Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A ESSENCIABILIDADE DA DOUTRINA DA
RESSURREIÇÃO DOS MORTOS
PARA A FÉ CRISTÃ
por
Goiânia-GO
2001
2
PÁGINA DE APROVAÇÃO
Resolve ..................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
Goiânia-GO ____/____/2001.
Examinador
Examinador
Examinador
3
AGRADECIMENTOS
ÍNDICE ANALÍTICO
AGRADECIMENTOS......................................................................................................3
ÍNDICE ANALÍTICO.......................................................................................................4
INTRODUÇÃO.................................................................................................................6
PARTE 1:
CONSIDERAÇÕES INICIAIS À DOUTRINA DA RESSURREIÇÃO DOS MORTOS
Capítulo 1:
DEFINIÇÃO DA DOUTRINA DA RESSURREIÇÃO DOS MORTOS.....................11
Capítulo 2:
INTERPRETAÇÕES DA DOUTRINA DA RESSURREIÇÃO DOS MORTOS.........16
A. A Rejeição dentro do Sincretismo Religioso..........................................................16
B. Principais Pensamentos Contrários à Doutrina.......................................................17
1. Racionalismo Naturalista.....................................................................................18
1.1. Definição......................................................................................................18
1.4. O Ceticismo Racionalista Naturalista no Empirismo de Hume...................19
1.5. O Otimismo Racionalista Naturalista no Iluminismo..................................21
2. Dualismo Antropológico Espiritualista...............................................................24
2.1. Definição......................................................................................................24
2.2. Dualismo Transcendental Platônico.............................................................25
2.3. Dualismo Imanentista Estóico......................................................................27
2.4. Dualismo Gnóstico......................................................................................28
C. Principais Grupos que Negam Explicita e Implicitamente a Doutrina..................30
1. Cristianismo “Liberal”.........................................................................................30
2. Espiritismo...........................................................................................................33
3. Gnosticismo Moderno.........................................................................................35
4. Espiritualismo Protestante..................................................................................37
PARTE 2:
A ESSENCIABILIDADE DA DOUTRINA DA RESSURREIÇÃO DOS MORTOS
PARA O CRISTIANISMO
Capítulo 1:
5
Capítulo 2:
INDISPENSABILIDADE DA DOUTRINA PARA A VERDADE CRISTÃ..............57
Capítulo 3:
INDISPENSABILIDADE DA DOUTRINA ÀS DOUTRINAS CRISTÃS...............74
A. Teologia: A Identidade e Obra de Deus................................................................74
B. Cristologia: Pessoa de Jesus Cristo.........................................................................78
C. Soteriologia (Objetiva e Subjetiva): A Obra Redentora de Cristo..........................82
D. Pneumatologia: A Doutrina do Espírito Santo.......................................................87
E. Eclesiologia: A Autoridade Apostólica...................................................................91
F. Escatologia: A Volta de Cristo na Consumação.....................................................94
Capítulo 4:
INDISPENSABILIDADE DA DOUTRINA PARA A PRÁTICA CRISTÃ.................98
A. O Efeito da Ressurreição na Vida dos Primeiros Cristãos.....................................98
1. A motivação equivocada dos discípulos de Cristo..............................................98
2. O comportamento dos discípulos na morte de Cristo..........................................99
3. O comportamento dos discípulos pós-ressurreição...........................................101
B. Sentido da Vida: Fé sem Ressurreição versus Fé com Ressurreição...................102
1. A inutilidade da vida cristã sem a fé na ressurreição........................................102
2. A motivação para a vida cristã na doutrina da ressurreição..............................105
C. O Significado da Doutrina para a Espiritualidade Cristã.....................................108
1. Santificação definitiva na ressurreição de Cristo..............................................109
2. A Santificação Progressiva na ressurreição de Cristo..................................111
D. O Significado da Doutrina para o Luto Cristão...................................................112
1. A vitória sobre a morte......................................................................................113
2. A natureza do luto cristão..................................................................................114
CONCLUSÃO...............................................................................................................117
BIBLIOGRAFIA...........................................................................................................126
6
INTRODUÇÃO
esperança dos indivíduos sobre o destino do ser humano após a morte? Será que o
indivíduo contínua a existir depois da morte? Ou seja, existe vida após a morte? Estas e
outras, são perguntas que fazem parte da vida humana. São questões de importância
primária para os homens. A religião e a filosofia tratam deste assunto, e este sempre
esteve presente na consciência humana. Porque, por trás de todo temor da morte, está o
ressurreição dos mortos surge como algo de muita importância para a fé cristã, e
revelação do plano salvador de Deus para os homens. Esta salvação, realmente, inclui
uma vitória sobre a morte e o restabelecimento de uma ordem de vida em que não
impera mais a mortalidade. Porém, muitos cristãos querem manter as verdades de sua
história tem mostrado os erros doutrinários dentro do ambiente cristão, que surgiram
sempre que alguém tentou fazer mediação entre o cristianismo e outros pensamentos.
A doutrina da ressurreição dos mortos tem sido de certa forma ofuscada e até
está presente em alguns setores, algo que pode ser caracterizado como um tipo de
desvalorização e desprezo de tudo que diz respeito ao mundo material, que inclui
implica na falsidade da outra. Isto acontece muitas vezes, porque muitos crentes não
refletem sobre a fé que têm e aceitam elementos contraditórios dentro desta, como foi o
intenção deste trabalho chamar a atenção daqueles que tendem a espiritualizar demais fé
8
negada ou ofuscada, foi objetivo deste trabalho mostrar que esta é uma doutrina
essencial, presente na fé cristã, que não pode ser negada explicita ou implicitamente em
da ressurreição dos mortos para a fé cristã reformada. Além disso, no capítulo 2, será
filosofias e pensamentos contrários a esta, bem como alguns grupos que negam
mostrar que a ressurreição dos mortos é essencial para a fé cristã. O primeiro tratará da
identificação desta doutrina como sendo uma doutrina dentro da primitiva mensagem
cristã. O segundo capítulo demonstrará como a verdade cristã está associada com a
doutrinas cristãs são afetadas pela negação da ressurreição de mortos. E por fim, o
quarto capítulo mostrará de que forma a ressurreição está relacionada com a prática da
vida religiosa.
10
PARTE 1
CAPÍTULO 1
Primeiramente, será definido o que se quer dizer por doutrina da ressurreição dos
mortos, visto que esta pode ser entendida sobre várias hermenêuticas diferentes.
Muitos destes termos não são de uso exclusivo para referir-se à ressurreição,
podendo ser usados em vários outros sentidos, portanto, na Bíblia estas palavras tem um
sentido geral. Quanto à ressurreição como volta à vida, este grupo de palavras é usado
pessoas (e.g. Mc 5:42; At 9:40). Pelo contexto, estes milagres assumem um valor de
1
C. Brown e L. Coenen, “Ressurreição”, em C. Brown e L. Coenen, Dicionário Internacional de
Teologia do Novo Testamento (São Paulo-SP: Vida Nova,2000), 2055.
12
27:53).2 Em segundo lugar, este termo é usado por Jesus para predizer sua própria
ressurreição (e.g. Mc 8:31; 9:9; 10:34). E a sua ressurreição é considerada como uma
obra do Pai, que exaltou o Senhor Jesus, que foi crucificado, para a glória messiânica
(e.g. At 1:22; Rm 1:4; 1Co 15:1ss).3 Em terceiro lugar, estes termos são usados para
expressar a doutrina de que haverá uma ressurreição escatológica nos últimos dias.
Deste modo Jesus é visto como as primícias da ressurreição (1Co 15:20; Cl 1:18). A
ressurreição final é vista como uma consequência lógica da fé cristã (1Co 15:22; Rm
8:11; Jo 6:39-40). A nova vida é desfrutada como uma dádiva presente, mas o alvo da
significar: "venha! levante!" Outros termos que pertencem a este grupo são:
(), despertamento, i.é, ressurreição. Estes termos têm um uso geral, pois não se
referem somente à ressurreição como volta à vida. É usado para expressar o despertar de
um sono, tanto literal (Mc 4:38) como figurado (Rm 13:11). É também empregado para
descreve a volta à vida, este é usado em algumas formas. 5 Também são usados para
2
?
Gerhard Kittel e Gerhard Friedrich, Theological Dicionary of the New Testament, in one volume (Grand
Rapids-Mich.: Eerdmans / Paternoster, 1985), s. v. “Resurrection”.
3
Ibid, 61.
4
?
Ibid, 61.
5
13
era messiânica (Mt 9:25; Lc 7:14; Jo 12:1). Aparece na predição de Jesus de sua
desta (e.g. At. 3;15). É usada para expressar a aceitação e a glorificação por parte de
Deus em favor de Jesus, com sua ressurreição (Atos; Rm 7:4; Fp 2:9ss). É usada para
vida do crente, no momento da união deste com Cristo. Deste modo estes termos são
ressurreição dos crentes com Cristo (Rm 6:4 ss.; Gl 2:20; Cl 2:12 ss.; Ef. 21:1,5; 2Co
4:10 ss.). E neste sentido a ressurreição está relacionada com a justificação (Rm 5:18;
8:28 ss.) e expressa a nova situação histórica dos crentes unidos com Cristo (Rm 6). E
esta nova vida é uma realidade da fé (2Co 4:7ss). Não é uma mudança mágica, mas sim,
ressurreição não tomou, ainda, lugar, ou seja, não aconteceu literalmente (2Tm 2:18).
Em João, há uma ênfase em mostrar a benção da vida eterna como uma possessão
presente (Jo 3:18; 5:24), mas isto não significa uma espiritualização da escatologia (cf.
que "embora não a possamos aplicar universalmente, podemos dizer que a regra geral
?
Ibid, 195.
6
Ibid, 195.
7
Ibid, 195.
14
expressada por egeiro, ao passo que anhistemi expressa, por assim dizer, aquilo que
seja inevitável, o crente espera ser livrado de seu poder." 9 É uma esperança de que as
almas dos que morreram serão restauradas novamente, para uma vida corporal
renovada.10 Este corpo de certa forma será idêntico ao antigo, e ao mesmo tempo
diferente, ou seja, modificado para ser um veículo para a vida na era porvir. 11 E esta
Os cristãos ortodoxos, de forma geral, mostram que a Bíblia ensina "(1) Que o
corpo ressuscitará. (2) Que sua identidade será preservada. (3) Que será tão idêntico e
Segundo a Escritura, haverá uma ressurreição do corpo, isto é, não uma criação inteiramente
nova, mas um corpo que será, num sentido fundamental, idêntico ao corpo atual. Deus não vai
criar um novo corpo para cada ser humano, mas vai ressuscitar o próprio corpo que foi
depositado na terra.... Ao mesmo tempo, a Escritura deixa perfeitamente evidente que o corpo
passará por grande mudança.13
8
Brown e Coenem, “Ressurreição”, 2073.
9
Millard J Erickson, Introdução à Teologia Sistemática (São Paulo-SP: Vida Nova, 1997), 502.
10
The Oxford Dictionary of Christians Church, “Resurrection of the dead”, 1158.
11
NDB, 1086.
12
Hodge, Teologia Sistemática (São Paulo-SP: Hagnos, 2001) 1600.
13
Louis Berkhof, Teologia Sistemática (Campinas-SP: LPC, 1996), 728.
15
I. Os corpos dos homens, depois da morte, convertem-se em pó e vêm a corrupção; mas as suas
almas (que nem morrem nem dormem), tendo uma substância imortal, voltam imediatamente
para Deus que as deu. As almas dos justos, sendo então aperfeiçoadas na santidade, são
recebidas no mais alto dos céus onde vêm a face de Deus em luz e glória, esperando a plena
redenção dos seus corpos; e as almas dos ímpios são lançadas no inferno, onde ficarão, em
tormentos e em trevas espessas, reservadas para o juízo do grande dia final. Além destes dois
lugares destinados às almas separadas de seus respectivos corpos as Escrituras não reconhecem
nenhum outro lugar. Ref. Gen. 3:19; At. 13:36; Luc. 23:43; Ec. 12:7; Apoc. 7:4, 15; II Cor. 5:
1, 8; Fil. 1:23; At. 3:21; Ef. 4:10; Rom. 5:23; Luc. 16:25-24.
II. No último dia, os que estiverem vivos não morrerão, mas serão mudados; todos os mortos
serão ressuscitados com os seus mesmos corpos e não outros, posto que com qualidades
diferentes, e ficarão reunidos às suas almas para sempre. Ref. I Tess. 4:17; I Cor. 15:51-52, e
15:42-44.
III. Os corpos dos injustos serão pelo poder de Cristo ressuscitados para a desonra, os corpos
dos justos serão pelo seu Espírito ressuscitados para a honra e para serem semelhantes ao
próprio corpo glorioso dele. Ref. At. 24:l5; João5:28-29; Fil. 3:21.14
14
?
Confissão de Fé de Westminster
16
CAPÍTULO 2
A doutrina da ressurreição dos mortos tem sido negada no decorrer dos anos, por
muitos grupos e pessoas, cuja religião é caracterizada pelo sincretismo religioso. E esta
negação da doutrina pode ser, basicamente, de dois tipos: negação explicita e negação
implícita.
ressurreição, substituindo-a, muitas vezes, por outras doutrinas, como por exemplo, a
sendo verdades religiosas da sua vida, mas no entanto, estas crenças logicamente levam
religiosos. Pois afirmam serem cristãos, negando uma doutrina, que pelo que vai ser
estudado mais à frente, não tem como ser negada, pois esta é imcompátivel com a fé
cristã.
17
Porém, existem no Cristianismo elementos que não podem ser negados, pois
estes elementos. Mas neste caso, já não se pode mais dizer que a síntese é o
cristianismo, pois a essência deste foi alterada. A essência de algo, como foi visto, é
aquilo que está presente neste e faz-lhe ser o que é. E quando elementos essenciais são
pensamento.16
mortos, falando de modo geral. E estes serão estudados, agora, pois são relevantes por
estarem presentes nos principais grupos sincréticos cristãos que rejeitam a doutrina da
ressurreição.
15
S.R. Inbach, Sincretismo, em Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, Vol III (São Paulo-
SP: Vida Nova, 1990), 397.
16
Ver, W.A.Visser’t Hooft, Cristianismo e Outras Religiões (Rio de Janeiro-RJ: Paz e Terra, 1968), 6-25.
18
1. Racionalismo Naturalista
1.1. Definição
racionalista naturalista. Antes de tratar do assunto, é bom dizer que este tópico não tem
secularizado ocidental, muitos outros expoentes poderiam ser citados e estudados, como
sentido mais amplo. Usando as palavras de Alan Richardson, pode-se dizer que:
Pela palavra 'racionalismo' entendemos aqui o conceito que considera a verdade como coisa
que se pode descobrir, ou que acha que podem ser averiguados os limites do entendimento, por
meio da operação ou de pesquisa feita somente pela razão humana, sem levar em conta a 'fé', a
'graça', etc. Neste sentido essa palavra pode ser aplicada aos conceitos de Locke e de Hume,
bem como aos de Descartes e Spinoza.17
Colin Brown diz que racionalismo "veio a significar a tentativa de julgar tudo à
luz da razão. Vinculada com ela, há a suposição de que, quando isto é feito, a razão terá
completamente liquidado o sobrenatural, e que não sobra mais nada além da natureza e
17
?
Alan Richardson, Apologética Cristã (Rio de Janeiro-RJ: JUERP, 1978), 128.
18
Colin Brown, Filosofia e Fé Cristã (São Paulo-SP: Vida Nova, 1983), 37.
19
verificar na natureza.
Alguém que tem uma mentalidade racionalista naturalista, é uma pessoa que no
momento em que for confrontada com a religião cristã e ter que tomar uma posição
sobrenaturais e revelacionais que fazem parte daquilo que é considerado como doutrinas
da Ressurreição dos Mortos, que está apoiada no fato básico, que é a ressurreição de
Jesus Cristo.
Hume trata acerca do milagre em sua obra e nesta pode-se perceber o princípio
Um milagre é uma violação das leis da natureza; e como uma experiência constante e
inalterável estabeleceu estas leis, a prova contra o milagre, devido à própria natureza do fato, é
19
Battista Mondin, Introdução à Filosofia (São Paulo-SP: Paulus, 1976), 201.
20
Brown, Filosofia e Fé Cristã, 48.
