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Teologia

Teologia
A Doutrina
A Doutrina de Deus
de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

Existência, Atributos, Nomes e Decretos

Felipe Tales Massei

2ªEdição
3° Edição Março de 2020
Maio de 2023

AEditora
Império Cristão
© Editora Império Cristão

Revisão:

A
Jaqueline de Almeida Massei
Diagramação:
Felipe Tales Massei
Consultoria Teológica: Editora
Império Cristão
Setor doutrinário
Jackson S. Fernandes(EIC)
Capa:
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2020 Editora Império Cristão
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP Brasil)

M394t Massei, Felipe Tales


Teologia: A Doutrina de Deus – Existência, Atributos,
Nomes, Decretos/ Felipe Tales Massei. – Jundiaí-SP:
3° Edição
Editora Império Cristão, 2ª Edição Maio
Marçode de
2023
2020.
160 p.; Tamanho: 14x21 cm.
Bibliografia, pág., 154-158

ISBN: 979-86-393-1974-7
979-86-084-2992-7

1. Bíblia. 2. Doutrina de Deus. 3. Teologia Sistemática. I. Título


CDU: 23 CDD: 212

Proibida a reprodução por quaisquer meios (mecânicos, ele-


trônicos, xerográficos, fotográficos, gravação, estocagem em
banco de dados, etc.), a não ser em citações breves com indica-
ção de fonte.
Dedicatórias

Dedico este livro de cunho Teológico e Doutrinário a todos os


obreiros do Senhor Jesus Cristo, aos amantes da Bíblia, que amam
o conhecimento (cf. Pv 1:7), (cf. Pv 9:10), meu intuito é, e sempre
será que todos os leitores possam crescer sempre em busca do co-
nhecimento do verdadeiro e pleno Evangelho da Graça, pois so-
mente lendo e conhecendo poderemos obter uma estrutura minis-
terial por isso o profeta Oseias disse (cf. Os 6:3) que devemos sem-
pre permanecer em busca do conhecimento de Deus. Desejo a você
caro leitor uma boa leitura.
Sumário
Prefácio ............................................................................................. 8

INTRODUÇÃO ........................................................................... 11

Definição do termo ......................................................................... 11

Objetivos da teologia ...................................................................... 12

Fontes da teologia ........................................................................... 13

CAPÍTULO – I

A EXISTÊNCIA DE DEUS ...................................................................... 17

O lugar da doutrina de Deus na dogmática..................................... 18

Um único Deus existente ................................................................ 18

Evidencias naturais que provam a existência de Deus ................... 21

Provas bíblicas da existência de Deus ............................................ 23

Argumentos que provam a existência de Deus............................... 26

CAPÍTULO – II

A COGNOSCIBILIDADE DE DEUS ............................................... 35

Deus é incompreensível e cognoscível ........................................... 36

A revelação geral de Deus .............................................................. 40

A revelação especial de Deus ......................................................... 42

O pensamento do autor de Hebreus ................................................ 44

CAPÍTULO – III

OS ATRIBUTOS DE DEUS EM GERAL .......................................... 47

Avaliação dos termos empregados ................................................. 48

Método de determinação dos atributos de Deus ............................. 49


Sugestões feitas quanto às divisões dos atributos de Deus ............ 53

Definição a cerca da classificação dos atributos de Deus .............. 57

CAPÍTULO – IV

DEUS SE REVELA ATRAVÉS DOS ATRIBUTOS DA SUA DIVINDADE


................................................................................................. 59

Deus é eterno .................................................................................. 60

Deus é inalterável............................................................................ 61

Deus é imortal ................................................................................. 61

Deus é imutável .............................................................................. 61

Deus é vivo ..................................................................................... 62

Deus é a fonte da vida ..................................................................... 62

Deus é espírito ................................................................................ 63

Deus é incomensurável ................................................................... 64

Deus é invisível............................................................................... 64

CAPÍTULO – V

OS ATRIBUTOS INCOMUNICÁVEIS DE DEUS .............................. 67

Deus é onipresente .......................................................................... 68

Deus é onisciente ............................................................................ 71

Deus é onipotente............................................................................ 78

CAPÍTULO – VI

OS ATRIBUTOS COMUNICÁVEIS DE DEUS .................................. 85

Amor ............................................................................................... 86

Bondade .......................................................................................... 88
Misericórdia .................................................................................... 88

Sabedoria ........................................................................................ 89

Justiça.............................................................................................. 89

Santidade ......................................................................................... 90

Verdade ........................................................................................... 92

Paz ................................................................................................... 94

CAPÍTULO – VII

O PODER CRIADOR DO DEUS ETERNO ....................................... 97

A teologia do Deus criador ............................................................. 98

O poder criador de Deus ............................................................... 100

O propósito da criação .................................................................. 102

A grande revelação ....................................................................... 103

Uma exposição de Gênesis 1.1-2. ................................................. 105

Gênesis 1.3-25 .............................................................................. 107

Gênesis 1.26-31 ............................................................................ 111

CAPÍTULO – VIII

A SANTÍSSIMA TRINDADE ....................................................... 117

A unidade na trindade ................................................................... 118

Três pessoas na bíblia são chamadas de Deus .............................. 119

As três pessoas divinas são um só Deus ....................................... 120

Como funciona a soma numérica na trindade .............................. 125

CAPÍTULO – IX

OS NOMES DE DEUS ................................................................ 129


Os nomes de Deus em geral.......................................................... 130

Questões a respeito dos nomes de Deus ....................................... 131

O nome Jesus ................................................................................ 136

Os nomes de Deus no Antigo Testamento e seus significados .... 137

Os nomes de Deus no Novo Testamento e seus significados....... 140

CAPÍTULO – X

OS DECRETOS DE DEUS ........................................................... 147

Criação, história e governo humano ............................................. 148

Os decretos de Deus são impossíveis de serem frustrados ........... 148

Os decretos de Deus abrangem a criação ..................................... 148

Os decretos de Deus abrangem a história ..................................... 149

Os decretos de Deus abrangem o governo humano...................... 149

A vida dos indivíduos e a salvação ............................................... 150

BIBLIOGRAFIA ........................................................................ 154


Prefácio

Quando falamos do conhecimento teológico, não estamos ape-


nas falando de uma doutrina religiosa, nem tampouco falando de
um seguimento criado pelos Pais da Igreja e sim falando de um
relacionamento compreensivo entre o homem, Deus “O Criador” e
a matéria. Para esclarecer do que se trata precisamos entender os
seguintes fatos: Deus não existe, a palavra “existir” só deve ser
aplicada a algo que foi criado, a existência consiste em um ato de
criação, nós somos criados por isso existimos, Deus não. Ele trans-
cende todas as coisas, e tudo subsiste por Ele (Cl 1.16,17). Portanto
o nosso dever no campo teológico não é tratar Deus como uma cri-
ação, se assim fizermos, estaríamos então deitando-lhe numa cama,
abrindo uma rotura em seu meio com o objetivo de estuda-lo tão
simplesmente como faz um cientista em seu dever de estudar um
animal em extinção. Nós não somos cientistas, ainda que fossemos,
Deus não é um animal, ainda que considerado assim por ateus teó-
ricos, Ele não está em extinção, muito pelo contrário Ele sempre
foi e sempre será único e incomparável. Entender a teologia é com-
preender tudo que existe na essência sob a luz do conhecimento
Bíblico revelado pelo próprio Criador. A teologia não é um campo
de diversões que nos alegra pelos prazeres que oferece e sim a teo-
logia é uma linha fina e responsiva, todos os cristão devem co-
nhece-la, porém nem todos consegue alcançar o objetivo que ela
propõe, a verdade é que muitos pensam ser a teologia mais uma
bagagem para o ministério, quando na verdade ela é o folego que
sustenta a vida de quem carrega a bagagem, sem esse conhecimento
não podemos ir a lugar nenhum, somos limitados, pois quem nos
dá o folego que nos sustenta é o nosso Deus, por Jesus Cristo nosso
Senhor, e esse folego só temos enquanto haver comunhão com o
Deus Todo-Poderoso.

Considero a teologia como uma longa estrada sem radar e sem


mão dupla, e o que nela viaja é um bloco de papel com apenas duas
portas a de entrada e a de saída, quem entrar nesta porta está sujeito
a não sair até que fique tudo esclarecido e bem explicado. Eu te
convido a embarcar nessa viagem e a entrar nesse bloco de papel
chamado livro e passar pela porta do conhecimento teológico cha-
mado Jesus Cristo, e lhe peço com carinho não saia enquanto não
souber tudo sobre o assunto se possível leia outras fontes, mas
nunca se esqueça não vá muito longe da superfície, pois o sol que
ilumina as águas profundas é o mesmo sol que faz justiça a um
aventureiro no deserto, ou seja nunca deixe de ser humilde por co-
nhecer a verdade, mas lembre-se de ouvir quem sabe menos.

Jundiaí-SP, Março de 2020


Felipe Tales Massei
Introdução
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos Introdução

Introdução

Há muito tempo ouvimos falar sobre este assunto e a primeira


expressão de alguém que não conhece este campo tão abrangente
é: se eu conhecer Jesus através da experiencia pessoal, não é o su-
ficiente para que eu possa o amar? A resposta é não. Esta doutrina
não é desnecessária para ninguém e muito menos motivo de inva-
lidez para os que se fazem separados do corpo de Cristo. Estudar a
sistematização das doutrinas Bíblicas não é opcional e sim dever
de quem confessa sua crença em Deus.

Definição do termo

A palavra “TEOLOGIA” é uma palavra formada por dois vo-


cábulos (Grego) “THEÓS” que transliterado para o português sig-
nifica “DEUS” e “LOGOS” que por sua vez significa “PALA-
VRA”, “ESTUDO”, “CIÊNCIA” ou “DOUTRINA”. Portanto a
palavra Teologia significa “Doutrina de Deus”.

A Teologia pode ser compreendida em dois conjuntos que em-


bora corporativos abrangem especificamente um e outro assunto.
Pode ser entendida diretamente com – uma exposição da ciência do
Ser de Deus que tem o objetivo de esclarecer a relação ente Deus o
“ELOHIM”, isto é, Deus “Pai” Deus “Filho” e Deus “Espírito
Santo” e o Universo e a outra é descrever o estudo de todas as ver-
dades Bíblicas. Falar de teologia sem falar de relacionamento é
como falar um livro sem texto, por isso devemos estudar com bas-
tante afinco, no entanto, devemos nos relacionar com Deus.
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Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

Objetivos da teologia

Expor a existência de Deus. O maior objetivo da Teologia é


revelar um Deus autossuficiente, criador e sustentador de todas as
coisas, portanto isso consiste em expor a personalidade, caráter e
atributos do Todo-Poderoso. Tudo deve partir dEle, por que tudo
foi criado por Ele e para Ele são todas as coisas (Cl 1.16).

Explicar o homem e sua queda. Entre as coisas criadas, o ser


humano merece destaque especial em razão das peculiaridades cu-
riosas e impressionantes do seu existir. Sendo assim, a Teologia pro-
cura explicar quem é, o que é e para que o homem,foi criado, istoeé,
demonstrando
explicando suas peculiaridades existenciais e buscando sempre sua
origem primeira e seu fim último, em relação a este assunto; Deus e
o homem, disse (João Calvino): “Quase toda sabedoria que possu-
ímos, ou seja, a sabedoria verdadeira e sadia consiste em duas par-
tes: o conhecimento de Deus e de nós mesmos”.

Nessa busca, a mais drástica constatação em conexão ao ho-


mem, e que produz consequências tanto no presente, quanto no fu-
turo, é sua queda. Portanto, deve a Teologia explicar a origem, a
extensão e a natureza dessa queda.

Explicar a restauração. A constatação da queda leva a uma


necessidade: a de restauração. Esta necessidade depreende-se do
fato que o homem é criatura de Deus e, sendo assim, não deve ter
sido feito para a ruína, pois cremos ser o fim principal do homem
glorificar a Deus. Por outro lado, verifica-se o empenho que o

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Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos Introdução

homem tem feito para desvencilhar-se desse problema. Logo a res-


tauração é uma necessidade e uma possibilidade e é algo que so-
mente o Criador pode realizar. A Teologia deve também explicar
essa restauração.

Explicar o mundo vindouro e preparar o homem para ele.


Existem evidências da existência de um mundo após a morte, de
além-túmulo, e da vocação inata no homem à eternidade. A Teolo-
gia, logo, não poderia furtar-se ao nobre propósito de explicar esse
mundo e de preparar o homem para nele entrar, após seu desapare-
cimento da terra, visto que nenhuma outra forma de conhecimento
o pode fazer. É neste ponto que a Teologia é superior às demais
ciências, pois enquanto estas lhe dão conhecimento apenas do
mundo presente, que é por natureza transitório, a Teologia torna
compreensível ao homem a posse da vida eterna dada por Jesus
Cristo, preparando-o para viver no mundo vindouro.

Fontes da teologia

As fontes da Teologia são os lugares de onde ela retira seus


dados. Eles estão, praticamente, em todos os lugares, mas de forma
desordenada, não sistemática. São necessários esforço mental, dis-
ciplina, clareza, perseverança e paciência tanto na coleta, como na
análise e classificação dos dados. Geralmente são reconhecidos a
natureza, o homem, a sociedade, a história, as ciências, as Escritu-
ras Sagradas e a Igreja como fontes autorizadas da Teologia. A se-
guir, abordaremos a NATUREZA, as ESCRITURAS e a IGREJA.

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Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

A Natureza. No que concerne a existência e aos principais atri-


butos de Deus, a natureza é a primeira fonte. Teólogos e cientistas
naturais estão de acordo neste aspecto. Davi declarou que "os céus
manifestam a glória de Deus e o firmamento as obras de suas mãos"
(Sl 19:1). Paulo ensinou aos cristãos de Roma que Deus, seu poder,
sua divindade e suas atividades são claramente vistos(as) e enten-
didos por meio das coisas que Ele criou (Rm 1:18-20).

As Escrituras Sagradas. O mundo antigo conheceu muito so-


bre Deus, através de revelações pessoais que fazia a muitos homens.
Mas a tradição corrompeu as informações daquelas revelações. Por
isso, Deus nos deu uma revelação escrita, perene e infalível: as Es-
crituras Sagradas, ou Bíblia. Nas Escrituras Sagradas Deus revela
ao homem tudo quanto precisa saber a seu respeito, ao passado e ao
futuro, permitindo-lhe uma compreensão do presente e uma pers-
pectiva do futuro. Nenhum esforço humano foi capaz de produzir
conhecimento completo de Deus, pelo que Deus mesmo tomou a
iniciativa de revelar-se por meio de sua Palavra. As Escrituras se
constituem na fonte mais clara, precisa e completa de conhecimento
teológico; constituem-se na "fonte por excelência" e no fundamento
principal da Teologia.

A Igreja. A comunidade das pessoas que professam Fé em Je-


sus Cristo e que procedem nesta vida conforme seus ensinos, esta
é a Igreja. Este é um fato teológico dos mais ricos e que mais têm
inquietado aqueles que negam a existência de Deus. Todo o labor

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Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos Introdução

teológico de forma metódica e sistemática tem sido desenvolvido


em função da existência da Igreja. Nestes dois mil anos de vida
terrena, nos quais tem sofrido os mais cruentos ataques dos inimi-
gos e dos quais tem saído vencedora absoluta, a Igreja tem muito
que dizer e ensinar àqueles que se dedicam ao estudo das verdades
divinas. Como ela tem sobrevivido em meio a tantas lutas, e como
tem conservado intactas suas doutrinas cardeais (que são suas cren-
ças fundamentais) só pode ser explicado pelo fato de que o Deus
no qual crê é real e amigo dos que se aproximam dEle. Vale recor-
dar as palavras do Mestre excelente: "(...) edificarei a minha igreja,
e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mt 16:18). O
conhecimento expressado nas Escrituras é plenamente experimen-
tado pela Igreja, tornado real, prático e posto mais facilmente ao
alcance de todos. Se alguém desejar conhecer a Deus e saber como
alcançar seu favor, é só se envolver com a Igreja. As Escrituras
declaram que ela é a agência de Deus na terra. Portanto, é uma pre-
ciosíssima fonte.

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CAPÍTULO – I
A EXISTÊNCIA D E DEUS

A
Existência de
Deus
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

O lugar da doutrina de Deus na dogmática

A dogmática é um arranjo que abrange as principais doutrinas


cristã, nesse arranjo nós encontramos diversas ordens ou organiza-
ções de um conjunto de doutrinas. Alguns teólogos organizam esse
arranjo com a “doutrina das escrituras” como sendo o ponto de par-
tida para expor todas as outras, visto que a partir da bíblia é que
temos um conhecimento existencial de todos os seres viventes e do
Criador desses seres “Deus”. Porém o que se firmou ao longo da
história como sendo um meio tradicional desse arranjo é justamente
a doutrina de Deus como o ponto de partida para as demais, isso
aconteceu devido ao fato de que não há como provar que a bíblia
seja verdadeiramente inspirada por Deus, sem antes provar a exis-
tência de Deus, por esse e outros motivos seguiremos essa ordem.
A Teologia é baseada em dois principais prismas, a saber: Expor a
existência de Deus em todos os aspectos e argumentos necessários
e expor o Ser de Deus como a bíblia nos revela, isso engloba vários
pontos, tais como: Personalidades, caráter, atributos e outros. A
cerca disso iremos discorrer a seguir, com o objetivo de trazer ao
conhecimento de todos os leitores a importância de conhecer nosso
Senhor Deus Todo-Podereso.

Um único Deus existente

Se crermos que existem muitos deuses, então precisamos crer


que o deus menor atende o deus maior e esse deus maior atende
aquele que o fez ser maior entre os outros, e assim temos em mente

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Teologia - A Doutrina de Deus Capítulo – I
Existência • Atributos • Nomes • Decretos A Existência de Deus

a existência de um deus superior. Isto é, de qualquer maneira temos


que afirmar uma hierarquia entre esses deuses e a conclusão é que
existe um desses que excede a grandeza de todos, sendo um deus
supremo.

Aí é só pensar, se existem muitos deuses e a um sobre todos


eles, é claro que esse que está sobre todos, tem todo o poder de
fazer o que todos fazem, e mais um pouco. Sendo assim qual a ne-
cessidade de criar tantos deuses? Seria o deus maior solitário? Será
que ele se sentiu sozinho de mais? Isso fala da soberania de um ser
supremo em poder e glória. Afinal não existe ninguém da raça hu-
mana que não tenha em mente a existência de um ser supremo

Então se levanta a questão; não seria mais fácil acreditar em


um único Deus verdadeiro? E se esse único Deus verdadeiro qui-
sesse compartilhar sua existência criando algum outro ser, não se-
ria, portanto, coerente criar muitos deuses, mas é coerente da parte
dEle se Ele criasse seres inferiores em essência. Assim fica mais
fácil entender que esse Deus inteligente existe, Ele não é um deus
que iria criar concorrentes e se atrapalhar devido á finalidade da
existência de seres humanos criado para adorar. Pois se tivermos a
opção de tantos deuses para adorarmos o superior deles ficaria sem
reconhecimento e não seria adorado, e a culpa do deus maior não
ser adorado é de quem? Dele mesmo, que atrapalhado esse deus
maior seria não acha. Então eu te pergunto: Você adoraria um deus
tão atrapalhado e que fez tudo sem pensar? Logo definimos a ne-
cessidade de conhecer o único Deus verdadeiro. A existência de

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Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

Deus é um fato que tem gerado muitas críticas, devido os argumen-


tos apresentados com a finalidade de provar que Ele realmente
existe. O grande problema de entender que ele realmente existe é
que não podemos vê-lo. E nós seres humanos temos dificuldade de
crer nas coisas invisíveis, a prova disso é que quando nós nos en-
tregamos a Jesus, ficamos sempre ansiosos para ver alguma mani-
festação sobrenatural. Isso ocorre devido ao centro de nosso inte-
lecto; ele é alimentado pela certeza de algo convincente. Quando a
manifestação visível de Deus, que nós aguardamos, não acontece,
então vem a dúvida de acreditar ou não em Deus como um Ser
existente. Por isso precisamos conhecer o único Deus vivo e ver-
dadeiro através do meio principal que Ele se revela aos homens as
“Escrituras”. No entanto vale lembrar que há muitos outros argu-
mentos naturais que nos levam a crer que Ele realmente existe.

Outros tipos de crer em Deus

O Panteísmo: O panteísmo é a crença de que absolutamente


tudo e todos compõem um Deus abrangente, e imanente, ou que o
Universo e Deus são idênticos. Sendo assim, os adeptos dessa po-
sição, os panteístas, não acreditam num Deus pessoal, antropomór-
fico ou criador.

O Politeísmo: consiste na crença e subsequente adoração a vá-


rios deuses.

O Henoteísmo: crença em um deus como sendo supremo, e


reconhecendo a existências de outros deuses.

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Teologia - A Doutrina de Deus Capítulo – I
Existência • Atributos • Nomes • Decretos A Existência de Deus

O Monoteísmo: O Monoteísmo consiste na crença em um


Único Deus verdadeiro, cuja posição somos seguidores.

Evidencias naturais que provam a existência de Deus

Graças a capacidade de pensar que Deus nos concedeu fica fá-


cil de atender a crença em um único Deus verdadeiro. Mas o ini-
migo de nossa alma, a todo o momento está procurando um meio
de nos segar espiritualmente para não vermos a glória de Deus ma-
nifesta, por isso fomos alertados (2 Co 4.4), de que isso iria acon-
tecer. A Bíblia sempre será muito mais atualizada do que um jornal
televisionado que poderá acontecer amanhã.

A consciência

A nossa consciência é algo que sempre nos constrange, seja


nos alertando quando estamos fazendo alguma prática ruim ou nos
confortando quando praticamos algo agradável e bom. Quando a
pratica é boa então a nossa consciência nos diz que estamos fa-
zendo algo que agrada um Ser supremo, e ao oposto disso, quando
fazemos algo de errado, nossa consciência nos culpa de tal ato. Isso
fala claramente da existência de Deus. Se ele não existisse por que
Alguns chamam
nossa consciência trabalha dessa forma? Poderíamos chamaisso
issode
de
Lei natural, porém na lei natural existe da mesma forma a possibi-
lidade de que a causa disso é um Deus poderoso, justo e santo.
Sendo assim nossa consciência tem que prestar conta a um ser e
esse ser Supremo é Deus, o Grande e único Deus.

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Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

A revelação geral

É de saber de todos nós que quando olhamos um objeto, seja


ele qualquer, artesanal ou tecnológico, ao observarmos sua compo-
sição, sua forma de existir, logo vem um pensamento; como isso
foi feito? O homem que fez isso é muito criativo. Isso por si só fala
de maneira bem explicita, que toda matéria criada implica a exis-
tência de um criador. Bem como a natureza, aves, animais terrestres
etc; implica também a existência de um criador, (Gn 1.30-31), por-
tanto nós seres humanos devemos de alguma maneira estar sujeito
a Deus, pois ele é o nosso criador (Gn 2.7).

Outras fontes de revelação

Existem 4 fontes universalmente reconhecidas como origem


do conhecimento de Deus, a saber: Intuição, Tradição, Razão e Re-
velação.

Intuição. significa conhecimento direto, nato, autoconsciente,


compreensão sem aprendizagem ou razão, conhecimento pelo ins-
tinto, todos os homens têm uma crença instintiva de Deus. Muitos
têm ignorado e afogado esta fé natural, mas em tempo de perigo ao
enfrentar a realidade dolorosa da vida, automaticamente clamam a
Deus por socorro. Isto prova que a intuição é contínua, porém, opri-
mida. Tal fé faz parte das faculdades naturais de um homem, como
a respiração, intuição é a capacidade natural de assimilar as coisas,
independentemente de aprendizagem ou comunicação exterior.
Trata-se de um conhecimento direto, mas sensivelmente perfeito.

