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F.

Tales Massei

Suas eCrenças
Ramificações
F. Tales Massei

Suas eCrenças
Ramificações

2ª Edição Julho 2023

A
Editora
Império Cristão
o editoraimperiocristao.com.br
AEditora
Império Cristão
Editora Império Cristão

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(Câmara Brasileira do Livro, SP Brasil)

M394o Massei, Felipe Tales


O Espiritismo Suas Crenças e Ramificações/ Felipe Tales Massei.
– Jundiaí- SP: Editora Império Cristão,

A
2ª Edição Julho de 2023.
186 p.; Tamanho: 14x21 cm.
Bibliografia, pag, 176-185
Editora
ISBN: 979-86-390-0991-4 Império Cristão

1. Bíblia. 2. Cristianismo 3. Teologia Apologética I. Título

CDU:28 CDD: 239


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Dedicatória

Dedico esse livro aos meus amigos de minis-


tério, a todos os obreiros do Senhor, ao meu pastor
local e ao meu líder maior.

E em especial, dedico com todo respeito e admi-


ração ao pastor João Flavio Martinez Presidente
do CACP “Centro Apologético Cristão de Pesqui-
sas”.

Pois esse amigo foi uma grande influência nos


meus estudos apologéticos, além disso comparti-
lhou comigo as mais preciosas fontes para o per-
feito desenvolvimento desta obra, só tenho a agra-
decer por ter esse servo de Jesus Cristo como um
grande companheiro.
Agradecimentos
Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado a oportuni-
dade de preparar toda esta obra, pelo apoio que me foi dado em meio
as grandes dificuldades que enfrentei para conseguir concluir com
êxito este trabalho. Obrigado meu Senhor!

Agradeço também minha digníssima e preciosa esposa, que


acreditou nesse trabalho e pelo excelente serviço prestado em nome
da Editora Império Cristão, na correção ortográfica e teológica deste
livro.

“Toda a glória seja dada a Deus, quero dizer que mérito ne-
nhum eu tenho nesse trabalho, pois se não fosse nosso Senhor Jesus
Cristo por intermédio do Espírito Santo me auxiliando nada teria
feito, pois sem ele nada poderíamos fazer (cf. Jo 15:5)”

(Autor)

Dr. F. Tales Massei


Apresentação

É com muito carinho e responsabilidade que apresentamos


este material de estudos Apologéticos sobre (O Espiritismo Suas
Crenças e Ramificações), com a finalidade de instruir os leitores a
batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos (Jd v 3b). Estamos
vivenciando um tempo muito difícil, no que diz respeito os ataques
que a Igreja de Deus vem sofrendo.

Por isso Deus nos escolheu no meio de muitos para defender-


mos aquilo que é real, aquilo que é eficaz e magnifico; a comunhão
no corpo de Cristo. É de saber de todos nós que as Seitas estão
crescendo muito, e nós precisamos fazer alguma coisa,

Precisamos fazer pela verdade o que as seitas fazem pela mentira

(J.F. Martinez, 2018)

O misticismo sectário já entrou em algumas congregações, o


unicismo já está tomando boa parte dos irmãos. O que nos resta a
fazer? Precisamos confronta-los com a verdade, preparei esse ma-
terial com muitas pesquisas para trazer aos meus amigos leitores o
melhor conteúdo em Apologética. Leia e releia esse livro até que
todos os assuntos estejam ao seu domínio para poder expor a ver-
dade com provas Bíblicas e documentais quando necessário.

Desejo uma ótima leitura!


Sumário
INTRODUÇÃO

O TERMO APOLOGIA .......................................................................... 12

A RAIZ MITOLÓGICA DO TERMO EMPREGADO ................................. 12

ESTILOS DE APOLOGÉTICA CRISTÃ ................................................... 16

O APÓSTOLO PAULO COMO APOLOGISTA ......................................... 21

A HISTÓRIA DA APOLOGÉTICA .......................................................... 22

O EXERCÍCIO DA APOLOGÉTICA ........................................................ 26

OQUE É HERESIAS .............................................................................. 31

O SIGNIFICADO DE HERESIA NO ANTIGO TESTAMENTO .................. 31

O SIGNIFICADO DE HERESIA NO NOVO TESTAMENTO ...................... 31

AS PRINCIPAIS HERESIAS NA IGREJA PRIMITIVA .............................. 32

QUAL A DIFERENÇA ENTRE ERRO E HERESIA? ................................. 33

COMO IDENTIFICAR UMA SEITA ........................................................ 35

SEITAS DO NOVO TESTAMENTO ........................................................ 41

Capítulo 1

INTRODUÇÃO ............................................................................................... 48
AS IRMÃS FOX............................................................................................... 50

ALLAN KARDEC ........................................................................................... 53

FACÇÕES ESPIRITAS NO BRASIL.............................................................. 62

AS ORGANIZAÇÕES ESPIRITAS ................................................................ 64

Capítulo 2

SOBRE DEUS ................................................................................................. 69

SOBRE JESUS CRISTO ................................................................................. 70

NEGAM A EXISTÊNCIA DO CÉU COMO LUGAR DE FELICIDADE ..... 72

NEGAM O INFERNO COMO LUGAR DE TORMENTO ETERNO ........... 73

NEGAM A RESSURREIÇÃO DO CORPO .................................................... 75

NEGAM A INSPIRAÇÃO DIVINA DA BÍBLIA .......................................... 76

DOUTRINA DA TRINDADE NO KARDECISMO ...................................... 77

NEGAM OS MILAGRES DE JESUS ............................................................. 91

Capítulo 3

UMBANDISTA .............................................................................................. 103

O ESPIRITISMO KARDECISTA ................................................................. 121

A LEGIÃO DA BOA VONTADE ................................................................. 122


RACIONALISMO CRISTÃO........................................................................ 129

CULTURA RACIONAL ................................................................................ 134

CÍRCULO ESOTÉRICO DA COMUNHÃO DO PENSAMENTO .............. 151

ORDEM ROSACRUZ.................................................................................... 157

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA .......................................175


O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

INTRODUÇÃO

O TERMO APOLOGIA

Apologética (do latim tardio apologetĭcus, através do grego


ἀπολογητικός, por derivação de "apologia", do grego απολογία: "defesa ver-
bal") é a disciplina teológica própria de uma certa religião que se propõe a
demonstrar a verdade da própria doutrina, defendendo-a de teses contrárias.
Esta palavra deriva-se do deus Grego Apolo.

A RAIZ MITOLÓGICA DO TERMO EMPREGADO

Quem era o deus Apolo

Na mitologia grega, Apolo era o deus das artes, da música, da profecia,


da verdade, da poesia, da harmonia, da perfeição e da cura. Considerado um
dos mais importantes, versáteis e venerados deuses da Grécia Antiga, pois
era um dos deuses olímpicos. Era também muito importante na mitologia
romana.

Era filho de Zeus (deus dos deuses) e Leto (deusa do anoitecer) e irmão
de Ártemis (deusa da caça). Era pai de Asclépio (deus da Medicina e da cura)
e Aristeu (deus da agricultura e vegetação).

Apolo possuía vários atributos e funções, tais como:

- Tornar as pessoas conscientes dos pecados cometidos;


- Agia na purificação dos pecados cometidos pelas pessoas;
- Responsável pelas leis religiosas;

12
INTRODUÇÃO

- Tinha comando sobre as musas (entidades mitológicas que inspiravam as


atividades artísticas);

“Devido esses fatores já fica bem claro a derivação da apologética, uma


vez que o deus Apolo conscientizava as pessoas da verdade plena. Visto que
a apologética, hoje estuda sobre tudo que contradiz a verdade Cristocêntrica,
não para apenas refuta-las, mais mostrar o verdadeiro sentido de uma reali-
dade comprada com o propósito central as Escrituras”.

- Responsável e patrono do Oráculo de Delfos1


Imagem do Oráculo de

- Iniciar os jovens no mundo dos adul-


tos. Um dos fatos interessantes deste deus
é que ele podia agir de forma positiva ou
negativa. Ele tinha poder para criar pragas
e doenças, mas também podia trazer a cura
Imagem do Oráculo de Delfos e a proteção contra as forças maléficas. Ele
era de confiança do povo que presidia, po-

Representação rem verdadeiro e submisso em seu traba-


lho.
Em grande parte das esculturas, Apolo era representado com um jovem
bonito e saudável. Aparece muitas vezes nu ou com o corpo coberto com um
manto fino. Em suas mãos estava uma lira ou um arco e flechas. Era também
comum ser representado ao lado de um de seus animais simbólicos (corvo,
grifo e serpente).Vale ressaltar que Apolo mesmo sendo um ponto de refe-
Imagem do deus grego Apolo

rência em algum sentido, tratando-se da mitologia grega, não significa dizer


que devemos obter outro tipo de interesse em sua pessoa.
1
Hoje Delfos é uma moderna cidade grega muito conhecida por seu sítio arqueológico,
que foi declarado Patrimônio Mundial pela UNESCO. Em épocas antigas, era o local onde abri-
gava os sacerdotes e sacerdotisas e era local dos Jogos Píticos e de um famoso oráculo (o oráculo
de Delfos), que ficava dentro de um templo dedicado ao deus Apolo, elaborado por Trofônio e
Agamedes. Delfos era reverenciado por todo o mundo grego como o omphalos, o centro do uni-
verso.

13
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

Imagem do deus grego Apolo.


Curiosidade sobre Apolo – Apolo era o
deus patrono dos marinheiros dos arqueiros e
pastores.

Por conseguinte, temos uma apresentação de sua imagem e da serpente


um símbolo da divindade de sabedoria na mitologia.
A apologética desenvolveu-se sobretudo no Cristianismo, enquanto em
outras religiões, como o Islã e o Budismo, houve apenas tentativas menores.
Assim, quando o termo "apologética" não é seguido de especificação, é quase
sempre entendido como "apologética cristã", ou seja, como a prática da ex-
planação, demonstração (de ordem moral, científica, histórica, etc.) e defesa
sistematizada da fé cristã, sua origem, credibilidade, autenticidade e superi-
oridade em relação às demais religiões e cosmovisões.

Na Patrística, chamam-se apologistas alguns que, sobretudo, no século


II se dedicaram a escrever apologias ao Cristianismo, usando temas e argu-
mentos filosóficos, notadamente platônicos2 e estoicos3, dos quais falaremos
a seguir, que se mostraram compatíveis com a revelação cristã. O objetivo
desses escritos não era tanto o de defender o Cristianismo contracorrentes
filosóficas diferentes ou contra religiões a ele opostas, mas sobretudo o de
convencer o Imperador do direito de existência legal dos cristãos dentro do

2
(Platônicos) movimento filosófico que segue a linha de pensamento de Platão disci-
pulo de Sócrates, “pesquise sobre o assunto”
3
(Estoicismo) é um movimento filosófico que surgiu na Grécia Antiga e que preza a fi-
delidade ao conhecimento, desprezando todos os tipos de sentimentos externos, como a pai-
xão, a luxúria e demais emoções.

14
INTRODUÇÃO

Império Romano. Os textos apologéticos constituíram as bases para o es-


clarecimento posterior dos dogmas teológicos e, portanto, dos conceitos
fundamentais usados em teologia.

Conforme Sproul, Gerstner, Lindsley (1984:13), a apologética é a de-


fesa fundamentada da religião Cristã. Como defesa fundamentada da fé, a
Apologética está para a Teologia como a Filosofia está para as Ciências Hu-
manas.

É definida pelo dicionário Houaiss como sendo:

• Rubrica: teologia; defesa argumentativa de que a fé pode ser


comprovada pela razão
• Rubrica: catolicismo, teologia; parte da teologia que se dedica à
defesa do catolicismo contra seus opositores.
• Derivação: por extensão de sentido (da acp. 1); defesa persistente
de alguma doutrina, teoria ou ideia."
Ramm (1953:2) identifica na apologética o papel fundamental de me-
diar e conciliar tensões intelectuais:

...a apologética medeia tensões intelectuais. [Essa] mediação intelectual


alivia as pressões mentais, resolvendo discrepâncias aparentes, harmoni-
zando todos os elementos da vida mental. (...) Com o surgimento da menta-
lidade moderna e o conhecimento moderno, veio uma ampla gama de tensões
para o apologista Cristão mediar.

Francis Schaeffer argumenta que a apologética não deve ser usada


como um conjunto de regras fixas e impessoais, mas que a explanação da fé
deve estar sujeita à direção do Espírito Santo e à consciência da individuali-
dade de cada pessoa.

15
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

ESTILOS DE APOLOGÉTICA CRISTÃ

1- Apologética evidencialista

Alega que as evidências materiais favorecem a validade do cristia-


nismo. O evidencialista começa num ponto comum com os não-cristãos, pre-
sumindo que os sentidos e a inteligência são ferramentas úteis para descobrir
a verdade. Ele menciona registros históricos em favor da Bíblia, procurando
demonstrar que:

Apesar de suas partes mais recentes terem sido escritas há quase dois
milênios, ela foi preservada por fiéis copistas, de modo que o sentido de seu
texto permaneceu inalterado ao longo dos séculos, como nenhum outro livro
antigo chega perto de ser;

Ela contém profecias pontualmente cumpridas, que anteciparam even-


tos internacionais em dezenas ou centenas de anos;

Ela é harmoniosa do começo ao fim, formando um único pensamento,


apesar de seus autores possuírem diversas formações e culturas, e muitas ve-
zes, não conhecerem os livros uns dos outros;

Ela é precisa arqueologicamente, se referindo a detalhes que, por ine-


xatidão científica, eram contestados pelos historiadores, até serem esclareci-
dos por escavações posteriores.

Então, quando a razão se mostra limitada para encontrar respostas às


questões que transcendem o campo da investigação, tais como o sentido da
existência, o evidêncialista recomenda a aceitação do cristianismo, pelas
abundantes evidências acumuladas em favor dessa religião. Todas as pala-
vras contidas na Bíblia são fiéis de Gênesis a Apocalipse e puramente inspi-
rada por Deus.

16
INTRODUÇÃO

2- Apologética pressuposicional

Segundo esta escola, o cristianismo forma um sistema completo de pen-


samento, com autoridade própria, não podendo ser autenticado por evidên-
cias externas, por ser necessariamente verdadeiro. Os pressuposicionalistas
alegam que a conquista do conhecimento exige um método confiável de aná-
lise, que permita deduzir informações necessariamente extraídas de premis-
sas anteriores, o que só seria possível através do raciocínio sobre as declara-
ções divinamente reveladas na Bíblia, e nunca das sensações ou da razão
pura.

Desprovidos de um ponto inicial para racionar sobre as coisas, ninguém


poderia obter informação segura, pela falta de uma base de inteligibilidade.
E não adiantaria possuir um ponto inicial, se ele não possuísse auto susten-
tação. Sem um princípio dogmático que permitisse interpretar a realidade a
partir de um ponto absoluto, seria possível apenas presumir a validade das
coisas, conforme pressupostos injustificados. Para ter certeza da veracidade
de uma declaração, seria preciso negar qualquer possibilidade de sua falsi-
dade, julgando-a por um sistema infalível de prova.

Isso só seria possível, sempre conforme o pressuposicionalismo, através


da revelação de um Deus Todo-Poderoso e Criador, detentor de todo o co-
nhecimento sobre o Universo e de toda a autoridade, que seria a fonte de
premissas pretensamente confiáveis, através das quais seria possível alcançar
a verdade. Com tal alegação, os pressuposicionalistas questionam as premis-
sas intelectuais dos não-cristãos, desafiando-os a apresentarem um sistema
de prova pelo qual consigam extrair informações confiáveis sobre qualquer
coisa, e procuram demonstrar que o cristianismo não apenas é intelectual-
mente superior, mas exclusivamente verdadeiro.

17
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

Ao invés de começar a interpretar o mundo segundo premissas natura-


lísticas, não-cristãs, para, depois, aceitar o cristianismo num “salto de fé”, o
pressuposicionalista já começa aceitando o cristianismo por seu valor ine-
rente, por ser uma revelação suficiente como única base segura de conheci-
mento. Ele pressupõe que os fatos só possuem significado porque foram in-
terpretados por Deus, antes de serem criados por Ele. Assim, no pressuposi-
cionalismo, todo fato constitui evidência positiva à existência do Deus do
cristianismo, porque só poderia ser conhecido e explicado dentro da visão
bíblica, cujas premissas forneceriam os pressupostos para o conhecimento,
racionalidade e verdade.

Segundo Vincent Cheung, toda cosmovisão exige um princípio pri-


meiro ou autoridade absoluta. Sendo primeiro ou absoluto, esse princípio não
pode ser justificado por qualquer autoridade anterior ou maior; de outra
forma não seria o primeiro ou absoluto. O princípio primeiro deve então pos-
suir o conteúdo para justificar a si próprio. Por exemplo, a proposição “Todo
conhecimento provém da experiência sensorial” não é o princípio primeiro
sobre o qual uma cosmovisão possa ser construída, pois se todo conheci-
mento advém da experiência sensorial, também esse princípio deve ser co-
nhecido apenas pela experiência sensorial, mas antes de apresentar o princí-
pio, a confiabilidade da experiência sensorial não estava estabelecida. Desse
modo, o princípio resulta em um círculo vicioso, e se destrói. Não importa o
que possa ser validamente deduzido desse princípio, se o sistema não pode
sequer começar, as derivações do princípio não podem ser aceitas.

Não obstante, a apologética pressuposicional muitas vezes é colocada


entre situações de fideísmo, por não considerar nenhuma prova da religiosi-
dade cristã pela razão pura, tornando-se inerte a quem já possui um pensa-
mento filosófico sedimentado, como ateus e agnósticos. Isso faz com que o

18
INTRODUÇÃO

próprio cristianismo se torne escaninho da posição contrário por não oferecer


meios de refutação e contra argumentação.

3- Apologética experimental

Este tipo de apologética, geralmente, é apresentada por fiéis que arro-


gam para si experiências religiosas pessoais e, às vezes, exclusivas. Assim,
alguns apologistas rejeitam este tipo de abordagem por seu caráter excessi-
vamente místico e alegam que tais experiências são comprobatórias apenas
para os que nelas crêem ou delas compartilham. Em suma, a apologética ex-
perimental se apóia na experiência cristã como evidência do cristianismo e
está relacionada à teologia do leigo; ou seja, à teologia que não é acadêmica,
mas popular. Um ponto negativo desta abordagem é que ela se apresenta de
forma um tanto quanto subjetiva. Ou seja, é difícil sentenciá-la como verdade
ou fraude. O seu ponto positivo, porém, é que a nossa crença precisa, de fato,
ser vivida, experimentada, do contrário não passará de teoria.

4- Apologética filosófica

Esta escola procura demonstrar que o cristianismo é a religião mais con-


forme o raciocínio correto. Ela especula sobre o sentido da vida, a origem
das coisas e a natureza humana, para apontar a doutrina bíblica como um
sistema coerente.

Um exemplo dessa abordagem: o apologista procura provar a existência


de Deus. O argumento filosófico mais forte, para isso, é o argumento kalam,
desenvolvido por teólogos muçulmanos, mas aproveitado por pensadores
cristãos; ele pode ser demonstrado assim:

19
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

Tudo o que começa a existir deve ter uma causa. O Universo começou
a existir. Logo, o Universo tem uma causa.

Para provar que o Universo começou a existir, o apologista argumenta


que um conjunto infinito de dias seria impossível, na prática. Uma linha in-
finita seria impossível na forma progressiva, com um ponto inicial, e cada
dia se somando aos anteriores, pois isso resultaria num conjunto crescente,
mas sempre finito. E uma linha sem início também não poderia existir, pois,
assim, o número de dias transcorridos até agora seria infinito, e o hoje nunca
teria chegado. Se o Universo não possuísse início, haveria uma quantidade
indefinida (ilimitada) de dias que já teriam se passado, antes do tempo pre-
sente, o que é inconcebível.

Agora, continua o apologista, se o Universo (espaço, tempo e energia)


teve um início, é porque existe algo maior e diferente do próprio Universo,
que lhe deu causa de existência, e que não possui causa. O Deus descrito na
Bíblia se encaixa nessa definição.

Outro exemplo: a existência da moralidade. O apologista argumenta


que, sem valores absolutos, não há razão para lutar por melhorias na socie-
dade, ou para condenar os atos de barbaridade. Agora, valores são formas de
julgar ações, e o cristianismo apresenta um Deus que decide o que é correto,
e que revelou Sua lei na mente de cada pessoa e na Bíblia. Assim, o fato de
que todas as pessoas têm noção de culpa e responsabilidade seria uma evi-
dência a favor do cristianismo, que contém um manual de regras para viver-
mos em harmonia com os outros, de acordo com palavra divina.

20
INTRODUÇÃO

5- Apologética clássica

Este tipo de abordagem trabalha com o principal pressuposto teológico,


isto é, a existência de Deus. É essa linha apologética que vai explorar os
argumentos comprobatórios da existência divina. Os principais argumentos
são:

Cosmológico: uma vez que cada coisa existente no Universo, deve ter
uma causa, deve haver um Deus, que é a última causa de tudo.

Teleológico: existe um objetivo, um propósito para a criação do Uni-


verso e do ser humano.

Ontológico: Deus é maior do que todos os seres concebidos porque


existe na mente do homem um conhecimento básico da existência de Deus.

“Os teólogos que se destacaram como apologistas clássicos foram:


Agostinho, Anselmo de Cantuária e Tomás de Aquino”.

6- Apologética científica

Pode-se dizer que a apologética científica seria uma versão secularizada


das provas filosóficas medievais da existência de Deus. Seria a exposição
dos fundamentos da fé e da Teologia, feita de modo científico.

O APÓSTOLO PAULO COMO APOLOGISTA

O apóstolo Paulo nos mostra exemplos de como utilizar a apologética


em suas mais variadas modalidades na prática do evangelismo.

21
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

Com os rabinos

Com os rabinos judeus Paulo utilizou a apologética evidencialista (At.


17.1,3,17), (At. 28.23). A prova evidencialista de Paulo se prendia basica-
mente às Escrituras veterotestamentária e particularmente à evidência profé-
tica.

Com os crentes

Apologética experimental (I Co. 15.5-8); (Gl. 1.11-23). Paulo apela


para a experiência cristã a fim de comprovar tanto a realidade da ressurreição
como para atestar a veracidade de seu evangelho perante seus acusado-
res. Vale lembrar que usar esse sistema apologético hoje é um tanto quando
perigoso, visto que, vivemos em tempos de muitos apostatas, por isso deve-
mos nos posicionar conforme a necessidade da ocasião.

Com os filósofos gregos

É interessante observar que neste episódio Paulo não fez uso da apolo-
gética evidencialista do tipo profética, já que seus opositores não acredita-
vam nas Escrituras hebraicas. Neste caso o tipo mais adequado foi a Apolo-
gética clássica (Atos 17.18-34).

A HISTÓRIA DA APOLOGÉTICA

Bem antes de o cristianismo surgir no cenário mundial, a filosofia grega


antiga, principalmente da escola de Platão já trazia em seu bojo elementos
apologéticos. Com o surgimento do cristianismo e sua expansão pelo mundo

22
INTRODUÇÃO

Greco-Romano e sua conflituosa convivência com as crenças religiosas e


filosofias panteístas a teologia passa a se enriquecer de modo extraordinário
em seu aspecto apologético. Dentro deste contexto de justificação do cristi-
anismo perante aos ataques dos judeus, dos filósofos e das religiões pagãs,
surge dentro da igreja cristã pós-apostólica uma apologética dependente de
elementos filosóficos.

APOLOGÉTICA PATRÍSTICA

Patrística é o corpo doutrinário que se constituiu com a colaboração dos


primeiros pais da igreja, veiculado em toda a literatura cristã produzida entre
os séculos II e VIII.

Entretanto, não devemos confundir a apologética do início da era cristã


com a apologética formal. O conteúdo do Evangelho, no qual se apoiava a
fé cristã nos primórdios do cristianismo, era um saber de salvação, revelado,
não sustentado por uma filosofia. Na luta contra o paganismo Greco-Romano
e contra as heresias que foram crescendo e aos poucos tomou lugar quando
surgidas entre os próprios cristãos, os pais da igreja se viram compelidos a
recorrer ao instrumento de seus adversários, ou seja, o pensamento racional,
nos moldes da filosofia grega clássica, e por meio dele procuraram dar con-
sistência lógica à doutrina cristã.

Divisão

Podemos dividir os Pais da Igreja em três grandes grupos a saber: Pais


apostólicos, Apologistas e Polemistas.

23
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

Todavia devemos levar em conta que muitos deles podem se enquadrar


em mais de um desses grupos devido a vasta literatura que produziram para
a edificação e defesa do cristianismo, e também de acordo com o que as cir-
cunstancias exigiam, como é o caso de Tertuliano, considerado o pai da teo-
logia latina. Sendo assim, então temos:

Pais apostólicos

Foram aqueles que tiveram relação mais ou menos direta com os após-
tolos e escreveram para a edificação da Igreja, geralmente entre o primeiro e
segundo século. Os mais importantes destes foram, Clemente de Roma, Iná-
cio de Antioquia, Papias e Policarpo.

Pais Apologistas

Foram aqueles que empregaram todas suas habilidades literárias em de-


fesa do cristianismo perante a perseguição do Estado. Geralmente este grupo
se situa no segundo século e os mais proeminentes entre eles foram: Tertuli-
ano, Justino, o mártir, Teófilo, Aristides e outros.

Pais Polemistas

Os pais desse grupo não mediram esforços para defender a fé cristã das
falsas doutrinas surgidas fora e dentro da Igreja. Geralmente estão situados
no terceiro século. Os mais destacados entre eles foram: Irineu, Tertuliano,
Cipriano e Origenes.

24
INTRODUÇÃO

Apologética Medieval

Na Idade Média a Igreja apesar das mazelas morais e teológicas fez


surgir notáveis apologistas tais como Agostinho e Jerônimo. O primeiro es-
creveu vários tratados contra sistemas religiosos pagãos, intelectuais filosó-
ficos e hereges. Com a Escolástica a teologia produz uma apologética cons-
trutiva onde se destacam figuras tais como Anselmo, Tomás de Aquino, Abe-
lardo e outros.

Apologética Moderna

Com o ressurgimento na Renascença do paganismo da cultura clássica


Greco-Romana, a modernidade faz surgir novos apologistas tais como Sava-
narola, Marsílio, Ludovico, Filipe de Mornay (1581), Hugo Grocio e Pan-
ley.

Apologética Atual

A era pós-moderna trouxe novas demandas à teologia cristã. O século


XX fez surgir novos apologistas que estruturaram a apologética em novas
perspectivas. Mas nenhuma época foi marcada na história da apologética, até
que, liderados pela tentativa de Schleiermacher de traçar o organismo dos
departamentos de teologia, K.H. Sack resumiu para tornar cientificamente
organizada Apologética Cristã (Hamburgo, 1829).

Desde então, uma série de sistemas científicos de apologética tem jor-


rado das editoras. Como apologistas atuais podemos citar:

(C.S.Lewis), (Josh Mcdowell), (Norman Geisler), (Russell Shedd),


(Gleason Archer), (Avis Zacharias), (Willian Lane Craig), (Alvin

25
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

Plantinga), (Lee Strobel), (Alister E. McGrath), (Charles Colson), (Gary


Habermas), (J. P. Moreland), (Nancy Pearcey), (Alvin Plantinga) - Os
Guinnes, (Peter Kreeft, Dinesh D Souza); entre outros, os Brasileiros que se
destacam são: (Natanael Rinaldi), ( Augustus Nicodemus Lopes), ( J.F. Mar-
tinez), ( Ezequias Soares da Silva),

O EXERCÍCIO DA APOLOGÉTICA

Apologética como já definido é a defesa racional do Cristianismo Bí-


blico e ortodoxo. O Cristianismo é uma fé embasada sobre as razões dessa
fé. A fé não é a razão e a razão não é fé. Mas a fé não pode ser dissociada da
razão para que não deixe de existir. É a compreensão da mente e o assenti-
mento a essa compreensão que estabelecem o campo de ação, a fim de que o
Espírito de Deus regenere a alma e implante a fé. Como Deus é racional em
seu trato com os homens, Ele fez os homens com uma mente racional. Isso
não significa que os cristãos devam ser racionalistas, mas sim, racionais.

Apologética é a defesa Bíblica Racional de Jesus Cristo e de Sua Pala-


vra contra as filosofias humanistas, as seitas: as quais se multiplicam neste
mundo, contestando a veracidade, bem como a vontade de Deus revelada na
Bíblia.

Não é de admirar que os Puritanos tenham sido excelentes na defesa


racional da Bíblia, entrincheirando-se na lógica “Ramista” [ou racionaliza-
4
ção de Pierre Ramée ou Petrus Ramus 1515-1572]. Esse tipo de lógica

4
Pierre de la Ramée - foi um lógico, humanista e reformador educacional francês nascido
na localidade de Cuts na Picardia, membro de uma família nobre, mas empobrecida: seu pai era
fazendeiro e o pai de seu avô carvoeiro. Foi morto durante o massacre da noite de São Bartolomeu

26
INTRODUÇÃO

provê ao escritor a habilidade de escrever cada ponto considerado de grande


importância, com exímia precisão. Quando ele o faz, não somente a fé entre-
gue aos santos, para a edificação dos mesmos, como as objeções à fé são
respondidas, para a credibilidade da Bíblia. Essas respostas não devem con-
sistir apenas de citações textuais, mas de exposições do texto exegético, a
fim de deixar o ouvinte atingido por um sentimento agradável, como se cada
dúvida tivesse sido coberta, ou até mesmo exaurida.

Isso é ter (se pudesse haver de fato) um domínio do texto bíblico à dis-
posição. Mas, além do domínio do texto bíblico, o exegeta habilidoso deve
lançar mão da Apologética, que é a filosofia racional. A filosofia equivale a
Agar para Sara. Enquanto Agar não começa a se exaltar sobre sua senhora
(Sara), ela é uma útil auxiliar da mesma. A Apologética Bíblica Racional vai
casar a verdade da Palavra de Deus com a verdade das leis naturais da filo-
sofia racional, a fim de poder refutar, atestar e convencer o oponente do seu
erro. Devido a essa posição temos uma base para afirmar que realmente
Apolo é um grande ponto existencial da apologética.

A vã filosofia do mundo há de conter sempre cinco elementos:

• Dizer que a Bíblia, é um livro útil, mas não a Palavra de Deus


inspirada. (O Catolicismo Romano atesta que a Bíblia é divina,
mas coloca a sua tradição em pé de igualdade e até de superiori-
dade com a mesma, decidindo interpretá-la a seu modo).
• Negação da mensagem de Cristo no Evangelho Bíblico sobre o
Seu completo sacrifício vicário em favor dos eleitos, limitado em
escopo, porém não em seu poder.

27
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

• Negação de que o pecador é moralmente corrupto, morto em pe-


cados, sem a mínima capacidade de aspirar ao bem espiritual ou
se voltar para Cristo, a fim de arrepender-se.
• Negação da soberania absoluta de Deus em todas as áreas da or-
dem criada.
• Uma desorganizada e distorcida visão (ou visão nenhuma) a res-
peito de Deus, em geral.

Todo cristão tem o dever de ser um apologista. Alguns cristãos logo


fogem dessa obrigação, antes mesmo de conhecer o significado do termo.
Um apologista não é simplesmente alguém que se desculpa pela sua fé, mas
alguém que é exortado a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos (Jd
v3-4). É uma ordem de Deus que o cristão obedeça à (1 Pe 3.15), que diz:

Antes, santificai ao SENHOR Deus em vossos corações; e estai sempre pre-


parados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a
razão da esperança que há em vós. Portanto, uma pronta defesa da fé é exi-
gida de nós cristãos.

Isto não significa que ele deva ser um teólogo profissional, a fim de ter
uma resposta engatilhada para o oponente. Contudo o cristão, pelo me-
nos, deveria estar preparado ou pronto para fazer uma defesa de sua fé.