20
tão completa como qualquer argumento da natureza que se possa imaginar. Por que é mais do
que provável que todos os homens devem morrer; ... Nada é considerado um milagre se ocorre
no curso normal da natureza. Não é um milagre que um homem, aparentemente de boa saúde,
morra subitamente, pois verifica-se que tal gênero de morte, embora mais incomum que
qualquer outro, ocorre frequentemente. Mas é um milagre que um morto possa ressuscitar,
porque isto nunca foi observado em nenhuma época e em nenhum país.21
Hume não ataca, somente, a credibilidade dos milagres, mas também, coloca em
Quando alguém me diz que viu um morto ressuscitar, considero imediatamente comigo
mesmo: é mais provável que essa pessoa procure enganar-me ou esteja equivocada, do que o
fato que relata possa realmente ter ocorrido. Peso um milagre contra o outro e, de acordo com a
superioridade que descubro, pronuncio minha decisão e rejeito sempre o milagre maior. Se a
falsidade de seu testemunho fosse ainda mais miraculosa que o evento que relata, agora e
somente agora, pode pretender orientar minha crença e minha opinião.22
deles.23 Hume não acredita que se possa confiar nos testemunhos humanos, para ele "a
velhacaria e a leviandade humanas são fenômenos tão normais, que prefiro acreditar que
os eventos mais extraordinários tenham aí sua origem, a admitir uma violação tão
Para concluir o pensamento de Hume, é bom, também, dizer que ele rejeitava
juntamente com os milagres, todo tipo de profecia. Para Hume, ser Cristão é um
verdadeiro milagre.25
21
Hume, Investigação Acerca do Entedimento Humano, em Os Pensadores (São Paulo-SP: Nova
Cultural, 1992), 120.
22
Ibid, 120-121.
23
Ibid, 121-126. Para entender melhor o argumento de Hume.
24
Ibid, 127.
25
Ibid, 128.
21
fabuloso sobre os poderes da razão. Isto deu-se com o movimento Iluminista, no século
XVIII.
razão humana para perto de um status divino e atribuiu a esta, a habilidade para
discernir a verdade de todos os tipos, sem no entanto, apelar para o sobrenatural. 26 Este
novo messianismo, uma nova era, em que o homem, vivendo conforme a sua natureza,
Neste período houve uma forte ênfase e interesse pela ciência 29. E por isto,
cientismo ou descreve eventos que são sobrenaturais, o homem moderno deve escolher
26
?
James Sawyer, "Liberalism" [http://www.bible.org], Julho, 2001.
27
Mondin, Introdução à Filosofia, 202.
28
Stanley Gundry, Teologia Contemporânea - Coleção Pensadores Cristãos (São Paulo-SP: Mundo
Cristão, 1983), 14.
29
Ver Battista Mondin, Curso de Filosofia, vol II (São Paulo-SP: Paulus, 1981), 154.
30
?
Gundry, Teologia Contemporânea, 14.
22
Tudo o que está além da experiência é sem interesse e sem valor como problema.
Obviamente, esta é a sorte da metafísica e da religião revelada; a essência metafísica das
coisas e do espírito, a transcendência e tudo o que ela implica cessam de ser problema e
transformam-se em puras superstições, sem o mínimo fundamento na razão e na
realidade.31
iluminista. E a principal arma foi a crítica histórica e literária. Todas as obras e escritos
antigos foram estudados à luz de princípios científicos. E nesta crítica "as Sagradas
desastrosos.33
razão para tratar das coisas materiais e na sua incompetência para tratar de qualquer
coisa além delas."34 Na Crítica da Razão Prática (1788), "fez a tentativa de fundamentar
31
Mondim, Curso de Filosofia, 155.
32
Gundry, Teologia Contemporânea, 15.
33
Ibid, 15.
34
?
Brown, Filosofia e Fé Cristã, 61.
35
Gundry, Teologia Contemporânea, 16.
23
fazer, deu à religião uma forte interpretação ética, que tem sido uma característica do
elementos milagrosos e sobrenaturais e a construir uma 'teologia natural' que seja aberta
Pois é uma doutrina baseada na Ressurreição de Jesus, que é um fato histórico, com
entanto o racionalismo naturalista crê que a natureza é a fonte primária para responder
naturalista tem uma "suspeita e hostilidade para toda verdade que clama estar
alicerçada em algum outro tipo de autoridade, que não seja a razão, e.g. tradição ou
revelação divina."39 E por isto, tem sido substituída por um tipo de doutrina, chamada
imortalidade da alma, que crê que a alma humana sobrevive mesmo fora do corpo.
36
?
Ibid, 16.
37
J.Van Engen, “Teologia Natural”, em ELWELL, W.A., Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja
Cristã, Vol. III (São Paulo-SP: Vida Nova, 1990), 491.
38
?
Sawyer, "Liberalism", Julho, 2001.
39
?
Ibid.
24
2.1. Definição
partem muitas vezes, para um tipo de religiosidade mais natural e espiritual, distinta do
Cristianismo bíblico.
Depois de ter renunciado à direção que a Bíblia lhe aponta, o mundo se sentirá obrigado a
seguir a voz de um instinto cego, porém, imorredouro, que o conduzirá a uma era de fantasmas
e duendes. Quando o Deus de Samuel fôr esquecido , e houver sido dissolvido em especulações
precipitadas e corrosivas de "redações" e "redatores", recorrer-se-á à bruxa de Endor, ou,
talvez, pode ser que as multidões fujam para a supertição da infabilidade papal, a quem John
Henry Newman recorreu, para pedir que destruísse os espectros que surgiam na sua própria
mente.40
complexo, mas foi o melhor encontrado para expressar um tipo filosofia comum
encontrado entre vários grupos, dos quais os principais serão vistos um pouco mais à
frente.
Para definir este termo, deve-se entender o significado pretendido por cada
palavra deste. Dualismo quer dizer algo composto de duas partes. Antropológico,
Uma atitude que vê a natureza humana dividida em duas partes, corpo e alma/espírito,
ou seja, uma parte material e outra imaterial. Sendo esta última, vista como uma parte
superior do homem em detrimento do corpo (parte material) que é visto como algo
inferior.
imperfeita, uma imitação mal feita, uma participação limitada de um mundo ideal,
"a uma só alma, espiritual e imortal, considerando o corpo uma prisão e um obstáculo às
atividades da alma."42
Isto fica claro, por exemplo, no dialogo escrito por Platão, chamado Fédon. Para Platão,
particularmente que os demais homens em afastar sua alma do contato com o corpo." O
corpo atrapalha a alma de encontrar a verdade, pois "enquanto a procura com o corpo é
enganada por ele, que a induz a erro". E por esta razão, o corpo é tratado como
corrupção, pois ele diz que "enquanto tivermos corpo e nossa alma estiver absorvida
41
Mondin, Introdução à Filosofia, 195.
42
Ibid, 195.
26
corpo atrapalha a alma porque "nos oferece mil obstáculos pela necessidade que temos
necessário "que abandonemos o corpo e que apenas a alma analise os objetos que deseja
conhecer." Ele fala do corpo como um fardo, "é preciso que não se conheça a verdade
ou então que se a conheça após a morte, pois então a alma se pertencerá, livre desse
Por este motivo, Platão não poderia conceber uma ressurreição dos mortos, tal
provar-se a imortalidade da alma.44), e portanto, via a morte como algo bom. E aquele
nas religiões órficas da Grécia antiga, que é a doutrina da metempsicose, que ensina "a
alma em diferentes formas de seres vivos. Platão retoma essa doutrina do orfismo, mas
"reencarnação" tão divulgado e pregado nos dias atuais. Platão ensina esta doutrina
43
?
Platão, "Fédon", em Os Pensadores (São Paulo-SP: Nova Cultural, 2000), passim.
44
Sobre a imortalidade da alma ver Platão, Fedro (São Paulo-SP: Martin Claret, 2001); Platão, "Fédon";
Giovanni Reale e Dario Antiseri, História da Filosofia, Vol 1 (São Paulo-SP: Paulus, 1990), 156.
45
Platão, Fédon, 129.
46
Reale e Antiseri, História da Filosofia, Vol 1, 157.
27
Logos (alma) e de uma parte de matéria (corpo)." 48A morte constituí a separação entre o
fragmento do Logos e o corpo. Para eles não há ressurreição do corpo, pois o homem tal
como é, é um ser mortal. Mas o "fragmento do Logos não será jamais destruído." 49 E
uma visão dualística do homem, identificando nele algo imortal e impessoal, e também
algo mortal e pessoal, ligado à esfera deste mundo, que era vista como algo indesejável.
47
?
Mondin, Curso de Filosofia, Vol 1, 110.
48
Ibid, 111.
49
Ibid, 111.
50
Mondin, Curso de Filosofia, Vol I, 111.
28
O corpo como sendo parte desta realidade mundana, era algo ligado às paixões e vícios
Por último, tem-se aqui, o pensamento gnóstico, que desafiou a fé cristã, com
um pré-gnosticismo cristão51.
gnosticismo, este não "se trata, propriamente, de uma seita, mas de uma tendência, de
Jesus."53
Quanto ao pensamento gnóstico cristão do século II, pode-se dizer que por terem
?
Bengt Hagglund, História da Teologia (Porto Alegre-RS: Concórdia Editora, 1995, 5a.), 27; Ver
também, G.L. Borchert, “Gnosticismo”, em ELWELL, W.A., Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja
Cristã, Vol. II (São Paulo-SP: Vida Nova, 1990), 203.
52
Reale e Antiseri, História da Filosofia, Vol 1, 405.
53
Roque Frangiotti, História das Heresias: séculos I-VII (São Paulo-SP: Paulus, 1995), 27.
29
encarnação de Jesus, como o Verbo que se fez carne, e portanto eram chamados
sair deste mundo material, mau, voltado à destruição, e voltar ao mundo espiritual do Pai.
Portanto, a salvação está assegurada somente aos "espirituais" gnósticos, àqueles que têm, em
si mesmos, a centelha divina originária. Esta centelha é despertada por um processo de
conhecimento através da revelação feita ao espírito, através do qual a alma do gnóstico toma
consciência da sua verdadeira natureza: sufocada pela matéria, aspira libertar-se dos liames do
corpo e do mundo material.56
retrocesso à vileza da corporeidade, uma nova entrega à prisão que o corpo exerce."57
ressurreição dos mortos, e mesmo assim se consideram cristãos, ou querem manter parte
54
Frangiotti, História das Heresias: séculos I-VII, 28.
55
Samuel Vieira, O Império Gnóstico Contra-Ataca (São Paulo-SP: Editora Cultura Cristã, 1999), 184.
56
Frangiotti, História das Heresias: séculos I-VII, 34-35.
57
?
Vieira, O Império Gnóstico Contra-Ataca, 29.
30
1. Cristianismo “Liberal”
Ortodoxo e a mentalidade racionalista. Nesta mediação surgiu uma nova religião, que
Liberalismo num sentido mais amplo, englobando grupos opostos entre si, mas tendo
liberal, todo e qualquer grupo que se fundamenta numa teologia que nega a
sendo assim consideradas como parte acidental da religião, dispensável para a fé. Estas
entendimento, que não a da ortodoxia. O Cristianismo passou a ser uma religião mais
58
?
M. James Sawyer, “Liberalism”, Julho/2001.
59
J. Gresham Machen, Cristianismo e Liberalismo (São Paulo-SP: Os Puritanos, 2001), 28.
31
e viver-se com vistas a um futuro Reino de Deus, para o estabelecimento dum Reino
aqui mesmo na terra, através da transformação social. Destes princípios surgiram várias
ativismo social e político. Por traz deste ativismo está um princípio que nega a realidade
forma otimista na cura do pecado de forma natural. O Reino de Deus é algo a ser
estabelecido na ordem social. Tal ordem seria feita à medida que as vidas humanas
O Evangelho Social morreu com o passar do tempo, mas seus princípios gerais
formas que tem aparecido61, e que tem interpretado a Bíblia em termos de um ativismo
Cristo Ressurreto.
60
?
N.A.Magnuson, “Evangelho Social”, em ELWELL, W.A., Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja
Cristã, Vol. II (São Paulo-SP: Vida Nova, 1990), 203.
61
?
Nicodemus Lopes, “A Hermenêutica da Teologia da Libertação: Uma Análise de Jesus Cristo
Libertador, de Leornardo Boff”, em Fides Reformata III:2 (Julho-Dezembro 1998): 67.
62
Pontifícia Comissão Bíblica, A Interpretação da Bíblia na Igreja (São Paulo-SP: Paulinas, 1994) ,77.
32
principal nome aqui, deste tipo de cristianismo é R. Bultmann. “O que importa não é
alguma coisa que Jesus fez objetivamente fora de nós e por nós. Nem sequer há uma
coisa tal como uma palavra objetiva de Deus. Jesus é um pregador da Palavra, que
existência’.”63
fisicamente. Assim rejeita por completo a doutrina da ressurreição dos mortos, bem
como toda visão doutrinária bíblica. A salvação é entender melhor a si mesmo à luz do
Não podemos saber como era Jesus; sabemos, apenas, que viveu e morreu. Mas isto não
importa. “A própria ressurreição não é um evento da história passada... Mas o problema
histórico tem pouca relevância com a crença cristã na ressurreição. O evento histórico do surto
da fé da Páscoa, pois, significa para nós aquilo que significava para os primeiros discípulos – a
saber: a auto-manifestação do Senhor ressurreto, o ato de Deus em que o evento redentor da
cruz é completado.64
possível citar todas manifestações deste, que negam a doutrina da ressurreição dos
mortos. Uma observação pertinente a fazer sobre estes grupos ou igrejas fundamentadas
em algum tipo de Teologia Liberal, é que estas estão comprometidas com um tipo de
ressurreição é fundamental.
63
Brown, Filosofia e Fé Cristã, 125.
64
?
Ibid, 127.
33
2. Espiritismo
Kadercista, mas outro tipo bem frequente no Brasil é o chamado “baixo espiritismo”,
e.g. umbanda, quimbanda e candomblé. Um resumo básico das suas crenças pode ser o
seguinte:
Crença na sobrevivência das almas e na comunicação com as mesmas após a morte, através do
fenômeno da mediunidade; crença em um Deus Criador e sustentador do universo; crença na
lei da reencarnação que possui um caráter expiatório quanto aos erros do passado, regendo
também a evolução dos espíritos; crença na lei do carma, a qual, teoricamente, garante a justiça
de se ter agora uma vida segundo os atos praticados na vida anterior, e a lei da pluralidade dos
mundos que apresenta todo o universo como um grande palco no qual se processa a evolução
de todas as criaturas.65
Fica claro que dentro deste sistema de crenças não sobra espaço nenhum para a
ligada com a crença grega platônica de imortalidade da alma, que vê a natureza humana
Assim é o que acontece com o Kardecismo, em que este “pretende fazer uma espécie de
sincretismo entre as idéias espíritas por excelência e algumas idéias extraídas da Bíblia,
65
?
L.A.T. Sayão, “Espiritismo”, em ELWELL, W.A., Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã,
Vol. II (São Paulo-SP: Vida Nova, 1990), 50.
34
vários textos bíblico comprovam práticas espiritas. Eles assim dizem que o
A reencarnação, uma das pilastras do espiritismo, é a mais próxima da razão humana dentre
todas hipóteses religiosas. Annie Besant refere-se à reencarnação como: “não há doutrina
filosófica, que tenha atrás de si passado tão magnífico, tão repassado de intelectualidade , como
a doutrina da reencarnação. Não se há, que tenham por si, como ela, o peso da opinião dos
homens mais sábios; não há nenhuma, como declarou Max Müller, à cerca da qual tão
completamete tenham concordado os maiores filósofos da humanidade”. (Maurício Maeterlink,
A Morte, edição de 1924, páginas 78/79)68
reencarnação, onde, neste mesmo perfil, nove de cada dez aponta o cristianismo como
quatro anos, onde o percentual é de 30%. Cerca de 17% dos que acreditam frequentam
com regularidade as igrejas. Triste, porém, são os dados que dizem que cerca de 21%
?
Argon, Espiritismo X Bíblia [http:\\www.Argon.com.br\Espiristmo versos Biblia.htm], agosto/2000.
68
?
Ibid.
