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Bíblica
“A hermenêutica é tanto ciência como arte. Na qualidade de ciência,
enuncia princípios, investiga as leis do pensamento e da linguagem e
classifica seus fatos e resultados. Como arte, ensina como esses
princípios devem ser aplicados e comprova a validade deles’’
Milton S. Terry
Provérbios 4:4,5
ETEBES
CENTRO DE EDUCAÇÃO TEOLÓGICA BATISTA DO ES
Enilton de Souza Araújo
Bacharel em Teologia - Seminário
Teológico Batista do Sul
ETEBES
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Wolmar Craus
Coordenador Geral
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SUMÁRIO
Análise Teológica..................................................................................................29
Apreciação de textos paralelos.......................................................................29
Breve avaliação teológica................................................................................29
Nova tradução..........................................................................................................27
10 Seguindo os passos Hermenêuticos........................................................................31
10.1 Exercício: Texto Original de Romanos 12.1,2...................................................31
10.2 Tradução literal de Romanos 12.1,2.................................................................31
10.3 O Texto da Versão: A Bíblia de Jerusalém (Edições Paulinas)........................31
10.4 Avaliação da tradução da Bíblia de Jerusalém..............................................31
10.5 Análise de conteúdo.........................................................................................32
10.5.1 Análise gramatical de Romanos 12.1,2.....................................................32
10.5.2 Análise Histórica.........................................................................................36
10.5.3 Análise Teológicas......................................................................................40
10.5.4 Nova Tradução de Romanos 12.1,2...........................................................43
Referências Bibliográficas............................................................................................45
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Fonte: Pixabay - A Book
HERMENÊUTICA BÍBLICA
INTRODUÇÃO
Quem se envolve com a Bíblia com o propósito de extrair a preciosidade da Palavra de Deus,
enfrenta, inicialmente, dois desafios:
1 Como entender o significado de textos registrados há mais de dois milênios, num contexto
histórico e geográfico tão diferente do nosso? Este é o primeiro grande desafio.
2 O segundo tem a ver em como lidar com a natureza da fonte: ela não se contenta em informar
sobre o passado, mas quer provocar nos leitores de hoje uma resposta comprometida, engajada e
obediente. Considerando as mudanças que o mundo tem experimentado, o que significa isso no
concreto?
Não se pode responder ao segundo desafio sem que antes se tenha percorrido o primeiro. Para uma
pregação contextualizada, o intérprete precisa descobrir e avaliar o impacto do texto em seu ambiente
original.
1 CONCEITUAÇÃO
1.1 – HERMENÊUTICA E EXEGESE
HERMENÊUTICA - A palavra hermenêutica origina-se do
verbo grego hermeneuein, cujo significado é similar ao da
palavra exegese, ou seja “expressar” , “explicar” ,
“interpretar” e “traduzir’’. Hermenêutica significa, pois,
interpretação.
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prático que têm na elucidação dos textos bíblicos mais difíceis. Portanto, a arte da hermenêutica
desenvolve e constitui um método exegético válido.”
PARA FIXAR!
Exegese – Extrai do texto o seu sentido dentro de seus contextos histórico e literário (o que
o texto quer dizer?) sem atribuir-lhe outro sentido. Como disse João Calvino: “...é permitido
que o autor diga o que ele realmente disse,(exegese) em vez de lhe impor o que acha que ele
devia dizer (eisegese)”.
Hermenêutica – Consiste nos princípios pelos quais se verifica o sentido do texto bíblico
dando-lhe a real interpretação.
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2 A TRÍPLICE TAREFA DO INTERPRETE
Muitos são os motivos que desestimulam muitas pessoas a
ler e refletir sobre a Palavra de Deus. Dentre tantos, são
destacados os seguintes:
C A distância que nos separa do período bíblico é também responsável pelo nosso parcial
desconhecimento de uma série de grupos (fariseus, saduceus, zelotas, samaritanos, etc.) e instituições
(templo, sinagogas, casa, família, sinédrio, festas, etc.) da época bíblica. O mesmo vale em relação às
situações e instituições sociais, políticas e econômicas existentes no passado.
A hermenêutica, diante desses vários motivos, precisa ajudar a compreender os textos bíblicos,
levando em conta a distância do tempo, espaço e diferenças culturais. Então, ela precisa cumprir três
tarefas:
1 Aclarar as situações descritas nos textos, ou seja, descobrir o passado bíblico de tal forma que o
que foi narrado nos textos se torne transparente e compreensível para nós que vivemos em outra época
e em circunstâncias e cultura diferentes.
2 Permitir que possa ser ouvida a intenção que o texto teve em sua origem.
3 Verificar em que sentido opções éticas e doutrinais podem ser respaldadas ou devem ser revistas
e relativizadas.
CONTEXTO ORIGINAL
MENSAGEM
BÍBLICA
MENSAGEM BÍBLICA HOJE
ORIGINAL
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3.1.2 Abordagem Científica
CONTEXTO ORIGINAL
MENSAGEM
BÍBLICA
MENSAGEM BÍBLICA
HOJE
ORIGINAL
Contexto Original – Tira do texto tudo o que for possível, analisando o contexto (acontecimentos e
pronunciamentos) procurando perceber o sentido na época.
4 A teologia
A Bíblia nos transporta para o seu mundo, e nós a interpretamos adaptando-a para o nosso
tempo.
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4 PRINCÍPIOS GERAIS DE INTERPRETAÇÃO
4.1 – ENTRE OS JUDEUS PALESTINIANOS
Tinham profundo respeito à Bíblia como infalível Palavra
de Deus.
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quando há repetição de fatos já conhecidos, quando a expressão é variada, quando há o emprego de
sinônimos, quando é possível um jogo de palavras em qualquer das suas modalidades, quando as
palavras admitem uma ligeira alteração, quando a expressão é rara, quando existe algo de anormal
quanto ao número e ao tempo gramatical (Farrar, Historia da Interpretação, p.22).
3 Temoorah, que indicava o método pelo qual se conseguia nova significação das palavras por
meio do intercâmbio de letras.
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1 A Escola Alexandrina – No começo do terceiro século
A.D. a interpretação bíblica foi influenciada especialmente pela
escola catequética de Alexandria. Ali a religião judaica e a
filosofia grega se encontraram e mutuamente se influenciaram.
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o alegórico; mas, ao mesmo tempo, usou muito livremente a interpretação alegórica. Adotou um
quádruplo sentido na Escritura: histórico, etiológico (que investiga a causa e a origem de algo),
analógico e alegórico. Foi especialmente neste sentido que ele influenciou a interpretação da Idade
Média.
A Bíblia era considerada um livro cheio de mistérios, e que só podia ser entendido misticamente.
Neste período o quádruplo sentido da Escritura (literal, etiológico, analógico e alegórico) era geralmente
aceito e tornou-se princípio estabelecido que a interpretação da Bíblia “tinha de adaptar-se à tradição
e à doutrina da Igreja”. Hugo de São Vitor chegou a dizer: “Aprende primeiro o que deves crer e
então vai à Bíblia para encontrar a confirmação”.
Nenhum novo princípio hermenêutico surgiu nesse tempo, e a exegese estava de mãos e pés
amarrados pela tradição e pela autoridade da Igreja.
Reuchlin e Erasmo – chamados os dois olhos da Europa – por sua vez, mostraram aos
intérpretes da Bíblia que tinham o dever de estuda-la nas línguas originais.
Os reformadores acreditavam que a Bíblia era a inspirada Palavra de Deus. Contra a infalibilidade
da igreja eles colocaram a infalibilidade da Palavra. Sua posição se afirma em que não é a Igreja que
determina o que as Escrituras ensinam, mas as Escrituras que determinam o que a Igreja deve
ensinar.
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Melanchton – Foi a mão direita de Lutero e superou-o no saber. Seu
grande talento e extenso conhecimento, inclusive do grego e do hebraico
fizeram dele um intérprete admirável. Sua exegese seguia os sadios
princípios:
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Foi nesse período que alguns se inclinaram na direção de uma idéia mecânica da inspiração da
Bíblia.
Às tendências dominantes desse período surgiram algumas reações contrárias que merecem ser
destacadas:
Seguiu-se o princípio de que a Bíblia devia ser interpretada como qualquer outro livro. O elemento
divino foi, em geral, menosprezado, e o intérprete se limitava à discussão de questões históricas e
críticas.
O começo deste período foi marcado pelo aparecimento de duas escolas opostas: A Gramatical
e a Histórica.
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A Escola Gramatical era essencialmente supernaturalista, prendendo-se “às palavras do texto
como legítima fonte de interpretação autêntica da verdade religiosa”. Esse método era unilateral,
servia exclusivamente a uma pura e simples interpretação do texto, que nem sempre é suficiente na
interpretação da Bíblia.
A Escola Histórica se originou com Semler. Filho de pais pietistas, tornou-se, apesar disso, o pai
do Racionalismo. Semler salientou o fato de que os vários livros da Bíblia e o Cânon se originaram do
modo histórico, e eram, portanto, historicamente condicionados. Concluiu que seu conteúdo, em grande
parte, é local e efêmero, e que não pretendiam ter valor normativo para todos os homens em todos os
tempos. Daí ele dizer que era necessário que o intérprete tivesse estas coisas em mente para a
interpretação do Novo Testamento.
A Paulus, professor de Heidelberg, assumiu uma posição puramente naturalista. Distinguiu duas
questões quanto aos milagres de Jesus: 1) Se eles ocorreram; 2) Como tudo o que aconteceu pode ter
acontecido. Quando à primeira observação responde afirmativamente e retira da segunda todo
elemento sobrenatural. Opondo-se a Paulus,
C F.C.Baur, o fundador da Escola de Tuebingen, que ensinou que o N.T. se originou de acordo com o
princípio hegeliano de tese, antítese e síntese.
B A Escola de Hengstemberg – Tomou como lema um retorno aos princípios da Reforma. Acreditou
na inspiração plenária da Bíblia e defendeu sua absoluta infalibilidade. Firmou sua posição nos padrões
confessionais da Igreja Luterana.
Surge, porém, uma tendência segundo a qual se revela que a interpretação histórica e gramatical
não satisfaz plenamente e procurou-se complementá-la.
A Kant – afirmou que somente a interpretação moral da Bíblia tem significação religiosa. De acordo
com seu pensamento, o progresso ético do homem deve ser o princípio dominante na exposição da
Palavra de Deus.
