Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ISBN 978-65-5917-681-6
DOI 10.22350/9786559176816
Disponível em: http://www.editorafi.org
CDU 2-1/-9:101
Catalogação na publicação: Mônica Ballejo Canto – CRB 10/1023
LISTA DE ABREVIAÇÕES
PREFÁCIO 11
Dom Bruno Lira, osb
INTRODUÇÃO 16
PARTE I
O HOMEM DIANTE DE DEUS: METAFÍSICA E RELIGIÃO
1 24
TRAÇOS BENEDITINOS NA VOCAÇÃO DOMINICANA
1. VIDA RELIGIOSA. ................................................................................................................................................ 24
2. COMENTÁRIOS A ARISTÓTELES. ................................................................................................................... 28
3. O PLANO DA SUMMA THEOLOGIAE. ........................................................................................................... 30
4. CRONOLOGIA BÁSICA. ..................................................................................................................................... 30
2 33
A RELIGIÃO E O FIM ÚLTIMO DO HOMEM
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................... 33
2. BEATITUDO COMO VISÃO DA ESSÊNCIA DIVINA (STH. IA-IIAE, Q. 3, A. 8). ....................................... 36
2.1 A DUPLA FELICIDADE. ................................................................................................................................... 37
2.2 CONHECIMENTO DE DEUS E A FELICIDADE PERFEITA. ....................................................................... 42
3. A RELIGIÃO E O FIM ÚLTIMO DO HOMEM (STH. IIA-IIAE, Q. 81, A. 1). ............................................... 47
CONCLUSÃO ........................................................................................................................................................... 55
3 57
A NOÇÃO DE EXCESSUS: SOBRE O ALCANCE DO CONHECIMENTO HUMANO DE DEUS
(STH. Iª., Q. 84, A. 7 AD 3M)
1. CONTEXTUALIZAÇÃO: CONHECIMENTO NEGATIVO E TRANSCENDÊNCIA DE DEUS. ................... 57
2. CONHECIMENTO NEGATIVO E A NOÇÃO DE EXCESSUS. ........................................................................ 60
3. CONHECIMENTO DE DEUS COMO DESCONHECIDO: METAFÍSICA APOFÁTICA. ............................. 63
4. A NOÇÃO DE EXCESSUS NA SUMMA THEOLOGIAE (Iª, Q. 84, A. 7 AD 3M). ........................................ 70
CONCLUSÃO ........................................................................................................................................................... 79
PARTE II
CAMINHO PARA O REALISMO: QUESTÕES METAFÍSICAS
SOBRE DEUS
4 81
O PROÊMIO DO COMENTÁRIO À METAFÍSICA DE ARISTÓTELES (IN METAPH.): O
PROBLEMA DA RELAÇÃO ENTRE O UNO E O MÚLTIPLO
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................... 81
5 86
ENS COMO PRIMEIRO TRANSCENDENTAL E O ESSE SUBSISTENS (DE VERITATE, Q. 1, A. 1)
1. RESOLUTIO E AS NOÇÕES PRIMEIRAS .......................................................................................................... 86
2. A DOUTRINA DO TRANSCENDENTAIS. ........................................................................................................ 88
3 SCIENTIA E REFLEXÃO TRANSCENDENTAL. .................................................................................................. 91
4. DO ENTE TRANSCENDENTAL AO ACTUS ESSEDI. ...................................................................................... 96
6 100
ESSE SUBSISTENS E AS RAZÕES ETERNAS (STH. Iª, Q. 84, A 5)
1. TOMÁS DE AQUINO E AS RAZÕES ETERNAS .......................................................................................... 100
2. RAZÕES ETERNAS: PARTICIPAÇÃO E TRANSCENDÊNCIA .................................................................... 108
7 119
REVISITANDO A NOÇÃO DE EXCESSUS EM TOMÁS DE AQUINO
REFERÊNCIAS 127
FONTES .................................................................................................................................................................. 127
BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................................................................... 128
PREFÁCIO
Dom Bruno Lira, osb 1
1
Sacerdote Beneditino; Doutor em Educação; Mestre em Ciências da Linguagem (UNICAP); Licenciado
em Letras (UFPE), em Filosofia e Teologia pela Escola Teológica do Mosteiro de São Bento de Olinda.
Membro da Academia Olindense de Letras. Diretor da Escola do SESC Santo Amaro, em Recife-PE.
Secretaria de Educação de Pernambuco. Publica livros nas áreas da Liturgia, Espiritualidade, Linguística
e Educação, pelas Editoras: Paulinas, Vozes, Paulus e Liceu.
12 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
1
ScG I, c. 30; Sth. Iª, q. 3, prol. ROCCA, Gregory P. Speaking the Incomprehensible God: Thomas Aquinas on
the Interplay of Positive and Negative Theology. The Catholic University of America Press, Washington
D. C., 2004.
2
FABRO, Cornelio. L’Uomo e il Rischio di Dio. Roma: Editrice, Studium, 1967; PROUVOST, Géry. Thomas
d’Aquin et les thomismes: Essai sur l’histoire des thomismes. Paris: Les Éditions du Cerf, 1996.
Luis Carlos Silva de Sousa • 17
3
VELDE, Rudi te. Participation and Substantiality in Thomas Aquinas. Leiden: Brill, 1995, p. 134-159;
AERTSEN, Jan. Nature and Creature: Thomas Aquinas’s Way of Thought. Leiden: E. J. Brill, 1988, p. 202-210;
GILSON, Étienne. L’Esprit de la Philosophie Médiévale. 2ª ed. Paris: Vrin, 1944, p. 39-84.
4
Este ensaio, como se verá, não se compromete com o enfoque panenteísta de Lorenz B. Puntel e sua
noção de criação. PUNTEL, B. Lorenz. “A criação como o pôr-no-Ser [ins-Sein-Setzen] da dimensão
contingente dos entes”. In: Ser e Deus: Um enfoque sistemático em confronto com M. Heidegger, É. Lévinas
e J. L. Marion. São Leopoldo, RS: Ed. UNISINOS, 2011, p. 228-231; “O pensamento de Tomás de Aquino
como pensamento sumário-irrefletido sobre o Ser e a analogia”. In: Em busca do objeto e do estatuto
18 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
teórico da filosofia: Estudos críticos na perspectiva histórico-filosófica. São Leopoldo, RS: UNISINOS, 2010,
p. 106-131.
5
De pot. q. 3, a 5 c; Sth. Ia, q. 44, a. 2 c. FABRO, Cornelio. La Nozione Metafísica di Partecipazione secondo
S. Tommaso d’Aquino. Torino: Editrice, 2. ed., 1950; Participazione e Causalità secondo S. Tommaso
d’Aquino. Torino: Editrice, 1960.
6
GILSON, Étienne. L’Être et L’Essence. 10ª éd.. Paris: J. Vrin, 1962; Le Thomisme. Introduction a la Philosophie
de Saint Thomas D’Aquin. 6. éd. Paris: J. Vrin, 1997; A Existência na Filosofia de S. Tomás. Trad. Geraldo
Pinheiro Machado; Gilda Mellilo; Yolanda Ferreira Bacão. São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1962.
7
VELDE, Rudi te. Aquinas on God: The ‘Divine Science’ of the Summa Theologiae. England/USA: Ashgate,
2006, p. 123-146.
Luis Carlos Silva de Sousa • 19
8
STh. Ia, q. 44, a. 1.
9
POSSENTI, Vittorio. Terza Navigazione. Nichlismo e metafisica. Roma: Armando, 1998. A tradução norte-
americana da obra fundamental de Vittorio Possenti inverte o título e o subtítulo: Nihilism and
Metaphysics: The Third Voyage. Transl.: Daniel B. Gallagher. State University of New York, 2014. Ver
também, do mesmo autor: Il Realismo e la Fine della Filosofia Moderna. Roma: Armando, 2016, p. 105, n.
33.
10
COSTA. Ricardo da. “O Conhecimento Histórico e a Compreensão do Passado: O Historiador e a
Arqueologia do Passado”. In: Visões da Idade Média. 2ª ed. Santo André, SP: Armada, 2020, p. 317-334.
11
JOÃO PAULO II. Fides et Ratio, Carta Encíclica aos Bispos da Igreja Católica sobre as Relações entre Fé
e Razão. São Paulo: Paulinas, 1999; VELDE, Rudi te. Aquinas on God: The ‘Divine Science’ of the Summa
Theologiae, op. cit, 2006, p. 1-7; MACINTYRE, Alasdair. “Philosophy recalled to its tasks: a Thomistic
reading of Fides et Ratio”. In: The Tasks of Philosophy: Selected Essays, Volume 1. Cambridge, NY: Cambridge
University Press, 2007, p. 179-196.
12
POSSENTI, Vittorio. Ritorno all’Essere: Addio alla metafisica moderna. Roma: Armando Editore, 2019, p.
38-40; AERTSEN, Jan. “Was heisst Metaphysik bei Thomas von Aquin?” In: CRAEMER-RUEGENBERG/SPEER,
A. (Eds.). Scientia und Ars im Hoch- und Spätmittelalter (Miscellanea Mediaevalia 22), Berlin/New York 1994,
p. 217-239.
20 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
13
VELDE, Rudi te. Participation and Substantiality in Thomas Aquinas, op. cit., p. 119-125.
14
GILSON, Étienne. Il Réalismo, metodo della filosofia. Roma: Ed. Leonardo da Vinci, 2008; MARITAIN,
Jacques. Distinguer pour Unir ou Les Degrés du Savoir. 5 éd. Paris: Desclée de Brower, 1946; POSSENTI,
Vittorio. Il Realismo e la Fine della Filosofia Moderna. Roma: Armando, 2016.
15
POSSENTI, Vittorio. “A Aliança Socrático-Mosaica: Pós-Metafísica, Deselenização, Terceira Navegação”.
Síntese- Rev. de Filosofia, v. 36, n. 116, (2009): 325-353; “Rinnovare la filosofia. Riflessioni sulla Fides et ratio
15 anni dopo”. Síntese- Rev. de Filosofia, v. 40, n. 128, (2013): 481-498.
Luis Carlos Silva de Sousa • 21
FABRO, Cornelio. Appunti di un Itinerario: Versione integrale dele tre stesure con parti inedite. A cura di
16
Rosa Goglia e Elvio Fontana. Italia: Editrici del Verbo Incarnato, 2011.
22 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
17
COSTA, Ricardo da. “As Raízes Clássicas da Transcendência Medieval”. In: Impressões da Idade Média.
São Paulo: Livraria Resistência Cultural Editora, 2017, p. 161-182.
18
STh. IIa-IIae, q. 81, a. 1.
19
STh. IIa-IIae, q. 81, a. 1 ad 1.
20
In de div. nom. c. 5, lect 1, n. 629; De pot. q. 7, a. 2 ad 9; STh. Ia, q. 3, a. 4; STh. Ia, q. 4, a. 2.
PARTE I
1. VIDA RELIGIOSA.
1
PRÜMMER, Dominicus (Org.) Fontes Vitae S. Thomae Aquinatis notis historicis et criticis illustrati. Toronto:
PIMS-University of Toronto, 1912. Disponível em: https://archive.org/details/fontesvitaesthom
00pr/page/n9/mode/2up. Acesso em agosto de 2022.
2
GUILLAUME DE TOCCO. Ystoria Sancti Thome de Aquino de Guillaume de Tocco (1323). Toronto: PIMS,
1996; L’histoire de Saint Thomas d’Aquin. Paris: Cerf, 2005; “Vita S. Thomae Aquinatis auctore Guilleume
de Tocco”. In: PRÜMMER, Dominicus (Org.) Fontes Vitae S. Thomae Aquinatis notis historicis et criticis
illustrati. Toronto: PIMS-University of Toronto, 1912, (fasc. 2), p. 56-160.