69
Norman L. Geisler e J. Yutaka Amano, Reencarnação (São Paulo-SP: Mundo Cristão, 2000)
35
tiveram ligações com o espiritismo, e cerca de 30-35% são espíritas, mesmo sendo
3. Gnosticismo Moderno
Outros grupos religiosos que tem negado a doutrina da ressurreição dos mortos,
são os gnósticos modernos, que tem trazido à tona o pensamento gnóstico dualista que
uma biblioteca gnóstica em Nag Hammadi, Egito, 1945”, onde dentre várias obras
“mais um grupo de documentos originais foi encontrado e cresceu muito o interesse por
Passou-se então a ter informações primárias do gnosticismo, que até então se limitava
Samael Aun Weor, que foi o “criador da Igreja Gnóstica Cristã Universal, na década de
70, no México, hoje com ramos e derivações em diversos países.” 72 Além disso,
cristianismo antigo em sua forma gnóstica primogênita para o bem das almas.” 73 Eles
Livros tem sido escritos, e.g., de livros traduzidos no Brasil: Elaine Pagels (Os
Evangelhos Gnósticos) e de Joan O'Grady (Heresia - o jogo de poder das seitas cristãs
nos primeiros séculos depois de Cristo). Estes fazem uma defesa do gnosticismo, e ao
mesmo tempo, procuram demonstrar que à luz das descobertas de Nag Hammadi, o
Cristianismo Ortodoxo, com o seu cânon, representava somente uma parte pequena do
complexo fenômeno cristão primitivo. O cânon ortodoxo é para estes, fruto da escolha
arbitrária dos pais da igreja, com funções políticas e sociais para o estabelecimento
dos mortos tem esta função, de legitimar o poder eclesiástico. E é assim, que tem se dito
acesso imediato a Deus, sem a mediação da Palavra de Deus, e como se sabe, a doutrina
73
FundaSaw, “Ritos, Tradições e Escrituras” [http://www.fundasaw.org.br/igrejagnostica/ritos.htm],
Outubro/2001.
74
?
FundaSaw, “A Gnose Ontem e Hoje” [http://www.fundasaw.org.br/gnose/gnoseontemhoje.htm],
Outubro/2001.
75
Wayne S. Flory, “The Gnostic Gospels: A Review Article”, Journal of the Evangelical Theological
Society 24:3 (September 1981): 251-255.
37
4. Espiritualismo Protestante
Outro grupo que têm de certa forma desprezado a doutrina da ressurreição dos
amplo, e abrange grupos radicalmente distintos entre si, mas que porém estão muito
Quanto à ressurreição dos mortos, muitos crentes tem uma alta valorização do
que é relativo à alma em detrimento do que é relativo ao corpo, que é uma visão grega e
gnóstica, mas não cristã, cuja implicação é o desprezo da matéria, que torna sem sentido
A Igreja Brasileira tem, de forma equivocada, se aproximado mais da visão grega que
da semita ao rejeitar o físico em favor do espiritual.... A consequência resultante desse abismo
artificial é que os pecados da carne se tornam mais importantes do que os do espírito... O
corpo é lugar maldito! Essa ética exige, de forma subliminar, a depreciação do
corpo.77
76
Ver Vieira, O Império Gnóstico Contra-Ataca, 68-69.
77
38
tem demostrado uma espiritualidade mais gnóstica do que bíblica. E dentro desta
obstáculo para se defender algum tipo de redenção do corpo, bem como de uma
ressurreição.78
corpo e espírito. Um dos expoentes desta teologia fez algumas afirmações que mostra
Hagin ensina que “há um homem interior. E há um homem exterior. O homem exterior
não é o eu verdadeiro. O homem exterior é apenas a casa que você habita. O homem
interior é o eu verdadeiro.”79 Para esta teologia, fica claro que a essência do homem, não
soteriologia, trabalham com o pressuposto de que o crente pode viver sob o domínio do
?
Ibid, 185.
78
Michel Horton, A Face de Deus (São Paulo-SP: ECC, 1999), 1-90.
79
Alan B. Pieratt, O Evangelho da Prosperidade (São Paulo-SP: Vida Nova,1952), 160.
80
Ver mais, Pieratt, O Evangelho da Prosperidade, 157-199.
39
pecado81. O que é incompatível com a idéia bíblica de nova criação, em que o crente
morre para a antiga ordem do mal e ressuscita em Cristo, para uma nova vida. O que
de Deus.
81
?
Joêr Corrêa Batista, Movimento G-12: Uma Nova Reforma ou Uma Velha Heresia?, Fides Reformata
V:1 (Janeiro-Junho 2000), 33-36.
40
PARTE 2
CAPÍTULO 1
maior, que transmite o juízo universal de que a Ressurreição de Jesus tem uma relação
Diante destas duas premissas, portanto, pode-se inferir validamente que a doutrina da
que a maior parte deste capítulo se baseará em 1Co 15, onde Paulo, combate um tipo de
em 1Co 15, acerca da ressurreição dos mortos. O texto que estará sendo analisado, neste
tópico, é o texto de 1Co 15:12, que é um verso importante para a temática deste
trabalho. Mas, antes de tratar deste, é bom mencionar o contexto no qual se deu a
Corinto, cidade próxima à capital da Grécia, Atenas. Corinto era um grande centro
urbano da época, e tinha um grande valor comercial por sua localização estratégica.
Esta carta foi escrita mais ou menos em 55 82 e por isso, é considerada uma carta de
grande valor, na discussão da polêmica da ressurreição, pois foi escrita num período
que havia oposição (parcial ou geral) dentro da igreja contra Paulo, e estes oponentes,
comportamentos e atitudes com relação à várias áreas da vida cristã. Alguns têm visto
alguns vêem a presença de um novo tipo de judaizantes, um tipo helenizado. Foi até
82
Ver A.D. Carson et. alli, Introdução ao Novo Testamento (São Paulo-SP: Vida Nova, 1997), 315.
43
O verso de 1Co 15:12, está num contexto remoto, situado após uma seção
onde Paulo aborda assuntos relativos ao culto cristão (1Co 11-14). O contexto mediato
é o capítulo 15, logo depois dos versos onde Paulo fundamenta seu argumento para
problema teológico, dentro da igreja de Corinto, com respeito à ressurreição dos mortos,
cristã.
ele coloca uma pergunta condicionada por uma afirmação subordinada, cujo conteúdo
proposicional foi por ele, anteriormente, demonstrado e confirmado nos primeiros onze
versos. Sendo que a presença da conjunção () , pode ser entendida como uma
adversativa, contrastando, o que Paulo passa a falar, com aquilo que já falou
anteriormente.
Corinto: “Se está sendo pregado que Cristo foi ressuscitado dentre os mortos”
(
). Onde o uso de mais o infinitivo, indica que a afirmativa é considerada como algo
verdadeiro, e não duvidoso ou hipotético, é uma condição real. O conteúdo básico desta,
é que de forma contínua e presente tem sido pregado (o verbo “pregar” está no
83
Ver Carson et. alli., op. cit., pg. 310-315;
84
Augustus Nicodemus Lopes, O Culto Espiritual (São Paulo-SP: EPC, 1999), 26.
44
presente) o fato histórico que é a ressurreição de Cristo dentre os mortos. Este é um fato
(). “A
ressurreição dos mortos está assim no grego, sem artigo (AV: ‘ressurreição dos
Segundo, esta descrença na ressurreição dos mortos, não era generalizada, mas
sim, peculiar a alguns dentre os crentes da igreja de Corinto. Pois é usado o pronome
que a objeção quanto a esta, poderia ser um tipo de descrença na ressurreição literal do
Algumas alternativas tem sido sugeridas: Poderia ser uma influência do tipo grego-
platônica que pregava uma doutrina da imortalidade da alma; tem sido proposto um
conceito teológico, na qual se defendia uma “escatologia super-realizada”, que crê numa
escatológica no futuro; poderia, também, ser uma combinação de ambas; Outro motivo
85
Leon Morris, I Coríntios – Introdução e Comentário (São Paulo-SP: Mundo Cristão, 1986, 3ª ed.), 168.
45
associado à rejeição poderia ser uma atitude grega dualista que negava o valor do
corpo; alguns conseguem ver com base no verso 35, um tipo de ceticismo racionalista;
alguns até mesmo afirmam a presença de um elemento judeu, do tipo saduceu, que não
Terceiro, Paulo usa uma partícula interrogativa (), que neste contexto
pode denotar uma interrogação acerca do “como é possível que...?”87 O que indica que
Paulo estava interrogando sobre a possibilidade da ação descrita na oração. Paulo está
mortos, se está sendo pregado que Cristo foi ressuscitado dentre os mortos?” Em outras
Evangelho pregado. E para esta pergunta, fica claro pelo contexto literário, já existe
uma resposta lógica, “não é possível”. É impossível logicamente que alguém que crê no
Redefinindo o conteúdo deste verso, Paulo está falando para a igreja que é um
“absurdo” que alguns dentre eles, pudessem estar falando que não há ressurreição dos
mortos, pois a mensagem do evangelho recebida por eles (e que tem sido pregada)
contêm a crença de que Cristo foi ressuscitado dentre os mortos (1Co 15:1-11), que
86
?
Ver Carriker, “A Hermenêutica Escatológica de Paulo: 1Co 15:23-28”, Fides Reformata V:1 (Janeiro-
Junho 2000), 121-122; ver também, Morris, I Coríntios – Introdução e Comentário, 168.
87
?
F.W. Gingrich e F.W.Danker, Léxico do N.T. Grego/Português (São Paulo-SP: Vida Nova, 1984), s. v.
“”.
46
dos que negavam a ressurreição era incoerente, justamente porque não levavam a sério
É por isto que Paulo a partir do verso 13, mostra as consequências lógicas da
“se não há ressurreição dos mortos nem Cristo ressuscitou” (1Co 15:13). Nos próximos
No texto de 1Co 15:12, Paulo evidência a contradição dos crentes corintos que
negavam a ressurreição dos mortos. Mas, para chegar a esta conclusão ele fundamenta
seu argumento explicando sobre a natureza, origem e conteúdo daquilo que estava
sendo pregado nas igrejas, e deste modo, na igreja de Corinto. Este Evangelho, na visão
de Paulo, deve ser necessariamente crido por alguém que se julga cristão.
88
?
David Prior, A Mensagem de 1Coríntios (São Paulo-SP: Ed. ?, 1993)
47
verbo, que transmite não a idéia de novidade, mas de trazer ao conhecimento algo já
ou também, “faço conhecido”. Alguns vêem aqui “uma gentil censura. Alguns estavam
dadas nestes versos. E para elucidar a origem deste Evangelho será apontado três delas.
A primeira característica, é que este () foi “anunciado” pelo próprio
para este ponto, é que além de ter sido um Evangelho entregue pelo próprio Paulo, este,
ainda por cima, tinha sido o mesmo evangelho recebido pela igreja,
(). A terceira, é que até então, a igreja estava firme neste evangelho.
relativo aponta para Evangelho. O verbo no perfeito indica que a ação estava ainda
presente.
89
?
Morris, I Coríntios – Introdução e Comentário, 163.
48
Em suma, isto quer dizer, que ao tratar do assunto da ressurreição dos mortos, o
apóstolo parte do pressuposto daquilo que ele próprio tinha transmitido àquela igreja. E
daquilo que esta própria tinha recebido e permanecido até então. Ou seja, ao tratar da
ressurreição dos mortos, Paulo faz referência ao Evangelho, que não era algo
desconhecido por parte da igreja, mas, que estava sendo trazido à memória deles
No verso 3, Paulo explica aos crentes corintos, a origem daquilo que pregou à
igreja. E constatamos isto quando ele faz uma afirmação na seguinte expressão,
(
), “Pois o que primeiramente lhes transmiti foi o que recebi” (NVI).
claramente que a mensagem dele, não era original, ou seja, não teve origem em sua
própria pessoa. “A natureza derivativa do Evangelho é acentuada. Paulo não deu origem
à mensagem que lhes transmitiu. Esta era algo que ele próprio recebera.”90
expresso nos verbos, “recebestes” (v. 1), “transmiti” e “recebi” (v. 3). De modo geral
90
?
Ibid, 165.
91
?
J.Van Engen, “Tradição”, em ELWELL, W.A., Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, Vol.
III (São Paulo-SP: Vida Nova, 1990), 546.
49
argumentado, é que aquilo que foram chamados a transmitir não era dos homens, mas
entanto, difere desta, porque a tradição evangélica “não significa meramente aceitar a
receber a Jesus Cristo como Senhor (Cl 2:6). E fala, também, que “na voz da tradição, a
voz do próprio Deus é ouvida.” 96 E seguindo esta linha de raciocínio, Ladd diz que a
tradição histórica, que remonta a fatos da vida terrena de Jesus. Segundo é uma tradição
autoridade divina. Era assim a forma como a tradição era considerada pelos primeiros
92
K. Wegenast, “Ensinar”, em C. Brown e L. Coenen, Dicionário Internacional de Teologia do Novo
Testamento (São Paulo-SP: Vida Nova,2000), 647.
93
Ibid, 647.
94
Engen, “Tradição”, 547.
95
George Eldon Ladd, Teologia do Novo Testamento (São Paulo-SP: Exodus, 1997), 364.
96
Ibid, 364.
97
Para entender melhor este conceito ver: Ibid, 364.
50
teólogos do séc. II. O "próprio Deus” era “o derradeiro autor da revelação; mas Ele a
havia entregado a profetas e legisladores inspirados, acima de tudo aos apóstolos, que
Dentro desta tradição transmitida99 por Paulo, aqui em 1Coríntios 15, encontra-
que foi sepultado; que foi ressuscitado ao terceiro dia, segundo as Escrituras; e que foi
visto por Pedro e por várias testemunhas, das quais ele é uma, cf. 1Co 15:3ss. O que o
apóstolo cita a partir destes textos, é um resumo do kerygma. Ele clama que seu
credo que Paulo preservou, aqui, com as outras proclamações primitivas preservadas no
ressurreição é 1Co 15:4ss. Paulo transmitiu nos anos 50, aos Corintos, o que recebeu
por volta da quarta década do século, e existem boas razões para se crê que foi na
primeira metade desta década. No verso 11, Paulo menciona que sua formula
deste modo, isto leva-nos para um estágio mais antigo da tradição cristã primitiva. E a
natureza desta tradição mostra que sua origem situa-se nos próprios dias em que os
100
Webber, “A Note on 1Corinthians 15:3-5”, 269.
101
Delling, “The Significance of the Resurrection of Jesus for Faith in Jesus Christ”, 78-79.
51
Paulo, em comparação aos sermões apostólicos da primeira parte de Atos, que são
atribuídos à Pedro, pode-se perceber uma grande semelhança entre estas duas
tradições.102
Paulo mesmo, no mínimo, acreditava que a essência de seu kerygma era a dos
apóstolos primitivos. Em Galátas 1:2-18 fala da origem não humana do seu evangelho,
mas, no cap 2 da mesma carta diz que submeteu seu kerygma aos apóstolos. E em 1Co
15:1ss, ele expressamente declara que recebeu sua mensagem da tradição. Na carta aos
Romanos, Paulo concorda com o evangelho que ele e a igreja tinham em comum. Esta
igreja tinha recebido o Evangelho por outros fundadores, porém, Paulo chama o
conteúdo do Evangelho, considerada a data prematura que elas foram escritas. Para ele a
data em que Paulo entra em contato com estas tradições, não pode ser antes de sete anos
depois da crucificação de Jesus. E é possível que seja mais antiga, se pressupor que
Paulo tivesse conhecimento da doutrina cristã antes da sua conversão. O evangelho que
fato testemunhado por muitos, inclusive, por ele próprio, e que faz parte do Evangelho.
102
C. H. Dodd, "The Apostolic Preaching and Its Developments" [http://www.religion-online.org/cgi-
bin/relsearchd.dll/showbook?item_id=539], Setembro/2001.
103
?
Ibid.
104
?
Ibid.
52
E que este está sendo pregado, “deste modo” (- ) não somente por ele, mas,
().
do Evangelho, que é aquilo que Paulo cita nos versos 3ss. Diz, portanto, que este é o
“Este é o Evangelho autêntico, o Evangelho que todos os apóstolos fazem seu costume
proclamar. E assim crestes lembra aos coríntios que esta é a base da sua fé. Foi nesta
mensagem, e não noutra que eles tinham crido quando se tornaram cristãos. Qualquer
Concluindo, o conteúdo daquilo que Paulo recebeu e transmitiu à igreja, tem sua
origem no kerygma da igreja primitiva. E que portanto, a mensagem de que Cristo foi
razoavelmente, pois muitas testemunhas ainda poderiam até mesmo serem identificadas
105
Morris, I Coríntios – Introdução e Comentário, 167-168.
53
dos mortos esta fundamentada no próprio Evangelho Primitivo. E para este propósito é
fundamental, agora fazer uma relação entre 1Co 15:1-11 e os versos 20-23.
