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SEMINÁRIO TEOLÓGICO BATISTA

NACIONAL DA AMAZÔNIA
- STEBNA -

APOSTILA DE
INTRODUÇÃO À TEOLOGIA

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sujeito a medidas legais. Todos os direitos reservados ao Seminário Batista Nacional da Amazônia - STEBNA
Sumário
DEFINIÇÃO DE TEOLOGIA .............................................................................................................. 4
A HISTÓRIA DA TEOLOGIA ............................................................................................................. 5
Como a teologia se desenvolveu no decorrer da história? ....................................................... 5
b) Erros nas Escrituras ............................................................................................................... 6
c) Mito ....................................................................................................................................... 6
d) Separação dos Dois Testamentos ......................................................................................... 7
e) A Pluralidade da Verdade...................................................................................................... 7
f) A Defesa do Inclusivismo ....................................................................................................... 7
g) O Conceito do "Politicamente Correto" ................................................................................ 7
ALGUMAS TENDÊNCIAS TEOLÓGICAS ........................................................................................... 8
a) Teologia Católica ................................................................................................................... 8
b) Teologia Protestante ............................................................................................................. 8
c) Teologia da Libertação .......................................................................................................... 9
d) Teologia da Prosperidade ................................................................................................... 10
e) Teologia Neopentecostal .................................................................................................... 10
A POSSIBILIDADE DA TEOLOGIA .................................................................................................. 12
DIVISÕES DA TEOLOGIA .............................................................................................................. 18
A TEOLOGIA EXEGÉTICA .......................................................................................................... 19
A TEOLOGIA HISTÓRICA .......................................................................................................... 19
A TEOLOGIA BÍBLICA ............................................................................................................... 19
A TEOLOGIA DOGMÁTICA ....................................................................................................... 19
A TEOLOGIA PRÁTICA .............................................................................................................. 19
A TEOLOGIA NATURAL ............................................................................................................ 19
A TEOLOGIA SISTEMÁTICA ...................................................................................................... 19
OBJETIVOS DA TEOLOGIA ............................................................................................................ 20
RELAÇÃO DA TEOLOGIA COM A RELIGIÃO .................................................................................. 21
RELAÇÃO DA TEOLOGIA COM A FILOSOFIA ................................................................................ 23
POR QUE OS CRISTÃOS DEVEM ESTUDAR TEOLOGIA? ............................................................... 24
TODO CRISTÃO É TEÓLOGO ........................................................................................................ 26
CRISTIANISMO REFLEXIVO .......................................................................................................... 30
TEOLOGIA POPULAR................................................................................................................ 31

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TEOLOGIA LEIGA...................................................................................................................... 32
TEOLOGIA MINISTERIAL .......................................................................................................... 33
TEOLOGIA PROFISSIONAL........................................................................................................ 33
TEOLOGIA ACADÊMICA ........................................................................................................... 34
BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................................. 35

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DEFINIÇÃO DE TEOLOGIA
O termo teologia foi criado pelo grego Ferécides (escritor grego,
nasceu na ilha de Siros, nas Cíclades, em meados do século VI a.C.)
“Etimologicamente” falando, o termo “teologia” vem do vocábulo grego
“theos”, que significa “deus”, e “logos” que denota “estudo”. De origem
grega, a palavra teologia quer dizer simplesmente “estudos sobre Deus”.
Embora não encontremos nas Escrituras, a palavra teologia é bíblica
em seu caráter. Em Rm.3:2 encontramos “ta logia tou Theou” (os oráculos
de Deus); em 1Pe.4:11 encontramos “logia Theou” (oráculos de Deus), e
em Lc.8:21 temos “ton Logon tou Theou” (a Palavra de Deus).
Platão (427-347 a.C.) usou esse vocábulo com o sentido de história
de mitos e lendas dos deuses contados pelos poetas. Na Grécia antiga, os
poetas foram os primeiros a se intitular teólogos “por comporem versos
em honra aos deuses”, uma vez que teologia se referia às discussões
filosóficas a respeito de seres divinos (teogonias) e do mundo
(cosmogonias).
No final do século II, Clemente de Alexandria (150-215) contrapôs
theologia a mythologia. Aquela, na condição de verdade cristã a respeito
de Deus, era superior às histórias da mitologia pagã.
A palavra “teologia” parece ter sido incorporada à linguagem cristã
nos séculos IV e V. Referia-se à genuína compreensão das Escrituras.
Contudo, o emprego estava restrito ao conhecimento a respeito da pessoa
de Deus. A partir de Theologia christiana, obra de Abelardo (1079-1142),
passou a designar um corpo de doutrina. Os pais da Igreja cognominaram
o evangelista João de “o teólogo”, por tratar mais detalhadamente do
“relacionamento interno das pessoas da Trindade”. Gregório de Nazianzo
(c. 330-389) também recebeu esse título, especialmente pela defesa da
divindade de Cristo. João Calvino (1509-1564) foi denominado “o Teólogo”
por Filipe Melanchthon (1497-1560).
A palavra TEOLOGIA refere-se ao estudo de Deus. Quando usada
num sentido mais amplo, a palavra pode incluir todas as outras doutrinas
reveladas na Escritura. Ora, Deus é o supremo ser que criou e até agora
sustenta tudo o que existe, e a teologia procura entender e articular, de
uma maneira sistemática, a informação por ele revelada a nós.

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Teologia é a ciência de Deus e do seu relacionamento com o homem


e o mundo físico e espiritual. É a disciplina que apresenta uma formulação
unificada da verdade de Deus e seu relacionamento com a humanidade e
o universo conforme a revelação divina os expõe, e que aplica tais
verdades a todo aspecto da vida e do pensamento humano.

A HISTÓRIA DA TEOLOGIA

Como a teologia se desenvolveu no decorrer da história?


No Período Patrístico - 100 à 451 d.C: teólogos e suas
contribuições:
a) Justino Mártir (100–165 d.C) - Apologia em defesa da fé cristã frente ao
paganismo.
b) Irineu de Lion (130–200 d.C) - Apologia da fé cristã em face do
gnosticismo.
c) Orígenes (185–254 d.C) - Apologista. Contribuição em duas áreas:
Interpretação alegórica e Cristologia (heresia ariana).
d) Tertuliano (160 –225 d.C) - Pai da teologia latina. Unidade do AT e NT,
Bases da doutrina da Trindade. Suficiência das Escrituras.
e) Atanásio (296–373 d.C) - Cristologia – a Encarnação.

Na Idade Média. O estudo bíblico esteve completamente subordinado ao


dogma eclesiástico. A teologia Bíblica foi usada apenas para reforçar os
ensinos dogmáticos da Igreja, os quais eram fundamentados na Bíblia e na
tradição da Igreja. A Bíblia era interpretada pela tradição histórica e a
Igreja a considerava como fonte da teologia dogmática.

Na Reforma. Os reformadores reagiram contra o caráter não Bíblico da


teologia dogmática e insistiram em que a teologia deve estar
fundamentada apenas na Bíblia. Berkhof diz que o lema dos reformadores
era: "A Igreja não determina o que as Escrituras ensinam, mas as

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Escrituras determinam o que a Igreja deve ensinar". O princípio


fundamental era: "Scriptura Scripturae interpres”, isto é, a “Escritura é
intérprete da Escritura".

No Escolasticismo Ortodoxo. Os resultados obtidos pelos estudos


históricos da Bíblia, realizados pelos reformadores, logo perderam-se no
período imediatamente após a reforma, e a Bíblia foi mais uma vez
utilizada sem uma perspectiva crítica e histórica, para servir de apoio à
doutrina ortodoxa. A história foi completamente absorvida pelo dogma e
a filologia tornou-se um ramo da dogmática.
Na teologia moderna (1750 d.c até os dias atuais). A Interpretação das Escrituras na
Modernidade: Impacto do Iluminismo na Interpretação da Bíblia.
a) Rejeição dos Relatos Miraculosos - Os relatos bíblicos
envolvendo a atuação miraculosa de Deus como a criação do mundo, os
milagres de Moisés, etc, passaram a ser desacreditados e frequentemente
explicados como naturais. Já que milagres não existem, segue-se que
foram fabricações do povo de Israel e depois da Igreja, que atribuem a
eventos sobrenaturais coisas que nunca aconteceram historicamente.

b) Erros nas Escrituras - A reação contra o dogmatismo que, segundo os


racionalistas, havia prevalecido no período do escolasticismo da pós
Reforma, se fez sentir especialmente na área da interpretação das
Escrituras. Estudiosos racionalistas começaram a insistir que o "dogma" da
inspiração divina da Bíblia deveria ser deixado fora da Exegese, para que a
mesma pudesse ser feita de forma "neutra". Eram contra qualquer dogma
em geral como pressuposto de leitura da Bíblia, pois entendiam que todas
as convicções de caráter teológico tendem a viciar os resultados da
pesquisa bíblica. Eram especialmente contrários à doutrina da inspiração,
pois a mesma impedia que a Bíblia recebesse tratamento crítico, como um
livro humano.