3
BERNARDO GUI. “Vita S. Thomae Aquinatis auctore Bernardo Guidonis”. In: PRÜMMER, Dominicus (Org.)
Fontes Vitae S. Thomae Aquinatis notis historicis et criticis illustrati. Toronto: PIMS-University of Toronto,
1912, (fasc. 3), p. 160-258.
4
TORRELL. Jean-Pierre. Initiation à Saint Thomas d’Aquin: Sa personne et son oeuvre. Paris: Éditions du
Cerf, 1993.
Luis Carlos Silva de Sousa • 25
5
GILSON, Étienne. A Existência na Filosofia de S. Tomás, op. cit., p. 13; LIMA VAZ, Henrique C. de. “Tomás
de Aquino e o nosso tempo: O problema do fim do homem”. In: Escritos de Filosofia I: Problemas de
fronteira. 2 ed. São Paulo: Ed. Loyola, 1986, p. 70.
26 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
6
“Por conseguinte, entre as vidas religiosas ocupam o lugar mais alto as que se ordenam ao ensino e à
pregação” (STh. IIa-IIae, q. 188, a. 6)
7
CHENU. Marie-Dominique. St. Thomas d’Aquin et la théologie. “Maîtres spirituels 17”. Paris: Éditions
Points, 1959, p.11.
28 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
2. COMENTÁRIOS A ARISTÓTELES.
8
VELDE, Rudi te. Aquinas on God: The ‘Divine Science’ of the Summa Theologiae, op. cit, 2006, p. 23-28.
Luis Carlos Silva de Sousa • 29
4. CRONOLOGIA BÁSICA.
9
CHENU. Marie-Dominique. “Le plan de la somme théologique de Saint Thomas”. In: Revue Thomiste 47
(1939), p. 97-107; Introduction à l’étude de Saint Thomas d’Aquin. Paris: Éditions du Cerf, 1950.
10
VELDE, Rudi te. Aquinas on God: The ‘Divine Science’ of the Summa Theologiae, op. cit, 2006, p. 9-35.
Luis Carlos Silva de Sousa • 31
Boécio (In Boeth. De trin). Escreve o opúsculo O Ente e a Essência (De ente).
Inicia a Suma contra os Gentios (ScG, 1258-1264).
1259-1268. Primeiro ensino na Itália. Em Nápoles (1259-1261) con-
tinua a Suma contra os Gentios (1258-1264). Em Orvieto (1261-1265)
elabora seu Comentário sobre Os Nomes Divinos de Dionísio (In De div.
nom) e continua a escrever a Suma contra os Gentios. Em Roma (1265-
1268) escreve o Compêndio de Teologia (Comp. Theol.) e a Primeira Parte
(Ia) da Suma de Teologia (S.th.).
1268-1272. Segundo ensino em Paris. Comentários aristotélicos so-
bre Os Segundos analíticos (In Post. Anal.), a Física (In Phys), a Metafísica
(In Metaph.), a Ethica Nicomachea (In Ethic.) e o Livro das Causas (In De
caus., pseudo-aristotélico). Escreveu também diversas Questões disputa-
das (sobre o mal, sobre as virtudes em geral, sobre a união do Verbo
Incarnado etc.). Escreveu as disputas sobre temas livres, sobre o que
quer que alguém deseje, os Quodlibets I-VI e XII. Elabora a Segunda Parte
(IIa) da Suma de Teologia e vários opúsculos (a unidade do intelecto contra
os averroístas, as previsões astrológicas, o governo dos judeus etc.).
1272-1274. Comentário ao livro dos Salmos e comentários aristoté-
licos inacabados: Tratado do céu (In De caelo) e outros. Deixa inacabada
também a Terceira Parte (IIIª) da Suma de Teologia. Escreve as Substân-
cias Separadas (De subst. separ.).
1274. “Não posso mais. Tudo o que escrevi me parece palha perto
do que vi”: Tomás de Aquino falece a 7 de março, em Fossanova.
1323. É canonizado pelo Papa João XXII.
2
A RELIGIÃO E O FIM ÚLTIMO DO HOMEM
1. INTRODUÇÃO
1
SCRUTON, Roger. Confissões de Um Herético. Âyiné, 2017.
Luis Carlos Silva de Sousa • 35
2
“Se a felicidade do homem está na visão da essência divina” (STh. Ia-IIae, q. 3, a. 8)
36 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
3
“Se a religião ordena o homem só para Deus” (Sth. IIa-IIae, q. 81, a. 1).
Luis Carlos Silva de Sousa • 37
4
In Boeth. De trin.,VI, a. 4 ad 3.
5
ScG III, c. 25.
38 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
6
VELDE, Rudi, Participation and Substantiality in Thomas Aquinas. Leiden, Brill, 1995, p. ix.
7
ScG. II, c. 18, n. 952; STh. Ia, q. 44-49.
8
GILSON, Ètienne Le Thomisme: Introduction a la philosophie de Sait Thomas d’Aquin. Paris: J. Vrin, 6 éd.,
1997, p. 193-207; TORREL, Jean-Pierre. Santo Tomás de Aquino: Mestre espiritual. São Paulo: Ed. Loyola,
2008, p. 277.
9
De subst. separ, c. 9.
Luis Carlos Silva de Sousa • 39
10
“[...]começo e fim de todas as coisas” (STh. Ia, q. 2, prol.).
11
STh. Ia, q. 44.
12
AERTSEN, Jan. Nature and Creature: Thomas Aquinas’s Way of Thought. Leiden: E. J. Brill, 1988, p. 123.
[...] só Deus é ente por sua essência, porque sua essência é seu ser; ao passo que toda criatura é ente
13
por participação, uma vez que sua essência não é seu ser.”( STh. Ia, q. 104, a 1).
40 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
14
SANGALLI, J. O Fim Último do Homem: da eudaimonia aristotélica à beatitudo agostiniana. Porto Alegre:
EDPUCRS, 1998.
15
STh. Ia-IIae, q. 1, a. 4; ScG III, c. 2.
16
STh.Ia, q. 44, a. 1.
Luis Carlos Silva de Sousa • 41
17
STh. Ia, q. 80, a. 1. Um aspecto da expressão appetitus corresponde ao termo “tendência”, por dirigir-
se a um fim. Esta perspectiva põe, em primeiro plano, a tendência da vontade para o bem, como objeto
da finalidade (transcendência “horizontal”). Ressalte-se que - na linha personalista aberta por Karol
Wojtyla -, com base na simples análise das volições, em seus diversos aspectos (por ex., no que se refere
à noção tradicional de appetitus), não se alcança a estrutura interior da pessoa em seu dinamismo
próprio de autodeterminação, isto é, sua transcendência “vertical”: a transcendência da pessoa na ação.
WOJTYLA, Karol. Persona y acción. Edición de: Juan Manuel Burgos y Rafael Mora. Prólogo: Juan Manuel
Burgos. Traducción del polaco: Rafael Mora. 2ª ed. Madrid: Ediciones Palabra, 2014, p. 191-195.
18
GILSON, Étienne. Saint Thomas Moraliste. Paris: J. Vrin, 1974. 1974, p. 18.
19
VELDE. Rudi te. Aquinas on God: the ‘Divine Science’ of the Summa Theologiae. Ashgate, 2006, p. 155-160.
42 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
20
Sth. Ia-IIae, q. 3, a. 2 ad 4; Sth. Ia-IIae, q. 3, a. 5.
21
Sth. Ia-IIae, q. 3, a. 8.
22
“[…] o que é ao máximo cognoscível em si mesmo, não é cognoscível por um intelecto, por exceder
em inteligibilidade o intelecto: assim como o sol, que é ao máximo visível, não pode ser visto pelos
morcegos em razão do excesso de luz.” (Sth. Ia, q. 12, a. 1) Seria, em todo caso, pertinente uma
comparação dessa passagem com a conhecida metáfora aristotélica sobre os olhos do morcego (Meth.
II, 1, 993b9-10).
23
STh. Ia, q. 84, a. 7.
Luis Carlos Silva de Sousa • 43
24
STh. Ia-IIae, q. 2, a. 8.
25
“Com efeito diz Dionísio [Teologia Mística, c.1]: ‘Por aquilo que é o mais elevado do intelecto, o homem
se une a Deus como ao totalmente desconhecido’” (Sth. Ia-IIae, q. 3, a. 8, obj. 1)
26
“Por sua vez Dionísio, falando de Deus [Os Nomes Divinos, c. 1], diz: ‘Nem os sentidos o atingem, nem a
fantasia, nem a opinião, nem a razão, nem a ciência [itálico, no original]’” (Sth. Ia, q. 12, a. 1 obj. 1)
44 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
27
“[…] acima de qualquer intelecto” (Sth. Ia, q. 12, a. 1, obj. 2)
28
Sth. Ia, q. 84, a. 7 ad 3.
29
“[…] que estão em via, tendentes à felicidade” (Sth. Ia-IIae, q. 3, a. 8 ad 1).
30
“[…] visão compreensiva” (Sth. Ia, q. 12, a. 1 ad 1).
31
“[…] é próprio de uma natureza mais elevada, uma perfeição mais elevada. Mas essa é a perfeição
própria do intelecto divino: ver a sua essência. Logo, a última perfeição do intelecto humano a isso não
atinge, e permanece em grau inferior” (Sth. Ia-IIae, q. 3, a. 8 obj. 2).
32
Sth. Ia-IIae, q. 1, a. 8.
Luis Carlos Silva de Sousa • 45
33
“Donde ser mais elevada a felicidade de Deus ao compreender com o intelecto a sua essência, do que
a felicidade do homem ou dos anjos, que veem mas não compreendem” (Sth. Ia-IIae, q. 3, a. 8 ad 2).
34
“[…] o homem não é perfeitamente feliz quando ainda lhe fica algo para desejar ou querer.” (Sth. Ia-
IIae, q. 3, a. 8, resp.)
46 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
há causa (causa an sit), e não o que é a causa (causa quid est). Apoiando-
se, portanto, em Aristóteles, é possível dizer que, ao conhecer o efeito,
o homem se admira, e naturalmente permanece nele o desejo de conhe-
cer a causa. Assim, o desejo natural (appetitus naturalis) de investigar a
causa não encontrará repouso enquanto não se conhecer a essência
dessa causa. Na perspectiva de Sto. Tomás, a causa última a ser alcan-
çada é Deus mesmo. Por isso, o intelecto humano trata, neste contexto,
da essência do efeito criado. O fim último de nosso intelecto é a própria
causa que possibilita a consecução desse efeito. Tomás de Aquino parte
do princípio de que “[…] impossibile sit naturale desiderium esse inane
[…]” 35. Nenhuma substância criada pode, pela sua própria potência na-
tural, chegar a ver a Deus em sua essência 36. Por exceder à capacidade
do intelecto humano, é preciso considerar, então, a necessidade de um
influxo da luz divina para se ver a Deus em sua essência 37. Desta forma,
a possibilidade de se conhecer a primeira causa em sua essência de-
pende já da própria participação no intelecto divino. Portanto, o influxo
da luz divina sobre o intelecto criado é uma condição indispensável para
que a essência de Deus seja vista 38.