Para Paulo, bem como para os primeiros cristãos, a ressurreição de Cristo tem
no futuro. A ressurreição de Jesus não foi um ato isolado da história, mas sim, um
evento que está inserido num plano teológico bem mais complexo. “É a vida eterna
Paulo, no verso 20, após ter considerado, hipoteticamente, nos versos 12- 19, as
de Jesus Cristo com a dos crentes que se dará no futuro. E para isto, introduz um
conceito expresso pela declaração de Cristo como as “primícias dos que dormem”,
().
As primícias constituem o começo da colheita em si. Embora não sejam sinônimas da colheita
em sua totalidade, as primícias são mais do que flores e folhas e frutos verdes; elas são os
frutos maduros, prontos para a colheita; e, porque são as primícias, são também a promessa e a
garantia de que a colheita total acontecerá brevemente. A ressurreição dos crentes relaciona-se
à ressurreição de Jesus como a colheita total, com os primeiros frutos da colheita. São idênticos
em qualidade; a única diferença é ser quantitativa e temporal.107
Para os cristãos primitivos, a idéia de primícias dos que dormem, era a crença
que o início da ressurreição dos mortos já tinha começado, Cullmann, fazendo uma
ressurreição, diz:
deveríamos começar simplesmente a escutar o que ensina o Novo Testamento. “Jesus Cristo,
primogênito dentre os mortos!” Seu corpo, o primeiro corpo de ressurreição, o primeiro corpo
106
?
Ladd, Teologia do Novo Testamento, 306-307.
107
?
Ibid, 348.
54
espiritual! Toda a vida e todo o pensamento dos que tinham esta convicção deveriam ser
transformadas radicalmente sob sua influência. Tudo o que se sucedeu na comunidade
primitiva explica-se somente a partir daqui108
com a dos crentes no futuro, é a comparação paulina entre Adão e Cristo. Paulo afirma
no verso 21, que a morte entrou no mundo por meio de um só homem, e que do mesmo
modo, a ressurreição dos mortos, também, veio por meio de um só homem. A “repetida
expressão de Paulo, por um homem, indica a realidade da encarnação. Cristo era tão
verdadeiramente homem como o fora Adão. Era próprio que, como foi por um homem
do segundo Adão, que é Cristo. Primeiro, veio Adão, o físico, depois Cristo, o
humanidade.110
ressurreição de Jesus está, também, presente.111 No texto de Atos 4:2, está registrado
Oscar Cullmann, Das Origens do Evangelho à Formação da Teologia Cristã (São Paulo-SP: Novo
108
?
Ladd, Teologia do Novo Testamento, 306-307.
55
mortos, k(kai
efeito causado pela pregação deles sobre os saduceus, que se opuseram aos apóstolos
eles ensinavam, pode-se inferir que ensinavam a ressurreição dos crentes em Cristo. A
20:27-40, e por isto opunham-se de modo especial aos cristãos pelo fato de acreditarem
tornavam diferentes dos fariseus, que também contendiam com os saduceus, pois
especulativo, que não poderia trazer tanta preocupação para seus oponentes. Porém,
com os cristãos, a “ressurreição dos mortos não era mais uma debatida esperança
teológica com relação ao futuro; era um fato do presente, que colocou toda a matéria em
questão dentro de uma nova perspectiva, de tal forma que não poderia mais ser ignorada
Jesus Cristo não é considerada separada da ressurreição futura dos mortos em Cristo.
Sendo assim há uma identidade entre a futura ressurreição dos mortos e a própria
ressurreição de Jesus.
A ressurreição de Cristo e a daqueles que pertencem a Cristo constituem duas partes de uma
única entidade, dois atos em um único drama, dois estágios de um único processo. O
relacionamento temporal não é importante. Não importa quanto demoraria o intervalo de tempo
112
Ibid, 307.
56
entre esses dois estágios da ressurreição. Este fato não afeta a relação lógica ou, seria melhor
dizer, a relação teológica. A ressurreição de Jesus é “as primícias” da ressurreição escatológica
do final dos tempos.113
Portanto, pode-se dizer que a ressurreição dos mortos, era uma doutrina presente
de Jesus, existe uma relação de mútua dependência lógica e teológica. De forma que se
necessariamente estar-se-á negando a outra. É por isso que Paulo no verso 12 coloca
aquele grande ponto de interrogação: como é possível negar a ressurreição dos mortos
113
Ibid, 309.
57
CAPÍTULO 2
acerca da ressurreição de Jesus; 3) Mostrar por meio do argumento de Paulo em 1Co 15,
que negar a ressurreição dos mortos, seria negar o próprio testemunho apostólico, e
“D.F.Strauss, por exemplo, o mais sarcástico e insensível dentre os críticos da igreja, ao tratar
da Ressurreição, reconhece que ela é o ‘teste decisivo não apenas da vida de Jesus, mas do
próprio cristianismo’, que ‘toca o âmago do Cristianismo’, e que é decisiva para toda a idéia de
cristianismo’ (New Life of Jesus (Nova Vida de Jesus), tradução em inglês, 2 vol. Londres:
1865, vol. 1, p. 41, 397). Se isto se for, tudo aquilo que é vital e essencial ao cristianismo
114
É bom esclarecer que o assunto aqui, não é demonstrar a historicidade do testemunho da ressurreição
de Jesus, mas sim, mostrar que este testemunho existe no Novo Testamento, e que a fé na ressurreição,
sendo verdadeira ou falsa, estava presente na igreja primitiva.
58
também se vai, se ficar, tudo o mais ficará. E assim, através dos séculos, de Celso em diante, a
Ressurreição tem sido o centro tempestuoso que recebe ataques contra a fé cristã.” 115
Muitos rejeitam a ressurreição dos mortos, tal como é pregada pelo Cristianismo
ortodoxo, por causa de ser um fenômeno que viola as leis da natureza. Porém, o
Cristianismo distingue-se das outras religiões históricas por ser uma religião totalmente
“tire o milagroso do cristianismo e terá uma religião totalmente diferente. Isso não
acontece com o islamismo ou com o budismo.” 116 Isto porque, a “Igreja nunca tentou
proclamar sua revelação especial sem apresentar a evidência do milagre divino, única,
A maioria dos estudiosos não podem negar que a igreja surgiu como resultado da
O milagre supremo para o qual a Igreja tem chamado a atenção do mundo desde os primeiros
dias é certamente o da ressurreição de Jesus dentre os mortos. O desenvolvimento dos estudos
ultimamente feitos sobre o Novo Testamento não deixou lugar algum para se duvidar que o
cristianismo teve sua origem na pregação do Cristo ressuscitado. Não saíram eles primeiro para
o mundo com o “evangelho simples” de que Deus é amor, e nem tomaram o Sermão do Monte
como a base das Boas-Novas. Proclamaram, sim, Jesus e a ressurreição. O resto veio depois.118
Um dos argumentos que os teólogos tem usado para falar sobre a historicidade
se trata de um sólido fato histórico que os discípulos creram que Jesus ressurgiu dentre
Josh McDowell, Evidência Que Exige Um Veredito: Evidências históricas da fé cristã (São Paulo-SP:
115
os mortos. Os eruditos que são incapazes de crer numa real ressurreição de Jesus
cristianismo, que o Novo Testamento sem este testemunho não faria muito sentido.
Caso “se removessem todas as passagens que contêm referência à Ressurreição, ter-se-
ia uma coleção de textos tão mutilados que seria impossível de compreender o que
tivesse restado.”120
Porque se este for falso ou enganoso toda a mensagem cristã, cai por terra. Isto porque o
cristianismo não é uma religião que “nos vem por visões ou descobertas de gênios
religiosos” nem por “conceitos “espirituais” duma “religião ética”, nem “por mística
De fato, não seguimos fábulas engenhosamente inventadas, quando lhes falamos a respeito do
poder e da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo; ao contrário, nós fomos testemunhas oculares
da sua majestade. Ele recebeu honra e glória da parte de Deus Pai, quando da suprema glória
lhe foi dirigida a voz que disse: “Este é o meu filho amado, em quem me agrado”. Nós mesmos
ouvimos essa voz vinda dos céus, quando estávamos com ele no monte santo. (2Pedro 1:16-18
– NVI)
119
?
Ladd, Teologia do Novo Testamento, 303.
120
McDowell, Evidências Que Exige um Veredito: Evidências históricas da fé cristã, 230.
121
?
Richardson, Apologética Cristã, 136.
60
conquistar o mundo não era uma simples compreensão dos princípios eternos; era uma
este for considerado falso em seu conteúdo, todo o cristianismo será comprometido e
Evangelhos. E pode-se verificar a presença destas tanto nos sinóticos como no livro de
João.
O quadro123 a seguir mostra uma sinopse das narrativas dos Evangelhos, acerca
com as duas
mulheres
15 Pedro e João
entram no túmulo
vazio; Pedro crê
(21:3-10)
16 Jesus aparece a
Maria (21:11-17)
17 Maria conta aos
discípulos
18 Aparecimento a
dois discípulos
perto de Emaús
19 Aparecimento aos Aparecimento aos
onze em Jerusalém discípulos (20:19-
(24:36-49) 23)
20 Segundo
aparecimento aos
onze, inclusive
Tomé (20:21-29)
21 Aparecimento em
Tiberíades (21:1-
23)
22 a grande comissão
na Galiléia
23 a ascensão de
Betânia
O objetivo, aqui, foi mostrar que há nos Evangelhos o testemunho que Cristo
ressurgiu depois de ter sido morto e apareceu a alguns, físicamente, embora num corpo
63
com algumas características diferentes.124 É um fato básico que dentro das narrativas
dos Evangelhos, o mesmo Jesus que foi morto e sepultado é o mesmo Jesus que
2 – As Pregações em Atos
O próprio autor de Atos, Lucas no início de sua obra diz sobre a manifestação do
A estes também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas provas incontestáveis,
aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando das coisas concernentes ao reino de Deus. E,
comendo com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem
a promessa do Pai, a qual, disse ele, de mim ouvistes. Porque João, na verdade, batizou com
água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias. (Atos 1:3-5
- ARA)
apóstolo, um dos critérios mais importantes foi o de ter sido testemunha ocular da
ressurreição de Jesus. “É necessário, pois, que, dos homens que nos acompanharam
todo o tempo que o Senhor Jesus andou entre nós, começando no batismo de João, até
ao dia em que dentre nós foi levado às alturas, um destes se torne testemunha conosco
124
?
Para uma discussão mais detalhada: Ibid, 2092-2093.
125
Para a natureza e confiabilidade dos registros de sermões atribuídos a Pedro e a Paulo, bem como
outros, ver Ladd, Teologia do Novo Testamento, Cap. 23: A Teologia de Atos: O Problema Crítico; ver
também, Dodd, "The Apostolic Preaching and Its Developments".
64
Aqueles a quem os judeus haviam assassinado, mas, “ao qual, porém, Deus ressuscitou,
rompendo os grilhões da morte; porquanto não era possível fosse ele retido por ela.”
(Atos 2:24 - ARA). É “este o fato principal, que os primeiros pregadores ressaltaram
Quando Pedro e João curaram um mendigo aleijado, At. 3:1-10, eles tiveram a
ressurreição de Jesus, e afirmaram serem testemunhas desta. Pedro prega aos judeus:
“Destarte, matastes o Autor da vida, a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, do que
nós somos testemunhas.” (Atos 3:15 – ARA) E pelo que o contexto indica, no verso 26
Pedro e João foram presos por causa da pregação deles no Templo, e depois de
soltos, foram advertidos a não falarem e nem ensinarem mais nada em nome de Jesus.
Porém, responderam, “Julgai se é justo diante de Deus ouvir-vos antes a vós outros do
que a Deus; pois nós não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos.”
126
?
L. Howard Marshall, Atos: introdução e comentário (São Paulo-SP: Vida Nova, 1982), 75.
65
pode ser visto que apesar das perseguições “os apóstolos, como aqueles que foram
a testificar com grande poder a despeito da proibição dos judeus contra a sua
pregação.”128
mostra bem esta verdade. Pedro pregando na casa de Cornélio, um centurião romano,
diz:
Nós somos testemunhas de tudo o que ele fez na terra dos judeus e em Jerusalém, onde o
mataram, suspendendo-o num madeiro. Deus, porém, o ressuscitou no terceiro dia e fez que ele
fosse visto, não por todo o povo, mas por testemunhas que designara de antemão, por nós que
comemos e bebemos com ele depois que ressuscitou dos mortos. Ele nos mandou pregar ao
povo e testemunhar que foi a ele que Deus, constituiu juiz de vivos e de mortos. Todos os
profetas dão testemunho dele. De que todo o que nele crê recebe o perdão dos pecados
mediante o seu nome. (Atos 10:39-43 – NVI)
Pedro, mais os apóstolos, mais uma vez estavam testemunhando e falando deles
próprios como pessoas especiais, que puderam comer e beber com aquele que antes
tinha sido morto e sepultado. Eles eram testemunhas escolhidas. “As aparições pós-
ressurreição não foram reveladas ao povo em geral. Parece que a razão era que aqueles
que viram a Jesus foram constituídos como testemunhas diante das muitas pessoas que
Lucas, também, mostra que por várias vezes Paulo também testemunhou e
127
?
ver comentário do verso 19-20, em Marshall, Atos: introdução e comentário, 101-102.
128
Ibid, 107.
129
Ibid, 185.
66
Písidia, segue mais ou menos a mensagem de Pedro. Quanto à ressurreição diz: “Mas
Deus o ressuscitou dentre os mortos; e foi visto muitos dias pelos que, com ele,
subiram da Galiléia para Jerusalém, os quais são agora as suas testemunhas perante o
curiosidade dos filósofos (At. 17:16-18). Estes o levaram para o Areópago, onde
embora não seguindo o mesmo modelo da maioria das pregações registradas em Atos,
anuncia a Jesus que foi ressuscitado (At. 17:31). Mais uma vez, é visto que o
testemunho histórico é usado, até mesmo, para um diálogo com aqueles que se baseiam
Poderia, ainda, ser citados outros textos, mas, estes são suficientes para o
ressurreição de Cristo.
3 – 1Coríntios 15:3-11
apostólico para a ressurreição de Jesus é o de Paulo em 1Co 15. Dois motivos fazem
com que seja assim: O primeiro, é que a nível histórico, como já foi visto anteriormente,
é que aqui, Paulo preserva uma tradição bem primitiva 130 do Evangelho cristão. O
segundo motivo, é a forma como Paulo usou a tradição e o testemunho para combater o
130
?
Josh McDowell, Ele Andou Entre Nós: Evidências do Jesus Histórico (São Paulo-SP: Ed. Candeia,
1995), 309.
67
erro doutrinário da igreja. Ele tinha consciência do grande valor que significava o
foi o que também recebi”, introduz o Evangelho segundo a tradição recebida. Ele
apresenta o conteúdo desta por meio de quatro cláusulas introduzidas por ()132,
onde cada uma destas tem função de aposto, ou seja, de enumerar os pontos básicos
teológico. O segundo, declara o fato de que Cristo foi sepultado. O que mostra que a
igreja primitiva não tinha dúvida sobre a realidade da morte de Cristo, e o sepultamento
Jesus, mediante obra de Deus134, o que concorda com o testemunho dos sermões da
primeira parte de Atos. Interessante, é a forma de paralelismo que esta cláusula mantém
para com a primeira. Com estas palavras Paulo, também, faz uma identidade do Cristo
Paulo apresenta à igreja. Ele declara que Cristo foi visto 136: 1) por Pedro; 2) pelos doze;
131
Ver Ibid, 307-310.
132
Ver Delling, “The Significance of the Resurrection of Jesus for Faith in Jesus Christ”, 82.
133
Morris, I Coríntios – Introdução e Comentário, 165.
134
O verbo está no passivo.
135
Delling, “The Significance of the Resurrection of Jesus for Faith in Jesus Christ”, 81.
136
?
Delling, “The Significance of the Resurrection of Jesus for Faith in Jesus Christ”, 84-85; ver também,
discussão: Brown e Coenen, “Ressurreição”, s. t. “A ressurreição na teologia contemporânea”.