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B Olshausen – advogou a necessidade de se alcançar “o
sentido mais profundo da Escritura”. Para ele, este sentido
não era nada à parte do sentido literal, porém algo intimamente
relacionado com ele. A maneira de descobrir o sentido mais
profundo é reconhecer “a revelação divina na Escritura e seu
ponto central, Cristo, em sua unidade com Deus e com a
humanidade” (Immer). Também adverte contra a antiga
interpretação alegórica.
Uma verdade acerca da Bíblia evidente por si mesma é que ela é um livro. Como outros
livros, foi escrita em línguas faladas pelos seres humanos com o propósito de transmitir
conceitos dos escritores para os leitores.
Outra observação óbvia a respeito da Bíblia é que se trata de um livro divino. É evidente
que, apesar de a Bíblia assemelhar-se a outros livros, é incomparável por sua origem ser
divina.
A partir dessa verdade evidente por si mesma compreendemos então que – a Bíblia é um
livro humano e a Bíblia é um livro divino.
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Como a Bíblia foi escrita em línguas humanas, é óbvio que seu objetivo é comunicar as verdades de
Deus – o autor original – aos seres humanos.
Cada escrito bíblico – isto é, cada palavra, frase e livro – foi registrado em linguagem escrita
obedecendo a sentidos gramaticais comuns, incluindo a linguagem figurada.
Todo texto bíblico foi escrito por alguém para ouvintes ou leitores específicos, que se
encontravam num contexto histórico e geográfico específico, e com um objetivo específico.
A Bíblia foi afetada e influenciada pelo meio cultural em que cada autor humano a escreveu.
Cada passagem bíblica era apreendida ou entendida tendo em mente seu contexto.
Os primeiros leitores entendiam cada escrito bíblico de acordo com os princípios básicos
da lógica e da comunicação.
Essas seis afirmações mostram que, ao lermos a Bíblia, fazemos as seguintes perguntas:
Em que estilo literário o trecho foi escrito e como isso influi no que foi dito?
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Pelo fato de ser um livro divino, a Bíblia é inerrante. A inerrância não se aplica às cópias dos
originais, pois nestas os escribas cometeram alguns erros no processo de transmissão. Não deve haver
dificuldade para entender que os autógrafos eram inerrantes, uma vez que a inspiração é vista como a
ação do Espírito Santo. Se considerássemos que os manuscritos bíblicos originais tivessem alguns
erros, por menores que fossem, como poderíamos afirmar que algum deles seja confiável? Como Deus
é verdadeiro (1 Ts.1.9/ 1 Jo5.20/ e não pode mentir (Tt.1.2; Hb.6.18). Deus pode preservar e preservou a
Sua Palavra de erro.
Sendo um livro divino, é fonte indiscutível. A autoridade da Bíblia para determinar o que cremos e
nossa forma de viver deriva do fato de ser inerrante. O que ela considera indiscutível, nós devemos
considerar indiscutível, sem margem para dúvidas.
Como livro divino, apresenta unidade. Embora tenha sido escrita por cerca de 40 autores
humanos, a Bíblia é obra do próprio Deus. Vários fatos confirmam sua unidade: a) A Bíblia não se
contradiz; b) Como a Bíblia é coerente, seus textos obscuros e secundários devem ser interpretados
com base em textos claros e principais. c) Como a Bíblia é uma unidade, ela a si mesma se interpreta.
Quando estudamos a Bíblia, cada parte deve ser estudada tendo em mente o todo.
Como a Bíblia é um livro divino, tem seus mistérios. É preciso admitir que a Bíblia registra coisas
difíceis de entender. Os estudiosos das Escrituras têm de reconhecer que nem sempre são capazes de
determinar o sentido de certo texto.
Nossa meta em exegese é chegar o mais perto possível do sentido original. Para tanto,
precisamos usar as ferramentas necessárias para tal fim.
6 A INTERPRETAÇÃO GRAMATICAL
É uma referência ao processo de tentar descobrir o significado da palavra, frase ou texto por meio da
verificação de quatro aspectos:
A A Etimologia – Origem e evolução das palavras. A significação etimológica das palavras merece a
primeira atenção, não por ser a mais importante para o exegeta, mas porque logicamente precede às
outras significações. Tomemos a palavra Ekklesia em o N.T., derivada de ek e kalein. Designa a Igreja,
tanto na Septuaginta como em o N.T. e ressalta o fato de que ela é composta de um povo “chamado
para fora”, isto é, chamado para fora do mundo da impiedade como prova de sua devoção especial a
Deus.
B O emprego – Como elas são usadas por um mesmo autor e por outros escritores. A fim de
interpretar corretamente a Bíblia, o expositor deve conhecer as significações que as palavras adquiriram
no decorrer dos tempos, e o sentido em que os autores bíblicos as empregaram. Por exemplo: A palavra
ataktos foi traduzida com o sentido de desordem em 2 Tess 3.6,11. Talvez isso se deva ao peso dessa
palavra no grego clássico, onde era usada em referência a soldados que abandonavam as fileiras e que,
portanto eram considerados desordeiros. Mas, nos papiros, mais próximos da época neotestamentária,
a palavra ataktos é usada em referencia ao menino que “mata” aula na escola. Assim, nos versículos
citados acima o sentido sereia mais de “preguiçoso” e não de “desordeiro”.
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C Sinônimos e antônimos – de que forma termos semelhantes e opostos são empregados. A
importância do estudo cuidadoso de palavras sinônimas pode ser ilustrada com alguns exemplos:
João 21.15-17, quando o Senhor ressuscitado interrogou a Pedro quanto ao seu amor, empregou
duas palavras – agapao e phileo. O primeiro verbo expressa um afeto mais racional resultante do fato
de se ver no objeto desse afeto algo que é digno de consideração; ou ainda, resulta da sensação de que
tal afeto é devido à pessoa considerada benfeitora ou algo parecido; o segundo, sem ser
necessariamente um afeto irracional, preocupa-se menos consigo mesmo; é mais instintivo; procede
mais dos sentimentos e afeições naturais, implica mais na existência de paixão. O primeiro, baseado na
admiração e respeito, é o amor controlado pela vontade e é de caráter permanente; o segundo, baseado
na afeição, é o amor mais impulsivo e mais pronto a perder o seu fervor. Então, quando o Senhor fez a
pergunta a Pedro “amas-me?” usou o verbo agapao. Pedro, porém, não ousou responder
afirmativamente, se bem que amasse o Senhor com o amor que alcançou seus grandes triunfos nos
momentos de tentação. Assim, na resposta, Pedro empregou o verbo phileo. De novo, o Senhor repete
a pergunta, e Pedro responde do mesmo modo. Então o Salvador desce ao nível de Pedro e em sua
terceira pergunta usa a segunda palavra, como se duvidasse até mesmo deste amor (philein) de Pedro.
Não é de estranhar que Pedro ficasse triste e apelasse para a onisciência do Senhor.
D O contexto – Como as palavras são usadas em diferentes contextos. O essencial é o que se refere
ao sentido particular em que elas ocorrem. O intérprete deve determinar se as palavras são usadas em
sentido geral ou particular; se empregadas em sentido literal ou figurado. Cotterell e Turner
relacionaram sete significados da palavra kosmos, que costuma ser traduzida por “mundo”:
Os seres (humanos e sobrenaturais) rebeldes a Deus assim como seus domínios, em oposição a
Deus;
Coterell e Turner citam então os seis versículos abaixo, salientando que somente um desses
sentidos encaixa-se em cada versículo e que o contexto imediato da frase normalmente esclarece o
sentido.
“porque Deus amou ao kosmos de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que
nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”(Jo 3.16).
“Não ameis o kosmos nem as coisas que há no kosmos. Se alguém amar o kosmos, o amor do
Pai não está nele; porque tudo o que há no kosmos, a concupiscência da carne, a concupiscência dos
olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do kosmos” (1 Jo 2.15,16).
“Não seja o kosmos das esposas o que é exterior, como frisado de cabelos, adereços de ouro,
aparato de vestuário”(1 Pe 3.3).
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“...e agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que
houvesse kosmos (Jo 17.5).
“...e os que se utilizam do kosmos, como se dele não usassem; porque a aparência deste kosmos
passa” (1 Co 7.31).
“Porque nada temos trazido para o kosmos, nem coisa alguma poderemos levar dele”(1 Tm 6.7).
No estudo das palavras em seu contexto, o intérprete deve adotar os seguintes princípios:
2 Uma palavra pode ter apenas uma significação no contexto em que ocorre. Ex. sarks pode
designar:
a natureza humana dominada pelo pecado, sede e veículo de desejos pecaminosos (Rm 7.25;8.4-
9; Gl.5.16,17). Se um intérprete atribuir todas estas significações a essa palavra em João 6.53, estará
atribuindo o pecado, num sentido ético, a Cristo, a quem a Bíblia apresenta como sem pecado.
3 Os casos em que Várias significações de uma palavra são reunidas de maneira que
resultam numa unidade maior não entram em conflito com o princípio anterior. Ex. João 20.21.
Quando Jesus diz aos discípulos: “Paz seja convosco”, significa a paz no sentido mais amplo – paz
com Deus, paz de consciência, paz consigo mesmo; Quando o Senhor ensinou que os discípulos
deviam orar, dizendo: “O pão nosso de cada dia nos dá hoje”, a palavra pão evidentemente está
usada no sentido amplo de todas as coisas necessárias à vida.
Morfologia – A forma das palavras. Ao lidarmos com a formação das palavras, procuramos
conhecer sua estrutura. Por exemplo: a palavra bem adquire novo significado quando pluralizada:
bens. A morfologia trata da flexão das palavras, ou seja, como elas são formadas ou conjugadas. A
função das palavras. Diz respeito ao papel das diferentes formas. A preocupação é com os sujeitos, os
verbos, os objetos, os substantivos, etc.
Sintaxe – A relação entre as palavras. É o modo como as palavras são associadas ou unidas para
formar expressões, orações e períodos. A palavra “sintaxe” vem do grego syntassein, “colocar em
ordem”. Dificilmente uma palavra isolada transmite uma idéia completa, a não ser quando aplicada ao
marketing. Como os tijolos de uma construção, as palavras são elementos isolados que juntos formam
frases, que são as unidades elementos do pensamento. Sozinhas as palavras “homem”, “grande”,
“bola” e “bateu” não expressam nada, por isso precisam ser agrupadas. Mas a maneira como forem
agrupadas podem alterar o sentido, como podemos ver:
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Figuras de linguagem que expressam comparações
A Símile – É uma comparação em que uma coisa lembra a outra explicitamente ( usando as
expressões: como, assim como, tal qual, tal como) ex. 1 Pe 1.24; Lucas 10.31,
Salmo1.3
B Metáfora - É uma comparação em que um elemento é, imita ou representa outro (sendo que os
dois são essencialmente diferentes). Na metáfora a comparação está implícita e não declarada. Ex.