Esses tópicos, longamente desenvolvidos na Summa contra Gentiles,
são supostos por Sto. Tomás ao examinar o artigo 8º da questão 3ª do
tratado da felicidade na Summa theologiae. A distinção entre as noções
de felicidade perfeita e imperfeita pode ser esclarecida devidamente ape-
nas quando analisamos – com base no movimento intrínseco de nosso
35
[…] é impossível que o desejo natural seja vão [...]” (ScG III, c. 51).
36
COSTA, Ricardo da; SILVEIRA, Sidney. “Como Deus é ciente em sua essência divina: A presciência de
Deus em Santo Tomás de Aquino e no Livro da Contemplação (c. 1271-1273) de Ramon Llull”. In:
Trans/Form/Ação, Marília, v. 38, n. 2, p. 9-34, Maio./Ago., 2015.
37
ScG III, c. 52.
38
Sth. Ia, q. 12, a. 4 c.
Luis Carlos Silva de Sousa • 47
39
Sth. Ia, q. 62, a.1; LUBAC, Henri de Surnaturel, études historiques. (Théologie, 6). Paris: Aubier, 1946;
VELDE. Rudi te. Aquinas on God: the ‘Divine Science’ of the Summa Theologiae, op. cit., 2006, p. 155.
40
Sth. Ia, q. 62, a.1.
41
“Das Partes Potenciais da Justiça” (Sth. IIa-IIae, q. 80).
48 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
algo da virtude principal para que sua noção seja perfeita. Na medida
em que a justiça é uma virtude que se refere ao outro, as virtudes que
também se referem ao outro poderão ser consideradas como partes po-
tenciais da justiça. Ora, a justiça é sempre relativa ao outro 42 e sua noção
consiste precisamente em dar a cada o que lhe é devido 43. Assim, uma vir-
tude anexa é deficiente em relação à noção de justiça de dois modos: (a)
por lhe faltar a noção de igualdade ou (b) por lhe faltar a noção de de-
vido. Há virtudes anexas que consistem em dar ao outro o que lhe é
devido, mas não de acordo com a noção de igualdade. Mas não se pode
retribuir em igualdade aquilo que recebemos de Deus. O homem deve
tudo a Deus, inclusive seu ser. Com efeito, a própria lei divina procura
tornar os homens virtuosos e o fim da lei divina é o amor de Deus 44. Com
efeito, no homem há duas coisas pelas quais ele pode unir-se a Deus: o
intelecto e a vontade 45. O fim da lei divina é formar homens bons e o
homem é tido por bom quando tem uma vontade boa. Ora, a vontade é
boa na medida em que deseja o bem, principalmente o Sumo Bem.
Tomás de Aquino retém a definição de Cícero, segundo a qual a
religião consistiria em “superioris cuiusdam naturae, quam divinam vo-
cant, curam caeremoniamque vel cultum affert” 46. Esta será a mesma
definição apresentada em sentido contrário (sed contra) às objeções do
artigo 1º da questão 81ª da Summa Theologiae 47. Ao conceber a religião
como parte potencial da justiça, porém, Tomás de Aquino está longe de
42
STh IIa-IIae, q. 58, a. 2.
43
STh, IIa-IIae, q. 58, a. 11.
44
ScG. III, c. 116.
45
ScG. III, c. 116.
46
“[…] apresentar cerimônias e culto à natureza superior designada pelo nome de divina” (Sth. IIa-IIae,
q. 80, art. unicus, resp.)
47
STh. IIa-IIae, q. 81, a .1.
Luis Carlos Silva de Sousa • 49
fazer dela uma virtude secundária. Pelo contrário, há uma ampla expo-
sição sobre esse tópico na Summa Theologiae (IIa-IIae, q. 81-100), onde
podemos observar o esforço de Sto. Tomás em sintetizar elementos das
tradições éticas (gregas e romanas) e os dados da revelação bíblica. A
religião é, por assim dizer, uma “virtude-eixo”, chamada a ordenar o
homem como um todo. Ela tem como objeto não Deus em si, mas o culto
que o homem deve prestar a Deus. Entretanto, como já foi dito, o re-
torno do homem a Deus, nesta vida, não pode ser alcançado plenamente.
O homem não se ordena à comunidade política segundo todo seu ser 48.
Daí a necessidade da Revelação e das virtudes teologais. Recordemos
que padre Chenu usou a famosa expressão “ontologia da graça”, a pro-
pósito da segunda parte da Summa Theologiae 49. Para a virtude da
religião, Deus mesmo não é objeto, mas fim. Trata-se de uma virtude
especial, pois o bem que é objeto da religião consiste em dar a Deus a
honra devida, por causa de sua excelência, como princípio e fim último.
Assim, o tipo de relação entre o homem e Deus, que Tomás de Aquino
entende existir na tradição cristã, supõe uma exigência não apenas li-
túrgico-cultual, mas também moral. A religião é vista pela perspectiva
cristã como ordenando em sentido amplo, isto é, referindo-se ao ho-
mem como tal, em vista do fim último, absoluto. De fato, a religião como
virtude moral tem por objeto o que se ordena a Deus como ao fim. Uma
importante novidade deste modo de conceber de Sto. Tomás, se tomar-
mos Aristóteles como parâmetro, é que a referência a Deus através da
religião excede o plano natural dos bens relativos e envolve o homem como
pessoa.
48
Sth. Ia-IIae, q. 21, a. 4 ad 3.
49
CHENU, Marie-Dominique. Introduction à l’étude de saint Thomas d’Aquin. Paris: J. Vrin, 1950, p. 270.
50 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
50
“Se a religião ordena o homem somente para Deus” (Sth. IIa-IIae, q. 81, a .1).
51
GILSON, Étienne. Introduction à l’étude de Saint Augustin. Paris: J. Vrin, 1943, p. 3.
52
STO. AGOSTINHO, De Vera Religione, c. 55, n. 113. Disponível em: http://www.augustinus.it/latino/
vera_religione/index.htm. Acesso em setembro de 2022.
Luis Carlos Silva de Sousa • 51
53
STh. IIa-IIae, q. 81, a. 1.
52 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
54
STh. IIa-IIae, q. 81, a. 2.
55
Sth. IIa-IIae, q. 81, a. 2.
56
STh. IIa-IIae, q. 81, a. 3.
57
STh. Ia-IIae, q. 54, a. 2 ad 1.
58
GILSON, Ètienne Le Thomisme: Introduction a la philosophie de Sait Thomas d’Aquin, op. Cit., 1997, p. 409.
Luis Carlos Silva de Sousa • 53
59
STh. IIa-IIae, q. 81, a. 4.
60
STh. IIa-IIae, q. 81, a. 5.
61
STh. IIa-IIae, q. 81, a. 6 c.
62
STh. IIa-IIae, q. 81, a. 6 ad 1.
54 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
63
GILSON, Ètienne Le Thomisme: Introduction a la philosophie de Sait Thomas d’Aquin, op. Cit., 1997, p. 410.
GILSON, Ètienne Le Thomisme: Introduction a la philosophie de Sait Thomas d’Aquin, op. Cit., 1997, p. 429-
64
435.
65
STh. IIa-IIae, q. 81, a. 7.
Luis Carlos Silva de Sousa • 55
CONCLUSÃO
66
STh. IIa-IIae, q. 81, a. 8.
67
STh. IIa-IIae, q. 81, a. 8 ad 3.
56 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
Non enim de Deo capere possumus quid est, sed quid non est, et qualiter
alia se habeant ad ipsum 1.
1
“Com efeito, não podemos captar a respeito de Deus o que é, mas o que não é e como o resto se refere
a Ele” (ScG I, c. 30)
2
“Conhecido de algo se é, resta investigar como é, para que se saiba a seu respeito o que é. Ora, como
não podemos saber a respeito de Deus o que é, mas o que não é, não podemos considerar a respeito
de Deus como é, mas antes como não é” (Sth. Iª, q. 3, prol.)
Luis Carlos Silva de Sousa • 59
PROUVOST, Géry. Thomas d’Aquin et les thomismes: Essai sur l’histoire des thomismes. Paris: Les Éditions
3
du Cerf, 1996.
4
RAHNER, Karl. Geist in Welt: zur Metaphysik der endlichen Erkenntnis bei Thomas von Aquin, 3. Aufl.,
München: Kösel, 1964; FABRO, Cornelio. La Svolta Antropologica di Karl Rahner, Milano: Rusconi, 1974;
SOUSA, Luís Carlos Silva de. Epistemologia e Transcendência: Duas leituras de Tomás de Aquino sobre o
alcance do conhecimento humano de Deus. Fortaleza: Edições UFC, 2015.
5
MARITAIN, Jacques. Distinguer pour Unir ou Les Degrés du Savoir. 5 éd. Paris: Desclée de Brower, 1946, p.
468-478; POSSENTI, Vittorio. Nihilism and Metaphysics: The Third Voyage. Transl.: Daniel B. Gallagher. State
University of New York, 2014.
60 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
6
De ente, c. 5, nº 67.
7
STh. Iª, q. 84, a 7.
Luis Carlos Silva de Sousa • 61
8
In Boeth. De trin., q. 6, a 2.
62 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
9
In Boeth. De trin., q. 6, a 3.
10
In Boeth. De trin., q. 6, a 3 e 4; ScG. I, c. 33; Sth. Ia, q. 13, a 5 ad 1; Ia, q. 88; In De div. nom., VII, lec. 4.
MONTAGNES, Bernard. La doctrine de l'analogie de l'être d'après saint Thomas d'Aquin, Louvain-Paris, 1963;
MCINERNY, Ralph. Aquinas and Analogy, Washington, D.C., 1996; ROCCA, Gregory P. Speaking the
Incomprehensible God: Thomas Aquinas on the Interplay of Positive and Negative Theology, op. cit., 2004.
11
Sth. Ia, q. 85, a 1; NASCIMENTO, Carlos Arhur R. do. “Metafísica Negativa em Tomás de Aquino”. In:
Mediaevalia, v, 23, 2004, p. 249-258; “S. Tomás de Aquino e o Conhecimento Negativo de Deus”. Revista
Portuguesa de Filosofia, v. 64, 2008, p. 397-408.
Luis Carlos Silva de Sousa • 63
12
STh. IIa-IIae, q. 45, a 2; PIEPER, Josef. Que é Filosofar? Trad.: Francisco de Ambrosis Pinheiro Machado.
São Paulo: Ed. Loyola, 2007, p. 68-69.
13
PUNTEL, B. Lorenz. Ser e Deus: Um enfoque sistemático em confronto com M. Heidegger, É. Lévinas e J.
L. Marion. São Leopoldo, RS: Ed. UNISINOS, 2011, p. 239-243; PUNTEL, B. Lorenz: “O pensamento de
Tomás de Aquino como pensamento sumário-irrefletido sobre o Ser e a analogia”. In: Em busca do objeto
e do estatuto teórico da filosofia: Estudos críticos na perspectiva histórico-filosófica. São Leopoldo, RS:
UNISINOS, 2010, p. 106-131.
64 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
14
In Boeth. De trin. q. 6, a 3.
15
ScG, c. 14.
16
WIPPEL, John. “Quidditative Knowledge of God and Analogical Knowledge”. In: The Metaphysical
Thought of Thomas Aquinas, Washington D.C.: The Catholic University of America Press, 2000, p. 501-575;
“Quidditative Knowledge of God”. In: Metaphysical Themes in Thomas Aquinas. Washington D.C.: The
Catholic University of America Press, 1984, p. 220-222.
17
PROUVOST, Géry. Thomas d’Aquin et les thomismes: Essai sur l’histoire des thomismes, op. cit., 1996, p.
165.
18
POSSENTI, Vittorio. Il Realismo e la Fine della Filosofia Moderna. Roma: Armando, 2016, p. 25-60.
