, em sua morte, significa que ele também morreu
para o mundo Cl. 2.20. Esta não é uma experiência, mas um fato, em que o
cristão deve aceitar pela fé. Visto que ele morreu para o mundo, ele não tem
mais que viver como se fosse um mero ser legalista, definido por regras
legalísticas de práticas ascéticas, para obter um nível mais elevado de santidade,
em vez de experimentar a liberdade que está em Cristo. Cristo ressuscitou e está
assentado no céu, à destra de Deus. O crente ressuscitou com Cristo e foi
elevado ao céu, e a sua “vida está escondida com Cristo em Deus”. Gl. 3.3. Por
haver sido elevado ao céu, o crente tem que pensar “nas coisas que são de cima,
e não nas que são da terra”. Cl. 3.2. Claro que esta ordem não significa total
indiferença com os compromissos e responsabilidades inerentes à nossa
existência diária.
O homem renovado não está apenas em Cristo e no Espírito; mas tanto Cristo
como o Espírito habitam nele. Estes são dois aspectos da mesma realidade. Rm.
8.9-10. “Vos, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de
Deus habita em vós... Ora, se Cristo está em vós..”. Aqui encontramos os lados
objetivo e subjetivo da mesma realidade. Aqui fica claro que Cristo habita no
crente. O crente foi crucificado com Cristo, mas tem uma nova vida, porque
Cristo vive nele. Gl. 2.20
CONCLUSÃO
Quando Paulo diz que fora de Cristo os homens estão mortos Ef. 2.1, ele deve
querer dizer espiritualmente mortos. Ele não pode estar querendo dizer que os
homens não redimidos não têm espírito. Estar morto em seu espírito significa
que eles não estão vivendo em comunhão com Deus. Ao serem eles vivificados
significa que foram trazidos a comunhão com o Deus vivo.
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TÓPICO 9
TEOLOGIA DA JUSTIFICAÇÃO
3. A DOUTRINA NA HISTÓRIA
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Alguns dos mais antigos Pais da Igreja, já falavam da justificação pela fé embora
não tivessem um claro entendimento da justificação e da sua relação com a fé.
Não distinguiam entre Santificação e Justificação. Nem mesmo Agostinho tinha
uma correta compreensão da Justificação como ato legal, distinto do processo
moral de santificação.
Na Idade Média o assunto ainda era confuso, não havia uma distinção clara entre
Justificação e Santificação. Os Escolásticos afirmavam que justificação inclui dois
elementos: os pecados do homem são perdoados e ele é transformado em justo
ou reto. Tomaz de Aquino inverteu a ordem dos Escolásticos, ensinava que a
graça é infundia no homem e esta graça o torna justo e a seguir teria seus
pecados perdoados. Este conceito prevaleceu na Igreja Católica Romana. Claro
que este conceito contribuiu para o surgimento da doutrina dos méritos
humanos, que se desenvolveu gradativamente na Idade Média. O homem é
justificado com base nas suas boas obras. Nos Cânones e Decretos do Concílio de
Trento, no Capítulo IX está escrito; “Se alguém disser que somente pela fé o
ímpio é justificado em termos tais que signifique que nada mais se requer para
cooperar para a obtenção da graça da justificação, e que de modo nenhum é
necessário que ele seja preparado e ajustado pelos impulsos da sua própria
vontade, seja anátema”.
Com relação ao meio da justificação, eles davam ênfase ao fato de que o homem
é justificado gratuitamente pela fé que recebe e descansa unicamente em Cristo
para a salvação. Além disso, eles rejeitaram a doutrina de uma justificação
progressiva, e afirmavam que ela é instantânea e completa e não depende para a
sua consumação de mais nenhuma satisfação pelo pecado.
4. NATUREZA DA JUSTIFICAÇÃO
A justificação é um ato judicial de Deus, no qual Ele declara, com base na justiça
de Jesus Cristo, que todas as reivindicações da lei são satisfeitas com vistas ao
pecador. A Bíblia ensina que justificação é muito mais que o perdão. Os que são
justificados têm “paz com Deus”, segurança da salvação, Rm. 5.1-10 e uma
“herança entre os que são santificados”. At. 26.18.