68
3) por mais de quinhentos irmãos, em que a maioria vive até agora, porém, alguns já
dormem; 4) por Tiago; 5) por todos os apóstolos; 6) por último por Paulo.
declarações das aparições do Jesus ressurreto não podem ser derivadas diretamente
desta. Tem sido mostrado que na LXX, o termo pode significar a vinda de Deus a
alguém sem que este se torne visível. Mas, é sempre claro, no caso das aparições da
presença, mas ser manifesto como presença visível. Com respeito a () de Jesus
ressurreto para Paulo, este diz: "Eu tenho visto o Senhor" (1co 9:1). Nas narrativas da
tumba vazia, é feita a promessa que na Galiléia os discípulos iriam ver a Jesus ressurreto
declarações acerca das aparições visíveis de Jesus, "foi visto" é certamente sempre
mostrado pelo fato de que o Jesus ressuscitado aparece em forma corporal, e que há uma
principal que Paulo usa para combater aqueles que não acreditavam na ressurreição dos
mortos. Um ponto importante a ser destacado aqui, é que Paulo escrevendo mais ou
menos a uns 22 anos após os fatos terem ocorrido, fala que daqueles mais de quinhentos
Com essas palavras, ele pôs em risco toda a sua credibilidade; pois o que escreveu era, com
efeito, um convite implícito a todos os que duvidavam de sua declaração poderem comprová-
137
?
Aqui, há divergências entre estudiosos sobre os limites entre a tradição e as próprias palavras de Paulo,
ver, Morris, I Coríntios – Introdução e Comentário, 165-167
69
la, desde que a maioria das 500 testemunhas estava ainda viva para ser interrogada. No
mundo antigo não seria uma tarefa assim tão difícil entrar em contato com
algumas delas.138
Outro ponto a ser destacado, é que Paulo coloca-se, também, como testemunha
do Cristo ressuscitado, quando no final da lista diz: “e por último de todos, apareceu
também a mim”. Alguns dizem que Paulo refere-se à experiência dele no caminho de
Damasco e coloca assim, as aparições citadas no mesmo nível da visão que ele teve de
Paulo não era simplesmente uma visão (cf. 1Co 12:4 – sic. “2Co 12:4”; 2Co 12:1) mas
sim, um encontro face a face com o Cristo ressurreto e glorificado”. 141 As únicas
alternativas reais para explicar esta conversão, é o agnosticismo, que não é uma solução,
ou então, “a aparição real de Jesus Cristo aos seus sentidos no caminho para Damasco,
aparição de Jesus, poderia tê-lo convencido de que Jesus ressuscitou dentre os mortos, e
139
Ver Morris, I Coríntios – Introdução e Comentário, 166; Clarence Tucker Craig, The Interpreter’s
Bible, vol 10 (New York: Abingdon, s.data), 220.
140
?
Ver Marshall, Atos: Introdução e Comentário, 161-166.
141
Brown e Coenen, “Ressurreição”, 2094.
142
Ibid, 303.
70
veracidade daquele implica na veracidade deste; 2) que não há motivos para negar a
existência do testemunho cristão desde o tempo primitivo da igreja, pois este foi
preservado em vários documentos. Portanto, o objetivo, agora, é mostrar que para Paulo
próprio cristianismo.
ressurreição de Jesus, onde apresenta uma lista de testemunhas desta, passa a contrapor
no verso 12 (, uma conjunção adversativa neste contexto) o que estava acontecendo na
igreja (Este verso já foi estudado, no capítulo anterior). Neste verso, Paulo aponta para a
mortos, dentro de um contexto de fé que não possibilita tal atitude. E para reforçar seu
argumento, Paulo leva a proposição, que nega a ressurreição dos mortos, às suas
pode ser dita assim: Não crer na doutrina da ressurreição dos mortos é comprometer a
veracidade do Cristianismo.
isolado, mas sim, um evento que faz parte da ressurreição escatológica, na qual os
Cristã. Porque para Paulo, se não há ressurreição dos mortos, Cristo, também, não foi
ressuscitado. E isto é negar o próprio Evangelho, que significa por sua vez, negar a fé
Paulo diz no verso 15, que uma das consequências da negação da ressurreição
dos mortos, é que sendo assim, ele e os demais pregadores do Evangelho, que “daquele
71
modo” estavam pregando, são falsas testemunhas. Em outras palavras, aqueles corintos
como de má índole.
“Tal falsa testemunha tornaria a mensagem um mito, uma composição humana que
surge de desejos humanos, e, ao mesmo tempo, estaria clamando que sua mensagem
Deus, que ele ressuscitou a Jesus, o que Ele não fez. Estavam dizendo que Deus fez uma
coisa que na verdade não fez. Se é certo (- ), ou seja, se é verdade
143
?
Fritz Rienecker e Cleon Rogers, Chave Linguística do Novo Testamento Grego (São Paulo-SP: Vida
Nova, 1985), 326.
144
Ibid, 326. O genitivo pode tanto ser objetivo “falsa testemunha de Deus”, como subjetiva “falsa
testemunha alegando provir de Deus”
145
Ibid, 326.
146
Morris, I Coríntios – Introdução e Comentário, 169.
72
Pelo o que Paulo diz, fica claro que a crença na ressurreição dos mortos está
ressurreição dos mortos, do modo que é pregada e entendida pelos cristãos primitivos.
Paulo, aqui, não concorda com a idéia de um cristianismo sem a crença na ressurreição.
Este argumento de Paulo, era pertinente, porque a doutrina da ressurreição dos mortos
está fundamentada sobre o testemunho de algo – que era crido até mesmo pelos que
negavam esta doutrina147 – a ressurreição de Jesus. Para a fé das igrejas cristãs nesta,
ressurreição dos mortos, seria dizer que Pedro, que os doze, que aqueles mais de
quinhentos irmãos, que Tiago, que todos os apóstolos, e ele mesmo, estavam sendo
falsas testemunhas, e portanto, a igreja nasceu de uma falsa mensagem. A igreja seria
dizer, de tudo o que foi estudado neste capítulo, que a fé nesta é indispensável para
autêntico?
74
CAPÍTULO 3
A ressurreição dos mortos é uma das doutrinas cristãs, que se for negada, afeta
de forma significativa vários pontos doutrinários da igreja cristã, tal como é estabelecida
negação da ressurreição de Jesus, isto na visão de Paulo, como foi estudado. Porém, a
ressurreição de Cristo é uma questão bem mais ampla do que a própria ressurreição,
pois, não envolve somente esta, mas também, a natureza da fé cristã como um todo 149.
Portanto, neste capítulo, serão estudados alguns pontos doutrinários que seriam afetados
tempos mais antigos são as confusões causadas pela ambigüidade do termo Deus. É
mais do que provado que o homem é um ser religioso, não importando o grau de
civilização em que se encontra. Esta é uma tendência natural humana. Da qual surge os
?
Ladd, Teologia do Novo Testamento, 302.
75
basta acreditar no termo Deus, para o cristianismo é necessário crer naquele conceito
história humana.150
são aquelas coisas que o cristão chama de milagres. A Teologia Cristã é a ciência de
por que têm um conceito bem limitado de Deus, geralmente deísta ou panteísta. Porém
os primeiros cristãos saíram para o mundo com uma notícia sobre Deus. Isto num
contexto, onde o mundo daquela época era profundamente religioso. Onde havia a
disso, havia o culto ao Imperador. Havia várias religiões de mistério com características
Haviam vários tipos de filosofias para explicar a vida humana, ora místicas ora cépticas.
cristianismo, pode-se dizer que os primeiros cristãos anunciavam aos homens da época
Deus qualquer, mas um que tinha características bem específicas, que era distinto dos
demais deuses daquele tempo. E por este fato, é que se pode dizer que a negação da
150
?
Ver Francis A.Schaeffer, O Deus Que Intervém (Brasília-DF: Refúgio, 1985), 101-103.
Ver Merrill C. Tenney, O Novo Testamento: Sua origem e análise (São Paulo-SP: Vida Nova, 1995),
151
95-109.
76
doutrina da ressurreição dos mortos envolve uma negação do conceito bíblico do Deus
Cristão.
teólogos, vai mostrar que Cristo, também, é descrito como autor de sua própria
ressurreição, que esta deu-se por Seu próprio poder. Pois Ele “falou de Si mesmo como
a ressurreição e a vida, Jo 11:25, declarou que tinha o poder de entregar a Sua vida e de
retomá-la, Jo 10:18, e até predisse que reedificaria o templo do Seu corpo, Jo 2:19-
21.”152 Porém, estes mesmos estudiosos, não podem negar que a ressurreição não foi
obra somente da pessoa de Jesus. Esta é uma questão da Teologia Sistemática, que
Mas a ressurreição não foi uma realização unicamente de Cristo; Frequentemente é atribuída,
na Escritura, ao poder de Deus em geral, At. 2:24, 32; 3.26; 5:30; 1Co 6:14; Ef 1:20, ou, mais
particularmente, ao Pai, Rm 6:4; Gl 1.1; 1Pe 1.3. E se a ressurreição pode ser chamada obra de
Deus, segue-se que o Espírito Santo também agiu nela, pois todas as opera ad extra (obras
divinas externas à Trindade) são obras do trino Deus. Ademais, em Rm 8:11 isso também está
implicíto.153
a concepção teológica da igreja primitiva, de que Deus operou esta obra na vida de
Cristo. Paulo, em 1Co 15:15, diz sobre a condição em que os apóstolos seriam
motivo pelo qual seriam assim chamados, está na explicação dada por ele mesmo. O
qual usa um () explicativo (“porque”) em que diz “nós testemunhamos contra
Deus que Ele ressuscitou a Cristo”, o qual Ele não ressuscitou, se é verdade que os
mortos não ressuscitam. O que significaria, que os apóstolos seriam falsas testemunhas,
pois estavam mentindo porquanto pregavam que Deus fez algo que na verdade não fez.
152
?
Berkhof, Teologia Sistemática, 347.
153
?
Ibid, 347-348.
77
O inverso do que Paulo está dizendo aos corintos, conduz a uma verdade bíblica
Atos, onde Paulo e demais apóstolos pregavam que Deus havia ressuscitado a Jesus
Cristo (e.g. Atos 2:24; 13:30). Negar a ressurreição seria negar o conceito apostólico de
Deus.
Este ato de Deus ressuscitar a Jesus, é visto nas Escrituras de uma forma muito
especial. Em que Deus passa a ser caracterizado por esta ação. Algo no NT chama a
atenção, para o fato de que a declaração “que ... ressuscitou”, onde Deus é o sujeito,
por Paulo, como aqueles que crêem “naquele que ressuscitou a Jesus, nosso Senhor,
significa que os Cristãos confessam o Deus que ressuscitou Jesus dos mortos. Portanto,
forma de uma cláusula participial usada pelo Judaísmo: “O Deus que vivifica os
mortos”, no final da segunda benção do shemoneh ‘esrah (Paulo usa em Rm 4:17, cf.
2Co 1:9). Conforme, este estudioso, o Cristianismo Primitivo fez uma distinção entre si
mesmo e o Judaísmo, neste ponto. Aquele é distinto deste porque crê naquele que
ressuscitou a Jesus dos mortos. Ao passo que o título divino do Judaísmo refere a uma
154
?
Delling, “The Significance of the Resurrection of Jesus for Faith in Jesus Christ”, 87.
78
ação de Deus no futuro, o título Cristão significa que a ação escatológica de Deus já
De acordo com o que foi visto, sendo a mensagem evangélica uma proclamação
do que Deus fez ao ressuscitar a Cristo, pode-se concluir que a doutrina da ressurreição
dos mortos é essencial, pois é indispensável para a concepção bíblica de Deus, visto que
se relaciona com uma obra decisiva dEste, que O caracteriza historicamente na fé cristã.
A pessoa de Jesus Cristo, desde o início foi alvo de várias interpretações. Houve
os “fatos brutos a respeito de Jesus não falam por si mesmos. Exigem uma estrutura de
O Novo Testamento fala sobre quem é Jesus. E pode-se ver que Jesus é
considerado como Cristo, Salvador, Senhor, Filho de Deus, et alii. E dentro disto, a
“ressurreição de Jesus é um elemento essencial de todo seu retrato. Ela pertence a sua
história e tem um lado fatual.”158 Para os primeiros cristãos o Jesus terreno e o Cristo
155
Ibid, 87-88.
156
Ver McDowell, Ele Andou Entre Nós: Evidências do Jesus Histórico, 351-367.
157
Carl E. Braaten, “A pessoa de Jesus Cristo”, em Dogmática Cristã, Volume 1 (São Leopoldo-RS:
Sinodal, 1990), 508.
158
Braaten, “A pessoa de Jesus Cristo”, 509.
79
ressurreto são a mesma pessoa. “A identidade pessoal de Jesus Cristo inclui tanto sua
teológica da fé cristã quanto à pessoa de Jesus. Portanto, uma outra doutrina que seria
afetada pela não verdade da doutrina da ressurreição dos mortos, seria a Cristologia, no
válido, que diz: se não há ressurreição dos mortos, nem Cristo ressuscitou (1Co 15:13).
pensamento dos primeiros cristãos da igreja primitiva, em que viam que a ressurreição
de Jesus estava intimamente ligada à natureza de sua morte, formando uma unidade que
ressurreição de Jesus foi um ato pelo qual Deus pôs fim a sua humilhação e o exaltou
15:14)”162.
Um dos maiores problemas para os judeus, dos tempos de Jesus, era entender
que este era, de fato, o Messias, o Filho de Deus. Em resposta a isto, os primeiros
cristãos disseram que a ressurreição de Jesus foi uma obra de Deus, como sinal de que
deu sua aprovação àquele, no qual O exaltou. E isto pode ser visto, já no primeiro
159
Ibid, 509.
160
Berkhof, Teologia Sistemática, 347.
Delling, “The Significance of the Resurrection of Jesus for Faith in Jesus Christ”; Ladd, Teologia do
161
sermão da igreja, em Atos 2, verso 22, onde Pedro apresenta Jesus como alguém que no
seu ministério terreno tinha dado provas de que tinha a aprovação de Deus, por meio de
milagres, maravilhas e sinais. Os judeus estavam cientes destes fatos, porém, tinham
interpretado de forma errada, e chegaram a atribuir estes poderes à obra de Belzebu (Lc
11:15)163.
Pedro, fazendo relação ao que disse no v. 22, passa a explicar a morte de Jesus,
culpando os judeus desta, embora esta estivesse sob os decretos divinos. Todavia, os
judeus estavam errados em suas interpretações acerca de Jesus, quando o mataram, pois
Deus o ressuscitou dentre os mortos. E no verso 24, um contraste, entre a atitude dos
judeus em relação a Cristo e às suas obras é feito por meio da menção de que este foi
conclui: “Portanto, que todo Israel fique certo disto:164 Este Jesus, a quem vocês
Para Pedro, a ressurreição foi um ato de Deus, que demonstrou que Jesus era o
163
Marshall, Atos: introdução e comentário, 75.
164
?
indica a fortaleza da conclusão.
165
?
Para uma maior discussão sobre o significado Senhor () e Cristo () ver Ladd, op. cit., 318-
322.
81
Por outras palavras, a ressurreição foi a inversão divina do veredicto humano. Foi, porém, mais
do que isso. Mediante a ressurreição Deus “glorificou” e “exaltou” a Jesus que havia morrido.
Promovendo-o ao lugar de suprema honra à sua direita, em cumprimento ao Salmo 110:1 e por
causa da realização da sua morte, Deus transformou ao Jesus crucificado e ressurreto em
“Senhor e Cristo” e em “Príncipe e Salvador”, dando-lhe autoridade para salvar os pecadores
concendo-lhes arrependimento, perdão e o Dom do Espírito.166
É bom esclarecer que o contexto indica que Deus não estabeleceu a Jesus,
como Senhor e Messias por meio da ressurreição, mas, que por causa de “ser Ele o
Messias (cf. 2:22; 10:38 e sgs.) que Jesus foi ressuscitado dentre os mortos, e foi
Alguém que já tinha o título de Senhor que foi conclamado a assentar-Se à destra de
Alguns não concordam que poderia existir tão cedo no ceio da igreja, uma
cristologia tão avançada, porém existem evidências que tornam inconclusivas estas
objeções.169 De fato, o que fica claro, é que a idéia da ressurreição associada à exaltação
de Cristo está presente desde o primeiro sermão da igreja primitiva. 170 “O plano divino
“ressurreição deve ser entendida como sendo a glorificação de Jesus” e não “meramente
de uma revificação”, mas, sim, “uma ascensão para estar com Deus”171
E foi, justamente, o fato da ressurreição de Jesus não ter sido uma mera volta à
169
ver Ibid, 321-322.
170
?
Donald J. Goergen, O.P., The Death and Resurrection of Jesus, Volume 2: A Theology of Jesus
[http://www.op.org/don/resurr/default.htm], Outubro/2001.
171
?