c) Mito - O conceito de "mito" começa a ser aplicado aos relatos


miraculosos do Antigo e Novo Testamentos. Mito era a maneira pela qual
a raça humana, em tempos primitivos, articulava aquilo que não
conseguia compreender. Segundo os intérpretes críticos, as fontes que os

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autores bíblicos usaram estavam revestidas de mitos. Surge o termo "alta


crítica" para se referir à essa tarefa de "críticar" o relato bíblico e "limpá-
lo" dos acréscimos mitológicos. Outros estudiosos preferiram usar o
termo "saga" para se referir às lendas criadas por Israel sobre suas origens
e pela Igreja apostólica sobre Jesus.

d) Separação dos Dois Testamentos - Houve ainda uma reação dos


estudiosos críticos contra a interpretação do Antigo Testamento feita do
ponto de vista do Novo, que era a interpretação cristológica defendida e
desenvolvida pêlos Reformadores. Argumentavam que não se podia usar
o Cristianismo como pressuposto para entendimento dos escritos do
Antigo Testamento, o qual deveria ser lido como um livro judaico. Os
críticos insistiam na separação dos Testamentos para que o Antigo
pudesse ser lido sem a interferência do Novo e para que o Novo fosse lido
sem a interferência das doutrinas e dogmas da Igreja.
e) A Pluralidade da Verdade - O pensamento pós-moderno rejeita o
conceito da modernidade de que existam verdades absolutas e fixas. Toda
verdade é relativa e depende do contexto social e cultural onde as pessoas
vivem. Isso inclui verdades religiosas.

f) A Defesa do Inclusivismo - O pós-modernismo busca uma sociedade


pluralista, onde haja convivência amigável entre visões diferentes e
opostas. Isso é pluralismo inclusivista. Espera-se que as opiniões cedam
umas as outras, particularmente aos pontos-de-vista marginalizados que
foram calados por gerações pelas vozes dominantes da sociedade. É o
caso do ponto de vista feminista, dos homossexuais, das minorias, das
culturas desprezadas. Isso abriu o campo para as hermenêuticas das
minorias, como a hermenêutica feminista, a hermenêutica dos
afrodescendentes e a hermenêutica homossexual.

g) O Conceito do "Politicamente Correto" - Nessa sociedade pluralista e


inclusivista, a opinião e as convicções têm de ser respeitadas — algo com
que o cristão bíblico, a princípio concordaria. Mas, para os pluralistas, a
razão para esse "respeito”, é que a opinião de um, é tão verdadeira
quanto à opinião do outro.

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ALGUMAS TENDÊNCIAS TEOLÓGICAS

a) Teologia Católica - A Igreja Católica defende o uso da teologia enquanto


ciência ou estudo racional, mas assente sempre na obediência à fé, que
estuda sistematicamente e com método a Revelação Divina na sua
totalidade, que está compilada na chamada Tradição. A Tradição tem uma
parte oral e uma parte escrita que está centrada na Bíblia. As conclusões
da Teologia faz evoluir a compreensão e definição da doutrina católica. Os
métodos usados, os tópicos estudados e as suas disciplinas são
semelhantes às outras teologias das principais confissões cristãs, algo que
tem muito a ver com a sua base comum. Mas a sua interpretação das
verdades reveladas e posterior definição das doutrinas, apresentam
diferenças em relação às suas congêneres cristãs, nomeadamente na
questão da veneração dos santos e da Virgem Maria, da justificação, da
infalibilidade e primazia do Papa, da noção de verdadeira Igreja de Cristo,
da composição dos cânones da Bíblia e da validade da Tradição oral.

b) Teologia Protestante - Entre os fundadores da teologia protestante


estão alguns conhecidos como Martinho Lutero, João Calvino, Ulrico
Zwinglio e Filipe Melanchton. Suas teologias são como um documento
original de fé para os evangélicos ou, pelo menos, deveriam ser. O
conteúdo doutrinal da teologia protestante é o resultado da aplicação
sistemática e coerente do princípio que a salvação deriva imediatamente,
diretamente e exclusivamente de Deus. Eliminando, desta forma,
qualquer intermediário possível que não seja Cristo. A salvação é pela fé
na palavra de Deus e o batismo é o atestado do seu perdão. Através deste,
os cristãos fazem parte da comunidade dos salvos, isto é, a igreja, que
conforme Lutero “é o lugar em que a Palavra de Deus é pregada e ouvida
e em que os sacramentos são administrados segundo a instituição de
Cristo". As boas ações mostram a transformação e as ações do Espírito
Santo nas vidas.

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Quanto à forma, a teologia protestante dos fundadores tinha


caráter bíblico e assistemático. Condenava o uso da razão na teologia e a
utilização da filosofia na interpretação bíblica. Acreditava que a razão era
uma prostituta, filha de Satanás e corrompida, por isso era absolutamente
incapaz de conhecer a Deus e entender as realidades espirituais. Mas cria
no racionalismo como sendo a principal causa da corrupção bíblica. Para
os fundadores a forma de tornar à pureza original era libertar o evangelho
da filosofia.

c) Teologia da Libertação - A teologia da libertação é uma corrente


teológica que engloba diversas teologias cristãs desenvolvidas no Terceiro
Mundo ou nas periferias pobres do Primeiro Mundo a partir dos anos 70
do século XX, baseadas na opção preferencial pelos pobres contra a
pobreza e pela sua libertação. Desenvolveu-se inicialmente na América
Latina.
Estas teologias utilizam como ponto de partida de sua reflexão a
situação de pobreza e exclusão social à luz da fé cristã. Esta situação é
interpretada como produto de estruturas econômicas e sociais injustas,
influenciada pela visão das ciências sociais, sobretudo a teoria da
dependência na América Latina, que possui inspiração marxista. A
situação de pobreza é denunciada como pecado estrutural e estas
teologias propõem o engajamento político dos cristãos na construção de
uma sociedade mais justa e solidária, cujo projeto identifica-se com ideais
da esquerda.
Uma característica da Teologia da Libertação é considerar o pobre,
não um objeto de caridade, mas sujeito de sua própria libertação. Assim,
seus teólogos propõem uma pastoral baseada nas comunidades eclesiais
de base, nas quais os cristãos das classes populares se reúnem para
articular fé e vida, e juntos se organizam em busca de melhorias de suas
condições sociais, através da militância no movimento social ou através da
política, tornando-se protagonistas do processo de libertação. Além disto,
apresentam as Comunidades Eclesiais de Base como uma nova forma de
ser igreja.
Por seu método e opções políticas, trata-se de uma teologia
extremamente controversa, tanto pelas suas implicações nas igrejas

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quanto na sociedade. A partir dos anos 1980, com a redemocratização das


sociedades latino-americanas e a queda do muro de Berlim com
consequente crise das esquerdas e as transformações sociais e
econômicas provocadas pela globalização e o avanço do neoliberalismo,
esta teologia perdeu parte de sua combatividade política e social.

d) Teologia da Prosperidade - Também conhecida como confissão


positiva, palavra da fé, movimento da fé e evangelho da saúde e da
prosperidade, é um movimento religioso surgido nas primeiras décadas do
século XX nos Estados Unidos da América. Sua doutrina afirma, a partir da
interpretação de alguns textos bíblicos como Gênesis 17.7, Marcos 11.23-
24 e Lucas 11.9-10, que os que são verdadeiramente fiéis a Deus devem
desfrutar de uma excelente situação na área financeira, na saúde, etc. O
pioneiro desse movimento foi o estadunidense Essek. M. Kenyon,
enquanto o maior divulgador foi Kenneth Hagin, que influenciou a muitos
pregadores nos Estados Unidos que ganharam reconhecimento mundial,
como Kenneth Copeland, Benny Hinn, David (Paul) Yonggi Cho, entre
outros.
A Partir dos anos 70 e 80, a teologia da prosperidade se estendeu a
muitos países, incluindo Portugal, onde se destacou Jorge Tadeu,
fundador da Igreja Maná, e também o Brasil. Ao longo dos anos essa
doutrina foi abraçada principalmente por igrejas neopentecostais. No
Brasil, as maiores igrejas desse movimento são a Igreja Universal do Reino
de Deus, do Bispo Macedo, Igreja Internacional da Graça de Deus, do
Missionário R.R. Soares, a Igreja Mundial do Poder de Deus, fundada pelo
Apóstolo (sic) Waldemiro Santiago, também dissidente da Igreja Universal,
a Igreja Apostólica Renascer em Cristo, fundada pelo casal Estevam e
Sônia Hernandes, além da Igreja Nacional do Senhor Jesus Cristo, de
Valnice Milhomens.

e) Teologia Neopentecostal - O Neopentecostalismo é uma vertente do


evangelicalismo que congrega denominações oriundas do pentecostalismo
clássico ou mesmo das igrejas cristãs tradicionais (batistas, presbiterianos,
etc). Surgiram sessenta anos após o movimento pentecostal do início do
século XX (1906, na Rua Azuza), ambos nos Estados Unidos da América.