A predisposição de cair em uma teologia pós-gnóstica tem sido a ten-


dência de todo evangelicalista da atualidade. Oscilar sobre uma espécie
de fé embasada em sensações e experiências é bem mais fácil para o cristão
contemporâneo do que estar preparado para uma defesa racional da fé que
ele diz possuir. Para ele é bem mais fácil dizer o mesmo que disse o cego de
nascença em (cf. Jo 9.25): uma coisa sei, é que, havendo eu sido cego, agora
vejo, confiando mais na experiência do que na explicação racional de

28
INTRODUÇÃO

sua fé. Mesmo assim, ele ainda pode apelar ao absurdo de um questiona-
mento à sua experiência com a frase típica dos incapazes: Quem é você para
questionar a minha experiência com Deus?, embora isso aconteça simples-
mente por causa da sua desinformação, ou até por ter ele entrado num evan-
gelho gnóstico, e vive tomado por tão grande negligencia daquilo que precisa
para fundamentar suas ideias e crenças “ler a Palavra de Deus e ler muitos
livros que hoje estão disponíveis em tanto lugares para nosso crescimento
espiritual.

Cristo convoca os verdadeiros cristãos a muito mais do que isso. Ele


nos convoca a preparar uma defesa da fé que Ele nos confiou. Isso quer dizer
que não somente devemos ter uma defesa preparada, como precisamos saber
exata e amplamente o que estamos defendendo.

“E, entrando na sinagoga, falou ousadamente por espaço de três meses, dis-
putando e persuadindo-os acerca do Reino de Deus. Mas, como alguns deles
se endurecessem e não obedecessem, falando mal do Caminho perante a
multidão, retirou-se deles, e separou os discípulos, disputando todos os dias
na escola de um certo Tirano. E durou isto por espaço de dois anos; de tal
maneira que todos os que habitavam na Ásia ouviram a palavra do Senhor
Jesus, assim judeus como gregos” (cf. At 19.8-10).

Como vemos, Paulo arrazoava diariamente (com os judeus) na escola


de Tirano. Ele não fazia um simples apelo para que o pecador entregasse a
sua vida a Cristo. Ele apelava ao seu intelecto racional, cada vez mais fre-
quentemente. (Leiam o Sermão do Monte (cf. Mt 5;6;7) e os debates de
Paulo, em (cf. At 14), e no Areópago, conforme (cf. At 17). Paulo conhecia
muito bem o Antigo Testamento, mas também convocava os seus ouvintes à
consideração da teologia natural. Ele teria sido facilmente descartado pelos
incrédulos nos debates em que se engajou com eles, caso não fosse um

29
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

profundo conhecedor da Bíblia e fosse incapaz de apelar ao intelecto de-


les. Existem dois elementos necessários para que o cristão fique pronto a fa-
zer a defesa de sua fé.

O primeiro é o completo conhecimento da fé que ele professa. Infeliz-


mente, muitos cristãos, que têm professado ser crentes há muito tempo (há
anos e anos), não saberiam encontrar em sua Bíblia a narrativa da aparição
de Deus, com os anjos cantando: santo, santo, santo. E as profecias sobre a
morte de Cristo, contidas nos salmos, quais são? E a passagem que trata
da fé no Novo Testamento? E a parábola do filho pródigo? Muitos conhece
esses escritos mais não sabem aonde estão localizados, ou seja, negligenciam
coisas que parecem mínima, porem de grande valor.

O Segundo é que o apologista preparado deveria ter alguma ideia sobre


as filosofias e ideologias mundanas, as quais sempre querem se exaltar sobre
as Escrituras. Isto não é exatamente indispensável, mas ajudaria muito. E por
que não é necessariamente indispensável? Hipoteticamente, é possível que,
quando surgir um erro diante de um cristão, sendo ele bem versado na ver-
dade, possa refutá-lo inteiramente pela Palavra de Deus. Porém esta é uma
exceção e não uma regra.

Dentro do contexto atual da aversão ao que é racional, torna-se cada vez


mais necessário que os cristãos tenham uma defesa organizada e bem prepa-
rada de sua fé, para a glória do Nome de Jesus Cristo, nosso Deus e grande
Salvador.

30
INTRODUÇÃO

OQUE É HERESIAS

Heresia significa literalmente “escolha” e vem do termo grego “haire-


sis”, mas devido à forma com que ela é aplicada no âmbito religioso, muitas
pessoas passaram a ter dúvidas quanto ao significado da palavra heresia.
Neste texto, veremos o que é heresia e como essa palavra é aplicada na Bí-
blia.

O SIGNIFICADO DE HERESIA NO ANTIGO TESTAMENTO

Como dissemos, heresia vem de um termo grego e significa original-


mente “escolha”. Na Septuaginta, a versão grega do Antigo Testamento
(LXX), ela é sempre utilizada nesse sentido, ou seja, no significado original
da palavra, sem qualquer conotação pejorativa.

O SIGNIFICADO DE HERESIA NO NOVO TESTAMENTO

No Novo Testamento encontramos muitas vezes o uso da palavra here-


sia, porém aplicado em contextos diferentes. Assim, derivado do significado
original, “escolha”, a palavra heresia passou a designar alguns conceitos
mais específicos.

De modo geral, todas as aplicações da palavra heresia no Novo Testa-


mento têm em comum o sentido que denota “partido” ou “sectarismo”.

Em Atos dos Apóstolos, por exemplo, a palavra heresia é utilizada para


se referir aos saduceus (At 5:17), aos fariseus (At 15:5; 26:5) e até aos cris-
tãos (At 24:5,14; 28:22). Nestes exemplos, a palavra heresia está sendo uti-
lizada para designar um modo de pensar sustentado por um grupo religioso.
Do ponto de vista cristão, heresia é o ato de um indivíduo ou de um grupo

31
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

afastar-se do ensino da Palavra de Deus e adotar e divulgar suas próprias


ideias, ou as ideias de outrem, em matéria de religião. Em resumo, é o aban-
dono da verdade5.

Em 1 Coríntios 11:19, o apóstolo Paulo aplica a palavra heresia para se


referir a partidos que apareceram no meio da Igreja, ocasionando divergên-
cias devido a um ponto de vista diferente e gerando divisões. Esse tipo de
comportamento foi refutado pelo apóstolo em Gálatas 5:20 como uma obra
da carne.

Escrevendo a Tito, Paulo faz uma advertência sobre esse tipo de pessoa
que comete tais divisões dentro da Igreja, dizendo que se depois de admoes-
tada duas vezes a pessoa ainda continuar com tal comportamento, essa pes-
soa deve ser evitada pois é perversa e, “perseverando no seu pecado, se con-
dena a si próprio” (cf. Tt 3:10).

O apóstolo Pedro, em sua segunda epístola, aplica a palavra “heresia”


para se referir a um desvio da doutrina do verdadeiro Evangelho, ou seja,
onde ocorre a negação das verdades bíblicas reveladas (2 Pe 2:1-3).

AS PRINCIPAIS HERESIAS NA IGREJA PRIMITIVA

Considerando a aplicação da palavra heresia no sentido de desvio dou-


trinário, ao longo da história a Igreja sempre precisou lutar contra as heresias
que surgiam para tentar perverter as Escrituras. Na época da Igreja Primitiva
graves heresias doutrinárias precisaram ser combatidas, e aqueles que as en-
sinavam foram identificados como falsos profetas.

5
OLIVEIRA, R. Seitas e Heresias - Um sinal dos fins dos tempos. 23. ed. Rio de Janeiro:
CPAD Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2002.

32
INTRODUÇÃO

Nas epístolas escritas pelos apóstolos, podemos perceber os grupos que


precisavam ser combatidos. Na Epístola aos Romanos e na Epístola aos Gá-
latas, Paulo refutou as práticas judaizantes que tentavam misturar práticas
judaicas e a conservação da Lei com a fé em Cristo.

O docetismo6 e gnosticismo7 também foram fortemente combatidos na


Igreja Primitiva pelos apóstolos. A Epístola aos Colossenses, e as epístolas
escritas pelo apóstolo João, claramente denunciam os graves erros de grupos
que ensinavam a negação da encarnação de Cristo, afirmando que a aparição
de Cristo em carne era apenas semelhante a uma visão. O combate a esse
tipo de heresia pode facilmente ser identificado em (1 Jo 4:2,3), (2 Jo v7).

QUAL A DIFERENÇA ENTRE ERRO E HERESIA?

Sabemos que existe muita divergência teológica em vários assuntos, e,


diante disto, às vezes os cristãos possuem alguma dificuldade em separar o
que é um erro e o que é uma heresia. Uma maneira simples de podermos
diferenciar o erro da heresia é conhecendo as doutrinas principais da fé cristã,
como:

• A inspiração das Escrituras: a Bíblia é a Palavra de Deus, inerrante e


infalível. (2 Tm 3:16)

6
Doutrina existente nos séculos II e III que negava a existência de um corpo material a
Jesus Cristo, que seria apenas espírito.
7
Gnose ou doutrina Gnósticas é segundo a Filosofia-ocultismo: o conhecimento esoté-
rico da verdade espiritual, combinando místicas, sincretismo religioso e especulação filosófica,
que diversas seitas dos primeiros séculos da era cristã, consideradas heréticas pela Igreja, acre-
ditavam ser essencial à salvação da alma

33
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

• Doutrina da Trindade: há um só Deus que subsiste em três pessoas,


Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. (2 Co 13:13)
• Divindade de Jesus Cristo: Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verda-
deiro homem. (Cl 1:15,16)
• Expiação na cruz: a morte de Cristo foi para expiar os pecados de seu
povo. (1 Jo 1:7)
• Ressurreição: a ressurreição de Cristo foi real e literal, ou seja, ele
ressuscitou fisicamente. (At 2:31)
• Justificação: a justificação se dá exclusivamente pela fé em Jesus, ou
seja, não há qualquer influência de obras e méritos humanos. (Rm 5:1)
• Segunda vinda de Cristo: Cristo voltará para buscar o seu povo e jul-
gará os vivos e os mortos. Aqui se inclui também as verdades bíblicas
a respeito da condenação eterna dos ímpios no inferno e a bem-aven-
turança eterna dos santos no novo céu e nova terra. (Hb 9:28); (1 Sm
2:9)

Estes são os pontos principais, e qualquer desvio deste padrão que cons-
titui o centro do cristianismo histórico e protestante deve ser identificado
como uma heresia. As demais coisas são divergências teológicas sobre pon-
tos secundários que não ameaçam os princípios da fé cristã.

Logo, uma doutrina que nega a Trindade, como o unitarianismo, ou que


defende a salvação de todas as pessoas, como o universalismo, ou até mesmo
que nega a condenação eterna dos ímpios, como o aniquilismo, certamente
precisa ser rejeitada e combatida, pois é herética e seus defensores são here-
ges.

34
INTRODUÇÃO

Também devemos ficar atentos à possibilidade de um erro se tornar uma


heresia. Por exemplo: os cristãos discordam sobre a manifestação de alguns
dons espirituais na atualidade, como por exemplo, o falar em outras línguas.

Uns se posicionam contra e, já outros se posicionam a favor. Um dos


lados está errado, mas é apenas um erro e não uma heresia. Passa a ser uma
heresia quando um dos grupos começa a pregar que crer ou não crer no dom
de línguas na atualidade é determinante para a salvação de alguém. Posto que
salvação não tem nada a ver com dons espirituais, e sim “pela graça sois
salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus” (cf. Ef 2.8)

Podemos concluir que heresias é tudo que contraria as principais dou-


trinas da fé cristã, e essa pratica é abominável, por isso devemos combate-la.
Seja quem for aonde for devemos sempre estar aptos a denunciar o erro fa-
lando a verdade e provando que tal pratica é extremamente errada a luz da
Bíblia. Contudo devemos tomar cuidado com o argumento apresentado para
essa finalidade, por esse e outros motivos a apologética é um campo de es-
tudos teológico que sempre deve estar em seu domínio para poder defender
a fé que uma vez lhe foi dada (Jd v3)

COMO IDENTIFICAR UMA SEITA

Para construir uma tipologia que apresente teoricamente um quadro pró-


ximo da realidade objetiva do fenômeno recorreremos à metodologia Webe-
riana do tipo ideal. Um conceito típico-ideal é um modelo simplificado do
real, elaborado com base em traços considerados essenciais para a determi-
nação da causalidade, segundo os critérios de quem pretende explicar o fe-
nômeno.

35
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

O fenômeno das seitas se revela como tal, por apresentar certas caracte-
rísticas em relação às verdades bíblicas. Fora a questão teológica há aspectos
sociais e psicológicos que podem denunciar a anomalia comportamental des-
tes grupos. Vejamos algumas destas características:

Autoridade extra bíblica

Geralmente as seitas apresentam uma nova autoridade doutrinária igual ou


superior à Bíblia Sagrada para sua fé e prática. Esta autoridade pode apre-
sentar-se em forma de livros ou revelações ou até mesmo na pessoa do líder
da seita. Alguns poucos exemplos temos nos grupos: Testemunhas de Jeová,
Mórmons, Adventistas do Sétimo Dia, Igreja da Unificação, Igreja Católica
Romana entre outros.

Verdades que vão além da Palavra de Deus

Há necessidade entre esses grupos de irem além do que está escrito nas
Sagradas Escrituras, buscando novas revelações. Essas "novas verdades", no
entanto, acaba-se por se chocar frontalmente com a Palavra escrita de Deus
e às vezes com suas próprias revelações. Casos típicos são os do profeta do
mormonismo Joseph Smith, Sun Myung Moon da igreja da Unificação, Char-
les T. Russel das Testemunhas de Jeová e outros. Para eles o evangelho pre-
cisa ser completado com suas revelações místicas ou estudos particulares.

Interpretações Particulares da Bíblia

Há muitos grupos que não reivindicam novas verdades, mas interpretam


as verdades bíblicas ao seu bel prazer. Para esses, a Bíblia lhes pertence e
ninguém pode entendê-la fora do padrão estabelecido pelo grupo sectário.

36
INTRODUÇÃO

Muitos dessa categoria se apoiam em algumas passagens da Bíblia, distor-


cendo sua real interpretação. Tais grupos geralmente violam todas as regras
de hermenêutica, quando não apenas as usam de maneira bem conveniente e
selecionada. Uma das regras mais transgredidas pelas seitas é a análise con-
textual do texto. É o caso do Espiritismo, igreja Católica Romana, Teste-
munhas Yehoshua, Eubiose.

Rejeição ao Cristianismo Ortodoxo

Alguns destes grupos nutrem verdadeira ojeriza contra as igrejas estabe-


lecidas que pregam o conceito histórico-ortodoxo de crença. O argumento
quase unânime entre elas é que as igrejas se afastaram das verdades essenci-
ais e se enveredaram para práticas pagãs. Essas seitas atacam como ensina-
mento pagão às doutrinas da Trindade, a imortalidade da alma e o inferno.
Nestes grupos estão o Espiritismo, Testemunha de Jeová, Adventistas do Sé-
timo Dia, Mórmons, Islamismo etc.

Pregam outro Jesus

O Jesus das seitas não é o mesmo Jesus da Bíblia. Para as seitas Jesus
assume diversos papéis, mas nunca é o Deus encarnado que veio redimir o
homem. Assim para as Testemunhas de Jeová Jesus é apenas uma criatura,
um deus menor de segunda categoria, para os mórmons Jesus é apenas um
dos trilhões de deuses, foi casado e polígamo, já para os espíritas Jesus foi
apenas o maior espírito de luz que já baixou nessa terra, para os unicistas
Jesus é o próprio Pai.

37
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

Lavagem Cerebral

Muitas seitas retiram o senso crítico de seus adeptos não permitindo que
eles pensem por si mesmos deixando que o líder ou o grupo pensem por eles.
As técnicas são variadas, mas sempre persuasivas indo das cessões de isola-
mento da família até jejuns forçados sem tempo de descanso, sendo que neste
ínterim o membro do grupo é bombardeado com literaturas da seita, estudos
e mais estudos até a exaustão psicológica. É o caso do reverendo Moon, Hare
Khrisna, Testemunhas de Jeová e outros.

Salvação pelas Obras

O estado legalista das seitas impede-as de aceitarem a livre graça de


Deus. Como o âmago da seita é a heresia e toda heresia é obra da carne,
sendo produto do homem sem o verdadeiro Deus, as seitas desenvolveram
sua própria maneira de salvação. Oferecem uma falsa esperança aos seus
adeptos que nunca sabem o quanto fizeram para merecerem a benevolência
de um deus, cujo conceito foi forjado pela seita, foge radicalmente do apre-
sentado na Bíblia. Para o adepto só existem leis a serem cumpridas seja elas
de procedência bíblica ou mesmo criadas pela organização da qual perten-
cem. Podemos enquadrar aqui os Adventistas, os Mórmons, as Testemunhas
de Jeová, os espíritas, os católicos etc.

Exclusivismo

Apesar de a Bíblia ensinar que a salvação e a verdade só se encontram


em Jesus, as seitas invertem essa verdade e apregoam que somente sua orga-
nização é a única correta. As demais igrejas, na ótica das seitas, apostataram
da fé, portanto, Deus tem levantado o seu grupo como único caminho de

38
INTRODUÇÃO

salvação. É o monopólio da fé e da verdade. Para a pessoa ser salvo é preciso


pertencer ao grupo, “uma aberração”.

Semântica Enganosa

As seitas usam uma terminologia cristã, mas que na prática se revela


totalmente falsa. Dizem acreditar nos mesmos pontos de fé dos cristãos or-
todoxos apenas para uma aproximação pacífica visando sempre o proseli-
tismo desleal. No entanto um exame mais atento, porém, revela que esta
igualdade é apenas aparente e nominal. As Testemunhas de Jeová dizem
acreditar no Espírito Santo, mas para elas esse Espírito não é o mesmo do
credo cristão, sendo apenas (na concepção delas) uma mera força ativa. Os
mórmons dizem crer na Trindade, mas a Trindade apregoada por eles são
três deuses, sendo que dois deles (Pai e Filho) possuem um corpo de carne e
ossos.

Falsas Profecias

Esta é uma característica encontrada principalmente em seitas de cunho


milenarista seitas que tiveram sua base estabelecida nas teorias de Willian
Miller. Para conseguirem impressionar seus membros, os líderes de seitas
dizem receber supostas revelações de Deus sobre certos acontecimentos his-
tóricos, mundiais, escatológicos ou envolvendo o próprio grupo, que com o
passar dos anos, se revelam fraudulentos provando ser o tal profeta um falso
profeta. É o caso de grupos como os Adventistas do Sétimo Dia, Testemu-
nhas de Jeová, Mórmons e outros.

39
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

Mudanças de Crenças

As seitas possuem uma teologia volúvel. O que era verdade ontem já


não o é hoje. Com o passar dos anos as inconsistências das aberrações dou-
trinarias apregoadas por elas se tornam obsoletas entrando muitas vezes em
contradição com os ensinamentos atuais de seus líderes, então, faz-se neces-
sário reajustes doutrinários. Algumas até admitem que é normal e aceitável
que sua teologia esteja em constante mutação, como é o caso dos mórmons
e das Testemunhas de Jeová. Os jargões geralmente empregados para justi-
ficarem isto são: "lampejos de luz" (TJ), "verdade presente" (ASD), "nova
luz" (SUD).

As características principais de uma seita foram expostas e resumidas


acima, mas há ainda a questão financeira, o carisma do líder e outras que
poderiam ser enquadradas aqui.

Relembrando que este perfil típico-ideal não precisa aparecer no estado


puro, isto é, não aparecerá em todas as seitas da mesma maneira.

Haverá às vezes características que serão mais fortes em um grupo e


fracas em outras. Mas todas terão em um grau maior ou menor a maioria
destas características.

40
INTRODUÇÃO

SEITAS DO NOVO TESTAMENTO8

Publicanos

Era uma classe imposta aos judeus pelos dominadores romanos com a
missão de lhes coletarem os impostos. Funcionários romanos, eram odiados
e escorraçados. Muitos judeus se tornaram publicanos devido à rentabilidade
da profissão: o chefe dos publicanos, em Roma, impunha uma taxa e distri-
buía aos seus subordinados que, por sua vez, quadruplicavam e repassavam
as taxas, e assim sucessivamente.

Escribas

Existiram no Antigo Testamento, porém no Novo Testamento apare-


cem formando uma classe religiosa. Quando voltaram da Babilônia, Esdras
e Neemias tornaram-se grandes escribas (Esdras 7.6; Neemias 8.1-4).
Quando apareceram os fariseus e saduceus, os escribas ficaram como os pri-
meiros. Nos dias de Jesus, eram chamados de “doutores da lei”. Os escribas
que se ocupavam do ensino eram conhecidos como rabi ou rabinos.

Zelotes

Descendem de Judas de Gâmala, que incitou os judeus a uma revolta


contra Roma, no ano 6 d.C. Eram chamados zelotes pelo zelo excessivo da
lei de Moisés, o que faziam à custa de espada. Tinham também o nome de

8
MARTINEZ, J. F. Seitas do Novo Testamento. CACP Ministério Apologético.
Disponivel em: <http://www.cacp.org.br/seitas-do-novo-testamento/>. Acesso em: 02 Janeiro
2019.

41
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

sicários, nome que deriva de sica 9. Eram os fundamentalistas reacionário do


povo judeu10

Herodianos

Formavam um partido mais político do que religioso. Uma espécie de


fraternidade em honra a Herodes, o Grande, iniciada com a morte dele. Pre-
gavam incondicional fidelidade a Herodes quanto ao pagamento dos tributos.
Julgavam que a Lei de Moisés podia ser violada para se construir templos de
idolatria aos romanos e seus imperadores uma espécie de mistura de juda-
ísmo com romanismo pagão. Eram aliados aos fariseus em oposição a Jesus.

Essênios

Depois dos fariseus, os essênios eram os mais numerosos entre os ju-


deus. Eram separatistas e formavam uma verdadeira congregação distinta do
judaísmo, como de outras seitas existentes. Em doutrinas eram parecidos
com os fariseus e odiavam os saduceus.

Fariseus

Vem de parushim, literalmente “separados”. Observavam rigidamente


os preceitos da lei de Moisés, tanto oral como escrita. Nos dias de Jesus,
gozavam de grande prestígio entre o povo. Eram considerados grandes

9
Arma Romana; era usada em defesa da lei mosaica.

10
STAMPS, D. C. (Ed.). Bíblia de Estudo Pentecostal. Tradução de João Ferreira de
ALMEIDA. 1995. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2002. 1380 p.

42
INTRODUÇÃO

mestres e homens piedosos. No seu zelo fanático pela lei das purificações e
as regras que a tradição (mishnah) lhes acrescentara, evitavam todo contato
com os “pecadores”, pessoas que, segundo eles, violavam a “lei”. Jesus ex-
probrou os pecados dessa seita e responsabilizou-a por muitos crimes, injus-
tiças e hipocrisias nos seus dias. Eles acreditavam na ressurreição e na imor-
talidade da alma. Defendiam a separação do Estado da religião e achavam
que o Estado deveria ser regido pela Torá, a lei de Moisés 11. Jesus criticou
sua falta de amor e orgulho12.

Samaritanos

Era a classe mais odiada pelos judeus. Sargão, rei da Assíria, levou ca-
tivos os judeus do norte e, para Samaria, levou povo estrangeiro. Esse povo
era idólatra. Nos tempos de Jesus aumentou o conflito, tendo-se em vista a
construção de um templo rival no Monte Gerizim. De tal maneira se acentu-
aram as rivalidades entre eles que os judeus consideravam os samaritanos
como cães.

Saduceus

A seita dos saduceus era pequena, porém muito conceituada, pois os


membros que a integravam eram ricos e influentes. Eram mais políticos do
que religiosos e tinham bastante conceito entre os romanos. Eram os céticos,
os materialistas, os livres pensadores dos dias de Jesus. Não acreditavam na

11
SOARES, E. Manual de Apologética Cristã - Defendendo os Fundamentos da Autêntica fé
Bíblica. Rio de Janeiro: CPAD, 2016. 201,202 p.
12
STAMPS, D. C. (Ed.). Bíblia de Estudo Pentecostal. Tradução de João Ferreira de ALMEIDA.
1995. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2002. 1380 p.

43
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

ressurreição, na imortalidade da alma, nos anjos, na providência divina; re-


jeitavam a tradição oral e interpretavam a lei e os profetas diferentemente
dos outros.

44
45
46
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

Capítulo 1

47
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

INTRODUÇÃO 13

Quando se fala de Espiritismo, devemos ter em mente dois períodos na


história: o antigo espiritismo e o espiritismo contemporâneo. O ponto de
partida é a causa inicial da queda no Jardim no Éden, com Satanás agindo
sob forma de anjo de luz, tal como ele era antes da sua queda (Is. 14.12-14;
Ez. 28.12-16). Eva, tendo prestado ouvidos a Satanás, tornou-se vítima ou-
vindo a voz do diabo por meio da serpente, que lhe serviu de médium para
comunicar a mensagem: "...sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal".
Deste modo o pecado entrou no mundo (Rm 5.12). Não seria, pois, errado
afirmar que esse foi o início da prática do Espiritismo. Nesse sentido, pode-
se afirmar que o Espiritismo é a religião mais antiga do mundo. E pode-se
dizer mais, que a primeira sessão espírita se realizou no Jardim do Éden.
Porem vale ressaltar, que isso é abominação a Deus, não significa que apro-
vamos tal prática. Isso em um seguimento comum a respeito do fato no Jar-
dim no Éden, devemos considerar que existe outros sistemas de interpreta-
ção desse texto que relata a queda do homem. Um seguimento bem aceito
que eu particularmente admiro é que em um método sistemático e analítico
do texto podemos concluir que Satanás não incorporou na serpente e sim
que tudo é figura de linguagem e não existia serpente “animal” na história.
Se existisse serpente, e Satanás incorporou nela por que Deus iria amaldi-
çoar um animal se o tal é irracional, e de fato o culpado é o próprio Satanás?
E mais, aonde está a justiça de Deus em amaldiçoar um animal a ponto de
mudar até mesmo o modo que o animal iria se locomover? Fica um pouco
difícil de crer que o animal estava na história. Um outro método é: de acordo
com (Gn 3:1) se levarmos ao pé da letra a expressão “Ora a serpente era

13
ALVES, M. C. Curso de Apologética Cristã para Obreiros. Espiritismo e Nova Era, 1
Sementre 2017.

48
Capítulo - 1
O ESPIRITISMO

mais astuta que todas as alimárias do campo que o Senhor Deus tinha feito
(e está disse a mulher: .....)” observe que não tem nada que nos faz entender
que existe a presença do diabo aqui, e parece que tudo foi feito pela própria
serpente e Satanás não tem nada a ver com a queda. Diante destas possíveis
verdades, fica um questionário (qual delas é verdadeira?) essas interpreta-
ções não têm nenhum fundamento bíblico, tanto para desestrutura-la como
para estrutura-la. Por tanto ficaremos com a interpretação comum dita pela
maioria dos teólogos protestante.
Mais tarde, o povo de Israel recebeu ordens expressas de Deus para
destruir Canaã, até mesmo as crianças, porque sua iniquidade tinha chegado
ao máximo. Suas atividades ocultas eram tais, que a destruição se tornou
necessária. O pecado central de Canaã era o Espiritismo: a comunicação
com os demônios (Dt. 18.10-12).

A Bíblia é um livro, dentre outros, que nos apresenta a história do Es-


piritismo. Em Êxodo a Bíblia mostra que os antigos egípcios eram pratican-
tes dos chamados fenômenos espíritas. Quando Moisés apareceu diante de
Faraó, com a divina incumbência de tirar o povo de Israel da escravidão
egípcia, os magos repetiram alguns dos milagres de Moisés (Êx. 7.10-12 e
8.18).

A atitude de Deus para com os necromantes foi proibir, deixando claro


que tal prática era um pecado abominável 14. O castigo imposto era a conde-
nação à morte, como lemos em (Êx. 22.18 e Lv. 20.27), apenas para citar
dois textos específicos. O Velho Testamento também indica como amaldi-
çoadas por Deus pessoas com ligações com "espíritos familiares" e feiticei-
ras (Lv. 19.31; 20.6).

14
JOHN WALTON, V. M. &. M. C. Comentário Bíblico Atos Antigo Testamento.
Tradução de Noemi Valéria Altoé. Belo Horizonte: Editora Atos, 2003.

49
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

Vivendo em companhia desses violadores do mandamento divino, Da-


niel, o profeta, frequentemente falava aos magos e astrólogos, que estavam
familiarizados com os caldeus na arte da interpretação de sonhos e visões
(Dn. 1.20; 2.2-27; 4.7 e 5.7). O profeta Isaías também se dirigiu aos antigos
espíritas, que vaticinavam para o povo de Israel (Is. 8.19; 19.3 e 47.9). O rei
Saul, antes da sua apostasia, baniu os praticantes do espiritismo em todas as
suas modalidades (I Sm. 28.3-9), da mesma forma como o fez o reto rei
Josias muitos anos depois (II Rs. 23.24-25).

A Bíblia registra igualmente a queda do rei Manassés como resultado


das suas atividades espíritas (II Rs. 21.6; II Cr. 33.6). A Bíblia também re-
gistra as tentativas de o homem procurar conhecer o futuro e os mistérios do
universo, seja por meio de adivinhação, encantamentos, feitiçaria. Egípcios,
caldeus e cananitas, diz-nos a Bíblia, estavam envolvidos com essas práti-
cas, que continuaram sendo desenvolvidas através dos séculos e chegaram
aos nossos dias.

AS IRMÃS FOX

A casa da família Fox, onde teriam ocorrido os primeiros fenômenos


espíritas na América, foi desmanchada e reconstruída em outro lugar, onde
há a seguinte inscrição: "o Espiritismo se originou nesta casa em 31 de
março de 1848".
A família Fox, de origem canadense, morava em Hydesville, no estado
de Nova Iorque, numa aldeia perto da cidade de Rochester. Era um lugar
muito pobre, com casas humildes feitas de madeira. Passaram a residir nesse
local em dezembro de 1847, e em meados de março de 1848 começaram a
ouvir golpes nas portas, e os objetos se moviam de um lugar para outro em

50
Capítulo - 1
O ESPIRITISMO

determinadas ocasiões. Isso assustava as crianças. As vezes a vibração era


tanta que as camas tremiam. Na noite de 31 de março de 1848, a jovem Kate
desafiou o poder invisível e repetia o barulho como um estalar de dedos. O
desafio foi aceito, e cada estalar de dedos era repetido, o que surpreendeu
toda a família. Dessa forma, estabeleceram contato com o mundo invisível,
e a notícia correu se alastrando por outras partes, e todos entendiam que eram
os espíritos dos mortos que viveram anteriormente na casa. As meninas se
tornaram médiuns, e durante mais de 30 anos produziram fenômenos que se
tornaram conhecidos em várias partes do mundo.
Surpreendentemente, no dia 21 de outubro de 1888, Margaret Fox
Kane, denunciou publicamente o espiritismo e seu séquito de truques. Um
dos truques se chama “ventriloquia 15”.
Apresentou-se à Academia de Música de Nova Iorque, perante nume-
rosa e distinta plateia, e sem reservas demonstrou a falsidade de tudo quanto
no passado fizeram sob o disfarce de "mediunidade espírita". "A Sra. Kane
(Margaret) manteve-se de pé sobre o palco; tremendo e possuída de intensos
sentimentos, fez uma aberta e extremamente solene abjuração do espiri-
tismo, enquanto a Sra. Catharine Fox (Kate) Jencksen assistia de um cama-
rote vizinho, dando, por sua presença, inteiro assentimento a tudo que a
irmã dizia". (The World, 21/10/1888, citado no livro "O Espiritismo no Bra-
sil", Dr. Boaventura Kloppenburg, p.441, 443, 445 e 447 – contém fotos dos
textos dos jornais citados).
No início das manifestações Margaret tinha 14 anos e Kate 11. Elas
tinham uma outra irmã, Leah, 23 anos mais velha, a quem atribuíram anos
mais tarde a culpa pela fraude. Ela teria treinado as pequenas como fazer as

15
Ventriloquia ou ventriloquismo é a arte de projetar a voz, sem que se abra a boca ou
mova-se os lábios, de maneira que o som pareça vir doutra fonte diferente do falante.