19
MARITAIN, Jacques. Distinguer pour Unir ou Les Degrés du Savoir, op. cit., 1946, p. 827-828.
Luis Carlos Silva de Sousa • 65
possamos conhecer o que Deus é (quid est), ele não está sugerindo que
seja impossível algum conhecimento de Deus. Nosso conhecimento na-
tural tem sua origem nos sentidos e se estende ao limite do que é
sensível, através dos entes materiais. Podemos ter apenas um conheci-
mento negativo de Deus. O problema, agora, consiste em saber se o
“conhecimento negativo” pode ser afirmado como um conhecimento
real. Como seria propriamente um conhecimento negativo, ou seja,
acerca do que Deus não é? Qual a natureza dessa dimensão negativa?
O uso do termo “apofatismo” (apophasis) será tomado aqui como
equivalente a “teologia negativa” (theologia apophatike). Na epistemolo-
gia teológica de Tomás de Aquino, o aspecto negativo do conhecimento
intelectual humano permanece incontornável 20. Isto deve ser acentu-
ado, mesmo diante da seguinte passagem, amiúde apresentada para
fundamentar argumentos contra o enfoque apofático em Tomás de
Aquino 21:
Esse enunciado não contradiz o que vem sendo tratado como cará-
ter apofático do conhecimento de Deus. É certo que podemos conhecer
algo positivo de Deus, mas não o que Deus é (quid est). A razão humana
20
ROCCA, Gregory P. Speaking the Incomprehensible God: Thomas Aquinas on the Interplay of Positive
and Negative Theology, op. cit., 2004, p. 77-195.
21
VELDE, Rudi te. Aquinas on God: The ‘Divine Science’ of the Summa Theologiae. England/USA: Ashgate,
2006, p. 74, n. 25; PUNTEL, B. Lorenz. Ser e Deus: Um enfoque sistemático em confronto com M.
Heidegger, É. Lévinas e J. L. Marion. op. cit., 2011, p. 240.
22
“A compreensão da negação sempre está fundada numa afirmação […]; portanto, se o intelecto
humano não pudesse conhecer nada positivo de Deus tampouco poderia negar algo em Deus.” (De pot.
q. 7, a. 5).
66 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
não pode captar o que é uma forma simples, mas pode a respeito dela
conhecer se é (an est) 23. O modo de proceder do enfoque negativo deve
ser precisamente diferenciado de acordo com outra afirmação, também
relevante sobre a transcendência de Deus, e baseada na estrutura modus
significandi (modo de significação) - res significata (coisa significada):
23
STh. Iª, q. 12, a. 12 ad 1.
24
“Embora os nomes que o intelecto atribua a Deus, a partir de tais conceitos, signifiquem o que é a
substância divina, eles não propriamente a significam de modo perfeito, segundo o que ela é, mas
apenas segundo o modo como podemos conhecê-la.” (De pot. q. 7, a. 5c)
25
WIPPEL, John. “Quidditative Knowledge of God”. In: Metaphysical Themes in Thomas Aquinas, op. Cit.,
1984, p. 228.
26
In De div. nom., VII, nº. 732.
Luis Carlos Silva de Sousa • 67
27
In De div. nom., VII, nº 731.
28
PEGIS, Anton C. “Penitus Manet Ignotum”. In: Mediaeval Studies 27 (1965) 212-226; OWENS, Joseph.
“Aquinas – 'Darkness of Ignorance' in the Most Refined Notion of God”. In: The Southwestern Journal of
Philosophy, Norman, Oklahoma, 5 (1974): p. 93-110.
29
“A este conhecimento de Deus nós também podemos chegar: pelos efeitos conhecemos que Deus é,
que é causa dos demais, supereminente a todos e distante de todos. Isto é o que há de supremo e
perfeitíssimo do nosso conhecimento nesta vida, como disse Dionísio, no livro Teologia Mística, visto
que a Deus nos unimos como desconhecido”: isto acontece quando conhecemos sobre ele o que não é,
ficando-nos totalmente desconhecido o que é.” (ScG. III, c. 49)
30
O'ROURKE, Fran. Pseudo-Dionysius and the Metaphysics of Aquinas. Leiden: Brill, 1992, p. 55: “Aquinas
rejects, however, an outright negativism or agnostic attitude. The aim and intention of his negative
theology is eminently positive and requires initially a posite foundation. St. Thomas thus reduces at
68 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
every opportunity the negative or 'agnostic' character of Dionysius'thought where this appears
exaggerated. Thus, referring to the Mystical Theology where Dionysius states that we are united to God
τω παντελως δέ άγνώστω – translated by both Eriugena and Sarracenus as OMNINO autem ignoto -
Aquinas modifies the negative tone: QUASI ignoto coniungimur. A similar correction is introduced in the
Summa Theologiae. Such modification indicates an important reappraisal of the role of negative
theology and presents a more balanced theory of our knowledge of God.”
31
FABRO, Cornelio. L’Uomo e il Rischio di Dio. Roma: Editrice Studium, 1967, p. 95; HUMBRECHT, Thierry-
Dominique. “La théologie négative chez saint Thomas d'Aquin”. In: Revue Thomiste 93 (1993): p. 535-566;
94 (1994) p. 71-99.
32
VELDE, Rudi te. Aquinas on God: The ‘Divine Science’ of the Summa Theologiae. op. cit, p. 74-75.
33
“[…] nossa cognição natural deriva sua origem dos sentidos: portanto, nosso conhecimento natural
pode apenas estender-se na medida em que pode ser guiado por coisas sensíveis. Mas das coisas
sensíveis nosso intelecto não pode chegar ao ponto de ver a essência divina: porque as criaturas
Luis Carlos Silva de Sousa • 69
“[…] Unde quando in Deum procedimus per viam remotionis, primo nega-
mus ab eo corporalia; et secundo etiam intellectualia, secundum quod
inveniuntur in creaturis, ut bonitas et sapientia; et tunc remanet tantum in
intellectu nostro, quia est, et nihil amplius: unde est sicut in quadam con-
fusione. Ad ultimum autem etiam hoc ipsum esse, secundum quod est in
creaturis, ab ipso removemus; et tunc remanet in quadam tenebra ignoran-
tiae, secundum quam ignorantiam, quantum ad statum viae pertinet,
optime Deo conjugimur, ut dicit Dionysius, et haec est quaedam caligo, in
qua Deus habitare dicitur.” 35
sensíveis são os efeitos de Deus, não iguais ao poder da causa. Portanto, pelo conhecimento das coisas
sensíveis, todo o poder de Deus não pode ser conhecido: e, consequentemente, sua essência não é
vista. Mas como seus efeitos dependem da causa, podemos ser levados a isso por eles, para que
possamos saber de Deus se Ele é; e para que possamos Dele conhecer o que necessariamente Lhe
pertence, pois Ele é a causa primeira de tudo, a saber, que transcende todos os seus efeitos. Daí
sabermos da relação Dele com as criaturas, isto é, causa de todas as coisas; e a diferença entre Ele e as
criaturas, isto é, que Ele não é uma daquelas coisas que são seus efeitos. Enfim, que todas essas coisas
Lhe são removidas não por seu defeito, mas por sua excelência.” (Sth. Iª, q. 12, a.12 resp.).
34
PROUVOST, Géry. Thomas d’Aquin et les thomismes: Essai sur l’histoire des thomismes, op. cit., p. 171, n.
2.
35
“[…] Quando procedemos para Deus pela via da remoção [per viam remotionis], primeiro lhe negamos
o que é corporal, e, depois, até o que é intelectual conforme se encontra nas criaturas, como a bondade
e a sabedoria. Então, resta apenas no nosso intelecto que é, e nada mais: daí se encontrar como que
numa certa confusão. Finalmente, este ser mesmo, tal como está nas criaturas, também removemos
dele, e então permanece em certa treva de ignorância, de acordo com a qual nos unimos a Deus da
melhor maneira, na medida em que cabe ao estado de peregrinação, como diz Dionísio, e esta é certa
escuridão na qual se diz que Deus habita.” (In I Sent., dist. 8, q. 1, a. 1 ad 4)
70 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
Et quia in istis substantiis quiditas non est idem quod esse, ideo sunt ordi-
nabiles in praedicamento, et propter hoc invenitur in eis genus et species
et differentia, quamvis earum differentiae propriae nobis occultae sint. In
rebus enim sensibilibus etiam ipsae differentiae essentiales ignotae sunt,
unde significantur per differentias accidentales, quae ex essentialibus
oriuntur, sicut causa significatur per suum effectum, sicut bipes ponitur
differentia hominis. Accidentia autem propria substantiarum immateria-
lium nobis ignota sunt; unde differentiae earum nec per se nec per
accidentales differentias a nobis significari possunt 36.
36
“E, visto que nestas substâncias [imateriais] a quididade não é o mesmo que o ser, por isso são
classificáveis no predicamento; e, por isso, encontram-se nelas gênero, espécie e diferença, embora suas
diferenças próprias nos sejam ocultas. De fato, também nas coisas sensíveis, as próprias diferenças
essenciais nos são desconhecidas; donde serem significadas por diferenças acidentais que se originam
das essenciais, assim como a causa é significada por seu efeito, assim como bípede é posto como
diferença do homem. Ora, os acidentes próprios das substâncias imateriais nos são desconhecidos;
donde suas diferenças não poderem ser por nós significadas, nem por si, nem pelas diferenças
acidentais.” (De ente, c. 4, nº. 69875)
Luis Carlos Silva de Sousa • 71
[1] Os incorpóreos, dos quais não há fantasias, são conhecidos por nós por com-
paração com os corpos sensíveis, dos quais há fantasias. Assim como
inteligimos a verdade pela consideração da coisa acerca da qual investigamos a
verdade.
[2] Conhecemos, porém a Deus, como diz Dionísio, como causa, por ultrapassa-
mento [per excessum] e por remoção. Também não podemos conhecer as demais
substâncias incorpóreas, no estado da vida presente, senão por remoção ou al-
guma comparação com o que é corporal.
[3] Quando inteligimos algo do que é deste tipo, necessariamente temos de nos
voltar para as fantasias dos corpos, embora daquele algo não haja fantasias.
37
“[1] Ao terceiro cumpre dizer que os incorpóreos, dos quais não há fantasias, são conhecidos por nós
por comparação com os corpos sensíveis, dos quais há fantasias. Assim como inteligimos a verdade pela
consideração da coisa acerca da qual investigamos a verdade. [2] Conhecemos, porém a Deus, como
diz Dionísio, como causa, por ultrapassamento e por remoção. Também não podemos conhecer as
demais substâncias incorpóreas, no estado da vida presente, senão por remoção ou alguma comparação
com o que é corporal. [3] Por isso, quando inteligimos algo do que é deste tipo, necessariamente temos
de nos voltar para as fantasias dos corpos, embora daquele algo não haja fantasias.” (Sth. Iª, q. 84, a.7 ad
3m)
38
“Como a alma unida ao corpo conhece o que é corporal, que lhe é inferior” (Sth. Iª, q. 84)
39
“Se o intelecto pode inteligir em ato pelas espécies inteligíveis que tem em si, não se voltando para
as fantasias” (Sth. Iª, q. 84, a 7)
72 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
40
DEWAN, Lawrence. “’Objectum” .Notes on the invention of a Word”. Archives d’Histoire Doctrinale et
Littéraire du Moyen Âge. Paris: v. 48, p. 37-96, 1981.
“Parece que o intelecto pode inteligir em ato pelas espécies inteligíveis que tem em si, não se voltando
41
44
De ente, c. 5, nº 67; In Post. Anal., I, 4, p. 22, lin. 292-310.