Is.406 9 não há a expressão "como" semelhante ao uso de Pedro em 1 Pe 1.24. outros exemplos Mt
5.43; Jo10.7,9
A Metonímia - É a substituição de uma palavra por outra. Existem três tipos de metonímia na Bíblia :
1. A causa é usada em lugar do efeito. Ex. ‘‘...Vinde firamo-lo com a língua...(Jr 18.18)’’ A língua era a
causa, e as palavras, o efeito. Outro exemplo: ‘‘...a língua dos sábios é medicina.’’ Prov.12.18 (a
língua era a causa e o efeito as palavras) 2. O efeito é usado no lugar da causa. Davi disse; "Eu te amo, 6
Senhor, força minha" (SI 18.1) - a força (efeito) é empregado em lugar da causa (o Senhor). 3. O objeto
é empregado em lugar de outro semelhante ou que está a ele relacionado. Este é o tipo mais comum de
metonímia. Ex. "Eles tem Moisés e os profetas; ouça-nos". (a expressão "Moisés e os profetas",
substitui o termo "o Antigo Testamento") Lc 16.29 "O sangue de Jesus nos purifica de todo o
pecado". (a palavra sangue substitui, o sacrifício de Jesus) 1João 1.7
B Sinédoque - É a substituição da parte pelo todo. Ex. a palavra "grego" em Rm1.16 substitui todos
os gentios; Priscila e Aquila, "arriscaram as suas próprias cabeças" (Rm 16.4) cabeças (parte)
representa a própria vida deles (o todo).
C Merisma - É um tipo de sinédoque em que a totalidade ou o todo é substituído por duas expressões
contrastantes ou opostas. Ex. "Sabes quando me assento e me levanto" (SI139.2) significa que Deus
conhece todo o contexto da vida do salmista e não apenas quando ele se assenta ou se levanta.
E Antropomorfismo - Éa atribuição de qualidade humanas a Deus como ocorre nas referência aos
dedos de Deus (Sl 8.3), a seus ouvidos (31.2) e a seus olhos (2Cr 16.8).
H Apóstrofe -E uma referência feita a um objeto como se fosse uma pessoa. EX. S.114.5 na
apóstrofe fala-se com o objeto como se ele fosse humano, na personificação atribui-se ao objeto uma
característica humana, sem falar com ele.
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I Eufemismo - É a substituição de uma expressão pesada, dura, jocosa, desagradável por outra
mais suave, leve, agradável. Ex. At.7.60; 1 Ts 4.13-15
A Elipse - É a omissão de uma palavra ou palavras cuja falta deixa incompleta a estrutura gramatical.
EX. "os doze" referência aos doze apóstolos; "A capital" que na verdade significa a cidade capital.
B Zeugma -Consiste na associação de dois substantivos com um mesmo verbo, quando pela lógica
o verbo tem um só substantivo. Ex. Lc 1.64 "sua boca se abriu e sua língua" numa escrita mais comum
se acrescentaria o verbo "desimpedida" antes da palavra língua.
C Reticência - É uma interrupção repentina do discurso, como se o orador não tivesse podido
terminá-lo.
D Pergunta retórica - É uma pergunta feita sem esperar realmente uma resposta objetiva, mas visa
levar o ouvinte a uma reflexão. Ex. Gn18.14; Rm 8.31
A Hipérbole - É uma afirmação exagerada em que e diz mais do que o significado literal, com
objetivo de dar uma ênfase a palavra, Ex.Dt.1.18; Mt 23.24; Mt 16.26
B Litotes - Consiste em uma frase suavizada ou negativa para expressar uma afirmação, que
também acaba tendo uma ênfase. É oposto da hipérbole. At. 21.39. "Ås vezes uma litotes é uma frase de
depreciação como acontece em Nu 13.33: "Éramos aos nossos próprios olhos como gafanhotos, e
assim também o éramös aos seus olhos". Lucas usou muitas litotes: At 12.18; 14.28, Paulo também
usou 1 Co 15.9
C Ironia - É uma forma de ridicularizar indiretamente sob a forma de elogio ou de dizer o que se quer
dizer porém de forma contrária, é uma forma mais sutil do que o sarcasmo. Ex. 1 Rs 18.27; 1 Co 4.10
B Paradoxo - É uma firmação aparentemente absurda ou contrária a lógica. É quando se afirma algo
contrário ao conhecimento comum ou que normalmente se espera. Não é apenas uma contradição, é
também. Ex. Mc 8.35.
Estas nem sempre são fáceis de perceber devido a questão do som na língua original (grego,
hebraico), porém existem com o propósito de marcar a idéia, de dar um destaque especial ao que está
sendo dito.
B Onomatopéia - É uma palavra que imita o som da coisa referida. Ex. murmúrio, tique-taque,
sussurro. Não ẻ raro que apareçam mais de uma figura de linguagem em uma mesma frase.
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O intérprete precisa discernir corretamente, para não corre o risco de tomar como literal o simbólico e
simbólico aquilo que é literal, além de acabar perdendo a riqueza do texto com seus estilos e ênfases.
Existem também as chamadas "expressões idiomáticas" que diferem das figuras de linguagem.
Zuck assim define um idiomatismo: "A expressão idiomática é uma figura de linguagem própria de
dado idioma ou indivíduos de determinada região". Ele ainda lembra que "um idiomatismo é uma
combinação de palavras que, como um todo, possuem um significado diferente do sentido
isolado de cada uma delas". (grifos meu) Ex. "dando uma de João sem braço", "Ele tem um
coração duro" (significa alguém indiferente, em nossa cultura) na cultura Shipibo do Peru diria-se de
alguém indiferente que "Seus ouvidos não tem buracos". Outros exemplos: "bater as botas" isso
não tem nada haver com morrer, mas logo entendemos o seu sentido, por já estar incorporado a nossa
cultura. Tanto no grego , quanto no hebraico existem expressões idiomáticas. Ex. o diálogo de Elias e
Eliseu em 1 Re 19.20 "Que te fiz eu?" (significa: "que fiz para te deter?") ou de outra forma: "Por
favor prossiga; você tem a minha permissão". Em Rm 16.4 se diz: "Deram seus pescoços" uma
expressão idiomática que significa arriscar a vida, foi traduzida como "arriscaram o pescoço" e
"arriscaram a vida".
6 As vezes uma figura é ressaltada por um adjetivo qualificativo, como "Pai celeste". Eu
acrescentaria uma outra observação: Cuidado, não se apresse, pesquise, analise e observe. Não se
deixe levar pela primeira impressão na hora de identificar ou discernir um sentido figurado de um literal.
RECORDANDO:
A interpretação gramatical nos ensina a prestar atenção às palavras bíblicas e ao seu emprego.
1 Examine sua etimologia, até mesmo o significado original e quaisquer outros significados que
surgiram a partir dele.
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D por outros autores em outros documentos à época.
4 Analise os contextos:
A contexto imediato;
C contexto do livro;
5 Verifique qual dos diversos sentidos possíveis, melhor se enquadra na idéia do texto.
1 Analise a frase e seus elementos, reparando nas classes de palavras ali contidas, no tipo de
período que é, nas orações que o compõem e na ordem das palavras.
2 Descubra o significado de cada palavra-chave (volte aos cinco pontos do item acima) e o modo
como elas influenciam o sentido da frase.
7 A INTERPRETAÇÃO HISTÓRICA
O termo é aqui usado para indicar o estudo da Escritura à luz das circunstâncias históricas que se
estampam nos diferentes livros do Novo Testamento. Ao contrário da interpretação gramatical que se
aplica ao aspecto formal da Escritura, a interpretação histórica se refere ao conteúdo material da Bíblia.
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teriam se sua terra natal fosse a Itália. Ciente disso, Paulo escreveu a respeito de uma pátria ainda mais
nobre para os cristãos de Filipos, que era a pátria celestial. Isso teria um significado todo especial para
os primeiros leitores dessa epístola.
Por que os herodianos, os saduceus e um escriba fizeram aquelas perguntas para Jesus, em Marcos
12.13-28? As indagações diziam respeito às suas respectivas ocupações e crenças. Os herodianos
tinham o apoio de Herodes e dos romanos, por isso discutiram com Jesus a questão do pagamento de
impostos a um poder estrangeiro (v.14). Os sadusceus não acreditavam em ressurreição, portanto
procuraram calar seu opositor levantando uma situação hipotética sobre uma mulher que teve sete
maridos (v.23). Os escribas judeus, por sua vez, preocupavam-se com os mandamentos do A.T; assim,
um deles perguntou a Jesus qual era o mais importante. (v.28).
Em Colossenses 1.15, a expressão “o primogênito de toda a criação” significa que Cristo foi
criado? Não, significa que ele é o Herdeiro de toda a criação (Hb.1.2), assim como o primogênito
ocupava um lugar especial de honra e tinha privilégios na família. A palavra grega para o primogênito é
prototokos. Se Paulo pretendesse transmitir a idéia de que Jesus foi o primeiro ser criado, ele teria
empregado outro termo grego: protoktisis. Ocorre que esse termo nunca foi utilizado em referência a
Jesus.
É importante conhecer as circunstâncias que cercavam determinado livro da Bíblia. Para tanto,
procura-se responder às seguintes perguntas:
1 Quem escreveu o livro? – Deve-se procurar conhecer o caráter e temperamento, sua disposição
e habitual modo de pensar. Deve esforçar-se por penetrar no recôndito de sua vida íntima, a fim de poder
entender, tanto quanto possível, os motivos dominantes de sua vida e assim obter, na visão interior dos
seus pensamentos, volições e ações. É desejável que se conheça alguma coisa a respeito da profissão
do autor.