51
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

batidas com os dedos dos pés e das mãos. Acerca do mesmo assunto diz
Reginaldo Pires Moreira 16:
“Um simples tamborete ou mesinha de madeira, descansando sobre
quatro pés curtos e tendo as propriedades de uma caixa de ressonância foi
colocado diante dela. Tirando o calçado, colocou o pé direito sobre esta
mesinha. Os assistentes pareciam conter a respiração, e esse grande silêncio
foi recompensado por uma série de estalidos breves e sonoros, os tais sons
misteriosos que, por mais de quarenta anos, têm assustado e desorientado
centenas de milhares de pessoas, em nosso país e na Europa... Uma comis-
são, composta de três médicos convocados entre os assistentes, subiu então
ao palco e, examinando o pé durante o som das 'pancadinhas', concordou,
sem hesitar, que os sons eram produzidos pela ação da primeira junta do
dedo grande do pé".17
Os “fenômenos” ocorridos com as irmãs Fox até hoje são objeto de
controvérsias. De um lado, há registro do depoimento de muitos vizinhos da
família, que testemunharam a ação dos espíritos, alguns até alegando terem
se mudado pelo incômodo que causavam. De outro lado, as próprias meni-
nas, anos mais tarde, desmentiram publicamente, não somente na audiência
mencionada acima, mas também em entrevistas publicadas nos jornais ame-
ricanos, que houvessem acontecido manifestações mediúnicas autênticas, e
se disseram manipuladas pela irmã mais velha. Entretanto, não há como des-
cartar a possibilidade de terem ocorridos fenômenos operados pelos demô-
nios em meio às fraudes, porque tais coisas se repetiram por muitos anos, o

16
SOARES, E. Apologética Cristã - Defendendo os Fundamentos da Autêntica fé Bíblica.
Rio de Janeiro: CPAD, 2016. 199 p.

17
MOREIRA, Reginaldo Pires. Grandes Verdades Sobre o Espiritismo, JUERP, Rio,
1997, p. 37).

52
Capítulo - 1
O ESPIRITISMO

que foi muito útil como propaganda do espiritismo. A notícia chegou até
Allan Kardec na França, e ele dizia em seus livros que os espíritos estavam
se manifestando em todas as partes do mundo.

ALLAN KARDEC

A chamada “codificação da doutrina espírita” é de autoria de Allan Kar-


dec, professor francês da Universidade Sourbone de Paris. Para entendermos
melhor o que chamamos kardecismo, faz-se necessário um rápido olhar na
biografia de Hippolyté León Denizard Rivail, que adotou o nome de Allan
Kardec 18.

A Universidade de Paris 19
No início do século XII, Pedro Abelardo, um dos grandes intelectuais
da Idade Média, veio ensinar em Paris, e sua fama atraiu milhares de estu-
dantes, vindos de todos os países do mundo cristão. Suas aulas de teologia,
dialética e retórica aconteciam nas dependências da Catedral de Notre Dame,
que com o passar dos anos não mais comportava o número crescente de alu-
nos. Por volta de 1170, foi fundada a Universidade de Paris, a partir dessa
escola.

18
KARDEC, A. Obras Completas, ilustrações de Gustavé Doré; tradução Torrieri Guima-
rães, 2ª edição, São Paulo, Opus, 1985.

19
“Texto completo editado em um só volume pela primeira vez no mundo. Conteúdo par-
cial: Biografia de Allan Kardec por Henri Sausse” (biógrafo oficial de Kardec). A narrativa é
romanceada e extensa. Destacamos aqui apenas quatro pontos: a importância da Universidade
de Paris; a formação acadêmica de Kardec; seu pseudônimo; seu encontro com o espiritismo.

53
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

Durante os anos 1220, dominicanos e franciscanos dominaram o ensino


na Universidade, que nos séculos XIII e XIV foi o maior centro de ensino da
cristandade. Entre seus professores mais famosos contam-se, além de Pedro
Abelardo, Alexandre de Hales, São Boaventura, São Alberto Magno, Santo
Inácio de Loyola, São Francisco Xavier e São Tomás de Aquino.

em 2005. Apresenta um estudo com quase 500 páginas sobre a evolução


das várias correntes espíritas no Brasil. Ele publicou diversas obras comba-
tendo todas as seitas espíritas, ocultistas e as sociedades secretas. Atribui à
inércia da igreja (referindo-se à Católica) o avanço do espiritismo no Brasil,
em decorrência da opção pelo ecumenismo ratificada pelo Concílio Vaticano
II (1062-1965), cuja decisão foi “pelo diálogo e a união” com os espíritas.
A chamada “codificação da doutrina espírita” é composta por cinco li-
vros de Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evan-
gelho Segundo o Espiritismo, A Gênese e O Céu e o Inferno. Com exceção
do evangelho, esses livros têm formato de questionário: perguntas de Kardec
e respostas dos espíritos 20. Pedro Abelardo ou Pierre Abélard (1079-1142)
foi um filósofo, teólogo e lógico francês, considerado uma das grandes figu-
ras da filosofia escolástica e um dos maiores pensadores do século XII. Es-
tudou com Guilherme de Champeaux (na Catedral de Notre Dame), com
quem travava grandes debates. Por alguns anos esteve em Lion estudando
Teologia com Anselmo, e então por volta de 1108 retornou a Paris como
mestre.

20
Abreviações que iremos usar. ESE, O Evangelho Segundo o Espiritismo; LE, O Livro
dos Espíritos; LM, O Livro dos Médiuns; OC, Allan Kardec Obras Completas.

54
Capítulo - 1
O ESPIRITISMO

A Revolução Francesa (1789-1799) fechou e quase destruiu os prédios


da universidade. Napoleão a reconstruiu e reorganizou. Os principais pré-
dios, apesar de não serem contíguos, têm por centro o edifício da Sorbonne,
escola fundada pelo teólogo Robert de Sorbon ao redor de 1257, que foi o
mais famoso colégio de Paris. Sua proximidade da Faculdade de Estudos
Teológicos, e o uso do seu auditório para grandes debates, fez o nome Sor-
bone tornar-se a designação popular para a Faculdade de Teologia de Paris.
Sua localização atual no Boulevard Saint-Michel data de 1627, quando Ri-
chelieu a reconstruiu às suas custas. Desde o século XVI, por ser a faculdade
mais importante, a Sorbone passou a ser considerada como o núcleo princi-
pal da universidade. Sorbone e a Universidade de Paris passaram então a ser
sinônimos.
A universidade ficou dividida em quatro faculdades: três "superiores"
que são a de Teologia, a de Direito Canônico, e a de Medicina, e uma "infe-
rior", a Faculdade de Artes. No século XVIII nasceu ali o Iluminismo, a ilu-
minação do entendimento humano após os ‘anos das trevas’ da Idade Média,
movimento que não se restringia à Filosofia, englobava também as artes e a
ciência de modo geral. No século XIX era o celeiro de todo saber da huma-
nidade, o que deu à cidade de Paris o título “cidade luz”, ou “cidade das
luzes”. O grupo de intelectuais que pesquisava as manifestações dos espíri-
tos, e após cinco anos abandonou o projeto entregando-o a Kardec, fazia
parte da Academia de Ciências da Universidade de Paris 21.

21
COBRA, Rubem Q. - Universidade de Paris. Acesso em 06 de janeiro de 2019; [dis-
ponível em: https:// www.cobra.pages.com.br Brasília, 2003.

55
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

A Formação Acadêmica de Kardec

“...Bacharelou-se em letras e ciências e doutorou-se em medicina, após


completar todos os estudos médicos e defender com brilhantismo sua tese.
Insigne linguísta, conhecia perfeitamente e falava corretamente o alemão, o
inglês, o italiano, o espanhol; tinha conhecimentos, também, do holandês e
com facilidade podia expressar-se nesta língua...” “...Em sua residência,
organizou também cursos gratuitos de química, física, astronomia e anato-
mia comparada, de 1835 a 1840, os quais eram muito frequentados...”
“... publicou o Curso Prático e Teórico de Aritmética; fez surgir, em
1831, a Gramática Francesa Clássica; no ano de 1846, o Manual dos Exa-
mes para Obtenção dos Diplomas de Capacidade, soluções racionais de
questões e problemas de aritmética e geometria; foi publicado, em 1848, o
Catecismo Gramatical da Língua Francesa; por fim, em 1849, temos o Sr.
Rivail professor no Liceu Polimático, lecionando nas cadeiras de Fisiologia,
Astronomia, Química e Física...”
Conclui-se que o Sr. Rivail, formou-se e doutorou-se em diversas ma-
térias, na mais excelente universidade de seu tempo.

O Pseudônimo “Allan Kardec”

“Uma noite, através de um médium, seu Espírito protetor deu-lhe uma


comunicação pessoal, em que lhe dizia, de permeio a outras coisas, tê-lo
conhecido em uma existência anterior, quando, ao tempo dos druidas 22, am-
bos viviam nas Gálias 23. Ele usava, então, o nome de Allan Kardec...”

22
Druidas - eram pessoas encarregadas das tarefas de aconselhamento e ensino, e de
orientações jurídicas e filosóficas dentro da sociedade celta.
23
O termo Gália - é usado para referir a antiga região francesa povoada pelos Gauleses,
que serviu como uma província do Império Romano.

56
Capítulo - 1
O ESPIRITISMO

“No instante de o dar à publicação o Livro dos Espíritos, o autor ficou


bastante embaraçado em resolver como o deveria assinar, se com o seu
nome Denizard Hippolvte Leon Rivail, ou com pseudônimo. Por ser muito
conhecido o seu nome no mundo científico, devido aos seus trabalhos ante-
riores, e podendo dar origem a uma confusão, talvez até prejudicar o êxito
do empreendimento, ele adotou a sugestão de o assinar com o nome de Allan
Kardec, que, conforme seu guia lhe revelara, ele trouxera nos tempos dos
druidas…
O professor Rivail achou por bem não misturar seus trabalhos pedagó-
gico-científicos, com as experiências sobrenaturais que abraçou, sob pena de
provocar uma confusão capaz de comprometer sua credibilidade como pe-
dagogo renomado, discípulo e representante de Pestalozzi em muitas opor-
tunidades.

O Encontro de Kardec com os Espíritos

Conta-nos o biógrafo de Kardec:


“O Sr. Pâtier era funcionário público, idade avançada, belíssima ins-
trução, de caráter grave, frio e ponderado; sua linguagem calma, destituída
de qualquer entusiasmo, causou-me funda impressão e, quando me endere-
çou o convite de assistir as experiências que se faziam em casa da Sra. Plan-
nemaison, à rua Grande-Bateliére, 18, aceitei solicitamente (...)”.
Foi aí que, pela primeira vez, pude testemunhar o fenômeno das mesas gi-
rantes, que pulavam e corriam, e isso em tais condições que não era possível
nenhuma dúvida.”
“De início, o Sr. Rivail, em vez de ser entusiasta dessas manifestações e
ocupado por outras preocupações, quase as abandonou, coisa que teria feito
não fossem os insistentes pedidos dos Srs. Carlotti, René Taillandier,

57
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

membros da Academia das Ciências, Tiedeman-Manthèse, Sardou, pai e fi-


lho, e Didier, editor, que durante cinco anos vinham acompanhando o es-
tudo de tais fenômenos e haviam compilado cinquenta cadernos de diferen-
tes comunicações, que não conseguiam ordenar…
“O Sr. Rivail, portanto, entregou-se à obra: tomou os cadernos, anotou
cuidadosamente. Depois de acurada leitura, eliminou as repetições e orde-
nou em sua respectiva posição cada ditado, cada relatório de sessão; apon-
tou as falhas a preencher, as obscuridades a aclarar, e organizou o questi-
onário necessário para atingir esse resultado”.
Em resumo, o professor foi convidado por um funcionário da universi-
dade para assistir as manifestações dos espíritos. Mesmo presenciando al-
guns fenômenos, ele não se interessou pelo assunto. Posteriormente, os
membros do comitê de ciências da universidade passaram às suas mãos ano-
tações feitas em cinquenta cadernos, produto de cinco anos de pesquisa. Kar-
dec se debruçou sobre esse material, e prosseguiu entrevistando os espíritos
por mais seis anos aproximadamente antes do lançamento do Livro dos Es-
píritos.
Portanto é fato histórico, relatado pelo biógrafo oficial de Allan Kardec,
que os primeiros pesquisadores dos fenômenos espíritas eram cientistas e
abandonaram o projeto. Dizemos que abandonaram, porque seus nomes não
constam como participantes ativos das obras de AK. Cinquenta cadernos,
contendo o registro de anos de observações, não é pouca coisa. Embora er-
roneamente direcionada, e condenável à luz da Palavra de Deus, foi uma
tarefa certamente trabalhosa e exaustiva. Porém os ilustres doutores não qui-
seram ver seus nomes entrarem para a história como coautores da ‘nova re-
ligião, filosofia e ciência’ que surgia. Esses cientistas posteriormente se uni-
ram a outros intelectuais e passaram a tecer pesadas críticas ao espiritismo,

58
Capítulo - 1
O ESPIRITISMO

o que levou AK a incluir na introdução do Livro dos Espíritos o item A Dou-


trina Espírita e a Ciência, que veremos mais adiante.
Allan Kardec, entretanto, registrou sua aproximação com os espíritos
sem mencionar as pesquisas anteriormente realizadas pelos cientistas da uni-
versidade. Ele narrou o início do espiritismo assim:

O primeiro fato

observado foi o movimento de objetos; designaram-no vulgarmente de


mesas girantes ou dança das mesas. Mas o movimento não era sempre cir-
cular. Frequentemente era brusco, desordenado, o objeto violentamente sa-
cudido, derrubado, conduzido numa direção qualquer, e contrariamente a
todas as leis da estática, suspenso e mantido no espaço...”
“As primeiras manifestações inteligentes verificaram-se por meio de mesas
que se moviam e davam determinados golpes, batendo um pé, e assim res-
pondiam, segundo o que se havia convencionado, por “sim” ou por “não”
à questão proposta...”
“O lápis traçou por si mesmo letras formando palavras, frases e discursos
inteiros de muitas páginas, tratando das mais altas questões da filosofia, da
moral, da metafísica, da psicologia etc.(...)”.
“Essas respostas, em alguns casos, têm uma tal marca de sabedoria, pro-
fundidade e oportunidade, revelam pensamentos tão elevados, tão sublimes,
que somente podem proceder de uma inteligência superior, fundamentada
na mais pura moralidade. Outras vezes são tão levianas, tão fúteis, e até

59
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

mesmo tão vulgares, que a razão se recusa a acreditar que possam proceder
da mesma fonte 24”

Kardec considerou que os relatos dos espíritos tinham “marca de sabe-


doria, profundidade e oportunidade”, eram “elevados”, “sublimes” e ori-
undos de uma “inteligência superior”. Mas ele apurou que o oposto também
podia ser dito, pois havia mensagens “levianas”, “fúteis” e “vulgares”. O
problema foi resolvido com a conclusão que a comunicação brotava de duas
fontes distintas, porque “a razão se recusa a acreditar que possam proceder
da mesma fonte” (Pv 16.25), (I Co. 2.14-15), (II Co 11.14). Assim nasceu o
Espiritismo Kardecista.

Curiosidades da Biografia de Allan Kardec


O verdadeiro nome de Allan Kardec aparece na biografia em quatro
oportunidades, grafado de duas formas diferentes: Na p. 1, seu registro civil
de nascimento diz “Denizard Hippolyte Léon Rivail”; na p. 2 seu registro
civil de casamento diz “Hippolyte Léon Denizard Rivail”; na p. 6 reaparece
“Denizard Hippolyte Léon Rivail” e finalmente, por ocasião de sua morte, o
biógrafo informa ser seu nome “Hippolyte Léon Denizard Rivail”. Conclui-
se que, através do biógrafo oficial, não se pode afirmar qual o verdadeiro
nome de Allan Kardec.
Uma segunda curiosidade são os inúmeros títulos acadêmicos e especi-
alizações do Sr. Rivail. As muitas obras publicadas, como pedagogo reco-
nhecido em toda Europa, discípulo brilhante e sucessor de Pestallozzi, além
de “filósofo espírita” respeitado, somados ao fato dele ter sido poliglota:

24
Livro dos Espíritos, Introdução, trechos dos itens III, IV e V, 35ª edição, Lake Editora,
1976, p. 12-18, 28, 29, 32 e 33).

60
Capítulo - 1
O ESPIRITISMO

“Insigne linguísta, conhecia perfeitamente e falava corretamente o alemão,


o inglês, o italiano, o espanhol; tinha conhecimentos, também, do holandês
e com facilidade podia expressar-se nesta língua...25”).
O que há de estranho nisso é que durante sua curta vida (morreu aos 64
anos) Kardec faliu três vezes, e morreu vítima de um aneurisma cerebral,
quando estava sendo despejado de sua casa por falta de pagamento dos alu-
gueis. Apesar da biografia oficial de AK ser uma apologia ao espiritismo, no
final encontramos uma indicação de sua condição financeira, pois o biógrafo
diz que em seu túmulo há uma “modesta lápide erigida pela piedade de seus
discípulos”, fato que nos permite concluir que a viúva não pôde custeá-la.
Há muitas dúvidas e controvérsias a respeito da vida do Sr. Rivail. Um
comentário do site católico 26 retrata de modo geral o pensamento de quem
não milita no espiritismo:
“Em certo ponto de sua carreira, parece ter-se perdido entre disciplinas,
talvez indeciso com que rumo tomar, estudando um pouco de muitas áreas,
mas sem chegar a aprofundar-se em nada especificamente. Já era patente o
seu costume de copiar grandes trechos de obras consagradas e adaptá-las
ao seu modo de pensar, hábito que vem desde muito cedo em sua carreira,
quando tentou publicar livros como "A química de fulano de tal segundo
Hippolyte L. D. Rivail" ou "A matemática de sicrano, segundo H. Léon De-
nizard Rivail".
Ocorre que praticamente a totalidade de biografias de Kardec, de que
dispomos em língua portuguesa, são, de fato, verdadeiros panfletos de pro-
paganda espírita. Todas são produzidas ou patrocinadas por entidades e
organizações espíritas. Evidentemente, tais biografias são tendenciosas, e

25
Obra Citada, p. 2
26
www.ofielcatolico.com.br/search?q=allan+kardec&btnG=Pesquisar+neste+Site

61
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

não revelam nada de negativo ou comprometedor que envolva o espiritismo,


tampouco seu fundador ou suas origens. Por outro lado, autores imparciais
não se interessam em pesquisar sobre o assunto, por sua irrelevância”.

FACÇÕES ESPIRITAS NO BRASIL

Causas da difusão do espiritismo no Brasil

São variadas as causas para que o espiritismo, em todas as suas formas,


progredisse tanto no Brasil, a ponto de nosso país ser considerado o maior
país espírita do mundo, como apregoam fartamente os seguidores de Allan
Kardec. Eis algumas razões:

1- Você é um médium precisa desenvolver-se

São as palavras dos espíritas quando se deparam com pessoas com pro-
blemas ligados à insônia, tristeza, perturbação, arrepios e por aí afora. Logo
a ideia do espírita é que essa pessoa está sob a pressão de espíritos opressores
e precisa desenvolver a mediunidade num centro espírita. E lá se vai a pessoa
cheia de esperança de ver-se livre desses incômodos inexplicáveis. Envol-
vendo-se com o espiritismo, vem em seguida o temor de sair, julgando que
as consequências serão fatais.

2- A grande saudade dos mortos

Essa saudade é habilmente explorada pelo espiritismo, pois é aberta a possi-


bilidade dessa comunicação com o ente morto. Veja o relato de uma pessoa
envolvida por esse meio:

62
Capítulo - 1
O ESPIRITISMO

No dia 16 de julho de 1933 morreu minha irmã, com sete anos de idade,
e, logo depois, uma família das proximidades de Bemidji, Minnesota, nos
disse que havia entrado em contato com o espírito da menina morta e que
ela estava ansiosa pora falar conosco. A família toda ficou alvoroçada e
combinamos nos encontrar em Bemidji na ocasião marcada para a sessão.
Com isso, deu-se o envolvimento. Certa ocasião, foi anunciada no centro
uma sessão de perguntas e respostas e foi orientado que as perguntas deve-
riam ser de ordem espiritual. Foi dirigida a primeira pergunta ao espírito
mentor se ele cria que Jesus era filho de Deus.

Resposta do espírito mentor: É lógico, meu filho, Jesus é o Filho de Deus.


Crê apenas como diz a Bíblia.

Segunda pergunta: Ó tu, grande e infinito Espírito, crês que Jesus é o Salva-
dor do mundo?

Resposta: Meu filho, por que dúvidas? Por que não crês? Tens estado co-
nosco; por que continuas a duvidar?

Terceira pergunta: Ó espírito, crês que Jesus é o Filho de Deus, e que Ele é
o Salvador do mundo, crês que Jesus morreu na cruz e derramou seu sangue
para a remissão de pecados?

O médium, em profundo transe, foi arremessado de sua cadeira. Foi cair


bem no meio da sala de estar e gemia como se estivesse sentindo profunda
dor. Os sons turbulentos sugeriam espíritos num carnaval de confusão (“Eu
Falei com Espíritos”, Editora Mundo Cristão, 1977, pp. 23-24).

63
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

AS ORGANIZAÇÕES ESPIRITAS

Federação Espírita Brasileira

A Federação Espírita Brasi-


leira é uma entidade de utilidade
pública que foi fundada em 2 de
janeiro de 1884, no Rio de Ja-
neiro. Constitui-se em uma socie-
dade civil, religiosa, educacional, cultural e filantrópica, que tem por objeto
o estudo, a prática e a difusão do Espiritismo em todos os seus aspectos, com
base nas obras da codificação de Allan Kardec e nos Evangelhos canônicos.
O Departamento Editorial da Federação Espírita Brasileira possui um catá-
logo de mais de 400 títulos que passam de 40 milhões de livros vendidos.
Todos inspirados na Codificação Kardecista: romances, mensagens, contos,
crônicas, textos científicos e filosóficos, vídeos, apostilas e CDs de canções
espíritas.

Conselho Espírita Internacional

O Conselho Espírita Internacio-


nal (CEI) é um organismo resultante da
união das associações representativas dos
movimentos espíritas nacionais e atual-
mente possui 35 países associados. Foi constituído em 28 de novembro de
1992 em Madrid, na Espanha. Seus objetivos são:

64
Capítulo - 1
O ESPIRITISMO

Promoção da união solidária e fraterna das instituições espíritas de to-


dos os países e a unificação do movimento espírita mundial;

Promoção do estudo e da difusão da Doutrina Espírita em seus três as-


pectos básicos, quais sejam o científico, o filosófico e o religioso;

Promoção da prática da caridade material e moral, conforme ensina a


Doutrina Espírita. O principal evento organizado pelo CEI é o Congresso
Espírita Mundial, realizado a cada três anos.

Confederação Espírita Pan-Americana

A Confederação Espírita
Pan-Americana, fundada em 5
de outubro de 1946 na Argen-
tina, é uma instituição interna-
cional, que congrega majori-
tariamente espíritas da América Latina. A CEPA possui instituições adesas
e filiadas em diversos países, e defende uma visão laica a respeito do espiri-
tismo. A organização assume posicionamentos polêmicos entre os espíritas,
como a desvinculação entre a doutrina e o cristianismo e a necessidade de se
atualizar o espiritismo em face da ciência. Desde o dia 13 de outubro de
2000, a sede da CEPA passou a ser Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. A
atuação da CEPA no Brasil se dá, principalmente, através de eventos promo-
vidos por instituições adesas, como o Fórum do Livre Pensar Espírita e
o Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita.

65
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

Associação Médico-Espírita Internacional

A Associação Médico-Espírita
Internacional, conhecida como
(AME– INTERNATIONAL) foi
fundada a 4 de junho de 1999, em
São Paulo, Brasil. A associação tem como missão congregar as Associações
Médico-Espíritas dos diversos países e tem como finalidade o estudo da
Doutrina Espírita e de sua fenomenologia, tendo em vista a sua relação e
integração com os campos da Ciência, em particular da Medicina, da Filoso-
fia e da Religião. Para cumprir essa missão, estimula ou apóia a realização
de estudos, cursos, experiências e pesquisas científicas, visando a aplicação
do paradigma médico-espírita. Atualmente a AME-INTERNATIONAL pos-
sui 9 países integrados e tem realizado inúmeros eventos em vários países
dos continentes americano e europeu.

66
Capítulo - 1
O ESPIRITISMO

67
Capítulo 2

68
Capítulo – 2
AS PRINCIPAIS CRENÇAS DOUTRINÁRIAS DO ESPIRITISMO

Um fato interessante no espiritismo é que em algumas de suas exposi-


ções doutrinárias é tão incoerente quanto o problema do seu surgimento, a
analise Bíblica aqui apresentada com as seguintes refutações, tem por obje-
tivo explanar essas incoerências doutrinárias. Que por sinal umas delas até
parecem não ser extremamente errada, posto que sobre alguns assuntos Kar-
dec apresenta suas ideias com muita cautela, ao ponto de parecer até uma
crença que também pertence o Cristianismo Bíblico.

SOBRE DEUS 27

Uns são deístas, doutrina que afirma a existência de Deus, mas que ele
está muito longe de nós e não se envolve com os assuntos humanos. É como
um relojoeiro que dá corda a um relógio e esquece dele. Doutrina dos epicu-
reus. Nós somos teístas, é a doutrina bíblica que ensina que Deus está muito
próximo de nós: "... ainda que não longe de cada um de nós" (At
17.24-27) e que está interessado no ser humano (Hb 11.6). Outros são pante-
ístas, doutrina que confunde o Criador com a criatura. Mas há declarações
panteístas nos escritos de Allan Kardec como, por exemplo: "Deus é a inte-
ligência suprema".

A Bíblia revela um Deus pessoal, com atributos pessoais, tem vontade


própria, consciência de si mesmo. A Bíblia fala das tábuas da lei "escritas
pelo dedo de Deus" (Êx 31.18); fala do coração de Deus "Achei a Davi, filho
de Jessé, varão conforme o meu coração" (At 13.22). Ele tem parecer e voz:
"Vós nunca ouviste a sua voz, e nem vistes o seu parecer" (Jo 5.37). Não

27
SOARES, E. Manual de Apologética Cristã - Defendendo os Fundamentos da Autêntica fé
Bíblica. Rio de Janeiro: CPAD, 2016. 201,202 p.

69
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

é, portanto, correto afirmar que Deus seja impessoal, é, portanto, anti-bíblico


o panteísmo.

Allan Kardec, em sua obra O Livro dos Espíritos, Afirma que Deus é
único. É verdade que a Bíblia fala da unidade de Deus. Isso já vimos em
Deuteronômio 6.4. Como Kardec nada falou sobre a Trindade, fica claro que
essa unidade a que se refere não é a mesma unidade composta revelada na
Bíblia, constituída de Pai, Filho e Espírito Santo. Veja Mateus 28.19. Além
disso, os principais expositores espíritas negam a doutrina da Trindade.

SOBRE JESUS CRISTO 28

Rejeitam a deidade absoluta de Jesus. As Testemunhas de Jeová modi-


ficaram passagem de João 1.1, na TNM, usando a seguinte expressão: "e a
Palavra era [um] deus", na versão espanhola, sequer aparecem os colchetes
em "um". Esse é um dos artifícios da Sociedade Torre de Vigia. Mas, o arti-
fício dos espíritas é diferente, argumentam que foi o apóstolo João quem
escreveu o texto, que não são palavras de Jesus, logo não teria a mesma au-
toridade. Isso por si só revela a fraqueza dessa sua interpretação. Qual, pois
a diferença entre as palavras ipsis litteris de Jesus e as do apóstolo inspirado?
Todavia, não existe na Bíblia textos mais inspirados do que outros, toda a
Bíblia é inspirada por Deus.

Jesus é colocado no mesmo nível dos grandes filósofos ou fundadores


de religião do passado como Sócrates, Buda, Confúcio, Zoroastro, Maomé e
outros. Socialmente falando, os espíritas se apresentam como pessoas amá-
veis e simpáticas, cheias de boas intenções, ajudando creches e instituições

28
SOARES, E. Manual de Apologética Cristã - Defendendo os Fundamentos da Autêntica
fé Bíblica. Rio de Janeiro: CPAD, 2016. 202, 203, 204 p.

70
Capítulo – 2
AS PRINCIPAIS CRENÇAS DOUTRINÁRIAS DO ESPIRITISMO

filantrópicas. Não se dão conta do quanto estão desonrando a Deus em con-


siderar o Senhor Jesus como apenas um mero iluminado ou ilustre humano
igual a tantos outros. No campo espiritual, eles são arrogantes e presunçosos.
Já têm o evangelho segundo Allan Kardec e não admitem precisar de Jesus,
sequer consideram o espiritismo como religião e muito menos seita.

Não reconhecer a singularidade de Jesus é negar o Cristianismo. A Bí-


blia diz que Jesus está à direita de Deus nos céus, "acima de todo principado,
e poder, e potestade, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste
século, mas também no vindouro" (Ef 1.21). Isso incomoda o reino das tre-
vas.

Jesus é incomparável: "... Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um


nome que é sobre todo o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo
joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua
confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai" (Fp 2.9-11).
Nenhum nome na terra pode ser comparado com o de Jesus, pois há uma
diferença abissal e infinita entre Jesus e qualquer um dos mais ilustres mor-
tais que já viveu na terra. Jesus está vivo e tem todo o poder no céu e na terra,
esses homens, entretanto, já morreram e não puderam ressuscitar a si mesmo,
pois continuam no túmulo. É, pois, insensatez e desatino espiritual colocar
Jesus no mesmo nível de qualquer ser humano.

Jesus declarou mais de uma vez ser Deus: "... antes que Abraão exis-
tisse, eu sou" (Jo 8.58); "Eu e o Pai somos um" (Jo 10.30). Veja ainda João
5.17. A Bíblia diz, com todas as letras, que Jesus é Deus, igual ao Pai, com
os mesmos atributos divinos, tais como: onipotente, onisciente, onipresente,
eterno Criador. Veja Mateus 28.18;18.20; João 21.17; Hb 13.8; João 1.1-3.
Nem Moisés, nem Confúcio, nem Zoroastro, nem Sócrates, nem Maomé:

71
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

nenhum deles jamais declarou ser Deus, mas Jesus o fez e persuadiu a mai-
oria, visto que o Cristianismo é a maior religião do planeta.

NEGAM A EXISTÊNCIA DO CÉU COMO LUGAR DE FELICI-


DADE

A felicidade dos espíritos bem-aventurados não consiste na ociosidade


contemplativa, que seria, como temos dito muitas vezes, uma eterna e fasti-
diosa inutilidade 29.
Em que se deve entender a palavra céu? Achais que seja um lugar,
como aglomerados, sem outra preocupação que a de gozar, pela eternidade
toda, de uma felicidade passiva? Não; é o espaço universal; são os planetas,
as estrelas 30

Refutação Bíblica:
Os espíritas zombam da ideia do céu como lugar de felicidade eterna.
Costumam citar João 14.2: Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não
fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E dizem: A casa de
meu Pai é o Universo; as diversas moradas são os mundos que circulam no
espaço infinito e oferecem estâncias adequadas ao seu adiantamento 31. O
texto citado de João 14.2 conclui da seguinte forma: vou preparar-vos lugar;
e no versículo 3 afirma: para que onde eu estiver estejais vós também.

29
KARDEC, ALLAN. O Céu e o Inferno, p. 722. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985.

30
KARDEC, ALLAN. O Livro dos Espíritos, p. 250. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985.
31
KARDEC, ALLAN. O Evangelho Segundo o Espiritismo, p. 556. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial,

1985)

72
Capítulo – 2
AS PRINCIPAIS CRENÇAS DOUTRINÁRIAS DO ESPIRITISMO

Ora, daí se nota que, primeiro, o céu é um lugar e, segundo os que per-
tencem a Jesus estarão no mesmo lugar onde Jesus foi. E sabemos que Ele
foi para o céu e sentou-se à direita de Deus (Mc 16.19; Hb 8.1; Ap 3.21).
Jesus prometeu mais, que os seus estariam onde Ele estivesse (Jo 17.24).
Paulo falou da sua esperança celestial (Fp 3.20-21); o mesmo falou Pedro (1
Pe 1.3).

NEGAM O INFERNO COMO LUGAR DE TORMENTO ETERNO E


CONSCIENTE

(Jesus) Limitou-se a falar vagamente da vida bem-aventurada, dos cas-


tigos reservados aos culpados, sem referir-se jamais nos seus ensinos a cas-
tigos corporais, que constituíram para os cristãos um artigo de fé 32.