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Em alguns lugares são chamados de carismáticos, tendo como exceção o


Brasil, onde essa nomenclatura é reservada quase exclusivamente para
um movimento dentro da Igreja Católica chamado Renovação Carismática
Católica, mas aos poucos o termo vem sendo resgatado por pentecostais e
neopentecostais no País.
No Brasil, as igrejas mais representativas dessa corrente são a Igreja
Universal do Reino de Deus, a Igreja Internacional da Graça de Deus, a
Igreja Renascer em Cristo, a Igreja Mundial do Poder de Deus, a
Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra e o Ministério Internacional da
Restauração.
As igrejas neopentecostais se baseiam em uma doutrina conhecida
como "confissão positiva", também chamada Teologia da Prosperidade.
De acordo com o Dicionário dos Movimentos Pentecostal e Carismático,
"Confissão positiva é um título alternativo para a teologia da fórmula da fé
ou doutrina da prosperidade promulgada por vários televangelistas
contemporâneos, sob a líderança e a inspiração de Essek William Kenyon.
A expressão "confissão positiva" pode ser legitimamente interpretada de
várias maneiras. O mais significativo de tudo é que a expressão "confissão
positiva" se refere literalmente a trazer à existência o que declaramos com
nossa boca, uma vez que a fé é uma confissão.

De acordo com o pastor e pesquisador Paulo Romeiro, em seu livro


"Supercrentes, o Evangelho segundo Kenneth Hagin, Valnice Milhomens e
os Profetas da Prosperidade", é a corrente doutrinária que ensina que
uma vida medíocre do cristão indica falta de fé. Assim, a marca do cristão
cheio de fé e bem-sucedido é a plena saúde física, emocional e espiritual,
além da prosperidade material. Pobreza e doença são resultados visíveis
do fracasso do cristão que vive em pecado ou que possui fé insuficiente.
Outros ensinamentos nas igrejas neopentecostais são a batalha
espiritual (confronto espiritual direto com os demônios), maldições
hereditárias, possessão de crentes (domínio demoníaco sobre as pessoas,
resultando em doenças ou fracasso), etc. A ênfase que as denominações
neopentecostais dão a esses ensinos é que as levam a ser bastante
criticadas pelas demais denominações protestantes. Segundo os críticos, o
sucesso do movimento teria seu fundamento na pulverização teológica

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promovida por Mary Baker depois por Essek William Kenyon ao misturar o
gnosticismo das religiões metafísicas com o cristianismo pentecostal.

A POSSIBILIDADE DA TEOLOGIA
A teologia só é possível por três motivos:
▪ Na existência de um Deus que tem relações com o universo criado
por Ele. “No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gênesis 1:1).

▪ O homem é feito à imagem de Deus e é capaz de receber e


compreender aquilo que Deus revela. «E disse Deus: Façamos o
homem à nossa imagem, conforme à nossa semelhança: domine
sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado e
sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra. E
criou o homem à sua imagem: à imagem de Deus o criou: macho e
fêmea os criou» (Gênesis 1:26 e 27).

▪ Na revelação do próprio Deus. «Havendo Deus antigamente falado


muitas vezes, e em muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós
falou-nos nestes últimos dias pelo Filho» (Hebreus 1:1).

A REVELAÇÃO DE DEUS
Pascal (teólogo francês) falou de Deus como um Deus Absconditus
(um Deus escondido); mas afir-mou que este Deus escondido se revelou e,
portanto, pode ser conhecido. Isto é verda-de, pois nunca poderíamos
conhecer a Deus se Ele não se tivesse revelado a nós.
Mas, o que queremos dizer com "revelação"? Para nós, é o ato de
Deus pelo qual Ele Se mostra ou comunica verdade à mente; ato pelo qual
Ele torna manifesto às Suas criaturas aquilo que não pode ser conhecido
de nenhuma outra maneira.
A revelação pode ocorrer através de um ato único, instantâneo ou
pode se estender por um longo período; e esta comunicação de Si Próprio
e de Sua verdade pode ser percebida pela mente humana em vários graus

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de plenitude. Falando de maneira geral, há duas espécies de revelação:


Geral e Especial.

A Revelação Geral de Deus


Ela é encontrada na natureza, na história e na consciência. É
comunicada por meio de fenômenos naturais que ocorrem na natureza ou
no decorrer da história; é endereçada e acessível a todas as criaturas
inteligentes; tem por objetivo suprir a necessidade natural do homem e a
per-suasão da alma para buscar o Deus verdadeiro.

A revelação de Deus na natureza: Os homens em gerai sempre viam


na natureza uma revelação de Deus. Os mais bem dotados muitas vezes
expressaram suas convicções em linguagem semelhan-te a dos salmistas,
dos profetas e dos apóstolos (SL 8:1, 3; 19:1,2; Atos 14:15-17; Rm 1:19-
21).
Muitos homens extraordinários no campo das ciências naturais e
biológicas testificaram quanto a convicção de que a natureza revela Deus.
Apontam o universo como uma manifestação do poder, glória, divindade e
bondade de Deus. Mas cientistas cristãos têm também mostrado as
limi-tações da revelação de Deus na natureza. Eles têm insistido que,
embora deixe o ho-mem sem nenhuma desculpa, esta revelação por si só
é insuficiente para a salvação; entretanto, essa revelação tem a missão de
incitar o homem a buscar uma revelação mais plena de Deus e Seu plano
de salvação, e constitui um chamado geral de Deus para que o ho-mem se
volte para Ele.

A Revelação de Deus na História. Seguramente, nenhum homem de


discernimento pode ques-tionar o fato de que o resultado das guerras no
mundo tenha sido também uma manifestação de Deus na história. Assim,
poderíamos voltar atrás e falar da derrota das nações corruptas da
antiguidade por parte de nações mais viris e retas. É bem verdade que os
conquistadores também eram geralmente maus; mas eles não haviam
ainda chegado ao grau de maldade a que os conquistados tinham.

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O salmista faz a arrojada asserção de que os destinos dos reis e


impérios estão nas mãos de Deus. "Porque não é do Oriente, não é do
Ocidente, nem do deserto que vem o auxílio. Deus é o juiz; a um abate, a
outro exalta". (Sl 75:6,7, Rm 13:1). E Paulo declara que Deus "de um só fez
toda raça humana para habitar sobre toda a face da terra, havendo fixado
os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação; para
busca-rem a Deus se, porventura, tateando o possam achar" (Atos
17:26,27). Concordan-do com isto, o sistema cristão encontra na história
uma revelação do poder e da pro-vidência de Deus.
A Bíblia fala igualmente de como Deus lidou com o Egito (Ex 9:13-
17; Rm 9:17; Jr 46:14-26), Assíria (Is 10:12-19; Ez 31:1-14; Naum 3:1-7),
Babilônia (Jr 50:1-16; 51:1-4), Medo-Pérsia e Grécia jun-tas (Dn 8:1-8, 15-
21), os quatro reinos que vieram depois da queda do império de
Alexandre (Dn 8:9-14, 22-25; 11:5-35), o império romano (Dn 7:7,23).
Toda Ela mostra que "a justiça exalta as nações, mas o pecado é opróbrio
dos povos" (Pv 14:34). Mostra também que apesar de Deus poder, para
Seu próprio sábio e santo propósito, permitir que uma nação mais ímpia
triunfe sobre uma menos ímpia, Ele no fim tratará a mais ímpia com maior
severidade, do que a menos ímpia (Hc 1 e 2).
Notamos, mais particularmente, que Deus revelou a Si Mesmo na
história de Is-rael: no conceito que Israel tinha de Deus e no tratamento
que Deus deu a Israel. Apesar de Israel ser pequeno e viver em um
pequeno e obscuro país, e manter pouco comércio com o resto do mundo,
foi um espetáculo para o mundo todo (Dt 28:10). Quando Deus ameaçou
destruir a nação no deserto devido ao seu grave pecado - Moisés suplicou-
lhe que poupasse o povo por causa da maneira como Sua honra ficaria
envolvida na destruição (Ex 32:12; Dt 9:28). Quando Israel obedeceu a
Deus, conquistou sete nações maiores que ele (Dt 7:1;9:1; Josué 6:12);
mas quando seguiu seus próprios caminhos, Deus os en-tregou a nações
opressoras e ao cativeiro em terras longínquas. Quando ele se
arrepen-deu e clamou a Deus, Ele lhe mandou um libertador e lhe deu
vitória sobre seus inimi-gos (Livro de Juízes).