74 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
45
Sth. Iª, q. 86, a 2.
46
Sth. Iª, q. 13, a 5; ROCCA, Gregory P. Speaking the Incomprehensible God: Thomas Aquinas on the
Interplay of Positive and Negative Theology, op. cit., 2004, p. 318.
47
Sth. Iª, q. 13, a 6; RICOEUR, Paul. “Estudo VIII: Metáfora e discurso filosófico”. In: A Metáfora Viva. Trad.:
Dion Davi Macedo. São Paulo: Ed. Loyola, 2000, p. 394-482.
48
PROUVOST, Géry. Thomas d’Aquin et les thomismes: Essai sur l’histoire des thomismes, op. cit., p. 172.
Luis Carlos Silva de Sousa • 75
49
“O que chamo de Ser é a atualidade de todos os atos e, em consequência, é a perfeição de todas as
perfeições.” (De pot. q. 7, a 2 ad 9)
50
PUNTEL, B. Lorenz. Ser e Deus: Um enfoque sistemático em confronto com M. Heidegger, É. Lévinas e
J. L. Marion, op. cit., 2011, p. 57-62.
76 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
determinado), esse in actu (ser em ato) 51. Este seria o sentido global de
esse em Tomás de Aquino, sua “intuição” original, mas que teria perma-
necido não tematizada, mesmo na tradição moderna de recepção de seu
pensamento - Bernard Montagnes (1924-2018), na resenha do livro de
Cornelio Fabro, Participation et causalité selon Saint Thomas d’Aquin
(1960), teria sido um dos poucos intérpretes 52 a vislumbrar a questão,
ainda que sem atentar para todo o alcance da tríade aludida por Puntel 53.
Esse sentido global de esse, apenas implícito e irrefletido em Tomás de
Aquino -nos termos da filosofia sistemático-estrutural-, apontaria para
a interconexão de todas as interconexões, isto é, a dimensão absolutamente
universal do Ser (Ser primordial) 54. É preciso não esquecer que há uma di-
ferenciação fundamental entre duas espécies de perfectiones: (a) uma
perfeição que, em linguagem escolástica posterior, será dita mista (de
acordo com o modo imperfeito de participação das criaturas na perfei-
ção divina), que não se aplica a Deus em sentido próprio 55, mas apenas
metaforicamente, e (b) um sentido próprio de perfeição, como ente, bom,
vivente etc (res significata). Mas, como L. B. Puntel reconhece, em Tomás
de Aquino predomina o modo de significação (modus significandi), a par-
tir de um procedimento humano, imperfeito, orientado à forma finita
das perfeições no ente 56. É certo que, como pensador medieval, Tomás
de Aquino tende a privilegiar, em suas análises, o polo objetal – a saber:
sem considerar efetivamente o ser humano em suas articulações como
51
ScG, IV, 11.
52
MONTAGNES, Bernard. La doctrine de l’analogie de l’être d’après Saint Thomas d’Aquin, op. cit., 1963.
53
PUNTEL, B. Lorenz. Ser e Deus: Um enfoque sistemático em confronto com M. Heidegger, É. Lévinas e
J. L. Marion, op. cit., 2011, p. 57-62.
54
Ibid., p. 241, n. 30.
55
Sth. Iª, q. 13, a 3 ad 1.
56
PUNTEL, B. Lorenz. Ser e Deus: Um enfoque sistemático em confronto com M. Heidegger, É. Lévinas e
J. L. Marion. op. cit., 2011, p. 241.
Luis Carlos Silva de Sousa • 77
57
In De div. Nom., 7, lec. 3.
58
In Boeth. De trin., q. 6, a 3-4; Sth. Iª q. 88; In De div. Nom., 7, lec. 4.
78 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
59
POSSENTI, Vittorio. Nihilism and Metaphysics: The Third Voyage, op. cit., 2014, p. 75-76.
60
FABRO, Cornelio. La Svolta Antropologica di Karl Rahner, op. cit., 1974, p. 226-234.
61
MARÉCHAL, Joseph. Le Point de Départ de la Métaphysique. 2ª éd. Cahier V. Bruxelas-Paris: L’Édition
Universelle-Desclée, 1949; LIMA VAZ, Henrique C. de. Escritos de Filosofia III: Filosofia e Cultura. São Paulo:
Ed. Loyola, 1997, p. 332; SOUSA, Luís Carlos Siva de. “Conhecimento e Participação nas Razões Eternas
em Tomás de Aquino: Duas leituras”. In: Síntese- Revista de Filosofia. Belo Horizonte, v. 48, n. 151,
Mai./Ago (2021): 327-355.
Luis Carlos Silva de Sousa • 79
CONCLUSÃO
62
Sth. Iª, q. 86, a 2, ad 1m.
PARTE II
1. INTRODUÇÃO
1
“Fica, portanto, explicado qual seja o sujeito [subjectum, tema] desta ciência, como se relaciona com
as demais ciências e por que nome é denominada”. (In Metaph.-Proemium, nº 3)
Luis Carlos Silva de Sousa • 83
1
“Assim como no que pode ser demonstrado é necessário operar uma redução a um certo número de
princípios evidentes ao intelecto, o mesmo ocorre ao investigarmos o que é cada um. Do contrário se
iria, tanto em um caso como em outro, ao infinito, o que tornaria totalmente impossíveis a ciência e o
conhecimento das coisas. Ora, aquilo que o intelecto concebe por primeiro, como o mais conhecido, e
ao qual reduz todas as concepções, é o ente, conforme afirma Avicena no início de sua Metafísica. Daí
que seja preciso que todas as outras concepções do intelecto sejam obtidas por adjunção ao ente.” (De
veritate, q. 1, a. 1)
88 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
2. A DOUTRINA DO TRANSCENDENTAIS.
2
NASCIMENTO, Carlos A. Ribeiro do. “Tomás de Aquino, a Metafísica e a Teologia”. In: Frutos de Gratidão.
Homenagem a Francisco Catão em seus oitenta anos, Centro Universitário Salesiano de São Paulo (Org.),
Paulinas, São Paulo, p. 115-145.
3
ARISTÓTELES, Posterior Analytics, I, 2, 71b 9-10. (Transl. H. Tredennick), Loeb Classical Library, Harvard
Univ. Press, 1960; Sobre a noção de “ciência apodítica” em Aristóteles, ver BERTI, Enrico. As Razões de
Aristóteles, (Trad.: Dion D. Macedo), Ed. Loyola, São Paulo, 1998, p. 3.
4
FABRO, Cornelio. “Il trancendentale moderno (Kant-Heidegger-Rahner) e il transcendentale classico
(san Tommaso)”. In: La Svolta Antropologica di Karl Rahner. Milano: Rusconi Editori, 1974, p. 87-97.
Luis Carlos Silva de Sousa • 89
5
Na enumeração tradicional, as noções transcendentais são as seguintes: ens, unum, verum, bonum. Em
De veritate 1, a 1, Tomás de Aquno acrescenta as noções de res e aliquid.
6
AERTSEN, Jan. Medieval Philosophy and the Transcendentals: The case of Thomas Aquinas. Leiden: E. J.
Brill, 1996. Ver também, do mesmo autor, “What is First and Most Fundamental? The Beginnings of
Transcendental Philosophy”. In: Miscellanea Mediaevalia 26 (1998) 177-192. Houve, no entanto, estudos
anteriores a Aertsen. Ver, por exemplo, B RETON, S. L’idée de transcendental et a la genèse des
transcendentaux chez Saint Thomas d’Aquin“. In: J. JOLIF et al. (Orgs.). Saint Thomas d’Aquin aujourd’hui.
(Recherches de Philosophie 6). Paris: Desclée De Brouwer, 1963, p. 45-74; KNITTERMEYER, Hinrich. Der
Terminus Transzendental in seiner historischen Entwicklung bis Kant, Marburg, 1920; SCHULEMANN,
Günther. Die Lehre von den Transzcendentalien in der scholastischen Philosophie (Forschungen zur
Geschichte der Philosophie und der Padagogik, vol. IV, 2), Leipzig, 1929; POUILLON, Henri. “Le premier
traité des propriétés transcendantales: La ‘Summa de bono’ du Chancelier Philippe”. In: Revue
néoscolastique de philosophie, 42 (1939) 40-77.
90 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
7
AERTSEN, Jan. Medieval Philosophy and the Transcendentals, op. cit., 1996, p. 22.
8
Cf. J. AERTSEN, Medieval Philosophy and the Transcendentals, op. cit., 1996, p. 23.
9
HONNEFELDER, Ludger. “Die Rezeption des scotischen Denkens im 20. Jahrhundert. In: Theologische
Realenzyklopädiel IX (1982): 233. É importante observar que Sto. Tomás não utiliza o termo
“transcendental” e sim outras expressões como: transcendens, transcendere, de transcendentibus etc.
KREMPEL, Antoine. La doctrina de la rélation chez saint Thomas d’Aquin: exposé historique et
systématique, Paris, 1952, p. 66.
10
AERTSEN, Jan. Medieval Philosophy and the Transcendentals, op. cit., 1996, p. 114.
Luis Carlos Silva de Sousa • 91
11
FABRO, Cornelio. La Nozione Metafísica di Partecipazione secondo S. Tommaso d’Aquino, op. cit. 1950;
GEIGER, Louis-Bertrand. La Participation dans la Philosophie de S. Thomas d’Aquin. 2.ed. Paris: J. Vrin, 1953;
ELDERS. Leo. La Métaphysique de Thomas d’Aquin dans une Perspective Historique. Paris: J. Vrin, 1994, p.
248-262; VELDE, Rudi te. Participation and Substantialy in Thomas Aquinas. Leiden: Brill, 1995.
12
Para uma referência direta ao texto De veritate, q. 1, a. 1: FABRO, Cornelio. Partecipazione e Causalità
secondo S. Tommaso d’Aquino, op. cit., 1960, p. 62; 170; 172; 217; 231.
13
In I Post. Anal., lect. 4: “cum scire nichil aliud esse uideatur quam intelligere ueritatem alicuius
conclusionis per demonstrationem”. Ver também In VI Ethic., lect. 3: scientia est habitus demonstrativus,
id est ex demonstratione causatus”. AERTSEN, Jan. Medieval Philosophy and the Transcendentals, op. cit.,
1996, p. 75. Este aspecto, por si mesmo, mereceria um desenvolvimento mais amplo do que nos
permitimos aqui. Para um tratamento mais específico sobre a noção de “ciência demonstrativa” em
Tomás de Aquino, ver SERENE, Eileen. “Demonstrative Science”. In: KRETZMANN et al. (Editors), The
Cambridge History of Later Medieval Philosophy. Cambridge: Cambridge Univ. Press, 1984, p. 496. Ver
igualmente MACDONALD, Scott. “Theory of Knowledge” In: N. KRETZMANN & E. STUMP (Editors), The
Cambridge Companion to Aquinas, Cambridge: Cambridge Univ. Press, 1996, p. 188-189, n. 13.
92 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
14
NASCIMENTO, Carlos A. Ribeiro do. “As Duas Faces da Ciência de acordo com Tomás de Aquino”. In: L.
A. DE BONI (Org.), A Ciência e a Organização dos Saberes na Idade Média. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2000, p.
177-190.
15
SERENE, Eileen. “Demonstrative Science”. op. Cit., 1984, p. 496-497.
16
Com base na distinção proposta nos Segundos Analíticos de Aristóteles entre “conhecimento do fato”
e “conhecimento da razão”, os medievais formularam a distinção entre ‘demonstratio quia’ e
‘demonstratio propter quid’.