Refutação Bíblica:

Jesus não falou vagamente sobre os castigos reservados aos culpados.


Falou claramente em Mateus 25.41, 46 sobre o sofrimento eterno dos injus-
tos. Neste último versículo, Jesus declarou que a duração da felicidade dos
justos é igual à duração do castigo dos injustos: E irão estes para o tormento
eterno, mas os justos para a vida eterna. Outros textos onde Jesus empregou
palavras que indicam duração sem fim do castigo reservado aos ímpios (Ma-
teus 5.22-29; 10.28; 13.42, 49-50; Mc 9.43-46; Lc 6.24; 10.13-15; 12.4-5;
16.19-31). Nos textos citados aparecem as expressões tais como:

• suplício eterno;

32
KARDEC, ALLAN. O Céu e o Inferno, p. 726. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985

73
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

• fogo eterno;

• fogo inextinguível;

• onde o bicho não morre e o fogo não se apaga;

• trevas exteriores;

• choro e ranger de dentes.

• Negam a existência do diabo e demônios como pessoas reais espirituais

Satã, segundo o espiritismo e a opinião de muitos filósofos cristãos,


não é um ser real; é a personificação do mal, como nos tempos antigos Sa-
turno personificava o tempo 33.

Há demônios, no sentido que se dá a essa palavra? Se houvesse demô-


nios, seria obra de Deus. E Deus seria justo e bom, criando seres, eterna-
mente voltados ao mal? (“O Livro dos Espíritos”, pp. 72-74. Editora Opus
Ltda., 2ª edição especial, 1985).

A propósito de Satanás, é evidente que se trata da personificação do mal sob


uma forma alegórica 34.

Refutação Bíblica:

Deus não criou um ser maligno, mas um anjo de luz que se transviou
(Is 14.12-14; Ez 28.14-16); Jesus disse que ele não permaneceu na verdade
(Jo 8. 44). Trata-se de uma personalidade real, pois:

33
KARDEC, ALLAN. O Que é o Espiritismo, p. 297. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985
34
KARDEC, ALLAN. O Livro dos Espíritos, p. 74. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985

74
Capítulo – 2
AS PRINCIPAIS CRENÇAS DOUTRINÁRIAS DO ESPIRITISMO

• É mencionado entre pessoas espirituais (Jó 1.6);

• Conversou com Jesus no monte, tentando-o (Mt 4. 1-10);

• É uma pessoa inteligente, que faz planos para ludibriar os outros (Jo
8.44; 1 Pe 5.8);

• Está condenado ao fogo eterno (Ap 20.10).

NEGAM A RESSURREIÇÃO DO CORPO

Em que se torna o Espírito depois de sua última encarnação?


Em puro Espírito 35.

Refutação Bíblica:
A ressurreição do corpo é uma doutrina enfatizada na Bíblia. Isaías que
viveu cerca de 600 anos antes de Jesus, já afirmava no seu livro (26.19):
Os teus mortos e também o meu cadáver viverão e ressuscitarão; des-
pertai e exultai, os que habitais no pó, porque o teu orvalho será como o
orvalho das ervas, e a terra lançará de si os mortos.
Ainda no Antigo Testamento encontramos exemplos de ressurreição re-
alizados por Elias e Eliseu (1 Rs 17.17-24; 2 Rs 4.32-37). Jesus falou da
ressurreição futura de todos os mortos em João 5.28-29. Quando Lázaro mor-
reu, sua irmã Marta revelou crer na ressurreição. Ao ouvir que Jesus se apro-
ximava:
Disse, pois, Marta a Jesus: Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão
não teria morrido. Mas também agora sei que tudo quanto pedires a Deus,
Deus to concederá. Disse-lhe Jesus: Teu irmão há de ressuscitar. Disse-lhe
Marta: Eu sei que há de ressuscitar na ressurreição do último Dia (João

35
KARDEC, ALLAN. O Livro dos Espíritos, p. 84. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985

75
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

11.21-24). O mesmo fez Paulo em Atos 24.15: Tendo esperança em Deus,


como estes mesmos também esperam, de que há de haver ressurreição de
mortos, assim dos justos como dos injustos. No Juízo Final, diante do trono
branco, todos irão ressuscitar, até mesmo os mortos nos mares, para prestar
contas a Deus de seus atos praticados no corpo: E vi os mortos, grandes e
pequenos, que estavam diante de Deus, e abriram-se os livros… E os mortos
foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas
obras. E deu o mar os mortos que nele havia… (Ap 20.11-15).

NEGAM A INSPIRAÇÃO DIVINA DA BÍBLIA

A Bíblia contém evidentemente fatos que a razão, desenvolvida pela


ciência, não pode aceitar, e outros que parecem singulares e que repugnam,
por se ligarem a costumes que não são mais os nossos… A ciência, levando
as suas investigações desde as entranhas da terra até as profundezas do céu,
demonstrou, portanto, inquestionavelmente os erros da Gênese mosaica…
Incontestavelmente, Deus que é a pura verdade, não podia conduzir os ho-
mens ao erro, consciente, nem inconscientemente, do contrário não seria
Deus. Se, portanto, os fatos contradizem as palavras atribuídas a Deus, é
preciso concluir logicamente que Ele as não pronunciou ou que foram to-
madas em sentido contrário 36.

Refutação Bíblica:
O espiritismo nega a criação do homem conforme descrita no livro de
Gênesis 1.26-27 e 2.7. Acredita no evolucionismo. Por isto, admite que o

36
KARDEC, ALLAN. A Gênese”, p. 936. Opus Ltda; 2ª edição especial, 1985.

76
Capítulo – 2
AS PRINCIPAIS CRENÇAS DOUTRINÁRIAS DO ESPIRITISMO

registro bíblico não deve ser tomado literalmente, mas apenas em sentido
figurado. Jesus reiterou a criação dos seres humanos, descrita em Gênesis
1.26-27, ao dizer: Não tendes lido que aquele que os fez no princípio macho
e fêmea os fez (Mt 19.4). Em Hebreus 11.3, lemos que: Pela fé entendemos
que os mundos pela Palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo
que se vê não foi feito do que é aparente. E, assim, outros textos confirmam
a descrição do Gênesis (Sl 19.1; 24.1). Posto isto, aceitamos as declarações
de 2 Timóteo 3.16-17 que toda a Bíblia é inspirada e é a inerrante Palavra de
Deus (1 Ts 2.13). A ciência, na qual se baseia o espiritismo, está mudando
de opinião frequentemente, de modo que não pode ser levada a sério, pois
não tem a última palavra.

DOUTRINA DA TRINDADE NO KARDECISMO 37

Neste capítulo empreendo demonstrar que o fato de o Kardecismo negar


a Doutrina da Trindade, o descaracteriza como cristão.

Ora, para que fique claro que o Kardecismo deveras rejeita a Doutrina da
Trindade, faz-se necessário provar que ele nega a Divindade do Filho e do
Espírito Santo. Este é o motivo pelo qual este capítulo está dividido em duas
partes: na primeira parte exibo o que Kardec disse acerca da Divindade de
Jesus; já na segunda demonstro que ele negou a Personalidade e Divindade
do Espírito Santo.

37
SANTANA, J. O Espiritismo kardecista e suas icoerencias. 1ª. ed. Rio de Janeiro: [s.n.], 2014.

77
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

O Kardecismo nega a Divindade de Jesus

Crer na Trindade não implica crer em três Deuses em um, antes signi-
fica reconhecer que o Deus da Bíblia não é uma unidade absoluta, e sim
composta, constituída de três Pessoas distintas (isto é, as três Pessoas da trin-
dade formam um único Deus, porem as três Pessoas não são três deuses, mais
Um Deus apenas).

O fato de a Bíblia dizer que há um só Deus (1Tm 2:5), sem negar tanto
a distinção entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo (Jo. 14:16; Mt 26:39),
quanto a Divindade de cada uma destas três Pessoas (O Pai é Deus [Jo. 3:16],
o Filho é Deus [Jo. 1:1], e o Espírito Santo é Deus [At 5:3-4]), nos impele a
concluir que, segundo as Escrituras Sagradas do Cristianismo, Deus é o que
se convencionou chamar de Trindade, isto é, embora o Pai, o Filho, e o Es-
pírito Santo sejam distintos e igualmente Divinos, não há três Deuses, mas
um só. Logo, quem nega a Doutrina da Trindade não pode se considerar cris-
tão, visto que fazê-lo é incoerência. Deste modo, aqui está mais uma demons-
tração de incoerência no Kardecismo, posto que Allan Kardec sustenta nas
(páginas 121-153 do livro Obras Póstumas, editado pela Federação Espírita
Brasileira, 26ª edição), que Jesus não é Deus. Referindo-se a Jesus ele diz
textualmente: “…ele não é Deus…”(página 131). “… Jesus… não era
Deus…” (página 134). Vale lembrar que não existe uma escala que muitos
dizem existir dizendo:

Deus é maior que o Filho, O Filho é maior que O Espírito Santo.

Mas na verdade, Deus pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo, são o
mesmo Deus em tamanho, poder, glória, honra e majestade. A diferença clas-
sificada não é na essência e sim nas funções.

78
Capítulo – 2
AS PRINCIPAIS CRENÇAS DOUTRINÁRIAS DO ESPIRITISMO

Sabemos que, segundo a Bíblia, Jesus afirmou que Ele, de Si mesmo


nada podia fazer (Jo.5:30); que Ele se submetia à vontade de Deus
(Mt.26:39); declarou-se inferior ao Pai (Jo.14:28); e, quando de Sua morte,
Ele entregou Seu espírito a Deus (Lc.23:46). Destas afirmações de Jesus e
outras correlatas, Kardec infere e registra no referido livro Obras Póstumas,
no trecho supradito, que Jesus e Deus não são a mesma pessoa; e que, por-
tanto, Ele não é Deus. Mas os argumentos que Kardec usa, à base destes
fatos bíblicos, apresenta para subtrair a Deidade de Cristo, estão errados por
três razões:

1- Allan Kardec não pode citar a Bíblia no intuito de provar a “ortodoxia”


de suas doutrinas, pois como já deixamos claro, ele não acreditava
nela;
2- Os cristãos, desde os primórdios do Cristianismo sustentam que Jesus,
por ser Deus (Jo.1:1-3,10; Cl.1: 14-17; 2:9) e homem (1Tm 2:5), pode
falar como Deus (Mt. 18:20; Mc.2:10) ou como homem (Jo.5:30);
3- Kardec alega que (falo com minhas palavras) “se Jesus realmente
fosse Deus e homem, de humano Ele teria o corpo, e de Divino, Ele
teria o Espírito; mas é justamente o Espírito que Ele entrega nas mãos
do Pai, quando acontece Sua morte (Lc. 23:46). Ora, como entregar
Deus aos cuidados de Deus?” Esse argumento, porém, não é tão con-
sistente como talvez possa parecer a uma pessoa desavisada. Veja es-
tas considerações:

• Kardec “esqueceu” de considerar que o Cristianismo sempre pregou que


de humano, Jesus não possuía só o corpo, mas também o espírito (corpo e
espírito na concepção dos dicotomistas; ou espírito, alma e corpo, segundo
os tricotomistas);

79
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

• Se de humano, Jesus possuísse só o corpo, Ele não seria 100% homem,


como o Cristianismo sempre sustentou, e sim, um ser parcialmente humano;

O Cristianismo clássico jamais ensinou que o Pai e o Filho sejam a


mesma Pessoa. Essa crença, estranha ao Cristianismo bíblico e rechaçada
pelos católicos, pelos ortodoxos, e pelos evangélicos, é conhecida pelos no-
mes de Sabelianismo, Modalismo e Unicismo. Deste modo, por que Cristo
não poderia entregar o Seu espírito humano aos cuidados do Pai, isto é, aos
cuidados da Divindade, da qual Ele é integrante? Salta aos olhos que Kardec,
das duas uma: Ou ignorava o que o Cristianismo prega, ou usou de má fé.
Sim, para nos refutar, ele deveria se ater a solapar as bases sobre as quais nos
fundamentamos, e não se valer de premissas rejeitadas por todos os teólogos
trinitarianos. Tentar refutar uma ideia, sem solapar a (s) premissa (s) sobre a
(s) qual (ais) a mesma esteja apoiada, não é uma atitude filosófica, e sim, um
disparate indigno de ser apreciado.

Jesus, à luz da Bíblia, é o Deus Todo-Poderoso, Criador dos Céus, da


Terra e de tudo quanto neles há (Jo.1:1-3,10; 5:18; 20:28 Hb. 1: 8-12; Rm.
9: 5; Cl.1: 14-17; 2:9; Tt.2:13; 2Pe 1:1, etc.).

Jesus existe desde a eternidade (Mq.5:2; Jo. 1:1-3,10); logo, não foi cri-
ado por ninguém, nem mesmo por Deus Pai, pois é Criador, como já vimos,
e não criatura. Contudo, kardec, no seu inglório afã de “provar” que Jesus é
criatura, serviu-se do fato de Jesus ser chamado na Bíblia de “o Filho de
Deus”. A questão é: Se Ele não é criatura, e sim, Eterno em absoluto, por que
diz então a Bíblia que Ele é o Filho de Deus? Resposta: A expressão “filho
de”, nem sempre significa “gerado por”, ou “criado por”. Veja os exemplos
abaixo:

80
Capítulo – 2
AS PRINCIPAIS CRENÇAS DOUTRINÁRIAS DO ESPIRITISMO

(a) Filiação designa igualdade

• Os filhos do diabo

Não comparando mal, assim como o diabo não criou ninguém, mas tem
muitos filhos (Jo 8.44; At 13.10; 1 Jo 3.10, etc.); Deus não criou Jesus, mas
Jesus é o Seu Filho.

Vejamos agora alguns dos textos bíblicos que categoricamente afirmam


que Jesus é o Filho de Deus por identidade de natureza (ou igualdade) com
o Pai.

(b) O fato de Jesus ser o Filho de Deus, o faz Deus e igual ao Pai

Em Jo. 5:18 podemos ler: “Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam
matá-lo, porque não só quebrantava o sábado, mas também dizia que Deus
era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus”. Segundo este texto, as razões
pelas quais os judeus queriam matar a Jesus eram as seguintes:

1- Jesus quebrantava (ou violava) o Sábado;


2- Jesus disse que Ele era igual a Deus, por dizer que Deus era o seu Pai;
3- Os judeus entenderam muito bem o que Ele estava dizendo;
4- Ao invés de crerem no que Jesus lhes dizia, isto é, ao invés de crerem que
Jesus era de fato igual a Deus, acharam que Ele estava cometendo a blas-
fêmia de usurpar as prerrogativas divinas, razão pela qual o consideraram
digno de morte. Aqui está, portanto, uma prova de que Jesus é o Filho de
Deus porque é igual a Deus; e é igual a Deus, pois é o Filho de Deus.

Há quem diga que Jesus não se declarou igual a Deus em Jo 5.18, e sim,
que “foram os judeus incrédulos que raciocinaram que Jesus procurava

81
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

fazer-se igual a Deus por afirmar que Deus era seu Pai.” E concluem
que “Jesus nunca afirmou ser igual a Deus.” Estas declarações constam de
um dos livros da seita dos Testemunhas de Jeová, (Raciocínios à Base das
Escrituras, página 215, edição de 1.985). Mas os que assim dizem só esta-
riam com a razão, se este texto dissesse assim: “ … mas também dizia que
Deus era seu próprio Pai, o que fez com que os judeus pensassem que Ele
estava fazendo-se igual a Deus.”

(c) Dizer-se filho de Deus é blasfemar?!

• Segundo Jo 19.7, os judeus tentaram convencer a Pilatos de que Jesus


era réu de morte, pelo fato de Ele haver afirmado que era Filho de Deus.
Isto é prova cabal de que esta afirmação, à luz das línguas originais em
que a Bíblia foi escrita, não significa criado por Deus, e sim, igual a Deus.
Caso contrário, os ímpios não se apoiariam nisso para acusar Jesus de
blasfêmia.

(d) Jesus é um com Deus

Está registrado em Jo 10.30-36, que Jesus disse que Ele e o Pai são um.
Isto equivale a dizer que Ele é Deus e os judeus quiseram matá-lo por isso,
por acharem que o fato de Ele se fazer Deus era uma blasfêmia. Em outras
palavras: Ele confessou que é Deus e os judeus acharam que Ele estava blas-
femando ao fazer esta confissão. Senão vejamos: Logo após Jesus dizer que
Ele e o Pai são um (v.30), os judeus ameaçaram apedrejá-lo (v.31). Jesus
perguntou então por qual motivo queriam apedrejá-lo (v.32), e eles disseram
que era porque Ele havia cometido a blasfêmia de se fazer Deus (v.33). Nos
versículos 34 e 35 Jesus argumenta, citando e explicando o Sl 82.6, e formula
uma pergunta que nos deixa claro que a afirmação “Eu e o Pai somos um”,
equivale a dizer eu sou o Filho de Deus. Veja que embora o debate entre

82
Capítulo – 2
AS PRINCIPAIS CRENÇAS DOUTRINÁRIAS DO ESPIRITISMO

Jesus e os judeus seja em torno do fato de Ele ter afirmado que Ele era um
com Deus, Jesus não disse assim: “àquele a quem o Pai santificou, e enviou
ao mundo, dizeis vós: Blasfemas; porque eu disse: Eu e o Pai somos
Um?” (Confere com Jo 10.36). Assim, se compararmos os versículos 30, 33
e 36 de Jo 10, veremos que a expressão “Eu e o Pai somos um”; corresponde
a “Eu sou o Filho de Deus”. Do contrário, Jesus e os seus interlocutores não
falavam coisa com coisa.

(e) Que pensa Satã do Filho de Deus?

Mt 4.3 nos diz que o diabo, tentando a Jesus, disse-lhe: “Se tu és o Filho
de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães”. Isto significa que na
opinião do diabo, ser o Filho de Deus implica ser onipotente. Será que Sata-
nás estava equivocado? Sabemos que o diabo é o pai da mentira e, portanto,
indigno de confiança (Jo 8.44). Porém, às vezes os demônios fazem afirma-
ções que não podem ser contraditadas por nós. Exemplos: Lc 8.28 diz que os
demônios confessaram que Jesus é o Filho do Deus Altíssimo. Podemos re-
futar? Mc 1.24 nos assegura que os demônios disseram que Jesus é o Santo
de Deus. Podemos contradizer? Ademais, se Satanás estava tentando a Jesus,
obviamente ele procurava ser o mais “lógico” possível. Daí podemos perce-
ber que o diabo tentou o Senhor Jesus a se identificar como o Filho de Deus
por identidade de natureza. Das palavras do diabo podemos “pescar” que ele
estava argumentando à base da seguinte lógica: Se Jesus é o Filho de Deus,
então Ele tem, natural e necessariamente, poder sobrenatural. Se neste ponto
Satanás não estava incoerentemente equivocado, como equivocados não es-
tavam os seus subalternos ao fazerem as confissões registradas em Lc 8.28 e
Mc 1.24, Jesus não é Filho de Deus por criação, pois ninguém tem a obriga-
ção de ser portador de poder miraculoso só por ter sido criado por Deus. Tal

83
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

exposição seria uma incoerência tão gritante quanto se alguém fizesse os se-
guintes desafios:

• “Se tu és mecânico, conserta o meu televisor”;


• “Se tu és carpinteiro, faze uma muda de roupa para mim”;
• “Se tu és eletricista, corta os meus cabelos e faze a minha barba”;

Além dos exemplos acima, seria legal e de maior compreensão a medi-


tação no fato de a Bíblia nos falar dos “filhos deste mundo” (Lc. 16:8), “fi-
lhos da luz” (Ef.5:8), “filhos das bodas” (Mt.9:15), “filhos da ressurrei-
ção” (Lc. 20:36), “filhos da desobediência” (Ef.2:2), “filhos da
ira” (Ef.2:3), “filhos dos homens” (Ef.2: 5), etc.

Em todos estes casos certamente salta à vista que o vocábulo “filho”


não traz em si o conceito de procedência, derivação, criação, geração, for-
mação, etc., mas sim, a ideia de participação. Pois bem, quando a Bíblia diz
que Jesus é o Filho de Deus, está dizendo apenas que Ele é membro (isto ´é,
integrante) ou participante da Divindade, ou seja, Ele é, juntamente com o
Pai e o Espírito Santo, constituinte da Deidade. Jesus é o Filho, e não um dos
filhos, ou ainda um filho.

Como já informei acima, por ora não está em discussão a autenticidade


da Bíblia e do Cristianismo. O que nos interessa neste momento é: O Cristi-
anismo prega ou não prega a Doutrina da Trindade? Estamos vendo que sim,
e isto torna patente que o Kardecismo não fala coisa com coisa, visto que
nega uma das doutrinas cardeais da fé cristã, que é a Trindade, e, simultane-
amente quer se passar por cristão. Ora, se o Cristianismo é verdadeiro, então
os kardecistas devem abraçar a Doutrina da Trindade, já que se dizem cris-
tãos e é isto que o Cristianismo prega; por outro lado, se a Triunidade de

84
Capítulo – 2
AS PRINCIPAIS CRENÇAS DOUTRINÁRIAS DO ESPIRITISMO

Deus é um ensino espúrio, os kardecistas precisam abjurar o Cristianismo e


assumir que não são cristãos.

Nega a personalidade e Divindade do Espírito Santo

Jesus nos prometeu outro Consolador (Jo. 14:16-17,26; 15:26; 16:7-


14); disse que este é o Espírito Santo (Jo. 14: 26); mandou que os apóstolos
o esperassem; garantiu que eles iriam recebê-lo dentro de breves dias, e que
só podiam sair de Jerusalém para anunciarem o Evangelho ao mundo, após
o recebimento desta bênção (At. 1:4-5; Lc. 24:49). Eles (os apóstolos e ou-
tros cristãos primitivos) foram, pois, a um cenáculo e lá permaneceram em
oração (At.1:12-14) até que se cumpriu o que está exarado em At. 2: 1-4.
Não pode haver dúvida, então, de que o fenômeno do qual trata este último
texto bíblico (At 2: 1- 4), é a vinda do outro Consolador, conforme Jesus
prometera. Logo, a bendita promessa se cumpriu há quase dois mil anos. O
kardecismo, porém, apregoa que o outro Consolador que Jesus prometeu é o
Espiritismo codificado por Allan Kardec, isto é, a doutrina Espírita; e que,
portanto, o dito Consolador veio a 18 de abril de 1857, quando então Kardec
lançou o seu primeiro livro intitulado O Livro dos Espíritos (O Evangelho
Segundo o Espiritismo. Federação Espírita Brasileira: 109ª edição, capítulo
6, nº 4, páginas 128-129; e, O Reformador: Federação Espírita Brasileira,
abril de 1995, página 6). É verdade, portanto, que o Kardecismo nega tanto
a Personalidade quanto a Divindade do Consolador. Este não seria uma Pes-
soa Divina, e sim, um corpo de doutrinas. Por isso exibo abaixo as evidências
de que o Cristianismo tem o Consolador (que, segundo a Bíblia, é o Espírito
Santo) como Pessoal e Divino. Ao fazer isto, não estarei provando, por con-
seguinte, que o Cristianismo é veraz ou não; e sim, demonstrando mais uma
vez que o Espiritismo (por se julgar cristão, sem crer na Pessoalidade e Di-
vindade do Espírito Santo) é incoerente. Veja a exposição abaixo e

85
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

cientifique-se de que, segundo o Cristianismo, o Espírito Santo é Deus e Pes-


soal; não sendo, portanto, cristão, quem disso destoa.

A personalidade do Espírito Santo.

Atos pessoais são atribuídos ao Espírito Santo:

O Pastor Myer Pearlman, em seu livro intitulado (Conhecendo as Dou-


trinas da Bíblia; 16ª edição, à página 180), define a personalidade da se-
guinte maneira: “É aquilo que possui inteligência, sentimento e von-
tade”. Esta definição é tão autêntica que não creio na possibilidade de al-
guém retrucá-la. E assim fica fácil sabermos se o Cristianismo prega ou não
a personalidade do Espírito Santo. Basta lermos a Bíblia. Sim, as Escrituras
Sagradas asseguram que o Espírito Santo tem:

(a) Inteligência: Segundo Jo 16.13, Ele fala do que escuta e, como todos
sabemos, só um ser portador de intelecto, pode fazer isso;

(b) Sentimento: À luz de Ef 4.30, o Espírito Santo pode ser entristecido,


pois aí se pede para não entristecermos a Ele. Ora, a ordem para não entris-
tecermos o Espírito Santo, equivale a dizer que devemos mantê-lo alegre, já
que qualquer cuidado para não o entristecer seria injustificável, se tristeza
fosse o seu normal. Então o Espírito Santo pode se alegrar ou se entristecer.
Além disso, Rm 15.30 assegura que o Espírito Santo ama. Ora, amor é um
sentimento. Assim podemos ver nestas duas referências bíblicas que o Espí-
rito Santo se alegra, se entristece e ama. E alegria, tristeza e amor, não são
sentimentos? Pode uma doutrina fazer isto?

(c) Vontade: 1 Co. 12:11, garante que o Espírito Santo tem vontade. E Rm
8.27 diz que Deus sabe qual é a INTENÇÃO do Espírito Santo. Deste modo

86
Capítulo – 2
AS PRINCIPAIS CRENÇAS DOUTRINÁRIAS DO ESPIRITISMO

fica patente que o Espírito Santo preenche todos os requisitos que um ser
precisa preencher para caracterizar-se como Pessoal. Ele satisfaz todas as
exigências: Ele tem intelecto, vontade e sentimentos. O que os kardecistas
entendem por pessoa?

Além dos atos pessoais supra, atribuídos ao Espírito Santo, há muitos outros
casos, dos quais alistamos apenas os que vêm a seguir:

1) O Espírito Santo geme inexprimivelmente (Rm. 8:26);

2) O Espírito Santo discorda (At. 16: 6,7);

3) O Espírito Santo concorda (At. 15:28);

4) O Espírito Santo intercede (isto é, ora) por nós (Rm. 8:26).

A Divindade do Espírito Santo

O apóstolo Pedro disse que Ananias mentiu ao Espírito Santo (At. 5:3)
e, por conseguinte, a Deus (At 5.4). Se mentir ao Espírito Santo, é mentir a
Deus, então o Espírito Santo é Deus.

1 Co. 6:19 diz que nós, os cristãos, somos o templo do Espírito Santo.
Ora, só a Deus se dedica templo. Como sabemos, nenhuma frase será bem
estruturada até que haja, entre as palavras que a constituem, uma associação
de ideias. A palavra “gaiola” tem que ter alguma relação com pássaro. E o
vocábulo “chiqueiro” tem que estar ligada de alguma forma ao substantivo
porco. Igualmente a palavra “palácio” lembra estadista. Quando isso não
ocorre, diz-se que não se está falando coisa com coisa. Deste modo, se somos

87
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

o Templo do Espírito Santo, então Ele é Deus. Pense: Que seria o Espírito
Santo, se fôssemos o seu chiqueiro? E se fôssemos a sua gaiola? Não cons-
tituiria mais uma prova de Sua Majestade, se a Bíblia dissesse que somos o
seu palácio? Não seria Ele um pássaro, se fôssemos a sua gaiola? Não seria
Ele um porco, se fôssemos o seu chiqueiro? (Desculpe-me por usar este úl-
timo argumento tão forte). Mas uso estas expressões para fica bem claro o
sentido do raciocínio.

A Bíblia diz que o Espírito Santo é Senhor (2 Co. 3:18 ARA). Este ver-
sículo, além de provar a personalidade do Espírito Santo, prova também a
Sua Divindade. Claro, algo impessoal não pode ser Senhor. Ademais, neste
sentido só Deus é Senhor.

Há, na língua original do Novo Testamento, duas palavras equivalentes


a “outro” em Português: ÉTEROS e ALLOS. Esta significa “outro” da
mesma espécie, da mesma qualidade e da mesma natureza. Mas aquela sig-
nifica “outro” diferente. João, por saber que os membros da Trindade são
iguais, ao registrar que Jesus nos prometeu outro Consolador, optou pelo vo-
cábulo ALLOS, querendo dizer com isto que o Consolador que Deus nos deu
mediante os rogos de Jesus, é igual a este. Logo, o Espírito Santo tem que
ser tão Pessoal quanto Jesus. Sim, se Jesus é um personagem, então o Espírito
Santo também o é. E se o Consolador é apenas um conjunto de doutrinas,
como imaginam os Kardecistas, então Jesus também é um conjunto de dou-
trinas. Deste modo temos em Jo 14.16, mais uma exibição da Deidade do
Espírito. O raciocínio é o seguinte: Se Jesus é igual ao Pai (Jo 5.18), e não
difere do Espírito Santo (Jo. 14:6), então este é igual ao Pai e ao Filho, o que
prova a Sua Personalidade e Divindade.

88
Capítulo – 2
AS PRINCIPAIS CRENÇAS DOUTRINÁRIAS DO ESPIRITISMO

Bem, estamos cientes que os kardecistas negam a Personalidade e a Di-


vindade do Espírito Santo, confundindo-o com a codificação Kardecista.
Mas a coisa não para por aí. Os kardecistas confundem as manifestações do
Espírito Santo com o que eles chamam de mediunidade.

Está, pois, claro que o unitarismo (isto, é, negação da Doutrina da Trin-


dade) pregado pelo Kardecismo e muitas outras instituições religiosas, não é
cristão; e que o trinitarianismo (postura teológica cristã, segunda a qual a
Doutrina da Trindade é correta) pregado pela Igreja Ortodoxa, pelos evan-
gélicos e pela Igreja Católica, é sim, doutrina genuinamente cristã. Se quem
nega a Triunidade de Deus está ou não com a razão, é discutível; mas que
quem não crê que Deus é Triúno não é cristão, é indiscutível da mesma
forma.

Outra relevante prova da Divindade do Espírito Santo é o fato de a Bí-


blia o chamar de Espírito de Deus (1 Sm 10:10; 19:23, etc.). Já fiz constar
do primeiro tópico deste capítulo que nenhum estudante da Bíblia pode ig-
norar a índole dos idiomas semíticos (no caso, o Hebraico, o Aramaico e o
Grego), que há por detrás da fraseologia bíblica, sem perder muito por esse
desconhecimento. Por exemplo, em Ap. 16:14 lemos: “porque são espíri-
tos de demônios”... Ora, os demônios são espíritos, logo, eles não têm espí-
ritos. Espírito não tem espírito. A locução “espírito de demônios” não pode
significar, portanto, que tais espíritos pertençam aos demônios (isto é, que
sejam da propriedade deles), ou que deles derivem, ou ainda que sejam iguais
a eles; antes quer dizer que tais espíritos são demônios. Assim também as
locuções Espírito de Deus, Espírito de Jeová e Espírito do Senhor, tão co-
muns nas páginas da Bíblia. Estas afirmações equivalem a dizer que o Espí-
rito Santo se identifica com Deus por ser da mesma espécie, isto é, Ele é
Deus, YHWH e Senhor; sendo, pois, Seu fiel representante, e, por

89
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

conseguinte, capaz de torná-lo presente e que está a fazê-lo. Uma prova disso
está em Rm. 8:9, onde o Espírito Santo é chamado de Espírito de Cristo.
Claro, “Espírito de Cristo”, neste caso, não se refere à alma de Cristo, e sim,
que o Espírito Santo é igual a Cristo e que, por ser capaz de representá-lo à
altura.

Eu disse no parágrafo acima que espírito não têm espírito. Nada mais
óbvio, não é mesmo? Sendo assim, a expressão “o Espírito Santo de Deus”,
apenas designa que Ele (Refiro-me ao Espírito Santo) é Espírito (isto é, Ele
é imaterial), é Santo (separado de todo o mal), e é Divino (ou seja, Ele é
Deus). Até porque, uma vez que já concluímos que espírito não possui espí-
rito, Deus não pode ter espírito, pois Ele já é Espírito (Jo. 4:24). Deus, o Pai
(a primeira Pessoa da Trindade), também é Espírito Santo, pois é Espírito e
é Santo. A Bíblia fala do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt 28:19), mas
estes termos são apenas funcionais, a saber, estas nomenclaturas têm por fi-
nalidade única fazer com que não confundamos as Pessoas. Repito: Jesus
existe desde a eternidade (Mq 5:2; Jo. 1:1-3,10); logo, não foi criado por
ninguém, nem por Deus Pai, pois é Criador (Jo. 1:1-3,10; Cl 1. 14-17; Hb 1:
10, etc.), e não criatura. Desde a eternidade até o momento da Sua humani-
zação, o Filho de Deus não tinha corpo, mas era apenas Espírito. Ora, se o
lado Divino de Jesus é o Criador dos Céus, da Terra e de tudo quanto neles
há; é Espírito e é Santo, então Jesus não é menos Pai do que o Pai, não é
menos Espírito do que o Espírito Santo, nem tampouco é menos Santo do
que o Pai e o Espírito Santo juntos.