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5. CONCEITOS DE JUSTIFICAÇÃO
Conceito Luterano
Conceito Arminiano
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5 JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ
A relação da fé com a justificação
Diz a Escritura que somos justificados pela fé. Rm.3.25, 28, 30; 5.1; Gl. 2.16;
Fl.3.9. A fé é o instrumento pelo qual nos apropriamos da justificação. A
preposição “ek” indica que a fé precede à nossa justificação. A Bíblia não diz que
somos justificados por causa da fé, isto porque a fé nunca é apresentada como a
base da nossa justificação. Se fosse, então seria considerada como obra meritória
do homem. Rm.3.21, 27, 28; 4.3, 4.
A fé é apenas o instrumento
A Bíblia diz que Deus justifica o pecador pela fé, Rm.3.30. Pela fé, o pecador se
apropria da justiça de Cristo e estabelece uma união consciente entre ele e
Cristo.
É maravilhoso saber que pelo fato de estarmos em Cristo Jesus somos tirados da
posição de culpa e da ira de Deus e inseridos numa posição de inocência diante
de Deus e num relacionamento de amor com Deus. Bendito seja o Senhor, o
justo juiz que usando da sua infinita misericórdia nos declara “não culpado”
porque Jesus fez tudo o que era necessário.
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TÓPICO 10
TEOLOGIA DA SANTIFICAÇÃO
Será que podemos falar de fé como única coisa necessária e requerida para se
obter santificação? Será que a santificação se dá pela fé somente sem qualquer
participação humana? Será que a fé em Cristo é a base de toda a santidade e que
devemos apenas confiar em Cristo? Será que a fé purifica os corações porque a
fé é a vitória que vence o mundo?
É correto dizer “a fé justifica”. Rm. 4.5. Porém, não é igualmente correto dizer “a
fé santifica”. A Bíblia nos ensina que somos justificados pela fé, independente
das obras da lei. Mas ela não diz que somos santificados pela fé independente
das obras da lei.
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Ambas procedem da graça gratuita de Deus. É somente pela graça inefável que
somos justificados e santificados.
Fazem parte da Obra de Salvação que Jesus Cristo realizou em favor do seu povo.
Cristo é a fonte da vida, nele temos tanto o perdão dos pecados como modelo de
santificação.
A justificação ocorre mediante uma declaração feita por Deus com base nos
méritos do Senhor Jesus Cristo. A santificação é o desenvolver progressivo da
justiça no interior do homem.
A justificação é um ato de Deus a nosso respeito, não podendo ser facil mente
percebido por outras pessoas. A santificação é uma obra de Deus dentro de nós,
a qual pode ser vista pelos homens. II Reis 4.
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2. A NATUREZA DA SANTIFICAÇÃO
Santificação é o resultado da união com Cristo. João 15.1; Tg.2.17-20; Tito 1.1;
Gal.5.6; I João 1.7; 3.3.
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Santificação é uma obra de Deus com a participação humana. Quando se diz que
o homem participa na obra de santificação, está se dizendo que Deus efetua essa
obra em parte pela instrumentalidade do homem, o qual coopera com o Espírito
Santo. Que o homem precisa cooperar com o Espírito Santo é evidente: a) várias
advertências são feitas ao homem contra males e tentações, indicando que o
homem deve agir no sentido de evitar o pecado. Rm.12.9,16,17; I Co. (6.9,10; Gl.
5.16-23; e b) as constantes exortações a um viver santo. Estes fatos implicam
que o crente deve se esforçar no aperfeiçoamento moral e espiritual da sua vida.
Miq.6.8; João 15.2,8,16; Rm.8.12,13; 12.1,17.
5. OSMEIOS DA SANTIFICAÇÃO
“E por isso também Jesus, para santificar o povo pelo seu próprio sangue,
padeceu fora da porta”. Heb. 13.12. O Sangue de Jesus é a base de toda a nossa
pureza e vitória. I João 1.7; Ef. 1.7.
“E o mesmo Deus de paz vos santifica em tudo” I Tes.5.23. “Deus vos escolheu
desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade”.
II Tes. 2.13.