A Revelação de Deus na consciência. Já dissemos que, com base na


consciên-cia, Kant (filósofo alemão) cria em Deus (sobrenatural), na

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liberdade e na imortalidade. Muitos dos moralistas ingleses eram da


mesma opinião. Este é o chamado Argumento Moral em favor da
existência de Deus.
É a presença no homem desta ciência do que é certo e errado, deste
algo discrimi-nativo e impulsivo que constitui a revelação de Deus. Não é
autoimposta, como fica evidenciado pelo fato de que o homem
frequentemente se livraria de suas opiniões se pudesse; é o reflexo de
Deus na alma. Da mesma maneira que o espelho e a superfí-cie tranquila
do lago refletem o sol e revelam não apenas a sua existência, mas
também até certo ponto sua natureza, assim a consciência no homem
revela a existência de Deus e, até certo ponto, a natureza de Deus. Isto é,
nos revela apenas o que Ele é, mas também que Ele faz uma distinção
clara entre o certo e o errado (Rm 2:14-16); que Ele sempre faz o que é
certo; e que Ele também dá à criatura racional a responsabi-lidade de
sempre fazer o que é certo e se abster do que é errado. Também dá a
enten-der que a transgressão será punida.
A consciência humana re-vela o fato de que há uma lei absoluta do
certo e do errado no universo e de que há um Legislador Supremo que
encarna esta lei em Sua própria pessoa e conduta.

A Revelação Especial de Deus

Com revelação especial queremos dizer aqueles atos de Deus pelos


quais Ele dá a conhecer a Si próprio e a Sua verdade em momentos
especiais e a povos específicos. Apesar de dada em momentos especiais e
a povos es-pecíficos, a revelação não fica necessariamente circunscrita
apenas àquele momento e povo.
Na verdade, os homens são conclamados a proclamar os atos e
obras maravilho-sas de Deus entre todos os povos da terra (Sl 105:1-2). A
revelação especial é como se fosse um tesouro a ser partilhado com o
mundo inteiro (Lucas 2:10; Mt 28:19-20; Atos 1:8). É dada ao homem de
várias maneiras: na forma de milagres, de profe-cia, na pessoa e trabalho
de Jesus Cristo, nas Escrituras e na experiência pessoal.
A Revelação de Deus em Milagres. Um milagre genuíno é um
acontecimento fora do comum, que realiza uma obra útil e revela a

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presença e o poder de Deus (Ex. 4:2-5; 1Reis 18:24; João 5:36; 20:30,31;
Ato:.2:22). Um milagre verdadeiro não é mero produto das chamadas leis
naturais. Em relação à natureza, os milagres se dividem em dois tipos: -
aqueles nos quais as leis naturais são intensifica-das ou aumentadas,
como no dilúvio, em algumas pragas do Egito, na força de Sansão, etc.; e, -
aqueles nos quais toda participação da natureza fica excluída: como no
florescimento da vara de Arão, a obtenção de água da rocha, a
multiplicação dos pães e dos peixes, a cura dos doentes, a ressurreição
dos mortos.
Milagres genuínos são uma revelação especial da presença e do
poder de Deus. Provam Sua existência, cuidado e poder. São ocasiões nas
quais Deus como que sai de seu esconderijo e mostra ao homem que é um
Deus vivo, que ainda está no trono do universo e que é suficiente para
todos os problemas do homem. Se um milagre não produz essa convicção
no tocante a Deus, então provavelmente não é um milagre ge-nuíno.

A Revelação de Deus na Profecia: Usamos profecia aqui para indicar


a predi-ção de acontecimentos, não por virtude de mera percepção ou
presciência humana, mas através de uma comunicação direta de Deus.
Exemplo temos nas profecias acerca de Israel e da primeira vinda de
Cristo.

A Revelação de Deus em Jesus Cristo. A revelação geral de Deus não


levou mundo gentio a uma apreensão clara da existência de Deus, da
natureza de Deus ou da vontade de Deus/ Paulo reclama disto em uma
passagem clássica (Rm 1: 20-23). Mesmo a filosofia não deu aos homens
uma concepção verdadeira de Deus. Paulo as-sim fala da sabedoria do
mundo: "Na sabedoria de Deus o mundo não O conheceu por sua própria
sabedoria" (1Co 1:21) e declara que a verdadeira sabedoria "nenhum dos
poderosos deste século conheceu; porque, se a tivessem conhecido,
jamais teriam crucificado o Senhor da Glória;’ (1Co. 2: 8). Apesar de
revelação geral de Deus na na-tureza, na história, na consciência, o mundo
gentio voltou-se para a mitologia, o poli-teísmo e a idolatria. Uma
revelação mais plena se fazia grandemente necessária.

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Cristo é o centro da história e da revelação. O escritor dos Hebreus


diz: "Haven-do Deus, outrora, falado muitas vezes e de muitas maneiras,
aos pais pelos profetas, nestes últimos dias nos falou pelo Filho (Hb 1:1,2);
e diz que Ele é "o resplendor da glória e a expressão exata do Seu ser ( v.
3). Paulo diz que “Ele é a imagem do Deus invisível” (Cl 1:15), e diz que
"nEle habita corporalmente toda a plenitude da Divin-dade" (CI. 2: 9). João
diz: "Ninguém jamais viu a Deus: o Deus unigênito, que está no seio do Pai
é quem O revelou" (João 1:18). E o Próprio Jesus disse: "Ninguém conhece
o Filho senão o Pai; e ninguém conhece o Pai senão o Filho, e aquele a
quem Filho quiser revelar" (Mt 11:27); ainda mais: "Quem me vê a mim vê
o Pai" (João 14: 9). Consequentemente, a igreja tem, desde o princípio,
visto em Cristo a Suprema revelação do Pai.
Parece termos em Cristo uma revelação tríplice de Deus: Uma
revelação de Sua existência, de Sua natureza e de Sua vontade. Ele é a
melhor prova da existência de Deus, pois viveu a vida de Deus entre os
homens. Ele tinha não apenas plena consciên-cia da presença do Pai em
Sua vida e constante comunhão com Ele (João 8: 18,28,29; 11:41; 12:28),
como também provava por meio de Suas reivindicações (João 8:58; 17:5),
Sua vida sem pecados (João 8:46), Seus ensinamentos (Mt 7:28,29; João
7:46), obras (João 5:36; 10:37,38; 15:24), posições e prerrogativas
(Mt.9:2,6; João 5: 22,25,28), e relações com o Pai (Mt 28:19; João 10:38)
que Ele próprio era Deus.

A Revelação de Deus nas Escrituras. Tem sido sempre afirmado pelo


crente verdadeiro que temos na Bíblia uma revelação de Deus,
certamente a revelação mais clara e a única que é infalível. A Bíblia não
deveria, entretanto, ser considerada como uma revelação que é
coordenada com aquelas previamente mencionadas, mas sim como uma
incorporação delas. Ela registra, por exemplo, o conhecimento de Deus e
de Seu relacionamento com a criatura a que os antigos chegaram através
da natureza, da histó-ria e da consciência, e também dos milagres,
profecias, do Senhor Jesus Cristo, da ex-periência íntima e da instrução
divina. O cristão, portanto, volta-se para as Escrituras como a única fonte
suprema e infalível para a construção da sua teologia.

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A Revelação de Deus na Experiência Pessoal. Homens de todas as


idades têm professado ter comunhão direta com Deus. Declaram que o
conheceram, não simplesmente através da natureza, história e
consciência, não apenas por meio dos mi-lagres e profecias mas também
por experiência pessoal direta. Foi assim nos tempos do Velho
Testamento. Enoque e Noé andaram com Deus (Gn 5:21-24; 6:9); Deus
fa-lou a Noé (Gn 6:13; 7:1; 9:1); a Abraão (Gn 12:1-3); a Isaque (Gn 26:24);
a Jacó (Gn 28: 13; 35:1); a José (Gn 37:5-11); a Moisés (Êx 3:3-10;12:1); a
Josué (Josué 1:1); a Gideão (Juízes 6:25); a Samuel (I Sm 3:2-4); a Davi (I
Sm 23: 9-12); a Elias (I Reis 17: 2-4); a Isaías (Is 6:8), etc.
Da mesma maneira, no No-vo Testamento Deus falou a Jesus (Mt
3:16,17; João 12:27,28); a Pedro, Tiago e João (Marcos 9:7); a Felipe (Atos
8:29); a Paulo (Atos 9:4-6;18: 9); e a Ananias (Atos 9:10).
Esta experiência de comunhão com Deus tinha um poder
transformador nas vidas daqueles que passavam por ela (Sl 34:5; Ex 34:29-
35). Eles se tornaram cada vez mais parecidos com o Senhor com quem
tinham comunhão (Atos 6:15, II Co 3:18). Comunhão com Deus trazia
também uma revelação das verdades mais profundas de Deus e confiava
ao que dela gozava a mensagem de Deus para a igreja e para o mundo.
Não lhe dava apenas a mensagem, mas também a inspiração do Espírito
Santo para que a pudesse reproduzir clara e infalivelmente (II Tm 3:16; II
Pedro 1:21).