90
Capítulo – 2
AS PRINCIPAIS CRENÇAS DOUTRINÁRIAS DO ESPIRITISMO

NEGAM OS MILAGRES DE JESUS

Convém, pois riscar os milagres do rol das provas em que pretendem


basear a divindade do Cristo 38.

Refutação Bíblica:

Os espíritas negam a deidade absoluta de Jesus. Consequentemente, ne-


gam também os milagres relatados na Bíblia. Para os espíritas, Jesus é apenas
um médium.

Com isso Allan Kardec procura explicar os milagres atribuídos a Jesus, da


forma como se fora um médium, que exibe poderes extra-sensoriais. Des-
creve e explica os milagres de Jesus.

PESCA MARAVILHOSA – LUCAS 5.1-7

A pesca qualificada de miraculosa explica-se igualmente pela dupla


vista, Jesus de modo algum produziu espontaneamente peixes onde os não
havia; mas viu, como um vidente lúcido acordado, pela vista da alma, o lu-
gar onde se achavam os peixes, e pôde dizer com segurança aos pescadores
que lançassem ali as suas redes 39.

Refutação Bíblica:
Ora, quando Jesus pediu a Pedro que lançasse as redes ao mar, Pedro
muito naturalmente respondeu como pescador: Mestre, havendo trabalhado

38
KARDEC, ALLAN. Obras Póstumas, 1172. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985.

39
KARDEC, ALLAN. A Gênese, p. 1036. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985.

91
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

toda a noite, nada apanhamos; mas, sobre a tua palavra, lançarei a rede (Lc
5.5). Não havia peixe. Foi sobre a autoridade da palavra de Jesus que a rede
foi lançada. E, então, o milagre foi realizado. Jesus era onisciente, e não um
vidente lúcido acordado, que pela vista da alma, pudesse ver o lugar onde se
achavam os peixes. Ele viu Natanael debaixo da videira (Jo 1.48-51). Jesus
não precisava receber referências sobre as pessoas. Conhecia-as todas (Jo
2.24-25).

A CURA DA MULHER QUE SOFRIA DE FLUXO DE SANGUE –

MARCOS 5.25-34

Estas palavras conhecendo ele próprio a virtude que saíra de si, são
significativas; elas exprimem o movimento fluídico que se operara de Jesus
para com a mulher doente; ambos sentiram a ação que se acabava de pro-
duzir. É notável que o efeito não fosse provocado por ato algum da vontade
de Jesus; não houve magnetização, nem imposição de mãos. A irradiação
fluídica normal foi suficiente para operar a cura 40.

Refutação Bíblica:

A mulher, depois de curada, confessou que havia gastado todos os seus


bens com os médicos, indo de mal a pior (Mc 5.26). Confessa sua cura radi-
cal pelo poder divino de Jesus e não por irradiação fluídica normal. Quase
todos, senão todos, os fenômenos espíritas estão cercados de dolo. Se hou-
vesse essa possibilidade inventada por Allan Kardec, já a mulher poderia ter

40
KARDEC, ALLAN. A Gênese, p. 1036. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985.

92
Capítulo – 2
AS PRINCIPAIS CRENÇAS DOUTRINÁRIAS DO ESPIRITISMO

sido curada muito antes porque, admite-se, devia haver outros homens nos
dias de Jesus com essa ridícula irradiação fluídica normal. Doze anos de so-
frimento e depois a cura milagrosa realizada imediatamente por Jesus e não
por um médium que precisa de ocasião preparatória para exibir esse tipo de
irradiação fluídica.

A CURA DO CEGO DE NASCENÇA – JOÃO 9. 1-7

Aqui, o efeito magnético é evidente; a cura não foi instantânea, mas


gradual e seguida de ação sustentada e reiterada, apesar de ser mais rápida
do que na magnetização ordinária 41.

Refutação Bíblica:

O interessante é o por que esse efeito magnético evidente não se mani-


festa espontaneamente entre os médiuns espíritas nos dias atuais? Afinal eles
todos ajudam as pessoas a se sentirem melhores através de suas “artimanhas”
por que não curam cegos também se é tão simples como dizem ser?

A RESSURREIÇÃO DO FILHO DA VIÚVA DE NAIM – LUCAS 7.11-


17 E A RESSURREIÇÃO DA FILHA DE JAIRO – MARCOS 5.21-43

O fato da volta à vida corporal de um indivíduo, realmente morto, seria


contrário às leis da natureza, e, por conseguinte, miraculoso. Ora, não é
necessário recorrer a esta ordem de fatos para explicar as ressurreições
operadas por Cristo…

41
KARDEC, ALLAN. A Gênese, p. 1037. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985.

93
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

Há, pois, toda a probabilidade de que, nos dois exemplos acima, só se dera
uma síncope ou uma letargia. O próprio Jesus o diz positivamente sobre a
filha de Jairo: Esta menina, diz ele, não está morta, apenas dorme 42.

Refutação Bíblica:

Kardec prefere admitir probabilidade de que só se dera uma síncope ou


uma letargia do que crer nos milagres de Jesus, embora a descrição bíblica
deva merecer crédito. Por que a tristeza tão grande manifestada pelos pais
dos filhos mortos, tanto no caso da filha de Jairo como no caso do filho da
viúva de Naim, se eles estivessem simplesmente acometidos de uma síncope
ou letargia? O fato é que o filho morto da viúva de Naim estava sendo con-
duzido ao cemitério para sepultamento. Sepultar um vivo acometido de sín-
cope? Que descuido fatal cometido por uma mãe chorosa! Para Kardec, isso
é mais fácil de explicar do que crer no milagre operado por Jesus. E no caso
da filha de Jairo, a expressão dormir é uma expressão irônica que Jesus usa
naquele momento referindo-se a Sua onipotência, ou seja Ele iria cura-la,
porém ele precisaria de uma palavra de conforto e segurança para a família,
e ele então diz que ela dorme com o propósito de tranquiliza-los e assegura-
los de que nenhuma morte é irresolvível para aquele que é a fonte da vida.

42
KARDEC, ALLAN. A Gênese”, p. 1045. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985.

94
Capítulo – 2
AS PRINCIPAIS CRENÇAS DOUTRINÁRIAS DO ESPIRITISMO

A RESSURREIÇÃO DE LÁZARO – JOÃO 11.1

A ressurreição de Lázaro, digam o que quiserem, não invalida de forma


alguma, esse princípio. Ele estava, diziam, havia quatro dias no sepulcro;
mas sabe-se que há letargias que duram oito dias ou mais 43.

Refutação Bíblica:

Quando Allan Kardec explica que Lázaro não estava morto, mas apenas
desacordado, negando francamente o texto bíblico que registra as palavras
de Jesus, Lázaro está morto (Jo 11.14), já se nota sua pretensão de invalidar
o texto bíblico. Prefere explicar o milagre como se fora Lázaro acometido de
uma doença conhecida como letargia ou síncope e que tal doença podia durar
até oito dias. Se a própria irmã de Lázaro declarou que o corpo do seu irmão
estava morto e já cheirava mal: Senhor, já cheira mal, porque é já de quatro
dias (Jo 11.39) como ousa Kardec invalidar o texto e lançar uma hipótese
contra a explicação dada por alguém presente da própria família do morto?
Já se vê que sua intenção é negar a qualquer custo a deidade de Jesus. Jul-
gando absurdo seu argumento, se antecipa e declara: digam o que quise-
rem… Essa sua explicação é aceita pelos seus adeptos.

O MILAGRE DA TRANSFORMAÇÃO DA ÁGUA EM VINHO – JOÃO

2.1-11

43
KARDEC, ALLAN. A Gênese, p. 1045. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985.

95
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

Ele deveria ter feito durante o jantar uma alusão ao vinho e à água,
para tirar daí alguma instrução 44.

Refutação Bíblica:

Ressalta a incoerência de Kardec em admitir apenas uma alusão ao vi-


nho e à água para daí tirar alguma instrução. Como explicar a admiração do
mestre-sala diante do milagre operado por Jesus ao dizer: Todo o homem
põe primeiro o vinho bom e, quando já tem bebido bem, então o inferior;
mas tu guardaste até agora o bom vinho (Jo 2.10). É certo que bebera literal-
mente do vinho transformado da água. Até a ciência entende que isso foi um
milagre e que só um Deus poderia fazer tal ato veja o porquê:

Sabemos através da Bíblia que Jesus transformou a água em vinho,


conforme o relato no evangelho de João 2:1-11. Mas esse milagre geral-
mente passa despercebido e visto como uma coisa muito simples que Jesus
fizera, mas será que foi realmente simples assim?

Como explicaríamos esse milagre cientificamente?

A composição do vinho e da água são diferentes, embora no vinho tam-


bém exista água. Mas aí existe um “pequeno problema”. A água é uma mo-
lécula que contém apenas 02 átomos de hidrogênio e 01 de oxigênio, mas o
vinho contém vários átomos de carbono, de nitrogênio e outras coisas no
seu meio. Cientificamente, para transformar água em vinho, Jesus necessi-
taria de:

44
KARDEC, ALLAN. A Gênese, p. 1047, Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985.

96
Capítulo – 2
AS PRINCIPAIS CRENÇAS DOUTRINÁRIAS DO ESPIRITISMO

1º Um reator atômico com aceleração termo-nuclear;

2º Desestruturar os átomos, ou seja, separar prótons, elétrons e nêu-


trons;

3º Restruturar tudo novamente para criar carbono e nitrogênio que não


existe na água.

Observação: Esse processo é chamado de Fissão Nuclear.

A Bíblia relata no versículo 6 do mesmo capítulo que haviam 06 talhas


com água, o que é aproximadamente 480 litros no total, pois naquele tempo
as talhas cabiam em média de 80 a 120 litros cada, mas usaremos a menor
medida.

Quanta energia seria necessária para transformar 480 litros de água


em vinho?

– Lembremos que esse milagre foi considerado um dos mais fáceis que
Jesus realizou, mas não o menos importante.

Essa restruturação nuclear para transformar água em vinho necessita-


ria da energia de cerca de 200.000.000 (duzentos bilhões) de estrelas iguais
ao nosso Sol, e isso em apenas 01 dia, para realizar tal transformação. Mas
para Jesus isso foi uma coisa básica, fácil e rápida de se fazer, a Bíblia não
relata que ele se cansou ou que perdeu sua energia ao fazer isso. Tal ato ou
milagre é no mínimo inimaginável ao nosso raciocínio, somente um Deus
teria poder para fazer isso não é?

A ciência compreende que o ato é real e que de fato aconteceu, só não


compreendemos como isso aconteceu; só um Deus poderia fazer tal coisa.
(Dr. Adalto Lourenço)

97
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

A MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES E PEIXES – MATEUS 14.13-21

A multiplicação dos pães tem intrigado os comentadores e alimentado,


ao mesmo tempo, a exaltação dos incrédulos. Estes últimos, sem se darem
ao trabalho de sondar o sentimento alegórico, consideram-no um conto pu-
eril; mas a maior parte das pessoas sérias o considera, embora sob forma
diferente da vulgar, uma parábola comparando a nutrição espiritual da
alma com a nutrição do corpo 45.

Refutação Bíblica:

Kardec nada disse dos 12 cestos de pedaços de pão que sobraram depois
de todos comerem sobejamente. Eram cinco pães e dois peixes. E comeram
todos, e saciaram-se; e levantaram, doze cestos cheios. E os que comeram
foram quase cinco mil homens, além das mulheres e crianças (Mt 14.20-21).
Não tem muito o que dizer, visto que ele não enfatiza a parte do texto que da
o sentido lógico da veracidade do milagre.

O JESUS ESPÍRITA É UM MÉDIUM

Allan Kardec declara que: Segundo definição dada por um Espírito, ele
era o médium de Deus 46.

Refutação Bíblica:
A propósito, João admoesta a que não creiamos a todo o espírito, porque
existem espíritos que não são de Deus:

45
KARDEC, ALLAN. A Gênese, p. 1047. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985.

46
KARDEC, ALLAN. A Gênese, p. 1034. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985.

98
Capítulo – 2
AS PRINCIPAIS CRENÇAS DOUTRINÁRIAS DO ESPIRITISMO

Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de


Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo (1 Jo 4.1).

Ora, a interpretação dos textos apontados parece ser muito simples, e o


próprio Allan Kardec é um deles. Não seria ele por isso incluído entre os
possíveis falsos profetas? Sim, ele poderia ser incluído, pois nega a veraci-
dade de (João 1.1)
No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era
Deus. Diz Allan Kardec que essas palavras eram apenas a opinião do escritor
e não podem ser tidas como prova da deidade de Jesus. Com isso, está ne-
gando a inspiração da Bíblia. Portanto, João está apontando em 1 João 4.1
que o espírito que não confessa Jesus como Deus, que veio em carne (Jo
1.14) é um falso mestre religioso. Kardec, para reforçar sua posição contra a
deidade de Jesus, vai ao extremo de negar os próprios milagres de Jesus.
Aproveita-se da Bíblia para dar consistência à sua doutrina espírita, mas
quando a Bíblia enfatiza a deidade de Jesus, ele não só nega a declaração de
João 1.1, como também nega os milagres de Jesus, como descritos na Bíblia,
para provar sua condição de Deus conosco, (Mt 1.21-23; Jo 10.30, 37-38).
Jesus sempre fazia duas coisas comuns:

• Apontava para seus milagres como prova da veracidade de suas palavras


e doutrinas (Mt 11.2-6; Lc 5.24; Jo 5.36; 15.22; 20.30-31);

• Aceitava adoração como Deus, (Jo 20.28) sem corrigir quem chamava de
Deus propriamente dito no texto apresentado “Tomé” que lhe chamou de
Deus e não foi corrigido, pelo contrário ele respondeu Tomé dizendo: Por
que me viste, Tomé, creste, bem-aventurado os que não viram e creram,
(Jo 20.29). Jesus deixa claro que Ele é mesmo O Deus Todo-Poderoso.

99
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

100
101
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

Capítulo 3

102
Capítulo – 3
AS RAMIFICAÇÕES DO ESPIRITISMO

O Espiritismo, tanto o de origem europeia, codificado por Allan Kar-


dec, como o de origem africana ou indígena, ou seja, candomblé, umbanda,
xangô, pajelança e outros, são conjuntos de ensinamentos totalmente contrá-
rios à Bíblia. Os que se entregam a essas práticas, procuram, por diversos
meios, entrar em contato com os espíritos de pessoas falecidas, movidas pela
curiosidade e pelo desejo de "conversar" com elas e obter informações sobre
acontecimentos "futuros". No seio do cristianismo, os cristãos, segundo suas
convicções e expressão de fé estão distribuídos por várias denominações, ou
seja, católica romana, episcopal, pentecostal, luterana, batista, etc. No seio
do Espiritismo isso também é válido. Os espíritas também se distribuem, não
por denominações, mas por correntes ou doutrinas. O Espiritismo é dividido
nos seguintes grupos principais:

UMBANDISTA

Umbanda

A Umbanda é uma religião brasileira que sintetiza vários elementos


das religiões africanas e cristãs, porém sem ser definida por eles. Formada
no início do século XX no sudeste do Brasil a partir da síntese com movi-
mentos religiosos como o Candomblé, o Catolicismo e o Espiritismo. É con-
siderada uma pelos seus adeptos "religião brasileira por excelência" com
um sincretismo que combina o Catolicismo, a tradição dos orixás africanos
e os espíritos de origem indígena.

No Brasil, o Rio Grande do Sul tem a maior proporção nacional de


adeptos da Umbanda e do Candomblé: 1,47%, quase cinco vezes o percen-
tual do estado da Bahia.

103
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

O dia 15 de novembro, já considerado pelos adeptos como a data do


surgimento da Umbanda, foi oficializado no Brasil em 18 de maio de 2012
pela Lei 12.644.

Em 8 de novembro de 2016, após estudos do Instituto Rio Patrimônio


da Humanidade (IRPH), a Umbanda foi incluída na lista de patrimônios ima-
teriais, por meio de decreto.

Etimologia

"Umbanda" conhecido também por "embanda" são oriundos da lín-


gua quimbunda de Angola, significando "magia", "arte de curar". Há tam-
bém a suposição de uma origem em um mantra na língua adâmica cujo sig-
nificado seria "conjunto das leis divinas" ou "deus ao nosso lado".

Também era conhecida a palavra "mbanda" significando “a arte de cu-


rar” ou “o culto pelo qual o sacerdote curava”, sendo que "mbanda" quer
dizer “o Além, onde moram os espíritos”.

Após o Congresso de 1941, declarou-se que "umbanda" vinha das pa-


lavras do sânscrito aum e bhanda, termos que foram traduzidos como "o li-
mite no ilimitado", "Princípio divino, luz radiante, a fonte da vida eterna,
evolução constante".

História

Por volta de 1907 - 1908 (15 de novembro de 1908), (as fontes diver-
gem quanto à data precisa), um jovem chamado Zélio Fernandino de Morais,

104
Capítulo – 3
AS RAMIFICAÇÕES DO ESPIRITISMO

prestes a ingressar na Marinha, passou a apresentar comportamento estranho


que a família chamou de "ataques". O jovem tinha a postura de um velho
dizendo coisas incompreensíveis, em outros momentos se comportava como
um felino. Após ter sido examinado por um médico, este aconselhou a famí-
lia a levá-lo a um padre, mas Zélio foi levado a um centro espírita. Assim,
no dia 15 de novembro, Zélio foi convidado a se sentar à mesa da sessão na
Federação Espírita de Niterói, presidida na época por José de Souza.

Incorporou um espírito, se levantou durante a sessão e foi até o jardim


para buscar uma flor e colocá-la no centro da mesa, contrariando a regra de
não poder abandonar a mesa uma vez iniciada a sessão. Em seguida, Zélio
incorporou espíritos que se apresentavam como negros escravos e índios. O
diretor dos trabalhos alertou os espíritos sobre seu atraso espiritual, convi-
dando-os a sair da sessão quando uma força tomou conta de Zélio e disse:

“Por que repelem a presença desses espíritos, se nem sequer se digna-


ram a ouvir suas mensagens? Será por causa de suas origens sociais e da
cor?”

Ao ser indagado por um médium ele respondeu:

“Se querem um nome, que seja este: sou o Caboclo das Sete Encruzilhadas,
porque para mim não haverá caminhos fechados. O que você vê em mim são
restos de uma existência anterior. Fui padre e o meu nome era Gabriel Ma-
lagrida, Acusado de bruxaria, fui sacrificado na fogueira da Inquisi-
ção em Lisboa, no ano de 1761. Mas em minha última existência física, Deus
concedeu-me o privilégio de nascer como Caboclo brasileiro.”

A respeito de sua missão, assim anunciou:

105
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

“Se julgam atrasados esses espíritos dos negros e dos índios, devo dizer que
amanhã estarei na casa deste aparelho para dar início a um culto em que
esses negros e esses índios poderão dar a sua mensagem e assim, cumprir a
missão que o plano espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos
humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos,
encarnados e desencarnados. E se querem o meu nome, que seja este: Ca-
boclo das Sete Encruzilhadas, porque não haverá caminho fechado para
mim.”

No dia seguinte, na residência da família de Zélio, na Rua Floriano Pei-


xoto, nº. 30, em Neves (São Goncalo), reuniram-se os membros da Federa-
ção Espírita, visando comprovar a veracidade do que havia sido declarado
pelo jovem. Novamente incorporou o Caboclo das Sete Encruzilhadas, que
declarou que os velhos espíritos de negros escravos e índios de nossa terra
poderiam trabalhar em auxílio dos seus irmãos encarnados, não importando
a cor, raça ou posição social. Assim, neste dia fundou o primeiro terreiro de
umbanda chamado de Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade.

O espírito estabeleceu normas como a prática de caridade, cuja base se


fundamentaria no “supostamente” Evangelho de Cristo e seu nome "Alla-
banda", substituído por "Aumbanda", e posteriormente se popularizando
como "Umbanda".

No ano de 1918, fundaram-se sete tendas para a propagação da Um-


banda: Tenda Espírita Nossa Senhora da Guia, Tenda Espírita Nossa Senhora
da Conceição, Tenda Espírita Santa Bárbara, Tenda Espírita São Pedro,
Tenda Espírita Oxalá, Tenda Espírita São Jorge e Tenda Espírita São Gerô-
nimo. Até a morte de Zélio em 1975, mais de 10.000 templos foram fundados
além destes iniciais.

106
Capítulo – 3
AS RAMIFICAÇÕES DO ESPIRITISMO

Em 1939 com o objetivo de acabar com polêmicas e na tentativa de uma


unificação foi criada a União Espírita de Umbanda do Brasil A partir desse
momento, somente as práticas que seguiam os fundamentos propostos pelo
Caboclo Sete Encruzilhadas passaram a ser consideradas como umbandistas.

Em 1940, o escritor Woodrow Wilson da Matta e Silva apresentou a


Umbanda como ciência e filosofia, criando então a Escola Iniciática da Cor-
rente Astral do Aumbhandan, a "Umbanda Esotérica" na Tenda Umbandista
Oriental, em Itacuruçá, no Rio de Janeiro

Mesmo após as tentativas de unificação, nas décadas de 40, 50 e 60


ainda existiam inúmeros terreiros no Rio de Janeiro não vinculados à União
Espírita de Umbanda do Brasil principalmente por discordarem das norma-
tivas propostas pela federação e por serem consideradas "atividades isola-
das". Esses terreiros realizavam práticas ritualistas sob a denominação de
Umbanda, por exemplo a Tenda Espírita Fé, Esperança e Caridade e Pai Luiz
D'Ângelo, praticante do segmento Umbanda de Almas e Angola.

Em 1941 a UEUB organizou sua primeira conferência, o I Congresso


Brasileiro de Espiritismo de Umbanda como forma de tentar definir e codi-
ficar a Umbanda como uma religião por seu direito e como uma religião que
une todas as religiões, raças e nacionalidades. A conferência também pro-
moveu uma dissociação das tradições afro-brasileira. Os participantes con-
cordaram em fazer uso das obras de Allan Kardec como fundação doutriná-
ria da Umbanda, enquanto se dissociando das outras tradições religiosas
afro-brasileiras. Ainda assim, os espíritos fundadores da Umbanda, os Cabo-
clos e os Preto Velhos ainda foram mantidos como espíritos altamente evo-
luídos.

107
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

Em termos gerais, os participantes do Congresso se esforçaram em le-


gitimar a Umbanda como uma religião altamente evoluída, por exemplo,
afirmando que a Umbanda já existia como uma religião organizada há bi-
lhões de anos estando então a frente de todas as outras religiões. Como parte
desses esforços em definir a Umbanda como uma religião original e alta-
mente evoluída, os participantes procuraram remover suas raízes africanas e
afro-brasileiras, a origem da Umbanda foi rastreada até o Oriente, de onde
disse ter se espalhado para Lemúria e subsequentemente para a África. No
continente africano, a Umbanda teria se degenerado em fetichismo, e nessa
forma foi trazida ao Brasil pelos escravos. A influência africana na Umbanda
não foi de todo rejeitada mas causada por uma corrupção da tradição religi-
osa original, como uma fase de retrocesso em sua evolução; a Umbanda foi
exposta ao barbarismo na forma de costumes vulgares e praticada por pes-
soas com "costumes rudes e defeitos psicológicos e étnicos" Outra forma de
lidar com o caráter africano da Umbanda foi exposto na compreensão que se
originou na África, porém na África Oriental (Egito), sendo então da parte
mais "civilizada" do continente.

Um dos objetivos da conferência foi então rastrear as raízes "genuínas"


da Umbanda até o Oriente; a invenção das raízes orientais juntamente com a
rejeição das africanas,foi refletida na definição do termo "umbanda", que é
de outro modo geralmente acreditado ser derivada do idioma Banto. Decla-
rou-se que "umbanda" vinha das palavras do sânscrito aum e bhanda, termos
que foram traduzidos como "o limite no ilimitado", "Princípio divino, luz
radiante, a fonte da vida eterna, evolução constante".

A partir da década de 1950, os setores mais humildes da população um-


bandista composta por negros e mulatos começaram a contestar o distancia-
mento da Umbanda das práticas africanas. A "umbanda branca" se opunha à

108
Capítulo – 3
AS RAMIFICAÇÕES DO ESPIRITISMO

tendência de recuperar os valores africanos presentes na religiosidade popu-


lar.

O segundo congresso ocorreu em 1961 evidenciando o crescimento da


religião que teve sua imagem reconstruída pela imprensa, milhares de devo-
tos compareceram ao Maracanãzinho com representantes de vários estados e
a presença de políticos municipais e estaduais. O jornal (O Estado de S.
Paulo) noticiou a realização do congresso no Rio de Janeiro afirmando que
a "preocupação central do Congresso parece ser a elaboração de um código
que orientará a feitura de uma Carta Sinódica da Umbanda". No mesmo ano,
o jornal Diário de S. Paulo publicou uma grande reportagem com o título
"Saravá meu Pai Xangô, Saravá Mamãe Oxum", onde o jornalista descreve
uma "sessão assistida pelos repórteres a convite do deputado gaúcho Moab
Caldas".

No terceiro congresso realizado em 1973 a Umbanda afirmou-se em de-


finitivo como uma religião expressiva no campo das atividades assistenciais,
além dos centros onde ocorriam as atividades espirituais, a religião contava
com escolas, creches, ambulatórios etc articuladas em torno da missão de
promover a caridade e a ajuda.

Na década de 1980 a Umbanda teve seu auge, e começou a ser declarada


como religião de muitas personalidades como os cantores (Clara Nu-
nes), (Dorival Caymmi), (Vinícius de Moraes), (Baden Powell), (Bezerra da
Silva), (Raul Seixas), (Martinho da Vila) entre outros.

Na década de 1990 a Umbanda e outras religiões de matrizes africanas


foram alvo do crescente neopentecostalismo brasileiro. Nessa época também
foi fundada a Faculdade de Teologia Umbandista, mantida pela Ordem

109
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

Iniciática do Cruzeiro Divino fundada por Rigas Neto na Água Funda, São
Paulo.

Crenças e práticas

Pai Zezinho de Ogum, pai de santo do terreiro Tenda Espírita Vovó


Maria Conga de Aruanda, a primeira instituição cadastrada no mapa de
terreiros de Umbanda do Rio de Janeiro

Tenda Espírita Vovó Maria Conga de Aruanda, no Estácio, que foi a


primeira instituição cadastrada no mapa de terreiros de Umbanda da cidade
do Rio de Janeiro

A influência africana na Umbanda foi interpretada como um "mal ne-


cessário" que apenas serviu para explicar sua chegada e desenvolvimento no

110
Capítulo – 3
AS RAMIFICAÇÕES DO ESPIRITISMO

Brasil. O "branqueamento" das origens da Umbanda foi expresso em termos


como "umbanda pura", "umbanda limpa", "umbanda branca" e "umbanda de
linha branca" no sentido de "magia branca". Estes termos contrastavam com
"magia negra" e "linha negra" associados com o mal. Além disso, uma divi-
são de espíritos foi estabelecida entre os "da direita", o bem, e os "da es-
querda", o mal. A única instância de identificação positiva com a influência
africana na Umbanda relacionava-se com os Pretos Velhos e com o conti-
nente africano ser reconhecido como um continente heroico e sofredor.

A Umbanda pode ter várias vertentes com práticas diversas, nomeadas


de diferentes formas como Umbanda Tradicional, Primado de Umbanda,
Umbanda de Nação ou Umbanda Mista, Umbandomblé, Umbanda Esotérica,
Umbanda Astrológica, Umbanda Sagrada, Umbanda da Magia Divina, Um-
banda Omolocô, Umbanda Crística, etc. Essas diferentes vertentes partilham
o culto a entidades ancestrais e a espíritos associados a divindades diversas,
que podem pertencer ao Catolicismo, a cultos africanos, hindus, árabes entre
outros. Apesar de diferentes vertentes existem alguns conceitos encontrados
que são comuns a todas, sendo estes:

Um deus único e onipresente, chamado Olorum ou Zambi.

Crença nas Divindades ou orixás

Crença na existência de Guias ou entidades espirituais

A imortalidade da alma

Crença nos antepassados

A reencarnação

O carma

111
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

Lei de causa e efeito pela qual os umbandistas pagam o Bem recebido


com o bem e o Mal com a justiça divina

Também se fundamentam na obediência aos ensinamentos básicos dos


valores humanos, como a fraternidade, a caridade e o respeito ao próximo.
Além desses preceitos também estão a necessidade da prática mediúnica
como por exemplo servindo de "aparelho" (o medium) para viabilizar a co-
municação entre espíritos e orixás com os seres humanos.

Ritos

Os rituais da Umbanda visam evocar o orixá ancestral e toda sua hie-


rarquia composta por Orixás menores, Guias e Protetores. Os rituais não têm
forma ou modo definido de modo que variam de casa para casa e estão su-
bordinados às decisões de cada Pai-de-santo e cada entidade protetora do ter-
reiro.

O local onde se dá as celebrações e o atendimento do público é geral-


mente uma casa denominada por tenda que contém um terreiro e um salão
apropriado para sessões.

A seguir, alguns termos e rituais comumente mencionados:

Giras, é como são chamadas as sessões onde se reúnem os espíritos de


várias categorias, as giras podem ser festivas, de trabalho ou de treinamento.

Bater cabeça, é como é chamado o ato de prostração, a reverência dada


ao chefe do terreiro, por exemplo. O contexto desse gesto varia de terreiro
para terreiro, sendo unânime que seja feito antes da defumação.

112
Capítulo – 3
AS RAMIFICAÇÕES DO ESPIRITISMO

Defumação, é usada para purificar o ambiente, através do seu aroma, é


desfeito no ambiente todo o negativismo expulsando os espíritos trevosos.

Passe, é o gesto de imposição de mãos presente também no kardecismo

Pontos riscados são diagramas desenhados no chão como ângulos, re-


tas, símbolos representativos, desenhos geométricos, pontos cardeais, etc re-
presentando a assinatura do Guia.

Pontos cantados são as músicas e cantos entoados como forma de lou-


vor ou invocação.

Oferendas são a prática de dispor comida ritual e objetos específi-


cos nos templos ou locais ao ar livre, em dias e para fins especiais. As ofe-
rendas são agradecimentos aos Guias e Orixás. As vertentes com mais in-
fluência dos cultos africanos como a Umbanda de Nação se utiliza
de ebós que são para finalidades próprias como reequilibrar aspectos da vida
da pessoa, porém, diferente de alguns cultos africanos, a Umbanda não se
utiliza do sacrifício de animais.

Descarrego é o nome dado a rituais para limpeza espiritual ou livrar-se


de cargas negativas, podem ser banhos com ervas especiais como
a Guiné, Espada-de-ogun, mais conhecida como espada de São George, etc.,
ou rituais como a Roda de fogo" que usa pólvora.

Batismo como ocorre em muitas outras religiões só pode ser realizado


por líderes religiosos, no caso o Bablorixá ou a Yalorixá.

Entidades

Os espíritos (entidades) que trabalham na Umbanda são organizados


em linhas e falanges (legiões) de uma forma quase militar. Cada linha está

113
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

sob a direção de uma deidade africana ou Orixá ou Orisha, enquanto os no-


mes e configurações exatas variam dentro da Umbanda, eles são em sua mai-
oria compostos a partir de divisões étnicas, por exemplo, "Povo de Moçam-
bique", "Legião de Tupi-Guarani". Em geral, os espíritos nos rituais da Um-
banda se enquadram nas seguintes categorias:

Caboclos, espíritos indígenas, como o Sete Encruzilhadas

Pretos Velhos, os espíritos de velhos escravos brasileiros

Exus, mensageiros dos orixás; entidades mais próximas dos humanos,


protegendo as suas estradas, caminhos. Praticam unicamente o bem. Se vie-
rem para o mal, não são Exus, nem Umbanda.