Outras considerações:
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TÓPICO 11
TEOLOGIA DA GRAÇA DE DEUS
A palavra graça tem vários sentidos: quer dizer favor que se recebe ou que se faz
a alguém. O conceito mais comum da palavra “graça” é o favor imerecido de
Deus. Ef. 2.8,9; Tt. 3.5.
Nas cartas do apóstolo Paulo, graça geralmente significa a soma das bênçãos que
o homem recebe de Deus por meio de Jesus Cristo.
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Ela é Abrangente
Ela é suficiente
Ela é rica
Ef. 2.7 – “Para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua
graça, pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus”. Deus manifestou sua
graça a todos os homens, posto que haviam sido encerrados debaixo do pecado.
Esta graça é rica em perdoar, em reconciliar, em justificar, em regenerar e
também em glorificar.
Ela é soberana
Rm. 5.26 – “Onde abundou o pecado superabundou a graça”. Por longo tempo o
pecado reinou soberanamente no coração do homem. Mas agora “assim como o
pecado reinou na morte, também a graça reina pela justiça para a vida, por Jesus
Cristo nosso Senhor”. Rm. 5.21.
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3. OPERAÇÕES DA GRAÇA
Justificados pela graça – Rm. 4.4,5; Gal. 5.4; Rm. 3.24; Tito 3.7
Dinheiro algum deste mundo seria capaz de pagar a nossa culpa, demasiada a
nossa dívida e intolerável a nossa transgressão. Mesmo assim, o Senhor nos
perdoou e justificou. Por que o fez? Paulo nos afirma que fomos justificados por
sua graça.
Esta justificação significa que Deus rasgou a cédula que havia contra nós,
cravando-a na cruz do Calvário. Ele anulou a nossa “ficha”, na qual os n ossos
débitos nos condenavam e agora creditou em nossa conta o sacrifício expiatório
de seu bem-amado Jesus Cristo.
É impossível a qualquer ser humano salvar-se pelas obras Tt. 3.5; Rom. 4.5,6; Ef.
2.8,9; ou pela moralidade pessoal, Is. 64.6; Rom. 3.10 ou pela religiosidade, Fil.
3.3; At.7.36,50 ou por mandamentos Tiago 2.10, Gal. 2.16-21. Salvação é
exclusivamente pela graça. A graça de Deus é uma força salvadora. Tito 2.1
Somente a graça explica o perdão que o Filho pródigo recebeu do Pai. Lc. 15.11-
32. Esse, pois, é o Deus que se mantém graciosamente disposto a perdoar tantos
quantos o busquem, ansiosos de uma reconciliação com ele.
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TÓPICO 12
A TEOLOGIA DA LEI
Paulo apresenta a lógica da Lei:
Os que praticam a lei serão justificados. Rm. 2.13
Os que praticam a lei encontrarão a vida. Rm. 10.5; Gl. 3.12
Paulo parte da lógica da Lei para a prática da Lei:
Que nenhum homem será justificado pelas obras da lei. Rm. 3.10
Que a lei conduz o homem a morte e não a vida. Gl. 3.21; II Co. 3.6
A Lei foi dada como o meio de unir Israel a seu Deus. A obediência à Lei não
constitui Israel o povo de Deus; pelo contrário forneceu a Israel um padrão a ser
obedecido, pelo qual o relacionamento pactual tem que ser preservado. Assim o
objetivo da Lei é estabelecer o relacionamento na nação com Deus. Lv. 18.5 “o
homem observando-as, viverá”, isto é, gozará das bênçãos de Deus. A vida não
era uma recompensa adquirida; era em si uma dádiva de Deus.
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Paulo representa uma interpretação cristã pura, que só pode ser entendida a
partir da perspectiva escatológica do próprio Paulo. Com Cristo, foi inaugurada a
era messiânica. Em Cristo, “as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez
novo”. II Co. 5.17. Antes de estar em Cristo Paulo entendia a Lei a partir do ponto
de vista humano, isto é, nos termos dos padrões da velha natureza e neste caso a
Lei era a base das boas obras, que levavam ao orgulho e à ostentação.
Com Cristo veio uma nova era, na qual a Lei desempenha um novo e diferente
papel. Paulo chama estas duas eras da Lei e do Evangelho de dois pactos. O velh o
pacto é o da “letra”, e é uma dispensação da condenação e da morte, enquanto
o novo pacto é o do Espírito, uma dispensação de vida e justiça. II Co. 3.6.