Para conhecer o apóstolo Paulo, é necessário ler sua história tal como está registrada em Atos e
também ler suas Epístolas. Deve-se dar especial atenção a textos como Atos 7.58; 8.1-4; 9.1,2,22,26;
26.9; 13.46-48; Romanos 9.1-3; I Coríntios 15.9; II Coríntios 11; 12.1-11; Gálatas 1.13-15; 2.11-16;
Filipenses 1.7,8, 12-18; 3.5-14; I Timóteo 1.13-16.
Deve-se dar atenção às circunstâncias geográficas, políticas, religiosas e traços de sua escrita.
Deve-se ter algum conhecimento dos produtos da terra, de suas árvores, arbustos e flores, grãos
vegetais e frutas; seus animais; insetos e aves etc.
Em Lucas 13.32, Jesus chamou Herodes de raposa porque achava que ele era dissimulado e
astuto? Não, naqueles dias a raposa era tida como um animal traiçoeiro; assim, Jesus estava
insinuando que Herodes era conhecido por sua traição.
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Por que Jesus condenou a figueira que não tinha frutos, se nem era época de figos? (Mc 11.12-14).
Em Israel, as figueiras costumavam produzir pequenos botões em março e grandes folhas verdes em
abril. Esses pequenos botões eram “frutos” comestíveis. Jesus “amaldiçoou” a figueira na época da
Páscoa, ou seja, abril. Como a planta não apresentava botões, não daria frutos naquele ano. Mas o
“tempo de figos” ia do final de maio até fins de junho, que é quando amadureciam. A maldição que
Jesus lançou sobre a figueira representava a falta de vitalidade espiritual de Israel (como a falta de
botões), a despeito de sua aparente religiosidade (como as folhas verdes).
3 O que levou o autor a escreve-lo? – Os escritores dos livros bíblicos tinham um propósito em
mente. Portanto, o conhecimento da finalidade que o autor tinha em mente não somente ajuda a
entender o livro como um todo, mas também lança luz sobre alguns detalhes. Em alguns casos, o autor
mesmo declara o propósito de seu livro, como Lucas, em Lc 1.1-4 (Fazer uma narrativa diligente, em
ordem, aparentemente a uma pessoa (Teófilo) ou (amigos do conhecimento) com o objetivo de
transmitir conhecimento e constatação plenos sobre Jesus e seu ministério); João, em Jo 20.31
(“para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu
nome”) e Ap 1.1 (“revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as
coisas que brevemente devem acontecer...”) ; como Pedro em I Pe 5.12 (“...escrevo
abreviadamente, exortando e testificando que esta é a verdadeira graça de Deus; nela
permanecei firmes”). Há casos, porém, em que somente a leitura demorada do livro ajudará a
descobrir seu objetivo.
4 Para quem foi escrito? – As condições dos leitores originais não somente determinam o caráter
do escrito, mas explicam muitas de suas peculiaridades.
A resposta a essas indagações podem ajudar-nos a discernir o que o livro está dizendo.
8 A INTERPRETAÇÃO TEOLÓGICA
Na Escritura há muita coisa que não pode ser explicada pela
história, nem pelos autores secundários, mas somente em
Deus. Considerações puramente históricas e técnicas não
valem para explicar fatos como: a) A Bíblia é a Palavra de
Deus; b) Ela constitui um todo orgânico, do qual cada livro
em particular é parte integrante; c) O Antigo e o Novo
Testamento se relacionam; d) Não somente as afirmações
explícitas da Bíblia, mas também aquilo que se pode deduzir
dela por boa e necessária conseqüência, constitui a Palavra
de Deus.
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25
1 Em primeiro lugar, é necessário um estudo de correlação. Para ser possível avaliar a teologia
de um texto, é necessário determinar inicialmente outros textos que tratam da mesma temática.
Exemplo: Comparar Lucas 22.19,20 com I Coríntios 11.24,25; Mateus 9.1-8 com Marcos 2.1-12;
Os sacrifícios espirituais de que fala Pedro em I Pedro 2.5 encontram explicação parcial em Romanos
12.1, que, por seu turno é explicado por Romanos 6.19.
2 Em segundo lugar, devemos tentar enquadrar o conteúdo de nosso texto dentro de temas e
doutrinas teológicas fundamentais, como no-lo apresentam a dogmática e a teologia
sistemática.
Exemplos desses temas fundamentais são: a compreensão bíblica sobre a criação, a salvação, o
juízo de Deus, o Espírito Santo, os dons do Espírito, o pecado, a fé, a igreja, a Palavra de Deus, a pessoa
de Cristo, as últimas coisas, etc.
3 Por último, a teologia do texto pode ser avaliada na medida em que procurarmos nos inteirar
das suas conseqüências práticas.
Obs. A análise teológica oferece uma boa oportunidade para examinar os títulos que os textos
recebem nas modernas versões da Bíblia. Estes títulos muitas vezes representam uma síntese
teológica do texto na perspectiva dos editores dessas versões. É oportuno verificar se os títulos
propostos interpretam corretamente a mensagem teológica do texto. Não raro, eles revelam a posição
teológica, ideológica ou de gênero dos editores. Como exemplo vejamos o texto de Lucas 7.36-50.
Alguns dos títulos encontrados são: “Jesus e a pecadora”; “a pecadora que ungiu os pés de Jesus”;
“A pecadora perdoada” e “Jesus em casa de Simão, o fariseu”. É interessante observar como os
vários títulos empregados concentram-se na relação entre Jesus e a mulher pecadora. O fariseu da
história dificilmente é lembrado no título. Será isto uma casualidade? Um exame atento mostra que a
maior parte da história não tematiza o diálogo entre Jesus e a mulher, e, sim, justamente entre Jesus e o
fariseu, homem: 7.36,39-47! A história é um misto de exaltação ao comportamento da mulher e de crítica
ao comportamento do homem. Não seria, pois, mais adequado um título que procurasse corresponder a
estes dois momentos realçados na narrativa? A mulher é apresentada como pecadora (v.37). Mas o
homem igualmente é tido como tal (vv.44-46). Assim sendo, não parece justo destacar unicamente a
mulher como pecadora no título da narrativa.
1 Tradução literal
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diferente do que havia no original grego.
É necessário que se faça uma análise gramatical e tradução de todas as palavras do texto,
anexando-as à exegese em forma de apêndice.
A tradução literal trará como resultado um texto que não está preocupado com um “bom
português”, mas num português que consiga reproduzir, da melhor maneira possível, as construções
gramaticais, a ordem das palavras e a forma da língua original.
Por ser parte integrante do início da exegese, toda tradução literal terá um forte caráter de
provisoriedade. Ela necessitará de uma segunda tradução complementar ao final da exegese.
Clara – Deve produzir um texto bem compreensível. Não deve ter expressões confusas ou que
possam ser entendidas erradamente.
Natural – Deve soar como se um falante nativo tivesse escrito aquele texto.
Recursos :
Chaves Linguísticas
2 Avaliação de Versões
Avaliar pelo menos duas traduções do Novo Testamento quanto ao seu grau de fidelidade ao texto
original.
Este exercício terá por finalidade: Avaliar a fidedignidade das traduções em uso
Observar se a tradução omite termos ou expressões do original grego, ou, a tradução acrescenta
termos ou expressões ao original, e ainda, a tradução modifica/substitui termos ou expressões do
original?
Recursos :
EKDAHL, E.M. Versões da Bíblia; por que tantas diferenças? São Paulo: Vida Nova,1993.
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27
3 Análise de conteúdo
Compreende considerações sobre os diversos aspectos a partir dos quais pode-se avaliar a
linguagem empregada num texto.
Examina como palavras, expressões e frases estão relacionadas entre si: conjunções
empregadas, a ordem do sujeito e predicado...
Recursos :
Grego Analítico
Gramática Grega
3.2 – Análise Histórica – Como os textos bíblicos envolvem uma época, cultura e situação religiosa e
social diferente e distante da nossa é necessário esclarecer dados históricos pressupostos no texto.
Quem escreve o que para quem? – Os intérpretes devem procurar conhecer o melhor possível o
autor do escrito, a natureza e o propósito da carta (no caso de escolher epístolas), bem como as
características dos destinatários. Dados a este respeito são encontrados nas Introduções ao NT, bem
como nas introduções aos comentários das respectivas cartas.
Qual o contexto literário do texto? – Neste item procura-se saber qual a relação existente entre o
texto da exegese e o(s) texto(s) imediatamente anterior (es) e posterior (es).
O que representavam, como eram valorizados, como eram entendidos na sua época os grupos,
instituições, classes, costumes e práticas apresentadas pelo texto?
Qual o significado de sua menção dentro do texto, quando considerados à luz da questão central
por ele abordada?
Alguns exemplos são importantes para entender certos detalhes relacionados com a situação e
contexto da época:
Dados sociais – Em marcos 15.40s menciona-se Jesus, durante o seu ministério na Galiléia,
estar acompanhado por várias mulheres. Este fato, interpretado à luz de nossa experiência, poderia nos
parecer normal. O conhecimento do espaço reservado para as mulheres na época de Jesus, contudo,
nos revela que na Palestina nenhum rabino se fazia acompanhar por mulheres. Visto sob esta ótica, o
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movimento de Jesus pode ser considerado como de ruptura frente aos padrões sociais do seu tempo.
Dados políticos – Quando se fazia referências a sumo sacerdotes. A alusão não é simplesmente
religiosa. O sacerdote concentrava o primado religioso e político sobre o povo. Além do mais, os sumo
sacerdotes da época caracterizavam-se por um extravagante luxo e riqueza.
Dados culturais – Nos evangelhos é relatado que escribas e fariseus se escandalizavam pelo fato
de Jesus reclinar-se à mesa com pecadores (Mc 2.15-17; Lc. 15.1s; Mt 11.19). O alcance dessa prática
dificilmente se consegue perceber em nossos dias, em que sentar-se à mesa significa, sobretudo,
alimentar-se, independentemente de quem está à nossa direita ou esquerda. Na época de Jesus,
porém, e em especial no Oriente, receber alguém em comunhão de mesa significa até os dias de hoje
uma honra que quer dizer oferta de paz, confiança, fraternidade, perdão.
Dados religiosos – Em Mateus 5.23s Jesus sugere que antes de entregar uma oferta sobre o altar
do templo, é necessário reconciliar-se com as pessoas. Esta recomendação, que para nós pode parecer
banal, na época não era. Implicava em ferir sensibilidades de muitos. Outras práticas como: a
circuncisão dos meninos, a observância do sábado. Praticamente todos os textos bíblicos, quando
consultados de modo atento, possuem exemplos que requerem uma análise mais acurada para que se
possa entender o seu exato sentido dentro da época em que foram redigidos.