Pomba Giras, o equivalente feminino dos Exus, tipicamente retratadas


como dançarinas, damas da noite etc.

Crianças, Crianças ou Ibejada são espíritos que incorporam em mé-


diuns da Umbanda e de outras religiões afro-brasileiras, trazendo nomes in-
fantis. Caracterizam uma criança na forma de falar, nos gestos, na inocência
das brincadeiras, transmitindo muita alegria na maioria das vezes. São repre-
sentados em imagem tripla (Cosme, Damião e Doum) ou sincretizados na
imagem dos santos gêmeos Cosme e Damião, e em algumas regiões chama-
dos também de Crispim e Crispiniano.

Todas os acima são chamados de "espíritos de luz" porque trabalham


para o bem, há também os espíritos banidos da Umbanda que são ditos tra-
balharem para o ladro negro, dentro da Quiumbanda, um tipo de oposto ne-
gativo da Umbanda.

114
Capítulo – 3
AS RAMIFICAÇÕES DO ESPIRITISMO

Hino

O Hino da Umbanda foi composto por José Manoel Alves (letra) e


Dalmo da Trindade Reis (música) em 1961. JM Alves era cego. Em busca
de sua cura foi à procura da ajuda do Caboclo das Sete Encruzilhadas. Em-
bora não tenha conseguido seu intento, ficou apaixonado pela religião e com-
pôs uma canção para homenageá-la. Apresentou a letra ao Caboclo das Sete
Encruzilhadas, o qual tanto a apreciou, que resolveu nomeá-la como Hino da
Umbanda. Em 1961, durante o Segundo Congresso Brasileiro de Umbanda,
presidido por Henrique Landi Júnior, foi finalmente oficializada em todo o
Brasil.

Refletiu a luz divina

Em todo seu esplendor

É do reino de Oxalá

Onde há paz e amor.

Luz que refletiu na Terra

Luz que refletiu no Mar

Luz que veio de Aruanda

Para tudo iluminar

Umbanda é paz e amor

Um Mundo cheio de luz

É a força que nos dá vida

115
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

E a grandeza nos conduz.

Avante filhos de fé

Como a nossa lei não há

Levando ao mundo inteiro

A bandeira de Oxalá.

Organização

Espaço físico
Vista de um Congá

A parte física de um terreiro de umbanda contém seis elementos funda-


mentais:

Assentamento, Pegi ou Peji, Congá, Porteira ou Tronqueira, Roncó,


fica fora do terreiro propriamente dito, mas anexo a ele. Cruzeiro das Al-
mas ou Casa das Almas

Hierarquia

116
Capítulo – 3
AS RAMIFICAÇÕES DO ESPIRITISMO

Maria da Guia, médium do terreiro Tenda Espírita Vovó Maria Conga de Aruanda

A hierarquia na Umbanda pode variar dependendo da quantidade de


membros de modo que pode se dividir em um grupo administrativo e grupo
espiritual além de variar de acordo com o tipo de Umbanda (de nação, eso-
térica etc).

Pai-de-santo e mãe-de-santo: responsáveis por toda a atividade espiri-


tual que ocorre no terreiro, como iniciar, conduzir e encerrar as giras e esta-
belecer as ordens e doutrinas passadas pelo astral.

Pai-menor e mãe-menor: responsáveis na ausência do pai ou mãe, têm


os mesmos ensinamentos e participam de todos os rituais.

Curimbeiro ou atabaqueiro: responsável por tocar e cantar os pontos


cantados nas giras além do ensino a novos ogãs.

Ogã calofé ou alabê: responsável pela curimba e instrutor dos toques


de atabaques.

Médiuns

Médium iniciante: médiums que ainda não incorporam, sendo às vezes


colocados como cambonos até adquirirem experiência.

117
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

Médium em desenvolvimento: médiuns em processo de desenvolvi-


mento.

Médium de trabalho, médium feito ou médium coroado: médiums que


prestam consultas nas giras de atendimento e já passaram por todos os pre-
ceitos e obrigações (batismo, amaci e coroação).

Cambono: médium designado a auxiliar a entidade trabalhando como


um intérprete entre a entidade e o consulente.

Samba: médium feminina em desenvolvimento.

Iaô: médium feminina com feitura de santo.

Transa ou porteira: responsável por orientar e distribuir fichas ou se-


nhas aos frequentadores.

Iabá: responsável pela cozinha existente em todos os terreiros, pela con-


fecção dos ageuns, amalas e comidas necessárias nos trabalhos.

Cota: subordinada ou substituta da Iabá (Umbanda de Nação).

Ramificações

A Umbanda possui algumas ramificações, caracterizadas por diferen-


ças em rituais, métodos, hierarquia, etc.

Entre as vertentes mais conhecidas estão:

Umbanda tradicional: criada por Zélio Fernandino de Morais, se ba-


seia nos princípios da caridade e da fraternidade. É fundamentada em três

118
Capítulo – 3
AS RAMIFICAÇÕES DO ESPIRITISMO

entidades iniciais que são os Caboclos, os Preto-Velhos e as Crianças. Esta


vertente originalmente não é adepta das práticas africanas.

Umbanda de almas e angola: além da Umbanda tradicional, se utiliza


de ritos africanos.

Umbanda branca ou Umbanda de mesa: voltada ao Espiritismo com


doutrinas baseadas na conduta kardecista. Não trabalha diretamente com
Exús, pomba-giras nem se utilizam de fumo, álcool, imagens e atabaques.

Umbanda de caboclo: tem influência da cultura indígena brasileira, tra-


balhando com Caboclos. Não trabalha com orixás.

Umbanda omolocô: do culto africanista aos orixás aos Guias e Linhas


da Umbanda.

Umbanda esotérica: seu maior difusor foi W.W. da Matta e Silva (Mes-
tre Yapacany), considerada como um conjunto de leis divinas.

Umbanda iniciática: derivada da Umbanda esotérica, foi fundada por


Pai Rivas (Mestre Umbanda Yamunisiddha Arhapiagha), com influência Ini-
ciática oriental, como uso de mantras indianos e do Sânscrito.

Umbanda popular

Umbanda de preto-velho

Umbanda traçada ou Umbandomblé

Críticas

Assim como outras religiões afro-brasileiras, a Umbanda sofreu repres-


são política durante a Vargas até o início de 1950. Uma lei de 1934 colocava

119
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

estas religiões sobre a jurisdição do Departamento de Tóxicos e Mistifica-


ções da polícia de modo que era preciso um registro especial para funciona-
rem. Durante esses anos vários grupos se mantinham na clandestinidade ou
quando se registravam, procuravam omitir suas ligações ou inspirações afri-
canas se registrando como sendo apenas "espiritistas". Essa omissão ou "de-
safricanaização" que rejeitava as influências das religiões africanas foi esta-
belecida mais claramente no I Congresso Brasileiro de Espiritismo de Um-
banda realizado em 1941, que definiu entre outros aspectos, que a raiz da
Umbanda provinha de antigas religiões e filosofias da Índia. Roger Bastide,
certa feita argumentou que o Espiritismo "branqueia" ou "europeniza" a Um-
banda, distorcendo suas raízes africanas.

No Brasil, a Umbanda e demais religiões de matrizes africanas sofrem


com a intolerância religiosa, sendo as religiões neopentecostais ditas Reno-
vadas de maior intolerância em relação à Umbanda, ao Candomblé e ao Kar-
decismo.

Os praticantes do Candomblé criticam a Umbanda por considerá-la su-


perficial e desconhecer os ritos mais profundos dos cultos aos Orixás, além
de criticarem a Umbanda por não separar o culto dos espíritos do culto às
entidades, já que o Candomblé considera os Orixás e deuses como sendo
mais puros e de energia mais primordial e que, desse modo, não podem ser
maculados pela energia dos espíritos que viveram na Terra.

Diante desta exposição das raízes Umbandistas, concluímos que tudo


isso não passa de uma organização enganosa, cheia de artimanhas, e que nada
tem a ver com o Cristianismo nem com o Evangelho de Cristo, e só parece
com o neopentecostalismo no aspecto místico e falacioso e não nos ritos e
entidades, visto que o neopentecostalismo, existe misticismos exagerado a

120
Capítulo – 3
AS RAMIFICAÇÕES DO ESPIRITISMO

ponto de distorcer o Evangelho Bíblico e um monte de outras coisas absur-


das, mas não necessariamente reencarnação e negação da suficiência da glo-
ria e poder de Deus. Porém vale ressaltar que o neopentecostalismo também
traz muitos danos a fé cristã, por isso eu aconselho que você caro leitor ja-
mais se envolva com esse seguimento.

O ESPIRITISMO KARDECISTA

Pode ser chamado de espiritismo ortodoxo. Aquele que está filiado à


Federação Espírita Brasileira e para quem Allan Kardec é considerado o
Mestre Divino. É o maior grupo.

Embora o termo Kardecismo tenha se popularizado, dando a falsa im-


pressão de que o Espiritismo é de autoria de Allan Kardec, é perfeitamente
claro que não existe a necessidade de se chamar Espiritismo Kardecista, pois
só existe um Espiritismo com base na Doutrina dos Espíritos. Allan Kardec
apenas observou os fatos e catalogou de forma didática as informações envi-
adas dos Espíritos. Ele mesmo afirma a necessidade de criar o termo Espiri-
tismo pela particularidade de seus fundamentos que inexistem em qualquer
outra doutrina, filosofia, seita ou religião, conforme podemos entender em O
Livro dos Espíritos, na Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita, diferen-
ciando assim o Espiritismo de tudo o que existe em termos de doutrina, filo-
sofia, seita ou religião. Portanto podemos dizer que o espiritismo kardecista
leva esse nome devido o trabalho codificado por Allan Kardec, pelo seu tra-
balho didático.

121
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

A LEGIÃO DA BOA VONTADE

A Legião da Boa Vontade (LBV), fundada por Alziro Zarur (1914-


1979) na década de 1950, é hoje governada pelo Sr. José de Paiva Netto,
também presidente da Religião de Deus. Pretende aproximar todos os ho-
mens entre si na base do amor fraterno, sem levar em conta as diferenças
religiosas. A Religião de Deus, professada pela LBV, não é uma religião que
abranja todas as crenças ou com a qual todas se possam identificar de algum
modo, pois é francamente espírita e reencarnacionista; quem não comparti-
lha a necromancia e o reencarnacionismo, há de se sentir constrangido e de-
sambientado nessa religião de Deus.

De resto, não é preciso pertencer à LBV para pregar a aproximação dos


homens entre si numa atitude fraterna; o Catolicismo apregoa a mesma coisa,
todavia respeitando a verdade religiosa por Deus. É Paulo quem diz: “Se-
guindo (fazendo) a verdade em amor, cresceremos sob todos os aspectos em
direção àquele que é a Cabeça, Cristo” (Ef 4,15). É o relativismo religioso
que deteriora ou mesmo anula o programa da LBV; o amor e a fraternidade
entre os homens hão de ser cultivados sem detrimento da VERDADE, que é
o primeiro de todos os valores ou a luz que ilumina todas as atividades hu-
manas.

A Legião da Boa Vontade (LBV) é mais uma das correntes religiosas


que solicitam o cidadão de nossos dias. Teve origem no Rio de Janeiro na
década de 1950; espalhou-se por todo o Brasil e tem ramificações no estran-
geiro, pois pretende dirigir-se a toda a humanidade. O seu fundador é Alziro
Zarur (1914-1979), que tem atualmente como sucessor o Sr. José de Paiva
Netto, outrora Secretário de Zarur, hoje presidente da LBV e da Religião de
Deus.

122
Capítulo – 3
AS RAMIFICAÇÕES DO ESPIRITISMO

Os avanços da LBV chamam a atenção do público, ao qual lançam in-


terrogações.

Mensagem

O nome de Legião da Boa Vontade é inspirado pelo texto de (Lc 2.14)


“Glória a Deus nas alturas e paz na terra, boa vontade para com os ho-
mens”, Alziro Zarur pretendia unir todos os homens num Grande Parlamento
Mundial da Fraternidade, passando por cima de todas as diferenças de reli-
gião, raça, cultura, etc.; para o conseguir, cada qual deveria ter boa vontade!

A mensagem de Zarur e de Paiva Netto é espírita. Paiva Netto fala de


duas humanidades: a visível, que habita sobre a Terra, e a invisível, que ha-
bita no céu da Terra; entre uma e outra há comunicações, ou seja, os “espíri-
tos desencarnados” são guias dos homens neste mundo. Eles informam que
estamos chegando na hora da Quarta Revelação; na primeira (Antigo Testa-
mento), Deus se manifestou na segunda em Jesus Cristo; na terceira, o Espí-
rito Santo; na quarta, começará a religião do amor universal, orientada por
espíritos superiores, que falam não somente através de médiuns, mas tam-
bém descendo sobre a Terra em discos voadores. Assim, instaura-se a reli-
gião de Deus, que congrega todas as crenças religiosas, conforme Paiva
Netto.

A LBV proclama o fim da era presente; Jesus estaria chegando para


inaugurar nova era; vivemos tempos apocalípticos; todavia, os pregadores da
LBV não anunciam desgraças, apenas falam de renovação da história. Para-
lelamente, professam a reencarnação, tida como necessária, para que as pes-
soas se purifiquem de seus pecados e atinjam a plena felicidade (que Paiva
Netto) não descreve. Julgam que a Bíblia admite a reencarnação no Antigo

123
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

e no Novo Testamento, mas não aprofundam sua afirmação (se o fizessem,


perceberiam que a ressurreição da carne e reencarnação não significam a
mesma coisa).

A LBV e a Religião de Deus se interessam muito pela cura das doenças


físicas e morais mediante a imposição das mãos:

“Quando a criatura desobedece a lei do Criador, começa a adoecer. Por


isto mesmo, para o homem… pode haver enfermidade incurável, mas não
para Deus. Para Deus todos esses males são perfeitamente sanáveis. Depende
da fé que cada um deposita no seu Criador, no Eterno Deus do Amor, Pai de
Nosso Senhor Jesus Cristo” (“Jesus está chegando” n.º 22, novembro/dezem-
bro 1992, p. 17).

Em Brasília, a LBV construiu o Templo da Boa Vontade, em forma de


pirâmide, cujo ápice traz um cristal. No pavimento do Templo há sete círcu-
los concêntricos pretos e sete brancos, que as pessoas percorrem para chegar
finalmente debaixo do cristal, tido como portador de boas energias!

O Sr Paiva Netto espera construir também um grande edifício, sede do


Parlamento da Fraternidade Universal, ao lado do Templo da Boa Vontade
em Brasília. Terá seu Conselho de Honra, que Paiva Netto espera constituir
com as mais diversas personalidades do Brasil.

Os pioneiros da Legião fazem questão de colher testemunhos de simpa-


tia das mais diferentes correntes de pensamento; procuram envolver também
os fiéis católicos num coro de louvores a Paiva Netto, tido como líder caris-
mático, iluminado por espíritos superiores.

124
Capítulo – 3
AS RAMIFICAÇÕES DO ESPIRITISMO

A linguagem utilizada pelos mensageiros da LBV é pomposa e alvissa-


reira; pode impressionar muitos ouvintes e leitores, pois parece ensinar o
amor universal por cima de todas as barreiras que separam os homens.

Duas observações vêm a propósito.

A Religião de Deus

Paiva Netto pretende criar uma nova religião: a Religião de Deus, na


qual se encontrariam todos os homens a partir de qualquer crença religiosa.

Esta proposta, porém, é inconsistente. Na verdade, a Religião de Deus


não é outra coisa senão uma forma requintada de espiritismo, que pretende
basear-se nas Escrituras Sagradas e em conceitos cristãos. Quem não aceita
a comunicação com os mortos e a reencarnação, há de se sentir constrangido
pela mensagem espírita da LBV; assim, um fiel católico há de julgar que a
LBV faz “um belo teatro religioso”. Ora, dizemos que a fé não é uma atitude
cega ou sentimental; é um ato da inteligência humana, que foi feita para a
verdade, e que sabe que existe a verdade não somente nas ciências exatas,
mas também na área religiosa. Deus é a Suma Verdade, e Ele se revela ao
homem por vias objetivas que interpelam a inteligência humana. Para que
alguém creia como ser inteligente, deve pôr sua inteligência a funcionar e
indagar: “Por que hei de crer…? Por que crer nisto ou naquilo e não naquilo
outro?”. É essa indagação da inteligência que prepara o ato de fé e faz que
seja algo à altura da dignidade humana.

Por isto, dizemos que existem a verdade (proposições verídicas) e o erro


(proposições errôneas) no setor religioso. Em consequências, uma pessoa
que tem suas convicções religiosas, não pode fingir que não as tem e que

125
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

abona crenças diversas das suas. Isto significa ofender a Verdade ou o pró-
prio Deus.

É claro, porém, que a distinção entre verdade e erro em religião não


implica em hostilidade entre as pessoas. Pode haver encontros entre elas em
âmbito de fraternidade e benevolência, contanto que não se relativize a ver-
dade religiosa.

A Igreja Católica apregoa a aproximação dos homens entre si, quaisquer


que sejam as suas crenças religiosas. Essa aproximação pode favorecer o di-
álogo, desfazer preconceitos e barreiras; nunca, porém, deverá redundar em
relativismo religioso.

Vejamos, por exemplo, o Decreto sobre o Ecumenismo do Concílio do


Vaticano II:

“No diálogo com os irmãos, é absolutamente necessário que a doutrina


inteira seja lucidamente exposta. Nada é tão alheio ao ecumenismo quanto
aquele grande irenismo, pelo qual a pureza da doutrina católica sofre detri-
mento e seu sentido genuíno e certo é obscurecido” (n.º 11).

O relativismo ou as concessões mútuas podem ter lugar entre partidos


políticos ou instituições meramente humanas, pois nenhuma delas tem a ga-
rantia da inerrância. Diferente, porém, é o caso da fé; esta resulta da adesão
à Palavra de Deus, que é intocável e escapa às conveniências humanas.

Não há dúvida, em todos os seres humanos existe o mesmo senso reli-


gioso inato, pois o homem é sapiens e religiosus. Isto explica a convergência
das diversas correntes religiosas em manifestações idênticas: a oração com
seus gestos, o recolhimento, o culto a Deus, a ascese, uma ética condigna…
Todavia, além da base comum, toda Religião tem seu Credo próprio: a

126
Capítulo – 3
AS RAMIFICAÇÕES DO ESPIRITISMO

respeito de Deus, há quem diga que é uma Força Neutra que move o uni-
verso… há quem diga que é o próprio mundo e o homem,… há quem diga
que é o Criador distinto do mundo e do homem… A respeito da salvação, há
quem julgue que o homem mesmo se salva por seus esforços em encarnações
sucessivas e nós cristãos ortodoxos sdizemos que a salvação é somente pela
graça conferida por Deus ao ser humano, por intermédio de Jesus Cristo
nosso Senhor. Por isto, cada religião é inconfundível; quem a professa, pro-
fessa-a porque a tem como verdadeira e certamente não quer que a verdade
e o erro sejam colocados no mesmo plano.

O S. Padre João Paulo II tem dado belo testemunho de aproximação dos


Credos entre si, sem confusão religiosa. Um dos mais significativos foi o
Encontro de Assis em 27/10/1986: 108 pessoas representantes das grandes
religiões da humanidade (cristãos, budistas, hinduístas, maometanos, judeus,
jainistas, chintoístas, sikitas, zoroastrianos, cultores das tradicionais crenças
da África e da América) passaram um dia em oração e jejum, na qualidade
de peregrinos, que pediam a Deus a paz para o mundo; cada grupo, porém,
rezou segundo o seu rito, num recinto ou uma capela própria.

Com outras palavras: a prática da caridade ou da fraternidade não pode


empalidecer um valor que lhe é anterior e que vem a ser luz para toda a ati-
vidade humana: na verdade, a caridade cega, não iluminada pela verdade,
não é autêntica. Seja sempre respeitada a diferença entre a verdade e o erro;
este respeito não impede a benevolência para com todos os homens; ao con-
trário, exige-a, todavia sem concessões ao relativismo religioso.

Vê-se assim que o amor a todos os homens e o desejo de os aproximar


entre si não são apanágio da LBV. São programa também do Catolicismo,
que, preservando a Verdade, alicerça mais solidamente o senso de

127
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

fraternidade universal. O que favorece a expansão da LBV é o seu relati-


vismo, que não chama a atenção de ninguém, visto que, em nossos dias, são
frequentes o subjetivismo, o sentimentalismo e o anti-intelectualismo em
matéria religiosa.

Fenômenos mediúnicos

A profissão de fé espírita da LBV seja avaliada à luz das recentes con-


clusões da psicologia e da parapsicologia. Estas verificam que o

ser humano tem um rico e poderoso inconsciente, suscetível de ser aci-


onado pela sugestão (explícita ou implícita, auto-sugestão ou hetero-suges-
tão). Por conseguinte, a pessoa sensitiva (em linguagem espírita, diria ser um
médium), quando condicionada, pode exercer a percepção extra-sensorial, a
telepatia, a telecinésia, a telergia, a pantomnésia…, como se fossem fenôme-
nos resultantes de intervenções do além; na verdade, tais fenômenos, apre-
sentados como manifestações de uma outra humanidade (invisível), não são
mais do que expressões do psiquismo do próprio médium. Isto hoje é claro a
quem se dedica ao estudo de tais realidades.

Quanto à reencarnação, já tem sido refutada algumas vezes em PR; cf.


256/1983, pp. 168ss; 220/1978, pp. 174ss; 230/1979, pp. 66ss. Não se baseia
em prova alguma; ninguém tem recordação do que foi em vida anterior; por
isto, também não sabe que culpas está expiando na vida presente. Além do
que, segundo a lei do karma, quem vive pobre e doente, é pecador que está
pagando por faltas graves cometidas em encarnação anterior, ao passo que
toda pessoa rica e sadia é pessoa virtuosa que está recebendo o prêmio de
suas virtudes…!

128
Capítulo – 3
AS RAMIFICAÇÕES DO ESPIRITISMO

Estas poucas considerações evidenciam o despropósito da Legião da


Boa Vontade, que não resiste ao crivo de raciocínio sereno e objetivo.

Resumimos, portanto, que, a LBV é uma organização que pretende re-


unir todas as religiões, amam exerce a qualquer custo a fraternidade, igual-
zinho a maçonaria, porém sem se mostrar na totalidade o real interesse que
é persuadir a humanidade a se enquadrar nos perfis espíritas de crenças e
prática.

RACIONALISMO CRISTÃO

Racionalismo Cristão é uma doutrina espiritualista surgida no Brasil,


em 1910. Nascido dentro do movimento espírita brasileiro, inicialmente de-
nominava-se Espiritismo Racional e Científico Cristão, para depois assumir
a atual denominação. Quem sistematizou a doutrina do Racionalismo Cristão
foi Luiz de Mattos, que, ao lado de Luiz Alves Thomaz, tornou-se o grande
responsável pelos passos iniciais da doutrina racionalista.

História

Luiz de Mattos começou a frequentar centros espíritas, na cidade de


Santos, em 1909, a convite de um amigo. Recuperava-se, à época, de um
problema cardíaco. Não demorou a manifestar discordância com as práticas
e ideias vigentes no movimento espírita. Julgava haver excesso de religiosi-
47
dade, de misticismo entre os adeptos do espiritismo .". Para Mattos, o

47
Luís de Matos, Espíritas verdadeiros e embusteiros, in Cartas oportunas sobre espiri-
tismo, 14ª edição, p.8

129
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

espiritismo deveria ser "a ciência das ciências, a filosofia das filosofias 48,
mas não deveria se vincular a qualquer dimensão religiosa. Foi com base
nessa premissa que ele fundou na cidade de Santos, em 26 de janeiro de 1910,
o Centro Espírita Amor e Caridade, primeira instituição oficialmente racio-
nalista cristã, e lançou, em 1914, Espiritismo racional e científico (cristão) a
obra fundamental da nova filosofia, que é editada hoje sob o título Raciona-
lismo Cristão.

Hoje, o Racionalismo Cristão possui em torno de 180 filiais espalhadas


por todo o mundo e tem sua Sede Mundial (Casa-Chefe) localizada no bairro
de Vila Isabel, no Rio de Janeiro, Brasil.

A doutrina também edita o jornal A Razão, além de manter no ar a Rá-


dio A Razão (24 horas) e a Web TV A Razão.

Diferenças Doutrinárias

O Racionalismo Cristão ensina que os que hoje são espíritos iniciaram


sua trajetória evolutiva como parcelas de força que animaram, primeira-
mente, átomos, ascendendo, pouco a pouco, até atingir o reino vegetal, ani-
mal e, posteriormente, adquirir condições de animar um corpo humano. Nas
Casas Racionalistas Cristãs todos são esclarecidos espiritualmente, sendo le-
vados a compreender que após a desencarnação devem ascender aos seus
mundos correspondentes de evolução. A fim de que se preparem para uma
nova encarnação, se necessária

48
Luís de Matos, O Racionalismo esclarece, in Cartas oportunas sobre espiritismo, 14ª
edição, p.11

130
Capítulo – 3
AS RAMIFICAÇÕES DO ESPIRITISMO

O Racionalismo Cristão ensina que não existem "espíritos protetores".


Por considerar que "espíritos protetores" são espíritos desencarnados presos
à atmosfera do planeta Terra (astral inferior), e se assim estão não podem
ajudar a quem quer que seja.

O Racionalismo Cristão explica que o ser humano possui três "dimen-


sões":

Dimensões do ser Humano

Corpo Físico

Feito da matéria do planeta Terra, que é apenas um dos "mundos-es-


cola", onde se misturam espíritos dos mundos de estágios densos, opacos e
intermédios, pois ao atingirem as dimensões espirituais diáfanas ou de luz
puríssima, os espíritos somente veem encarnar em missões especiais em prol
do desenvolvimento dos seus semelhantes

Corpo Astral

Também chamada "fluídico", feito também de matéria, mas uma maté-


ria mais diáfana, vinda do mundo próprio de cada mundo de estágio, onde se
não misturam espíritos de graus diferentes e onde não há, portanto, evolução.
Daí a necessidade de se encarnar;

Espírito

O espírito propriamente dito, é inteligência, é vida, é poder criador e


realizador. Nele não há matéria em nenhuma de suas fases de desenvolvi-
mento. Emanação individualizadas da Inteligência Universal, assim se con-
serva em toda a trajetória que faz no processo da evolução. Para o

131
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

Racionalismo Cristão, os espíritos, após a desencarnação só podem retornar


à Terra como "encarnados", depois de se prepararem em mundos que lhe são
próprios, ou mundos de estágios planeta.

Filosofia

Reencarnação

Ninguém reencarna a partir de outro lugar que não seja do seu próprio
mundo de estágio espiritual. Somente os espíritos desconhecedores da reali-
dade da vida espiritual, desgarrados, vaidosos, místicos, perturbados, rebel-
des ficam presos por afinidade à atmosfera do planeta Terra. E até por mais
inteligentes, bondosos e evoluídos que pareçam se não possuírem caráter
exemplar e desprendimento em relação a vida material podem, também, ficar
presos a este planeta. Por isso precisam retornar aos seus mundos, a fim de
se prepararem para a próxima encarnação.

Astral Inferior

Na atmosfera terrestre permanecem espíritos desencarnados que ficam


retidos pela lei de atração. A vibração de seus pensamentos não permite que
percebam seu estado espiritual.

Estão tão materializados que não conseguem voltar aos seus mundos de
estágio espiritual. Ficam retidos na atmosfera terrestre, sendo atraídos por
pensamentos semelhantes emitidos pelos espíritos dos encarnados. A grande
maioria dos fenômenos contidos no espiritismo são místicos e não passam
de manifestações destes espíritos. Sua presença na atmosfera é perniciosa

132
Capítulo – 3
AS RAMIFICAÇÕES DO ESPIRITISMO

para o espírito encarnado que permite a sua influência por alimentar pensa-
mentos semelhantes. É a lei de atração em ação. Grande parte dos problemas,
que a humanidade em geral e as pessoas em particular enfrentam, estão as-
sociados à influência perniciosa destes espíritos, quando não se trata de uma
falha que teve em seu livre-arbítrio durante esta ou outra encarnação.

Astral Superior

São espíritos que alcançaram maiores graus de evolução, isso é: já pro-


cessaram sua evolução no mundo “terra” e aqui não precisam mais tornar,
continuam, porem sua evolução trabalhando astralmente em prol da huma-
nidade, no sentido de garantir que os espíritos encarnados tenham as melho-
res condições para aproveitar ao máximo a sua presente encarnação. Neste
sentido, em conjunto com pensamentos disciplinados daqueles que realizam
a limpeza psíquica nas casas racionalistas cristãs ou no lar aproximam-se da
atmosfera terrestre (ambiente este, extremamente denso) arrebatando para
fora dela espíritos do astral inferior e os encaminhados aos seus respectivos
mundos de estágio espiritual.

"São espíritos que já detêm grau superior de evolução espiritual. Por


isso, não mais necessitam voltar a este planeta para continuar seu processo
evolutivo, que é eterno."

Espíritos Superiores

Os espíritos verdadeiramente evoluídos, denominados "Superiores" em


evolução, habitam dimensões espirituais mais diáfanas no Universo e só po-
dem ser atraídos à terra através de polos de atração muito fortes e com muita
dificuldade, devido à diferença vibratória (ou de sintonia).

133
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

Sem o estabelecimento de polos de atração suficientemente fortes seria


impossível aos espíritos do Astral Superior alcançarem a Terra. Para isso,
além dos seres esclarecidos (vivos, encarnados) que neste planeta lhe servem
de polo de atração l, contam com o concurso dos espíritos de mundos "opa-
cos". Os espíritos do Astral Superior, só encarnam na terra para missões es-
peciais. E ainda, como já foi dito, só retornam a este planeta, como desen-
carnados, para realizar atividades específicas.

Podemos perceber que os argumentos fundamentais do Racionalismo


Cristão não passam de uma vã filosofia, pois esses argumentos estão muito,
mais muito longe da realidade Bíblica e cientifica. Portanto definimos que
não existe nenhum ponto se quer que deva ser conceituado por nós cristãos
visto que não existe base Bíblica pra apontarmos para esses fatos constituído
de uma doutrina espírita e facciosa.

CULTURA RACIONAL

O Fundador

A Cultura Racional (CR) e seu fundador são identificados nas suas pu-
blicações como sendo um “uno indivisível”. O fundador da Cultura Racional
Manoel Jacintho Coelho, torna bem patente sua importância em todas as
doutrinas pregadas pela seita.

Nasceu no dia 30 de dezembro de 1903, e no dia do seu nascimento os


jornais noticiaram a queda de um meteoro no bairro da Tijuca, no Rio de
Janeiro, mas foi um erro da imprensa. Tratou-se, na verdade, de um corpo de
massa cósmica que ao longe parecia uma estrela, e que, depois de penetrar

134
Capítulo – 3
AS RAMIFICAÇÕES DO ESPIRITISMO

paredes, entrou no corpo de um bebê que nascia naquele instante (UD – Uni-
verso em Desencanto – 8/894.149; JR – 11/12/84).

Segundo a CR, essa criança cresceu e, 32 anos depois, confirmava seus


dotes cósmicos ao receber do mundo racional uma série de mensagens que
se caracterizaria numa coleção intitulada Universo em Desencanto. Surgi-
ram, assim, por meio de Manoel Jacintho Coelho (MJC), o mestre, os funda-
mentos da CR.

O Sr. Manoel é o único ser desta galáxia terrestre que nasceu com o
raciocínio plenamente desenvolvido e com a missão de trazer à humanidade
o conhecimento de si mesma, de todos e de tudo, através do desenvolvimento
do raciocínio (JR – 9/85, p. 3).

É um homem humilde dos mais humildes, simples dos mais simples e


tolerante dos mais tolerantes, sem vaidades e sem ambições, julga a matéria
como ela é… Somente pensa no bem de todos e somente trabalha noite e dia
para a salvação de todos (UD – 83.148).

Não parece ser tão humilde assim o Sr. MJC como as publicações acima
apontam, pois reclama para seu nome importância especial. Afirmam seus
seguidores que alguns arriscam dizer que MJC é um deus ou um todo-pode-
roso, alguns dizem ser ele um santo.