Pois Cristo é o fim da Lei para justificar todo aquele que crê. Rm. 10.4. Este
versículo pode ser interpretado de dois modos diferentes: “Cristo é o fim da Lei,
como o objetivo de justiça para todo aquele que crê”. Isto é, Cristo trouxe a Lei
ao seu fim, para que a justiça baseada na fé possa sozinha estar ao alcance de
todos os homens. Outra interpretação é: “Cristo é o fim da Lei até onde concerne
a justiça para todo aquele que crê. Isto é, a Lei não é, em si, abolida, mas chegou
ao seu fim como um modo de justiça, pois, em Cristo, a justiça é pela fé, e não
pelas obras.
A nova era em Cristo é a era da vida; e, desde que o crente foi identificado com
Cristo em sua morte e ressurreição, ele está morto para a antiga vida, incluindo a
norma da Lei. Paulo usa a metáfora de uma mulher sendo libertada de seu
marido quando ele morre, e o aplica dizendo que é o crente que morreu com
Cristo, e que está, portanto, livre da Lei. Rm. 7.4. Portanto não mais servimos a
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Deus sob servidão da Lei, mas com a nova vida do Espírito. Rm. 7.6. Atos aprova
a Lei para os judeus cristãos. Atos 21.20; por esta razão Timóteo ao fa zer parte
da obra missionária, teve que ser circuncidado, porque era meio judeu. At. 16.3.
O cristão gentio não está mais sujeito à Lei. “Pois nem a circuncisão nem a
incircuncisão é alguma coisa, mas sim o ser uma nova criatura”. A circuncisão
pertence ao velho pacto, e o homem em Cristo foi crucificado para o velho pacto.
Gl. 6.15. A Lei nunca foi dada para os gentios. Rom. 2.14,15. Paulo era judeu,
portanto quando estava em um ambiente judeu, observava a Lei, I Co. 9.20; mas
como um homem em Cristo ele não estava sujeito à Lei, junto aos gentios, vivia
como se estivesse sem Lei. I Co. 9.21. Na verdade, porque a lei nunca foi dada
aos gentios. I Co. 9.19-22
Paulo fala da Lei, usando duas palavras com sentidos diferentes: Ele usa uma
palavra grega, que significa costume, de origem humana. Ele usa também a
palavra “Torah”, que significa instrução ou ensinamentos divinos. Paulo quando
se refere ao Antigo Testamento, usa TORAH, para se referir, no sentido mais
amplo, a vontade de Deus em geral. E usa a palavra NOMOS, para designar, num
sentido mais restrito, “a lei dos mandamentos contidos em ordenanças”. Efésios
2.15.
Do ponto de vista judaico, a Lei é um padrão para a vida, e Paulo como judeu,
viveu irrepreensivelmente. Fl. 3.6. A Lei vista por este ângulo, produz orgulho e
ostentação, porque leva o homem a confiar nas obras. E a ostentação é a
essência do pecado, pois, na verdade ela exalta o ego contra Deus.
A justiça humana adquirida através de obras, Fl. 3.6 é, em si, uma negação da
verdadeira justiça; é “a minha justiça”, Fl. 3.9 e é, portanto uma base para a
ostentação. Rm. 2.23; Ef. 2.9.
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Deus, em sua misericórdia, oferece a salvação aos homens, que são parcialmente
justos e parcialmente pecadores”.
4. O LIMITE DA LEI
Embora a Lei seja a expressão justa e sagrada da vontade de Deus, ela fracassou
em transformar os homens em justos diante de Deus.
É impossível aos homens serem justificados pelas obras da Lei. Gl. 2.16 “Sabendo
que o homem não é justificado pelas obras da Lei, mas pela fé em Jesus Cristo,
temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé de Cristo e
não pelas obras da Lei, porquanto pelas obras da Lei nenhuma carne será
justificada”.