Marshall, Atos: introdução e comentário, passim.
82
torna-se de grande valor para a concepção do novo estado de Cristo. Esta ressurreição
Jesus foi o aparecimento da vida eterna no meio da imortalidade.”172 Existe boa razão
para se crer que a ressurreição de Jesus foi o momento em que ocorreu a glorificação e
exaltação de Cristo.173
Portanto, negar a ressurreição dos mortos, seria negar a teologia Cristológica que
crê que Jesus está num estado de exaltação, como Messias e Senhor. Porém, não
somente a pessoa de Jesus Cristo seria afetada, mas, também a sua obra redentora, que
Não somente a pessoa de Cristo seria afetada pela negação da ressurreição dos
mortos, mas também, a obra salvadora de Deus, em Cristo Jesus. Pois se não há
ressurreição dos mortos, pode-se inferir que também não há salvação. Esta é a
Testamento.
Não se pode perder de vista que a Teologia Reformada crê, biblicamente, que a
salvação se deu, eficazmente na morte de Jesus. Algumas observações sobre isto são as
seguintes
172
Ladd, Teologia do Novo Testamento, 317.
173
Ibid, 317.
174
Berkhof, Teologia Sistemática, 415. Ele diz: “Há a mais íntima relação possível entre a cristologia e a
soteriologia. Alguns, como, por exemplo, Hodge, tratam de ambas sob o título comum de “Soteriologia”.
Neste caso, a cristologia se torna soteriologia objetiva, distinguindo-se da soteriologia subjetiva.”
83
A primeira é que Cristo morreu por nós, que é a concepção de que esta morte
tem uma conotação de altruísmo e de valor benéfico. “Ele a empreendeu por nossa
causa, não pela sua, e cria que através dela nos garantia um bem que não poderia ser
redentora, visa reconciliar o homem a Deus. E esta salvação é descrita de vários modos.
vezes é positiva – vida nova ou eterna, ou paz com Deus no gozo de seu favor e
comunhão.”176
Terceiro, Cristo morreu por nossos pecados, pois sendo estes o obstáculo que
pecado, o Novo Testamento afirma que “Jesus Cristo, sendo sem pecado e não tendo
necessidade de morrer, sofreu a nossa morte, a morte que nossos pecados mereciam.”178
Porém, a morte de Cristo não teria nenhum significado se não tivesse acontecido
a ressurreição, assim como esta não teria nenhum valor se a cruz de Cristo não tivesse
tal natureza vista acima179. E esta idéia de relação entre a morte e a ressurreição de
175
?
Stott, A Cruz de Cristo, 54.
176
Ibid, 55.
177
Ibid, 55.
178
Ibid, 56.
179
?
Ibid, 28.
84
vindicação da morte de Jesus. A ressurreição abre a porta para a teologia da cruz, para
uma nova interpretação de morte de Jesus. Esta não significou que Deus abandonou a
É por meio da ressurreição de Jesus que Deus uma vez por todas identifica todo o ministério
terreno de Jesus como a obra dele que inaugura o reino de Deus pela sua pregação e ações, e
pelas sua palavras atos, redimi o homem e traz-lhe para dentro do reino de Deus. Deus
confirma pela ressurreição de Jesus que suas ações estavam sob a vontade de Deus, e
eram ações de Deus. 181
Jesus, pode-se dizer que não há teologia da redenção que possa ser completa sem incluir
decisivo para, a ação redentora e alguns textos bíblicos comprovam isto. Em 2Co 5:15,
há um uso de , que pode ser associado para a ressurreição de Jesus, juntamente,
com a sua morte. Esta preposição indica uma ação para o bem de alguém. No texto de
os cristãos?” E afirma, foi Cristo que morreu e que ressuscitou, e que foi exaltado e
intercede pelos crentes. Em Rm 4:25, existe uma clara declaração de que a ressurreição
(). A base da
não é somente a morte de Jesus (expiatória), mas também, como o começo de uma nova
ressurreição é ligada à crucificação. A idéia de sepultamento (cf. 1Co 15:4) liga a cruz
com a ressurreição, fazendo uma identidade entre estas. E assim como a morte do velho
Jesus.184
proposição de que não existe ressurreição dos mortos, que sendo verdadeira, por sua vez
é dizer que Cristo não ressuscitou. A consequência desastrosa disto, seria a de que o
evento da salvação não existiria.185 Seria negar o próprio kerygma, que é a proclamação
de fatos com seus significados teológicos, pelo qual os crentes são salvos (cf. 1Co 15:2).
No verso 17, é afirmado que os crentes ainda permaneceriam nos seus pecados
kerygma é anunciado como expiado pela morte de Cristo (cf. 1Co 15:3 – Cristo morreu
pelos nossos pecados). Enquanto que no verso 18, é dito que os que dormiram em
().
183
Delling, “The Significance of the Resurrection of Jesus for Faith in Jesus Christ”, 94.
184
?
Ibid, 94.
185
?
Ibid, 96.
86
Paulo, certamente, tinha em mente, que se Cristo não ressuscitou, a morte dele
foi como a de qualquer outro, que estava sujeito ao salário do pecado, que é a morte.
“Cristo morto sem ressurreição, seria um Cristo condenado, não justificado. Como
conclusões possíveis: ou ele não foi a pessoa sem pecado que todos pensaram que fosse
e sua morte marcou sua separação final de Deus; ou ele poderia não ter nenhum pecado
pessoal, mas sua tentativa de expiar o pecado do mundo com a própria morte não
Quanto à situação dos mortos, estes continuariam sob o poder da morte. Delling
situação dos que dormiram em Cristo é () Esta pode denotar exclusão
crentes estariam sujeitos ao julgamento. O verso 17 enfatiza que estes continuariam sob
o poder do pecado, que seus destinos seriam determinados por seus pecados. Sem a
ressurreição de Cristo, não haveria reconstituição da vida e existência humana por Deus,
O resultado disto tudo, seria que a fé no Evangelho seria vazia, sem significado
assim, como seria, também, a pregação apostólica. Enfim, não acreditar na ressurreição
dos mortos seria crê no evangelho em vão. Sendo assim, não haveria salvação, pois o
evangelho que Paulo anunciou era o mesmo pelo qual os crentes estavam sendo salvos,
relacionada com a obra salvadora de Jesus. De forma que a negação desta, seria negar a
Outra doutrina que seria afetada pela negação da ressurreição dos mortos, seria a
Cristo e a natureza do corpo ressurreto tem verificado que o Espirito Santo tem um
que ele está ativo tanto na ressurreição de Cristo como na ressurreição dos crentes. No
pressuposto pelo Apóstolo, embora não expresso em palavras textuais, que Deus
189
Anthony Hoekema, A Bíblia e o Futuro (São Paulo-SP: CEP, 1989), 86.
88
de estado ativo com o fim de trazer Cristo para este novo estado. Se o Espírito sustenta
Cristo durante seu estado de exaltação, o Espírito também d eve ter inaugurado a
vida ressurreta de Cristo.190
Cristo, “Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos,
esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos vivificará também o vosso
corpo mortal, por meio do seu Espírito, que em vós habita.” (ARA). Nesta passagem o
crentes devem ser ressuscitados por meio do Espírito, deve ser correto inferir que o
dos mortos é 1Co 15:42ss, onde Paulo fala da natureza do corpo ressurreto em contraste
com o corpo atual dos crentes. O corpo presente é caracterizado pelos seguintes
().194
190
Ibid, 87.
191
Ibid, 87.
192
Também traduzido por perecível.
193
Também traduzido por imperecível.
194
Para um maior estudo sobre este texto ver, Riderbous, Paul: An Outline of His Theology.
89
Pode-se talvez pensar que Paulo tinha em mente algum tipo de dualismo do tipo
segundo Adão. Para ele, Paulo coloca em contraste o primeiro Adão (corpo natural) e o
segundo Adão (corpo espiritual) não segundo a visão grega de dois modos de existência
material, mas, antes, um corpo que esteja, completamente, sob o controle do Espírito
195
Cullmann, Das Origens do Evangelho, 193; ver também, 191-197.
196
Riderbous, Paul: An Outline of His Theology, 543.
197
Hoekema, A Bíblia e o Futuro, 88-89.
90
o corpo espiritual será um corpo tão infundido com o Espírito de Deus que dá vida, que será
um corpo imperecível, glorioso, poderoso. Em outras palavras, o gozo total da vida do Espírito
resultará na própria transformação da ordem natural mortal da existência corporal, de modo
que a mortalidade, a fraqueza, serão exterminadas na plenitude da vida eterna. A perfeita
experiência do Espírito significará a redenção do corpo físico (Rm 8:23). É nesta base da
dádiva escatológica do Espírito Santo que Paulo interpreta a presente participação do
Espírito.198
maiúscula e não minúscula, para deixar claro que o estado da ressurreição é como “um
Sendo assim, “o Espírito Santo não está ativo apenas ao efetuar a ressurreição do
corpo, mas também continuará (ativo) a sustentar e dirigir o corpo ressurreto, depois da
Conforme 2Co 3:18201, pode-se inferir que o Espírito é o “elo de ligação entre o
corpo presente e o corpo ressurreto.”202 Este último, vê a obra do Espírito Santo, que
renova no presente a vida dos crentes, como o inicio da ressurreição do corpo, descrita
em Paulo (2Co 3:18; 4:10, 11, 16, 17; Ef 5:14; Fp 3:10, 11).203
198
Ladd, Teologia do Novo Testamento, 349.
199
Hoekema, A Bíblia e o Futuro, 89.
200
Ibid, 89.
Para uma discussão do significado deste texto vê comentário dos versos 17 e 18, em Colin Kruse, II
201
Portanto, diante de tudo o que foi dito acima, percebe-se que dentro do Novo
doutrina do Espírito Santo. Negar a ressurreição seria negar a obra ativa deste na
constituíam “um colegiado de líderes oficiais na igreja... mas parece claro que o círculo
dos apóstolos foi aumentado, para incluir outras pessoas determinadas, como Tiago, o
irmão de Jesus (Gál. 1:19), Andrônico e Júnias (Rm 16:7), possivelmente Silvano
igreja, ou seja, que existiu por um período limitado da história, sendo que o apóstolo
Somente através da sua palavra é que os crentes de todas as eras subsequentes têm
204
Ladd, Teologia do Novo Testamento, 357.
205
?
Berkhof, Teologia Sistemática, 589.
92
indo como seu representante e em sua autoridade”, eram “chamados e incumbidos, por
ele, para, em sua autoridade, pregarem o evangelho e fundarem igrejas.” 206 Os apóstolos
eram pessoas especiais, que na visão de Paulo eram portadores de uma revelação, que é
uma “palavra dada por Deus, que descerra o significado da cruz e revela que um evento
Isto não significaria que eles seriam um grupo especial e superior de surper-crentes
pois a “revelação concedida aos apóstolos e profetas – cf. Ef. 3:5 – não tinha como
crentes; os apóstolos são recipientes da revelação, que eles, por sua vez,
demonstrarão.”208
sentido do Novo Testamento, era dotado de uma autoridade divina, que os demais
homens não podem ter. O conhecimento de Deus na igreja, foi mediado através dos
apóstolos, o que excluiria todo e qualquer tipo de revelação estranha à deles. A palavra
que os apóstolos transmitiam como revelação, tinha tanta autoridade para a igreja, que
Paulo ao combater a heresia na igreja da Galácia diz: “Mas ainda que nós ou um anjo
dos céus pregue um evangelho diferente daquele que lhes pregamos, que seja
diferente daquele que já receberam, que seja amaldiçoado” (Gl 1:8-9 - ARA).
206
Ladd, Teologia do Novo Testamento, 357.
207
Ibid, 361.
208
Ibid, 361.
93
Negar a ressurreição dos mortos, seria negar a ressurreição de Cristo, cuja consequência
lógica seria o que é dito em 1Co 15:15, os apóstolos seriam falsas testemunhas. Em
outras palavras seriam pessoas que não teriam um bom caráter e estariam usando de
que alguém fosse considerado deste modo, havia alguns requisitos importantes, o que
condições para o apostolado, e uma destas seria a condição de terem visto o Cristo
ressurreto, ou seja, de serem testemunhas oculares deste. E por uma destas razões, é
que Paulo reivindicava uma alta autoridade. “Sua experiência no caminho de Damasco
não apenas o fez reconhecer Jesus como o Messias ressuscitado e glorificado; ela
também conteve um chamado de Deus para uma missão particular.” 210 Em 1Co 9:1,
Paulo se considerava um apóstolo por ter visto a Jesus. Em Atos 1:21-22, o substituto de
Judas teria que ser uma das testemunhas oculares do Cristo ressurreto.211
209
Wayne S. Flory, “The Gnostic Gospel: A Review Article”, 251-257.
210
Ladd, Teologia do Novo Testamento, 357.
211
?
Para uma discussão sobre o conceito técnico de apóstolo em Lucas ver, Marshall, Atos: introdução e
comentário, 66; 222; 224-225.
94
A Escatologia é a doutrina das últimas coisas. Não é fácil separar a visão bíblica
da escatologia das outras doutrinas, pois são interdependentes. E por isto, muito do que
foi estudado nos tópicos anteriores tocaram em assuntos que dizem respeito também a
esta seção doutrinária da Teologia. Aqui será considerado a Escatologia de uma forma
afetada pela negação daquela. Ou seja, a negação da ressurreição dos mortos já é uma
como o Cristo que um dia voltará. Se “não podem ocorrer a ressurreição e ascensão
física de Jesus, não poderá haver o retorno físico de Cristo vindo do céu.”212
maneiras diversas e pelo sentido de várias figuras, que deveria vir em algum tempo
futuro para redimir seu povo”213 e também, aos gentios. Vários elementos podem ser
212
?
Berkhof, Teologia Sistemática, 355.
213
Hoekema, A Bíblia e o Futuro, 13.
95
supremo do Eschaton”, cf. At. 2; 1Co 15; et. alii.. A Ressurreição de Cristo não é
somente “um sinal que Deus concedeu a favor de Seu Filho, mas é a inauguração, a
entrada na história, dos tempos do Fim.” 215 No Novo Testamento, a Escatologia assumiu
Cumprimento tenha chegado, ainda tem eventos decisivos para acontecer no futuro, no
Dia do Senhor, que é descrita na Segunda Vinda de Cristo. Isto mostra que existe um
escatologia não realizada, é o Já e Ainda Não. E por isto existe uma tensão de duas eras,
celestiais com Cristo.”217 Mas no entanto, nenhuma destas realidades descritas como
presentes não terá sua realização plena até o Dia do Senhor. Abaixo um gráfico mostra o
214
Ibid, 19.
215
?
Ibid, 23.
216
Riderbous, Paul: An Outline of His Theology, 49-53.
217
Berkhof, Teologia Sistemática, 672.
218
?
Gordon D. Fee e Douglas Stuart, Entendes o que lês? (São Paulo-SP: Vida Nova, 1997), 119.
96
O ESCHATON
Começada Consumada
ESTA ERA
A ERA DO POVIR (nunca findará)
A Cruz e a A
Ressurreição Segunda Vinda
Já Ainda Não
Justiça Justiça completada
Paz Plena paz
Saúde Nenhuma enfermidade nem morte
O Espírito Com plenitude completa
inauguração dos últimos dias será comprometido, bem como os eventos da segunda
vinda de Cristo. Se Cristo não ressuscitou, não há Messias, nem segundo Adão e Nova
interpretado pelos apóstolos, não fazendo nenhum sentido, sem a idéia da ressurreição,
cf. At.2.
Escatologia Geral e a Individual seriam totalmente afetadas. Na Geral não faria sentido
Nazaré, que continua morto, como os demais. E se não há Segunda Vinda, toda a
para a Escatologia Individual, também, não sobraria nada, cairia por terra todo seu
significado, visto que não haveria uma ressurreição corporal dos crentes, tornando sem
97
sentido a idéia bíblica de imortalidade, sendo a morte o fim desta existência humana, o
salário do pecado.
Portanto, para aqueles que não crêem na ressurreição dos mortos, e ainda assim,
alternativa, dentre vários outros sistemas religiosos, com sua moral exemplar. Sem
esperança de uma vitória final sobre o mal e a morte, o Cristianismo seria uma mera
ilusão.