O que quer dizer Manoel? Manoel, em hebraico, quer dizer: ‘Deus está
na Terra’. E em outras línguas quer dizer: ‘O Salvador’ (UD – 55.98).

“Ele é muito mais que um pai.

O Pai eterno que está aqui para mostrar luz.”

Afirma a seita sobre o fundador

135
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

Em segundo lugar identifica-se como o que veio trazer paz à terra, as-
sumindo a posição de Jesus que é chamado o “Príncipe da Paz” em Is 9.6.
Dele se diz: Carioca, com a cor dos nativos, a cor de bronze, a cor da união
de todas as raças, que veio trazer paz, o amor, a fraternidade e a concórdia
entre todos universalmente (JR – 82, p. 2).

Depois dos exemplos expostos, não é de se estranhar que o Sr. MJC se


coloque na posição de Jesus Cristo, nosso Salvador pelas reivindicações que
faz de si mesmo. Alega que seu nome Manoel assemelha-se a Emanuel; Deus
está na Terra; Deus conosco. Como sabemos pela leitura da Bíblia, Emanuel
é um nome aplicado exclusivamente a nosso Senhor Jesus Cristo (Isaías 7.14;
cf. Mateus 1.21-23).

Da forma como a Bíblia descreve o surgimento da estrela anunciando o


nascimento de Jesus em Belém (Mt 2.1-11), o nascimento de Manoel Jacin-
tho Coelho foi sobrenatural, pois na ocasião se deu a queda de um meteoro
pousando sobre sua casa. Para um leitor atento da Bíblia a linguagem usada
pela CR com relação ao mestre MJC não é estranha. Jesus no sermão profé-
tico anunciou o surgimento de falsos cristos, porque muitos virão em meu
nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos (Mt 24.5).

Comparado a Deus

Não satisfeito em se identificar como sendo Jesus, ele vai mais além e
reivindica sua condição de Deus, Pai. As publicações dele afirmam:

(Ele é muito mais que um pai. O Pai eterno que está aqui para mostrar a luz.

• E ele, com extrema paciência de Deus que é…

136
Capítulo – 3
AS RAMIFICAÇÕES DO ESPIRITISMO

• Ele veio para ser pai! O Pai das gerações, por estarem ligadas a ele,
através do desenvolvimento do raciocínio.
• Dirigindo-se a um grupo de turistas que visitava o local de sua resi-
dência, no Rio de Janeiro, entregou-lhes uma mensagem para o ano
de 1984, nos seguintes termos: “Agora que vieram fazendo todo o sa-
crifício, enfrentando tudo, para homenagear o ‘Verdadeiro Deus’, to-
dos irão melhorar de situação e de saúde e terão sua recompensa pelo
esforço e sacrifício feitos durante essas longas viagens. Serão benefi-
ciados e protegidos pelo Verdadeiro Deus, que é o Racional Superior
que vos fala” (“Mensagens para o ano de 1984” – Zero Hora –
1/1/1984). (JR – 7,8/95)

Sem temor coloca-se na mesma posição do Pai Celestial, pois:

1. diz ser muito mais que um pai: o “Pai Eterno”;

2. alega que é o verdadeiro Deus.

Essas pretensões são condenadas pela Palavra de Deus (Nm 23.19; Os


13.4; Rm 4.22-23; 1 Jo 2.18). Dizendo-se Deus, não dispensa essa honra. De
si mesmo é dito: Por esta razão, algumas pessoas chegaram e chegam aos
seus pés, ajoelhando-se, beijando-lhe as mãos e os pés, sussurrando com lá-
grimas nos olhos: O Senhor é Deus (JR – 1/86, p. 5).

Como pode um homem de quem se diz ter o raciocínio plenamente de-


senvolvido não ter consciência de sua condição de homem, pecador (1 Jo
1.8, 10), e aceitar a adoração que só Deus merece? (2 Ts 2.4) Este foi o desejo
de Satanás: tornar-se Deus, e por isso foi lançado fora do céu (Is 14.12-14;
Ez 28.14-16).

137
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

Cultura Racional

Origem

A CR foi fundada no antigo Distrito Federal, em 1935, no Méier, na rua


Lopes da Cruz, 89, num centro espírita denominado Tenda Espírita Francisco
de Assis (UD – 8, 31.48). Embora fundada naquele ano, somente passou a
ser divulgada a partir de 1970. O fundador recebeu a ordem de fechar o cen-
tro espírita porque havia chegado ao mundo uma Nova Era: a era do racional
(UD – 8, 31-48).

Finalidade

A Cultura Racional é a cultura do desenvolvimento do raciocínio, do


mundo que deu origem a este em que habitamos, por isso não é religião, seita
ou doutrina, nem tampouco é ciência, filosofia nem espiritismo. E também
não precisa de igreja, sinagoga, mesquita ou casa de pregação. Esta cultura
não ataca, não defende, não humilha, é a favor de todos. Interessa a toda a
humanidade, pois é o conhecimento de onde viemos e para onde vamos,
como viemos e como vamos, por que viemos e por que vamos (JR – 11,
12/82, p. 18).

Essa seita adota a mesma estratégia do espiritismo, da maçonaria, da


Ordem Rosa-cruz e de outras tantas organizações em negar sua condição de
entidade religiosa. Sua finalidade afirma é apenas filosófica que procura res-
ponder às perguntas: de onde viemos e para onde vamos; como viemos e
como vamos; por que viemos e por que vamos. Para chegar a esse conheci-
mento, basta ler os livros intitulados Universo em Desencanto. Isso dá ori-
gem a um movimento de leitores em torno dos livros publicados por MJC.

138
Capítulo – 3
AS RAMIFICAÇÕES DO ESPIRITISMO

Embora pretenda ser ecumênica, a CR não se omite de citar frequente-


mente a frase: A CR é a verdade das verdades: Logo recebi a prova luminosa
de que a Cultura Racional é o caminho da verdade das verdades, o único
capaz de trazer libertação a todos os seres da terra e do espaço (JR – 10/78,
p. 7).

Em seguida, vai mais além ao afirmar: A Cultura Racional não é uma


religião, talvez seja a Religião no sentido alto do termo. Já disse uma vez: a
palavra religião vem de religar, reunir, repor, recolocar o homem à Força
Suprema. Nesse sentido, talvez se possa entender a Cultura Racional não
como uma religião particular (com clero particular, com uma liturgia); mas
não é. Pode ser A Religião, o Conhecimento que religa o homem à natureza;
reúne o homem à sua origem, tendo em vista o seu fim (JR – 4/86, p. 3). Diz
mais: Não existem duas verdades. A verdade é uma só: É Racional (JR –
11/75, p.10).

Ao declarar numa publicação que não é organização religiosa e noutra


alega ser “A Religião” faz-nos parecer lobo vestido de ovelha, como apontou
Jesus em Mt 7.15-16 – A CR se veste de ovelha, mas na verdade é lobo.
Usurpa assim a posição ímpar de Jesus “o único caminho, a verdade e a
vida.” (Jo 14.6). Propõe-se a religar o homem a Deus através da literatura da
coleção Universo em Desencanto, enquanto que o caminho correto, segundo
as Escrituras, é Jesus (1 Co 3.11;1 Tm 2.5; Hb 7.25).

Características

Os adeptos usam roupagem toda branca (calça e camiseta) com o sím-


bolo do grupo (um portal) e postam-se nas esquinas e praças com cavaletes,

139
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

onde expõem gravuras explicando a origem do mundo, conforme consta no


livro Universo em Desencanto.

Andam normalmente em grupos, com instrumentos musicais, denomi-


nando-se caravaneiros. Seu período de trabalho é quase sempre aos domin-
gos pela manhã.

Para justificar sua roupa branca e o livro que divulgam, fazem algo nada
comum à seita: citam a Bíblia, no livro de Apocalipse 22.14 (só que de modo
truncado), … felizes daqueles que estão lavando os seus mantos para vesti-
rem-se de branco e terem a felicidade de entrar pela porta da cidade… com
palmas nas mãos e um livro…

A transcrição correta do versículo diz: Bem-aventurados aqueles que


lavam suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que tenham direito à ár-
vore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas. O texto bíblico afirma
que a pureza dos vestidos é por terem sido lavados no sangue de Jesus e não
pela leitura dos livros UD, como também não consta a expressão um livro
(Ef 1.7; 1 Pe 1.18-19; 1 Jo 1.7; Ap 1.5).

UNIVERSO EM DESENCANTO Volume 1 da obra Universo em Desen-


canto, considerada o livro sagrado do grupo

Universo em Desencanto é uma coleção de livros lançada pela CR que


se apresenta como um “livro sagrado” para eles. Os adeptos explicam o sen-
tido do vocábulo desencanto, afirmando que significa cada um no seu canto,
cada um no seu lugar o Mundo Racional. Buscam com isso dar solução a
tudo e a todos os problemas cada ser no seu canto (UD – 871.133; 13.12;
13.13).

140
Capítulo – 3
AS RAMIFICAÇÕES DO ESPIRITISMO

Como resultado da pesquisa no livro Universo em Desencanto, afirma-


mos que se trata de obra de origem mediúnica (ou espírita), que pretende
narrar ao leitor a origem da Terra, as etapas de sua formação ou degeneres-
cência e propor remédio para os males presentes e futuros.

Justificamos nossa afirmação de que UD é uma obra de origem espírita


por ter seu fundamento em uma sede espírita. Veja algumas afirmações que
mostram a origem do UD: A Umbanda não parou, aqui está a continuação
da umbanda e de todo o mundo espiritual (quando fala aqui, ele se refere ao
livro UD).

Esse conhecimento de Cultura Racional nasceu da umbanda. É a conti-


nuação da umbanda e de todo o espiritismo filosófico e científico e de toda
a ciência filosófica e científica… Foi o primeiro passo para se encontrar a
meta final, que é o princípio e o fim de tudo e da vida humana e por isso o
espiritismo não parou (JR – 9/85). Mais uma declaração provando ser a CR
de origem mediúnica. No centro espírita Marinheiro, em São Paulo, foi no-
meado pelos Orixás o Sr. Diomar como presidente do centro e Guia Espiri-
tual de Umbanda… Então nomearam o Sr. Diomar como Guia Espiritual de
exu, porque é uma pessoa que está mais ou menos ligada à Energia Cósmica,
tendo em mãos o livro que faz a ligação com o Mundo Racional, para enca-
minhar a humanidade ao encontro de seus irmãos de origem, o Mundo Raci-
onal (JR – 5/78, p. 13)

Como se observa, a maior difusão do livro se dá em centros espíritas e


terreiros de Umbanda. Embora procurem disfarçar o título das entidades com
que se comunicam, na verdade, esses seres chamados do mundo racional não
são outros senão os mesmos a que os espíritas dão o nome de espíritos de
mortos, mas que, na verdade, são espíritos demoníacos. Em Apocalipse 12.9

141
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

se diz: E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o diabo


e Satanás, que engana todo o mundo. Essa fraude diabólica tanto mais notó-
ria se faz quando se pode discernir que a CR e os habitantes do mundo raci-
onal nada mais são que demônios que povoam os ares (Ef 2.2; 6.12; 2 Ts 2.9-
10). Sendo demoníaca sua origem, é condenada por Deus (Dt 18.9-12; Is
8.19-20).

As Origens do Planeta Terra

A coleção UD descreve a origem do planeta Terra ou da humanidade


de modo bastante irracional e infantil. Dizem: A verdadeira origem da hu-
manidade, este mundo em que habitamos surgiu do mundo racional, numa
deformação de sua origem. No mundo racional existia um pedaço de planície
que não estava pronto para entrar em progresso e uns tanto que, fazendo uso
da vontade, por conta própria, precipitaram o resultado: esse pedaço, por não
estar pronto, começou a descer e descendo sempre, até chegar e ficar o
mundo como está (Álbum, p. 1).

Quando tais declarações são confrontadas com a Bíblia, podemos des-


cobrir a infantilidade e a irracionalidade de tais ensinos. Deus é o Criador do
universo como apontam os textos de (Gn 1.1; Hb 11.3; Ap 4.10-11). Depois
de criado é dito que Deus viu que tudo quanto tinha feito era muito bom (Gn
1.31). Entretanto, o homem, usando de seu livre-arbítrio tomou do fruto da
árvore da qual Deus lhe dissera para não comer (Gn 2.16-17; 3.1-5) e assim
trouxe a maldição sobre a terra criada que se estendeu a toda a humanidade
(Gn 3.17; Rm 3.23; 5.12).

142
Capítulo – 3
AS RAMIFICAÇÕES DO ESPIRITISMO

A Preexistência Do Homem

A CR tem uma maneira singular de explicar a preexistência do homem


admitindo a evolução. Afirma que:

• O princípio foi de monstros.


• De monstros para selvagens.
• De selvagens para bicho racional.
• De bicho racional para ser humano (Álbum, p. 13).

Jesus Cristo é a “pedra angular” do cristianismo

As Escrituras dizem que a criação não passou por evolução. Os seres


inferiores foram criados cada qual dentro de sua espécie: “E fez Deus as bes-
tas-feras da terra conforme a sua espécie. E assim foi. E fez Deus as bestas-
feras da terra conforme a sua espécie, e o gado conforme a sua espécie, e
todo o réptil da terra conforme a sua espécie. E viu Deus que era bom.”(Gn
1.24-25). Da mesma forma o homem que foi criado perfeito por Deus (Ec
7.29).

As Etapas de Transformação do Homem.

Como se não bastasse a forma como explicam nossa evolução, a CR


tem uma explicação nada racional para a involução ou retrocesso da huma-
nidade. Dizem que, se não evoluirmos por meio da leitura dos livros UD,
desceremos ainda mais na escala da degradação, chegando à seguinte situa-
ção:

• Daqui (ser humano) se transforma para a classe inferior que é a do


irracional. Transmuta-se numa infinidade de classes de macaco;

143
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

• de macaco já se transforma em outra classe, um cachorro


• de cachorro já se transforma em outra classe, de cobras;
• de cobra já se transforma em jacaré;
• de jacaré já se transforma em porco;
• de porco já se transforma num sapo;
• de sapo já se transforma em burro;
• de burro já se transforma num boi;
• de um boi já se transforma em carrapato;
• de um carrapato já se transforma em barata;
• de barata se transforma num rato;
• de um rato se transforma numa mosca;
• de uma mosca se transforma em urubu;
• de urubu se transforma em lesma;
• de lesma se transforma em galinha;
• de galinha já se transforma em minhoca;
• de minhoca se transforma em borboleta;
• de borboleta se transforma em javali;
• de javali se transforma em gambá;
• de gambá se transforma em porco-espinho;
• porco-espinho se transforma numa onça.

Contrapondo tais conceitos absurdos com o título pomposo de raciona-


lidade, a Bíblia declara que o homem logo após a sua criação já era um ser
altamente desenvolvido podendo dar nome a cada um dos animais criados
“E Adão pôs os nomes a todo o gado, e às aves dos céus, e a todo animal do
campo…”( Gn 2-20) O ensino da CR é reencarnacionista hinduísta, que

144
Capítulo – 3
AS RAMIFICAÇÕES DO ESPIRITISMO

admite a metempsicose. A metempsicose admite a regressão à condição de


animal inferior caso o ser humano não evolua na encarnação anterior. Re-
torna como animal inferior. É por isso que na Índia não se admite a alimen-
tação de animais e se protegem insetos nocivos e animais como o rato como
se fosse um ser humano em fase de carma negativo.

Males Presentes e Futuros

Enquanto falamos em salvação os adeptos da CR falam em imunização


racional. Para não chegar à situação final da onça, na escala descendente ex-
posta na obra Universo em Desencanto, a solução é encontrar a imunização
racional. E, para chegar à imunização, só há uma solução: a leitura frequente
dos respectivos livros UD. Daí o homem pode evoluir:

• de ser humano para Aparelho Racional;


• de Aparelho Racional para Racional;
• de Racional, passam para o grau de Supremacia Racional;
• e do grau de Supremacia Racional, passam para o Racional Puro,
limpo e perfeito, no seu verdadeiro mundo de origem (Álbum, p. 1).

A Máquina do Raciocínio

Dizem eles que a humanidade tem três máquinas dentro da cabeça. A


primeira máquina, a máquina da imaginação; a segunda máquina, a do pen-
samento; e a terceira, a do raciocínio (JR – 10, 12/84).

É assim que a CR define o raciocínio. A partir de 1935, o mundo entrou


no terceiro milênio, no ano em que surgiu a CR. Assim, no primeiro milênio
a natureza sintonizava com a energia magnética desenvolvendo a

145
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

imaginação; no segundo milênio com a energia elétrica desenvolvendo o


pensamento e agora entramos no terceiro milênio, onde a sintonização é feita
por meio de Energia Racional desenvolvendo o raciocínio… As energias elé-
trica e magnética funcionaram em conjunto durante dois milênios (JR – 7,
8/85, p. 3).

O raciocínio é o ponto vital da vida eterna. Nele estão todos os recursos


para a solução das causas do sofrimento da humanidade (JR – 11, 12/82, p.
26). Você leitor entendeu a linguagem “racional” da entidade? É próprio
citar Romanos 1.22: Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos (Romanos 1.22).

A Ligação Com O Mundo Racional

Segundo a CR, a ligação com o mundo racional é feita através de uma


parte do cérebro humano, que estava paralisada por estarmos ligados à ener-
gia deformada (elétrica e magnética). Essa parte do cérebro humano chama-
se glândula pineal ou hipófise, conhecida como a glândula do raciocínio.

Para abreviar a ligação de todos ao seu verdadeiro mundo de origem “O


Mundo Racional” é preciso soltar o embrião magnético a que estava preso o
raciocínio, tolhido de funcionar por não ter chegado ainda a sua época, o seu
tempo, a sua fase.

Dizem eles: A glândula pineal, quando desenvolvida pela energia pró-


pria do desenvolvimento que é a energia racional, defende a criatura de qual-
quer categoria de enfermidade, pois gera no sangue uma espécie definida de
leucócitos ou anticorpos que torna impossível a vida dos agentes patogêni-
cos. A energia racional elimina a causa dos males, imunizando a pessoa dos
efeitos negativos das energias elétrica e magnética, tornando a criatura que a

146
Capítulo – 3
AS RAMIFICAÇÕES DO ESPIRITISMO

desenvolveu apta a se comunicar com qualquer pessoa em qualquer lugar ou


distância sem uso de palavras (JR – jul./ago./1985; 5/1986; 9/1983). O centro
divino, oculto dentro da cabeça de cada indivíduo em contato com o mundo
de onde ele veio, o mundo racional, esclarece o problema mundial, que sem-
pre afligiu a humanidade: a sua origem, de onde viemos e como voltar para
lá (JR – 1/86; P. 4).

Errando na identidade de Jesus… perde-se a vida eterna.

Recomendam a leitura do livro UD para atingir a imunização racional:

Como fazer para atingir o estado de imunização racional? Vivem no


mundo com as entranhas fracas de tanto pensar e no momento que leem, o
pensamento encontra-se tão abatido, que acabam de ler e nada sabem expli-
car a contento, precisando ler constantemente para ir refazendo a saúde, for-
talecendo a mente e guardando o que leem para terem em si o saber e sabe-
rem esclarecer os demais assuntos (UD volume 8, p. 67, pergunta 127; JR –
6/78, p. 4).

Ligação ou ilusão?

Essa salvação ou imunização pelo desenvolvimento do cérebro através


da leitura dos livros Universo em Desencanto é, fora de dúvida, outro evan-
gelho (Gl 1.8-9; 2 Co 11.4). Lemos ainda em 1 Coríntios 2.14: O homem
natural não compreende as coisas do Espírito de Deus porque lhe parecem
loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.

147
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

A Cultura Racional trocou o plano de salvação apontado na Bíblia pelo


desenvolvimento do cérebro ou do raciocínio, quando a salvação está so-
mente na pessoa de Jesus Cristo (Jo 3.16; 5.24; 5.8; 1 Co 15.3-6).

A propósito, diz ainda Paulo: Porque a loucura de Deus é mais sábia do


que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens. Porque,
vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios. Mas Deus es-
colheu as coisas fracas deste mundo para confundir as sábias; e Deus esco-
lheu as fracas deste mundo para confundir os fortes. E Deus escolheu as coi-
sas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as
que são. Para que nenhuma carne se glorie perante Ele (1 Co 1.25-29).

Discos Voadores

A CR tem profunda intimidade com discos voadores e seres extrater-


restres. Em seus folhetos, programas de rádio e no Jornal Racional, são co-
muns as citações a espaçonaves e seres intergalácticos.

Bem-aventurados estes OVNIs, Perfeitas Energias do Consciente Su-


premo, cuja pureza não fará pairar nenhuma dúvida sobre o resgate das se-
mentes deformadas, pois é chegado o tempo de curar a lesão responsável
pela amnésia e a inconsciência dos entes para com sua base de origem (JR –
9/78, p. 11).

É só desenvolvendo o raciocínio que a humanidade pode entrar em con-


tato com esses habitantes do mundo racional, que muitos tratam de discos
voadores, porque a fase natural da natureza é a fase racional. E nesses livros,
que são deles, todos entrarão em contato com eles, pelo desenvolvimento do

148
Capítulo – 3
AS RAMIFICAÇÕES DO ESPIRITISMO

raciocínio. Lendo e relendo o raciocínio é o que basta para desenvolver o


raciocínio (JR – 11, 12/82).

Em primeiro lugar, a Bíblia não menciona coisa alguma sobre a exis-


tência de seres em outros planetas, denominados habitantes do mundo raci-
onal. Em Gênesis 1.14-18, lemos que as estrelas e céus foram criados para
sinais, estações, dias e noites, não como lugar de habitação de qualquer es-
pécie de seres. Deuteronômio 4.32 diz que Deus não tem aliança com outros
seres no Universo fora do homem, que Ele mesmo criou. O único planeta
habitado, mencionado na Bíblia, é o planeta Terra (Is 45.12).

Em segundo lugar, a Bíblia ensina que a vinda de Cristo foi planejada


e ordenada desde a fundação do mundo, a fim de que fosse efetivada no
tempo próprio (At 2.22-23; Gl 4.4-6). Tendo Jesus morrido pelos pecados da
humanidade, diz a Bíblia que ele não morre mais. Seu trabalho de salvação
está completo, terminado (Rm 6.9; Hb 9.22; 10.12). Entretanto, ao morrer
pelo pecado do homem foi absolutamente necessário que ele também se fi-
zesse homem, para que pudesse representar legitimamente a humanidade (Fp
2.5-8; Hb 2.17-18; 4.15). O problema dos seres racionais extraterrestres que
deram margem à degenerescência, se de fato existirem, exigiria que Jesus
nascesse no mundo racional, possuísse uma natureza idêntica à deles e por
fim morresse por eles, para redimi-los como fez com a raça humana. Tal não
aconteceu porque Jesus não morre mais, é imortal (Hb 2.17-18; Rm 6.9).

Jesus Cristo

Jesus Cristo é a pedra angular do Cristianismo (1 Co 3.11; Tt 4.11-12).


A fé, a esperança, o amor, enfim, a vida do verdadeiro cristão está firmada

149
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

em Cristo. Vemos em Cristo nosso Senhor, Salvador, o Amor. Não se fala


em Cristianismo sem considerar o soberano poder de Jesus Cristo.

A maneira como MJC vê Cristo é completamente diferente da nossa.


Qualquer cristão sincero repudiaria seu ponto de vista. Veja o que ele res-
ponde à pergunta:

Quem foi Cristo, o que é que o senhor me diz de Cristo?

Como a Cultura Racional vê Cristo? Resposta de MJC: Cristo foi um


filósofo do seu tempo, igual a uma infinidade de filósofos que existiram no
nosso mundo, como Buda, Alá, Maomé, como Jeová e outros tantos. Cada
um criou sua filosofia diferente uma da outra.

É impressionante o conceito herético que MJC tem de Cristo falando


dele como filósofo. Prova que o desconhece por inteiro. Ademais, Alá é o
nome do deus do islamismo que, mesmo na crença islâmica, nunca esteve na
Terra, só mesmo na cabeça “iluminada” de MJC. Quanto a Jeová, é um nome
que se aplica às três pessoas da Santíssima Trindade (Mt 28.19 comp. Sl
83.18; Jr 23.5-6; 2 Co 3.17-18). Pelo fato de ele citar Jeová e Cristo, suben-
tende-se que estava se referindo ao Pai, que nunca viveu neste mundo, hu-
manamente falando.

Comparar Jesus com filósofos, sejam eles quais forem, é outro grande
absurdo para quem crê nas Escrituras Sagradas. A Bíblia diz que as palavras
de Cristo jamais passarão (Mt 24.35), o que, seguramente, é demais para um
filósofo. Poderia um filósofo possuir títulos de Isaías 9.6? “Porque um me-
nino nos nasceu, um filho se nos deu; e o principado está sobre os seus om-
bros; e o seu nome será Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eter-
nidade, Príncipe da Paz *.

150
Capítulo – 3
AS RAMIFICAÇÕES DO ESPIRITISMO

*(fonte Revista Defesa da Fé, Editora ICP) extraído do site do


CACP – Centro Apologético Cristão de Pesquisas)

CÍRCULO ESOTÉRICO DA COMUNHÃO DO PENSAMENTO

O Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento é uma entidade eso-


térica que tem o intuito de estimular a espiritualidade na vida das pessoas.
Localizada no bairro da Liberdade, no Centro de São Paulo, a ordem não
segue nenhuma religião, apenas preza para que todas elas interajam em har-
monia. Os rituais proporcionados a filiados do Círculo estimulam o uso da
energia mística como principal forma de obter bem-estar físico e mental. Os
filiados passam por sessões semanais de meditação e participam de cursos,
cujos temas são definidos.

História

O Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento foi fundado em 1909


pelo português Antônio Olivio Rodrigues, que chegou ao Brasil em 1880.
Estudioso de teorias espirituais, Antônio Olivio passava 16 horas por dia es-
tudando cálculos astrológicos, revoluções e sinastrias, até que percebeu que
deveria dispor de um tempo para propagar a ideia de harmonia entre crenças
diferentes. Foi depois de pesquisar referências com uma corrente intelectual
americana contemporânea que o patrono do Círculo se juntou a um pequeno
grupo de estudiosos do assunto. Na época, falar de energias astrológicas não
era uma prática muito bem aceita no Brasil predominantemente católico. No
entanto, devido à fama de especialista em temas místicos, o português passou
a ser procurado pelos mais diversos tipos de pessoas: desde céticos até desi-
ludidos e curiosos passaram pelo escritório de Antônio Olivio, na busca por

151
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

previsões astrológicas sobre a vida. Foi a primeira vez que um consultório


do gênero entrou em funcionamento no Brasil, comercializando horóscopos
e mapas astrais. Os admiradores de Olivio o elevaram à categoria de astró-
logo e magnetizador, uma vez que seus serviços também oferecem cura mag-
nética à distância. Apesar do sucesso, o primeiro livro lançado por Antônio
Olivio não repercutiu como ele esperava: O Magnetismo Pessoal ou
Psychico foi escrito por Durville, mas não repercutiu. Antônio Olivio passou
dias e noites distribuindo panfletos de divulgação da obra por estabelecimen-
tos da cidade para tentar tornar a obra conhecida e atrair mais leitores. Mas
os resultados não foram positivos. Apesar da frustração, a pouca aceitação
da sociedade não aquietou os ânimos do astrólogo, que viu no desinteresse
das pessoas uma oportunidade de pioneirismo: foi quando Antônio Olivio e
outros intelectuais lançam a revista O Pensamento, em 1907, que se tornou
a única do gênero no País. O sucesso foi tanto que, já na segunda edição,
teve que ampliar a revista para abastecer a demanda. O primeiro prédio da
editora responsável pela publicação era localizado na Rua Senador Feijó, no
centro de São Paulo. A tiragem da revista O Pensamento começou a crescer,
e a circulação passou a ser feita não apenas em São Paulo. Devido a essa
grande adesão, em 27 de junho de 1909 Olivo fundou o Círculo Esotérico da
Comunhão do Pensamento, cuja proposta de trabalho foi exposta na revista
daquele mês:

a) Promover o estudo das forças ocultas da natureza e do homem;

b) Promover o despertar das energias criativas latentes no pensamento


de cada associado, de acordo com as leis das vibrações invisíveis;

152
Capítulo – 3
AS RAMIFICAÇÕES DO ESPIRITISMO

c) Fazer com que essas energias convirjam no sentido de assegurar o


bem estar physico, moral e social dos seus membros, mantendo-lhes a saúde
do corpo e do espírito;

d) Concorrer na medida de suas forças para que a harmonia, o amor, a


verdade e a justiça se efetivem cada vez mais entre os homens;

e) Promover uma divulgação ativa e eficiente através de publicações


sendo mediadas por empresas especializadas, tendo respeito com todas as
religiões e correntes políticas;

f) Empenhar-se no combate a qualquer tipo de vício;

g) Respeitar as leis e poderes do país;

h) Organizar um coral a fim de desenvolver a sensibilidade e gosto mu-


sical;

i) Organizar e manter a biblioteca que acolha os grandes mestres do


pensamento;

j) Manter uma sede destinada para que os diretores, associados e/ou


convidados pratiquem suas orações e exercícios esotéricos;

k) Difundir os ideais e iniciativas que embasam as atividades mencio-


nadas.

Dois anos depois da inauguração do Círculo Esotérico da Comunhão do


Pensamento, Antônio Olivio deu início a outro projeto: criou um curso de
ciências herméticas por correspondência. Em março de 1917, foi fundado o
Instituto de Ciências Herméticas, onde passou a lecionar um curso de

153
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

psicologia experimental. Em pouco tempo, um grande número de participan-


tes começou a frequentar o local, estimulando o crescimento da Editora "O
Pensamento" e do Círculo Esotérico. Dentre esses participantes, estavam fi-
guras de grande destaque nas letras, na arte e na política. Até mesmo médicos
participaram: as inscrições de doutores nesse curso superaram as de outros
profissionais. Isso ocorreu porque a maior parte dos cursos de psicologia ex-
perimental eram ministrados em países estrangeiros. Daí para a frente, a edi-
tora passou a contar com mais de 20 títulos: uma tipografia própria, um al-
manaque de astrologia, um curso de ciências herméticas por correspondên-
cia, uma revista e um consultório de astrologia e cura magnética.

Antônio Olivio continuou expandindo suas atividades como editor, as-


trólogo e delegado geral do Círculo. No ano de 1923, adquiriu dois terrenos
na altura do nº 167 da Rua Rodrigo Silva e iniciou as obras do prédio que
seria a nova sede da entidade. Depois de alguns meses da inauguração do
novo edifício, as reuniões no salão de conferências começaram a lotar cada
vez mais, e o número de filiados não parou de crescer, não apenas em São
Paulo mas em todo o Brasil. Então, Antonio Olivio percebeu a necessidade
de construir outro prédio com o intuito de abrigar, no mesmo local, o Círculo,
a gráfica e a editora, além da livraria que já contabilizava mais cem livros no
catálogo. Mas esse prédio abrigaria, ainda, um hospital próprio para os filia-
dos da Ordem a Policlínica O Pensamento.

O lançamento do novo prédio da torre, também localizado na Rua Ro-


drigo Silva, ocorreu no 17º aniversário da entidade, em 27 de junho de 1926.
A comemoração reuniu milhares de filiados. Desde então, o Círculo Esoté-
rico da Comunhão do Pensamento não faz distinção de religião entre seus
filiados. Além disso, também não são critérios de filiação raça, classe social,
posição política e filosófica, nacionalidade e sexo.