17
NASCIMENTO, Carlos A. Ribeiro do. “Monismo e Pluralismo epistemológico”. In: Maria Lúcia Martinelli
et al. (Orgs.). O Uno e o Múltiplo nas relações entre as áreas do saber. São Paulo: Ed. Cortez/educ, 1995, p.
26.
Luis Carlos Silva de Sousa • 93
18
NASCIMENTO, Carlos A. Ribeiro do. De Tomás de Aquino a Galileu. 2. ed. Campinas-SP: UNICAMP/IFCH,
1998.
19
In I Post. anal., lect., 25, nº 3.
20
Cf. E. SERENE, “Demonstrative Science”. op. cit., p. 505.
21
MACDONALD, Scott. “Theory of Knowledge”, op. cit., p. 163.
94 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
22
Cf. J. AERTSEN, Medieval Philosophy and the Transcendentals, op. cit., 1996, p. 76.
Luis Carlos Silva de Sousa • 95
23
Sobre a “demonstração elenktica” em Aristóteles, ver E. BERTI, As Razões de Aristóteles, op. cit., p. 93;
LIMA VAZ, Henrique. C de. Escritos de Filosofia III: Filosofia e Cultura. São Paulo: Ed. Loyola, 1997, p. 329;
MARÉCHAL, Joséph. Le Point de Depart de la Métaphysique: Le thomisme devant la philosophie critique.
2ª éd. (Cahier V). Paris: Desclée,1949, p. 86; AERTSEN, Jan. Medieval Philosophy and the Transcendentals,
op. Cit., 1996, p. 176; p. 180-182.
24
AERTSEN, Jan. Medieval Philosophy and the Transcendentals, op. Cit., 1996, p. 78.
96 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
25
“Ora, aquilo que o intelecto concebe por primeiro como o mais conhecido, e ao qual reduz todas as
concepções, é o ente (…)” De veritate, q. 1, a. 1.
26
FABRO, Cornelio. Partecipazione e Causalità secondo S. Tommaso d’Aquino, op. cit., p. 60.
27
Ibid., p. 63.
28
AERTSEN, Jan. Medieval Philosophy and the Transcendentals, op. cit., 1996, p. 170.
Luis Carlos Silva de Sousa • 97
29
De pot., q. 7, a 2 ad 9: “Unde patet quod hoc quod dico esse, est actualitas omnium actuum, et propter
hoc est perfectio omnium perfectionum.” Sobre este importante texto de Sto. Tomás: FABRO, Cornelio.
La Nozione Metafisica di Partecipazione secondo S. Tommaso D'Aquino, op. cit., p. 202. Outros textos
mencionados por Fabro: In II Sent. dist.I, q. 1, a 4; Quodl. II, 3 ad 2; Q. De Anima, a 9; ScG. I, c. 22, 28 e 53;
Sth. Ia, q. 4, a 1 ad 3; Ia, q. 4, a 2; Ia, q. 20, a 2; Ia, q. 105, a 5.
30
Sth. Ia, q. 3, a 4 ad 2.
31
FABRO, Cornelio. Partecipazione e Causalità secondo S. Tommaso d’Aquino, op. cit., 1960, p. 218.
32
FABRO, Cornelio. La Nozione Metafisica di Partecipazione secondo S. Tommaso D'Aquino, op. cit., 1950,
p. 218-219.
33
Sth. Ia, q. 5, a 2.
98 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
34
WIPPEL, John. The Metaphysical Thought of Thomas Aquinas, op., cit. 2000, p. 42.
35
FABRO, Cornelio. La Nozione Metafisica di Partecipazione secondo S. Tommaso D'Aquino, op. cit., 1950,
p. 202 e p. 139.
36
FABRO, Cornelio. La Nozione Metafisica di Partecipazione secondo S. Tommaso D'Aquino, op., cit., 1950,
p. 204, n. 1; FABRO, Cornelio. Partecipazione e Causalità secondo S. Tommaso d’Aquino, op. cit., 1960, p.
161.
37
Sobre a terminologia “esse intensivo”, ver FABRO, Cornelio. Partecipazione e Causalità secondo S.
Tommaso d’Aquino, op., cit., 1960, p. 221, n. 2.
38
FABRO, Cornelio. Partecipazione e Causalità secondo S. Tommaso d’Aquino, op., cit., 1960, p. 221; CLARKE,
W. Norris. “The Limitation of Act by Potency: Aristotelianism or Neoplatonism”. In: The New Scholasticism
(1952), XXVI, p. 167-194.
Luis Carlos Silva de Sousa • 99
39
Talvez sejamos tentados a ver, aqui, a possibilidade de se tematizar o esse de Tomás de Aquino com
os recursos conceituais da dialética hegeliana. Mas esta não seria uma via adequada. FABRO, Cornelio.
La Nozione Metafisica di Partecipazione secondo S. Tommaso D'Aquino, op. cit., 1950, p. 202, p. 205, n. 1.
40
FABRO, Cornelio. Partecipazione e Causalità secondo S. Tommaso d’Aquino, op. cit., 1960, p. 238.
6
ESSE SUBSISTENS E AS RAZÕES ETERNAS (STH. Iª, Q.
84, A 5)
1
STh, q. 84, a 5, obj. 3.
2
STh. q. 84, a 5, sed contra.
3
STh. Ia, q. 13, a. 2. Ver aqui a concordância com De doctrina christiana (I, 32) de Agostinho: “Porque Ele
é bom, nós somos.”.
Luis Carlos Silva de Sousa • 103
4
“[…] omnis autem creatura est ens participative, non quod sua essentia sit ius esse” (STh. Ia, q. 104,
a.1c.)
5
STh. Ia, q. 44, a. 1.
104 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
Por isso, Agostinho que fora imbuído das doutrinas dos platônicos, se en-
controu algo em acordo com a fé, em seus escritos, o tomou; mas o que
encontrou em oposição à nossa fé, mudou para melhor. - Ora, Platão sus-
tentou, como foi dito acima [a. 4], que as formas das coisas subsistiam por
si separadas da matéria e chamava-as de “ideias”, por cuja participação, di-
zia ele, o nosso intelecto conhece tudo. (…) Parece, porém, que é estranho à
fé que as formas das coisas subsistam por si sem a matéria, fora das coisas,
como os platônicos sustentaram ao dizer que a “vida por si” ou a “sabedoria
por si”, são certas substância criadoras, como Dionísio diz no capítulo XI
dos Nomes divinos. Por isso, Agostinho, no livro das Oitenta e três questões,
sustentou, no lugar destas ideias que Platão sustentava, que as razões de
todas as criaturas existem na mente divina, de acordo com as quais tam-
bém, a alma humana conhece tudo. 6
6
STh Ia, 84, a 5 c.
Luis Carlos Silva de Sousa • 105
7
STh Ia, q. 84, a 5 c; STh. Ia, q. 44, a. 1.
8
STh Ia q. 2, a 1 ad 1.
9
BOLAND, Vivian. Ideas in God according to Saint Thomas Aquinas: sources and synthesis. Leiden/New
York/Köln: Brill, 1996, p. 281.
106 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
10
STh. Ia, q. 84, a 6 ad 1.
11
NASCIMENTO, Carlos A. Ribeiro do: “Tomás de Aquino entre Agostinho e Aristóteles”. In: P. M. PALACIOS
(Org.), Tempo e Razão: 1.600 anos das Confissões de Agostinho. São Paulo: Ed. Loyola, 2002, p. 63-73.
12
VELDE, Rudi te. Participation and Substantialy in Thomas Aquinas, op. cit., 1995, p. 87-206.
13
STh. Ia, q. 44 a.2 c; De pot. q. 3, a. 5 c.
14
STh. Ia, q. 44 a. 3.
Luis Carlos Silva de Sousa • 107
15
VELDE, Rudi te. Aquinas on God: The ‘Divine Science’ of the Summa Theologiae. (Ashgate Studies in the
History of Philosophical Theology). England/USA, 2006, p. 123-125; p. 150-155; Participation and
Substantialy in Thomas Aquinas, op. cit., 1995, p. 134-159.
16
De pot. q. 3, a. 16 ad 4.
108 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
17
In de div. nom. c. 5, lect. 2, n. 662.
18
FABRO, Cornelio. La Nozione Metafisica di Partecipazione secondo S. Tommaso d'Aquino, op. cit., 1950, p.
80.
Luis Carlos Silva de Sousa • 109
19
Ibid., p. 83
20
RAMOS, Francisco M. Tomás. A Idéia de Estado na Doutrina Ético-Política de S. Agostinho: um estudo do
Epistolário comparado com o “De Civitate Dei”. São Paulo: Ed. Loyola, 1984, p. 78.
21
AGOSTINHO DE HIPONA, “Sobre as Idéias”. In: Cadernos de Trabalho CEPAME II (1/1993) 5-11; “Das
Idéias”. In: Scintilla 5 (1/2008) 181-183; BOLAND, Vivian. Ideas in God according to Saint Thomas Aquinas:
sources and synthesis, op. cit., 1996, p. 39.
110 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
22
FABRO, Cornelio. La Nozione Metafisica di Partecipazione secondo S. Tommaso d'Aquino, op. cit., 1950, p.
80.
23
Sth Ia, q. 15, a 1 sed contra; a 2 sed contra; a 3 sed contra; q. 84, a 5.
24
FABRO, Cornelio. La Nozione Metafisica di Partecipazione secondo S. Tommaso d'Aquino, op. Cit., 1950,
p. 80, n. 1.
25
BOLAND, Vivian. Ideas in God according to Saint Thomas Aquinas, op. Cit., 1996, p. 40.
26
KOWALCZYK, Stanislaw. “La métaphysique du bien selon l'acception de St. Augustin”. In: Estudio
Agustiniano 8 (1973), p. 31-51. Ver também, do mesmo autor: “El teocentrismo de la jerarquia de los
bienes en la doctrina de San Agustin. In: Augustinus 22 (1977) 229-238; BOYER, Charles. Essais anciens et
nouveaux sur la doctrine de Saint Augustin, Milano, 1970.
27
FABRO, Cornelio. La Nozione Metafisica di Partecipazione secondo S. Tommaso d'Aquino, op. cit., 1950, p.
81.
28
BOLAND, Vivian. Ideas in God according to Saint Thomas Aquinas, op. cit., 1996, p. 44.
Luis Carlos Silva de Sousa • 111
observar que o caminho percorrido por Agostinho até chegar a essa des-
coberta é característico de seu pensamento, imerso na tradição
platônica: a análise da interioridade revela, na mente humana, noções
eternas e imutáveis, que não podem ter sido produzidas pelo próprio
homem, pois o que é inferior não pode causar o que é superior.
Para Agostinho, portanto, há uma conaturalidade entre as verda-
des eternas e a mente humana, embora nem todo ser humano alcance a
razão última das coisas. O homem pode ter acesso às ideias com o olho
interior da mente, mas esta deve estar purificada para se unir a Deus na
caridade 29. Somente assim a alma alcança na contemplação a sua beati-
tude 30. A purificação da mente, através da caridade, possibilita ao
homem alcançar a visão intelectual acerca do ser divino. Com isso, a
mente se dispõe a ser iluminada por Deus: a estrutura cognitiva humana
recebe a iluminação das notiones aeternae, o que permite o acesso à ver-
dade ou razões das coisas, presentes no ser divino.