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Teologia - A Doutrina de Deus Capítulo – I
Existência • Atributos • Nomes • Decretos A Existência de Deus

Tradição. é a soma de conhecimentos recebidos de diferentes


fontes. É um conhecimento indireto.

Razão. é a faculdade de raciocinar, de extrair conclusões pelo


pleno exercício do intelecto. É o conhecimento desenvolvido.

Revelação. é o ato divino de comunicar o homem aquilo que


de outra maneira ele nunca poderia saber perfeitamente. É o conhe-
cimento outorgado. A revelação se opõe ao misticismo, o que é a
apreensão intuitiva de Deus. Os místicos consideram a experiência
como o próprio conhecimento. Esse conhecimento é inefável, mas
não se pode dizer que a experiência seja um conhecimento imediato
ou fiel de Deus.

O misticismo não soluciona o problema do mal como se pensa.


Ele dá-nos apenas uma visão do mundo e da soberania de Deus.
Mas não é plena essa visão e muito menos satisfatória. Deus falou
e revelou-se. A Bíblia é a coleção dos registros dessa revelação. O
Deus que se revela é inteiramente diferente do homem (Totaliter
aliter = Completamente diferente).

Provas bíblicas da existência de Deus

A Bíblia nunca se preocupou em provar que Ele existe, sim-


plesmente começa falando “No princípio, criou Deus os céus e a
terra”. Porém temos muitos versículos que falam da existência de
Deus de maneira muito bem aplicada.

Deus é revelado em Jesus Cristo

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Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

Jesus nosso Senhor e salvador, cuja existência está historica-


mente comprovada, veio nos revelar o Deus Pai aos homens (Lc
10.22), vemos também que Jesus em suas últimas instruções aos
seus discípulos disse a Filipe “Estou há tanto tempo convosco, e
não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai(...)”,
(Jo 14.9). Jesus é o Todo-Poderoso, Assim como é o Deus Pai, veja
a expressão que Ele usa quando aparece aos seus discípulos na Ga-
lileia (Mt 28.18). Como no início falamos de um único Deus que é
sobre todos, temos um relato do testemunho que João Batista deu
a respeito de Jesus, que declarou que ele mesmo não era o Cristo,
ele disse: “(...) eu não sou o Cristo, mas sou enviado adiante dEle.
(Jo 3.28), e depois ele fala quem realmente é o Senhor Jesus Cristo,
(Jo 3.31) observe que ele fala de Jesus como sendo o próprio Deus,
e esse testemunho não é aceito “v. 32”. E Jesus usa uma expressão
que dá a total autenticidade ao fato de que ele é realmente o Deus
revelado, testemunhado por João Batista, veja (Jo 5.32).

Deus tem personalidade

Nós esperamos de um ser que existe de modo “invisível” no


mínimo uma coisa semelhante a algo que possuímos, embora ele
seja a nossa fonte de vida e obviamente Ele existe desde a eterni-
dade passada. Nós precisamos, portanto de uma conexão com Ele
que nos faça entender como Ele age, pois só assim podemos cami-
nhar para um relacionamento com um ser Todo-Poderoso e “invisí-
vel”. E algo que temos igual a Ele é a personalidade.

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Teologia - A Doutrina de Deus Capítulo – I
Existência • Atributos • Nomes • Decretos A Existência de Deus

Deus revela sua personalidade

“Personalidade é um conjunto de características, tanto sendo


volitivas, físicas, cognitivas como efetivas, de um indivíduo, dis-
tinguindo-o de outro indivíduo e da vida animal”. A seguir vejamos
alguns momentos em que o próprio Deus revelou sua personali-
dade.

• Em muitas ocasiões Deus falou de si mesmo mostrando


assim sua personalidade, Ele disse a Moisés quando foi
questionado a respeito de quem Moisés deveria dizer que
tinha o enviado. Ele responde “EU SOU O QUE SOU”.
Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me
enviou a vós (Êx 3.14). Essa é a expressão mais forte de
alguém que possui uma personalidade.
• Temos um relato escrito pelo profeta Isaias que Deus
chama Abraão de amigo, veja (Is 41.8), nós sabemos bem
que só pode ter um amigo alguém que tem uma persona-
lidade, pois uma amizade exige um relacionamento, e um
relacionamento requer conhecimento pessoal de um para
com o outro, isto fala da personalidade de um modo com-
placente com afeiçoamento pessoal.
• Outra vez que Deus revela sua personalidade, é quando
Isaias está diante de uma grande glória de Deus, mani-
festa no templo. Então Isaias se sente impuro, indigno,
de ver tudo aquilo, veja o que Deus disse a ele (Is 6.8),
observe que alguém só pode ser enviado, se o que for

25
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

enviar estiver com um plano a ser executado, isso fala da


comunicação de um indivíduo com o outro, isto é, a per-
sonalidade revelada no relacionamento.

Jesus revela a personalidade do Pai

Nosso Senhor Jesus veio nos revelar a personalidade do Pai


aos homens, temos alguns relatos que Cristo revela de maneira
clara essa personalidade de Deus Pai.

• Jesus fala de Deus como sendo Pai cerca de 272 vezes,


vemos que em (Jo 20.17) ele Diz “Meu Pai e vosso Pai”
e Ele também no ensinou a orar dizendo: “Pai nosso, que
estás nos céus” (Mt 6.9). Se e Ele é Pai, logo está claro
que Ele tem uma personalidade.
• Jesus também atribuiu ao Pai algumas atividades que in-
dicam que o Pai tem personalidade Ele disse: “Meu Pai
trabalha” (Jo 5.17), “a obra de Deus é esta: que creiais
naquele que Ele enviou” (Jo 6.29), Ele também disse: “o
Pai ama” (Jo 3.35). Essas expressões só podem ser atri-
buídas a uma pessoa, ou seja, Deus tem personalidade.
Ele é um Deus pessoal.

Argumentos que provam a existência de Deus

Há muitos outros argumentos que provam a existência de


Deus, o nosso maior objetivo é trazer de modo simples e fácil de
entender todas essas provas existenciais de nosso Deus. No entanto

26
Teologia - A Doutrina de Deus Capítulo – I
Existência • Atributos • Nomes • Decretos A Existência de Deus

os argumentos a seguir necessitam de um esforço maior para a


compreensão, devido o fato de que o assunto tratado é um tanto
quanto complexo.

O argumento ontológico

Formulado pela primeira vez por Santo Anselmo, Arcebispo de


Canterbury, e reformulado por Alvin Plantinga, esse argumento
diz: “Deus existe, desde que é logicamente possível que Ele
exista”. Este argumento é muito simples, exigindo não apenas uma
crença em Deus, mas uma crença na necessidade de Deus. Se você
acredita que Ele é necessário, então você deve acreditar que Ele
existe.

O contra-argumento: a crítica normalmente lida com o argu-


mento ontológico dizendo que ele é uma “afirmação vazia”, o que
significa que afirma qualidades inerentes apenas a uma declaração
não comprovada, sem qualquer suporte. Também é criticado como
um argumento circular, girando em torno de uma premissa a uma
conclusão que se baseia na premissa, que se baseia na conclusão.
Cá entre nós, simplista ou não, eu acho esse argumento inteligente.
É fato que ninguém provou, sem sombra de dúvida, que Deus
existe, mas ninguém também provou que Ele não existe. Ou seja, é
uma questão de crença a partir de uma necessidade abrangente.

O argumento moral

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Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

Este argumento é muito antigo, e afirma que Deus deve existir


pelo seguinte motivo: primeiro, um aspecto de moralidade é obser-
vado; a crença em Deus é a melhor explicação para essa moralidade
do que qualquer outra alternativa; portanto, a crença em Deus é
preferível a descrença em Deus.

O contra-argumento: este argumento é tecnicamente válido se


os três componentes dele forem aceitos, e a maioria dos críticos se
recusa a aceitar o primeiro. Moralidade, eles argumentam, não é
universal. O homicídio foi perfeitamente aceitável para os soldados
da Primeira Cruzada, que mataram cada homem, mulher e criança
em Jerusalém em 1099. Thomas Hobbes argumenta que a morali-
dade se baseia na sociedade em torno dela, e não é, portanto, obje-
tiva.

O argumento do grau de perfeição

Esse argumento é uma das “Cinco Provas de Deus” de São To-


más de Aquino, e ainda provoca debate. Aqui está a declaração de
Aquino, traduzida do latim (não perfeitamente): “A quarta prova
origina-se dos graus descobertos nas coisas. Pois é descoberto
maior ou menor grau de bondade, de verdade, nobreza e outras coi-
sas. Mas ‘mais’ ou ‘menos’ são termos falados sobre várias coisas
que vão se aproximando de diversas maneiras a algo que é o
‘maior’, assim como no caso do ‘mais quente’ se aproximar do que
seria o ‘maior calor’. Existe, portanto, algo ‘mais verdadeiro’ e
‘melhor’ e ‘mais nobre’, que, em consequência, é o ‘maior ser’. As

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Teologia - A Doutrina de Deus Capítulo – I
Existência • Atributos • Nomes • Decretos A Existência de Deus

coisas que são as maiores verdades são os maiores seres, como


afirma-se na Metafísica. Além disso, o que é o maior e o melhor é,
de outro modo, a causa de todas as coisas pertencentes a ele; assim
como o fogo, que é o maior calor, é a causa de todo o calor, como
é dito no mesmo livro (cf. Platão e Aristóteles). Portanto, existe
algo que é a causa da existência de todas as coisas, e da maior bon-
dade e de toda a perfeição. Chamamos isso de Deus”.

O contra-argumento: a crítica mais prevalente desse argu-


mento considera que não temos de acreditar em um objeto de um
maior grau, a fim de acreditar em um objeto de um menor grau.
Richard Dawkins, um famoso ateu, argumenta que só porque nos
deparamos com um objeto com mau cheiro, não precisamos acre-
ditar em algo que é a coisa mais malcheirosa do mundo.

O argumento da razão

O escritor C. S. Lewis surgiu com esse argumento. Ele afirma


que Deus deve existir, porque: “Supondo que não há nenhuma in-
teligência por trás do universo, nenhuma mente criativa. Nesse
caso, ninguém concebeu meu cérebro para o propósito de pensar.
Trata-se apenas de um acaso, que os átomos no interior do meu
crânio, por razões físicas ou químicas, se organizaram de uma certa
maneira que me dá, como subproduto, a sensação que eu chamo de
pensamento. Mas, em caso afirmativo, como posso confiar em meu
próprio pensamento, que ele é verdadeiro? É como virar uma jarra
de leite na esperança de que a maneira como o leite espirra resulte

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Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

em um mapa de Londres. Mas se eu não posso confiar em meu


próprio pensamento, é claro que eu não posso confiar nos argumen-
tos que levam ao Ateísmo e, portanto, não tenho razão para ser ateu,
ou qualquer outra coisa. Se eu não acreditar em Deus, eu não posso
acreditar no pensamento e não posso usá-lo para não acreditar em
Deus”.

O contra-argumento: essa ideia soa poderosa, e o julgamento


final sobre ela ainda está em debate. Mas o seu principal ponto
fraco é que, no sentido mais estrito, não é uma prova da existência
de Deus, porque requer a suposição de que a mente humana pode
avaliar a veracidade ou falsidade de uma afirmação, e exige que a
mente humana possa ser convencida pela argumentação.

Mas, para rejeitar a hipótese de que a mente humana pode ava-


liar a veracidade ou falsidade de uma afirmação, uma mente hu-
mana tem de assumir que esta afirmação é verdadeira ou falsa, logo
prova que a mente humana pode avaliar a veracidade ou falsidade
de uma alegação. Mas nada disso tem nada a ver com a existência
de Deus. Assim, o argumento é mais tratado como uma refutação
do materialismo naturalista. No entanto, dado que a maioria dos
ateus usa o materialismo naturalista como a fundação de ateísmo,
é um argumento muito viável.

O argumento cosmológico

A prova mais famosa de Deus de Tomás de Aquino é essa, e


você provavelmente já ouviu falar dela de alguma forma. Esse

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Teologia - A Doutrina de Deus Capítulo – I
Existência • Atributos • Nomes • Decretos A Existência de Deus

argumento surgiu antes de Aquino, pelo menos tão cedo quanto


Platão e Aristóteles, e em termos básicos, diz:

1- Todo ser finito e contingente tem uma causa.


2- Nada finito e contingente pode causar a si mesmo.
3- Uma cadeia causal não pode ser de comprimento infinito.
4- Portanto, uma Primeira Causa (ou algo que não é um efeito)
deve existir.

Isto é especialmente impressionante na medida em que foi te-


orizado pelos gregos, numa altura em que o universo não era co-
nhecido por ter tido uma origem, que hoje chamamos de “Big
Bang”. O argumento mudou para a seguinte forma:

1- Tudo que começa a existir tem uma causa.


2- O universo começou a existir.
3- Portanto, o universo teve uma causa.

O contra-argumento: Sequencialmente falando, esses três


pontos são verdade. Mas o segundo ponto requer que o universo
tenha uma causa, e nem todos têm certeza disso. O “Big Bang” é a
teoria mais prevalente na astrofísica hoje, mas há controvérsias se
o universo é infinito ou teve um começo.

Esse argumento também comete a falácia lógica chamada “re-


gressão ao infinito”. Se o universo teve uma primeira causa, o que
causou essa causa em primeiro lugar? A crítica afirma que é injusto
defender a causa de todas as coisas, e, em seguida, defender a única
exceção de uma “Primeira Causa”, que não têm uma causa.

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Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

Argumento teleológico

Esta palavra vem do grego "teleos" (desígnio, fim). Existem


três elementos básicos no Universo que nos obrigam a admitir a
existência de um ser Criador, os quais são:

1- A ordem

2- O desígnio

3- A adaptabilidade

A ordem. apesar de extraordinariamente complexo, o Universo


é de uma ordem perfeita. Isto se observa nos corpos celestes, no
sistema solar, na lei da gravitação, etc.

Os desígnios. da criação que se evidenciam no Universo são


surpreendentes. O homem respira o ar, absorvendo o oxigênio que
lhe é indispensável, e devolve o ar carregado de carbono que lhe é
inútil. Simultaneamente as plantas absorvem o dióxido de carbono
e expelem o oxigênio.

Quanto à adaptabilidade. é o conjunto de faculdades espontâ-


neas de que dispõem o homem e as demais criaturas de se juntarem
à terra e a terra a eles. Isto constitui a harmonia de um mundo de-
senhado com perfeição.

Os elementos imprescindíveis para a subsistência dos seres vi-


vos, como seja água e ar, encontram-se livremente na natureza.
Imagine-se como seria aflitiva a situação do homem se um ele-
mento necessário como o ar tivesse de ser adquirido por dinheiro.

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Teologia - A Doutrina de Deus Capítulo – I
Existência • Atributos • Nomes • Decretos A Existência de Deus

Imagine-se também que, para se saciar a sede, precisasse de fabri-


car água sintética. Felizmente nada disso é necessário porque,
como afirmamos, os elementos indispensáveis como esses, em con-
dições normais da vida adquirem-se facilmente. Por exemplo, os
peixes se adaptam à água, as aves aos ares, o ar aos pulmões, tudo
funcionando de acordo com um plano que envolve Poder, Sabedo-
ria e Bondade. É possível excluir a presença de Deus desse pano-
rama magnífico? Logo podemos definir a tolice de quem nega a
existência de um Deus perfeito e sublime.

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34
CAPÍTULO – II
A COGNOSCIBILID ADE D E DEUS

A
Cognoscibilidade
de Deus

35
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

Cognoscibilidade é o ato qualitativo de um ser, que se dá a ser


conhecido pelos seus aspectos manifestos. Por exemplo você tem
um amigo, ele é cognoscível por que você conheceu ele e agora
você tem uma amizade com ele, obviamente você conhece algumas
personalidades, gostos, e até mesmo o caráter dele. Assim é Deus,
Ele é um ser pessoal, que se deixa ser conhecido, no entanto é de
difícil compreensão.

Deus é incompreensível e cognoscível

Ao se tratar de Deus, a primeira pergunta que logicamente nos


vem à mente é: Podemos conhecer Deus? A questão é necessária
porque de nada nos serviria a existência de um Deus desconhecido.
A resposta a tal questão é apresentada por Francisco Lacueva da
seguinte forma:

Sim, porque nossa razão pode demonstrar sua existência.

Sim, porque em nossa mente há uma capacidade inata que nos


faz intuir sua existência.

Sim, mas só na medida em que Ele mesmo se revela a nós.

Não.

Partindo da ideia de que Deus pode ser conhecido, questiona-


mos: Como tal conhecimento pode chegar até nós? Em outras pa-
lavras, como podemos saber que Deus é realmente aquilo que cre-
mos que Ele seja? A igreja postula que, embora Deus seja incom-
preensível, Ele pode ser conhecido e que este conhecimento é ne-

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Teologia - A Doutrina de Deus Capítulo – II
Existência • Atributos • Nomes • Decretos A Cognoscibilidade de Deus

cessário para:

À salvação (Jo 17.3); À verdadeira adoração (Jo 4.22-24); À


uma relação correta com Deus (Os 6.6); À repreensão à impie-
dade (Os 4.1-6). As Escrituras, mesmo afirmando que Deus pode
ser conhecido, sugerem pelo questionamento que:

Deus não pode ser sondado. “Porventura alcançarás os cami-


nhos de Deus ou chegarás a perfeição do Todo-Poderoso?” (Jó
11.7), (1 Co 2.11).

O homem depende totalmente do Espírito de Deus. “Ora, o


homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, por
que lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, por que elas se
discernem espiritualmente” (1 Co 2.14), e levanta a questão: “Por-
que quem conheceu a mente do Senhor...?” (1 Co 2.16).

O que Paulo pretende deixar claro é que o homem depende do


Espírito de Deus para que lhe possa interpretar o sentido real de
tudo que conhece de Deus e não compreende. Concluímos, por-
tanto, que Deus pode ser conhecido, mas não compreendido; Ele
nos outorgou a possibilidade de conhece-lo até o ponto necessário
para salvação, serviço, fraternidade e maturidade.

Deus é um ser inconcebível

Ao se afirmar que Deus pode ser conhecido não se pretende


com isso dizer que podemos saber tudo o que é verdadeiro com
respeito a Deus. Também não está em vista a ideia de que Deus

37
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

pode ser concebido, isto é, não podemos formar uma imagem men-
tal de Deus. “Conceber é pensar. Portanto, uma concepção é um
pensamento, e não necessariamente uma imagem. (Ex 20.4), (At
17.29). Dizer, pois, que Deus é inconcebível, na linguagem popu-
lar, é simplesmente dizer que Ele é inimaginável...” ou em outras
palavras, qualquer ideia humana de Deus sempre haverá de portar
alguma distorção da realidade do ser divino.

Deus é um ser incompreensível

No que se refere à cognoscibilidade de Deus, reconhecemos


que, embora Deus possa ser conhecido, (Os 6.3), no entanto, não
podemos compreendê-lo. Conhecer Deus é requisito fundamental
para a salvação “E a vida eterna é esta: que conheçam somente a ti,
por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (Jo
17.3). Os tradicionalmente reconhecidos como pais da igreja “fala-
vam do Deus invisível como um ser não gerado, indenominável,
eterno, incompreensível, imutável”. Os escolásticos sustentavam
que “não sabemos o que Deus é em seu ser essencial, mas podemos
saber algo da sua natureza, daquilo que Ele é para nós, como Ele
se revela em seus atributos divinos".

O que significa compreender? “Compreender é ter um com-


pleto e exaustivo conhecimento de um objeto. É entender sua natu-
reza e suas relações. Não podemos compreender a energia, especi-
almente a energia vital. Vemos seus efeitos, mas não podemos en-
tender sua natureza ou modo em que ela age. Seria estranho que

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Teologia - A Doutrina de Deus Capítulo – II
Existência • Atributos • Nomes • Decretos A Cognoscibilidade de Deus

conhecêssemos mais de Deus do que de nós mesmos, ou dos obje-


tos mais familiares do sentido”.

Não se pode compreender o que não se conhece, mas também


nem tudo que se conhece pode ser compreendido. A exemplo disso,
temos a vida. Ela é um mistério para o homem; é algo que possuí-
mos, mas que transcende nossa compreensão de existência. Nós
conhecemos e comprovamos a sua realidade, mas ninguém conse-
gue explicar racionalmente sua consistência, nem a manter sob o
controle de quem a possui.

Conhecimento, “é a percepção da verdade. Tudo o que a mente


percebe, intuitiva ou racionalmente, ser verídico, isso ela conhece”.
Com respeito ao que está fora de nós, quando nossas ideias ou con-
vicções acerca disso correspondem ao que a coisa realmente é, en-
tão a conhecemos.

Nosso conhecimento de Deus é parcial e inadequado

Para explicar o sentido da parcialidade do nosso conhecimento


de Deus, Hodge diz: “Há infinitamente mais em Deus do que po-
demos saber; e o que conhecemos, conhecemos imperfeitamente
[...]. Sabemos que Ele age; mas não sabemos como Ele o faz, nem
a relação que sua atividade tem com o tempo ou com as coisas fora
dele”.

Na tentativa de nos esclarecer essa verdade, o apóstolo Paulo,


diante da perplexidade humana, ao questionar os atos e a vontade
soberana de Deus, pergunta a cada um de nós: “Mas ó homem,
39
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

quem és tu que a Deus replica? Porventura, a coisa formada dirá ao


que a formou: por que me fizeste assim?” (Rm 9.20). Buscando
provar que o pecado danificou a natureza humana, obscurecendo
sua percepção espiritual, Paulo testifica de sua própria incapaci-
dade de conhecer a si mesmo, ao declarar: “Porque o que faço, não
o aprovo, pois o que quero, isso não faço; mas o que aborreço, isso
faço.”(Rm 7.15). Se o homem, por mais espiritual que seja, não
sabe explicar o mistério do pecado na vida do regenerado, como
poderá compreender Deus?

A revelação geral de Deus

As Escrituras nos testificam que há duas formas específicas


pelas quais Deus, ao longo da história, tem se revelado: por meio
da natureza e através de seu Filho Jesus Cristo. No que diz respeito
à natureza, as Sagradas Escrituras, nos declara:

• (Sl 19.1) “Os céus proclamam a glória de Deus, e o fir-


mamento anuncia a obra das suas mãos”.
• (At 14.17) “Contudo, não se deixou ficar sem testemu-
nho de si mesmo, fazendo o bem, dando-vos do céu chu-
vas e estações frutíferas, enchendo o vosso coração de
fartura e de alegria”.
• (Rm 1.19-20) “Porquanto o que de Deus se pode conhe-
cer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Por-
que as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo,
tanto o seu eterno poder como a sua divindade, se

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Teologia - A Doutrina de Deus Capítulo – II
Existência • Atributos • Nomes • Decretos A Cognoscibilidade de Deus

entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão


criadas, para que eles fiquem inescusáveis;

No versículo 20, Paulo diz: “os atributos invisíveis de Deus,


desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder como a sua
divindade se entendem e claramente se vêem pelas coisas que fo-
ram criadas, de modo que eles são inescusáveis”. Isto significa que
a natureza existente testifica da realidade do ser de Deus de tal
forma que é possível qualquer ser humano normal ter uma percep-
ção clara de Deus (“... se entendem e claramente se vêem...").