DIVISÕES DA TEOLOGIA
O vasto campo de estudo da Teologia pode ser dividido nas seguintes
partes:
• Teologia Exegética
• Teologia Histórica
• Teologia Bíblica
• Teologia Dogmática
• Teologia Prática
• Teologia Natural
• Teologia Sistemática

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A TEOLOGIA EXEGÉTICA: Em sentido literal, o termo exegética, vem


da palavra grega que expressa “tirar o sentido para fora do texto”, “sacar”
ou “extrair” a verdade. Assim, a Teologia Exegética procura no estudo do
Texto Sagrado trazer à luz o seu verdadeiro sentido. Inclui ela o estudo das
línguas originais da Bíblia, da Arqueologia Bíblica, Introdução Bíblica e
Hermenêutica Bíblica.

A TEOLOGIA HISTÓRICA: Estuda a trajetória do povo de Israel e da


igreja cristã. Considera o desenvolvimento histórico da doutrina, mas
também investiga as variações sectárias e heréticas da verdade. Ela
abrange História Bíblica, História da Igreja, História das Missões, História
da Doutrina e a His-tória dos Credos e Confissões.

A TEOLOGIA BÍBLICA: Sistematiza as doutrinas de acordo com as suas


ocorrências nas diversas partes da Bíblia, como são apresentadas por cada
escritor sacro. Aqui se estuda a Teologia Bíblica do Antigo e do Novo
Testamentos. A teologia bíblica extrai o seu material exclusivamente da
Bíblia.

A TEOLOGIA DOGMÁTICA: Nesta Teologia, estudam-se os credos das


igrejas. Estuda-se Apologética e a Ética.

A TEOLOGIA PRÁTICA: Sistematiza e ordena a aplicação das


doutrinas de modo prático e direto no homem. Aqui se estuda:
Homilética, Liturgia, Administração Eclesiástica, Educação Cristã e
Missões. Ela busca aplicar à vida prática os ensinamentos das outras
teologias, para edificação, educação, e aprimoramento do serviço dos
homens.

A TEOLOGIA NATURAL: Estuda fatos que se referem a Deus e Seu


universo que se encontra revelado na natureza.

A TEOLOGIA SISTEMÁTICA: Encarrega-se de coordenar todos os


ensinos das Teologias anteriores (Exegética, Histórica e Bíblica) e

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sistematizá-las sob os grandes títulos do estudo teológico. A Teologia


Sistemática é também conhecida, principalmente como apresentada por.
L. Berkhof, como Teologia Reformada. Aqui se estuda: Bibliologia,
Teologia, Cristologia, Paracletologia, Angelologia, Antropologia,
Hamartiologia, Soteriologia, Eclesiologia, Escatologia.
Segundo A. H. Strong, a teologia Sistemática é chamada teologia
propriamente dita; a Teologia Bíblica e a Histórica são seus estágios
incompletos e preparatórios.
Deve-se distinguir a Teologia Sistemática da Dogmática. Esta é a
sistematização das doutrinas expressas nos símbolos da Igreja (Confissão,
credo, consenso, declaração, formulário, cânones, artigos de fé)
associando a sua base às Escrituras e à apresentação, até onde possível,
da sua necessidade racional. Por outro lado, a Teologia Sistemática não
começa com os símbolos, mas com as Escrituras. Ela não indaga primeiro
qual a crença da Igreja, mas qual a verdade de Deus revelada na Sua
Palavra.
Examina a palavra com todos os acessórios que a natureza e o
Espírito lhe deram, utilizando a Teologia Bíblica e a Histórica não como
mestras, mas como suas servas e auxiliares.

OBJETIVOS DA TEOLOGIA
Demonstrar a existência de Deus: O mundo revela-se imperfeito, por isso
não pode ter em si a causa do seu ser e do seu operar. Logo, deve-se
remontar a um ser perfeito, Deus, que é, sem dúvida, o criador do mundo
que Ele tira do nada. Conclui-se, então, que a finalidade primeira da
Teologia é demonstrar a existência de Deus, posto que provada já está e
dispensa qualquer esforço nesta direção, e produzir conhecimento correto
da sua personalidade e do seu caráter.
Explicar o homem e sua queda: Entre as coisas criadas, o ser humano
merece destaque especial em razão das peculiaridades curiosas e
impressionantes do seu existir. Sendo assim, a Teologia procura explicar
quem é, o que é e para quê o homem, demonstrando e explicando suas
peculiaridades existenciais e buscando sempre sua origem primeira e seu

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fim último.
Nessa busca, a mais drástica constatação em conexão ao homem, e que
produz consequências tanto no presente, quanto no futuro; é sua queda.
Portanto, deve a Teologia explicar a origem, a extensão e a natureza dessa
queda.

Explicar a restauração: A constatação da queda leva à uma necessidade: a


de restauração. Esta necessidade depreende-se do fato de que o homem é
criatura de Deus e, sendo assim, não deve ter sido feito para a ruína. Por
outro lado, verifica-se o empenho que o homem tem feito para
desvencilhar-se desse problema. Logo, a restauração é uma necessidade e
uma possibilidade e é algo que somente o Criador pode realizar. A
Teologia deve também explicar essa restauração.

Explicar o mundo vindouro e preparar o homem para ele: Existem


evidências da existência de um mundo após a morte, de além-túmulo, e
da vocação inata no homem à eternidade. A Teologia, logo, não poderia
furtar-se ao nobre propósito de explicar esse mundo e de preparar o
homem para nele entrar, após seu desaparecimento da terra, visto que
nenhuma outra forma de conhecimento o pode fazer. É neste ponto que a
Teologia é superior às demais ciências, pois enquanto estas lhe dão
conhecimento apenas do mundo presente, que é por natureza transitório,
a Teologia torna o homem sábio para a posse da vida eterna, preparando-
o para viver no mundo vindouro.

RELAÇÃO DA TEOLOGIA COM A RELIGIÃO


A teologia está relacionada com a religião, assim como a botânica
com a vida das plantas. Sem a vida das plantas não poderia haver
botânica. Sem os astros, seria impossível a astronomia. De igual maneira,
é impossível a existência da teologia sem a religião: aquela é uma
consequente desta. E, portanto, necessário que tenhamos uma ideia clara
da religião, pois dela depende a teologia.
A religião é a vida do homem nas suas relações sobre humanas, isto
é, a vida do homem em relação ao Poder que o criou, à Autoridade

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Suprema acima dele, e ao Ser invisível com quem o homem é capaz de ter
comunhão.
Religião é vida em Deus; porque este Ser invisível, esta Autoridade
Suprema, este Poder com Quem o homem se relaciona, são um em Deus,
e conhecê-lo, na genuína expressão do termo, é ter vida eterna.
A religião é sempre a vida do homem como um ser dependente de
um poder, responsável para com uma autoridade e adaptável a uma
comunhão íntima com uma realidade invisível. Esta definição exclui a ideia
que prevalece, de que a religião é um corpo de doutrinas. Quem assim
define a religião confunde-a com a teologia, confusão que, se não justifica,
não tem razão de ser: religião é vida; teologia é doutrina. E, como já
dissemos, a religião precede a teologia.
Funda-se a religião na própria constituição do homem. O ser
humano é essencialmente religioso. O salmista revelou bem claramente
esta verdade quando escreveu: «Assim como o cervo brama pelas
correntes das águas, assim brama a minha alma por Ti, ó Deus» (Salmos
42:1).
Não se deve confundir a religião com as suas manifestações, como
aconteceu com os fariseus - «E então lhes direi abertamente: Nunca vos
conheci: apartai-vos de mim, vós que obrais a iniquidade» (Mateus 7:23).
E verdade que a religião envolve culto, sacrifício próprio, oração, e, não
raro, se manifesta em obras de beneficência; estas coisas, porém, não
formam a essência da religião, pois são apenas manifestações do espírito
religioso. A glória da religião não se acha naquilo que podemos fazer e
fazemos, senão na realidade de um Deus bondoso e misericordioso e
numa comunhão íntima entre Ele e o homem. Reiterando o que já
dissemos, a religião é vida em Deus, que se manifesta em obras várias,
para beneficio da humanidade e para honra e glória do Criador.
A Teologia estuda aquilo de que a religião é a realidade. A religião,
como já observamos, é a vida em Deus, vida em que tomam parte ativa o
intelecto, a vontade e as afeições. A vida religiosa envolve o homem em
todo o seu ser, e os fatos apurados das suas experiências com Deus, no
transcurso da vida, constituem a sua teologia. O homem é um ser que
reflete, que pensa sobre as suas experiências. A teologia é, portanto, coisa
necessária e natural.