A questão 46 das Oitenta e três questões diversas de Agostinho é,
como vimos vimos, explicitamente mencionada por Tomás de Aquino
no artigo 5º da questão 84ª da Primeira Parte da Summa Theologiae 31. O
plano de fundo primordial desta questão consiste na oposição de Tomás
de Aquino à doutrina platônica 32. As viae são os argumentos tomados
como premissas (por. ex., os de Platão, Aristóteles e Agostinho), que To-
más de Aquino conscientemente mobiliza em sua própria discussão. Ele
acomoda os argumentos segundo um certo procedimento. Há uma
29
BOLAND, Vivian. Ideas in God according to Saint Thomas Aquinas, op. cit., 1996, p. 40.
30
FABRO, Cornelio. La Nozione Metafisica di Partecipazione secondo S. Tommaso d'Aquino, op cit., 1950, p.
82.
31
BOLAND, Vivian. Ideas in God according to Saint Thomas Aquinas, op. cit., 1996, p. 275.
32
HENLE, Robert John. Saint Thomas and Platonism: a study of the Plato and Platonici texts in the writings
of Saint Thomas. Den Haag: Nijhoff, 1956, p. 390.
112 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
33
HENLE, Robert John. Saint Thomas and Platonism, op. Cit., 1956, p. 300.
34
CHENU, Marie-Dominique. Introduction a l'Étude de Saint d'Aquin, Paris: Vrin, 1950; “Auctor, actor, autor”.
In: Studi di Lessicografia Filosofica Medievale, Leo S. Olschki, Firenze, 2001, p. 81-86; GEENEN, Godfried.
“L’usage des ‘auctoritates’ dans la doctrine du baptême chez S. Thomas d’Aquin”. In: Ephemerides
Theologicae Lovanienses 15 (1938) 279-329; “Santo Tomás e os Padres”. In: Vacant, A. ety al. (Org.).
Dictionnaire de Théologie Catholique, Paris, Letouzey, 1950, tomo XV, 1ª parte, verbete “Thomas d’Aquin”,
col. 738-739; 749-741; RIQUET, Michel. “Saint Thomas d’Aquin et les ‘auctoritates’ en Philosophie”. In:
Archives de Philosophie 3 (1925) 117-155; MATTOS, Carlos Lopes de. “As ‘auctoritates’ em Alberto Magno
e Tomás de Aquino”. In: Revista Brasileira de Filosofia 6 (1956) 213-223.
Luis Carlos Silva de Sousa • 113
autore (Conv. IV, 6). Ora, os textos desses mestres são authentici. Por uma
sinuosa evolução, que não será objeto de nossa investigação, a palavra
auctoritas passa a se referir também a um texto. De início, o termo auc-
toritas significa a qualidade em virtude da qual um homem é
considerado digno de crédito. O termo auctor, que em sentido largo, sig-
nifica aquele que produz, que tem a iniciativa de um ato, mantém a ideia
de autoridade, de dignidade. Por metonímia, “auctoritas” passa a se re-
ferir ao que é transposto, isto é, da dignidade de um autor ao produto
de seu ato, como um instrumento de autoridade. Este ato produzido é,
portanto, considerado como autêntico. Com efeito, a significação pri-
meira dessas auctoritates se referia aos documentos oficiais (escritos
dos príncipes, cartas papais etc.). Por uma segunda metonímia, o texto
mesmo passou a ser chamado de auctoritas. O que se invoca é o próprio
texto 35. É neste sentido, isto é, com esta segunda significação que o
termo autoridade circula na Idade Média entre os compiladores de sen-
tenças. A auctoritas Augustini, portanto, não significaria o valor pessoal
de Agostinho, mas o texto de Agostinho.
O recurso aos textos, porém, não se desenvolve de uma forma pas-
siva ou meramente reverencial. Os textos de Agostinho são assimilados
e situados num quadro dialético de argumentação, isto é, no debate de
opiniões. O emprego das autoridades é submetido por Tomás de Aquino
a um juízo crítico, onde se pretende manter a distinção entre o “conhe-
cimento da fé” (com base na Palavra de Deus) e o “conhecimento
racional” 36. Neste âmbito de discussão, portanto, o confronto com as
35
CHENU, Marie-Dominique. Introduction a l'Étude de Saint d'Aquin, op. Cit., 1950, p. 110.
36
Ibid., p. 117.
114 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
37
HENLE, Robert John. Saint Thomas and Platonism, op. cit., 1956, p. 395-396.
38
GILSON, Étienne. Introduction a L'Étude de Saint Augustin, 2.ed., Paris: Vrin, 1943, p. 108-109.
39
STh, q. 84, a 5, obj. 3.
40
Sth. q. 84, a 5, sed contra.
41
De spir. creat. a. 10, ad 8m; FABRO, Cornelio. La Nozione Metafisica di Partecipazione secondo S. Tommaso
d'Aquino, op. cit., 1950, p. 83 e p. 284, n. 1.
Luis Carlos Silva de Sousa • 115
42
“Por isso Agostinho, que foi impregnado das doutrinas dos platônicos, quando neles achava coisas
em acordo com a fé, as recolhia; quando as julgava contrárias, as substituía por coisa melhor. Ora, Platão
afirmou, como já vimos (artigo preced.), que as formas das coisas subsistiam por si mesmas separadas
da matéria, e as chamava ideias. Participando delas nosso intelecto conhece todas as coisas. (…); por
isso, Agostinho afirmou, no lugar das idéias de Platão, que as razões de todas as criaturas existem na
mente divina. Segundo elas todas as coisas são formadas, e a alma humana conhece todas as coisas.”
(Sth Ia, 84, a 5 c)
43
FABRO, Cornelio. La Nozione Metafisica di Partecipazione secondo S. Tommaso d'Aquino, op. cit., 1950, p.
82.
116 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
GRABMANN, Martin. “A quaestio de ideis de Santo Agostinho: seu significado e sua repercussão
44
48
Ibid., p. 83; BOLAND, Vivian. Ideas in God according to Saint Thomas Aquinas, op. Cit., 1996, p. 284.
118 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
lumen intellectuale quod est in nobis, nihil est aliud quam quaedam parti-
cipata similitudo luminis increati, in quo continentur rationes aeternae 49.
Temos, portanto, uma certa noção das razões eternas (não um co-
nhecimento propriamente dito), como algo já inscrito em nós. Tomás de
Aquino cita o Salmo 4, 6-7, que se refere à felicidade, ilustrando com isso
o fato de que o selo da luz divina está marcado em nós. O desejo da feli-
cidade, assim como o desejo de ver a Deus, está inscrito previamente em
nós 50. Mas isso, de acordo com Tomás de Aquino, ainda não é propria-
mente conhecer o ser de Deus. Por outro lado, ter por participação a luz
intelectual não seria suficiente para o conhecimento das coisas.
49
“Neste caso, é necessário dizer que a alma humana conhece tudo nas razões eternas, pois é
participando nelas que conhecemos todas as coisas. A luz intelectual que temos nada mais é do que
uma similitude participada da luz incriada na qual as razões eternas estão contidas” (Sth Ia, q. 84, a 5 c.)
50
Sth Ia q. 2, a 1 ad 1.
51
“No entanto, como, além da luz intelectual em nós são exigidas as espécies inteligíveis recebidas das
coisas, para se ter ciência das coisas materiais, não temos notícia das coisas materiais apenas pela
participação das razões eternas, como os platônicos sustentaram que apenas a participação das idéias
basta para ter ciência.” (Sth Ia, q. 84, a 5 c.)
7
REVISITANDO A NOÇÃO DE EXCESSUS EM TOMÁS DE
AQUINO
1
SOUSA, Luís Carlos S. de. Epistemologia e Transcendência: Duas leituras de Tomás de Aquino sobre o
alcance do conhecimento humano de Deus. Fortaleza: Edições UFC, 2015.
120 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
2
FABRO, Cornelio. L’Avventura della Teologia Progressista. Milano: Rusconi Editori, 1974; La Svolta
Antropologica di Karl Rahner. Milano: Rusconi Editori, 1974; SARTO, Pablo Blanco. Benedicto XVI: El papa
alemán. Barcelona, España: Planeta, 2010, p. 206.
3
WOJTYLA, Karol. “Subjectivity and the irreducible in the human being”. In: Person and Community:
Selected Essays. Trans.: T. Sandok, ed. Andrew N. Woznicki. New York: Peter Lang, 1993, 209-218.
4
FABRO, Cornelio. La Nozione Metafisica di Partecipazione secondo S. Tommaso d'Aquino, op. cit., 1950.
5
POSSENTI, Vittorio. Ritorno all’Essere: Addio alla metafisica moderna, op. cit., 2019.
6
É preciso registrar que Lima Vaz (1921-2002) também se referia à metafísica do esse como uma “terceira
navegação”, mas sua releitura de Tomás de Aquino ocorreu no contexto de um excessivo tributo a
Hegel. LIMA VAZ, Henrique C. de. Escritos de Filosofia VII: Raízes da modernidade. São Paulo: Ed. Loyola,
2002, p. 153, n. 14.
7
JOÃO PAULO II. Cruzando o Limiar da Esperança. Trad.: Antônio Angonese e Ephraim Ferreira Alves. Rio
de Janeiro: Francisco Alves, 1994, p. 50-52; GUERRA, Rodrigo. Volver a la Persona: El método filosófico de
Karol Wojtyla. Querétaro (México): Caparrós Editores, 2002; ALBUQUERQUE, Francisco D. A.; ASSUNÇÃO,
Rudy A. (coord.). O Amor me Explicou Todas as Coisas: Introdução ao pensamento filosófico de Karol
Wojtyla/João Paulo II. Tomo I. Rio Bonito: Benedictus, 2022; BURGOS, Juan M (ed.). La Filosofía
Personalista de Karol Wojtyla. Madrid: Ed. Palabra, 2011.
Luis Carlos Silva de Sousa • 121
8
WOJTYLA, Karol. Persona e Atto. Testo polacco a fronte, a cura di Giovanni Reale e Tadeusz Styczen.
Revisione della traduzione italiana e apparati a cura di G. Girgenti e Patrycja Mikulska. Santarcangelo di
Romagna: Rusconi Libri, 1999.
9
WOJTYLA, Karol. “Thomistic Personalism”. In: Persona and Community: Selected Essays, trans. Theresa
Sandok. New York: Peter Lang, 1993: 165-175; WOJTYLA, Karol. “Introducción”. In: Persona y Acción.
Edición de: Juan Manuel Burgos y Rafael Mora. Prólogo: Juan Manuel Burgos.Traducción del polaco:
Rafael Mora. 2ª ed. Madrid: Ediciones Palabra, 2014, p. 31-58.
10
ASSUNÇÃO, Rudy Albino de. Bento XVI, a Igreja Católica e o “Espírito da Modernidade”: Uma análise da
visão do papa teólogo sobre o “mundo de hoje”. São Paulo: Ed. Paulus/Ecclesiae, 2018; MARTELLI,
Stefano. A Religião na Sociedade Pós-Moderna: Entre secularização e dessecularização. Trad. Euclides
Martins Balancin. São Paulo: Paulinas, 1995.
122 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
11
POSSENTI, Vittorio. Ritorno all’Essere: Addio alla metafisica moderna, op. cit., 2019, p. 384-418.
12
FABRO, Cornelio. Breve Introduzione al Tomismo. Roma/Parigi: Desclée & C., 1960, p. 33-34.
13
GUERRA, Rodrigo. Volver a la Persona: El método filosófico de Karol Wojtyla, op. cit., 2002.
Luis Carlos Silva de Sousa • 123
14
RATZINGER, Joseph/BENTO XVI. Jesus de Nazaré: Da entrada em Jerusalém até a Ressurreição. Trad.:
Bruno Bastos Lins. São Paulo: Ed. Planeta, 2011, p. 13.