As Escrituras também deixam claro que até mesmo através da


História Deus se revelou. A ação histórica de Deus, não só em sua
relação com Israel como também em relação às demais nações, é
testificada com destaque por toda a Bíblia. Reis e nações são exal-
tados ou abatidos por Deus que se identifica como Legislador e Juiz
nos céus e na terra. Nações e impérios mundiais foram alvo da ação
poderosa de Deus: Egito (cf. Ex 9.13-17), (cf. Jr 46.14-26); Assíria
(cf. Is 10.12-19), (cf. Ez 31.1-4), (cf. Na 3.1-7), Babilônia (cf. Jr
50.1-10), (cf. Jr 51.1-4), Todo o Antigo Testamento compõe um
registro da relação entre Deus e Israel e suas implicações com as
demais nações do seu contexto histórico e geográfico.

A eficácia da revelação geral

De acordo com a teologia natural (corrente teológica que for-


mula uma doutrina da revelação divina através da natureza, da his-
tória e da personalidade humana), “é possível ao homem chegar a

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Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

um conhecimento genuíno de Deus, baseando-se apenas na razão,


sem um compromisso de fé anterior com as crenças do cristianismo
e sem nenhuma dependência de alguma autoridade especial, tais
como uma instituição (a igreja) ou um documento (a Bíblia). A ra-
zão aqui refere-se à capacidade humana de descobrir, compreender,
interpretar e analisar a verdade”.

Franklin Ferreira, abordando o tema da revelação divina, re-


porta-se à teologia natural de Tomás de Aquino como um dos fun-
damentos mais sólidos da teologia da Igreja Católica Romana
usada para comprovar a existência de Deus e descobrir algo sobre
seus atributos, a partir dos fatos e evidências observados na criação.
Ele expõe o pensamento de Tomás de Aquino em sua teologia na-
tural, apontando as doutrinas da natureza e da graça como dois co-
nhecimentos (o natural e o revelado) e dois métodos para conhecer
e saber (a razão e a fé). Ele depõe que “no nível inferior, o ser hu-
mano pode obter um conhecimento básico de Deus pelo estudo da
natureza e dos argumentos filosóficos” e expõe os cinco caminhos,
ou provas da existência de Deus que Tomás de Aquino propôs cujo
qual já vimos anteriormente.

A revelação especial de Deus

Enquanto o Antigo Testamento dá ênfase à revelação geral de


Deus através da História, o Novo Testamento concentra a manifes-
tação da pessoa e dos atos de Deus em Jesus Cristo, o Messias. Tal
revelação é luz para Israel que deve ser compartilhada com todas

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Teologia - A Doutrina de Deus Capítulo – II
Existência • Atributos • Nomes • Decretos A Cognoscibilidade de Deus

as nações (cf. Lc 2.25-32), (cf. Mt 28.19-20), (cf. At 1.8). Com res-


peito à revelação de Deus em Cristo, a Bíblia diz:

• (cf. Jo 1.18) “Ninguém jamais viu a Deus; o Filho unigê-


nito, que está no seio do Pai, é quem o revelou”.
• (cf. Hb 1.1-2) “Havendo Deus, outrora, falado, muitas
vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nes-
tes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu
herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o uni-
verso”.
• (cf. Jo 12.45) “E quem me vê a mim vê aquele que me
enviou”.
• (cf. Jo 14.9-11) “Disse-lhe Jesus: Filipe, há tanto tempo
estou convosco, e não me tendes conhecido? Quem me
vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai? Não
crês tu que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As
palavras que eu vos digo não as digo por mim mesmo;
mas o Pai, que está em mim, é quem faz as obras. Crede-
me que estou no Pai, e o Pai, em mim; crede ao menos
por causa das mesmas obras”.

A revelação de Deus em Cristo é comunicada por meio da en-


carnação do Logos Divino (Jo 1.1-3) interagindo no mundo, bus-
cando reconciliá-lo consigo mesmo (2 Co 5.19). Em Cristo, o Deus
Eterno, criador e sustentador do universo manifestou sua natureza
em toda a sua plenitude (Cl 1.15-17), falando aos homens e reali-
zando o plano da redenção (Hb 1.1-3). Desta forma, Cristo é o

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Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

centro da História e da revelação. Nele Deus revelou Sua existên-


cia, Sua natureza e Sua vontade. Em Cristo, todas as promessas de
Deus têm Seu “Sim” e Seu “Amém” (2 Co 1.20), sua afirmação e
sua confirmação seladas e definidas; tanto que o Espírito Santo se
limitará a ensinar e recordar o que Cristo revelou sem pretender
incrementar “novas revelações” (Jo 14.26).

O homem espiritual tem a mente de Cristo (1 Co 2.15-16) e


nunca agirá irracionalmente. O “culto racional” (lógico, que faz
sentido), do qual Paulo fala, consiste na consagração total do ho-
mem; e a renovação da sua mente o levará a “experimentar” (co-
nhecer pela experiência de vida espiritual) a vontade de Deus. Fé e
razão andam juntas na vida espiritual. As Escrituras estabelecem
como condição para a salvação do homem “o conhecer a Deus” (Jo
17.3), sendo que tal conhecimento é adquirido por meio da fé, mas
assimilado pela razão humana. Portanto, para se crer, é preciso ou-
vir (Rm 10.14-17).

O pensamento do autor de Hebreus

Segundo (Hb 11.1), fé é a convicção interior tanto da realidade


invisível como da realidade futura. O futuro só se concretiza na
medida em que é concebido pela fé. Disse Agostinho: “Fé é crer
naquilo que não se vê; e a recompensa dessa fé é ver o que se crê”.
Portanto, o conhecimento do invisível adquire-se pela fé, mas a
compreensão da realidade invisível se efetua através da razão, isto
é, de uma mente renovada (Ef 1.15-17), (Ef 4.13). Por meio da fé

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Teologia - A Doutrina de Deus Capítulo – II
Existência • Atributos • Nomes • Decretos A Cognoscibilidade de Deus

é possível o homem trazer ao mundo visível algo que, por meio da


ciência, ele não consegue tornar concreto. Nisto se baseia a reali-
dade dos milagres e a resposta das orações (Mt 21.22). Pela fé, o
invisível torna-se visível, o impossível torna-se possível e a reali-
dade pode ser alterada (Hb 11.11), (Hb 11.22-33).

A Bíblia promete que Deus sempre será achado por aqueles


que o buscam (cf. Jr 29.13), (cf. Is 55.6). Aquele que busca a Deus
certamente crê nele. Qualquer relacionamento que o homem queira
manter com Deus só poderá conseguir por meio da fé e com credi-
bilidade (cf. Hb 11.6). Portanto, o conhecimento real de Deus só
pode ser adquirido pelo homem por meio da fé, com a iluminação
do Espírito Santo, a partir das Escrituras.

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CAPÍTULO – III
OS ATRIBUTOS D E DEUS EM G ER AIS

Os Atributos de
Deus em Gerais
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

Avaliação dos termos empregados

O nome “atributos” não é ideal, o motivo é que este termo


transmite a noção de acrescentar ou consignar alguma coisa a al-
guém, e, portanto, pode criar a impressão de que alguma coisa é
acrescentada ao Ser Divino. Indubitavelmente o termo “proprie-
dade” é melhor, no sentido de indicar algo que é próprio somente
de Deus. Naturalmente, dado que alguns dos atributos são comuni-
cáveis, o caráter absoluto do próprio é enfraquecido, pois, naquela
extensão, alguns dos atributos não são próprios de Deus no sentido
absoluto da palavra. Mas, mesmo que este vocábulo sugere uma
distinção entre a essência ou natureza de Deus e aquilo que lhe é
próprio. De modo geral, é preferível falar das “perfeições” ou “vir-
tudes” de Deus, com o definido entendimento, porém de que, neste
caso, o termo “virtudes” não é empregado em sentido simples-
mente ético. Agindo assim:

• seguimos o uso da Bíblia, que emprega o termo arete,


traduzido por virtudes ou excelências em 1 Pe 2.9; e
• evitamos a ideia de que alguma coisa é acrescentada ao
Ser de Deus como muitos fazem. Suas virtudes não são
adicionadas ao seu Ser, mas, antes, o seu Ser é o pleroma
de Suas virtudes e nestas se revela. Os atributos de Deus
podem ser definidos como as perfeições que constituem
predicados do Ser Divino nas Escrituras, ou que são visi-
velmente exercidas por Ele em Suas obras de criação,

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Teologia - A Doutrina de Deus Capítulo – III
Existência • Atributos • Nomes • Decretos Os Atributos de Deus em Gerais

providência e redenção. Se continuamos a empregar o


nome “atributos”, é porque é comumente utilizado, e o
fazemos com claro entendimento de que se deve excluir
rigidamente a noção de algo acrescentado ao Ser de Deus.

Método de determinação dos atributos de Deus

Em sua tentativa de elaborara um sistema de teologia natural,


os escolásticos firmaram três modos pelos quais determinar os atri-
butos de Deus, modos que eles denominam via casualidade, via
negativa e eminente.

Pela via da causalidade subimos dos efeitos que vemos no


mundo que nos cerca para a ideia de uma causa primeira, da con-
templação da criação para a ideia de um onipotente Criador, e da
observação do governo moral no mundo para a ideia de um gover-
nante poderoso e sábio. Pela via da negação retiramos de nossa
ideia de Deus todas as imperfeições vistas em suas criaturas, como
incoerentes com a ideia de um Ser perfeito, e lhe atribuímos as res-
pectivas perfeições opostas. Apoiados neste princípio, dizemos que
Deus é independente, infinito, incorpóreo, imenso, imortal e in-
compreensível. E finalmente, pela via da eminência atribuímos a
Deus, de modo mais eminente, as perfeições relativas que desco-
brimos no homem, segundo o princípio de que o que existe num
efeito, preexiste em sua causa, e ainda, no sentido mais absoluto,
em Deus como ser perfeitíssimo. Este método pode atrair alguns,
porque é parte do conhecido para o desconhecido, mas não é o

49
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

método apropriado para a teologia dogmática. Tem como ponto de


partida o homem e tira suas conclusões partindo daquilo que ele
encontra no homem para o que se acha em Deus. E, na medida em
que age deste modo, faz o homem a medida de Deus. Certamente
não é um modo de proceder teológico. Além do mais, baseia o seu
conhecimento de Deus em conclusões humanas, em vez de baseá-
lo no ato de auto revelação de Deus em Sua palavra divina. Ora, a
bíblia é a única fonte adequada de conhecimento de Deus. Con-
quanto se possa seguir aquele método na teologia natural, assim
chamada, não se enquadra numa teologia da revelação.

Ritschl pretende que partamos da ideia de que Deus é amor, e


gostaria que indagássemos o que é que está envolvido nessa ideia
sumamente característica de Deus. Desde que o amor é pessoal,
implica a personalidade de Deus e, assim, dá-nos um princípio para
a interpretação do mundo e da vida do homem. O pensamento de
que Deus é amor leva consigo a convicção de que Ele pode realizar
o Seu propósito de amor, isto é, de que a Sua vontade é suprema-
mente efetiva no mundo. Isto dá a ideia de um Criador Todo-Pode-
roso. E, em virtude deste pensamento básico, afirmamos também a
eternidade de Deus, desde que, dominando todas as coisas para a
concretização do Seu Reino, Ele vê o fim desde o princípio. Com
engenho um tanto similar, diz o Dr. W. A. Brown: “Obtemos o
nosso conhecimento dos atributos analisando a ideia de Deus, que
já recebemos da revelação em Cristo; e os dispomos de molde a
levar os traços distintivos dessa ideia à sua mais clara expressão”.

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Teologia - A Doutrina de Deus Capítulo – III
Existência • Atributos • Nomes • Decretos Os Atributos de Deus em Gerais

Existem muitos outros métodos, mas todos têm seu ponto de par-
tida na experiência humana, e não na Palavra de Deus. Deliberada-
mente ignoram a clara revelação que Deus nos dá de Si mesmo nas
Escrituras e exaltam a ideia do descobrimento humano de Deus. Os
que se apoiam em tais métodos têm uma ideia exagerada da sua
capacidade de revelar Deus e de determinar a natureza de Deus in-
dutivamente, mediante “métodos científicos” reconhecidos. Ao
mesmo tempo, fecham os olhos para a única avenida pela qual po-
Deus, a saber, a Sua revelação
deriam obter real conhecimento de Deu,
especial, evidentemente esquecidos do fato de que somente o Espí-
rito de Deus pode sondar e revelar as profundezas de Deus, a nós.
O próprio método de que se utilizam os compele a arrastar Deus
para baixo, ao nível do homem, a salientar a Sua imanência em
detrimento da Sua transcendência, e a fazer dEle um Ser em conti-
nuidade com o mundo. E como resultado final da sua filosofia, te-
mos um Deus feito à imagem do homem. William James condena
todo intelectualismo em religião e sustenta que a filosofia, na forma
de teologia escolástica, falha tão completamente na tentativa de de-
finir os atributos de Deus cientificamente, como na de estabelecer
a Sua existência. Após apelar para o livro de Jó, diz ele: “O racio-
cínio é um caminho relativamente superficial e irreal para a Divin-
dade”. James conclui a sua discussão com estas significativas pa-
lavras: “com toda sinceridade, penso que devemos concluir que a
tentativa de demonstrar, por meio de processos puramente intelec-
tuais, a veracidade das comunicações e experiências religiosas

51
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

diretas, é absolutamente frustrante”. Ele tem mais confiança no mé-


todo pragmático que procura um Deus que satisfaça as necessida-
des práticas do homem. Em sua opinião, é suficiente crer que “além
de cada homem e de maneira contínua com ele, existe um poder
maior que lhe é amistoso, a ele e aos seus ideais. Tudo que os fatos
exigem é que o poder seja altamente maior que o nosso ser pessoal
consciente. Qualquer coisa maior servirá, se tão somente for bas-
tante grande para inspirar confiança para o próximo passo. Não pre-
cisa ser infinito, não precisa ser solitário. Poderia até, concebivel-
mente, ser apenas um ser um pouco maior e mais divino, um ser do
qual o atual seria então uma expressão mutilada, e, concebivel-
mente, o universo poderia ser uma reunião de tais seres, de dife-
rente grau e inclusivamente, sem nenhuma unidade absoluta nela
presente de fato”. Assim, o que nos deixa é a ideia de um Deus
finito.

A única maneira apropriada pela qual obter conhecimento dos


atributos divinos perfeitamente confiável é o estudo da auto reve-
lação de Deus nas Escrituras. É na verdade a partir da bíblia que
podemos adquirir algum conhecimento da grandeza e poder de
Deus, de Sua sabedoria e bondade, e também pelo estudo da natu-
reza, mas para uma adequada concepção, mesmo destes atributos,
será necessário voltar-nos para a palavra de Deus. Na teologia da
revelação procuramos aprender da palavra de Deus quais são os
atributos do Ser Divino. Naturalmente, para a apropriação e enten-
dimento deste conhecimento revelado, é da maior importância que

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Teologia - A Doutrina de Deus Capítulo – III
Existência • Atributos • Nomes • Decretos Os Atributos de Deus em Gerais

o homem tenha sido criado à imagem de Deus e, portanto, encontre


úteis analogias em sua própria vida. Em distinção do método a pri-
ori dos escolásticos, que deduziam os atributos da ideia de um Ser
perfeito, este método pode ser denominado a posteriori, desde que
toma o seu ponto de partida, não em um Ser perfeito e abstrato, mas
na plenitude da auto revelação divina, e, à luz desta, procura co-
nhecer o Ser Divino.

Sugestões feitas quanto às divisões dos atributos de Deus

A questão da classificação dos atributos divinos tem ocupado


a atenção dos teólogos por longo tempo. Várias classificações têm
sido sugeridas, a maioria das quais distingue duas classes gerais.
Estas classes são designadas por diferentes nomes e representam
diferentes pontos de vista, mas substancialmente são as mesmas,
nas diversas classificações. Destas, as mais importantes são as se-
guintes:

• Uns falam de atributos naturais e atributos morais. Os primei-


ros, como auto existência, simplicidade, infinidade, etc., per-
tencem à natureza constitutiva de Deus, de maneira distinta
de Sua vontade. Os últimos, como na verdade, bondade, mi-
sericórdia, justiça, santidade, etc., qualificam-no como um
Ser moral. A objeção a essa classificação é que os atributos
morais, assim chamados, são tão verdadeiramente naturais
(isto é, originais) em Deus como os demais. Dabney prefere
esta divisão, mas, em vista da objeção levantada, admite que

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Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

os termos não são felizes. Ele opta por falar em atributos mo-
rais e não morais.
• Outros distinguem entre atributos absolutos e relativos. Os
primeiros pertencem à essência de Deus, considerada em si
mesma, ao passo que os últimos pertencem à essência divina,
considerada em relação à Sua criação. A primeira classe in-
clui atributos como auto existência, imensidade e eternidade;
a outra, atributos como onipresença e onisciência. Esta divi-
são parece partir do pressuposto de que podemos ter algum
conhecimento de Deus como Ele é em si mesmo, inteiramente
à parte das relações que mantém com as Suas criaturas. Mas
não é assim, e, portanto, falando com propriedade, todas as
perfeições de Deus são relativas, indicando o que Ele é em
relação ao mundo. Evidentemente Strong não reconhece a ob-
jeção e dá preferência a esta divisão.
• Ainda outros dividem as perfeições divinas em atributos ima-
nentes ou intransitivos e imanentes ou transitivos. Strong
combina esta divisão com a anterior quando fala de atributos
absolutos ou imanentes e relativos ou transitivos. Os primei-
ros são aqueles que não se expõe nem operam fora da essên-
cia divina, mas permanecem imanentes, como imensidade,
simplicidade, eternidade, etc.; e os últimos são os que se ex-
põem e produzem efeitos externos quanto a Deus, como oni-
potência, benignidade, justiça, etc. Mas se alguns dos atribu-
tos divinos fossem puramente imanentes, todo conhecimento

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Teologia - A Doutrina de Deus Capítulo – III
Existência • Atributos • Nomes • Decretos Os Atributos de Deus em Gerais

deles estaria excluído, ao que parece. H.B. Smith observa que


cada um deles deve ser ao mesmo tempo imanente e transi-
tivo.
• A distinção mais comum é entre atributos incomunicáveis e
comunicáveis. Os primeiros são aqueles aos quais nada aná-
logo existe na criatura, como asseidade, simplicidade, imen-
sidade, etc.; os últimos, aqueles com os quais as propriedades
do espírito humano têm alguma analogia, como bondade, mi-
sericórdia, retidão, etc. Esta
esta distinção não achou nenhum fa-
vor da parte dos luteranos, mas sempre foi popular nos círcu-
los calvinistas, e se encontra em obras representativas como
as dos professores de Leyden, Mastricht e Turretino. Todavia,
desde o princípio percebeu-se que a distinção é insustentável,
se não houver ressalva, visto que, de certo ponto de vista, to-
dos os atributos podem ser denominados comunicáveis. Ne-
nhuma das perfeições divinas é comunicável, na infinita per-
feição em que estas, existem em Deus e, ao mesmo tempo, há
no homem tênues vestígios até mesmo dos chamados atribu-
tos incomunicáveis de Deus. Entre os teólogos reformados
mais recentes há uma tendência para descartar-se desta dis-
tinção em favor de algumas outras divisões. Kuyper se ex-
pressa como estando insatisfeito com ela e, apesar disso, a
reproduz em sua proposta, virtutes per antithesin e virtutes
per synthesin; e Bavinck, depois de seguir outra ordem na pri-
meira edição da sua dogmática, retorna a ela na segunda

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Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

edição, e, finalmente, os Hodge, H.B. Smith e Thornwell se-


guem uma divisão sugerida pelo Catecismo de Westminster
(presbiteriano). Contudo, a classificação dos atributos em
duas classes principais, como se vê na distinção que estamos
considerando, é o fato inerente a todas as outras divisões, de
modo que todas estão sujeitas à objeção de que evidente-
mente dividem o Ser de Deus em duas partes, que primeiro
discute Deus como um Ser pessoal. Pode-se dizer que essa
forma de tratamento não resulta numa concepção unitária e
harmoniosa dos atributos divinos. Todavia, esta dificuldade
pode ser aplainada quando se entender claramente que as
duas classes de atributos mencionadas não são estritamente
coordenadas, mas que os atributos pertencentes à primeira
classe qualificam os pertencentes à segunda, de sorte que se
pode dizer que Deus é único, absoluto, imutável e infinito em
Seu conhecimento e sabedoria, em Sua bondade e amor, em
Sua graça e misericórdia, em Sua justiça e santidade. Tendo
isto em mente, e também lembrando que nenhum dos atribu-
tos de Deus é incomunicável no sentido de que eles estão no
homem como estão em Deus, não vemos razão por que nos
afastar da velha divisão que se tornou tão familiar na teologia
reformada. Por razões práticas, parece mais desejável con-
servá-la.

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Teologia - A Doutrina de Deus Capítulo – III
Existência • Atributos • Nomes • Decretos Os Atributos de Deus em Gerais

Definição acerca da classificação dos atributos de Deus

No entanto vale ressaltar que quando argumentamos: “nenhum


dos atributos de Deus é incomunicável”, o objetivo é informa que
o homem tem no seu interior a operação de Deus pelo Espírito
Santo que é o próprio Deus, isto não faz com que seja excluído de
Deus os seus atributos incomunicáveis como sendo unicamente
dEle. Portanto uma definição bem clara é: Os atributos comunicá-
veis são aqueles que a nós foi outorgado quando fomos criados, ou
seja, a capacidade de exercer amor, paz, bondade, justiça e outros,
isso Deus tem em Si mesmo e nós temos por que Ele nos deu. E os
incomunicáveis são aqueles que Ele tem de modo absoluto, por
exemplo: onipresença; nós não somos onipresentes, ou seja, esse
atributo e outros dessa classe é exclusivamente dEle.

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58
CAPÍTULO – IV
DEUS SE R EVELA ATRAV ÉS DO S ATRI BUTOS D A SUA DIVI NDADE

Deus se
Revela através
dos
Atributos da sua
Divindade

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Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

Atributo é uma característica essencial de um ser, aquilo que


lhe é próprio. Os atributos da divindade de Deus são singulares e
perfeitos. Pertence a Ele de modo absoluto.

Deus é eterno

Muitas vezes a Bíblia fala da eternidade de Deus como sendo


algo incrível. Em (Jr 10.10) a Bíblia fala dessa eternidade mos-
trando que de modo nenhum pode ser adquirido por Deus, mais sim
é algo que lhe é próprio. Significa dizer que Deus é absolutamente
infinito em relação ao tempo.

O principal motivo de não conseguirmos definir em expressões


a eternidade de Deus é devido nós sermos limitados ao tempo, um
exemplo disso é que não podemos viver o amanhã, mas aquEle que
é eterno já vivenciou todos os tempos, passados, presente e futuro.
Ou seja, Ele não se limita ao tempo por que o tempo está nEle Ele
é a causa do tempo. Para Deus o passado, presente e futuro é um
eterno presente. Vejamos o que a Bíblia diz a respeito da eternidade
de Deus a seguir

• (Gn 21.33) veja que desde a antiguidade os grandes ho-


mens de Deus já tinham em mente esse pensamento do
Ser de Deus como sendo eterno.
• (Sl 102.27) aqui vemos o salmista reconhecendo de ma-
neira objetiva e convicta que nosso Deus sempre será o
mesmo e os seus dias nunca terão fim.

60
Capítulo – IV
Teologia - A Doutrina de Deus Deus se Revela Através dos
Existência • Atributos • Nomes • Decretos Atributos da Sua Divindade

• (Sl 90.2) observe que Moisés faz essa declaração em sua


oração justamente quando ele está exaltando a Deus por
ter sido o refúgio nas horas difíceis, vemos que no dia da
fraqueza de Moisés ele declara que esse atributo de Deus
é algo que lhe é próprio.