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O homem não pode deixar de ter uma teologia, salvo se ele deixar
de meditar nas experiências mais sublimes e mais preciosas desta vida.
Temos como exemplo o Salmo 23. Que bela experiência! Que bela
teologia!
Além das nossas experiências, a nossa teologia consta também das
revelações de Deus. Deus é muito mais do que podemos experimentar. Se
se limitasse, portanto, a nossa teologia exclusivamente àquilo que
podemos experimentar de Deus, sem dúvida seria ela muito deficiente.
Baseando-a, porém, nas nossas experiências da revelação divina, ser-nos-á
possível chegar a um conhecimento muito mais elevado deste assunto.
A teologia é, então, um estudo acerca de Deus, baseado na
experiência do homem com Deus e na revelação divina.

RELAÇÃO DA TEOLOGIA COM A FILOSOFIA


Teologia e filosofia têm praticamente os mesmos objetivos, mas
diferem bastante no enfoque que dão e no método que usam para atingir
esses objetivos. Ambas buscam uma visão completa do mundo e da vida.
Entretanto, enquanto a teologia parte da crença na existência de Deus e
da ideia de que Ele é causa de todas as coisas, com exceção do pecado, a
filosofia parte de uma outra coisa dada e com a ideia de que é suficiente
para explicar a existência de todas as outras coisas.

Para os filósofos gregos, esta coisa dada era ou a água, ou o ar, ou o


fogo, ou átomos em movimento, ou ideias; para os modernos, é a
natureza ou a mente, ou a personalidade, ou a vida, ou alguma outra
coisa.

A teologia não apenas parte da crença na existência de Deus, mas


também afirma que Ele graciosamente Se revelou. A filosofia nega essas
duas ideias.
Baseado na ideia de Deus e no estudo da revelação divina, o teólogo
desenvolve suas ideias a respeito do mundo e da vida; baseado na coisa
dada e nos supostos poderes a ela inerentes, o filósofo desenvolve suas
ideias a respeito do mundo e da vida.

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É claro, portanto, que a teologia se alicerça sobre uma base sólida e


objetiva, enquanto a filosofia se alicerça apenas nas suposições e
especulações do filósofo. No entanto, a filosofia é definitivamente
importante para o teólogo.
Em primeiro lugar, oferece a ele certo apoio para a posição cristã.
Kant, na base da consciência, defendeu a existência de Deus, liberdade e
imortalidade. Vários filósofos têm defendido a independência da mente e
do cérebro e têm procurado estabelecer as relações entre eles. O teólogo
pode usar tais conclusões filosóficas para reforçar a posição bíblica.
Em segundo lugar, revela a ele a incapacidade da razão para
resolver os problemas básicos da existência. Enquanto o teólogo aprecia
toda a ajuda real que recebe da filosofia, ele logo percebe que a filosofia
não tem uma teoria real das origens e nenhuma doutrina de providência,
pecado, salvação, e uma consumação final. Como todos esses conceitos
são muito vitais para uma ideia adequada do mundo e da vida, o teólogo é
irresistivelmente conduzido a Deus e à revelação que ele fez de Si mesmo
para tratar dessas doutrinas.
E, em terceiro lugar, dá-lhe a conhecer as ideias do descrente culto.
A filosofia é para o descrente o que a fé cristã é para o crente; e ele se
apega a ela com a mesma tenacidade com a qual o crente se apega à sua
fé. Conhecer a filosofia de alguém é, portanto, ficar de posse da chave
necessária para compreendê-lo e também para lidar com ele. O crente
pode não conseguir ir muito longe com o filósofo teórico, mas poderá
ajudar aquele que ainda não estiver totalmente dominado pelas teorias da
especulação.

POR QUE OS CRISTÃOS DEVEM ESTUDAR


TEOLOGIA?
A razão básica. Muitas respostas têm sido dadas a essa pergunta, mas
com muita frequência elas deixam a impressão de que a teologia pode de
algum modo “aperfeiçoar” a Bíblia por fazer melhor o trabalho de
organizar seus ensinos ou de explicá-los de maneira mais clara do que a
própria Bíblia faz. Dessa forma podemos começar a negar implicitamente
a clareza das Escrituras ou a suficiência das Escrituras.

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Entretanto, Jesus ordenou a seus discípulos e agora nos ordena


também que ensinemos os crentes a guardar tudo o que ele ordenou:
“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome
do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as
coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até
a consumação do século” (Mt 28.19-20).
Ora, a rigor, ensinar tudo o que Jesus ordenou é simplesmente
ensinar o conteúdo do ensino oral de Jesus registrado nas narrativas dos
evangelhos. Contudo, num sentido mais amplo, “tudo o que Jesus
ordenou” inclui a interpretação e a aplicação de sua vida e de seus
ensinos, porque no livro de Atos está subentendido que a obra contém a
narrativa do que Jesus continuou a fazer e a ensinar depois de sua
ressurreição por intermédio dos apóstolos (observe que 1.1 fala de “tudo
o que Jesus começou a fazer e a ensinar”). “Tudo o que Jesus ordenou”
pode incluir também as epístolas, uma vez que foram escritas sob a
supervisão do Espírito Santo e também consideradas “mandamento do
Senhor” (I Co 14.37; veja também Jo 14.26; 16.13; 1 Ts 4.15; 2Pe 3.2; e Ap
1.1-3). Portanto, num sentido mais amplo, “tudo o que Jesus ordenou”
inclui todo o Novo Testamento.
A tarefa de cumprir a Grande Comissão inclui, desse modo, não só a
evangelização, mas também o ensino. E a tarefa de ensinar tudo o que
Jesus ordenou é, num sentido mais amplo, a tarefa de ensinar o que a
Bíblia toda nos ensina hoje. Para ensinar efetivamente a nós mesmos e
aos outros o que a Bíblia toda diz, é necessário compilar e resumir todas
as passagens das Escrituras sobre um assunto específico.
A razão básica para estudar teologia, então, é que ela nos capacita a
ensinar a nós mesmos e a outros o que a Bíblia toda diz, cumprindo dessa
forma a segunda parte da Grande Comissão.

O BENEFÍCIO PARA NOSSA VIDA:


Primeiro, estudar teologia nos ajuda a vencer nossas ideias erradas.
Se não houvesse pecado em nosso coração, poderíamos ler a Bíblia de
capa a capa e, embora não aprendamos imediatamente todas as coisas na
Bíblia, seria mais provável que só aprendêssemos coisas verdadeiras sobre
Deus e sobre sua criação. Toda vez que a lêssemos, aprenderíamos mais

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coisas verdadeiras e não iríamos nos rebelar ou nos recusar a aceitar algo
que descobríssemos ali. Mas com o pecado em nosso coração,
conservamos alguma rebeldia contra Deus. Em vários pontos existem —
para todos nós — ensinos bíblicos que por uma razão ou outra não
queremos aceitar. O estudo da teologia sistemática ajuda a vencer essas
ideias rebeldes.

Segundo, estudar teologia ajuda a nos tomarmos capazes de tomar


decisões melhores mais tarde em novas questões de doutrina que possam
surgir. Não conseguimos saber que novas controvérsias doutrinárias
surgirão nas igrejas em que vamos viver e ministrar daqui a dez, vinte ou
trinta anos, se o Senhor não voltar antes disso. Essas novas controvérsias
doutrinárias às vezes incluem questões que ninguém encarou com
cuidado antes. Os cristãos vão perguntar: “Que diz a Bíblia como um todo
sobre este assunto?”
Qualquer que seja a nova controvérsia doutrinária no futuro,
aqueles que tiverem aprendido bem a teologia sistemática serão muito
mais capazes de responder a novas perguntas que surgirem.

Terceiro, estudar teologia irá ajudar-nos a crescer como cristãos.


Quanto mais soubermos a respeito de Deus, de sua Palavra, de seu
relacionamento com o mundo e com a humanidade, mais vamos confiar
nele, louvá-lo de modo mais pleno e obedecer-lhe mais prontamente.
Estudar a teologia sistemática corretamente vai nos tomar cristãos mais
maduros. Se isso não ocorrer, não a estamos estudando do modo que
Deus quer.

TODO CRISTÃO É TEÓLOGO


Teologia é qualquer reflexão sobre as questões essenciais da vida
que aponte para Deus.

Ninguém que reflita sobre as perguntas cruciais da vida escapa de


fazer teologia. E qualquer um que reflita sobre as questões fundamentais
da vida — incluindo perguntas sobre Deus e nossa relação com ele — é
teólogo.

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Cresce entre os cristãos a concepção errônea de que existe um


grande abismo entre “cristãos comuns” e “teólogos”. Para alguns, a
percepção desse abismo gera medo; para outros, suspeita e
ressentimento. O profissional da teologia (ou Teólogo) é simplesmente o
cristão vocacionado para fazer o que de certa maneira fazem os demais
cristãos: pensar e ensinar acerca de Deus.