5. A REINTERPRETAÇÃO DA LEI
Ao escrever sua carta aos Gálatas, Paulo argumenta que Deus fez um pacto de
promessa com Abraão muito antes de dar a Lei a Moisés. Gl. 3.15-18. Paulo
esclarece que, como um testamento humano válido não pode ser contestado ou
alterado por acréscimos, assim a promessa de Deus dada a Abraão não pode ser
invalidada pela Lei, que veio mais tarde. Este pacto era um pacto de promessa, a
possibilidade de justiça através de obras é excluída. A promessa não é ma is
promessa se tem algo a ver com a Lei.
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A Lei é um instrumento de condenação. Rm. 5.13, ira. Rm. 4.15 e morte. Rm.
7.24; II Co. 3.6. Na verdade não é a Lei, em si, que produz esta situação, mas o
pecado no homem que faz da Lei um instrumento de morte. Rm. 7.13. A
dispensação da Lei pode ser chamada de “dispensação da morte”, II Co. 3.7; de
escravidão ao mundo, Gl. 4.1-10, de um pacto de escravidão, Gl. 4.21-31; de um
período da infância, quando se está sob o controle de tutores. Gl. 3.23-26
6. A PERMANÊNCIA DA LEI
Jesus findou a era da Lei e inaugurou a era de Cristo, que significa libertação da
servidão e o fim da Lei para o crente. Porém, está claro que Paulo sempre
menciona a Lei como santa, justa e boa, e ele nunca pensa nela como sendo
abolida. Ela permanece sendo a expressão da vontade de Deus.
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Assim, ele ensina aos gentios rejeitar o que é cerimonial, tais como a
circuncisão, a comida, as festas e até a guarda do sábado, pois estes são nada
mais que uma sombra da realidade que chegou com Cristo.
TÓPICO 13
A TEOLOGIA DA FÉ
A fé significa uma total dependência de Deus. Quando Adão pecou, ele saiu da
dependência de Deus e entrou numa “in-dependência”, que significa
incredulidade.
Embora o Antigo Testamento não tem nenhum substantivo para fé, no entanto,
há três palavras que expressam nossa plena confiança em Deus.
a. Hc. 2.4. Esta palavra significa “fidelidade”. Comparando com Rm. 1.17,
concluímos que realmente o profeta empregou o termo no sentido de fé.
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Mt. 5.6; João 6.50-58. Quando os homens têm de fato fome e sede espirituais,
sentem que algo está faltando, têm consciência do caráter indispensável daquilo
que está faltando, e se esforçam para obtê-lo. Tudo isso é típico da atividade da
fé. Quando comemos e bebemos, temos a convicção de que o alimento e a
bebida nos satisfarão. Da mesma forma quando nos apropriamos de Cristo pela
fé, temos confiança que ele nos salvará.
João 5.40; 7.37,38; 6.44,65. A figura do vir a Cristo retrata a fé como uma ação na
qual o homem olha para longe de si e dos seus próprios méritos, para ser
revestido da justiça de Jesus Cristo; e a do receber a Cristo ressalta o fato de que
a fé é um órgão de apropriação.
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3. O ENSINO SOBRE FÉ
No Antigo Testamento
No período patriarcal
No período da lei
A entrega da Lei não efetuou uma mudança na religião de Israel, mas apenas
introduziu uma alteração em sua forma externa. A Lei não substituiu a Promessa;
tão pouco a fé foi suplantada pelas obras. Claro que muitos israelitas viam a Lei
com espírito legalista e procuravam basear o seu direito à salvação num
escrupuloso cumprimento da lei. No entanto, sabemos que, a essência da vida
piedosa real consistia na confiança em Deus.
No Novo Testamento
Quando o Messias veio cumprindo as profecias, trazendo a esperada salvação,
tornou-se necessário que o povo fosse guiado para a pessoa do Redentor.
Nos Evangelhos
A exigência de fé em Jesus como o Redentor prometido e esperado, apareceu
como algo característico da era cristã. “Crê” significava tornar-se cristão. O
princípio desta nova dispensação é descrito como “a vinda da fé”. Gl. 3.23,25. O
que caracteriza os Evangelhos é que neles Jesus está constantemente se
oferecendo como objeto da fé, o que corresponde aos altos interesses da alma.
Em Atos
Em Atos, verifica-se, que pela pregação dos apóstolos, os homens são levados à
obediência da fé em Cristo; e esta fé vem a ser o princípio formativo da nova
comunidade.