“Deus possui a totalidade de sua existência em um presente


indivisível”.

Deus é inalterável

A eternidade é o infinito quando aplicado ao tempo. Ou seja,


Deus não tem início meio e muito menos fim (Hc 1.12) Ele
ele é auto
existente. E ninguém pode alterar isso, nós podemos ser alterados
quando o Senhor bem entender, agora Ele, não a quem possa o fa-
zer ser diferente do que Ele foi, do que Ele é e sempre será.

Deus é imortal

A Bíblia fala que Deus é imortal, (1 Tm 1.17), (1 Tm 6.16),


Jesus a expressa imagem de Deus, na carta aos Hebreus é dito que
Ele não é como os sacerdotes que morreram e foram impedidos de
permanecer, (Hb 7.23), mas Ele, Cristo nosso Senhor é imortal (Hb
7.24).

Deus é imutável

Nosso Deus sempre será o mesmo Deus (Hb 13.8), nunca Ele
poderá ser mudado por quem quer que seja. Ele é extremamente

61
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

10 é de saber de todos nós que só é


perfeito (Mt 5.48), (1 Co 13.30),
necessária uma mudança naquilo ou em alguém, que é ruim ou que
precisa melhorar. Mas Deus não precisa melhorar, pois Ele é sem
sombra de dúvida o Deus soberano (Dt 10.17), (Sl 135.5), magní-
fico (Sl 95.3),KJA extraordinariamente incalculável na sua beleza e
perfeição, nosso Deus é formidável (Sl 89.7)ACF. Ele jamais pode
tomar atitudes que não esteja em harmonia com sua personalidade,
Ele não pode negar a si mesmo (2 T 2.13).

Deus é vivo

A vida de Deus é inteiramente imanente e inerente. Ou seja,


está nEle de modo inseparável, além disso, não foi outorgado a Ele.
Ele vive por Si só, não depende de ninguém para viver. Ao oposto
de nós que dependemos dEle para termos vida, Ele é a fonte de
vida. E por isso não devemos nos apartar dos seus princípios.

Logo se Deus tem vida em Si mesmo, Ele pode se comunicar


com alguém que tem vida, por isso precisamos sempre interagir
com Ele. O nosso Deus vive, está nos céus e faz tudo que lhe apraz
(Sl 115.3). Ele é o Deus vivo e verdadeiro (1 Ts 1.9), (At 14.15).

Deus é a fonte da vida

Deus pelo seu infinito amor nos deu a vida (Jo 5.26), para que
nós possamos adorá-lo na beleza de sua santidade, (Sl 96.9), a Pa-
lavra de Deus também diz para todos os que tem vida louvar a Ele
(Sl 150.6) Deus é a fonte de todos os tipos de vida.

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Capítulo – IV
Teologia - A Doutrina de Deus Deus se Revela Através dos
Existência • Atributos • Nomes • Decretos Atributos da Sua Divindade

(a) Vida espiritual (1 Co 15.46)

(b) Vida humana (Gn 2.7)

(c) Vida orgânica (Gn 1.12)

(d) Vida animal (Gn 2.20-25)


124)

(e) Vida eterna (Jo 3.16)

Deus é Espírito

Este termo não é a mesma coisa que a qualificação “espiri-


tual”; Está relacionado com o substantivo “espírito”; no caso do
salvo, relaciona-se ao Espírito Santo. A Palavra de Deus afirma:
“Deus é Espírito” (Jo 4.24). Seu Ser, portanto, não se compõe de
matéria. Jesus disse que “espírito não tem carne nem ossos” (Lc
24.39). Um espírito é uma substância imaterial, invisível e indes-
trutível.

E mudaram a gloria do Deus incorruptível em semelhança da


imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de
repteis (Rm 1.23). O qual é imagem do Deus invisível, o primogê-
nito de toda a criação (Cl 1.15). Ora, ao Rei dos séculos, imortal,
invisível, ao único Deus seja honra e gloria para todo o sempre.
Amem! (1 Tm 1.17).

O termo grego traduzido por “imortal” (1 Tm 1.17), em nossas


versões portuguesas da Bíblia, é “aphthartos”, que literalmente
significa “incorruptível”. O adjetivo em questão foi traduzido dessa
mesma forma na versão inglesa Young’s Literal Translation of the

63
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

Holy Bible e também aparece em (Rm 1.23). Ser espírito, por con-
seguinte, não implica impessoalidade, e sim qualidade perene, im-
perecível. O Senhor Jesus disse que Deus tem voz e forma, mas
isso é incomparavelmente infinito: “Vós nunca ouvistes a sua voz,
nem vistes o seu parecer” (Jo 5.37).

Deus é incomensurável

Incomensurabilidade é o infinito quando aplicado ao espaço.


Assim como é impossível imaginar a forma de Deus, também é
impossível medir, pesar ou fazer algum cálculo a respeito de Deus.

Não existem números ou expressões que possam nos fazer


compreender Deus (SI 71.15), (Sl 40.5) e (Sl 139.6,17,18). Medida
nenhuma pode dar uma ideia da sua grandeza Ele é absolutamente
incalculável (Jó 11.9), (1 Rs 8.27).

Nenhum cálculo de peso pode fazer-nos compreender o seu


“peso de glória” (2 Co 4.17). Deus é espírito, e na sua imensidade
não está sujeito ao espaço.

Deus é invisível

Sendo Deus Espírito, Ele não se compõe de matéria. Isto não


impede que Ele esteja presente no meio do seu povo. Não somente
Noé (Gn 5.29) ou Enoque (Gn 5.24) andavam com o Deus invisí-
vel. E o privilégio de cada crente (Cl 2.6), (1 Ts 4.1), “Porque an-
damos por fé e não por vista” (2 Co 5.7).

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65
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

66
CAPÍTULO – V
OS ATRIBUTOS I NCOM UNIC ÁVEI S D E DEUS

Os Atributos
Incomunicáveis
de Deus

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Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

Esses atributos são aqueles que só Deus tem de modo exclu-


sivo e absoluto, isto é, Ele não compartilhou com sua criação.

Deus é onipresente

Que significa onipresença

Onipresença, palavra formada por dois vocábulos “Latinos”


“OMNIS” (tudo, todo) e “PRAESUM” (estar próximo de), Deus
relaciona-se com tudo e todos ao mesmo tempo. Está presente em
toda a sua personalidade. Não há como fugir da presença de Deus.
“Para onde me irei do teu Espírito ou para onde fugirei da tua face?
Se subir ao céu, tu aí estás; se fizer no Seol a minha cama, eis que
tu ali estás também; se tomar as asas da alva, se habitar nas extre-
midades do mar, até ali a tua mão me guiará e a tua destra me sus-
terá” (SI 139.7-10) .

Deus disse: “Não encho eu os céus e a terra?” (Jr 23.24), (Sl


72.19) O rei Salomão disse na sua inspirada oração: “Eis que os
céus e até o céu dos céus te não poderiam conter” (1 Rs 8.27). Isso
fala da onipresença de Deus, a qual é possível porque Ele é espírito
(Jo 4.24). Ele não está sujeito à matéria! Para Ele não existe espaço
nem tempo. Deus se move com a mesma facilidade do nosso pen-
samento, que em um dado momento pode estar em um lugar e no
instante seguinte em outro. Assim como o centro de uma circunfe-
rência está à mesma distância de qualquer ponto da periferia, assim

68
Capítulo – V
Teologia - A Doutrina de Deus Os Atributos Incomunicáveis
Existência • Atributos • Nomes • Decretos de Deus

também Deus está perto de qualquer ponto do universo. A Bíblia


diz a respeito de Deus: “Seus olhos passam por toda a terra” (2 Cr
16.9). Não existe, portanto, “um Deus nacional” ou “Deus local”,
porque Ele é o Deus do universo. Por isso está escrito que Ele “não
está longe de nenhum de nós” (At 17.27), (Rm 10.6-8).

A onipresença é volitiva

A onipresença de Deus não é uma obrigação imposta a Ele,


que o acompanha, queira ou não, assim como a nossa respiração
nos acompanha enquanto vivermos. Deus está onde Ele quiser!
Nem tampouco significa a sua onipresença que Ele está presente na
matéria, como os panteístas afirmam. Se Deus estivesse na matéria,
ela então seria divina. Deus é o Criador e é Senhor sobre a sua cri-
ação. Ele habita nos céus, e está onde quer. A onipresença também
não significa que enquanto uma parte de Deus está em um lugar,
outra parte está em outro. Deus é indivisível. Onde Ele estiver ali
está em toda a sua plenitude.

Aplicação prática da onipresença de Deus

Deus está em todo lugar. “Os olhos do Senhor estão em todo


lugar” (Pv 15.3). “E está vendo a todos os filhos dos homens” (SI
33.13). Por isso, não é possível alguém se esconder de Deus. “Es-
conder-se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu não o veja?”
(Jr 23.24), (Jr 16.17), (Am 9.2-3), (SI 139.7-10) Deus vê e está pre-
sente, ainda que alguém diga: “O Senhor não vê” (Ez 9.9), porém

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Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

não há criatura alguma encoberta diante dEle; antes , todas as coi-


sas estão nuas e patentes aos olhos daquEle com quem temos de
tratar (Hb 4.13).

Deus está presente em todo lugar, e por isso podemos chamá-


lo para ser nossa testemunha (Rm 1.9). A Bíblia diz: “A testemunha
no céu é fiel” (Sl 89.37). Nos caminhos do Senhor, a sua presença
irá conosco (Êx 33.14-15) e na sua presença há abundância de ale-
gria (cf. Sl 16.11). Deus também está presente na hora da angústia
(Sl 46.1), (Sl 86.15). Por isso a angústia do seu povo é também a
angústia dEle (Is 63.9). A ajuda de Deus está perto (Sl 121.1-5).

A onipresença de Deus explica por que Ele se manifesta,


quando os crentes se reúnem. “Ele é a plenitude daquele que cum-
pre tudo em todos” (Ef 1.23). Ele habita em nós (1 Co 3.16), (2 Co
6.16). “Os retos habitarão na tua presença” (Sl 140.13). “Eis que
eu estou convosco” (Mt 28.20b). A manifestação de Deus na vida
de oração é explicada também quando nos lembramos da sua oni-
presença. Essa característica comprova sua infinitude em nosso ser.
Ele está perto dos que o invocam (Sl 145.18), (Is 57.15). Ele sabe
o que precisamos antes de pedirmos (Is 65.24). “Que gente há tão
grande, que tenha deuses tão chegados como o Senhor, nosso Deus,
todas as vezes que o chamamos?” (Dt 4.7).

70
Capítulo – V
Teologia - A Doutrina de Deus Os Atributos Incomunicáveis
Existência • Atributos • Nomes • Decretos de Deus

Deus é onisciente

A palavra onisciência não aparece na Bíblia, mas é muito bem


aplicada em sua forma nominal ou adjetiva na teologia para se re-
ferir à infinita sabedoria de Deus. Ele conhece tudo, em cada deta-
lhe e possibilidade o tempo todo. Apesar de a Bíblia não usar o
adjetivo onisciente, ela nos diz que os olhos do Senhor estão em
toda a parte, ou seja, nada escapa de Seu conhecimento (Jó 24.23),
(Sl 33.13-15), (Sl 139.13-16), (Pv 15.3), (Jr 16.17). Ele conhece o
momento exato em que um passarinho cai (Mt 10.29), bem como
o número preciso de fios de cabelo na cabeça de cada pessoa no
mundo (Mt 10.30). Deus sonda os pensamentos e as intenções do
coração do homem (1 Sm 16.7), (1 Rs 8.39), (1 Cr 28.9), (Sl 139),
(Jr 17.10), (Lc 16.15), (Rm 8.27), (Ap 2.23). Ele conhece exausti-
vamente o futuro, tanto quanto conhece o passado e o presente. A
onisciência de Deus também abrange todas as possibilidades, ou
seja, Ele tem ciência de todos os acontecimentos possíveis que
nunca ocorreram, e sabe perfeitamente qual teria sido o impacto na
História se cada uma dessas possibilidades tivessem sido concreti-
zadas (1Sm 23.9-13), (2 Rs 13.19), (Sl 81.14-15), (Is 48.18).

A onisciência é um dos atributos incomunicáveis de Deus, ou


seja, apenas Ele é verdadeiramente onisciente. Qualquer outro ser
que advoga para si a condição da onisciência é mentiroso e enga-
nador. Portanto, homem algum, nem mesmo os anjos do Senhor ou
Satanás e os demônios, possuem onisciência. As Escrituras dizem

71
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

que o conhecimento de Deus é eterno, incompreensível e Sua sa-


bedoria infinita (Sl 104.24), (Ef 3.10). De fato, ao homem é impos-
sível compreender plenamente o significado da onisciência de
Deus, principalmente quando se tenta relacionar sua onisciência
com a questão da existência do tempo e do espaço. Muitos debates
teológicos e filosóficos já foram feitos nessa área, e só serviram
para demonstrar a incapacidade intelectual do homem diante desse
assunto. Seja como for, o que sabemos é que a onisciência de Deus
remove qualquer limitação relacionada ao tempo, e Sua onipre-
sença remove qualquer problema relativo ao espaço. Diante disso,
se explica a admiração dos autores bíblicos diante da capacidade
do conhecimento de Deus (Sl 139.1-6), (Sl 145.5), (Is 40.13-
14,28), (Rm 11.33-36). Também sob esse aspecto, podemos perce-
ber nas Escrituras que quando Deus interage com o homem, em
muitas ocasiões, Ele expressa seu conhecimento de uma forma com
que o homem consiga entender e responder a essa interação. Por
exemplo: Ele faz perguntas ao homem, como fez a Adão e Eva, ou
mesmo a Caim após este ter assassinado Abel (Gn 3.8-9), (Gn 4.9);
Expressa pesar diante do resultado de determinados acontecimento
(Gn 6.6; 1Sm
(Gn 6.6), (1Sm15.10-11,35;
15.10-11,35),2(2Sm
Sm 24.16;
24.16),Jn
(Jn3.10).
3.10). Muitas vezes
esse pesar é representado por conceitos humanos de sentimentos,
como por exemplo, o arrependimento, mas isso é apenas uma lin-
guagem antropopática, ou seja, um recurso literário que atribui sen-
timentos humanos para expressar de forma compreensível um

72
Capítulo – V
Teologia - A Doutrina de Deus Os Atributos Incomunicáveis
Existência • Atributos • Nomes • Decretos de Deus

sentimento divino que não poderíamos compreender em sua forma


real. Logo, alguns textos bíblicos falam sobre o arrependimento de
Deus, mas Deus não se arrepende. Ele se lembra de algo, como por
exemplo, em Seu diálogo com Noé após o Dilúvio (Gn 9.11-16).
Nesse caso se repete o mesmo princípio mencionado acima, visto
que o conceito humano de esquecimento não pode ser aplicado ao
Deus onisciente. De uma forma bem simples, podemos dizer que
apesar de Deus conhecer todas as coisas, mesmo antes de aconte-
cerem, Ele se expressa em termos humanos, e de certa forma
“desce” no nível dos homens para dialogar com eles. Assim, Ele
aconselha, repreende, exorta, parabeniza, ensina e explica a forma
com que Ele conduz a História de uma maneira que permite que o
homem compreenda. Obviamente a onisciência de Deus está dire-
tamente associada à Sua sabedoria. Ele conhece todas as coisas não
por ser simplesmente um mero espectador da História, mas porque
Ele é o criador que faz, sustenta e opera cada momento e cada de-
talhe da História segundo o seu propósito, (Ef 1.11). “Todos os his-
toriadores escrevem uma história depois que ela acaba, mas Deus
escreveu a história antes que ela começasse a ser realizada, isso
mostra claramente o seu poder único, sua sabedoria única e sua
presença ilimitada em relação ao tempo”, por isso temos milhares
de motivos para exaltar o nome de nosso Senhor Deus, soberano e
todo-poderoso. Assim, o Deus onisciente conhece tudo e todos, se-
jam pessoas, animais, plantas e mesmo objetos, de modo que

73
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

nenhum fato, pensamento ou possibilidade foge de Seu conheci-


mento.

O Criador
8888Ele conhece tudo em um grau infinito e não precisa obter
nenhum tipo de informação, já que todo o conhecimento está em
Sua própria mente. Aqui também é muito útil a compreensão sobre
o que é onipotência, já que esta é mais uma das qualidades de Deus.
Para os redimidos, a onisciência de Deus é um conforto que garante
que nada foge do controle dEle, e que todas as coisas que aconte-
cem contribuem para o bem daquele que são Seus (Rm 8.28). Já
para os ímpios, a onisciência de Deus é um terrível aviso de que
ninguém poderá escapar de Sua justiça, e que no dia em que Sua
ira for derramada nenhum fato será esquecido (Sl 94.1-11; 1Co 4.5;
cf. Rm 2.16).

Jesus era onisciente?

Essa é uma pergunta que geralmente acompanha o estudo so-


bre a onisciência de Deus. Na verdade, a questão sobre se Jesus era
ou não onisciente já gerou muitos debates, inclusive levando alguns
estudiosos a negarem a onisciência de Deus com base numa com-
preensão equivocada desse assunto. Essa questão só pode ser estu-
dada corretamente sob as verdades fundamentais da natureza hu-
mana e divina de Cristo. Como homem, em Seu ministério terreno,
Jesus adquiriu conhecimento, ou seja, cresceu em sabedoria (Lc
2.52), além de demonstrar desconhecimento em determinado

74
Capítulo – V
Teologia - A Doutrina de Deus Os Atributos Incomunicáveis
Existência • Atributos • Nomes • Decretos de Deus

momento (Mt 24.36). Entretanto, Ele também revelou de forma


clara um conhecimento sobrenatural em várias ocasiões (Mt 9.4;
12.25; Lc 5.22; 6.8; 11.17; Jo 16.30; 21.17). A explicação para isso
é que, em Sua natureza humana, Jesus conhece apenas aquilo que
aprendeu, enquanto que em Sua natureza divina Ele é onisciente e
possui o pleno e perfeito conhecimento de todas as coisas. Por mais
que isso pareça contraditório para nós na verdade não é, e apenas
prova que a onisciência de Deus não pode ser medida por nossa
compreensão humana. Nem pensamento nem cálculo algum podem
fazer-nos compreender a onisciência de Deus (cf. SI 139.6; Jó 11.7-
9 e 42.2).

A onisciência é um atributo que só Deus possui

“Deus... conhece todas as coisas” (1 Jo 3.20). “O seu entendi-


mento é infinito” (SI 147.5). A sua onisciência não é um resultado
de Seu esforço de aprender, ou coisa que alguém tenha lhe favore-
cido. Não existe nenhum que tenha dado algo para aumentar o sa-
ber de Deus (cf. Rm 11.35; Jó 41.11). Até o mais alto grau da sa-
bedoria ou da ciência que um homem possa atingir, tem em Deus a
sua origem (cf. 1 Co 4.7).

A onisciência de Deus abrange todo o passado

Não existe mistério nenhum no passado que para Deus já não


esteja revelado (cf. Mt 10.26; 1 Co 4.5; Lc 8.17). Até todos os pe-
cados ocultos “manifestam-se depois” (1 Tm 5.24). A única

75
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

maneira de evitar esta “manifestação” é, em tempo, reconciliar-se


com Deus através do sangue de Jesus (cf. 1 Jo
Jó 1.7,9).

A onisciência de Deus abrange tudo no presente

Deus conhece tudo a respeito de todo homem. Davi disse: “Tu


conheces bem a teu servo, ó Senhor Jeová” (2 Sm 7.20). Deus sabe
o nosso nome e a nossa morada (cf. Ap 2.13). Ele conhece a nossa
estrutura (cf. SI 103.14) e os nossos corações (cf. At 15.8; Lc
16.15), pois os esquadrinha (cf. 1 Cr 28.9) e conhece todo o segredo
(cf. SI 44.21). Conhece os nossos pensamentos (cf. SI 139.1-3) e
as nossas palavras (cf. SI 139.4), e os nossos caminhos estão pe-
rante os olhos do Senhor (cf. Pv 5.21; Jó 34.21).

Ele até conhece o número dos nossos fios de cabelos (cf. Mt


10.30). Assim, o Senhor conhece as nossas necessidades (cf. Mt
6.32; Lc 12.30), e tem a solução para todos os nossos problemas.
Deus também conhece tudo sobre a natureza. Sabe os nomes de
todas as estrelas, coisa que astrônomo nenhum jamais foi capaz (cf.
Is 40.26; SI 148.1-3). Até os passarinhos são conhecidos, e “ne-
nhum deles está esquecido diante de Deus” (Lc 12.6; cf. Mt 10.29).

A onisciência de Deus abrange também o futuro

Esta parte da sua Onisciência é também chamada “presciên-


cia” (cf. At 2 .23). Deus previu desde a eternidade a queda do ho-
mem, e providenciou no seu amor a solução para salvá-lo. Por isso

76
Capítulo – V
Teologia - A Doutrina de Deus Os Atributos Incomunicáveis
Existência • Atributos • Nomes • Decretos de Deus

está escrito: “O Cordeiro que foi morto desde a fundação do


mundo” (Ap 13.8). Na sua presciência, Deus viu na eternidade o
seu Filho entregue para ser crucificado (cf. At 2.23; 1 Pe 1.18-20).
Ele também vislumbrou a Igreja se edificando, como fruto da morte
de Jesus no Gólgota (cf. Ef 3.1-10).

Nessa previsão, Deus também conheceu os homens e os pre-


destinou para serem salvos por Jesus (cf. Rm 8.29; Ef 1.4,5) por
nenhum outro meio, mas só por Jesus (cf. At 4.12). Assim, somos
eleitos segundo a presciência de Deus para obediência e aspersão
do sangue de Jesus (cf. 1 Pe 1.2). Os que não aceitarem esse único
meio de salvação estão, por causa da sua rejeição a Cristo, predes-
tinados ao julgamento e castigo. “Mas quem não crer será conde-
nado” (Mc 16.16). Porém, ainda que Deus na sua presciência possa
conhecer o futuro dos que rejeitarem o seu amor, isso não faz Ele
interferir na liberdade do homem, posto que em tudo que depender
de Deus, Ele está sempre a favor de todos os homens. Apenas a
liberdade humana, ou livre agência, pode causar divisão entre Deus
e o homem, visto que as maiores influências que temos são peca-
minosas sem a iluminação do Espírito Santo, que nos mostra o ca-
minho da salvação.

Deus também, na sua onisciência, prevê os acontecimentos do


futuro. Profecia é uma revelação do que Deus na sua previsão já
sabia (cf. Is 48.5). Temos no passado muitos exemplos em que
Deus previu e revelou o que haveria de acontecer. Conforme (1

77
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

Reis 13.2), um jovem profeta vaticinou no ano 975 a.C., e aquilo


se cumpriu no ano 641 (cf. 2 Rs 23.16), isto é, 334 anos depois).
Também em Isaías 45.1-7, o profeta predisse no ano 712 a.C. algo
que se cumpriria no ano 536 a.C. (cf. Ed 1.1,2), isto é, 176 anos
depois. Vivemos às vésperas de grandes acontecimentos. Deus tem
estabelecido todos eles pelo seu próprio poder (cf. At 1.7), e são
conhecidos desde a eternidade (cf. At 15.18). Nada acontece por
acaso, mas porque Deus assim determinou.