A teologia é inevitável ao cristão que pensa, e a diferença entre


teólogos profissionais ou não é apenas de posição, não de qualidade.

Sendo profissionais ou não, os teólogos (todos os cristãos que


pensam, independentemente da denominação) precisam uns dos outros.
Teólogos profissionais existem para servir à comunidade de fé, não para
ditar-lhe as crenças ou para dominá-la intelectualmente. Os teólogos
leigos precisam dos profissionais, pois estes fornecem àqueles as
ferramentas para o estudo da Bíblia, a perspectiva histórica e a articulação
sistemática, meios que lhes permitem aprimorar a prática da teologia.

TEOLOGIA DE COSMOVISÃO

Em determinado momento da vida, toda pessoa tem de defrontar e


debater-se com questões que apontam para a pergunta fundamental
acerca de Deus, Reconheçamos que nem todos a formulam
explicitamente. Não obstante, até mesmo onde é ignorado ou negado,
Deus continua sendo o último horizonte — pano de fundo e alvo — em
relação ao qual surgem e para o qual apontam todas as: perguntas
fundamentais da vida. Nesse sentido, toda pessoa reflexiva é um teólogo.

A mais importante dentre as perguntas fundamentais da vida é


aquela acerca de Deus, porque para ela apontam para as demais. Se existe
Deus — o Criador “do céu e da tetra” —, então todas as outras
interrogações adquirem significado novo e obtêm eventuais respostas,
que de outro modo conduziriam somente a becos sem saída, A teologia de
cosmovisão (visão de mundo) é comum a todas as pessoas que pensam,
porque indagar das questões fundamentais da vida faz parte da existência
humana, Isso poderia ser em si mesmo um indicativo de que existe
Alguém além de nós.

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TEOLOGIA CRISTÃ

Como definir, então, de forma apropriada, a teologia cristã? Uma


definição de longa data é “fé em busca de entendimento”. A respeito das
interpretações equivocadas, a teologia cristã não diz: “Entenda e depois
creia”. Pelo contrário, procura entender com o intelecto o que o coração
— o cerne do caráter de uma pessoa — já crê e com o qual está
comprometido. Essa definição de teologia remonta no mínimo ao grande
teólogo medieval Anselmo de Cantuária. Anselmo foi monge, teólogo,
filósofo e arcebispo de Cantuária no século XII. Ele é famoso por formular
o que muitos supõem ser a prova racional perfeita da existência de Deus
— o chamado argumento ontológico, cuja intenção é demonstrar, acima
de qualquer dúvida possível, que Deus precisa existir, com base na
definição de Deus como “o Ser, maior que o qual ninguém pode ser
concebido”.

Por causa de seus escritos, Anselmo conquistou a reputação


imerecida de ser um racionalista radical — alguém que se recusava a crer
em qualquer coisa que não pudesse ser provada. Na realidade, Anselmo
escreveu a maioria de suas grandes obras, incluindo as versões do
argumento ontológico acerca da existência de Deus, em forma de oração!
Numa dessas orações, deixou absolutamente claro que não estava
tentando provar a existência de Deus para crer, mas porque já tinha fé.
Seu lema era: Credo ut intelligam — “Creio para poder entender”.

A fé em busca de entendimento, portanto, é um modo diferente de


expressar o cerne da teologia em Anselmo. Iniciamos com a fé, que em
última análise é um misterioso presente da graça, No entanto, isso não
significa que a pessoa não exerça nenhum papel. Mas a fé é mais que
simplesmente optar por acreditar em algo e com certeza mais que um
substituto precário a bons argumentos. Fé é ser cativado por alguém —
Alguém! — que convoque e reivindique nossa vida.

É deste modo que a vida cristã começa: com graça e fé, não com a
razão, A razão pode exercer um papel e ser um instrumento no chamado
de Deus, no entanto ninguém se tomará cristão simplesmente por chegar
ao fim de uma corrente puramente humana de argumentos e concluir;

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“Bem, penso que se quero ser racional tenho de acreditar em Deus e em


Jesus Cristo”. Não, a gênese do cristianismo autêntico pode conter um
processo racional, mas não pode ser reduzida a isso. Fé é o elemento
misterioso que implica convicção pessoal, discernimento a partir de outra
posição e coração transformado, que se inclina para Deus de maneira,
nova.

LIGANDO A TEOLOGIA DE COSMOVISÃO À TEOLOGIA CRISTÃ

Como conectar esses dois tipos de teologia — a que ê própria dos


que pensam (ou teologia de visão de mundo) e a que é comum a todos os
cristãos? Parece que as questões fundamentais da vida servem como
sinais ou pistas de transcendência. Ou seja, apontam para cima, para algo
ou alguém atrás da existência finita da criatura. Podemos denominar “a
busca da humanidade por Deus” o processo e a prática de refletir sobre as
perguntas mais importantes da vida. E uma procura universal que se
mostrará sempre frustrada, a menos que essa busca se tome “Deus
procurando pela humanidade”.

Os cristãos acreditam que foi exatamente isso que aconteceu na


história narrada pela Bíblia, Deus começou a enviar respostas às
indagações humanas por intermédio de eventos históricos, grupos de
pessoas, profetas, mensagem inspiradas e finalmente pela vinda de Deus
em pessoa para conviver com os seres humanos. Os cristãos creem que a
narrativa bíblica responde às perguntas fundamentais da vida. Recebê-las
e reconhece-las como Palavra de Deus, todavia, são obras da graça de
Deus e decorrência da fé. Por fim, reconhecer a Deus não é somente uma
descoberta filosófica, embora a pessoa possa se abrir primeiro a Deus e à
sua palavra, reconhecendo a correlação entre as respostas ali encontradas
e as perguntas fundamentais e perenes da vida.

O cristão, portanto, não é apenas um teólogo limitado à reflexão


sobre as perguntas cruciais da vida, e sim alguém capaz de refletir sobre o
significado da Palavra de Deus e sobre como ela ilumina a vida, conferindo
sentido e propósito à existência.

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A fé cristã autêntica leva-nos a gravitar em torno do entendimento


desse Deus que reivindicou nossa vida paia si. E, à medida que procura
entender o significado da fé para responder às perguntas extremas da vida
ou simplesmente às questões básicas sobre o relacionamento com Deus, o
cristão já faz teologia.

Logo, você é um teólogo cristão. Talvez nunca tenha pensado desse


modo, por considerar a teologia misteriosa ou mesmo perigosa. Muitos
cristãos julgam erroneamente que a teologia consiste em interrogar a
Deus ou em questionai- a autoridade da Bíblia e daí concluem que a
teologia é uma ameaça ã fé. Talvez você tenha sofrido com esse equívoco
ou conheça alguém que sofreu. Talvez você tenha sido advertido por um
cristão bem-intencionado a tomar cuidado com o estudo da teologia
“porque ela pode destruir sua fé”.

As advertências desestimulantes partem da família e dos amigos.


Alguns de nossos mentores espirituais tentaram nos dissuadir do estudo
da teologia impelidos pelo preconceito profundamente arraigado que a
considera, substituto da fé. Estamos felizes por haver superado essas
objeções, porque para nós a teologia foi e continua sendo o estudo
libertador e enriquecedor que nos aproxima cada vez mais de Deus.

CRISTIANISMO REFLEXIVO
O leitor pode estar pensando: “Por que a reflexão deveria fazer
parte do cristianismo? Afinal, não se presume que os cristãos creiam como
crianças e simplesmente concordem, mediante a fé cega, com o que lhes
proscreve a Palavra de Deus?”. Acima definimos teologia como fé em
busca de entendimento. E quando citamos a reflexão referimo-nos ao
esforço intelectual, que se inicia com a certeza acerca de Deus e sua
Palavra e tenta descobrir o que realmente está subentendido no crer e no
viver, A teologia de fato admite a possibilidade de termos crido incorreta
ou incompletamente. Nem Deus nem sua Palavra podem estar errados,
mas com certeza pode haver equívocos de nossa parte na interpretação e
aplicação das Escrituras. A reflexão é imprescindível a qualquer processo
de amadurecimento de ideias.

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O filósofo ateniense Sócrates defendia este lema: “A vida não


examinada não vale a pena ser vivida”. Com “vida não examinada” ele se
referia ao viver sem reflexão — viver momento após momento sem
questionar o que cremos ou o modo como nos comportamos. Declaramos
que, de certo modo, “a fé não examinada (não refletida) não vale a pena
ser vivida”. Em outras palavras, parte do processo de amadurecimento na
fé cristã que consiste em examinar — de forma crítica — nossa crença e
estilo de vida, bem como de outras pessoas. Isso, contudo, não significa
pôr de lado os compromissos de fé durante o processo. Não podemos
refletir sobre o vácuo! A reflexão pode ser expressa pelo simples gesto de
reclinarmos para trás — ou de entrarmos numa biblioteca — a fim de
examinar nossos valores e comportamentos secundários à luz de nossas
crenças e valores centrais. “Será que são consistentes? Existe uma
inteireza — integridade — no que creio e em como vivo minha vida?” Esse
é o começo da fé reflexiva.