Recursos :
Concordâncias Bíblicas
Dicionários Bíblicos
Comentários Bíblicos
3.3.1 – Apreciação de textos paralelos – Para descobrir a existência de textos com assuntos
similares, pode-se usar como critério a identidade de termos e expressões ou, então, de uma maneira
mais genérica, de conteúdo como um todo.
3.3.2 – Breve avaliação teológica – Esta vai depender, em grande parte, do grau de
aprofundamento teológico-sistemático que se possa alcançar em relação ao (s) tema (s) em evidência
no texto. A natureza e as exigências do texto também vão determinar de que maneira esta análise
teológica pode ser estruturada.
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Vamos usar como exemplo o texto de 1 Coríntios 13.13: “Agora, pois, permanecem a fé, a
esperança e o amor...” e explora o texto dentro destas três dimensões teológicas fundamentais.
Como é expressa pelo texto a fé em Deus, Jesus ou no Espírito Santo? Com que idéias, práticas
ou valores Deus, Jesus ou o Espírito Santo são associados?
Há alguma figura usada no texto para representar o divino e o que pretende destacar?
C Muitos textos exploram simultaneamente uma dimensão de esperança, de futuro e porvir. Eles
o fazem, ora dando as razões e os fundamentos da esperança cristã, ora relacionando fé e ação no
presente com vida no futuro.
Comparar conteúdo com outros textos com ajuda de chaves ou concordâncias bíblicas;
Teologias bíblicas
Dicionários bíblico-teológicos;
Manuais de Teologia
Comentários Bíblicos.
4 Nova Tradução
5 Referências Bibliográficas
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10 SEGUINDO OS PASSOS HERMENÊUTICOS
10.1 – EXERCÍCIO: TEXTO ORIGINAL DE ROMANOS 12.1,2
v.1
1 Παρακαλῶ οὖν ὑμᾶς ἀδελφοί διὰ τῶν οἰκτιρμῶν τοῦ Θεοῦ παραστῆσαι τὰ σώματα ὑμῶν
θυσίαν ζῶσαν ἁγίαν «τῷ Θεῷ» εὐάρεστον τὴν λογικὴν λατρείαν ὑμῶν
2 καὶ μὴ συσχηματίζεσθε τῷ αἰῶνι τούτῳ ἀλλὰ μεταμορφοῦσθε τῇ ἀνακαινώσει τοῦ νοός εἰς τὸ
δοκιμάζειν ὑμᾶς τί τὸ θέλημα τοῦ Θεοῦ τὸ ἀγαθὸν καὶ εὐάρεστον καὶ τέλειον
v.1 Falo junto a, portanto, vos, irmãos, através de as misericórdias do Deus, postar{dês} junto a os
corpos de vós{por} sacrifício vivo, santo, bem aprazível ao Deus, o racional serviço de vós.
v.2 E não sejais conformados ao esquema de o eón este, pelo contrário, mudai totalmente de forma
pela renovação da mente, para o por{ dês } a prova vós qual a vontade do Deus, a boa, e bem aprazível,
e completa.
v.1 Exorto-vos, portanto, irmãos, pela misericórdia de Deus, a que ofereçais vossos corpos como
hóstia viva, santa e agradável a Deus: este é o vosso culto espiritual.
v.2 E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, renovando a vossa mente, a fim de
poderdes discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, agradável e perfeito.
v.1: A versão
Traduz o verbo (Παρακαλῶ) = parakalô como exorto-vos o que me parece ser a melhor tradução,
enquanto outras versões o traduzem como rogo-vos. A tradução da B.J. combina mais com a
característica do apóstolo Paulo pois para ele exortação era um dom.
Traduz o substantivo (θυσίαν) = thusían – como hóstia. Talvez pelo fato do substantivo ser feminino.
Mas, uma vez mais, não é fiel ao texto grego. Pois hóstia é algo que o fiel recebe e o texto fala de algo que
se oferece a Deus. A melhor tradução seria sacrifício. Pois o que está na mente do apóstolo são os
sacrifícios de corpos de animais mortos no contexto do judaísmo.
Traduz o adjetivo (λογικὴν) = logikén e o substantivo (λατρείαν)= latreían – como culto espiritual, já
dando uma interpretação, quando o texto original tem o significado de culto racional, ou seja uso do
raciocínio para cultuar, um exercício de inteligência. Se bem que traduzir como culto espiritual não fere a
compreensão do texto.
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v.2: A Versão
Traduz o verbo (συσχηματίζεσθε) = suskematízeste, que está na vós média/passiva para a vos
ativa: vos conformeis ao esquema. Quando a tradução fiel ao texto seria: sejais conformados ao
esquema. Na vós passiva o sujeito sofre a ação.
Traduz o verbo (δοκιμάζειν) = dokimázein, pordes à prova, por poderes discernir. Mudando
completamente o sentido do verbo. A tradução de algumas versões por experimenteis é bem mais
aceitável, pois, experimentar é provar.
Traduz os adjetivos neutros (τὸ ἀγαθὸν καὶ εὐάρεστον καὶ τέλειον) = to agatón, kaí euareston kai
télion, como o que é bom, agradável e perfeito. Quando a tradução, respeitando o texto deveria ser: a
boa, agradável e perfeita. Ao optar por tal tradução, mudou o foco, vejamos: O que é bom, agradável e
perfeito foi deslocado para concordar com poderes discernir... o que é bom, agradável e perfeito; E não
com a vontade de Deus que é boa, agradável e perfeita, que é o propósito ressaltado pelo apóstolo.
v.1
1 Παρακαλῶ οὖν ὑμᾶς ἀδελφοί διὰ τῶν οἰκτιρμῶν τοῦ Θεοῦ παραστῆσαι τὰ σώματα ὑμῶν
θυσίαν ζῶσαν ἁγίαν εὐάρεστον «τῷ Θεῷ» , τὴν λογικὴν λατρείαν ὑμῶν
Em Atos 28.14 e 28.20 o sentido é o de “convidar”. Nos sinóticos o sentido é “implorar, suplicar”
(Lc 7.4; Mt 18.29; Mc. 5.12).
Para Paulo “exortação” era um dom (12.8) e ele faz uso em várias ocasiões: Em 1 Co 14.30-31 vê a
necessidade de exigir que os profetas falassem um após o outro em ordem, de modo que todos
pudessem ser exortados. Em Filipenses 2.1, Paulo anima os filipenses a exercitarem-se mutuamente.
Em 1 Ts. 3.2 envia Timóteo para, entre outras coisas, exortar a igreja. Em 1 Ts 4.1; Fp 4.2; Rm 12.1 Paulo
considera que é seu dever seguir o costume normal da igreja primitiva exortando a comunidade.
Os que optaram pelo termo “Rogo-vos” queriam dar uma atitude mais branda por parte do apóstolo,
uma vez que a evidência maior para a epístola é a de uma carta na qual Paulo procura apresentar-se
para uma visita posterior, e portanto precisava ser amável, o que justificaria o “Rogo-vos”.
Já a palavra “exorto-vos” pressupõe maior intimidade e autoridade para com a igreja, como é o caso
das outras epístolas.
Παρακαλῶ οὖν ὑμᾶς ἀδελφοί (parakalô oún humaz adelfoi) = exorto, portanto, a vós irmãos!.
οὖν (oún) = Pois ou portanto. Partícula pospositiva, pode ser entendida também como dando
seqüência a uma narrativa.
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Alguns acham que Paulo não está fazendo ligação com qualquer secção particular da epístola, mas
antes uma conexão com tudo o que consta nos onze primeiros capítulos.
Entretanto, se olharmos a doxologia do capítulo anterior (11.33-36) vamos encontrar sentido para a
partícula (οὖν).
Por causa de tudo isso (οὖν), portanto, é que exorto-vos a uma dedicação total de vida.
διὰ τῶν οἰκτιρμῶν τοῦ Θεοῦ (dia tôn oiktirmôn tou theou) = através das misericórdias de Deus.
διὰ (dia) – Preposição que, como é o caso, usada com o genitivo tem o sentido de “meio” quando
ligada a pessoa ou instrumentalidade “pela”, melhor seria: “através de”.
τῶν οἰκτιρμῶν τοῦ Θεοῦ (ton oiktirmôn tou theou) = as misericórdias de Deus. Estamos diante de
um genitivo subjetivo plural. As misericórdias pertencem a Deus e são oferecidas aos homens.
Algumas versões traduzem οἰκτιρμῶν (oiktirmôn) como Compaixão (MT, RA, AA) em outras como
Misericórdia (BJ). A palavra está grafada no plural e isto (segundo Russel Champlin N.T.I.V.V.) se deve a
hebraísmo, através da septuaginta, que penetrou no N.T., pois no hebraico esse termo aparece
regularmente no plural, provavelmente como meio de elevar o concerto.
A forma plural é natural aqui, pois expressa a multiplicidade da graça divina. Se entendermos como
plural “As misericórdias de Deus” poderíamos supor que Paulo estivesse se referindo a algumas
“misericórdias” já mencionadas nos capítulos anteriores como:
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παραστῆσαι (parastêssai) – 1º aoristo infinitivo do verbo παριστῆμι (para, (pará) & ιστῆμι
(ístemi)) = Colocar ao lado, depositar, separar para um propósito especial. (Rm 6.13,19).
θυσίαν (Thusían) – Sacrifício, oferta. O substantivo θυσίαν significa o ritual do sacrifício e traduz
(minhâh no hebraico) que significa “uma dádiva”, “um presente” (Gn 32.14,19,21-22; Jz 6.18; Gn
4.3ss). Tem no grego secular o significado de “sacrificar”, embora originalmente, em conexão com
a oferta com fumaça significasse “fumegar”.
ζῶσαν ἁγίαν (Thusían Zosan) = Sacrifício “vivo” – Acusativo singular feminino, particípio
presente. Pode ser traduzido também como “Sacrifício de vida”.
ἁγίαν (hágian) = Adjetivo acusativo feminino singular – “Santo”. Os gregos empregavam três
palavras diferentes para denotar aquilo que é “santo”.
Ί'ερoς (hierós) – Denota aquilo que é essencialmente “santo” ou “tabu”, o “poder divino” ou
aquilo que era consagrado a ele, como “santuário”, “sacrifício”, “sacerdote”.