Deus é onipotente

Para os homens, que são limitados, é difícil compreender ou


calcular a onipotência de Deus (Lc 1.37; Is 43.13; Ap 19.6; Gn
18.14; Jr 32.17; Ap 1.8). A palavra onipotência não pode ser en-
contrada explicitamente na Bíblia, mas o ensino de que Deus é oni-
potente é facilmente percebido. No Antigo Testamento, o termo
hebraico que melhor transmite o significado de onipotência é El
Shaddai ou apenas Shaddai, que é traduzido como “Deus Todo-
Poderoso”.

É possível que esse termo hebraico signifique literalmente


“Deus das montanhas”, no sentido de que as montanhas represen-
tam força e majestade. Essa palavra aparece originalmente em vá-
rias passagens bíblicas, como por exemplo, em Gênesis 17:1, onde
o próprio Deus se apresenta a Abraão como sendo o Todo-Pode-
roso, ou então no livro de Jó, na exortação de Elifaz (Jó capítulo

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Capítulo – V
Teologia - A Doutrina de Deus Os Atributos Incomunicáveis
Existência • Atributos • Nomes • Decretos de Deus

4). Outra expressão bíblica utilizada muitas vezes para se referir à


onipotência de Deus é o hebraico Yahweh “Elohe Seba’ot que sig-
nifica “Senhor dos Exércitos” ou “Deus dos Exércitos” (Sl 21.10;
Is 2.12; Jr 35.17 etc.). Já no Novo Testamento, o termo que geral-
mente faz referência ao fato de que Deus é onipotente é o grego
pantokrator. Esse termo ocorre pelo menos dez vezes e significa
literalmente “Aquele que tem o controle sobre todas as coisas”,
“Todo-Poderoso”, “Governador de tudo” ou simplesmente “Oni-
potente”. Esse termo é utilizado na Septuaginta para traduzir o he-
braico Yahweh Seba’ot citado acima. Também é interessante o fato
de que no Novo Testamento a palavra onipotência aparece apenas
uma única vez em algumas versões em português para traduzir o
grego pantokrator em (Ap 19.6).

Aplicação prática da onipotência de Deus

A onipotência é um dos atributos incomunicáveis de Deus, e,


como vimos, a doutrina bíblica claramente afirma que Ele é onipo-
tente, isto é, o Deus Todo-Poderoso que possui controle sobre todas
as coisas. Por ser um de Seus atributos incomunicáveis, devemos
entender que somente Deus é onipotente, e essa qualidade Ele não
compartilha com ninguém. Assim, nenhum outro ser pode ser cha-
mado de onipotente. A onipotência de Deus pode ser vista na obra
da criação, bem como no ensino bíblico de que não há nada difícil
para Ele (Gn 18.14; Jr 32.17); tudo se torna possível com Ele (Mt
19.26; Mc 10.27; Lc 18.27); nada pode impedir o seu propósito (Is

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Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

43.13); Ele conduz a História (Is 10.5,15; 28.2; 45.1; Jr 25.9; 27.6;
43.10) e possui o pleno controle de todas as coisas (Is 43.13; Dn
4.35; Am 9.2,3), até mesmo dos menores detalhes, como os cabelos
de nossa cabeça (Mt 10.30; Lc 12.7). Em outras palavras, nada
pode escapar do poder de Deus. Além do mais, Sua onipotência se
revela indiretamente na promessa de que “tudo é possível ao que
crê” (Mc 9.23; cf. Mt 17.20), e na declaração do apóstolo Paulo ao
dizer: “Posso todas as coisas por meio daquele que me fortalece”
(Fp 4.13). Aqui também vale lembrar uma das afirmações mais co-
nhecidas sobre a onipotência de Deus feita por Jó, quando ele disse:
“Bem sei que tudo podes, e nenhum de teus planos pode ser frus-
trado” (Jó 42.2). Da mesma forma percebemos que a onipotência
de Deus está diretamente relacionada a Sua onipresença e onisci-
ência.

Por ser onipotente, Deus pode fazer qualquer coisa?

Algumas pessoas possuem um pouco de dificuldade em enten-


der a resposta para essa pergunta. Deus é onipotente, mas isso não
significa exatamente que Ele faça qualquer coisa. Para entender-
mos isso precisamos entender a relação e a distinção entre a onipo-
tência de Deus e Sua vontade, ainda que para nós, com nosso inte-
lecto extremamente limitado diante dos mistérios de Deus, essa ta-
refa pareça ser bastante difícil. Basicamente podemos dizer que a
vontade de Deus governa a Sua onipotência, assim como o Seu

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Capítulo – V
Teologia - A Doutrina de Deus Os Atributos Incomunicáveis
Existência • Atributos • Nomes • Decretos de Deus

caráter governa a Sua vontade. Dessa forma, Deus não pode dese-
jar, e consequentemente fazer nada que contradiz o Seu caráter,
como por exemplo: Deus não pode pecar, não pode mentir, não
pode negar-se a si mesmo ou ir contra Sua própria Palavra, mudar
Sua própria natureza ou deixar de ser Deus (Nm 23.19; 1 Sm 15.29;
2 Tm 2.13; Tt 1.2; Hb 6.18; Tg 1.13,17).

Portanto, com base nos princípios expostos acima, as limita-


ções da onipotência de Deus são identificadas em três aspectos di-
ferentes:

1- as limitações naturais (ex.: mentir, tentar alguém a pecar,


negar-se a si mesmo);
2- as limitações auto impostas (ex.: quebrar Sua aliança);
3- as limitações por coerência (ex.: fazer um círculo qua-
drado).

Logo, a verdade bíblica é a de que Deus, com base em sua


perfeita sabedoria e vontade, possui poder para realizar tudo aquilo
que deseja fazer, de modo que sua onipotência não opera em con-
tradição com Sua perfeição, ou seja, o caráter santo de Deus não
permite que Ele haja com imperfeição no uso de Sua onipotência.
Deus é onipotente em toda plenitude da perfeição.

Como se manifesta a onipotência de Deus?

Deus não pode ser impedido por ninguém, quem quer que seja!
(cf. Is 43.13; 14.27; Jó 11.10; Pv 21.30; Rm 9.19,20) As leis da

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Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

natureza não podem limitar a onipotência de Deus. Ele é soberano


e faz o que quer (cf. SI 135.6; 115.3). Ele está acima de todas essas
leis (cf. Na 1.3-6). Vejamos alguns exemplos em que os milagres
de Deus foram contrários às leis da natureza: Deus fez as águas do
mar ficarem como um muro (cf. Êx 14.22), e as águas do rio Jordão
como um montão (Js 3.13-16). Ele fez com que o ferro do machado
flutuasse (cf. 2 Rs 6.1-6) e que o Sol se detivesse no meio do céu
(cf. Js 10.13), – embora existam outras explicações cientificas para
explicar exatamente o que houve, vamos pensar assim só para ter
uma noção. Tamabém livrou Daniel do poder dos leões (cf. Dn
6.22,27). Mandou uma grande tempestade (cf. Jn 1.4) e fez com
que cessasse (cf. Jn 1.15; SI 107.29), etc. Deus é poderoso para
cumprir as suas promessas (cf. Rm 4.21), e até “chama as coisas
que não são como se já fossem” (Rm 4.17). Deus, que é o Criador,
tem ainda o seu poder em pleno vigor. Por isso, não existem limites
no seu poder de operar maravilhas de cura, em casos sem nenhuma
esperança humana.

A onipotência de Deus opera harmoniosamente conforme a


sua vontade
Jamais existe contradição entre a sua natureza perfeita e o seu
poder ilimitado. Deus jamais faria coisa que fosse contrária à sua
perfeita santidade. Ele que tudo pode (cf. Jó 42.2) só faz o que lhe
apraz (cf. SI 115.3). “Tudo o que o Senhor quis, Ele o fez” (SI
135.6). Porém, existem coisas que o Onipotente não pode fazer: Ele

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Capítulo – V
Teologia - A Doutrina de Deus Os Atributos Incomunicáveis
Existência • Atributos • Nomes • Decretos de Deus

não pode mentir (cf. Hb 6.18; Nm 23.19; Tt 1.2), não pode negar-
se a si mesmo (cf. 2 Tm 2.13) e não pode fazer injustiça (cf. Jó 8.3;
34.12). Como dito acima. Ele é sempre santo em todas as suas obras
(cf. SI 145.17). Deus também não pode fazer acepção de pessoas
(cf. Rm 2.11; 2 Cr 19.7).

83
84
CAPÍTULO – VI
OS ATRIBUTOS COM UNIC ÁVEI S D E DEUS

Os Atributos
Comunicáveis de
Deus

85
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

Os atributos comunicáveis de Deus são aqueles que Ele tem


em seu Ser
ser por natureza, mas compartilhou conosco, que por bem
absoluto de sua sabedoria concedeu a sua criação, para que por
meios de tais atributos possamos alcançar a santidade e exercer os
frutos necessário de alguém que é semelhante ao altíssimo.

Amor

A Bíblia declara explicitamente que “Deus é amor” (1 Jo 4.8).


O amor, como um dos atributos de Deus, deve ser entendido, so-
bretudo, pelo aspecto do que os escritores do Novo Testamento
chamaram de “amor ágape”, isto é, um amor profundo e incondici-
onal, que ao mesmo tempo em que revela grande afeição, também
revela cuidado, zelo, correção e abnegação. O apóstolo Paulo es-
creveu que o amor de Deus é derramado no coração dos cristãos
genuínos (Rm 5.5). Certamente a maior manifestação do amor de
Deus foi enviar Jesus, seu Filho, para morrer por nós, pecadores.
Esse ato imerecido é designado como graça (Ef 2.4-8). Aqui mais
uma vez vale ressaltar que o atributo do amor não anula os atributos
da santidade, justiça e retidão. A própria obra de Cristo no Calvário
deixa isso muito bem claro, pois se por um lado vemos seu infinito
amor ao enviar seu próprio Filho, por outro vemos que esse ato
serviu para satisfazer a sua justiça e santidade. Se Ele fosse mais
amor do que justiça, santidade e retidão, Ele poderia ter perdoado
os pecadores sem precisar sacrificar seu próprio Filho. Logo, não
existe qualquer base bíblica ou fundamentação lógica para dizer

86
Capítulo – VI
Teologia - A Doutrina de Deus Os Atributos Comunicáveis
Existência • Atributos • Nomes • Decretos de Deus

que os demais atributos de Deus estão sujeitos e subordinados ao


seu atributo do amor, resultando na heresia do universalismo, ou,
em alguns casos, no próprio aniquilacionismo.

O amor de Deus para com os pecadores

A Bíblia diz que Ele nos amou primeiro (cf. 1 Jo 4.19), esse
amor nos vivificou em Cristo, (cf. Ef 2.4,5; Rm 5.8). O seu amor
se expressa em desejar o melhor para nós, e possuir em íntima co-
munhão consigo. Ele, que aborrece o pecado (Hb 1.9), ama o peca-
dor!

O grande preço que o amor de Deus pagou

Estamos agora diante da maior e mais insondável profundi-


dade do amor de Deus. Enquanto Deus na sua santidade não pode
tolerar o pecado, e conforme a sua soberana justiça tem de executar
o juízo para castigar quem vive no pecado, de forma paradoxal ama
o pecador! Parece que estamos diante de uma inexplicável contra-
dição. Porém, não há nada disso. O amor de Deus está em pleno
acordo com a retidão e a justiça das exigências de castigo para o
pecador. Mas no seu “muito amor com que nos amou” (Ef 2.4),
Deus resolve pagar o mais alto preço jamais retribuído (1 Co 6.20),
dando o seu próprio Filho para ser o sacrifício pelo resgate dos ho-
mens. Jesus foi dado como Mediador entre a justiça de Deus e os
homens (cf. 1 Tm 2.5,6), e morreu na Cruz do Calvário, pagando a
sentença que a justiça de Deus havia decretado sobre o pecador (cf.

87
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

2 Co 5.21; 1 Pe 3.18). Assim, a justiça de Deus permanece respei-


tada e executada, e através do seu amor, os pecadores são perdoa-
dos e salvos (cf. Jó 3.16).

• A graça de Deus (cf. 2 Co 6.1; 8.1; Gl 2.21, etc.) é um a


expressão do amor divino. Graça significa um favor
imerecido que Deus, na sua perfeita justiça, manifestou
por intermédio do sacrifício do seu Filho (cf. 2 Tm 1.9;
2 Co 8.9), trazendo salvação a todos os homens (cf. Tt
2.11). A Bíblia diz: “Por um só ato de justiça veio a graça
sobre todos os homens para justificação de vida” (Rm
5.18), e ainda: “Onde o pecado abundou, superabundou
a graça” (Rm 5.20). “Graças a Deus, pois, pelo seu dom
inefável” (2 Co 9.15).

Bondade

Esse atributo está diretamente ligado ao atributo do amor, en-


fatizando a benevolência de Deus para com suas criaturas. A bon-
dade de Deus também implica na realidade de que tudo o que Ele
faz é essencialmente bom e legítimo, mesmo que o homem não
compreenda (2 Cr 30.18; Sl 86.5; 100.5; 119.68; At 14.17).

Misericórdia

A misericórdia é outro atributo que também está ligado ao atri-


buto do amor, e revela a compaixão e piedade de Deus para com os
miseráveis e angustiados (Ef 2.4,5). Na verdade, além da grandiosa

88
Capítulo – VI
Teologia - A Doutrina de Deus Os Atributos Comunicáveis
Existência • Atributos • Nomes • Decretos de Deus

misericórdia e bondade (citada acima), existem várias outras carac-


terísticas de Deus que estão relacionadas ao atributo do amor, como
por exemplo, a benevolência, a benignidade e a longanimidade.
Através do capítulo 5 da Epístola aos Gálatas, percebemos que
muitos dos atributos comunicáveis de Deus são compartilhados
com os cristãos através do fruto gerado pelo Espírito Santo. A mi-
sericórdia e a longanimidade de Deus são expressões do seu amor.

Deus é chamado “o Pai das misericórdias” (2 Co 1.3), e a Bí-


blia diz que Ele é “riquíssimo em misericórdia” (Ef 2.4). A miseri-
córdia que Ele mostra perdoando o pecador é concedida pelos mé-
ritos de Jesus Cristo (cf. Tt 3.5; 1 Pe 1.3). Pelo seu amor, Ele se
mostra longânimo (cf. 1 Pe 3.20), esperando com paciência que o
pecador aceite o seu convite (cf. Rm 2.4).

Sabedoria

Significa que Deus é infinitamente sábio, de modo que Ele


próprio é a fonte da sabedoria. O profeta Daniel entendeu isso ao
dizer que “dele são a sabedoria e a força” (Dn 2.20; cf. Jó 12.13; Jó
36.5; Sl 147.5; Is 40.28; Rm 11.33). Além disso, devemos entender
que a sabedoria de Deus é completamente incomparável à sabedo-
ria dos homens (Is 55.8; cf. Jó 28.12-28; Jr 51.15-17).

Justiça

Significa que Deus é plenamente justo e perfeito em sua reti-


dão. Não há injustiça em Deus, e dEle não provém nenhum tipo de

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Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

desigualdade. Ele sempre é correto, e seus juízos são perfeitos (Sl


11.7; Dn 9.7; At 17.31). Muitos estudiosos também detalham o atri-
buto da justiça em outras características específicas, como a retidão
e a equidade.

Santidade

Significa que Deus é completamente separado do pecado, e to-


talmente comprometido com sua honra. Ele nunca está relacionado
a qualquer coisa impura ou qualquer comportamento indigno (Is
40.25; Hc 1.12; Jo 17:1; Ap 4:8). O atributo da santidade em Deus
exige que os pecadores estejam separados dEle, a menos que estes
sejam justificados pelos méritos de Cristo, sendo feitos nEle santo.

Deus é santo

A Bíblia denomina Deus de “santo” (cf. Sl 99.3). Ele é cha-


mado “o Santo de Israel” (cf. Sl 89.18). Só no livro de Isaías esse
nome é usado trinta vezes (cf. Is 1.4). Deus diz: “Assim diz o Alto
e o Sublime, que habita na eternidade e cujo nome é Santo” (Is
57.15). Realmente, “santo e tremendo é o seu nome” (Sl 111.9).

Essência da santidade

A santidade é uma substância da própria natureza de Deus, e


não somente expressão de um procedimento santo. Deus diz: “Eu
sou santo” (1 Pe 1.16; cf. Lv 19.2; 20.7; SI 99.6,9). Ele é a fonte de
toda a santidade. Assim como a luz é caracterizada pelo seu brilho,

90
Capítulo – VI
Teologia - A Doutrina de Deus Os Atributos Comunicáveis
Existência • Atributos • Nomes • Decretos de Deus

assim também Deus, que é a Luz (cf. 1 Jo 1.5), emite raios do brilho
da sua santidade. A Bíblia diz que “Deus é glorificado na sua san-
tidade” (cf. Êx 15.11). A glória de Deus são raios da sua santidade,
e nós o adoramos na beleza dessa santidade (cf. SI 29.2; 96.8,9).
Não somente Deus é santo, mas também o Deus Filho (cf. Is 6.3; 1
Jo 2.20; Ap 3.7) e o Deus Espírito Santo (cf. Ef 4.30) o são. Essa
santidade, que é um atributo das três Pessoas da Santa Trindade, é
evidenciada no clamor dos serafins: “Santo, Santo, Santo é o Se-
nhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória” (Is 6.3; cf.
Ap 4.8).

A santidade de Deus em relação aos homens

Deus quer que os homens vivam em íntima comunhão com


Ele. Porém, isso só é possível quando nós aceitamos as condições
impostas por Deus. Ele diz: “Sede santos, porque eu sou santo” (1
Pe 1.16). Deus tem, na sua santidade, decretado leis e normas que
expressam a sua vontade, às quais os homens têm de se sujeitar e
obedecer. Ele quer conduzir os homens no caminho da santidade,
porque deseja que “sirvamos a Deus agradavelmente, com reverên-
cia e temor” (Hb 12.28, Versão Revisada, IBB). Deus, porém, na sua
santidade, sente tristeza quando sua vontade não é respeitada pelos
homens, Deus ama a justiça e aborrece a iniquidade (cf. Hb 1.9).
Ele não pode tolerar o pecado (cf. Hc 1.13). Por isso, “as vossas
iniquidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus, e os vossos

91
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça” (Is
59.2).

A justiça de Deus é uma expressão da sua santidade


A justiça é a santidade de Deus em ação, relativamente aos
homens. Deus é justo (cf. Rm 1.17; 10.3; Jó 17.25; SI 116.5; 2 Tm
4.8). Na sua justiça, Ele zela pelo cumprimento das suas leis e nor-
mas dadas aos homens. Na sua santidade e verdade, Deus não pode
revogar a sua própria Palavra, nem a sentença imposta aos trans-
gressores, porque elas são imutáveis como Ele o é. A justiça de
Deus leva o homem, que vive em pecado, ao juízo divino (cf. Dt
1.17).

Verdade

Significa que Deus, e tudo o que provém dEle, é necessaria-


mente verdadeiro, infalível e absolutamente confiável (Hb 10.23),
de modo que Ele é o próprio Deus verdadeiro (Jo 17.3). O atributo
da veracidade também expressa a fidelidade de Deus, ou seja, tudo
o que Ele revelou de si mesmo é genuíno, e por ser fiel, Ele nunca
fará nada que afronte a sua própria natureza ou contradiga sua pa-
lavra.

Deus é a verdade” (Jr 10.10; cf. Dt 32.4; Sl 31.5)

Deus não somente pratica a verdade e tem atitudes e palavras


que perfeitamente condizem com a verdade, mas Ele é a própria

92
Capítulo – VI
Teologia - A Doutrina de Deus Os Atributos Comunicáveis
Existência • Atributos • Nomes • Decretos de Deus

Verdade. A verdade é a substância da sua Pessoa. Por isso Ele é


chamado “verdadeiro Deus” (1 Jo 5.20; cf. Jo 17.3). Esta substân-
cia “a verdade” caracteriza não somente o Deus Pai, mas também
o Deus Filho (cf. Jo 14.6) e o Deus Espírito Santo (cf. Jo 16.13; 1
Jo 5.6).

Deus é também a fonte da verdade

Por isso Ele é chamado “Deus da verdade” (SI 31.5). Toda a


verdade que existe no universo tem em Deus a sua origem. As suas
obras e a sua palavra são sempre a verdade (cf. SI 119.160). “Sem-
pre seja Deus verdadeiro” (Rm 3.4). O eterno Deus é luz perfeita e
portanto, é inteiramente impossível que nEle haja trevas (cf. 1 Jo
1.5).

A verdade do Senhor é para sempre” (Sl 117.2)

Assim como Deus é eterno, são também eternos os atributos


da sua natureza. A sua verdade é para sempre (cf. Sl 146.6) e “es-
tende-se de geração a geração” (Sl 100.5). Essa é a segurança que
temos em confiar nas suas promessas. Deus jamais pode revogar a
sua Palavra (cf. Mt 5.18; Nm 23.20). “A palavra de nosso Deus
subsiste eternamente” (Is 40.8). “O céu e a terra passarão, mas as
minhas palavras não hão de passar” (Mt 24.35).

93
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

Paz

Esse atributo de Deus nos revela que nEle próprio, ou em qual-


quer uma de suas ações, não há nenhum tipo de confusão ou desor-
dem. Gideão entendeu essa qualidade de Deus quando declarou “O
Senhor é paz” (Jz 6.24).

Conclusão sobre os atributos de Deus

Essa lista de atributos de Deus não deve ser entendida como


uma lista exaustiva, já que se trata de um estudo limitado pela nossa
compreensão do ser de Deus, bem como não deve ser considerada
uma lista padrão, pois há muitas listas sobre os atributos de Deus,
algumas mais completas e detalhadas e outras mais diretas e obje-
tivas. Infelizmente muita gente que se intitula cristão e não conhece
os atributos de Deus acaba criando para si a visão de um tipo de
deus que nada tem a ver com o verdadeiro Deus. Que possamos nos
atentar para o conselho do nosso Senhor através do profeta Jere-
mias, e entender que o nosso maior motivo de orgulho deve ser o
de conhecê-lo e compreender os seus atributos (Jr 9.23,24). Sem
dúvida, mesmo diante de nossas limitações, estudar sobre quais são
os atributos de Deus é algo maravilhoso que nos leva a admirar sua
majestade, magnificência e grandiosidade. Toda glória seja dada a
Ele eternamente.

94
Capítulo – VI
Teologia - A Doutrina de Deus Os Atributos Comunicáveis
Existência • Atributos • Nomes • Decretos de Deus

95
96
CAPÍTULO – VII
O PODER CRI ADOR DO DEUS ETERNO

O Poder
Criador do Deus
Eterno
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

A teologia do Deus criador

Uma das principais afirmações da Bíblia é que Deus criou to-


das as coisas. A criação revela a glória de Deus (Sl 19.1), o poder
de Deus (Jr 10.12) e a inteligência de Deus (Jr 10.12; Pv 3.19). O
Senhor “é o Criador de todas as coisas” (Jr 10.16; cf. Jo 1.3; Cl
1.16).

Quando afirmamos que Deus criou tudo o que existe, estamos


expressando nossa fé e confiança nEle: “Pela fé entendemos que o
universo foi formado pela palavra de Deus, de modo que o que se
vê não foi feito do que é visível” (Hb 11.3 NVI).

No Antigo Testamento, não existe uma palavra hebraica para


“universo”. Os antigos hebreus usavam a expressão “céus e terra”
para se referirem à totalidade das coisas criadas (Gn 1.1; Sl 121.2).
Os autores do Novo Testamento, ao se referirem ao mundo criado
por Deus, empregavam os termos gregos aion (“mundos”, “uni-
verso” Hb 11.3) e kosmos (“mundo”, “universo” At 17.24).