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Em Tiago
Tiago teve que censurar a tendência judaica de conceber a fé como um simples
assentimento intelectual à verdade, fé que não dava o fruto apropriado. Sua
idéia da fé que justifica não difere da de Paulo, mas ele ressalta o fato de que
esta fé tem que se manifestar em boas obras. Se não, é fé morta, e de fato,
inexistente. A Fé é uma ação de obediência em resposta ao que Deus falou. A
verdadeira fé é expressa em: 1) Obediência e Ação; 2) ao nosso ouvir a Palavra
de Deus.
Fé histórica
Fé miraculosa
Deus pode dar a uma pessoa um trabalho para fazer, que transcende os seus
poderes naturais, e capacitá-la para fazê-lo. Para realizar uma obra dessa espécie
requer fé. Isso é bem patente nos casos em que o homem aparece apenas como
um instrumento de Deus. Mt. 17.20; Mc. 16.17,18.
Fé temporal
Fé salvadora
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OS ELEMENTOS DA FÉ
Quando alguém abraça a Cristo pela fé, tem uma profunda convicção da
veracidade e da realidade do objeto da fé, sente que ele preenche uma
importante necessidade de sua vida, e tem consciência do seu real interesse por
ele - isto é assentimento.
4. A BASE DA NOSSA FÉ
A natureza de Deus
“Ao fazer a sua promessa a Abraão, já que não havia ninguém maior por quem
Ele pudesse jurar, Ele jurou por Si Próprio”. Hb. 6.13.
“Sei que Tu podes fazer todas as coisas. Nenhum plano Teu pode ser impedido”
Jó 42.2; I Cr. 28.20.
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“Deus não é homem para que minta, nem filho do homem para que mude de
idéia. Porventura Ele fala e não age? Porventura Ele promete e não cumpre? Tito
1.2; Nm. 23.19”.
A palavra de Deus
“Os céus e a terra passarão, mas as Minhas Palavras nunca passarão”. Mt. 24.35;
Is. 40.8. A Sua Palavra permanece para sempre. A fé vem quando Deus traz uma
palavra específica - de tudo o que Ele já disse - diretamente a nós, em nossas
circunstâncias.
“... porque todos os que são nascidos de Deus venceram o mundo. Esta é a nossa
vitória que vence o mundo, a NOSSA FÉ. I João 5.4. “Amados, procurando eu
escrever-vos com toda a diligência acerca da comum salvação, tive por
necessidade escrever-vos e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada
aos santos”. Judas 1.3.
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TÓPICO 14
A TEOLOGIA DO BATISMO
1. INTRODUÇÃO
Jesus ordenou que todos os que cressem n’Ele fossem batizados. “Então Jesus
veio a eles e lhes disse: Toda autoridade no céu e na terra me foi dada. Portanto,
ide e fazei discípulos de todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do
Filho, e do Espírito Santo”. Mt. 28.18,19; Atos 2.38-41.
O batismo de João, como o batismo cristão, (1) foi instituído pelo próprio Deus,
Mt. 21.25; João 1.33; (2) estava relacionado com uma radical mudança de vida,
Lc. 1.1-17; João 1.20-30; (3) estava relacionado com o perdão dos pecados, Mt.
3.7,8; Mc. 1.4; Luc. 3.3; (4) empregava o mesmo elemento material, água.
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Teologia Bíblica – Novo Testamento
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O batismo foi instituído por Cristo depois que Ele consumou a obra de
reconciliação. Ao instituir o batismo, tornou-o obrigatório para todas as gerações
subsequentes. A grande comissão foi colocada nas seguintes palavras: “Ide,
portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do
Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho
ordenado”. Mt. 28.19-20; Mc. 16.15,16. Observando esta ordem, vemos os
seguintes elementos: (a) Os discípulos deveriam ir por todo o mundo e pregar o
Evangelho a todas as nações, a fim de levar as pessoas ao arrependimento e ao
reconhecimento de Jesus como o Salvador prometido; (b) Os que aceitavam a
Cristo pela fé deveriam ser batizados em nome do Deus triúno, como sinal e selo
do fato de viver de acordo com as leis do reino de Deus; (c) Deveriam ser
colocados sob o ministério da Palavra, participando assim dos privilégios e
deveres da nova aliança.