ἁγί oς (hágios) – É o grupo de palavras mais freqüente no NT e contém um elemento ético. Enfatiza o
“dever de adorar aquilo que santo”.
O'σίoς (hósios) – Também inclina nesta direção. De um lado, indica o mandamento e a providência
de Deus do outro a obrigação e moralidade humanas.
εὐάρεστον (euáreston) = (εὐ = -advérbio, bem, bom- & άρεστον– verbo, ser aceito). A junção das
duas palavras formam o advérbio – aceitável, agradável.
τῷ Θεῷ (ao Deus) – O dativo, forma em que as palavras estão grafadas, dá-nos a noção exata do
propósito. O artigo quase toma a forma de uma preposição (Para). O sacrifício cumpre o propósito de
agradar a Deus.
τὴν λογικὴν λατρείαν ὑμῶν (ten logikén latreían humôn) = O vosso culto racional.
λατρείαν (latreían) = serviço, culto (a Deus) – Substantivo. Palavra derivada de λατρεὑῶ (latreúo)
Aoristo. Servir, prestar um serviço religioso a Deus. Celebrar um culto a Deus. Que por sua vez vem
de λατρῶν (latrón) = “salário”. No grego secular significa “trabalhar por salário”, e depois “servir
sem salário”. Posteriormente ganhou uso ritual “honrar aos deuses”.
λογικὴν (logikén) = racional. A raiz deste termo, no original, vem da palavra “λογos” (logos) que
significa o princípio divino da razão universal. Em o novo testamento como visto em Romanos 12.1
tomou o sentido de: racional, espiritual, pertencendo à mente e ao espírito. Dando a entender um culto
com a convicção da inteligência.
v.2
2 καὶ μὴ συσχηματίζεσθε τῷ αἰῶνι τούτῳ ἀλλὰ μεταμορφοῦσθε τῇ ἀνακαινώσει τοῦ νοός εἰς τὸ
δοκιμάζειν ὑμᾶς τί τὸ θέλημα τοῦ Θεοῦ τὸ ἀγαθὸν καὶ εὐάρεστον καὶ τέλειον
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σχηματίζεσθε de (σχημα - skéma) = “forma”, “aparência exterior”. (συχηματίζῶ) suskematizo =
“moldar” , “formar conforme’’ - passivo “ser conformado como”, “ser conformado a”. O
pensamento grego não fazia nítida distinção entre o externo e o interno. σχημα – skéma , significa a
forma que é vista. A forma externa. Para a mente grega, o observador via, não somente a coisa externa,
como também a forma interna ao mesmo tempo.
(σχηματίζῶ) skematizo = Significa, não somente “conformar-se à forma externa”, como também
assumir a forma de alguma coisa ou identificar-se com outra pessoa de modo essencial.
τῷ αἰῶνι τούτῳ (tô aiôni touto) = o presente século. O termo αἰῶνι (aiôni) indica “era” ou
“época”. Esta palavra utilizada por Paulo, não é a palavra grega “kosmos” que significa o mundo
físico, o mundo dos homens.
1 Um tempo extremamente longo, a eternidade, tanto a passada como a futura (Gn 6.4 e At 15.18);
2 A era presente, simplesmente como idéia temporal, o estado de coisas que envolve o período
(Mt.13.22 e Romanos 12.2).
5 Algumas vezes é utilizada para referir-se à era vindoura, no sentido do “período messiânico” (Mc
10.30, Lc. 18.30).
O termo usado por Paulo se aplica mais ao segundo sentido “a era presente” .
Por trás da palavra αἰῶνι (aiôni) está o conceito judaico de um “presente século mau” (Gl 1.4).
ἀλλὰ (allá) = pelo contrário, mas, porém, contudo. Conjunção super ordenativa.
μετα (metá) = Em composição com outras palavras, como é o caso, sua idéia mais fluente é como
(Trans) apesar de também significar ( Com). Meta + Morfoô significa mudar a forma exterior,
transfigurar-se.
Ao contrário de σχημα (skema) e eidos (eidos) a palavra μορφε (morfé) está mais relacionada com o
ser total, e não somente com a aparência externa.
τῇ ἀνακαινώσει τοῦ νοός (tê anakainósei tu noos) = Pela renovação da vossa mente.
ἀνακαινώσει (anakainósei) Substantivo, dativo, feminino, singular. (ἀνα + καινοσ) ἀνα (aná) = De
novo + καινοσ (kainós) novo, significando renovação.
Novo e Velho são idéias correlativas e contrárias. Aquilo que é novo fica em contraste com o que já
existia no princípio.
καινοσ (kainós) novo – Denota aquilo que é novo quanto à qualidade, em relação ao que já existia,
enquanto que (νεοσ– neos) se emprega temporalmente para aquilo que não existia antes e que acaba
de aparecer.
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35
Os sinóticos usam NEOS E KAINÓS como sinônimas (Mc 2.21-22). O substantivo ἀνακαινώσει
(anakainósei) “renovação”, não é conhecido fora da literatura cristã, e se acha apenas (2 vezes) em o
N.T. Em Romanos 12.2 e em Tito 3.5.
Este substantivo, se acha nos escritos paulinos, inclusive Efésios, Colossenses e Pastorais, tem
significado de “mente” “capacidade de julgar”, “entendimento” (2 Ts 2.12). É colocado lado a lado
com a consciência (Tt 1.15).
δοκιμάζειν (dokimázein) = Verbo, infinitivo, presente, voz Ativa, acusativo = por à prova,
experimentar. “Provar por meio de teste”. O infinitivo com preposição expressa o propósito ou
resultado.
θέλημα (thélema) = Substantivo, nominativo, neutro, singular = Vontade. Há duas palavras no grego
para designar “vontade”.
1 Bοῦλη (Boúle) = vontade. Mais no sentido de indicar a volição humana (I Tm 2.8; 5.14; Tt 3.8), isto
é os impulsos da consciência humana. É também usada como atribuída a Deus (Ef. 1.11 e Hb. 6.17).
2 θέλημα (thélema) = vontade. Este vocábulo é usado com mais freqüência para designar “a
vontade de Deus”, principalmente nos escritos paulinos.
τὸ ἀγαθὸν καὶ εὐάρεστον καὶ τέλειον ( to agatón kaí euáreston kaí téleion) = adjetivos, nominativos,
neutros, singulares = a boa, e bem aprazível/agradável, e completa/perfeita.
Recursos :
Grego Analítico
Gramática Grega
A Cidade de Roma – A capital do império romano chamava para si o título de principal cidade do
império, maior que Atenas, Alexandria e Antioquia. Situava-se na parte ocidental do Mundo romano e
tinha ligações íntimas com as áreas mais importantes e remotas de seu domínio. Roma se impunha em
todas as questões imperiais, política, sociais, militares, comerciais e religiosas.
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Estava a 19 km da costa, o que lhe dava proteção de ataques
marítimos. Suas muralhas se estendiam e rodeavam sete
montes, entre os quais o Capitolino e o Palatino são os mais
importantes, pois neles se localizava o fórum, sede
administrativa do império, que incluía sob seu domínio as
regiões fronteiriças do Mediterrâneo, os países do Oriente
próximo e do Oriente médio, a Bretanha e países do norte da
África.
Na época da epístola de Paulo aos romanos, Roma vivia o período do império, isto é, o terceiro
período, antecedido pelo da Realeza, que se caracterizou pelo culto doméstico (deuses familiares) e o
culto oficial (deuses do panteon), mas não havia moralidade nesses cultos, onde em muitos deles havia
orgias. O segundo período foi o da República, onde a religião doméstica sofre um declínio e o culto oficial
uma degradação.
O período imperial teve seu início em 31 a.C, com o aparecimento de Otávio Augusto que realizava
internamente grandes reformas de ordem financeira, judiciária, administrativa, social, moral e religiosa.
No terreno religioso Augusto procura reanimar o decadente politeísmo romano. Alguns cultos
orientais foram introduzidos. Do Egito, apesar da oposição de muitos romanos, várias divindades vieram
para a capital do império angariando muitos adoradores.
Um culto oriental que merece menção é o de Mitra. Era uma religião de luta, de esforço e de disciplina,
e como tal convinha perfeitamente ao espírito dos legionários. Era um culto exclusivo aos homens. Foi
aceito com entusiasmo pelos soldados.
Ao se falar em Roma, não se pode deixar de mencionar a presença do Cristianismo, que começou
com a data do Pentecostes (At 2.1 e ss). Tal propagação foi facilitada pela helenização e pela
romanização.
A língua do helenismo comum (Coiné) passou a ser escrita e falada em todo o mundo grego.
Os judeus da diáspora, em contato com os gentios, não se limitavam somente a uma atitude passiva
de assimilação de elementos da civilização helenística. Assim é que os judeus não descuravam do
proselitismo e conseguiram êxitos notáveis entre os gentios. Mas por seu lado, os gentios não aderiam
completamente ao judaísmo, especialmente por causa da circuncisão.
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O culto ao imperador era um dos meios que Roma utilizava para fomentar a unidade e a lealdade de
seu império. Negar-se a render a esse culto era visto como sinal de traição ou pelo menos de
deslealdade.
A tradicional opinião era de a igreja ser constituída de judeus-cristãos. Primeiramente foi abordada
por Koope em 1824, ganhou uso geral através de Baur, para em seguida alcançar uma generalização
posta a prova em 1836 sob grande escala crítica (NICOLL, Robertson. The expositor's greek
testament. Grand Rapids Michigan, Eerdmans, 1980.p.557.)
A grande massa da igreja parecia ter sido gentílico-cristã, apesar de lá ter havido, sem dúvida, uma
minoria de judeus-cristãos. Algumas passagens demonstram ser a igreja composta principalmente de
gentios (1.5,6; 1.13; 11.13; 11.28-31; 15.15,16) outras o contrário (2.17; 3.1; 4.1; 7.1-4).
O abismos que separava judeus de gentios era largo e profundo; porém, a graça atravessou o abismo
e construiu sobre ele uma ponte. Cristo derrubou a muralha que existia entre eles em Roma. O judeu e o
gentio, o escravo e o livre, o educado e o ignorante, todos eram iguais naquela sociedade cristã, a igreja
em Roma.
A Epístola – A epístola de Paulo aos romanos, denominada por Martinho Lutero de “a verdadeira
obra prima do Novo Testamento”, é a mais lógica, profunda e vital apresentação do propósito de Deus
na salvação que se encontra na Bíblia. Enquanto outros livros da Bíblia contêm discussões da doutrina
cristã, Romanos fornece a estrutura teológica para uma compreensão total da mensagem cristã.