98
CAPÍTULO 4
doutrina da ressurreição dos mortos. Esta doutrina tem uma implicação prática muito
grande. Se é verdade que os mortos não ressuscitam, a vida prática cristã é vazia e sem
sobre quem teria maior status neste (Mat. 18:1), sendo que a mãe de dois discípulos
tentou convencer Jesus a dar aos seus filhos lugares de preferência no Reino vindouro
(Mar. 10:37; Mat. 20:21). Até depois da ressurreição a idéia de reino teocrático terreno
99
para eles, ainda estava presente, “Senhor, é neste tempo que restauras o reino a Israel?”
(At. 1:6).219
A esperança de que Jesus fosse o Cristo, era a principal motivação que levou os
de uma alta exigência do Mestre, quanto ao discipulado. O Novo Testamento diz que
eles, embora trabalhadores normais, passaram a consagrar a suas vidas a Cristo. Muitos
seguidores o abandonaram pelas suas duras palavras nas pregação (Jo 6:66), mas isto
não foi o caso do grupo dos doze, a quem Cristo fez a pergunta: “Porventura, quereis
também vós outros retirar-vos?” (Jo 6:67 - ARA), em cuja resposta Pedro interroga:
“Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna; e nós temos crido e
O que motivava o discipulado dos que estavam com Jesus, era a esperança de
que ele fosse o Messias, caso contrário não teriam seguido, nem permanecido com este.
Porém, esta motivação estava baseada numa visão incompleta da pessoa e obra de
Cristo.
Com uma esperança baseada, numa visão equivocada de Jesus como Messias221,
219
?
Ladd, Teologia do Novo Testamento, 299.
Para um maior estudo sobre as expectativas messiânicas do povo judeu ver: Mcdowell, Ele Andou
221
contexto da morte daquele. Isto porque “a grande causa dos discípulos morreu na cruz.
Vários textos mostram a reação negativa dos discípulos causada pela prisão e
morte de Cristo. A primeira atitude foi o medo e a fuga (Mc 14:50), porque estes
Quando ele foi sepultado, não foi por seus seguidores mais próximos, mas por um
membro do sinédrio (Mc 15:43). O comportamento de Pedro, que dizia estar pronto a
morrer com Jesus, estava diferente e negou por três vezes ao Mestre. Longe de coragem
sofrer o mesmo destino do mestre, e por isso não tiveram coragem suficiente de manter
A morte de Jesus significou a morte de suas esperanças. A vinda do Reino fora um sonho
perdido, aprisionado no túmulo junto com o corpo de Jesus (Luc. 24:21). Muito embora Jesus
tivesse predito sua morte, a idéia de um Messias que morresse era estranha, e a idéia da função
que uma cruz poderia desempenhar na missão do Messias pareceu tão completamente alienada,
que a crucificação de Jesus poderia apenas significar uma desilusão para seus seguidores... Por
definição, o Messias deveria ser um rei em função de reinar, não um criminoso crucificado. 224
A morte de Jesus representou uma morte das esperanças dos discípulos, que
222
Ibid, 325.
223
Dewey M. Mulholland, Marcos: Introdução e Comentário (São Paulo-SP: Vida Nova, 1978), 218.
224
Ladd, Teologia do Novo Testamento, 300.
101
Em poucos dias, no entanto, tudo isto mudou. Aqueles galileus desiludidos começaram a
proclamar um nova mensagem em Jerusalém. Afirmavam que Jesus era de fato o Messias (At.
2:36), que a sua morte tinha sido da vontade e do plano de Deus, muito embora fosse,
humanamente falando, um assassinato indesculpável (At. 2:23). Com ousadia, asseveraram que
aquele que os judeus tinham assassinado era o autor da vida (At 3:15), e que, através desse
Jesus crucificado, Deus não somente lhes ofereceria o arrependimento e o perdão dos pecados,
mas também cumpriria tudo o que havia prometido pelos profetas do Antigo Testamento (At.
3:21)225
Várias teorias tem sido dadas para explicar a transformação radical dos
cristã primitiva na ressurreição de Jesus. De fato, o que se pode constatar é que todo
aquele medo dos discípulos tinha cedido lugar para uma coragem e intrepidez que
derramamento do Espírito Santo seja fundamental, sobre a vida dos discípulos, o ponto
Portanto, a ressurreição de Jesus foi fundamental para a vida cristã daqueles seus
prol de Cristo: Pedro, André, Tiago – filho de Alfeu, Filipe, Simão e Bartolomeu
225
Ibid, 300.
Ver, McDowell, Evidências Que Exigem Um Veredito, 291-322; ver também, Candler, Verdade ou
226
?
Ver Ladd, Teologia do Novo Testamento, 300.
102
morreram crucificados; Mateus e Tiago, filho de Zebedeu, foram mortos pela espada;
transpassado com uma lança; e somente João com uma morte natural.228
terreno por parte de Deus, e nem a maravilhosa ética de Cristo. Pois, fica claro que se
este estivesse morto, não haveria razão para aqueles se tornarem cristãos. A ressurreição
Que diferença faz, para a vida prática da fé cristã, entre crer e não crer na
doutrina da ressurreição dos mortos? Para responder esta pergunta, lançar-se-á mão do
texto de 1Co 15, onde se pode afirmar que para Paulo a diferença é que quem não crê na
ressurreição dos mortos, necessariamente terá que reconhecer que sua vida religiosa
presente é inútil, sem propósito, ou seja, ilusória. Por outro lado, quem crer tem motivos
suficientes para viver a vida cristã, pois esta tem um propósito que não é em vão.
Observando todo o capítulo de 1Co 15, pode-se perceber que para Paulo, uma
vida cristã sem a doutrina da ressurreição dos mortos é uma ilusão, é inútil, é vazia e
sem propósito. Em outras palavras, não vale a pena ser cristão, ou pelo menos, não faz
diferença nenhuma, pois esta vida não faria sentido. E esta idéia é constatada,
228
McDowell, Ele Andou Entre Nós, 133.
103
principalmente pelo conceito enfatizado no texto, expresso por três palavras gregas:
Paulo faz uso de () em 1Co 15:2, onde está tratando da salvação obtida
por meio do Evangelho. Esta palavra é um advérbio que acompanha o verbo crer (no
advérbio pode ser traduzido por “sem causa”, “em vão, futilmente”, “sem propósito” 229.
Paulo fala da possibilidade de se ter uma fé sem propósito, ou seja, sem sentido. A
consequência lógica de uma fé sem a doutrina da ressurreição, levaria a uma fé que não
Porém, de uma forma mais clara, Paulo fala sobre a ilusão de uma vida cristã
sem a doutrina da ressurreição dos mortos, quando trata das consequências da negação
resultado ou proveito”. No uso paulino desta palavra além de significar “aquilo que é
vazio, vaidade e nada” também serve para ressaltar “a falta de frutos, a ‘ineficácia’”, e
também, “emprega a palavra para sugerir que, em certas circunstâncias, certas coisas
seriam sem razão de ser, infrutíferas, ou até vãs.”231 Isto significa que não havendo
229
Gingrich e Danker, Léxico do NT Grego/Português, 64.
230
Fritz Rienecker e Cleon Rogers, Chave Linguística do Novo Testamento Grego, 325.
seja, toda a vida religiosa deles seria em vão, sem razão de ser e sem nenhum propósito,
de (), “esforço vão”. É a mesma palavra usada pelos tradutores da LXX, para
“vaidade” em Eclesiastes, em que ocorre mais de 30 vezes. Aqui Paulo “descreve como
sendo vã uma fé que nega a realidade do Cristo ressuscitado. Ainda jaz no poder do
pecado.”233
Portanto, uma fé que não crer na doutrina da ressurreição dos mortos, para
Paulo, é uma fé vã, inútil, sem propósito que não faz sentido de ser. Isto porque
Contudo se alguém que não crê na ressurreição dos mortos, ainda persistir em
ser cristão, é lógico, que teria que ter uma esperança em Cristo, limitada somente a esta
vida terrena. E assim ficam “entregues a um pseudo-evangelho que pretende pelo menos
dar algum significado à vida aqui na terra.”235, o que seria um existencialismo vazio.
Mas agir desta maneira, é para Paulo, em 1Co 15:19, ser o mais miserável ou o mais
232
Ibid, 2585.
233
Ibid, 2585.
234
?
Prior, A Mensagem de 1 Coríntios, 282.
235
?
Ibid, 283.
105
vem de () que é uma das três palavras usadas para “misericórdia,
desta, dá o sentido de “ajudar”. Traz uma conotação de dó, e também de uma emoção
que se desperta em contato com uma aflição que cai sobre outrém. Paulo aplica a idéia
esperança em Cristo se limita somente a esta vida. Estes são de todos os homens os mais
dignos de receberem ajuda, ou seja, misericórdia. É uma situação lastimável. 236 Refere-
Concluindo, com base no que foi visto, não há motivo nenhum e nem faz sentido
continuar sendo cristão, se não se acredita na ressurreição dos mortos. Pois uma fé sem
fé nesta doutrina é uma fé destituída de razão. Porém, o contrário acontece com aquele
vida cristã para Paulo, é bom lembrar que este tendo sido um bom judeu, certamente,
teria em mente as Escrituras Sagradas do Velho Testamento 238. Sendo assim, pode-se
dizer que tinha uma resposta positiva para a pergunta existencialista e pertinente do
Pregador: “Que proveito tem o homem de todo o seu trabalho (mochthos), com que se
afadiga debaixo do sol?” (Ec 1:3; 2:18ss)239 Também tinha, certamente, uma
com que as obras dos servos de Deus, não fossem em vão, verso 23
passagem de Isaias 40:30-31, onde está escrito que “até os jovens se cansam e se
renovam as suas forças (), sobem com asas como águias, correm e não se cansam,
caminham e não se fatigam”. Todas estas passagens do VT, refletem sobre o “fardo”, a
“labuta”, “a fadiga” das obras humanas à luz da esperança e do sentido de propósito. 241
esperança, Paulo apresenta um quadro bem diferente da vida cristã. Para ele a
ressurreição é uma verdade atestada e que é comprovada aos demais crentes, por meio
do seu testemunho e demais testemunhas oculares de Cristo. Para Paulo o fardo cristão
vale a pena ser levado adiante, ele diz: “Portanto, meus amados irmãos, sede firmes,
caracteriza este como algo que tem um propósito, e usa, novamente, a palavra
labuta” e que traz a idéia de “ferir”, “bater”, “aflição”, “dificuldade” ou “fadiga”. Indica
“o esgotamento que se segue após uso extenso de todas as forças da pessoa” 242. Paulo
Senhor243. Sendo contexto deste verso o assunto da doutrina da ressurreição dos mortos.
Este é a conclusão de toda exposição doutrinária, que é uma objeção e resposta aos que
negavam esta.
Por isto, com base no fato de que os mortos ressuscitam, e que Cristo
ressuscitou, é que há motivo para viver a vida cristã, que é caracterizada principalmente
pelo o exercício dos dons, com o fim de edificar da igreja, ver 1Co 12-14. O crente que
crer na ressurreição dos mortos, bem como em todo o kerygma, tem uma vida cristã
plena de significado, não é uma vida fútil, nem sem propósito. Assim é que “Edwards
E por ser uma vida cujo esforço não é em vão, vale a pena ser cristão, com toda
a dificuldade que isto acarreta. E é por isto, que Paulo estava morrendo diariamente na
obra do Senhor e não hesitava em se expor aos perigos a toda hora. No entanto, deve-
242
Rienecker e Rogers, Chave Linguística do Novo Testamento Grego, 325.
243
Seitz e Link, “Fardo”, 798.
244
Morris, 1Coríntios: Introdução e Comentário, 189.
108
se notar, que este comportamento não faria sentido se não houvesse ressurreição dos
Concluindo, o crente, que crê na ressurreição dos mortos, tem motivo para
abundar na obra do Senhor, por que o esforço dele não é vazio ou sem propósito. A
sido estudada no capítulo anterior, mas por envolver o aspecto prático da vida do
cristão, foi preferível estudá-la neste capítulo que trata sobre a essenciabilidade da
doutrina da ressurreição dos mortos para a prática cristã. A santificação diz respeito à
Neste tópico, será abordado esta relação em dois aspectos. Primeiro, a doutrina
ponto de transição da vida em pecado para vida em santidade, por meio do Espírito.
Segundo, a ressurreição dos mortos e seu significado para a vida do aqui e agora do
245
?
Francis Shaeffer, Verdadeira Espiritualidade (São Paulo-SP: ECC, 1999), 98.
109
Cristo.
Primeiro, Cristo morreu na História. Segundo, Cristo ressurgiu na História. Terceiro, morremos
com Cristo na História quando o aceitamos como nosso Salvador. Quarto, seremos
ressuscitados na História, quando ele voltar. Quinto, devemos viver pela fé agora como se
estivéssemos mortos, como se já tivéssemos morrido. E sexto, devemos viver agora pela fé
como se já fôssemos ressuscitados.246
Pode-se completar o que foi dito acima, dizendo que a morte e ressurreição do
corpo de pecado, a carne, o velho modo de existência do pecado” perdeu “seu domínio e
controle sobre aqueles que estão nele”. Na “morte e ressurreição de Cristo” os crentes
“tem sido transferidos a uma nova ordem de vida – a ordem de vida da nova criação, o
novo homem”247. Tudo isto significa que a ressurreição de Cristo afetou toda a realidade
deve-se “fazer justiça ao ensino bíblico” e por isso “enfatizar de igual modo” tanto “o
passado histórico”, quanto “o presente existencial”. O que significa que num “certo
sentido, nós morremos para o pecado e ressuscitamos para a nova vida, quando tendo
sido regenerados pelo Espírito Santo, aprendemos pela fé nossa unidade com Cristo em
246
Ibid, 57.
247
Riderbous, Paul: An Outline of His Theology, 63.
248
Hoekema, Salvos Pela Graça (São Paulo-SP: ECC, 1997), 211.
110
regeneração do crente.
com sua morte, é vista como um elemento decisivo para a santificação do crente, que é
O ensino bíblico sobre a santificação definitiva sugere que os crentes devam considerar a si
mesmos e uns aos outros como pessoas que morreram para o pecado e são agora novas pessoas
em Cristo. A novidade que os crentes têm em Cristo não é equivalente a uma perfeição
impecável; enquanto estiverem nesta presente vida, terão de lutar contra o pecado e, algumas
vezes, cairão em pecado.249
transição para a nova vida, a vida de espiritualidade, no qual o cristão unido a Cristo
ressuscitam, então não houve um ponto de partida, um início de uma nova criação bem
é viver. Há o novo nascimento, e então há a vida para ser vivida. Essa é a área da
santificação, desde o tempo do novo nascimento, por toda a vida presente, até Jesus
249
Ibid, 212.
111
relação ao pecado. É existencial porque envolve o aqui e agora constante da vida cristã.
significado profundo para a prática cristã. Pois uma vez que Cristo deu início a uma
nova ordem de existência, o crente deve viver pela fé, na força do Espírito Santo, esta
6:14. Como “cristãos, morremos com Cristo, à vista de Deus, quando nós o aceitamos
como Salvador” e ainda mais fica “evidente a exigência de que, na prática, devemos
dizer NÃO para o eu, para o pecado e para o mundo. É levar a cruz e enfrentar um
mundo em que, ainda, reina o pecado. Isto porque uma vez morto para o pecado o
crente com a ressurreição de Cristo. O crente é descrito como morto para o pecado, mas
vivo para Deus. E este é o motivo para não andar em pecado. Como o pecado está
250
Francis Shaeffer, Verdadeira Espiritualidade, 15.
251
Berkhof, Teologia Sistemática, 537.
252
Shaeffer, Verdadeira Espiritualidade, 31.
253
Ibid, 31-44.
112
presente ainda em nossa vida, o crente necessita, com o auxílio do Espírito Santo
momento. O cristão pela fé deve viver interior e exterior, de fato, como uma nova
criatura.
O plano não é só estarmos mortos para certas coisas, mas termos muito amor para com Deus,
sermos vivos para com ele, estarmos em comunhão com ele, neste exato momento da História.
E nós deveremos amar as pessoas, ser vivos para com os indivíduos como pessoas, estar em
comunicação com nossos semelhantes num nível verdadeiramente pessoal, neste exato
momento da História.254
Diante de tudo isto, pode-se concluir que a doutrina da ressurreição é vital para a
prática cristã de santificação. Pois se não há ressurreição para um novo estado de vida,
não é possível entender o motivo da santificação, como algo pertencente a uma vida
cristã. Pois se Cristo não ressuscitou continuamos em nossos pecados, ou seja, não faz
motivo para progresso, pois não há nenhum alvo a ser atingido de forma real. A ética
teólogos tem argumentado que a morte não é consequência do pecado e sim parte
natural da vida biológica, e.g. Celestius e Barth255, as evidência bíblicas são bem claras
254
Ibid, 29; ver também, 45-62.