A doutrina da criação é fundamental para o cristianismo, por-


que ela determina nossa visão de mundo, e também determina a
importância dos valores morais, eternos e absolutos. Segundo as
Escrituras, nosso mundo não é resultado de uma explosão ocorrida
por acaso, mas sim, é resultado da ação poderosa do Deus justo e
amoroso, que criou todas as coisas segundo a sua vontade (Ap
4.11). O Universo não é regido por forças cegas e impessoais, mas

98
Capítulo – VII
Teologia - A Doutrina de Deus O Poder Criador do
Existência • Atributos • Nomes • Decretos Deus Eterno

pela mão poderosa do Deus pessoal que controla todas as coisas


para que seus propósitos sejam plenamente cumpridos. E o Deus
único interage com sua criação, e espera que os homens se subme-
tam à sua vontade. Exatamente porque existe um único Deus Cria-
dor e Sustentador do Universo, é que existem leis e normas morais
absolutas, que foram estabelecidas por esse mesmo Deus. Deus é o
supremo padrão de todas as normas da ética e da moral, que devem
ser seguidas. De fato, se não existisse Deus, ou se Deus simples-
mente tivesse criado o mundo para ser governado por leis próprias
sem sua intervenção poderosa e milagrosa, então não haveria um
padrão supremo para estabelecer as normas da ética e da moral, e
o homem mesmo é que seria o autor dos valores morais.

A doutrina da criação também é importante porque ela aponta


para a redenção. Criação e redenção são duas doutrinas que não
podem ser desvinculadas. A Bíblia começa falando a respeito da
criação (Gn 1.1), e terminando afirmando a nova criação (Ap 21.1),
que será a consumação final. O profeta Isaías, nos capítulos 40 e
55, desenvolve tanto o tema da criação como o da redenção. Para
ele, o Deus que criou o mundo é o Deus que salva; o Deus que
formou Israel é o Deus que pode redimir Israel do cativeiro babilô-
nico (Is 43.1; 44.24; cf. 44.1-8). O Deus Criador é o Deus Redentor.
Ele tem poder para salvar justamente porque Ele tem poder para
criar. No final do seu livro, Isaías afirma que, se Deus criou os céus
e a terra, Ele também tem poder para criar novos céus e nova terra
(cf. Is 65.17). Assim, o Senhor nos estende o seguinte convite:

99
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

“Alegrem-se... e regozijem-se para sempre no que vou criar” (Is


65.18 NVI).

O poder criador de Deus

A Bíblia começa afirmando que “no princípio criou Deus os


céus e a terra” (Gn 1.1). A expressão “no princípio” é a tradução
da palavra hebraica (bereshit), formada pela preposição (be), “no”
com o substantivo (reshit), “princípio”, “início”. Alguns estudiosos
erroneamente traduzem bereshit como “quando”, propondo a se-
guinte tradução para o Gn 1.1-2a. “Quando Deus criou os céus e a
terra, a terra era sem forma e vazia...” De acordo com essa tradu-
ção, a terra já existia “sem forma e vazia”, quando Deus iniciou sua
ação criadora. Assim, o texto bíblico não estaria se referindo à ori-
gem da matéria, mas simplesmente sua modelagem por parte de
Deus. Isso poderia fundamentar a afirmação de que a matéria é
eterna, corroborando assim a proposta do materialismo filosófico.
Entretanto, a palavra bereshit não pode ser traduzida como
“quando”, por duas razões básicas:

1- O verbo hebraico (bara), “criar”, empregado em Gn 1.1,


que sempre apresenta Deus como sujeito, transmite a ideia
de “iniciar uma coisa nova” e em vários textos do Antigo
Testamento possui o sentido de “trazer à existência” (Is
43.1; Ez 21.30; 28.13,15). O verbo hebraico (bara), “criar”,
“nunca indica o uso de algum tipo de material no ato de
criar. A implicação é que Deus criou tudo ex nihilo, isto é,

100
Capítulo – VII
Teologia - A Doutrina de Deus O Poder Criador do
Existência • Atributos • Nomes • Decretos Deus Eterno

Deus criou tudo que existe do nada.” Hebreus 11.3 afirma:


“Pela fé entendemos que o universo foi formado pela pala-
vra de Deus, de modo que o que se vê não foi feito do que
é visível” (NVI ênfase acrescentada). “A fonte de tudo o que
é visível, a matéria física do universo, não foi a matéria pré-
existente e visível. Deus não empregou na criação algo que
já existia. Pelo contrário, essa matéria visível foi feita pela
palavra de Deus, e foi feita a partir do nada”. Como diz o Sl
33.9, Deus falou e “tudo passou a existir”.
2- A Escritura afirma que somente Deus é eterno (Sl 90.2). A
matéria não é eterna. Antes de existir o mundo, só existia o
Deus eterno. Quando a Bíblia afirma que somente Deus é
eterno, ela traça uma diferença fundamental entre o Criador
e a criação. Portanto, a Bíblia confronta claramente a crença
panteísta. A natureza não é Deus. Só Deus é Deus. A natu-
reza foi criada por Deus e pertence a Deus. “Tudo o que
não é Deus derivou da existência dEle”. Ou seja, a melhor
tradução para Gn 1.1 é aquela apresentada em nossas ver-
sões: “No princípio criou Deus os céus e a terra”. No prin-
cípio, quando não havia nada criado, só havia Deus. Antes
de existir algo, existia alguém. Esse alguém se chama
Elohim.

Portanto, Deus criou poderosamente todas as coisas do nada.


“Deus tem o poder de criar tudo onde antes não havia nada”.

101
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

O propósito da criação

A “finalidade principal da Criação é Deus mesmo”. “Porque


dEle, e por Ele, e para Ele, são todas as coisas; glória, pois, a Ele
eternamente. Amém.” (Rm 11.36; cf. Is 48.11; 1Co 15.28; Cl 1.16).

O supremo propósito da criação é transmitir a supremacia de


Deus, todos nós fomos criado por um ser perfeito, transcendente e
auto suficiente, sendo assim o objetivo de Deus foi nos criar para
adorarmos, pois Ele é santo e poderoso e não precisa de nós para
se auto promover, mas Ele em pleno amor, nos concedeu o privilé-
gio de adorarmos na beleza de sua santidade. Por este motivo Ele
compartilhou conosco alguns de seus atributos, para que assim pos-
samos desfrutar de suas misericórdias, se o propósito da criação
não fosse adorar a Deus tão somente, obviamente não iria existir o
inferno, é de saber de todos nós que o inferno é fruto de uma deso-
bediência e rebeldia, e a desobediência por conseguinte é uma obra
oposta ao caráter e natureza de Deus, sendo assim se isso estivesse
nEle “a obra má e perversa” Ele não seria santo, e se não fosse
santo não seria Deus. É simples assim, tudo foi criado para mani-
festar sua gloria, poder, honra e majestade, (Sl 19.1). Nós devemos
fazer tudo com o propósito de adorar a Deus, para transmitirmos
sua santidade, bondade, paz e amor acima de tudo. No livro do
Apocalipse, os vinte e quatro anciãos, que simbolizam a totalidade
do povo de Deus, exaltam o Deus criador: “Digno és, Senhor nosso
e Deus nosso, de receber a glória e a honra e o poder; porque tu

102
Capítulo – VII
Teologia - A Doutrina de Deus O Poder Criador do
Existência • Atributos • Nomes • Decretos Deus Eterno

criaste todas as coisas, e por tua vontade existiram e foram criadas”


(Ap 4.11), ou seja, tudo foi criado pela vontade própria dEle, e por
isso Ele é digno de toda glória, poder e honra, observe que a glória
é dada a Deus por que Ele é o criador, e não por que é carente de
adoração, por isso Ele não nos obriga a adora-lo.

Não somente a criação, mas também todos os planos e os pro-


pósitos do Senhor têm por objetivo glorificar o próprio Senhor (Rm
9.17,22,23; Ef 1.5,6,12). Tudo aponta para a obra redentora de
Cristo, devido o motivo de que Ele nos trouxe ao mundo para ser-
mos santos, já as criações diversas como, animais, e todas a coisa
pertencente a natureza, foram criadas com o propósito de mostrar
seu poder e glória (Sl 19.1; Rm 1.19). devemos lhe conhecer para
entendermos a sua capacidade e o seu poder que se manifesta em
tudo que foi criado, o poder criador do Deus eterno faz com que
tudo funciona em plena perfeição, tanto a vida animal como a obra
da natureza “vida vegetal”.

A grande revelação

Nenhum homem poderia saber por experiência ou pesquisa as


coisas relatadas em Gênesis 1.1-2, nosso grande Deus e Pai se en-
carregou de revelar os fatos da criação para nós. Deus falou ao ho-
mem de muitas maneiras (Hebreus 1.1), contudo, parece lógico que
Ele iria nos dar esta revelação de forma escrita e permanente. Que
tesouro é a Bíblia. A fé na Palavra de Deus é a única prevenção
verdadeira de não cairmos no erro. Crer no relato de Gênesis 1.1

103
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

nos livra dos grandes erros da filosofia humana. Os seguintes erros


têm escravizado milhões de pessoas, mas em apenas um versículo
Deus contradiz todos eles:

Ateísmo - Gênesis 1.1 afirma a existência de Deus.

Agnosticismo - Os agnósticos afirmam que ninguém pode sa-


ber se Deus existe. Gênesis 1.1 assume que todo homem por natu-
reza sabe que Deus existe.

Politeísmo - A maior parte da humanidade acredita em muitos


deuses. Gênesis 1.1 fala de um só Deus.

Panteísmo - Esta filosofia afirma que Deus e o universo são


um. A maioria das religiões orientais são baseadas em tais concei-
tos. Gênesis 1:1 ensina que Deus é separado e transcende o uni-
verso. Ele é um Deus pessoal, e não apenas uma força universal.

Materialismo - Esta filosofia afirma que a matéria é eterna.


Evolucionistas verdadeiras são materialistas. Gênesis 1.1 declara
que a matéria teve um começo.

Dualismo - Os dualistas ensinam que o universo foi criado e


portanto, controlado por duas forças opostas: uma boa e a outra má.
Gênesis 1.1 ensina que existe um Deus, vivo e verdadeiro, que evi-
dentemente é supremo. Estes e uma multidão de outros “ismos” são
destruídos por uma simples declaração de Deus. O homem sem
uma revelação inspirada é como um navio sem bússola.

104
Capítulo – VII
Teologia - A Doutrina de Deus O Poder Criador do
Existência • Atributos • Nomes • Decretos Deus Eterno

Uma exposição de Gênesis 1.1-2.

Versículo 1. Na língua hebraica este versículo tem apenas sete


palavras. O quanto o Senhor pode dizer com poucas palavras.

“No princípio”. Se refere ao princípio do universo: a origem


do tempo e matéria. Não é o mesmo “princípio” de João 1.1, o qual
se refere a eterna existência do Filho de Deus. O Senhor Jesus não
foi criado, mas é co-eterno com o Pai. No “princípio” de Gênesis
1.1 Deus criou o universo, mas no “princípio” de João 1.1 Jesus
“era”.

“Deus”. Apropriadamente Deus é o primeiro substantivo


mencionado na Bíblia. Perceba que a Bíblia não discute ou tenta
provar a Sua existência. O conhecimento da existência de Deus é
universal entre os homens (Salmo 14.1; Salmo 19.1-3; Romanos
1.18-20). A mais pura verdade é que não é tão fácil ser um ateísta,
exige muito esforço.

A palavra traduzida como DEUS, é “Elohim” na língua he-


braica. Esta é uma palavra particularmente misteriosa, pois ela é ao
mesmo tempo singular e plural. Cristãos sempre têm visto nela uma
implicação ou indicação da doutrina da trindade. Ela é mais implí-
cita no uso dos pronomes plurais (Gênesis 1.26; 11.7). O restante
da Bíblia esclarece a verdade da Trindade tão obscuramente vista
na palavra Elohim.

Em outras partes da Bíblia, nós somos ensinados que a criação


foi um trabalho de todas as três pessoas da Trindade Divina.

105
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

1- Deus Pai - Gênesis 1.1; Jó 38.1-4.


2- Deus Filho - João 1.1-3; Efésios 3:9; Colossenses 1.16-17.
3- Deus Espírito Santo - Gênesis 1.2; Jó 26.13
r

“Criou”. Esta palavra significa criar do nada. É usada so-


mente com referência a Deus.

“Os céus e a terra”. Esta frase se refere a todo o universo.

Versículo 2. Aqui Deus começa a explicar exatamente como


Ele criou o universo. Primeiramente uma massa de matéria foi cri-
ada. Ela era “sem forma e vazia”. Esta expressão significa que a
terra não tinha formato e só havia vácuo. Nos dias que se seguiram
a criação, Deus deu forma a massa que hoje nós conhecemos por
Terra. Ele então a encheu com plantas e animais. É muito interes-
sante notar que neste verso o Espírito Santo é mencionado. Ele tra-
balhou no desenho e embelezamento do universo (Jó 26.13). Nos é
dito que “Ele movia-se sobre a face das águas” pois naquele mo-
mento a água cobria tudo (vers. 9). Muitas coisas vêm à mente en-
quanto nós meditamos nestas passagens:

A). Somente o pecado pode impedir alguém de ver Deus re-


velado na criação. A Bíblia assume que a existência de Deus é fato
auto evidente.

1- Como é glorioso o relato bíblico da criação. Que con-


traste com os mitos do paganismo ou as teorias da falsa
ciência. Quão profundo é o pensamento de que o

106
Capítulo – VII
Teologia - A Doutrina de Deus O Poder Criador do
Existência • Atributos • Nomes • Decretos Deus Eterno

universo foi criado por um Deus onisciente, onipresente


e onipotente, mas, no entanto, um Deus pessoal.
2- Como é maravilhosa a unidade da Bíblia. Embora ela te-
nha sido escrita por mais de quarenta autores, num perí-
odo de mil e quinhentos anos, ela é um livro só. Pense
como o mistério da tri-unidade de Deus é gradualmente
revelado e está implícita desde o começo das Escrituras.

Gênesis 1.3-25

Introdução

Nesta porção das Escrituras nós temos os seis dias da criação.


Durante estes dias Deus deu forma e trouxe ordem para o universo
e encheu a terra com plantas e animais. A criação do homem no
sexto dia será estudada mais adiante.

Informações fundamentais

Antes de iniciarmos um estudo dos seis dias da criação, há


muitas coisas que devemos notar:

1- Observe que a obra da criação foi feita pela Palavra de


Deus (vers. 3, 6, 9, 11, 14, 20, e 24; Hebreus 11.3). As Suas
grandes obras foram todas realizadas desta maneira. Almas
são salvas (I Coríntios 1.21; Romanos 10.17), Cristãos são
limpos (João 17.17) e o julgamento vem sobre os ímpios

107
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

(Apocalipse 19.15), tudo através da instrumentalidade da


Palavra de Deus. Os teólogos referem-se a Palavra de Deus
falada, Sua Palavra escrita, e a Jesus Cristo como a Palavra
encarnada (João 1.1 e 14).
2- Frequentemente as pessoas perguntam se os dias de Gêne-
sis 1, são períodos literais de vinte e quatro horas. A res-
posta é sim. Considere o seguinte:

a) - Onde quer que a palavra hebraica “yom” que significa dia,


apareça junto com um número (primeiro, segundo, etc.) ela sempre
se refere a um dia literal.

b) - Estes dias estão em conexão com a rotação ordinária da


terra (vers. 16). Cada dia tinha manhã e tarde (vers. 8).

Há ainda muitas outras provas, mas estas são óbvias e deve-


riam ser suficientes. Não há razão para interpretarmos a Bíblia de
outra maneira.

3- Na cultura hebraica dar nome a alguma coisa era afirmar


domínio sobre ela. Quando Deus nomeou as partes do uni-
verso, estava revelando Seu soberano poder sobre ele (vers.
5, 8, e outros). Enquanto esta verdade é facilmente enten-
dida por nós, ela é uma grande revelação para aquelas pes-
soas que adoram uma multidão de deuses, que crêem go-
vernar cada um, uma parte do universo.

O primeiro dia - versículos 3-5

108
Capítulo – VII
Teologia - A Doutrina de Deus O Poder Criador do
Existência • Atributos • Nomes • Decretos Deus Eterno

A primeira coisa criada por Deus foi a luz. A luz em muitos


aspectos é como Deus (Tiago 1.17; I João 1.5). Ela é usada para
representar a santidade, o conhecimento, e o poder criador de Deus.
A criação da luz é também usada como uma figura do Novo Nas-
cimento (II Coríntios 4.6). Na salvação, Cristo traz luz a alma que
estava em trevas (I João 5.20).

O segundo dia - versículos 6-8

No segundo dia Deus criou o firmamento. A palavra firma-


mento significa “expansão” e se refere ao céu que está ao nosso
redor. Antes do segundo dia, as águas estavam em todo lugar como
líquido e vapores. Deus separou as águas que estavam sobre a terra
das águas que estavam acima, nas nuvens. Isto deixou uma atmos-
fera ao nosso redor, como nós a conhecemos.

O terceiro dia - versículos 9-13

No terceiro dia Deus separou a terra ou porção seca, das


águas (Jó 38.11). Antes disso, a terra era coberta de água. Também
neste dia, foram criadas todas as formas de vegetação. Note que
junto com a criação da vida, é mencionado que ela iria se propagar
segundo a sua espécie (vers. 12). Isto foi sem dúvida deixado claro,
para antecipadamente contradizer toda falsa doutrina (criação es-
pontânea, evolução e outras teorias falsas).

O quarto dia - versículos 14-1

109
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

No quarto dia Deus fez os corpos celestes, como nós os co-


nhecemos hoje. Possivelmente eles já existiam (vers. 1), mas não
brilhavam ou executavam suas funções ainda. De qualquer modo,
no quarto dia, o sol, a lua, os planetas e as estrelas começaram a
brilhar. O propósito disso nos é dado no versículo 14.

Nota: O firmamento do versículo 8, é diferente daquele do


versículo 15. Ambos são expansão, mas um se refere ao lugar onde
os pássaros voam e o outro ao espaço sideral.

O quinto dia - versículos 20-23

No quinto dia Deus criou os animais que vivem nas águas e


também os pássaros. Perceba novamente, que cada um se reproduz
segundo a sua espécie.

O sexto dia - versículos 24-26

No sexto dia Deus criou todos os animais terrestres e os inse-


tos. Note que a cada dia da criação, Deus demonstra Sua satisfação
pela Sua obra (vers. 25). Cada parte era boa e tudo era muito bom
(vers. 31). Isso tudo foi antes da maldição deturpar a criação de
Deus por causa do pecado. Mesmo hoje, com o estrago que o pe-
cado produziu, nós nos maravilhamos com o poder, sabedoria e
bondade de Deus na criação. Que beleza, variedade e complexidade
são manifestas. A criação ainda revela Deus (Salmo 19.1-3). So-
mente Deus pode criar um mundo. Da mesma maneira, somente

110
Capítulo – VII
Teologia - A Doutrina de Deus O Poder Criador do
Existência • Atributos • Nomes • Decretos Deus Eterno

Deus pode fazer um Cristão. A criação física serve para ilustrar a


graça salvadora de Deus manifestada no Novo Nascimento (II Co-
ríntios 5.17). A palavra criatura é uma velha palavra inglesa para
“criação” ou “alguma coisa criada”.

Gênesis 1.26-31

Introdução

No sexto dia Deus criou o homem. A importância da criação


do homem no plano de Deus é indicada de diversas maneiras.

O Auge da Semana da Criação. O homem foi criado por úl-


timo por várias razões:

1- O homem foi o ponto mais alto e o principal propósito


da criação.
2- Porque tudo foi criado para o benefício do homem.
Deus terminou a habitação do homem antes de cria-
lo, para que Adão já fosse colocado em um ambiente
perfeito (vers. 28-30).
3- Alguns sugerem que o homem foi criado por último,
a fim de que todos soubessem que ele nem aconse-
lhou, e nem ajudou a Deus na obra da criação (Jó 38.1-
4).

Ao declarar que o homem foi o auge da criação, nós não pre-


tendemos exaltar o homem, criando assim orgulho e outras coisas

111
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

opostas a centralidade do poder e soberania de Deus. Entretanto, há


duas coisas que deveriam ser lembradas:

Primeiro, nós precisamos recordar que somente a humanidade


foi criada a imagem de Deus.

Segundo, não podemos esquecer que na criação do homem,


Deus já sabia que Adão cairia em pecado, assim como, já havia
planejado a redenção através de seu Filho Jesus Cristo. Quando
lembramos que Cristo tomou a forma de homem para morrer pelos
pecadores, vemos a importância da criação do homem. Isto não é
motivo de orgulho, antes de gratidão e adoração (Salmo 8.3-9).
Você deve estar se perguntando e os anjos?
R:
Nota: A criação dos anjos não é mencionada em Gênesis,
mas nós sabemos que eles são seres criados por Deus (Ezequiel
28.14-15) e provavelmente foram criados antes de nós.

O homem à imagem de Deus.

Somente o homem foi criado à imagem de Deus. A importân-


cia disto é enfatizada quando Deus, na primeira vez na semana da
criação, deliberou isto consigo mesmo (vers. 26). O pronome no
plural (vers. 26) novamente indica a Tri-unidade em Deus. Nós de-
veríamos questionar a nós mesmos o que significa a expressão
“imagem de Deus?” Alguns têm sugerido que isto se refere à fala,
inteligência, capacidade de domínio e a alma imortal. Enquanto es-
tas coisas podem ser incluídas no conceito, o ponto principal,

112
Capítulo – VII
Teologia - A Doutrina de Deus O Poder Criador do
Existência • Atributos • Nomes • Decretos Deus Eterno

entretanto, é a original natureza santa do homem. O ser humano foi


criado com um amor à Deus e à sua bondade. Esta imagem foi cor-
rompida e principalmente perdida na queda de Adão (Romanos
5.12). Através de Jesus Cristo esta imagem é restaurada no Novo
Nascimento (Colossenses 3.10; Efésios 4.24) Sem dúvida nenhuma
a imagem será realmente mais clara na ressurreição, quando nós
seremos completamente redimidos por Cristo (Romanos 8.29; I
João 3.2).

Os sexos - versículo 27

Esse assunto é a causa de muitas polemicas, no entanto nem é


necessária tanta discussão a respeito disso, a bíblia é muito clara e
enfática. “Deus criou macho e fêmea” (Gênesis 1.27). creio que
isso basta.

O domínio do homem - versículos 26 e 28

Deus não deu apenas ao homem a ordem para povoar a terra,


mas também para domina-la. Toda a natureza foi criada para uso
do homem. Neste mandamento vemos o mandato para toda a ver-
dadeira ciência. Todo avanço na agricultura, criação de animais,
transporte, energia, química, medicina e outros campos é incluído
neste termo. A ideia de o homem estar no comando refuta os mo-
dernos ambientalistas, que vêem o homem como um intruso no
mundo. Enquanto é uma tolice abusar da generosidade da terra, o
seu uso legítimo é um privilégio que Deus deu ao homem. Em

113
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

Hebreus 2.6-8 nós temos uma citação do Salmo 8, que expõe o


plano de Deus para que o homem exercesse domínio, como origi-
nalmente declarado em Gênesis cap. 1 e 2. Entretanto, na última
parte de Hebreus 2.8 nós vemos que o homem falhou por causa do
pecado. A ciência tem andado a passos largos, mas por causa da
maldição (Gênesis 3.17-18), uma grande parte da natureza está fora
do controle do homem. Fomes, secas, tempestades, animais cruéis,
pragas, plantas e insetos perigosos, e ainda doenças e envelheci-
mento amaldiçoam a terra. A ciência está limitada as suas habili-
dades. A morte é o destino final de tudo. Louvado seja Deus que
Hebreus 2.9 nos traz gloriosas boas novas! Embora nós não pode-
mos ver tudo que está sob o domínio do homem (Hebreus 2.8b),
nós vemos Jesus (Hebreus 2.9). Vindo em forma de homem, Ele
dominará naquilo que o homem falhou em alcançar. Não somente
a maldição da natureza será interrompida (Isaías 11.6-9), mas tudo
estará sob o Seu controle (Efésios 1.20-22; I Coríntios 15.25). Je-
sus Cristo, o ultimo Adão (I Coríntios 15.45), será muito bem-su-
cedido aonde o ultimo Adão falhou.