As teologias, portanto, estendem-se num amplo leque de reflexão.


Numa extremidade está o que chamaremos “teologia popular”, e na
outra, o seu oposto: a “teologia acadêmica”. No espaço entre ambas se
situam vários níveis de teologia — algumas menos reflexivas quanto ao
enfoque na fé cristã, outras mais. Mais próxima do centro que a teologia
popular está a teologia leiga, e a mais central de todas é a teologia
ministerial. Movendo-nos mais para a outra extremidade do leque,
encontramos a teologia profissional e finalmente — na extremidade
oposta à teologia popular — situa-se a teologia acadêmica.

TEOLOGIA POPULAR
Que é teologia popular? Empregamos o termo para descrever a
crença não refletida, baseada na fé cega e em alguma espécie de tradição,
Não pretendemos com esse rótulo criticar a fé singela dos santos que
nunca foram instruídos em teologia formal.

Conhecemos autênticos servos de Deus que vivem a vida cristã de


maneira profunda, mas não têm habilidade para articular suas crenças ou
analisá-las de forma crítica. Pelo contrário, empregamos o termo para
identificar a teologia que rejeita a reflexão crítica e entusiasticamente

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abraça a aceitação simplista da tradição informal de crenças e práticas,


formada primordialmente por clichês e lendas: “Meu Deus não está
morto. Lamento pelo seu!”; “Nosso Deus é um Deus poderoso!”;

A característica principal da teologia popular é o apego a tradições


orais sem substância, bem como a recusa em medi-las por qualquer
parâmetro (bases para crer). Simplesmente elas são cridas porque soam
espirituais ou porque são comunicadas por alguém considerado espiritual
ou que transmite uma sensação espiritual.

A teologia popular, por seu conformismo, é imprópria para a


maioria dos cristãos. Ela estimula a ingenuidade, a espiritualidade forçada
e respostas simplistas aos difíceis dilemas com que deparam os seguidores
de Jesus Cristo neste mundo predominantemente secular e pagão.
Retarda o crescimento e embota a influência do cristianismo
no mundo.
Teria a teologia popular algum valor para a fé reflexiva? Embora a
teologia popular não seja adequada como patamar para cristãos que
pensam e procuram articular suas crenças, reconhecemos que teólogos
leigos, ministeriais e profissionais podem aprender sobre os
anseios do coração das pessoas.

TEOLOGIA LEIGA
A teologia leiga representa, quanto ao nível de reflexão, um passo
acima e além da teologia popular. Na realidade, se a reflexão caracteriza a
diferença entre a teologia popular e a teologia leiga, a última pode ser
descrita como o avanço radical em relação à primeira! A teologia leiga
surge quando o cristão comum começa a questionar os clichês e lendas
simplistas da teologia popular. Ela emerge quando o cristão escava
profundamente os recursos de sua fé, reunindo mente e coração na
sincera tentativa de examinar e entender essa fé. A teologia leiga pode
carecer das sofisticadas ferramentas dos idiomas bíblicos e da consciência
lógica e histórica, porém busca, com os recursos de que dispõe, integrar as
crenças cristãs num todo bem fundamentado e coerente, questionando
tradições infundadas e eliminando flagrantes contradições.

Cristãos que pensam podem ajudar a igreja a “rever suas ações” e a


apresentar a si mesma e ao mundo uma face consistente, de uma
organização que sabe o que crê e por que razão crê no que proclama.
Lamentavelmente, porém, a própria teologia leiga, apesar de singela e

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respeitosa, é tratada pelos que preferem a teologia popular como


evidência de diminuição da espiritualidade. Essa reação desencoraja e
intimida outros leigos que desejam uma fé mais madura e racional e dá a
impressão de que os cristãos em geral são anti-intelectuais e preferem
confortáveis mitos à fé racional.

TEOLOGIA MINISTERIAL
A teologia ministerial é a fé refletida por ministros treinados e
educadores nas igrejas cristãs. Eleva-se acima da teologia leiga quanto ao
nível de reflexão exigido. A teologia ministerial não é exclusiva de obreiros
ordenados ou profissionais eclesiásticos.

A igreja tem grande necessidade de leigos nas áreas de ensino,


pregação, exortação e evangelismo. Dando-se conta dessa carência,
muitas igrejas criam centros de treinamento informais para encaminhá-los
à teologia semiprofissional. Além disso, muitos deles
frequentam escolas bíblicas e seminários noturnos ou fazem cursos por
correspondência para enriquecer sua capacidade de interpretar a Bíblia e
aplicá-la à vida cotidiana neste mundo cada vez mais pós-cristão.
A teologia ministerial, em sua melhor forma, utiliza ferramentas
normalmente disponíveis apenas no âmbito do estudo formal —
conhecimento básico de idiomas bíblicos ou pelo menos habilidade no uso
de concordâncias, comentários e outros auxílios impressos, além de
perspectiva histórica acerca do desenvolvimento da teologia no transcurso
das eras e pensamento sistemático perspicaz apto a reconhecer
inconsistências entre crenças e a estabelecer a coerência entre um item
da fé e outro. A teologia ministerial, portanto, encontra-se em algum lugar
entre a reflexão incipiente do leigo em fase de amadurecimento e o
raciocínio sofisticado do teólogo profissional.

TEOLOGIA PROFISSIONAL
A teologia profissional é um passo adiante no leque da reflexão e do
preparo teológico. O teólogo profissional é alguém cuja vocação requer
habilidade com as ferramentas mencionadas no parágrafo anterior e
consiste em instruir leigos e obreiros a utilizá-las. É natural que os
teólogos profissionais visem elevar seus alunos a um patamar
acima da teologia popular, formando neles a consciência crítica que
questione pressupostos e crenças infundados. Para fazê-lo, precisam ter
consciência crítica. Isso, às vezes, parece a outros ceticismo e hostilidade à

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devoção e à espiritualidade. E os teólogos profissionais debatem-se diante


dessa visão — muitas vezes em grande agonia.

Os teólogos profissionais às vezes têm a sensação de que alguns


cristãos investiram tanto na teologia popular que preferem que ninguém
lhes mostre quão inútil ela é para responder aos difíceis questionamentos
levantados contra a fé cristã neste mundo em progressivo escurecimento.
Talvez os teólogos profissionais não consigam ajudar os que teimam em
viver a vida cristã apenas com o auxílio precário da teologia popular, mas
sua principal tarefa ou contribuição reside em servir aos teólogos leigos e
ministros — ensinando pastores em seminários, faculdades e
universidades ligadas a igrejas e escrevendo livros e artigos para ajudar
teólogos leigos e ministeriais em suas jornadas de reflexão. Em sua melhor
expressão, a teologia profissional exerce o papel de serva, e não o papel
senhoril. Ou seja, o teólogo profissional serve à comunidade cristã
ajudando pessoas a pensar como Cristo, a fim de que possam ser mais
eficazes no testemunho e no serviço, tanto na igreja quanto no mundo.

TEOLOGIA ACADÊMICA
Na extremidade do leque — além da teologia profissional e
totalmente oposta à teologia popular —, está a teologia acadêmica. É
altamente especulativa, quase filosófica e visa, sobretudo, a outros
teólogos. Nem sempre está ligada à igreja e pouca relação tem com a vida
cristã autêntica.
Os teólogos profissionais podem beneficiar-se com o estudo da
teologia acadêmica, e normalmente exige-se deles que a estudem até o
ponto de obterem seus títulos, contudo, a igreja e os cristãos individuais
que lutam no mundo real pouco lucram com ela. Considerando que o
teólogo acadêmico se dedica intensamente à reflexão, ele pode levar essa
reflexão, que é uma coisa boa, longe demais, separando-a da fé e
buscando o entendimento em proveito próprio. Em sua pior versão, a
teologia acadêmica segue a lenda “Acreditarei somente no que posso
entender”, o que é bem diferente da “fé em busca do entendimento”.

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BIBLIOGRAFIA
▪ STRONG, Augustus Hopkins. Teologia Sistemática. SÃO Paulo:
Hagnos,2007.
▪ GRUDEM, Wayne A. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova,
1999.
▪ THIESSEN, Henry Clarence. Palestras em Teologia Sistemática. São
Paulo: Editora Batista Regular, 1999.
▪ STANLEY J. Grenz & Roger E. Olson. Iniciação à Teologia: um convite
ao estudo acerca de Deus e de sua relação com o ser humano. São
Paulo: Editora Vida, 2006.
▪ Apostila de Introdução ao Estudo da Teologia. Seminário Teológico
Casa de Profetas.
▪ LANGSTON, A.B. Esboço de Teologia Sistemática. Rio de Janeiro:
Editora JUERP, 1988.

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