255
113
como juízo de Deus pela queda de Adão. Vários textos tanto do Velho como do Novo
Testamento, e.g. Gn. 2:16,17; 3:19, 22,23; Rm 5:12-21; 8:10; 1Co 15:21, leva à
conclusão de que existe uma “conexão necessária entre o pecado e a morte” 256 A morte
não é “algo natural na vida do homem”, nem “mera falha de um ideal”, mas como
modo o Cristianismo a identifica como inimiga dos homens. A morte de forma alguma é
um bem, como tem sido vista por alguns pensadores gregos e modernos. Mas sim o
salário do pecado.
Porém, a doutrina da ressurreição dos mortos, significa que a morte já não tem
um valor negativo para a vida do crente, mas somente, para a vida do incrédulo. Pois a
incluindo a morte física, que Jesus efetuou na sua morte, cf. Hb 2:14-15. Por isto é que
Paulo é enfático em dizer, que sem ressurreição, estamos sob o pecado, e os mortos em
Cristo pereceram, cf. 1Co 15:17-18. Cristo morreu e ressuscitou, e ele não “redime seu
povo apenas do pecado; ele também o redime dos resultados do pecado, e a morte é um
destes”259.
?
Hoekema, A Bíblia e o Futuro, 106; cf. Paul Tillich, A Coragem de Ser (São Paulo-SP: Paz e Terra,
1976), 35.
256
?
Ibid, 110.
257
Berkhof, Teologia Sistemática, 676.
258
Stott, A Cruz de Cristo, 212.
259
Hoekema, A Bíblia e o Futuro, 111.
114
poder da morte.
Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo
mortal se revista da imortalidade. E, quando este corpo corruptível se revestir de
incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra
que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está,
ó morte, o teu aguilhão? O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. Graças a
Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo.(1Co 15:53-57)
algo positivo. A morte significa para o crente um morrer definitivo para o pecado, uma
entrada para a presença de Deus, ficar livre dos atos pecaminosos, que na caminhada
A morte, naturalmente, traz dor aos corações dos seres humanos e causa
lágrimas e choro, porque significa separação, final de existência corporal. Porém, diante
da dor da morte, o luto do cristão deve ser diferente da do homem que não têm
Em 1Ts 4:13, Paulo instrui aos crentes acerca da situação dos mortos. O cristão
gregas usadas para indicar a idéia de tristeza, lamentação, choro e gemido, porém, tem
um significado mais abrangente, expressando tanto a dor física como a dor emocional.
A Bíblia não fala que o crente não pode chorar ou ficar triste, mas ela diz neste
texto de Paulo, que o cristão não tem motivo suficiente para ficar triste da mesma
(), aqui, são os pagãos, cf. Ef. 2:3. A principal característica destes
é a falta de esperança. Estes não tinham “a certeza de uma vida após a morte” que
poderia ser “digna de ser chamada ‘vida’ e, portanto, de um reencontro entre os vivos e
prevalecia, as “inscrições dos túmulos daqueles tempos contam uma história diferente
da esperança diante da morte, e o quadro da vida futura pintado por aqueles que
esperavam por ela geralmente estava longe de ser satisfatório.” O que Paulo fez foi dar
uma caracterização realista da falta de esperança do “pagão mediano” que só tinha uma
motivo pelo qual os crentes não devem ser como os demais, com respeito aos mortos, é
que eles tem esta esperança. E esta é fundamentada no kerygma cristão, de que Jesus
morreu e ressuscitou, e que da mesma forma Deus, é poderoso, e no final irá trazer os
mortos de volta, com Cristo, cf. 1Ts. 4:18. Esta esperança não era uma filosofia, nem
262
Marshall, I e II Tessalonicenses: Introdução e Comentário (São Paulo-SP: Vida Nova, 1983), 146-147.
116
uma mistificação, nem especulações sobre a vida após a morte e sobre a imortalidade da
alma. Esta esperança é fundamentada em fatos concretos daquilo que aconteceu dentro
do tempo e espaço.
Portanto, no luto cristão, o choro e a dor de coração não pode ser caracterizada
pela falta de esperança, mas somente como reação psicológica pela perda e separação de
alguém querido. É necessário “distinguir entre o luto que lamenta a triste sorte de uma
pessoa que foi cortada do desfrutamento da vida e o luto que é devido ao rompimento
causado na sua própria vida pela perda de um ente-querido” 263. O cristão tem a
esperança que os demais não têm, e sabe que quando chora um dia será consolado, cf.
Mt. 5:4, e que um dia Deus lhe “enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não
existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram”
Ibid, 147.
263
117
CONCLUSÃO
Concluindo este trabalho, é necessário neste momento parar para refletir sobre a
Primeiro: a doutrina da ressurreição dos mortos não pode ser vista como algo
separado da própria ressurreição de Jesus Cristo, que não é mera doutrina, mas fato
importante da religião cristã. Sendo assim esta é uma doutrina original da fé cristã, e
não mera especulação filosófica sobre o destino dos homens após a morte. Nem
também, é um acréscimo teológico por parte de alguns cristãos depois da era apostólica.
ressurreição dos mortos. Pois a fé cristã não é uma religião abstrata baseada em
conceitos especulativos, mas sim, uma religião concreta que afeta a concepção de tempo
teria que ser negado, numa exclusão da doutrina da ressurreição dos mortos.
afetado com uma negação da doutrina da ressurreição dos mortos, visto que a
118
Cristo e do Espírito Santo, bem como a obra divina de redenção do homem. O sistema
apostólica, também, seria comprometido. E por fim, toda a esperança escatológica cairia
por terra, tornando o cristianismo na piores das hipóteses num tipo derivado de uma fé
prática cristã, que diz respeito ao momento presente existencial de cada crente que está
vivendo a vida cristã, que não é fácil. Pois, a ressurreição de Cristo e a esperança de ser
ponto de vista prático sem sentido e inútil, sem nenhum propósito ulterior. E é esta
esperança que torna, também, diferente o luto cristão, onde a morte que era inimiga,
passa a ser um processo natural da vida cristã, rumo a salvação. Além de tudo isto, a
com Deus, transformando a natureza da realidade histórica, em que uma nova criação é
santificação.
que a doutrina da ressurreição dos mortos é essencial para a fé cristã, pode-se então
chegar à conclusão de que esta doutrina é bastante relevante para a igreja cristã hoje. E
com base nisto pode-se tirar várias implicações desta verdade para o contexto atual, que
119
Hoje, como foi estudado anteriormente, existem vários grupos cristãos que
acreditam que o cristianismo é meramente uma religião superior às demais, somente por
exemplo dado por Jesus, fazendo o bem ao próximo e à sociedade de um modo geral.
Porém, estes acreditam que isto é tudo o que o cristianismo tem de mais importante para
pois foi mostrado que a doutrina da ressurreição dos mortos é essencial para esta
religião. Sendo portanto impossível conceber um cristianismo sem esta doutrina, como
ressurreição.
prometida pelo cristianismo aos seus fiéis. E por isto, imaginam vagamente o que seria
sobreviver após a morte, gerando muitas vezes conflitos teológicos, pois aderem crenças
significa meramente a existência eterna e necessária da alma após a sua morte, esta é a
conhecida doutrina da imortalidade da alma, tão defendida pela cultura grega antiga.
corpos. Todo o sistema espiritista cai por terra diante da doutrina da ressurreição dos
mortos. Gasta-se muito tempo desnecessário para refutar o Espiritismo, bem como a
deve compreender esta falsa religião. Porém, existem alguns cristãos, muitos nominais,
que acreditam na reencarnação da alma, e a estes pode-se dizer que estão equivocados, e
mesmo estado em que se encontra nesta vida presente. Não é simplesmente um voltar à
vida, mas sim, uma transição para um novo estado de existência corporal. A
ressurreição é somente o meio pelo qual Deus, trará de volta os que morreram. Os
crentes vivos na ocasião da segunda vinda de Cristo, não passarão pela ressurreição,
mas no entanto serão transformados para um corpo de glória. Muitos pensam que a
ressurreição cristã, é simplesmente a volta dos corpos mortos para esta existência
natural, e portanto, mostram que não compreenderam ainda a mensagem cristã, neste
aspecto.
Em quarto lugar, não significa aqui somente, a ressurreição dos mortos num
grupos que pregam um tipo de escatologia realizada, e por isto entendem a ressurreição,
121
como a ressurreição do espírito em Deus. Mas o trabalho foi suficientemente claro para
teológico que vê o homem sob categorias dualistas, dividido numa alma e num corpo. E
divinas ao passo que ao corpo atribuem imperfeições infernais. E defendendo este tipo
dentro do seio evangélico, que é por muitos chamado de gnosticismo protestante. Estes
são grupos evangélicos que por meio da prática e muitas vezes também no âmbito do
pensamento negam o valor do corpo, tendo uma fé mais docetista do que cristã. Muitos
cristãos demonstram em práticas ascéticas, ter um ódio a tudo que é relativo ao corpo,
tocam somente a “alma” humana, que necessita elevar-se e encontrar-se com Deus.
cristã. A Bíblia, por meio da doutrina da ressurreição dos mortos, afirma que o homem
será salvo integralmente, corpo e alma, não somente está última. A doutrina da
assim a alma não é pura, como muitos dizem. Tanto esta como o corpo, para serem
Evangelho.
122
Foi mostrado que os primeiros cristãos saíram para o mundo pregando sobre um
Deus que ressuscitou Cristo Jesus, e que também ressuscitará os que estiverem unidos
pela fé com Cristo Jesus. A maioria dos sermões registrados em Atos faz menção da
ressurreição de Jesus, não somente para judeus, mas para romanos e para gregos
também. Em outras palavras a ressurreição dos mortos, era parte essencial da pregação
Porém, hoje, o centro das atenções não tem sido muitas vezes os fatos básicos do
Evangelho, mas sim, bênçãos materiais que Deus pode dar aos seus filhos aqui na terra.
Hoje falar de céu ou inferno, de ressurreição para a vida ou para a morte, talvez não seja
tão atrativo e popular, como pregar bênçãos e maldições terrenas. Muitas igrejas tem
crescido de forma gigantesca, porém existem muitas pessoas dentro destas igrejas que
tem como motivação principal os bens materiais que Deus pode dar. Muitos se
aproximam de Deus, com a esperança de resolver problemas materiais, todavia, esta não
deveria ser a parte mais importante da fé, mas sim a consequência do amor de Deus. O
objetivo de Cristo aqui na terra não foi “abençoar” a vida terrena do crente, mas sim
aquilo que o homem quer, em suas necessidades naturais. Pode-se tomar por exemplo, a
terrena e gozo de saúde física. Quem é que não deseja isto? Porém pouco atrativo teria
com Cristo, o que implica em renunciar o velho homem e viver o novo, abandonar
sentimento, pensam “eu devo sentir algo por Deus senão alguma coisa vai errado
comigo”. Muitos aderem uma igreja, simplesmente porque é nesta igreja que se sentem
bem, muitas vezes deixam de frequentar uma igreja porque nesta não tem bateria, ou
Vários exemplos podem ser dados para mostrar o como a pregação de hoje, em
muitos casos, tem ignorado o evangelho da morte e da ressurreição de Cristo, que exige
doutrina da ressurreição implica logicamente em morrer para o pecado para viver a nova
vida ressurreta. Morrer é negar o “eu natural pecaminoso” e é negar o mundo com seus
valores contrários aos de Deus. Tudo isto significa que ressuscitar com Cristo é estar
sob a ira de Satanás. Tudo isto significa que o crente deverá também passar por
tribulações, que aos olhos do homem natural é um absurdo, mas que para o crente é
vista como parte da caminhada cristã que é nutrida pela esperança de salvação e vida
fato. Isto significa que uma nova ordem de existência deu início em Cristo, e a Bíblia
fala de uma nova criação que irrompeu no meio da velha criação. E é neste raciocínio
que se pode entender a necessidade do crente viver esta realidade, em que não mais
124
reina o pecado para aqueles que estão em Cristo. É neste sentido que o crente já
Esta ressurreição implica que viver uma vida sem santificação é viver uma vida
não cristã. O crente é nova criatura em Cristo para as boas obras. Por isto a fé
nominalista, que de boca confessa o cristianismo mas na vida diária nega-o, é uma fé vã
e inútil. Hoje existe inúmeros cristãos nominais, que não vivem a realidade da
ressurreição, negando a santificação na vida, e por isto devem refletir sobre sua fé, para
chegar à conclusão de que uma fé nominal não levará ninguém ao Céu, pelo contrário,
levará para o inferno. Pois sem mudança, sem transformação é impossível entrar no
Reino de Deus. E esta mudança só pode ser alcançada pela fé em Cristo Jesus cujo
resultado é morrer e ressuscitar com Cristo. O cristianismo não pode ser reduzido
somente ao seu aspecto ético, porém, este aspecto não pode ser retirado da vida cristã. A
salvação é pela graça, mas o homem em Cristo é nova criatura, está ressuscitado com
Cristo e vive uma nova realidade, que como foi dito, não reina mais o pecado.
Concluindo foi visto a relevância desta doutrina para a vida cristã dos dias
atuais. Que este estudo sobre a doutrina da ressurreição possa servir como uma
dia mais a fé cristã. Muito mais poderia ser dito neste trabalho, e também sobre o
Porém, estes e outros temas fogem do escopo que este trabalho pretendeu, que é mostrar
dos mortos, mostrando que uma fé que nega explícita ou implicitamente a doutrina em
BIBLIOGRAFIA
Batista, Joêr Corrêa, Movimento G-12: Uma Nova Reforma ou Uma Velha Heresia?,
Fides Reformata V:1 (Janeiro-Junho 2000): 27-40.
Carson, A.D. et. alli, Introdução ao Novo Testamento. São Paulo-SP: Vida Nova, 1997.
127
Confissão de Fé de Westminster
Craig, Clarence Tucker, The Interpreter’s Bible, vol 10. New York: Abingdon, s.data.
Delling, Gerhard, “The Significance of the Resurrection of Jesus for Faith in Jesus
Christ”, em C.F.D.Moule, The Significance of the Message of the Resurrection for
Faith in Jesus Christ – Studies in Biblical Theology, 2ª series, vol 8 (Bloomsbury
Street London: SCM PRESS LTD, 1968.
Fee, Gordon D. e Stuart, Douglas, Entendes o que lês? São Paulo-SP: Vida Nova, 1997.
Flory, Wayne S., “The Gnostic Gospels: A Review Article”, Journal of the Evangelical
Theological Society 24:3. (September 1981): 251-264.
Frangiotti, Roque, História das Heresias: séculos I-VII. São Paulo-SP: Paulus, 1995.
Gingrich, F.W. e Danker F.W., Léxico do N.T. Grego/Português. São Paulo-SP: Vida
Nova, 1984.
Goergen, Donald J., O.P., The Death and Resurrection of Jesus, Volume 2: A Theology
of Jesus [http://www.op.org/don/resurr/default.htm], Outubro/2001.
Kelly, J.N.D., Doutrinas Centrais da Fé Cristã. São Paulo-SP: Vida Nova, 1994.
Kreeft, Peter, O Diálogo: um debate além da morte entre John F. Kennedy, C.S.Lewis e
Adous Huxley. São Paulo-SP: Ed. Mundo Cristão, 1986.
Kruse, Colin, II Coríntios: introdução e comentário. São Paulo-SP: Vida Nova, 1994.
Ladd, George Eldon, Teologia do Novo Testamento. São Paulo-SP: Exodus, 1997.
_______, L. Howard, Atos: introdução e comentário. São Paulo-SP: Vida Nova, 1982.
McDowell, Josh, Ele Andou Entre Nós: Evidências do Jesus Histórico. São Paulo-SP:
Ed. Candeia, 1995.
Mondin, Battista, Curso de Filosofia, vol II. São Paulo-SP: Paulus, 1981.
Reale, Giovanni e Antiseri, Dario, História da Filosofia, Vol 1. São Paulo-SP: Paulus,
1990.
Rienecker, Fritz e Rogers Cleon, Chave Linguística do Novo Testamento Grego. São
Paulo-SP: Vida Nova, 1985.
Tenney, Merrill C., O Novo Testamento: Sua origem e análise. São Paulo-SP: Vida
Nova, 1995.
UBS, The Greek New Testament: Fourth Revised Edition. Germany: Deutsche
Bibelgesellschaft e United Bible Societies, 1998.