A provisão de Deus para o homem - versículos 29-30

Como Deus é bom! Tudo o que o homem precisava foi lhe


concedido em abundância. Não somente as coisas necessárias, mas
também variedade e beleza foram doadas. Mesmo hoje devemos
ver a natureza como a provisão divina para nós. Sem dúvida, a

114
Capítulo – VII
Teologia - A Doutrina de Deus O Poder Criador do
Existência • Atributos • Nomes • Decretos Deus Eterno

maldição do pecado reduziu grandemente a variedade e tranquili-


dade do cultivo e da colheita, entretanto, nós ainda vivemos em um
mundo de abundantes capacidades. Mesmo as plantas híbridas e
animais que o homem desenvolve, são somente viáveis porque
Deus colocou aquelas possibilidades na composição genética das
plantas e animais.

A satisfação de Deus

A cada uma das partes da sua obra, Deus disse que “era bom”
(vers. 12, 18 e outros). Entretanto ao terminar o universo Ele disse
que tudo era muito bom (Gên. 1.31). Deus teve grande prazer na
sua criação. Que universo maravilhoso em que nós vivemos! Que
sabedoria e poder são manifestadas no seu desenho (Salmos 19.1-
4)! Que variedade, beleza, bondade e harmonia são manifestadas.
OOhomem
homem era santo ee aacriação
era santo criaçãoera
ainda mais maravilhosa,
maravilhosa ainda mais já ima-
ginou que habitação tinha o homem antes da entrada do pecado, é
uma pena.

115
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

116
CAPÍTULO – VIII
A SANTÍ SSIMA TRI NDAD E

A Santíssima
Trindade

117
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

A unidade na trindade

A unidade de Deus não contradiz a doutrina da Trindade por-


que Deus não é uma unidade absoluta, e sim uma unidade composta
e dinâmica. Seu relacionamento com o Filho e o Espírito Santo é
desde a eternidade. O nome Elohim, plural de Eloah, “Deus” em
hebraico, revela os primeiros vislumbres da Trindade no Antigo
Testamento. É o nome que aparece na declaração: “No princípio,
criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). O verbo “criou” está no
singular, e o sujeito Elohim, “Deus”, no plural, o que revela uma
na unidade do ser. Além disso, o monoteísmo do An-
pluralidade n’a
tigo Testamento não é absoluto e permite a pluralidade na unidade:
“E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a
nossa semelhança” (Gn 1.26); “Então, disse o SENHOR Deus: Eis
que o homem é como um de nós” (Gn 3.22); “Eia, desçamos e con-
fundamos ali a sua língua” (Gn 11.7). Essa pluralidade na unidade
é vista
do ser, étambém nolivro
vista no profeta
de Isaías:
Isaías: “A quem enviarei, e quem há de
ir por nós?” (Is 6.8). Mas o Novo Testamento tornou explícito o
que antes estava implícito no Antigo Testamento, mostrando clara
e diretamente as três pessoas associadas em unidade e igualdade,
como a fórmula batismal em Mateus 28.19 e em outras passagens:
“Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há di-
versidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversi-
dade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos”
(1 Co 12.4-6); e na bênção apostólica: “A graça do Senhor Jesus

118
Teologia - A Doutrina de Deus Capítulo – VIII
Existência • Atributos • Nomes • Decretos A Santíssima Trindade

Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam


todos vóz. Amém!” (2 Co 13.13). Essa unidade de natureza reapa-
rece mais adiante:

“Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes cha-


mados em uma só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma
só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre
todos, e por todos, e em todos” (Ef 4.4-6); e na obra da redenção:
“Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Es-
pírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo:
graça e paz vos sejam multiplicadas” (1 Pe 1.2). Assim, o que es-
tava implícito no Antigo Testamento é revelado explicitamente no
Novo Testamento e fica confirmado que a pluralidade na divindade
é tríplice, como Jesus deixou claro ao ordenar o batismo “em nome
do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28.19).

Três pessoas na bíblia são chamadas de Deus

Três Pessoas são chamadas “Deus”: o Pai é chamado Deus (1


Co 8.6), (Ef 4.6); o Filho (1 Jo 5.20), (Is 9.6), (Hb 1.8); o Espírito
Santo (At 5.3,4). Para todos os três são usados pronomes pessoais:
para Deus Pai (cf. Is 44.6), para Deus Filho (cf. Mc 9.7) e para Deus
Espírito Santo (cf. Jo 16.13). Os três são mencionados em João
14.16. A todos três são atribuídas características que só pessoas po-
dem ter. Os três falam, amam, sentem, chamam, ouvem, etc. A to-
dos três são referidos atributos divinos:

119
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

• Eternidade: Pai (SI 90.2); Filho (Cl 1.17); Espírito Santo


(Hb 9.14).
• Onipresença: Pai (Jr 23.24); Filho (Mt 28.19); Espírito
Santo (SI 139.7).
• Onisciência: Pai (1 Jo 5.20); Filho (Jo 21.17); Espírito
Santo (1 Co 2.10).
• Onipotência: Pai (Gn 17.1); Filho (Mt 28.18); Espírito
Santo (1 Co 12.11).
• Santidade: Pai (1 Pe 1.16); Filho (Lc 1.35); Espírito
Santo (Ef 4 30).
• Amor: Pai (1 Jo 4.8,16); Filho (Ef 3.19); Espírito Santo
(Rm 15.30).
• Verdade: Pai (Jr 10.10); Filho (Jo 14.6); Espírito Santo
(Jo 16.13).

As três pessoas divinas são um só Deus

A Bíblia diz textualmente em várias passagens que o Senhor


Jesus é Deus (1 Jo 5.7), (Jo 1.1). E ensina que estas três Pessoas
estão unidas reciprocamente. A união entre o Pai e o Filho (Jo
10.30), (2 Co 5.19). A união entre o Pai e o Espírito Santo, expres-
sado em “Espírito de Deus” (Rm 8.9). A união entre o Filho e o
Espírito Santo: Espírito de Cristo (Rm 8.9), (Gl 4.6). As três Pes-
soas são mencionadas de uma só vez como Pessoas distintas:

120
Teologia - A Doutrina de Deus Capítulo – VIII
Existência • Atributos • Nomes • Decretos A Santíssima Trindade

• “Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt


28.19).
• “Um só Espírito, ...um só Senhor, ...um só Deus” (Ef
4.4-6).
• “A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus, e a
comunhão do Espírito Santo” (2 Co 13.13).
• “O Espírito... o Senhor... é o mesmo Deus” (1 Co 12.4-
6).
• “Porque, por ele, ambos temos acesso ao Pai em um
mesmo Espírito” (Ef 2.18).
• “Eleitos segundo a presciência de Deus, em santificação
do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de
Jesus Cristo” (1 Pe 1.2).

A unidade absoluta das três pessoas não desfaz a sua indi-


vidualidade

Todas três são mencionadas no mesmo momento em lugares


diferentes: o Filho foi batizado, o Espírito veio sobre Ele, enquanto
o Pai falava dos céus (cf. Mt 3.16,17). Estevão estava cheio do Es-
pírito Santo, e viu Jesus à destra de Deus (cf. At 7.55,56). As três
Pessoas são mencionadas como Testemunhas. Conforme prescreve
a Lei, eram necessárias duas ou três testemunhas (Dt 19.15,16).
Embora as três Pessoas na realidade sejam apenas um (1 Jo 5.7,8),
são apresentadas como Testemunhas, porque numericamente são

121
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

três: o Pai testifica (Rm 1.9), o Filho testifica (Jo 18.37), o Espírito
Santo testifica (1 Jo 5.6).

A bíblia menciona as três pessoas divinas operando na


mesma obra, mas de diferentes modos

A criação. O Pai criou (cf. Gn 1.1), (Jr 10.10-12), (SI 89.11),


(Sl 102.25), pelo Filho (cf. Jo 1.2), (1 Co 8.6), (Hb 1.2), no poder
do Espírito Santo (cf. Gn 1.2), (SI 104.30), (Jó 33.4), (Jó 26.3).

A salvação. Deus predeterminou a salvação por Jesus (cf. Ef


1.4), enviou o seu Filho (cf. Jo 3.16), (Gl 4.6), o gerou (cf. SI 2.7),
estava em Cristo, reconciliando o mundo consigo (cf. 2 Co 5.19) e
ressuscitou a Jesus (cf. At 13.30-32). O Filho se ofereceu desde a
fundação do mundo (cf. Ap 13.8), veio ao mundo (cf. Hb 10.7) ani-
quilando a sua glória (cf. Fp 2.7) e morreu na cruz (cf. Jo 19.30). O
Espírito Santo operou pela palavra profética (cf. 1 Pe 1.10), na con-
cepção de Jesus (cf. Lc 1.35) e com Jesus no seu ministério (cf. Lc
3.22), (Lc 5.17, etc.); operou quando Jesus se ofereceu (cf. Hb
9.14), na sua ressurreição (cf. Rm 8.11) e na sua ascensão (cf. Ef
1.19,20). Agora Ele aplica a obra de Jesus na vida dos homens (Jo
16.15).

O batismo. Jesus ordenou que fosse ministrado em nome do


Pai, do Filho e do Espírito Santo (cf. Mt 28.19). O fato mencionado
em Atos dos Apóstolos, que os apóstolos batizavam em nome do
Senhor (At 2.38), (At 8.16), (At 10.48), (At 19.5), é aproveitado

122
Teologia - A Doutrina de Deus Capítulo – VIII
Existência • Atributos • Nomes • Decretos A Santíssima Trindade

pelos inimigos da doutrina da Trindade como “prova verídica” de


que os apóstolos não acreditavam na doutrina trinitariana, mas “só
em Jesus”. (essa seita nega a existência da Pessoa do Pai e do Es-
pírito Santo, e só aceitam a Pessoa de Jesus. A origem dessa dou-
trina é o espírito do anticristo (cf. 1 Jo 2.22-24). E a explicação
deste fato é simples! Quando os apóstolos batizavam em nome de
Jesus, é porque eles foram enviados com autoridade para represen-
tarem a Pessoa de Jesus Cristo (cf. Lc 24.47). Curavam em nome
de Jesus (cf. At 3.6), (Mc 16.17) e executavam a disciplina da Igreja
em nome de Jesus (cf. 1 Co 5.4-9), (2 Ts 3.6). Assim também bati-
zavam em nome de Jesus. Porém, no ato do batismo, eles ministra-
vam conforme a ordem de Jesus: em nome do Pai e do Filho e do
Espírito Santo.

Na vida ministerial. Deus predetermina a chamada para o mi-


nistério antes de a pessoa ter nascido (cf. Gl 1.15), (Jr 1.5), (Ef
2.10) e a chama (cf. Is 6.8) e a envia (cf. Jr 26.5). Jesus se revela
para o chamado (cf. Gl 1.16), constrangendo-o a ir (cf. 2 Co 5.14),
separando-o para a obra (cf. Ef 4.11), preparando e enviando-o (cf.
Mt 10.1,5) e operando com ele (cf. Me 16.20). O Espírito Santo é
o poder que capacita (cf. At 1.8), opera na chamada (cf. At 13.1,2)
etc.

Na vinda de Jesus. Deus levará os crentes para si (cf. 1 Ts 4-


14) Jesus virá ao nosso encontro nas nuvens para nos buscar (cf. 1
Ts 4.16) e o Espírito Santo operará na ressurreição (cf. Rm 8.11).

123
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

Neste único ser divino há três pessoas ou subsistências


individuais, o Pai e o Filho e o Espírito Santo

Provam-no as várias passagens já citadas como válidas para


consubstanciar a doutrina da Trindade. Para indicar estas distinções
da Divindade, os escritores gregos geralmente empregavam o
termo “hypostasis”, enquanto que os autores latinos utilizavam o
termo “persona” e, às vezes, “substantia”. Como aquele podia le-
var a mal-entendidos e este era ambíguo, os eruditos cunharam a
palavra subsistência. A variedade dos termos empregados mostra
que sempre se sentiu que são inadequados. Geralmente se admite
que a palavra “pessoa” é apenas uma expressão imperfeita da
ideia. Na linguagem comum ela designa um indivíduo racional e
moral separado, dotado de consciência própria, e consciente da sua
identidade em meio a todas as mudanças. A experiência ensina que
onde temos uma pessoa, temos também uma essência individual
distinta. Toda pessoa é um indivíduo distinto e separado, em quem
a natureza é individualizada. Mas em Deus não há três indivíduos
justapostos e separados uns dos outros, mas somente autodistinções
pessoais dentro da essência divina, que é não só genericamente,
mas também numericamente, uma só. Consequentemente, muitos
preferiram falar de três “hipóstases” em Deus, três diferentes mo-
dos, não de manifestação, como ensinava Sabélio, mas de existên-
cia ou de subsistência. Daí diz Calvino: “Então, com pessoa, quero
dizer uma subsistência na essência divina uma subsistência que,
conquanto relacionada com as outras duas, distingue-se delas por

124
Teologia - A Doutrina de Deus Capítulo – VIII
Existência • Atributos • Nomes • Decretos A Santíssima Trindade

suas propriedades incomunicáveis”. Isso é perfeitamente permis-


sível e pode proteger-nos de entendimento errôneo, mas não deve
levar-nos a perder de vista o fato de que as autodistinções do Ser
Divino implicam um “Eu” e “Tu” no Ser de Deus, que assumem
relações pessoais uns com os outros. Veja Mt 3.16; 4.1; Jô 1.18;
3.16; 5.20-22; 14.26; 15.26; 16.13-15. Deus Pai é o mesmo Deus
Filho que é o mesmo Deus Espírito Santo. Na essência, são iguais
em poder glória e majestade, não são diferentes em nada, apenas
nas funções em que cada hipóstases exerce no propósito único com
a finalidade que conhecemos da obra da redenção.

Como funciona a soma numérica na trindade

1+1+1 não é igual a 3; 1+1+1 também não é igual a 1. se fosse


assim na primeira hipótese teríamos 3 deuses, e na segunda hipó-
tese teríamos um deus formado por junção de três, formando então
um deus, porem se tirarmos 1 da soma, nós não teríamos um deus
completo, pois de acordo com a segunda hipótese o resultado de
soma é que traz a existência um deus, e obviamente está totalmente
oposto ao que aprendemos. Então qual seria a soma correta para
entender a divindade trinitária de Deus?

Resposta: Deus não é formado por uma soma e sim, por uma
essência substancial, ou seja, Ele é na sua totalidade uma só essên-
cia e essa essência é formada por 3 substancias idênticas em tudo,
a diferença das substancias está no papel que elas exercem na uni-
dade. Por exemplo:

125
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

A água: é uma única substancia, composta por dois átomos de


hidrogênio e apenas um átomo de oxigênio, H20. Ou seja, ela é 3
produtos químicos que formam apenas uma única substancia. que
se ligam por ligações covalentes (H-O-H). Nesse tipo de ligação,
os elétrons dos átomos são compartilhados. A ligação covalente da
água forma um ângulo de 104,5° que promove a polarização da
molécula. Observa-se que, ao interagirem, o átomo de oxigênio
atrai de maneira mais intensa os elétrons do que o hidrogênio, o
que gera uma carga parcial positiva no hidrogênio e uma negativa
no oxigênio, é a polaridade que garante algumas importantes pro-
priedades da água, tais como seu ponto de fusão e ebulição, bem
como a capacidade de dissolver substâncias. Veja que cada química
tem seus respectivos objetivos na substancia para torna-la propria-
mente utilizável em harmonia com tudo que foi criado por Deus. A
diferença entre Deus e a água na exposição é que a água é matéria
e obviamente Deus não, e sim Ele é o criador da matéria. Podemos
ver a assinatura de Deus na sua criação muitas coisas são formadas
por 3 elementos veja algumas a seguir:
Exposição feita pelo
(Dr. Adauto Lourenço)

A terra Tempo Espaço

Crosta Terrestre Passado Largura

Manto Presente Altura


Núcleo Futuro Profundidade

126
Teologia - A Doutrina de Deus Capítulo – VIII
Existência • Atributos • Nomes • Decretos A Santíssima Trindade

Base da matéria Espaço B/ da matéria Musica

Prótons Sólido Melodia

Elétrons Liquido Harmonia

Nêutrons Gasoso Ritmo

Podemos perceber claramente que nosso Deus “Elohim”, ou


seja, o Deus Pai, Deus Filho e Deus Espirito santo é criador de to-
das as coisas, não apenas criou como também deixou a marca de
seu ser em muitas coisas criadas. Pra finalizar, algo que é muito
interessante; é que Ele pensou em um jeito de nos dar forma usando
três componentes, assim como Ele é “Trindade” nós somos com-
postos de corpo alma e espírito, isto é, não somos uma Trindade e
sim Três em um, pois nós estávamos criados em Deus e depois ga-
nhamos forma corpórea, devido a esse fato nosso corpo não nasceu
ou foi criado em composição com nosso ser, mas depois passamos
a habitar nesse corpo, isto significa que existíamos antes de sermos
formado do pó da terra, e antes de ganharmos corpo não tínhamos
três componentes. Magnifico é o nosso Deus e digno de toda a ado-
ração, pois o seu eterno poder é manifesto em nós como feituras
das mãos de Deus.

127
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

128
CAPÍTULO – IX
OS NOM ES D E DEUS

Os Nomes de
Deus
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

Os nomes de Deus em geral

Os nomes de Deus são fundamentais para que possamos co-


nhecer mais sobre Ele. Muitas pessoas se perguntam se Deus tem
um nome, e a própria Bíblia responde a essa pergunta de forma
bastante extensiva, nos fornecendo uma importante lista sobre os
títulos e nomes de Deus.

Diferente do que geralmente acontece na atualidade, os nomes


na antiguidade não serviam apenas para distinguir uma pessoa de
outra, mas era uma expressão da própria pessoa em si, refletindo
sua natureza, importância e posição. Por conta desse princípio, às
vezes um nome poderia ser entendido como sendo uma benção ou
uma maldição, bem como não era raro que alguém mudasse de
nome devido a algum acontecimento extraordinário. É muito im-
portante conhecermos os nomes de Deus, pois eles simplesmente
revelam quem Deus é, ou seja, Deus se revela através de seus no-
mes e títulos, de forma que tais nomes nos levam a conhecer e ad-
mirar seus atributos que também são inseparáveis de sua Pessoa.
William Hendriksen escreve dizendo que “o nome de Deus é o pró-
prio Deus conforme revelado em todas as suas obras” (CNT Ma-
thews).

OODr.
Dr.Bavinck,
Bavinck baseia a sua divisão dos nomes Deus nesse am-
plo conceito deles, e distingue entre nomina própria (nomes

130
Teologia - A Doutrina de Deus Capítulo – IX
Existência • Atributos • Nomes • Decretos Os Nomes de Deus

próprios), nomina essentialia (nomes essenciais, ou atributos), e


nomina personalia (nomes pessoais; como pai e Filho e Espírito
Santo). No presente capítulo nos limitaremos à primeira classe de
nomes

Questões a respeito dos nomes de Deus

Qual é o nome de Deus?

Estaremos abordando alguns tópicos a respeito do nome di-


vino, como a origem do nome Jeová, o que é o tetragrama, etc.

As Testemunhas de Jeová alegam ser eles a única religião que


usa o nome divino, a única que santifica o nome de Deus. No livro
“Poderá Viver Para Sempre No Paraíso”, pág. 184 diz: “Como
identificar uma religião verdadeira”; ali eles apresentam cinco ca-
racterísticas de uma religião verdadeira. A primeira é “Santificar
O Nome De Deus”.

Para eles, santificar o nome de Deus é chamar Deus pelo nome


e divulgá-lo, mencionando (Mt 6.9), (Jo 17.6) É importante deixar
claro que apesar de Jesus ter dito “Tenho feito manifesto o teu
nome”, Ele nunca chamou Deus de Jeová.

Por que Jesus nunca chamou Deus de Jeová, ou melhor, di-


zendo, nunca pronunciou o Seu nome, sendo que as Testemunhas
de Jeová alegam que é importante chamar Deus pelo nome?

Eles alegam também que toda pessoa tem um nome, então é


lógico que Deus também tenha um nome; dizem também que o
nome é para diferenciar o Deus criador dos deuses falsos. Por

131
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

exemplo: como Deus pode ouvir sua oração se você o chamar pelo
título “Deus”, sabendo que existem outros deuses? Assim Ele não
saberia quem você estaria invocando. Isto é um absurdo. Será que
Deus tem um único nome, ou tem outros nomes que nós podemos
usá-los para nos referir a Ele? As Testemunhas de Jeová respon-
dem. Livro Jeová, pág. 8:

“Jeová, o imortal… Ele tem se revelado as suas criaturas pelo


seu nome Jeová; pelo seu nome Deus…; pelo seu nome Todo-Po-
deroso…pelo seu nome Altíssimo”.

A questão da pronúncia

Algumas informações preliminares:

No hebraico escrevia-se somente com consoantes; as vogais


eram somente pronunciadas, isto é, as vogais eram transmitidas,
através das gerações do povo de Israel, oralmente e não de forma
escrita, visto que a escrita da língua hebraica possuía apenas as con-
soantes. Naquele período era fácil para o judeu porque a língua he-
braica era uma língua cotidiana, então eles não tinham dificuldade
em pronunciar as palavras. No momento da pronúncia, eles su-
priam corretamente as consoantes com as devidas vogais. Depois o
hebraico entrou em declínio. Por muitos anos, devido a fatores his-
tóricos inelutáveis. Somente no século VI depois de Cristo, é que
começaram a surgir os “Massoretas” (do hebraico “massorah”, que
quer dizer “tradição”) os quais instituíram um sistema de pontos e
sinais representando as vogais, ou melhor, dizendo, os sons

132
Teologia - A Doutrina de Deus Capítulo – IX
Existência • Atributos • Nomes • Decretos Os Nomes de Deus

vocálicos abertos e fechados, e por isso são chamados “sinais mas-


soréticos”. Estes sinais eram colocados acima, abaixo e até mesmo
dentro das consoantes; (um tracinho [-] em baixo =A), (os dois pon-
tos [..] em baixo é = E), (um pontinho em baixo [.] = I) e etc. Con-
vém frisar que essas anotações não fazem parte do texto sagrado
original, visto que os manuscritos originais hebraicos são pura-
mente consonantais.

Por essa razão, a palavra que hoje se conhece como Jeová


constava unicamente de quatro letras, isto é, quatro consoantes he-
braicas que são: YHWH, conhecidas como o tetragrama. Portanto
não devemos afirmar que a pronúncia do texto massorético de hoje
seja exatamente a mesma dos tempos bíblicos.

O tetragrama YHWH

Por que os judeus não pronunciavam o nome divino?

Quando Moisés recebeu os dez mandamentos, Ex. 20.1-17, o


versículo 7 “Não tomarás o nome do ( Senhor = do Hebraico =
YHWH) teu Deus em vão: porque o YHWH não terá por inocente
o que tomar o seu nome em vão” deixa claro que Deus não ia tomar
por inocente o que invocasse seu nome em vão. Quando os judeus
se deparavam com YHWH, automaticamente eles pronunciavam,
liam e falavam Adonay que significa Senhor.