A autoria da carta aos romanos – A autoria paulina não é somente para ser apreciada para merecer
o tema central da epístola, outros fatos evidenciam Paulo como autor. Paulo era Judeu, ele conhecia a
mente do judeu, foi perseguido pelos seus por causa do evangelho, mas essa hostilidade e perseguição
não apagou seu amor por eles e seu desejo por sua salvação (Rm 10.1). Outro fato importante, Paulo
era o apóstolo aos gentios (At. 13,47,48; 15.12; 18.6,7,22.21;26.17; Gl 2.2,8; Ef. 3.8; I Tm 2.7). Nesta
epístola nós não temos somente referência a este fato (11.13; 1.13), mas a escrita da epístola caminha
para o sentido de comissão e obrigação associada a isto. O apóstolo tinha o particular desejo de
“garantir” o cristianismo em Roma. Ele freqüentemente desejou ir lá (1.11-13; 15.22-29). Preferiu pelo
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cumprimento do seu desejo através da escrita da epístola, como extensão da sua missão apostólica.
Data, Lugar, Ocasião – Quando relacionamos com os movimentos feitos por Paulo no livro de Atos,
existem suficientes indicações nessa epístola para determinar com razoável certeza o lugar e o tempo
da escrita. Isto é claro quando ele estava na véspera de partir para Jerusalém com a contribuição tirada
em Macedônia para os pobres entre os crentes em Jerusalém (Rm 15.25-29).
Isto poderia significar que ele estava perto da Macedônia e Acaia. A referência a Cencréia (Rm 16.1),
o porto de Corinto e a recomendação a Febe, uma serva da igreja lá, quando aparentemente era seu
desejo ir a Roma, são futuras indicações do paradeiro do apóstolo quando ele escreve a carta.
Posteriormente, ele fala de Gaio, seu companheiro e hospedeiro (Rm 16.23). Em uma de suas cartas a
Corinto ele fala de Gaio um dos que ele batizou em Corinto (I Co 1.14).
Não há razão para se duvidar da identidade do seu hospedeiro, quando ele escreve Romanos,
igualmente a Gaio de Corinto.
Em Atos 20.2-3, nós somos informados de Paulo em sua terceira viagem missionária indo à Grécia e
permanecendo ali três meses. Em seguida ele parte para Jerusalém passando pela Macedônia. Zarpou
para Filipos no dia dos pães asmos (At 20.6) e foi apressadamente para estar em Jerusalém no dia de
Pentecostes. Isto quer dizer que ele saiu de Corinto não antes do fim de março desse ano. Paulo fala de
si mesmo antes de se submeter a Félix, de sua jornada a Jerusalém e diz que foi levar esmolas e ofertas
à sua nação (At 24.17). Há muito boas razoes para identificar esta apresentação de ofertas de
contribuição tirada na Macedônia e Acaia referida em Rm 15.26. A evidência quer dizer, portanto, que a
epístola foi escrita de Corinto em proximidade do fim dos três meses da estada de Paulo na Grécia ou
término da sua terceira viagem missionária. A referência ao dia dos pães asmos (At 20.6), ocasião da
viagem para Filipos em fins de março ou início de Abril de 55 ou 56 d.C. Isto significa que a epístola deve
ter sido escrita na primavera do ano.
Propósito – Paulo não conhecia pessoalmente os crentes em Roma, então procura, através da
epístola, manter contato com eles. Pensando então na sua futura visita, sente a necessidade de iniciar
logo suas relações com aqueles irmãos em Roma, de quem vai depender como auxiliares da obra futura
que tinha em mente.
Paulo, ao dirigir-se à comunidade, não o faz para lá trabalhar como missionário, pois como ele mesmo
disse: “não edifico sobre fundamento alheio”, mas por outro lado ele se apresenta como “ministro
de Jesus Cristo para os gentios” (15,16).
O Propósito da visita seria para também fortalecer a fé dos fiéis em Roma (1.11,15), pretendia
também obter ajuda financeira deles para sua projetada missão à Espanha, depois de tê-los visitado
(15.24,28).
A epístola também é de natureza didática, pois nem tudo o que Paulo escreveu visou dar solução a
algum problema. Seus estudos sobre a doutrina da graça e da fé (1-5), seu estudo sobre a vida piedosa
sobre a graça de Deus (6), seu tratamento sobre matrimônio (7), e sua seção prática geral sobre a moral
e a conduta cristã (12-15), tem por propósito ensinar, informar e iluminar e não meramente resolver
problemas.
Recursos :
Dicionários Bíblicos
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10.5.3 – Análise Teológica
Romanos 12.1.
A forma plural é natural aqui, pois expressa a multiplicidade da graça divina. Teológicamente,
Paulo dá à exortação uma base específica. Não é uma mera instrução moral, mas dirige-se a eles
“através de” ( διὰ) Deus ou Cristo, de tal maneira que considera sua exortação administrada “pelas
misericórdias de Deus”; pode-se comparar com II Coríntios 1.3 onde Deus é chamado de “Pai das
Misericórdias”.
Assim entendemos que Paulo se utilizou das várias demonstrações das misericórdias divinas para
com os homens a fim de demonstrar-lhes a necessidade de uma vida diária moldada segundo a Sua
vontade. Pois mediante as Suas misericórdias os homens aprendem que a vontade de Deus em suas
vidas é benigna.
B Que apresenteis os vossos corpos (παραστῆσαι τὰ σώματα ὑμῶν) – O apóstolo está aqui
negando a idéia gnóstica que dizia ser o corpo a sede ou princípio do pecado, ao passo que a alma é
pura e que com a morte do corpo a alma é liberada do pecado.
Ao usar o vocábulo “corpo” (σώματα) Paulo certamente não pensava que somente o corpo e não
a alma pode ser corrompido e usado erroneamente, ou que somente o corpo pode ser oferecido a Deus
como algo apropriado. Mas, ele usa o termo para indicar o instrumento que o homem possui para ser
empregado no serviço de Deus. (Rm 6.13,19; II Cor. 5.10 e Rm 7.5,23). A nós é ordenado que
glorifiquemos a Deus “no corpo” (I Cor 6.20: Fp 1.20 e II Co 4.10). Pode haver o corpo do pecado, isto é,
o corpo controlado pelo pecado, o que torna o indivíduo inteiramente escravo do pecado (Rm 6.6; Cl
2.11). O Escravo não é dono de si, mas faz a vontade do seu senhor. A questão então é: De quem somos
escravos!
Paulo vê a vida cristã como um sacrifício. Algo que é oferecido a Deus como reconhecimento da
sua misericórdia. A dedicação a Deus tinha que ser total.
Como o corpo pode tornar-se um sacrifício vivo? Aqui Paulo introduz algo novo, em contraste aos
sacrifícios mortos do judaísmo. A nova ordem tem também seus sacrifícios, que consistem nas vidas de
outrem (Hb 13.15ss; I Pe 2.5). Mas podem também significar a vida nova que o crente possui em Cristo
(Rm 6.1-4; 2 Co 5.17; Gl. 6.15). Uma vez que o homem velho que estava sob o pecado foi crucificado
com Cristo (Rm 6.6) já não há mais sentido oferecer-se a Deus um sacrifício morto (Rm 6.23). Este
sacrifício vivo deve ser prestado pelos membros do corpo e por todo o corpo.
É provável que Paulo estivesse pensando nos cultos pagãos, onde as orgias sexuais (Rm 6.13)
eram uma depravação do corpo, uma corrupção do que Paulo chama de “templo do Espírito Santo” (I
Co 6.15,19).
O corpo, aqui, não é apresentado para ser morto, uma vez que já o foi, (Rm 6.2; 7.4,6). Agora o
corpo é um sacrifício de vida apresentado a Deus.
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D Santo e “agradável” a Deus (ἁγίαν εὐάρεστον τῷ Θεῷ) – Como em o Novo Testamento o
sagrado já não está mais preso a coisas ou lugares, o cristão é convocado a ser sacerdote de si mesmo,
e assim “oferecer a Deus um sacrifício vivo, santo e agradável”.
A santidade do sacrifício é uma condição indispensável para ser aceito por Deus (sem mancha)
como Cristo (sem pecado). Em sentido mais amplo, “santidade” dá a entender um relacionamento com
Deus que não se expressa principalmente através do culto, mas sim, através do fato dos crentes serem
guiados pelo Espírito Santo (Rm 8.14).
O apóstolo Pedro parece ampliar mais o pensamento de Paulo (I Pe 2.5) e novamente a idéia do
sacerdócio cristão. A maneira como se oferece o sacrifício “santo”, não profano ou indigno a Deus.
Santidade é contrastada com a corrupção que caracteriza o corpo do pecado e com o desejo sensual.
O sacrifício precisa ser (εὐάρεστον - euareston) “aceitável”, “agradável” a Deus. Este vocábulo
traduz o termo hebraico (hãlak) “andar” com Deus. (Gn5.24) Enoque andava com Deus ou Enoque
agradava a Deus.
É uma referência ao tipo de sacrifício oferecido a Deus. Isto significa que não é todo sacrifício que
Deus aceita. É preciso que seja “vivo” (de vida), “santo” e “satisfatório”. Cabe lembrar que em II
Coríntios 5.10 Paulo diz: “onde os remidos serão julgados acerca do uso do corpo, para efeito de
recebimento dos galardões, e não para efeito da salvação”.
A totalidade da existência do cristão deve ser oferecida a Deus (II Co 5.9). Qualquer pessoa que
serve a Cristo retamente, agrada a Deus e é reconhecido por Ele (Rm 14.18). Devemos portanto orar
para que Deus opere em nós por meio de Cristo, aquilo que é agradável aos olhos d'Ele (Hb 13.21).
E Culto Espiritual (λογικὴν λατρείαν – logiken latreian) – O culto prestado por vidas obedientes é
a única resposta “racional”, “lógica” à graça de Deus.
Vários sentidos podem ser dados à palavra λογικὴν (logikén) 1. Racional, 2. Razoável, 3.
Espiritual. O termo “Culto Espiritual” é o que melhor se aplica, uma vez que o termo “racional” pode
dar a idéia de que tudo o que Paulo contemplava era de acordo com a razão.