A fórmula batismal
Concernente ao batismo ministrado pelos apóstolos, At. 2.48; 8.16; 10.48; 19.5;
devemos notar que embora haja uma variação nas preposições, por exemplo:
Atos 2.38 fala do batismo “epi toi anomai lesou Christou”, não altera a forma,
apenas indica que o batismo foi realizado conforme a autoridade (ou ensino) de
Jesus. Essa fórmula já estava em uso quando a Didaquê (O Ensino dos Doze
apóstolos) foi escrita (100 AD).
Antes da reforma
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Depois da reforma
TÓPICO 15
A TEOLOGIA DA CEIA DO SENHOR
1. ANALOGIA DA CEIA
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refeições ensinavam que, “justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus
por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” Rom. 5.1. Expressam o fato de que com
base no sacrifício oferecido e aceito. Deus recebia Seu povo como hóspedes em
Sua casa e se unia a eles em jubilosa comunhão, a vida comunitária da aliança.
Era proibido a Israel tomar parte nas refeições dos gentios exatamente porque
isto expressaria sua lealdade a outros deuses. Ex. 34.15; Nm. 25.3,5; Sl. 106.28.
As refeições sacrificiais, atestavam a união de Jeová com seu povo, eram
ocasiões de júbilo e alegria, e, nesta qualidade, às vezes sofriam abusos e davam
lugar a orgia e bebedeira, I Sam. 1.13; Pv. 7.14; Is. 28.8. O sacrifício da Páscoa
também se fazia acompanhar de semelhante refeição sacrificial.
Antes da reforma
Durante a Idade Média o conceito Agostiniano aos poucos foi sendo substituído
pela doutrina da transubstanciação. No século onze, Lanfranc, fez a seguinte
afirmação: “o verdadeiro corpo de Cristo estava de fato nas mãos do sacerdote,
e era partido e mastigado pelos dentes dos fiéis”. Esta concepção foi definida
finalmente por Hildebert de Tours em 1.134 e designada como doutrina da
transubstanciação. Foi adotada formalmente pelo quarto Concílio de Latrão, em
1215. Mais tarde no Concílio de Trento, o assunto foi debatido e confirmado com
as seguintes palavras: “Pelas palavras de consagração, a substância do pão e do
vinho é transformada no corpo e no sangue de Cristo. Cristo completo está
presente sob cada espécie e sob cada partícula de uma e outra espécie. Cada
pessoa que receber uma partícula da hóstia, receberá o Cristo Completo”.
Depois da reforma
A Ceia do Senhor
I Co. 11.20. Nos círculos evangélicos, este é o nome mais comum. A ênfase
especial recai no fato de que a Ceia é do Senhor. Não é uma Ceia para a qual os
ricos convidam os pobres e depois os tratam mesquinhamente, mas uma festa
na qual o Senhor oferece provisão a todos com abundância.
A mesa do Senhor
I Co. 10.21. Os gentios Coríntios faziam suas ofertas aos ídolos e, depois dos seus
sacrifícios, assentavam-se para as refeições sacrificiais; e o que se infere é que
alguns da Igreja de Corinto achavam que lhes era permissível juntar-se a eles,
entendendo que toda carne é igual. Mas Paulo assinala que sacrificar aos ídolos é
sacrificar aos demônios, e que se associar a essas refeições sacrificiais é
equivalente a exercer comunhão com os demônios.
A Ceia representa não somente a morte de Cristo como objeto de fé, que une o
crente a Cristo, mas também o efeito desse ato, dando vida, força e alegria à
alma. Isso está implícito nos elementos utilizados. Assim como o pão e o vinho
nutrem e fortalecem a vida corporal do homem, assim Cristo sustenta e revigora
a vida da alma.
A Ceia retrata também a comunhão dos crentes uns com os outros. Como
membros do Corpo de Cristo, constituímos uma unidade espiritual, comemos o
mesmo pão e bebemos o mesmo vinho, I Co. 10.17; 12.13. Essa participação em
conjunto exerce íntima comunhão uns com os outros.
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BIBLIOGRAFIA:
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