154
Capítulo – 3
AS RAMIFICAÇÕES DO ESPIRITISMO

Belle Époque em São Paulo

Antônio Olivio Rodrigues veio para o Brasil no começo do século XX,


quando o ar europeu era uma realidade paulistana. O clima de belle époque
que tomava conta dos países estrangeiros estimulava a sociedade paulista a
cumprimentar um ao outro com a frase "Vive la France!". Finas confeitarias
começaram a surgir na gestão do prefeito Antonio Prado, que, em quatro
mandatos, tentou gourmetizar a cidade. Entre 1900 e 1910, a paisagem ur-
bana de São Paulo foi transformada completamente: o Plano Bouvard tinha
o objetivo de reestruturar o centro, e permitiu que novas ruas e praças fossem
abertas. Foi nesse período, em 1905, que surgiu a Praça da República, o Par-
que do Anhangabaú e a Praça da Sé. Foi nesse período, ainda, que foi cons-
truída a primeira agência do Banco do Brasil em São Paulo, além da cons-
trução do Instituto Butantã. Em 1901, a Estação da Luz foi inaugurada, se-
guida pelo antigo Parque Antártica, construído em 1902. A Maternidade São
Paulo e a Pinacoteca do Estado passaram a compor a paisagem urbana da
cidade em 1904. E foi nessa primeira década de expansão que o Círculo Eso-
térico da Comunhão do Pensamento foi inaugurado.

Arquitetura

Foi em 1923 que Olivio conseguiu adquirir dois terrenos na Rua Ro-
drigo Silva, no bairro da Liberdade, onde é localizado o atual prédio do Cír-
culo Esotérico da Comunhão do Pensamento. O projeto foi criado pelo ar-
quiteto Gilberto Gullo em um estilo eclético indefinido que atende a uma
programação em que predomina a simbologia esotérica da Ordem. A arqui-
tetura foi criada com esculturas de Ruffo Fanucchi, decoração de Leôncio
Neri e talhas de Arthur Grandi. No primeiro e no segundo andar, estão loca-
lizados o Salão Nobre e a sala de meditação. A livraria O Pensamento fica

155
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

no piso térreo. O prédio, decorado com estátuas, altos-relevos, afrescos e


detalhes em outro, foi inaugurado em 27 de junho de 1925. Foi o primeiro
edifício não-maçônico do Brasil a conter, em sua própria estrutura, uma sim-
bologia oculta espiritualista. Todas as estruturas que decoram o interior do
prédio são feitas de mármore, ouro e bronze.

A riqueza de detalhes da arquitetura interna e externa do Círculo. A


ideia por trás disso era simbolizar a Riqueza Interna e o Espírito de Prospe-
ridade que segundo eles, há no local.

Significado Histórico Cultural

Em 21 de maio de 2010, foi publicado no Diário Oficial do Estado de


São Paulo o decreto de tombamento do Círculo Esotérico da Comunhão do
Pensamento. Foi considerado que o prédio representa a importância da ins-
tituição, fundada em 1909, com a finalidade de promover o exercício da es-
piritualidade. Segundo o decreto, o Círculo Esotérico da Comunhão do Pen-
samento distingue-se “pela singularidade, pela importância do esoterismo,
especialmente no alvorecer da era industrial no estado de São Paulo, quando
a expansão da espiritualidade refletia a diversidade cultural e a multiplici-
dade de sentidos, saberes e valores presentes na sociedade”. O prédio do Cír-
culo Esotérico da Comunhão do Pensamento foi considerado um exemplar
único, uma vez que suas formas arquitetônicas com elementos ornamentais
carregam forte carga simbólica. O decreto afirmou, ainda, que o edifício fica
tombado na categoria de bem de valor cultural. Desta forma, as feições ori-
ginais e a característica do prédio devem ser preservadas. Assim como os
vãos e envasaduras, os elementos que compõem as fachadas, os materiais de
vedação, ornamentação e acabamento. Como podemos perceber essa é mais
uma organização que tem por objetivo transformar a realidade Bíblica a

156
Capítulo – 3
AS RAMIFICAÇÕES DO ESPIRITISMO

respeito da comunhão, em um sentido amplo de um pensamento místico e


usurpador das verdades centrais do cristianismo, visto que na Bíblia Deus
proíbe qualquer tipo de centralidade espiritual que não seja Cristo. Pois só
Ele é o Verdadeiro Deus e centro de nossa vida, e a comunhão e bem-estar
das pessoas a nossa volta não é feita por sincretismo e sim por verdades que
por sinal são muito amigáveis, cuja qual também é exigido de todos o res-
peito ao companheiro.

ORDEM ROSACRUZ

Rosa-cruz é um movimento filosófico que se popularizou na Europa no


início do século XVII após a publicação de vários textos que pretendiam
anunciar a existência de uma ordem esotérica até então desconhecida para o
mundo. Rosacruz é um nome atribuído com base no lendário personagem
Christian Rosenkreutz, que é o ponto de partida para várias organizações ro-
sacruzes. A misteriosa doutrina da ordem é supostamente "construída sobre
verdades esotéricas do passado antigo", que "oculta ao homem comum, for-
nece uma visão da natureza, do universo físico e do domínio espiritual".
Seus manifestos não falavam extensivamente sobre o assunto, mas mencio-
navam a Kabbalah, o Hermetismo e o Cristianismo. O movimento era então
tido em conta como um "Colégio de Invisíveis" nos mundos internos, for-
mado por grandes adeptos, com o intuito de prestar auxílio à evolução espi-
ritual da humanidade. Alguns metafísicos consideram que o rosacrucianismo
pode ser compreendido, de um ponto de vista mais amplo, como parte, ou
mesmo como fonte, do hermetismo cristão, patente no período dos tratados
ocidentais de alquimia que se segue à publicação da Divina Comédia de
Dante. Alguns historiadores, no entanto, sugerem a sua origem num grupo
de protestantes alemães, entre os anos de 1607 e 1616, quando três

157
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

manifestos anônimos foram elaborados e lançados na Europa: Fama Frater-


nitatis R.C., Confessio Fraternitatis e Núpcias Alquímicas de Christian Ro-
zenkreuz. A influência desses textos foi tão grande que a historiadora Fran-
ces Yates denominou este período do século XVII de Iluminismo Rosacruz.
O Rosicrucianismo apareceu pela primeira vez no século XVII como um
movimento de reforma em Tubinga dentro do protestantismo alemão.

Os manifestos foram publicados num momento em que o domínio ci-


entífico e tecnológico da natureza levou a um distanciamento entre ciência e
a cultura cristã. O principal objetivo e meta dos três escritos era contrariar
esta tendência, por meio de uma contínua reforma da ciência, ética e religião.
Sua autoimagem é baseada em uma difusão livre de preconceito e uso do
conhecimento de outras culturas ainda não difundidas. Nesta época ainda não
havia grupos de rosacruzes organizados. Somente após 140 anos da publica-
ção dos manifestos, a primeira organização Rosacruz foi fundada como or-
dem paramaçônica, em 1760, a Ordem Dourada dos Rosacruzes, como um
pólo oposto às forças racionais e modernistas. Viriam mais tarde a ser perse-
guidos na Prússia sob os auspícios do reinado de Guilherme II. Após o fim
da Ordem Dourada, o rosacrucianismo manteve-se vivo graças à Societas
Rosicruciana in Anglia (S. R. i. A.), de 1865. Além disso, grupos teosóficos
e herméticos, formados no fim do século XIX, também referidos como "no-
vos rosacrucianistas", ajudaram na difusão do rosacrucianismo.

Os Manifestos Rosacruzes anunciaram uma "reforma universal da hu-


manidade", através de uma ciência supostamente mantida secreta por déca-
das até que o clima intelectual possa recebê-la. As controvérsias surgiram
sobre se eram um engano, se a "ordem da Rosacruz” existia como descrito
nos manifestos, ou se tudo era uma metáfora disfarçando um movimento que
realmente existia, mas de uma forma diferente. Em 1616, Johann Valentin

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Capítulo – 3
AS RAMIFICAÇÕES DO ESPIRITISMO

Andreae designou-o como um "ludibrium". Ao prometer uma transformação


espiritual num momento de grande turbulência, levaram muitas pessoas a
iniciar-se na busca do conhecimento esotérico e místico. Filósofos ocultistas
do século XVII, como Michael Maier, Robert Fludd, e Thomas Vaughan se
interessaram pela visão do rosacruz do mundo. De acordo com o historiador
David Stevenson, influenciou a Maçonaria quando emergia na Escócia. Em
séculos posteriores, muitas sociedades esotéricas alegaram derivar movi-
mento rosacruz primordial. O Rosicrucianismo é simbolizado pela chamada
Rosa-Cruz. Existem toda uma série de ordens que foram fundadas no século
XIX e XX, que procuravam restabelecer as bases do rosacrucianismo, como
é o caso da ordem hermética da aurora dourada, fundada por maçons mem-
bros da Sociedade Rosacruciania da Inglaterra, assim como o AMORC, a
Rosacruz Áurea e a Fraternidade Rosacruz. Contudo, estas ordens estão para
o rosacrucianismo, como o martinismo criado por Gerard Encausse, está
para Louis Claude de Saint-Martin, não no sentido em que não tinham exis-
tido ordens previamente, nesses mesmos preâmbulos, mas sim pelo fato de
que são reconstituições históricas de algo que tinha previamente existido, e
portanto, nunca 100% fiéis ao movimento original.

Lenda e História

Segundo a lenda constante nos referidos manifestos, a Ordem teria sido


fundada por Christian Rosenkreuz, peregrino do século XV. No entanto, essa
datação é discutível devido ao simbolismo e hermetismo do conteúdo dos
manifestos, principalmente nos aspectos numéricos e nas concepções geo-
métricas apresentadas.

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O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

De acordo com a narrativa exposta no documento "Fama Fraternitatis"


(1614), Christian Rosenkreuz (de início apenas designado por "Irmão
C.R.C."), nasceu em 1378 na Alemanha, junto ao rio Reno. Os seus pais te-
riam sido pessoas ilustres, mas sem grandes posses materiais. Sua educação
começou aos quatro anos numa abadia onde aprendeu grego, latim, hebraico
e magia. Em 1393, acompanhado de um monge, visitou Damasco, o Egito e
o Marrocos, onde estudou com mestres do ocultismo, depois do falecimento
de seu mestre, em Chipre. Após seu retorno à Alemanha, em 1407, teria fun-
dado a Ordem Rosa Cruz (constituída por um pequeno grupo de não mais
que oito pessoas), de acordo com os ensinamentos obtidos com os mestres
árabes, que o teriam curado de uma doença, iniciando-o também no conhe-
cimento das práticas do ocultismo. Teria passado, ainda, cinco anos na Es-
panha, onde três discípulos redigiram os textos iniciadores da sociedade. De-
pois, teriam formado a "Casa Sancti Spiritus" ("Casa do Espírito Santo"),
onde, através da cura de doenças e do amparo daqueles que necessitavam de
ajuda, foram desenvolvendo a confraria, que pretendia, no futuro, orientar os
monarcas na boa condução dos destinos da humanidade. Segundo o texto
"Fama Fraternitatis", C.R.C. morreu em 1484. Após sua morte, a ordem se
extinguiu. A localização da sua tumba permaneceu desconhecida durante
120 anos até 1604, quando foi redescoberta, e então a Ordem Renasceu. Ob-
serve-se que "Christian Rosenkreuz" seria apenas um nome simbólico:
Christian, de Cristo ou Christos ou Khrestos; Rosen ou Rosa, e Kreuz ou
Cruz.

Uma outra lenda menos conhecida, foi veiculada pelo historiador ma-
çónico E. J. Marconis (de Nègre), que, juntamente com seu pai, Gabriel M.
Marconis é considerado o fundador do Rito de Memphis-Misraim da maço-
naria. Com base em conjecturas anteriores (1784) de um estudioso rosa-cruz,

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Capítulo – 3
AS RAMIFICAÇÕES DO ESPIRITISMO

o Barão de Westerode, a Rosa-cruz teria como origem uma sociedade secreta


e altamente hierarquizada (ao contrário dos ideais da Fraternidade, expostos
nos manifestos) do século XVIII da Europa Central ou oriental, denominada
"Gold und Rosenkreuzer" (Rosa Cruz de Ouro), que teria tentado, sem su-
cesso, submeter a maçonaria ao seu poder. A Ordem Rosa-cruz teria sido
criada no ano 46, quando um sábio gnóstico de Alexandria, de nome Ormo,
e seis discípulos seus foram convertidos por Marcos, o evangelista. Seu sím-
bolo, dizia-se, era uma cruz vermelha encimada por uma rosa, daí a designa-
ção de Rosa Cruz. A Ordem teria nascido, portanto, da fusão do cristianismo
primitivo com a mitologia egípcia. Rosenkreuz teria sido, segundo essa ver-
são, apenas um iniciado e, depois, Grande Mestre e não o fundador.

De acordo com Maurice Magre (1877–1941), no seu livro Magicians,


Seers, and Mystics, Rosenkreutz teria sido o último descendente da família
Germelschausen, uma família alemã do século XIII. O seu castelo encon-
trava-se na Floresta da Turíngia, na fronteira de Hesse, e eles abraçavam as
doutrinas Albigenses. Toda a família teria sido condenada à morte pelo
Landgrave Conrad da Turíngia, exceto o filho mais novo, com cinco anos de
idade. Ele teria sido levado secretamente por um monge, um adepto albi-
gense do Languedoc, e colocado num mosteiro sob influência dos albigen-
ses. Lá teria sido educado e viria a conhecer os quatro irmãos que mais tarde
estariam a ele associados na fundação da Irmandade Rosacruz. A história de
Magre deriva supostamente da tradição oral local.

A existência real de Christian Rosenkreuz divide certos grupos de Ro-


sacrucianos. Alguns o aceitam, outros consideram Christian Rosenkreuz
como um pseudónimo usado por personagens realmente históricos (Francis
Bacon, por exemplo).

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O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

A primeira informação conhecida publicamente, acerca desta irman-


dade, encontra-se nos três documentos denominados "Manifestos Rosacruz",
o primeiro dos quais (Fama Fraternitatis R. C., ou "Chamado da Fraternidade
da Rosacruz") foi publicado em Kassel (Alemanha) em 1614 - ainda que
cópias manuscritas do mesmo já circulassem desde 1611. Os outros dois do-
cumentos foram: Confessio Fraternitatis ("Confissões da Fraternidade Rosa-
cruz") (1615), publicado também em Kassel, e Chymische Hockeit Christi-
ani Rosenkreuz ("Núpcias Alquímicas de Christian Rozenkreuz") (1616),
publicado na então cidade independente de Estrasburgo (anexada à França,
em 1681).

O Sermão da Montanha que contém os fundamentos do discipulado


Cristão, também realçados no manifesto Rosacruz Confessio Fraternitatis:
"… nós nos reconhecemos como professando verdadeira e sinceramente
Cristo (…) viciamo-nos na verdadeira Filosofia, levamos uma vida Cristã".
Isso é o que eles dizem, mas na verdade tudo isso usam par manipular as
pessoas a fazerem parte do movimento, de todas as religiões que professam
Cristo como Senhor, mas tem seu líder como a maior influência de caráter e
realeza, É UMA SEITA, EMBORA USEM MÉTODOS QUE PARECEM
SER CRISTÃOS, COMO FALAR DE CRISTO DOS MILAGRES E SA-
BEDORIA DE NOSSO SENHOR. Fiquemos, pois, atentos a esses grupos
que deturpam a verdade e as enquadram em seus estilos de vida e achismo.

Deve-se notar que no segundo manifesto Confessio Fraternitatis, de


1615, é feita a defesa da irmandade, exposta no primeiro manifesto em 1614,
contra vozes que se levantavam da sociedade, colocando em causa a auten-
ticidade e os reais motivos da Ordem Rosacruz. Nesse manifesto, podem-se
encontrar as seguintes passagens que demonstram a linha condutora do pen-
samento da irmandade: que o requisito fundamental para alcançar o

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Capítulo – 3
AS RAMIFICAÇÕES DO ESPIRITISMO

conhecimento secreto, de que a Ordem se faz conhecer como possuidora, é


que "sejamos honestos para obter a compreensão e conhecimento da filoso-
fia"; descrevendo-se simultaneamente como cristãos, "Que pensam vocês,
queridas pessoas, e como parecem afetados, vendo que agora compreendem
e sabem, que nós nos reconhecemos como professando verdadeira e sincera-
mente Cristo", não de um modo exotérico, "condenamos o Papa", e sim no
verdadeiro sentido esotérico do cristianismo: "viciamo-nos na verdadeira Fi-
losofia, levamos uma vida Cristã". O modo como são expostos os temas nos
manifestos originais e a descrição dos mesmos aponta para grande similari-
dade com o que é conhecido atualmente acerca da filosofia Pitagórica, prin-
cipalmente na transmissão de conhecimentos e ideias através de aspectos nu-
méricos e concepções geométricas.

A publicação dos manifestos provocou imensa excitação por toda a Eu-


ropa. Foram feitas inúmeras reedições e circularam diversos panfletos rela-
cionados com os textos, embora os divulgadores de tais panfletos pouco ou
nada soubessem sobre as reais intenções do(s) autor(es) original(ais) dos tex-
tos, cuja identidade permaneceu desconhecida por muito tempo.

Em sua autobiografia, o teólogo Johannes Valentinus Andreae ou Jo-


hann Valentin Andreae (1586-1654), declarou que o terceiro manifesto rosa-
cruz, "Núpcias Químicas", publicado anonimamente, era de sua autoria e
posteriormente descreveu o texto como um ludibrium. É convicção de alguns
autores que Andreae o teria escrito como se fosse o contraponto da Compa-
nhia de Jesus. carecidamente de fontes seguras, no entanto, esta teoria foi
posteriormente contestada por historiadores, principalmente os católicos,
que consideravam os documentos como simples propaganda ocultista, de
inspiração protestante, contra a influência do bispo de Roma.

163
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

Os manifestos mostravam a necessidade de reforma da sociedade hu-


mana, do ponto de vista cultural e religioso, e a forma de atingir esse objetivo
através de uma sociedade secreta que promoveria essa mudança no mundo.
O texto "Núpcias Químicas de Christian Rosenkreutz", contudo, foi escrito
em forma de um romance pleno de simbolismo e descreve um episódio ini-
ciático na vida de Christian Rosenkreuz, quando já tinha 81 anos.

Em Paris, em 1622 ou 1623, foram colocados cartazes misteriosos nas


paredes, mas não se sabe ao certo quem foram os responsáveis por esse feito.
Estes cartazes incluíam o texto: "Nós, os Deputados do Alto Colégio da
Rosa-Cruz, fazemos a nossa estada, visível e invisível, nesta cidade (…)" e
"Os pensamentos ligados ao desejo real daquele que busca irá guiar-nos a ele
e ele a nós".

A sociedade europeia da época, dilacerada por guerras, tantas vezes ori-


ginadas por causa da religião, favoreceu a propagação destas ideias que che-
garam, em pouco tempo, até a Inglaterra e a Itália.

Tradições e Influências

Os primeiros seguidores são geralmente identificados como médicos,


alquimistas, naturalistas, boticários, adivinhos, filósofos e homens das artes,
acusados muitas vezes de charlatanismo e heresia pelos seus opositores.

Aparentemente sem um corpo dirigente central, assumem-se como um


grupo de "Irmãos" (confraria)

Tradicionalmente, os rosa-cruzes se dizem herdeiros de tradições anti-


gas que remontam à alquimia medieval, ao gnosticismo, ao ocultismo, ao
hermetismo no antigo Egito, à cabala e ao neoplatonismo. Diante dessa

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Capítulo – 3
AS RAMIFICAÇÕES DO ESPIRITISMO

declaração já podemos ter uma noção do que verdadeiramente é esse movi-


mento.

Em The Muses' Threnodies, de H. Adamson (Perth, 1638) encontra-se


o seguinte:

"Pois o que pressagiamos não está em grande,

Pois somos irmãos da Rosa Cruz;

Temos a Palavra Maçónica e a segunda visão,

Coisas por acontecer nós podemos prever acertadamente.".

O rosacrucianismo pode ser compreendido, de um ponto de vista mais


amplo, como parte da corrente de pensamento hermético-cristã. Nesse con-
texto, é clara a influência do Corpus Hermeticum que, após 1000 anos de
esquecimento, foi traduzido em 1460 por Marcílio Ficino, a figura central da
Academia Platônica de Florença, para atender a uma encomenda de Cosme
de Médici. Nas Núpcias Alquímicas de Christian Rozenkreuz, é dito que
"Hermes é a fonte primordial".

Verifica-se também a influência do pensamento de Paracelsus, citado


na Fama Fraternitatis RC: "Teofrasto (Paracelso), por vocação, foi também
um desses heróis. Apesar de não haver entrado em nossa Fraternidade, não
obstante, ele leu diligentemente o Livro M.R"

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O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

A grande maioria dos personagens relacionados com o lançamento dos


"Manifestos Rosacruzes" se originaram do meio luterano alemão. É de se
notar que o próprio Lutero foi um dos primeiros a utilizar uma "rosa-cruz"
(o "selo de Lutero", ou "rosa de Lutero") como símbolo de sua teologia.
Abaixo de muitas rosas de Lutero está a frase: “O coração do cristão perma-
nece em rosas, quando ele permanece sob a cruz.” Mas como podemos ver o
verdadeiro símbolo do Rosacrucianismo não tem nada a ver com o símbolo
Luterano.

(Símbolo Luterano) (Símbolo da Ordem Rosacruz)

É amplamente discutível se os chamados "reformadores radicais" te-


riam exercido uma forte influência sobre os rosacruzes, ou, como algumas
evidências parecem sugerir, se teriam sido os Rosacruzes a influenciar esses
reformadores.

Mas nosso intuito aqui é mostrar as crenças reencarnacionistas dos mo-


vimentas místicos com ramificações espíritas. Portanto concluímos que esse
movimento é extremamente inverso do que conhecemos como verdadeiro
cristianismo.

Organizações Modernas

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Capítulo – 3
AS RAMIFICAÇÕES DO ESPIRITISMO

Entre o final do século XIX e o início do século XX surgiram várias


organizações inspiradas na Tradição da Rosacruz. Existem atualmente diver-
sas e distintas ramificações Rosacrucianas. Apresenta-se de seguida uma
breve descrição acerca das mais divulgadas:

A Fraternidade Rosacruz, no Brasil e em Portugal (inglês, The Rosicru-


cian Fellowship), foi fundada por Max Heindel entre 1909 e 1911, nos Esta-
dos Unidos. Não reivindica o título de "Ordem Rosacruz", considerando-se
apenas uma escola de exposição de suas doutrinas e de preparação para o
indivíduo para ingresso em caminhos mais profundos na Ordem espiritual.
Segundo eles, a verdadeira Ordem Rosacruz funciona apenas nos planos es-
pirituais. Ao contrário da maioria das demais organizações rosacruzes, as
escolas de Max Heindel se consideram indissociáveis do Cristianismo. Ou-
tras organizações rosacruzes também se consideram cristãs, mas não com
esta ênfase.

Antiga e Mística Ordem Rosae Crucis (AMORC), com sede mundial


em São José na Califórnia, EUA, foi fundada em 1915, por Harvey Spencer
Lewis, nos Estados Unidos. Tem influência do Antigo Egito, de organizações
fundadas pelo Faraó Amenófis IV (também conhecido como Aquenáton) por
volta de 1 500 a.C.. Tal como está expresso no site oficial da Ordem: "A
Ordem Rosacruz, AMORC é uma organização internacional de caráter mís-
tico-filosófico, que tem por missão despertar o potencial interior do ser hu-
mano, auxiliando-o em seu desenvolvimento, em espírito de fraternidade,
respeitando a liberdade individual, dentro da Tradição e da Cultura Rosa-
cruz.". A Antiga e Mística Ordem Rosae Crucis é hoje a maior confraria ro-
sacruz no mundo, abrangendo dezenas de países, em diversos idiomas, além
de acolher a Tradicional Ordem Martinista (T.O.M.), uma ordem martinista
fundada pelo renomado médico e ocultista francês Papus (Dr. Gerard

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O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

Anaclet Vincent Encausse). A sede para os falantes da língua portuguesa lo-


caliza-se na cidade de Curitiba.

Fraternitas Rosae Crucis (FRC), também com sede mundial nos EUA,
que se reivindica a autêntica Ordem Rosa-Cruz fundada em 1614 na Alema-
nha, mas na verdade foi fundada por Reuben Swinburne Clymer por volta de
1920 e se diz representante de um movimento originalmente fundado por
Pascal Beverly Randolph em 1856.

Fraternitas Rosicruciana Antiqua (FRA) foi fundada pelo esoterista ale-


mão Arnold Krumm-Heller por volta de 1927, e tem sede no Rio de Janeiro
(está presente também nos países de língua hispânica).

Lectorium Rosicrucianum (ou Escola Espiritual da Rosacruz Áurea) é


uma organização rosacruz que começou a se estruturar em Haarlem, Ho-
landa, em 1924, através do trabalho de J. van Rijckenborgh (pseudónimo de
Jan Leene) e Z.W. Leene, quando esses dois irmãos entraram para a Socie-
dade Rosacruz (Het Rozekruisers Genootschap), divisão holandesa do grupo
americano Rosicrucian Fellowship. Este grupo se tornaria independente da
Rosicrucian Fellowship em 1935 e, com o final da guerra em 1945 (quando
seu trabalho foi proibido pelas forças de ocupação nazista), o trabalho exte-
rior foi retomado e passou a adotar o nome Lectorium Rosicrucianum, ou
Escola Internacional da Rosacruz Áurea, apresentando-se cada vez mais
como uma escola gnóstica, "Gnosis" significando aqui o conhecimento di-
reto de Deus, resultado de um caminho de desenvolvimento espiritual. Desde
1945, o grupo se expandiu por vários países da Europa, América, Oceania e
África, além de publicar inúmeros livros, muitos dos quais com comentários
sobre antigos textos da sabedoria universal, como os Manifestos Rosacruzes

168
Capítulo – 3
AS RAMIFICAÇÕES DO ESPIRITISMO

do século XVII, o Corpus Hermeticum (textos atribuídos a Hermes Trisme-


gisto), o Evangelho Gnóstico da Pistis Sophia, o Tao Te Ching, entre outros.

Confraternidade da Rosa+Cruz (CR+C) preserva e perpetua a Tradição


Rosacruz sob a linhagem e autoridade espiritual do Imperator Gary L. Ste-
wart, oferecendo os Ensinamentos Rosacruzes originais preparados nas dé-
cadas de 1920 e 1930 por Harvey Spencer Lewis. Preservando a Tradição
conforme especificamente estabelecida no início do século XX e também
conforme o Movimento Rosacruz em geral dos séculos passados. Para exe-
cutar essa tarefa com êxito, há necessidade de se manter sempre o equilíbrio
entre a Tradição e o Movimento com adesão estrita às leis que governam a
sua operação e a sua existência. A manutenção desse equilíbrio é confiada a
um Imperator do Movimento, que, sob muitos aspectos, serve como um guar-
dião do mesmo.

OKRC (Ordem Kabbalística da Rosa-Cruz) - A OKRC foi fundada em


1888, pelo Marquês Stanislas de Guaita (seu primeiro Grão-Mestre). Ela
agrega em si de uma forma equilibrada a herança do Martinismo da Rosa-
Cruz, da Kabbala e do Hermetismo. Ela tem uma estrutura internacional
mista. Longe de não ser apenas uma escola filosófica ou simbólica, ela tem
por objetivo desde sua criação formar e iniciar os Seres de Desejo. Presente
hoje como outrora, a sua herança conservou este vigor e esta riqueza, que
sempre lhe permitiu adaptar-se à sua época, fazendo irradiar a chama da sua
iniciação. Tendo ressurgido no século XIX, as correntes Rosa+Cruzes do
Sudoeste da França permitiram o reencontro entre a tradição mística e sim-
bólica alemã e suas correntes herméticas mediterrâneas. Por este intercâm-
bio, a Rosa+Cruz da qual falamos concentrou seus trabalhos sob o ritual, a
alquimia, a astrologia e uma certa forma de teurgia.

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O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

Grupos Relacionados

• Order of the Golden and Rosy Cross, década de 1750


• Rito Escocês Antigo e Aceito, 1776
• Fraternitas Rosae Crucis, 1861
• Societas Rosicruciana in Anglia (SRIA). ca. 1860–1865
• Societas Rosicruciana in America (SRIA), 1878
• Societas Rosicruciana in Civitatibus Foederatis (SRICF), 1879
• Ordem Kabbalística da Rosa-Cruz, 1888
• Hermetic Order of the Golden Dawn, 1888
• Rose Cross Order, 1889
• Order of the Temple & the Graal and of the Catholic Order of
the Rose-Croix
• Alchemical Rose-Croix Society (Association Alchimique de
France), 1896
• Rose-Croix de l'Orient (Rose-Cross of the East) (RCO) ?
• The Elder Brothers of the Rose-Croix (Les Freres Aînés de la
Rose-Croix)
• Antiquus Arcanus Ordo Rosæ Rubæ Aureæ Crucis (AAOR-
RAC)?
• Ordo Aureæ & Rosæ Crucis (Antique Arcanæ Ordinis Rosæ
Rubeæ et Aureæ Crucis)(OARC) ?
• Fraternidade Rosacruz (Associação de Cristãos Místicos) 1909
• Sociedade Antroposófica, 1912
• Order of the Temple of the Rosy Cross, 191
• Antiga e Mística Ordem Rosae Crucis (AMORC), 1915

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Capítulo – 3
AS RAMIFICAÇÕES DO ESPIRITISMO

• Fellowship of the Rosy Cross, 1915


• Corona Fellowship of Rosicrucians (CFR), c. 1918
• Rosicrucian Order Crotona Fellowship, 1924
• Lectorium Rosicrucianum, 1924[13]
• Fraternitas Rosicruciana Antiqua (FRA), 1927
• Fraternidade Rosacruciana São Paulo, 1929
• Order of the Hermetic Gold and Rose+Cross, established in the
Philippines in 1930
• Fraternitas Rosicruciana Antiqua, 1932
• Archeosophical Society, 1968
• Fraternity of the Hidden Light, 1982
• Rosicrucian Order, 1988
• Confraternidade da Rosa+Cruz (CR+C), 1989
• Ancient Rosae Crucis (ARC),?
• Order of the Hermetic Gold and Rose+Cross,
• The Knights of the Militia Crucifera Evangelica (KMCE), Al-
chemical Order de la Rosé-Croix

Finalmente, poderíamos agrupar aqui as sociedades teosóficas, as seitas


orientais japonesas como Seicho-No-Ie, Igreja Messiânica Mundial, Arte
Mahikari, Perfect Liberty. Seitas orientais provindas do hinduísmo, como
movimento Hare Krishna, Meditação Transcendental, e outras. Todas elas
são adeptas do reencarnacionismo.

Podemos notar que a história do espiritismo se estendeu aos mais ele-


vados campos de nosso Brasil fazendo dele o País que tem a maior população
espírita, por isso e mais um pouco, devemos nos posicionar para

171
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

defendermos nossa fé. O foco apologético não pode ser corrompido de modo
nenhum, nosso País precisa de nossa ajuda gostaria muito de que nos juntos
pudéssemos nos unir contra essas grandes Seita que aos poucos estão to-
mando o mundo. Influencie seus amigos a ler este livro e outros livros sobre
Seitas, pois quanto mais estudarmos sobre elas, mais argumentos para deses-
trutura-la teremos. Não se deixe levar pelas falácias enganadoras desses se-
guimentos, mais fortaleça na verdade que é Cristo. Pois a Ele seja dada toda
Honra, Glória e Louvores para Sempre, “Bendito seja nosso Deus por toda
eternidade.

172
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

173
O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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www.ofielcatolico.com.br/search?q=allan+kardec&btnG=Pesqui-
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SOARES, E. Manual de Apologética Cristã - Defendendo os Fundamentos


da Autêntica fé Bíblica. Rio de Janeiro: CPAD, 2016. 201,202 p.

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KARDEC, ALLAN. O Evangelho Segundo o Espiritismo, p. 556. Editora


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KARDEC, ALLAN. O Céu e o Inferno, p. 726. Editora Opus Ltda., 2ª edi-
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KARDEC, ALLAN. O Que é o Espiritismo, p. 297. Editora Opus Ltda., 2ª
edição especial, 1985
KARDEC, ALLAN. O Livro dos Espíritos, p. 74. Editora Opus Ltda., 2ª
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O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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O Espiritismo Suas Crenças & Ramificações

Este livro foi feito com a fonte: Autor:

Time New Roman F. Tales Massei

Tamanho: © Editora Império Cristão

14; corpo do Texto: Normal, 14.

Tópico: Negrito; T – 14

Subtópico: Negrito, Itálico; T – 14

A
Editora
Império Cristão

Suas eCrenças
Ramificações
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