O culto espiritual, pois, é nossa adoração apropriada. É verdade que o culto cristão também é
“razoável” e “racional”. Não é algo mecânico e simbólico apenas.
Uma vez, estando já sob a era do Espírito Santo, é de se esperar um sacrifício espiritual, vivo,
agradável a Deus. Pois é a tais que o Pai procura, disse Jesus: Adores que o adorem em Espírito e em
verdade.
Romanos 12.2.
A E não tomeis a forma deste mundo, pelo contrário, transformai-vos (καὶ μὴ συσχηματίζεσθε
τῷ αἰῶνι τούτῳ ἀλλὰ μεταμορφοῦσθε) – O presente século impõe uma pressão muito grande sobre
os cristãos, para que tomem a forma de suas maneiras e valores decadentes. Assim Paulo exorta aos
cristãos em Roma a resistirem aos ataques do presente século (I Pe 1.14). Pois só assim, pelo poder do
Espírito em cada um, como penhor, a herança no século vindouro será assegurada (II Cr. 5.17).
Provavelmente a igreja em Roma estava exibindo um comportamento mundano, através de: Modas
mundanas (roupas sensuais-coloridas – isto porque o comum era roupa simples, incolor), e outros. Ou
até mesmo foi uma advertência quanto a um possível envolvimento com o mundo em que viviam.
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Este verbo é usado em Mateus 17.2 e Mc. 9.2 para descrever a transfiguração de Jesus. Fala da
mudança de sua aparência humana em uma de glória.
Em II Co 3.18 descreve-se a mudança dos crentes na imagem de Cristo “de glória em glória”.
Uma das ameaças mais persistentes contra a vida consagrada é a atração exercida pelo meio-
ambiente em que vivemos.
B Pela renovação da vossa mente (τῇ ἀνακαινώσει τοῦ νοός) (tê anakainósei tu noos)) – (νοός)
“mente”, “razão”, “entendimento”. A partir de Kant, a razão tem significado a gama total dos poderes
intelectuais do homem, colocando numa só unidade as faculdades individuais do pensamento, do
conhecimento e do entendimento.
Noos, (νοός ) no sentido de “entendimento correto” leva a uma atitude mental correta. Os
pagãos têm uma atitude mental incorreta, porque falta-lhes o conhecimento de Cristo (Ef 4.17).
Os cristãos, por outro lado, devem ser renovados no Espírito da sua mente (Ef 4.23). Essa
renovação é de caráter espiritual. A mente renovada pela novidade do Espírito.
Na realidade, é a própria alma ou espírito que terá de passar por essa renovação do Espírito (Rm
7.23). O Espírito sustenta e enche a mente do cristão. A transformação se opera pela renovação da
mente.
Hoje, este processo é chamado de Santificação e Regeneração. Quando o crente vai se despindo
do poder do pecado, e vai adquirindo as virtudes espirituais positivas de Deus. Tal homem vai
caminhando pelo novo caminho, compartilhando da mente de Cristo, ao invés de ser dominado pela
mente carnal (I Co 2.16).
C Bούλημα ou θέλημα – Boulema ou thelema? – Nos escritos paulinos, θέλώ e θέλημα são
frequentemente usados para descrever a vontade de Deus. A thelema tou theou denota a vontade
salvífica de Deus, eterna e providencial. É exclusivamente a esta vontade de Deus que Paulo deve seu
apostolado (I Co 1.1; 2 Co 2.1; Ef. 1.1,2; 2 Tm 1.1).
A liberdade de ação divina não depende do esforço humano e de igual modo a resistência humana
não impede a ação divina (Rm 9.17). Esta é a vontade irresistível de Deus.
Isto significa que Deus está no controle. Ele realiza sua vontade na história: Faz tanto os
obedientes quanto os desobedientes servirem ao seu plano salvífico (Rm 9.18).
Em Romanos 2.17 e seguintes o escriba pensa que conhece a vontade de Deus a partir da Lei,
mas a própria contradição entre seu ensino e seu próprio comportamento trai o fato de que a vontade de
Deus ainda não foi compreendida.
Bούλημα (Boulema) – Geralmente denota a volição humana (I Tm 2.8; 5.14) “a minha vontade é
que faças”, uma exigência do apóstolo sem qualquer relevância teológica.
No N.T. resulta na vontade mais como “orientação mental” e portanto deve ser traduzida por
“intenção”, “pretensão”. Denota as decisões intencionais de Deus. Já thelema a vontade como
intento e poder de realizar.
A Podemos estar aludindo àquilo que Ele quer que façamos Bούλημα (Boulema).
B Podemos estar aludindo àquilo que Ele decidiu que faremos θέλημα – (thelema).
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Isto significa que, embora Deus decida fazer tudo com base na sua vontade, ele nem sempre verá
esse querer satisfeito.
Por exemplo: Deus gostaria que todos fossem salvos (2 Pe 3.9), mas não irá coagir ninguém a
aceitar sua oferta (boulómenos).
Por outro lado, quando decidiu sobre o sacrifício de Jesus na cruz (Mt 26.42) a sua vontade é
irresistível (thelema).
Deus gostaria que todos os crentes colocassem em prática os seus desejos para a vida deles,
descobrissem e seguissem o seu plano, e algumas vezes parece que arranja nossas circunstâncias de
forma a ajudar-nos a procurar fazer a sua vontade, mas Ele jamais força sobre nós a sua vontade. A
decisão continua nossa.
Recursos :
Comparar conteúdo com outros textos com ajuda de chaves ou concordâncias bíblicas;
Teologias bíblicas
Dicionários bíblico-teológicos;
Manuais de Teologia
Comentários Bíblicos.
v.1
Exorto-vos, portanto, irmãos, fundamentado nas misericórdias de Deus, que ofereçais os vossos
corpos a Deus, como sacrifício vivo, santo e agradável que é o vosso culto espiritual.
v.2
E não sejais conformados ao padrão deste século mau, pelo contrário, mudai completamente de
forma, pela renovação da vossa mente, para poderdes experimentar a vontade de Deus que é boa,
agradável e completa.
V.1
Por se coadunar melhor com o estilo e característica do apóstolo Paulo, foi preferível optar pela
palavra “exorto-vos” em vez de “rogo-vos”.
Algumas versões traduzem οἰκτιρμῶν (oiktirmôn) como Compaixão (MT, RA, AA) em outras como
Misericórdia (BJ). A palavra está grafada no plural. A forma plural é natural aqui, pois expressa a
multiplicidade da graça divina. Ao aceitar a forma plural “As misericórdias de Deus” entendemos que
Paulo estivesse se referindo a algumas “misericórdias” já mencionadas nos capítulos anteriores
como: A misericórdia da Justificação (Rm 3.24,28); A Misericórdia da Identificação nos crentes em Cristo
pelo batismo (Rm 6.3); A Misericórdia da Reconciliação (Rm 5.10); A Misericórdia da Graça Super
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abundante (Rm 5.20,21); A Misericórdia da permanência do Espírito Santo em cada um dos remidos
(Rm 8.9); A Misericórdia da Eleição Divina (Rm 8.28,29).; A Misericórdia da Segurança Eterna (Rm
8.39); A Misericórdia da Glorificação Final (Rm 8.29,30); A Misericórdia da Herança que possuímos em
Cristo (Rm 8.17).
Optou-se por traduzir λογικὴν λατρείαν (logikén latreían) = culto racional , por culto espiritual, por
entender que culto racional faria o leitor pensar em algo mecânico, prestado somente com o raciocínio
e não com a presença e ação do Espírito Santo que é largamente explicitado pelo apóstolo. Enquanto
que culto espiritual assimila o fato de ser ele “um culto inteligente”.
V.2
Para ser fiel ao texto, a expressão: καὶ μὴ συσχηματίζεσθε (kaí mé suskematízesthe) = verbo
imperativo na vós média ou passiva = e não sejais conformados, foi escolhida. Pois se trata de uma
atitude de não se deixar dominar por uma ação que vem de fora. E não uma ação que parte do sujeito.
A expressão τῷ αἰῶνι τούτῳ (tô aiôni touto) = o presente século. O termo αἰῶνι (aiôni) indica
“era”ou “época” foi escolhido pelo fato de haver vários sentidos para a palavra αἰῶνι: 1.Um tempo
extremamente longo, a eternidade, tanto a passada como a futura (Gn 6.4 e At 15.18); 2. A era presente,
simplesmente como idéia temporal, o estado de coisas que envolve o período (Mt.13.22 e Romanos
12.2); 3. O mundo material (Hebreus 1.2); 4. As condições naturais do homem, o mundo e o seu caráter
(1 Cor 1.20); 5. Algumas vezes é utilizada para referir-se à era vindoura, no sentido do “período
messiânico” (Mc 10.30, Lc. 18.30).
O termo usado por Paulo se aplica mais ao segundo sentido “a era presente”. Por trás da palavra
αἰῶνι (aiôni) está o conceito judaico de um “presente século mau” (Gl 1.4).
ἀλλὰ μεταμορφοῦσθε (allá metamorfústhe) = pelo contrário, mudai de forma. Esta foi a expressão
mais apropriada, pois o termo transformai-vos, poderia significar simplesmente uma mudança
superficial. Enquanto que mudar de forma deixa claro que precisa haver uma transformação completa
no indivíduo. Também o termo ἀλλὰ (allá) = pelo contrário, que invariavelmente vem sendo traduzido
por mas, porém, deixa claro que o que se quer é um estado completamente oposto ao que se está
vivendo.
Algumas versões traduzem τῇ ἀνακαινώσει τοῦ νοός (tê anakainósei tu noos) = Pela renovação do
vosso entendimento. Preferiu-se por: renovação da vossa mente. Uma vez que nos escritos
paulinos: Efésios, Colossenses e Pastorais, tem significado de “mente”, “capacidade de julgar”,
“entendimento” (2 Ts 2.12). É colocado lado a lado com a consciência (Tt 1.15).
εἰς τὸ δοκιμάζειν (eis to dokimázein) = para por à prova. τί τὸ θέλημα τοῦ Θεοῦ (ti to thélema tu theú)
= qual a vontade do Deus. τὸ ἀγαθὸν καὶ εὐάρεστον καὶ τέλειον (to agatón kaí euáreston kaí téleion) =
a boa, e bem aprazível/agradável, e completa/perfeita.
Optou-se por traduzir para que experimenteis a vontade de Deus que é boa, agradável e
completa, pois assim exige a coerência exegética.
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