126 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
lições que, ainda hoje, não assimilamos: a verdade não está entre os ex-
tremos. Assim, na leitura proposta, no capítulo anterior, o acesso às
razões eternas de Deus manteve, sobretudo, o vínculo com os Padres da
Igreja e, em particular, com Santo Agostinho.
REFERÊNCIAS
FONTES
S. AURELII AUGUSTINI OPERA OMNIA- editio latina. De Civitate Dei contra Paganos libri
XXII (PL 41). Internet: http://www.augustinus.it/latino/cdd/index2.htm.
S. AURELII AUGUSTINI OPERA OMNIA- editio latina. De Vera Religione liber unus (PL 34).
Internet: http://www.augustinus.it/latino/vera_religione/index.htm.
BERNARDO GUI. “Vita S. Thomae Aquinatis auctore Bernardo Guidonis”. In: PRÜMMER,
Dominicus (Org.) Fontes Vitae S. Thomae Aquinatis notis historicis et criticis illustrati.
Toronto: PIMS-University of Toronto, 1912, (fasc. 3), p. 160-258.
PRÜMMER, Dominicus (Org.) Fontes Vitae S. Thomae Aquinatis notis historicis et criticis
illustrati. Toronto: PIMS-University of Toronto, 1912. Disponível em:
https://archive.org/details/fontesvitaesthom00pr/page/n9/mode/2up. Acesso em
agosto de 2022.
TOMAE AQVINATIS. Summa theologiae. Opera Omnia IV-XII (ed. Leon.), Rome 1888-1906.
TOMÁS DE AQUINO. Suma teológica. Vols. I-IX. São Paulo: Ed. Loyola, 2001-2006.
128 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
BIBLIOGRAFIA
AERTSEN, Jan. Medieval Philosophy and the Transcendentals: The case of Thomas
Aquinas. Leiden: E. J. Brill, 1996.
AERTSEN, Jan. Nature and Creature: Thomas Aquinas’s Way of Thought. Leiden: E. J. Brill,
1988.
AERTSEN, Jan. “Was heisst Metaphysik bei Thomas von Aquin?” In: CRAEMER-
RUEGENBERG/SPEER, A. (Eds.). Scientia und Ars im Hoch- und Spätmittelalter
(Miscellanea Mediaevalia 22), Berlin/New York 1994, p. 217-239.
ASSUNÇÃO, Rudy Albino de. Bento XVI, a Igreja Católica e o “Espírito da Modernidade”:
Uma análise da visão do papa teólogo sobre o “mundo de hoje”. São Paulo: Ed.
Paulus/Ecclesiae, 2018
BERTI, Enrico. As Razões de Aristóteles, (Trad.: Dion D. Macedo), Ed. Loyola, São Paulo,
1998.
BOLAND, Vivian. Ideas in God according to Saint Thomas Aquinas: sources and synthesis.
Leiden/New York/Köln: Brill, 1996.
BOYER, Charles. Essais anciens et nouveaux sur la doctrine de Saint Augustin. Milano, 1970.
BURGOS, Juan M (ed.). La Filosofía Personalista de Karol Wojtyla. Madrid: Ed. Palabra,
2011.
Luis Carlos Silva de Sousa • 129
COSTA, Ricardo da. “As Raízes Clássicas da Transcendência Medieval”. In: Impressões da
Idade Média. São Paulo: Livraria Resistência Cultural Editora, 2017, p. 161-182.
COSTA, Ricardo da; SILVEIRA, Sidney. “Como Deus é ciente em sua essência divina: A
presciência de Deus em Santo Tomás de Aquino e no Livro da Contemplação (c. 1271-
1273) de Ramon Llull”. In: Trans/Form/Ação, Marília, v. 38, n. 2, p. 9-34, Maio./Ago.,
2015.
ELDERS. Leo. La Métaphysique de Thomas d’Aquin dans une Perspective Historique. Paris:
J. Vrin, 1994.
FABRO, Cornelio. Appunti di un Itinerario: Versione integrale dele tre stesure con parti
inedite. A cura di Rosa Goglia e Elvio Fontana. Italia: Editrici del Verbo Incarnato,
2011.
FABRO, Cornelio. L’Avventura della Teologia Progressista. Milano: Rusconi Editori, 1974.
FABRO, Cornelio. La Svolta Antropologica di Karl Rahner. Milano: Rusconi Editori, 1974.
FABRO, Cornelio. Breve Introduzione al Tomismo. Roma/Parigi: Desclée & C., 1960.
GILSON, Étienne. Il Réalismo, metodo della filosofia. Roma: Ed. Leonardo da Vinci, 2008.
HENLE, Robert John. Saint Thomas and Platonism: a study of the Plato and Platonici
texts in the writings of Saint Thomas. Den Haag: Nijhoff, 1956, p. 390.
HONNEFELDER, Ludger. “Die Rezeption des scotischen Denkens im 20. Jahrhundert. In:
Theologische Realenzyklopädiel IX (1982): 233.
JOÃO PAULO II. Fides et Ratio, Carta Encíclica aos Bispos da Igreja Católica sobre as
Relações entre Fé e Razão. São Paulo: Paulinas, 1999.
Luis Carlos Silva de Sousa • 131
JOÃO PAULO II. Cruzando o Limiar da Esperança. Trad.: Antônio Angonese e Ephraim
Ferreira Alves. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1994.
LIMA VAZ, Henrique C. de. Escritos de Filosofia VII: Raízes da modernidade. São Paulo:
Ed. Loyola, 2002.
LIMA VAZ, Henrique C. de. Escritos de Filosofia III: Filosofia e Cultura. São Paulo: Ed.
Loyola, 1997.
LIMA VAZ, Henrique C. de. “Tomás de Aquino e o nosso tempo: O problema do fim do
homem”. In: Escritos de Filosofia I: Problemas de fronteira. 2 ed. São Paulo: Ed.
Loyola, 1986.
LUBAC, Henri de. Surnaturel, études historiques. (Théologie, 6). Paris: Aubier, 1946.
MARITAIN, Jacques. Distinguer pour Unir ou Les Degrés du Savoir. 5 éd. Paris: Desclée de
Brower, 1946.
132 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
NASCIMENTO, Carlos A. Ribeiro do. “As Duas Faces da Ciência de acordo com Tomás de
Aquino”. In: L. A. DE BONI (Org.), A Ciência e a Organização dos Saberes na Idade
Média. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2000, p. 177-190.
O'ROURKE, Fran. Pseudo-Dionysius and the Metaphysics of Aquinas. Leiden: Brill, 1992.
OWENS, Joseph. “Aquinas – 'Darkness of Ignorance' in the Most Refined Notion of God”.
In: The Southwestern Journal of Philosophy, Norman, Oklahoma, 5 (1974): p. 93-110.
PEGIS, Anton C. “Penitus Manet Ignotum”. In: Mediaeval Studies 27 (1965) 212-226.
Luis Carlos Silva de Sousa • 133
PIEPER, Josef. Que é Filosofar? Trad.: Francisco de Ambrosis Pinheiro Machado. São
Paulo: Ed. Loyola, 2007.
POSSENTI, Vittorio. Nihilism and Metaphysics: The Third Voyage. Transl.: Daniel B.
Gallagher. State University of New York, 2014.
POSSENTI, Vittorio. Il Realismo e la Fine della Filosofia Moderna. Roma: Armando, 2016.
POSSENTI, Vittorio. Ritorno all’Essere: Addio alla metafisica moderna. Roma: Armando
Editore, 2019.
POSSENTI, Vittorio. “Rinnovare la filosofia. Riflessioni sulla Fides et ratio 15 anni dopo”.
Síntese- Rev. de Filosofia, v. 40, n. 128, (2013): 481-498.
PROUVOST, Géry. Thomas d’Aquin et les thomismes: Essai sur l’histoire des thomismes.
Paris: Les Éditions du Cerf, 1996.
RAHNER, Karl. Geist in Welt: zur Metaphysik der endlichen Erkenntnis bei Thomas von
Aquin, 3. Aufl., München: Kösel, 1964.
134 • Tomás de Aquino & a Transcendência de Deus
RICOEUR, Paul. “Estudo VIII: Metáfora e discurso filosófico”. In: A Metáfora Viva. Trad.:
Dion Davi Macedo. São Paulo: Ed. Loyola, 2000.
ROCCA, Gregory P. Speaking the Incomprehensible God: Thomas Aquinas on the Interplay
of Positive and Negative Theology. The Catholic University of America Press,
Washington D. C., 2004.
SARTO, Pablo Blanco. Benedicto XVI: El papa alemán. Barcelona, España: Planeta, 2010.
SOUSA, Luís Carlos Silva de. Epistemologia e Transcendência: Duas leituras de Tomás de
Aquino sobre o alcance do conhecimento humano de Deus. Fortaleza: Edições UFC,
2015.
SOUSA, Luís Carlos Silva de. “Conhecimento e Participação nas Razões Eternas em
Tomás de Aquino: Duas leituras”. In: Síntese- Revista de Filosofia. Belo Horizonte, v.
48, n. 151, Mai./Ago (2021): 327-355.
TORREL, Jean-Pierre. Santo Tomás de Aquino: Mestre espiritual. São Paulo: Ed. Loyola,
2008.
VELDE, Rudi te. Aquinas on God: The ‘Divine Science’ of the Summa Theologiae.
England/USA: Ashgate, 2006.
VELDE, Rudi te. Participation and Substantiality in Thomas Aquinas. Leiden, Brill, 1995.
WIELAND, G. “Happiness: the perfection of man”. In: N. KRETZMANN & A. KENNY & J.
PINBORG (Editors), The Cambridge History of Later Medieval Philosophy: from the
rediscovery of Aristotle to the disintegration of scholasticism 1100-1600, Cambridge
University Press, 1982, p. 673-686.
WIPPEL, John. The Metaphysical Thought of Thomas Aquinas. Washington D.C.: The
Catholic University of America Press, 2000.
WIPPEL, John. “Quidditative Knowledge of God and Analogical Knowledge”. In: The
Metaphysical Thought of Thomas Aquinas. Washington D.C.: The Catholic University
of America Press, 2000, p. 501-575.
WIPPEL, John. Metaphysical Themes in Thomas Aquinas. Washington D.C.: The Catholic
University of America Press, 1984.
WOJTYLA, Karol. Persona e Atto. Testo polacco a fronte, a cura di Giovanni Reale e Tadeusz
Styczen. Revisione della traduzione italiana e apparati a cura di G. Girgenti e
Patrycja Mikulska. Santarcangelo di Romagna: Rusconi Libri, 1999.
WOJTYLA, Karol. “Introducción”. In: Persona y Acción. Edición de: Juan Manuel Burgos y
Rafael Mora. Prólogo: Juan Manuel Burgos.Traducción del polaco: Rafael Mora. 2ª
ed. Madrid: Ediciones Palabra, 2014, p. 31-58.
WOJTYLA, Karol. “Thomistic Personalism”. In: Persona and Community: Selected Essays,
trans. Theresa Sandok. New York: Peter Lang, 1993: 165-175.
A Editora Fi é especializada na editoração, publicação e
divulgação de produção e pesquisa científica/acadêmica das
ciências humanas, distribuída exclusivamente sob acesso aberto,
com parceria das mais diversas instituições de ensino superior no
Brasil e exterior, assim como monografias, dissertações, teses,
tal como coletâneas de grupos de pesquisa e anais de eventos.
www.editorafi.org
contato@editorafi.org