Devido a este temor ou superstição, os judeus deixaram de pro-


nunciar o nome divino. Portanto, não temos como saber que vogais
eles usavam na pronúncia do tetragrama YHWH.

133
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

É digno de nota que as Testemunhas de Jeová reconhecem que


ninguém sabe a pronúncia correta do nome divino. Você leitor pode
certificar-se disso examinando a “BROCHURA” (literatura produ-
zida pelas Testemunhas de Jeová) O Nome Divino Que Durará
Para Sempre, pág. 7, subtítulo: Como é pronunciado o nome de
Deus diz: “A verdade é que ninguém sabe com certeza como o
nome de Deus era pronunciado originalmente”. Na mesma página,
no rodapé, diz: “Portanto, é evidente que a pronúncia original do
nome de Deus não mais é conhecida. Nem é realmente importante.
Se fosse, o próprio Deus se teria certificado de que fosse preservada
para o nosso uso”.

Em outra literatura das Testemunhas de Jeová, “Poderá Viver


Para Sempre No Paraíso Na Terra”, pág. 43 parágrafo 11 encon-
tramos: “Portanto, o problema hoje é que não temos meios de saber
exatamente que vogais os hebreus usavam junto com as letras
YHWH”.

A Incoerência

Vejamos o que diz a literatura “Poderá Viver Para Sempre No


Paraíso Na Terra”, pág. 185 parágrafo 5: “De fato, conhecer tal
nome é necessário para a salvação, conforme diz a Bíblia, pois todo
aquele que invocar o nome de Jeová será salvo” (Rm 10.13), na
Tradução do Novo Mundo. Obs: as traduções do texto originais fo-
ram adulteradas na “Bíblia” das Testemunhas de Jeová visto que a

134
Teologia - A Doutrina de Deus Capítulo – IX
Existência • Atributos • Nomes • Decretos Os Nomes de Deus

palavra que aparece no original grego é “Kyrios” (SENHOR), que


eles traduzem por Jeová.

No original grego o nome Jeová não aparece nenhuma vez se-


quer no Novo Testamento. As Testemunhas de Jeová acrescenta-
ram 237 vezes o nome Jeová por conta própria. É por isso que só
na Tradução do Novo Mundo, no Novo Testamento aparece o
nome Jeová. Mas quando Kyrios é usado em relação a Cristo eles
omitem esse fato.

Agora perguntamos a você amigo leitor: Como pode o nome


de Deus não ser importante porque ninguém sabe a pronúncia e ao
mesmo tempo ser necessário conhecê-lo para a salvação? Em (Pv
4.19) diz “O caminho dos ímpios é como a escuridão: nem sabem
em que tropeçam”.

Quando surgiu o nome Jeová?

No hebraico moderno do século VI depois de Cristo, os Mas-


soretas colocaram os sinais das vogais Adonay nas consoantes do
tetragrama, daí em diante que os clérigos católicos começaram a
tentar escrever o nome divino: Iahweh, Jehovah, Iavé e Jeová.

A partir do ano de 1514 depois de Cristo, começaram a usar o


nome JEOVÁ e assim ficou conhecido e usado não porque seja a
forma correta, mas por questão de ser bem mais conhecida.

Portanto, em algumas traduções João Ferreira de Almeida, re-


vista e corrigida, antigas, ali encontram o nome Jeová (somente no
Antigo Testamento). Esta é a forma incorreta. O certo é Senhor ou

135
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

Iahweh que estão com as vogais de Adonay que se traduz por Se-
nhor.

Quem formulou o nome Jeová?

“Por séculos tem havido um grande debate sobre a pronúncia


correta do nome pessoal do Criador. Alguns tradutores modernos
da Bíblia o escrevem Yawé ou Javé como sendo o mais aproximado
da pronúncia correta. Entretanto, Jeová é a forma popular de pro-
nunciá-lo em português. Na versão católica romana, em inglês, co-
nhecida como versão de Westminster das Escrituras Sagradas, que
teve como Editor-Geral o Jesuíta Cuthbert Lattey, o tradutor usa
Jeová e na sua nota marginal sobre Jonas 1.1, ele diz”: Em harmo-
nia com a preferência do editor-geral da Versão Westminster, eu
emprego o nome ‘Jeová’. É bem conhecido que este certamente
não é o equivalente do Nome hebraico. Obs: O uso do nome Jeová
não é uma questão de transliteração e sim uma questão de prefe-
rência pessoal do editor geral.

O nome Jesus

Agora vamos verificar o que a Bíblia ensina a respeito do nome


“JESUS”. O nome JESUS aparece 908 vezes no Novo Testamento,
o qual foi escrito em grego. Portanto, o nome JESUS é bíblico e
consta no original grego. Amigo leitor, você pode comprovar isto
verificando o grego interlinear das Testemunhas de Jeová. Observe
agora como se escreve JESUS em grego: “IESOUS”

136
Teologia - A Doutrina de Deus Capítulo – IX
Existência • Atributos • Nomes • Decretos Os Nomes de Deus

(O NOME JESUS APARECE NOS 27 LIVROS DO NOVO TESTAMENTO); (O


NOME JEOVÁ NÃO APARECE EM NENHUM DOS 27 LIVROS DO NOVO TES-
TAMENTO).

Os nomes de Deus no Antigo Testamento e seus significa-


dos

Elohim. Este é o primeiro nome de Deus encontrado nas Es-


crituras (Gênesis 1.1), como já antes foi dito, e aqui o nome encon-
tra-se em sua forma plural, mas o verbo continua no singular, indi-
cando a pluralidade das pessoas na unidade do Ser, “por assim di-
zer”.

El-shadai. Este nome composto é traduzido “Deus o Todo po-


deroso” (El é Deus e Shadai é Todo poderoso). O título El é Deus
no singular, e significa forte ou poderoso. Shadai, sempre traduzido
por Todo-Poderoso, significa suficiente ou rico em recursos.

Adonai. Este nome de Deus está no plural, denotando assim a


pluralidade das pessoas na Divindade. É traduzido como Senhor
em nossa Bíblia e denota uma relação de Senhor e escravo.

Jeová. (YHWH + Adonai) Este é o mais famoso dentre os no-


mes de Deus e é predicado dele como um Ser necessário e auto
existente. O significado é: aquele que sempre foi, sempre é e sem-
pre será. Temos assim traduzido em Apocalipse 1.4: “Daquele que
é, e que era, e que há de vir”.

O nome Jeová é muitas vezes usado de modo composto com


outros nomes para apresentar o verdadeiro Deus em algum aspecto
de Seu caráter, satisfazendo certas necessidades de Seu povo.

137
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

Como você pode ver abaixo, está posto o nome verdadeiro o Tetra-
grama, mas logo a frente o mesmo nome mas na versão aportugue-
sada “Jeová”.

Yhwh-Hosenu. “Jeová nosso criador”. Salmo 95.6

Yhwh-Jiré. “Jeová proverá”. Gênesis 22.14

Yhwh-Rafá. “Jeová que te cura”. Êxodo 15.26

Yhwh-Nissi. “Jeová, minha bandeira”. Êxodo 17.15

Yhwh-Mikaddés. “Jeová que te santifica”. Levítico 20.8

Yhwh-Eloenu. “Jeová nosso Deus”. Salmo 99.5 e 8

Yhwh-Eloeka. “Jeová teu Deus”. Êxodo 20.2,5,7

Yhwh-Eloai. “Jeová meu Deus”. Zacarias 14.5

Yhwh-Shalom. “Jeová envia paz”. Juízes 6.24

Yhwh-Tsebaote. “Jeová das hostes”. 1 Samuel 1.3

Yhwh-Roí. “Jeová é, meu pastor”. Salmo 23.1

Yhwh-Heleión. “Jeová o altíssimo”. Salmo 7.17; 47.2

Yhwh-Tsidkenu. “Jeová nossa justiça”. Jeremias 23.6

Yhwh-Shamá. “Jeová está lá”. Ezequiel 48.35

Muitas vezes o nome Yahweh é fortalecido pelo acréscimo de


“Tsebhaoth”. Orígenes e Jerônimo o consideravam uma aposição,
porque Yahweh não admite condição de construto. Mas esta inter-
pretação não tem suficiente suporte e dificilmente propicia um

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Teologia - A Doutrina de Deus Capítulo – IX
Existência • Atributos • Nomes • Decretos Os Nomes de Deus

sentido inteligível. É deveras difícil determinar a que se refere o


vocábulo tsebhaoth. Há três opiniões principais:

Os exércitos de Israel. Pode-se muito bem pôr em dúvida o


acerto desta maneira de ver. A maior parte das passagens citadas
em apoio desta ideia não prova o ponto; somente três delas contém
um indício de prova, a saber, 1 Sm 4.4; 17.45; 2 Sm 6.2, ao passo
que uma delas, 2 Rs 19.31, é muito desfavorável a este ponto de
vista. Enquanto o plural tsebhaoth é empregado para designar os
exércitos do povo de Israel, o exército é normalmente indicado pelo
singular. Isto milita contra a noção, inerente a esta teoria, de que,
no nome em consideração, o termo se refere ao exército de Israel.
Além disso, é evidente que, pelo menos nos Profetas, o nome “Se-
nhor dos Exércitos” não se refere ao Senhor como Deus de guerra.
E se o sentido do nome mudou, o que foi que ocasionou a mudança?

As estrelas. Mas, ao falar do exército dos céus, as Escrituras


sempre empregam o singular, e nunca o plural. Além do mais, as
estrelas são chamadas o exército do céu, mas nunca o exército de
Deus.

Os anjos. Esta interpretação merece preferência. O nome


Yahweh Tsebhaoth acha-se muitas vezes em contextos em que os
anjos são mencionados: 1 Sm 4.4; 2 Sm 6.2; Is 37.16; Os 12.4, 5;
Sl 80.1, 4, 7, 14, 19; 89.6, 8. Os anjos são repetidamente descritos
como um exército que circunda o trono de Deus, Gn 28.12; 32.2;
Js 5.14; 1 Rs 22.19; Sl 68.17; 103.21; 148.2; Is 6.2. É verdade que
neste caso o singular é também usado no geral, mas esta objeção

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Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

não é grave, pois a Bíblia indica também a existência de várias di-


visões de anjos, Gn 32.2; Dt 33.2; Sl 68.17. No demais, esta inter-
pretação está em harmonia com o significado do nome, que não
tem matiz marcial, mas expressa a glória de Deus como Rei, Dt
33.2; 1 Rs 22.19; Sl 24.10; Is 6.3; 24.23; Zc 14.16. Então, o Senhor
dos Exércitos é Deus como o Rei da glória, cercado de hostes an-
gelicais, governa o céu e a terra no interesse do Seu povo e recebe
glória de todas as Suas criaturas.

Os nomes de Deus no Novo Testamento e seus significa-


dos

Theós. O Novo testamento tem equivalentes gregos dos nomes


do Antigo Testamento. Para ‘El ‘Elohim, e ‘Elyon temos nele
Theos, que é dos nomes aplicados a Deus o mais comum. Como
‘Elohim, estritamente falando expressa a divindade essencial.
‘Elyon é traduzido por Hypsistos Theos, Mc 5.7; Lc 1.32, 35, 75;
At 7.48; 16.17; Hb 7.1. Os nomes Shadda e ‘El-Shadday são verti-
dos para Pantokrator e Theos Pantokrator, 2 Co 6.18; Ap 1.8; 4.8;
11.17; 15.3; 16.7, 14. Mais geralmente, porém, vê-se Theos com
um genitivo possessivo, como mou, sou, hemon, hymon, porque em
Cristo Deus pode ser considerado como o Deus de todos e de cada
um dos Seus filhos. A ideia nacional do Antigo Testamento deu
lugar à individual, na religião.

Déspotes. (Déspota no português). Este título denota Deus em


Sua soberania absoluta, e é semelhante a Adonai do A.T.

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Teologia - A Doutrina de Deus Capítulo – IX
Existência • Atributos • Nomes • Decretos Os Nomes de Deus

Encontramos este nome apenas cinco vezes no N.T, Lucas


2.29; Atos 4.24; 2 Pedro 2.1; Judas 4; Apocalipse 6.10.

Kyrios. O nome Yahweh é aplicado algumas vezes por varian-


tes de tipo descritivo, como “o Alfa e o Ômega”, “que é, que era, e
que há de vir”, “o princípio e o fim”, “o primeiro e o último”, Ap
1.4, 8, 17; 2.8; 21.6; 22.13. Todavia, quanto ao mais, o Novo Tes-
tamento segue a Septuaginta, que substitui por ‘Adonai, e o traduz
por Kyrios, derivado de kyros, “poder”. Este nome não tem exata-
mente a mesma conotação de Yahweh, mas designa a Deus como
o Poderoso, Senhor, o Possuidor, o Governador que tem poder e
autoridade legal. É empregado não somente com referência a Deus,
mas principalmente a Cristo.

Pater. Muitas vezes se diz que o Novo Testamento introduziu


um novo nome de Deus, a saber, Pater (Pai). Mas isto, a rigor, não
é certo. O nome Pai é empregado com alusão a Deus mesmo em
religiões pagãs. É utilizado repetidamente no Antigo Testamento
para designar a relação de Deus com Israel, Dt 32.6; Sl 103,13; Is
63.16; 64.8; Jr 3.4, 19; 31.9; Ml 1.6; 2.10,

Pantokrator. Pantocrator (em grego: Παντοκράτωρ; transl.:


Pantokrátor: 'todo-poderoso', 'onipotente', de pan, 'tudo', e kràtein,
'dominar' ), na iconografia do Cristianismo, refere-se a uma forma
de representação de Jesus, que é retratado com a mão direita, em
posição de bênção com o polegar voltado para si, os dedos médio
e indicador em posição oblíqua, quase vertical, e os outros dedos
dobrados em direção à palma da mão. Essa posição da mão direita,

141
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

com dois dedos erguidos, indica a sua dupla natureza (divina e hu-
mana), enquanto a sua participação na Trindade, como segunda
Pessoa, é indicada pelos três dedos unidos nas pontas; na mão es-
querda, estão as Sagradas Escrituras. O Cristo Pantocrator encon-
tra-se várias vezes no Novo Testamento em grego.

Christus. Esta palavra significa o Ungido e é traduzida Cristo.


Deriva-se da palavra “Chrio” que significa ungir. É o nome oficial
do Messias ou Salvador que era por muito tempo esperado. O Novo
Testamento, utiliza este nome exclusivamente referindo-se a Jesus
de Nazaré.

Destes nomes todos do Ser Supremo, aprendemos que Ele é o


Ser eterno, imutável, auto existente, autossuficiente, todo-sufici-
ente e é o supremo ser que gera temor, confiança, adoração e obe-
diência.

Jesus, o nome todo poderoso

• Devemos ser testemunhas d’Ele (At 1.8)


• Salvação em Seu nome (At 4:11-12), (At 16.30-31)
• Pessoas são curadas em Seu nome (At 3.6-16)
• Saulo perseguia os que invocavam Jesus (At 9.21)
• Jesus é o único Salvador (At 13.23)
• Em Seu nome expulsamos demônios (Mc 16.14-18)
• A importância do nome Jesus (Mt 10.22), (Mt 10.32-33),
(Mt 12.21), (Mt 18.5)

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Teologia - A Doutrina de Deus Capítulo – IX
Existência • Atributos • Nomes • Decretos Os Nomes de Deus

• Jesus nunca chamou Deus de Jeová (Mt 11.25), (Mt


26.39-42), (Mc 14.36), (Lc 10.21), (Jo 11.41)
• Somos lavados, santificados e justificados em Seu nome
(1 Co 6.11)
• Há um só Senhor: Jesus Cristo (1 Co 8.6)

Conclusão

• O nome que devemos invocar para ser salvo é “Senhor


Jesus”. (At 16.30-31)
• A Bíblia não ensina que devemos crer em alguma orga-
nização. E também não ensina qual religião devemos se-
guir ou filiar-se.
• A Bíblia ensina que devemos confiar, crer e obedecer so-
mente em Jesus mediante Sua palavra.
• Jesus deixou bem claro que Ele é o único caminho, a ver-
dade e a vida. (Jo 14.6)
• Ele também disse: “e conhecereis a verdade, e a verdade
vos libertará”. (Jo 8.32)
• Amigo leitor, se você é escravo de alguma organização
ou religião, você pode ficar liberto agora mesmo.

Dobre o seu joelho e invoque o nome do Senhor Jesus, e con-


fesse com a sua boca que Ele é Senhor e Salvador da sua vida. Leia

143
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

(João 1.12). “texto final extraído do site do CACP, com Autorização do responsável,
Profº João Flavio Martinz

144
145
146
CAPÍTULO – X
OS DECR ETOS DE DEUS

Os Decretos de
Deus

147
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

Criação, história e governo humano

Decretos de Deus são seus planos e desígnios preestabelecidos,


perfeitos e imutáveis, por meio dos quais Ele dirige soberanamente
a história e realiza sua vontade soberana em todo o universo, atin-
gindo, assim, seus propósitos santos.

Os decretos de Deus são impossíveis de serem frustrados

(Jó 23.13,14; 42.2; Is 43.13; 46.10), sobrepõem-se aos propó-


sitos humanos (Dn 4.35; Pv 19.21; Fp 2.13) e, sendo perfeitos, não
sofrem alterações (1Sm 15.29; Sl 33.11; Is 46.10; Hb 6.17).

Aliás, deve-se lembrar que a oração do crente não tem força


para alterar os planos de Deus. Textos que dão essa impressão (Ex
32.9-14) devem ser entendidos no sentido de que a aparente mu-
dança no desejo do Senhor já estava fixada em seus planos prees-
tabelecidos, sendo a própria oração parte integrante desses planos.

É por isso que, mesmo sabendo que Deus já tem tudo plane-
jado, o crente deve orar. Passagens bíblicas como 2 Samuel 7.27-
29, Daniel 9.2,3 e Apocalipse 22.20 mostram pessoas orando
mesmo depois de Deus ter revelado o que já tinha planejado fazer.

Os decretos de Deus abrangem a criação

A Bíblia ensina que os decretos de Deus envolvem a criação,


estando ela sujeita aos seus planos e cumprindo o que Ele deter-
mina (Sl 148.1-10). Foi, inclusive, por seu decreto soberano que a

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Teologia - A Doutrina de Deus Capítulo – X
Existência • Atributos • Nomes • Decretos Os Decretos de Deus

natureza foi submetida à vaidade até o dia da libertação dos crentes


(Rm 8.20,21). De fato, nada acontece em toda a criação sem a au-
torização suprema de Deus (Mt 10.29).

Os decretos de Deus abrangem a história

O Senhor determinou os tempos de ascensão e queda de todos


os povos e também as regiões específicas que deveriam ocupar (At
17.26). Ele decretou os atos cruéis da Assíria (Is 10.5,6) e a queda
desse império por não reconhecer que era só um instrumento nas
mãos de Deus (Is 10.12-15). Ele decretou a destruição das nações
por meio dos babilônios (Sf 3.8) e planejou a restauração de Jeru-
salém por meio de Ciro (Is 44.24-28; 46.11).

As ações de Herodes, de Pôncio Pilatos, dos gentios e do povo


de Israel no modo de tratar Jesus, foram predeterminadas por Deus
(At 4.27,28). O Senhor também decretou que a história termine
com a sujeição completa de todo o universo a Cristo (Ef 1.9,10).
Na verdade, as profecias do Antigo Testamento e os ensinos do
Novo Testamento acerca do futuro nada mais são do que revelações
dos decretos de Deus referentes à história universal.

Os decretos de Deus abrangem o governo humano

Ainda que os diversos países sejam governados por homens e


sistemas legais injustos, é preciso reconhecer que os decretos de
Deus abrangem também o governo humano, não havendo nenhuma
autoridade política que não tenha sido estabelecida por Ele (Rm

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Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

13.1). Foi Deus quem deu autoridade e poder a Faraó (Rm 9.17), a
Ciro (Is 41.2-4; 45.1-7) e a Pilatos (Jo 19.10,11), tudo com o obje-
tivo de, por meio deles, cumprir os seus decretos. Desse modo, Ele,
o Senhor, tem pleno domínio sobre o reino dos homens e o dá a
quem Ele quer (Dn 4.17,25,32; 5.21), movendo o coração dos go-
vernantes de acordo com seus propósitos às vezes misteriosos mas
sempre justos (Êx 9.12; 10.20,27; 11.10; 14.8; Ed 7.21-28; Pv
21.1).

A vida dos indivíduos e a salvação

Os planos de Deus se realizam também na vida de cada indi-


víduo, sendo Ele quem decide formar pessoas fisicamente perfeitas
(Sl 139.13,14) e pessoas mudas, surdas e cegas (Ex 4.11).

O Senhor também decretou os limites da vida de cada um, fi-


xando o número certo de seus dias (Jó 14.5; Mt 6.27) e todos os
detalhes da história de todos os seres humanos (Sl 138.8; 139.16),
incluindo suas funções (Jr 1.5), suas capacitações (Dn 2.21), suas
experiências (At 22.14,15) e a forma como hão de morrer (Jo
21.18,19; At 1.15-20).

Deus age livremente e como bem entende na vida de todo e


qualquer indivíduo, sempre com o objetivo de realizar seus propó-
sitos (Dn 4.35). Ele fez com que Sansão se interessasse por uma
moça filisteia a fim de cumprir seus planos contra os inimigos de
Israel (Jz 14.1-4). Ele impediu que os filhos de Eli ouvissem os
conselhos do pai porque queria matá-los (1 Sm 2.25). Ele também

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Teologia - A Doutrina de Deus Capítulo – X
Existência • Atributos • Nomes • Decretos Os Decretos de Deus

decretou o “ato” de Judas, fazendo com que se cumprisse seus de-


cretos em relação ao Messias, revelando de antemão o fato, sendo
assim o decreto de Deus foi o ato e Judas foi a pessoa que tinha
todos os traços do traidor, mas não foi Deus que escolheu Ele para
tal ato, podemos portanto ver no versículo 22 de Lucas 22, que de
um lado Deus decreta o ato e de outro lado existe a responsabili-
dade humana (Mt 26.24; Jo 17.12; At 1.15-20) apesar da lógica
humana não compreender as decisões e desígnios de Deus, deve-
mos concorda que Ele, sem sombra de dúvidas é o autor de toda
história.

Os decretos de Deus abrangem ainda a história, o meio e


os alvos da salvação.

Na eternidade, Ele planejou que seu Filho fosse morto como


sacrifício pelo pecado (At 2.23; 1Pe 1.18-20) e que a oferta de sal-
vação em Cristo fosse feita a todas as nações (Lc 24.44-48).

Ele também decretou quem seria salvo e quem seria destinado


para a ira (Pv 16.4; Rm 9.15-18,21-24). Essa decisão foi tomada
antes dos tempos eternos (Ef 1.4,5) com base em sua própria deter-
minação e graça e não com base em méritos pessoais (Ef 1.11; 2Tm
1.9).

Ao homem não cabe questionar o decreto salvífico de Deus,


uma vez que Ele tem o direito de ser gracioso com quem quiser e
de endurecer o coração de quem quiser (Is 63.17; Rm 9.18-21),
sendo sempre justo em todas as suas decisões (Rm 9.14).

151 151
Teologia - A Doutrina de Deus
Existência • Atributos • Nomes • Decretos

No cumprimento de seus santos desígnios, o Senhor também


decretou que uniria judeus e gentios num só corpo, a Igreja (Ef 3.3-
11), e que só um remanescente de Israel seria salvo antes da vinda
do Senhor (Rm 9.27; 11.25,26).

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Bibliografias para Pesquisas

159
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