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ANÁLISE LITERÁRIA DE PAULO

 As cartas de Paulo são tanto semelhantes quanto diferentes de outras


cartas do século 1°.
As semelhanças incluem:
 Uma forma geral de introdução, corpo e fechamento;
 As características de relacionamento, diálogo e presença;
 Os propósitos de informação, pedido, exortação e ordem; e
 O uso de linguagem estereotipada.

As diferenças incluem:
 Tamanho
 Complexidade e
 Flexibilidade.
ANÁLISE LITERÁRIA DE PAULO

 As cartas paulinas são consideravelmente mais longas que a carta


média dos papiros preservados. Randolph Richards faz as seguintes
comparações:

TAMANHO DAS CARTAS GRECO-ROMANAS

Papiros preservados 18 - 209 palavras 87 palavras em média

Cartas de Cícero 22 - 2.530 palavras 295 palavras em média

Cartas de Sêneca 149 - 4.134 palavras 995 palavras em média

Cartas de Paulo 335 - 7.114 palavras 2.495 palavras em média


ANÁLISE LITERÁRIA DE PAULO

 Dado seu tamanho maior, não é de surpreender que as cartas de Paulo


também sejam mais complexas. Enquanto a maioria das cartas dos
papiros lida com um tópico único, as cartas de Paulo normalmente lidam
com mais de um.
 Tal complexidade é particularmente clara em 1Coríntios, por exemplo, em
que Paulo introduz múltiplos tópicos com a fórmula "a respeito de". Paulo
também usa flexibilidade na forma da carta, adaptando-a às necessidades
do momento. Embora a estrutura geral de abertura-corpo-conclusão
esteja sempre presente, o corpo das cartas paulinas segue uma variedade
de formas.
 Por essa razão, é difícil estabelecer uma estrutura "típica" para as cartas
de Paulo e é especialmente frágil extrair conclusões definitivas baseadas
em variações a partir dessa estrutura supostamente "típica".
 À luz da flexibilidade com que Paulo usa o gênero epistolar, a melhor
abordagem para estabelecer a estrutura geral das cartas individuais é
identificar os aglomerados de convenções epistolares e linguagem
estereotipada dentro de cada carta e permitir que esses aglomerados
sugiram a estrutura.
ANÁLISE LITERÁRIA DE PAULO

Nível macro: a estrutura geral da carta

Por exemplo, uma leitura


atenta de Romanos em
sua forma canônica
resulta nos seguintes
aglomerados de itens.
ANÁLISE LITERÁRIA DE PAULO

Nível macro: a estrutura geral da carta

Esses aglomerados de Romanos sugerem a seguinte estrutura geral


para a carta:

 Saudação (1.1-7)

 Ação de graças (1.8-12)

 Corpo (1.13-15.33)

 Seção A (1.13-11.36)

 Seção B (12.1-15.33)

 Fechamento (16.1-27)
ANÁLISE LITERÁRIA DE PAULO

Nível macro: a estrutura geral da carta

 Essa estrutura geral para Romanos corresponde ao modelo


proposto por Klauck e à carta de família incluída acima,
embora com modificações paulinas importantes.
 A saudação (1.1-17), por exemplo, é consideravelmente maior
do que o comum. Klauck destaca essa saudação como a mais
longa encontrada na antiguidade grega.
o Ela expande consideravelmente a autoidentificação do
autor e enfatiza a condição de Paulo como um apóstolo.
o A característica saudação paulina de "graça... e paz"
combina a saudação grega com a saudação hebraica
(shalom).
ANÁLISE LITERÁRIA DE PAULO

Nível macro: a estrutura geral da carta

 A ação de graças (1.8-12), segundo Klauck também é maior do que o


normal.
 Ela segue a forma mais comum nas cartas de Paulo de uma
afirmação de ação de graças seguida por um relatório de oração (cf.
1Co 1.4-9; Ef 1.15-23; Fp 1.3-11; Cl1.3-23;1Ts 1.2-10; 2Ts 1.3-13; Fm
4-7; 2Tm 1.3-5).
 Em outras cartas, Paulo inclui uma bênção (2Co 1.3-7; Ef 1.3-14) e/ou
uma reprimenda (Gl 1.6-10).
 O corpo de Romanos é, obviamente, mais longo do que a maioria das
cartas em papiro preservadas.
 Ainda assim, ele abre com uma fórmula de introdução (1.13). Paulo
comumente usa tal fórmula de introdução para apresentar uma nova
informação (cf. 1Co 11.3; 15.1;Fp 1.12; Gl 1.11).
ANÁLISE LITERÁRIA DE PAULO

Nível macro: a estrutura geral da carta

 Em outros lugares, ele também usa:


 Fórmulas de pedido para exortar seus leitores a se comprometerem
com uma ação (cf. 1Co 1.10; Ef 4.1; Rm 12.1)
 Fórmulas de alegria fornecem dados para o pedido subsequente (cf.
Fp 4.10; Fm 7)
 Fórmulas de conformidade são usadas para relembrar de instruções
prévias (cf.1Tm 1.3-4; 2Tm 1.6; Tt 1.5).
 As duas seções principais do corpo da carta são imediatamente
identificadas pela doxologia que fecha a primeira (11.33-36) e a fórmula de
pedido que introduz a segunda (12.1).
 Um desejo de paz em 15.13 sugere o final do meio do corpo, e a chamada
parousia apostólica que se segue (15.14-33) confirma a impressão.
 Essa última seção funciona como o fechamento do corpo da carta, em que
Paulo apresenta seus planos de visitar Roma e suas reflexões sobre seu
ministério apostólico. Ela fecha com outro desejo de paz (15.33).
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Nível macro: a estrutura geral da carta

 O fechamento de Romanos (16.1-27) é o mais longo das cartas de Paulo.


Diversas análises têm sido sugeridas, mas a de Weima, talvez, seja a mais
útil:
 Carta de recomendação (16.1-2)
 Primeira lista de saudações (16.3-16)
 Seção hortativa (16.17-20a)
 Bênção da graça (16.20b)
 Segunda lista de saudações (16.21-23)
 Doxologia (16.25-27)
 O fato de que Tércio insere suas próprias saudações como aquele que
escreveu a carta (16.22) dá credibilidade à ideia de que Paulo usava
secretários quando escrevia, assim como as referências em outros
lugares a escrever "de próprio punho" (cf. 1Co 16.21; Gl 6.11; C1 4.18;
2Ts 3.17; Fm 19).
ANÁLISE LITERÁRIA DE PAULO

Nível macro: a estrutura geral da carta


 A tabela seguinte apresenta a estrutura geral das outras 12 cartas
atribuídas a Paulo.
ANÁLISE LITERÁRIA DE PAULO

Nível macro: a estrutura geral da carta


ANÁLISE LITERÁRIA DE PAULO

Nível macro: a estrutura geral da carta


ANÁLISE LITERÁRIA DE PAULO

Nível macro: a estrutura geral da carta


ANÁLISE LITERÁRIA DE PAULO

Nível macro: a estrutura geral da carta

 Uma revisão das outras cartas de Paulo revela muitas das mesmas
características encontradas em Romanos.
 Ainda assim, somente o fato de ter uma saudação, um corpo e uma
conclusão são comuns a todas elas.
 Às vezes, uma seção de eulogia (2Coríntios) ou uma seção de
reprimenda (Gálatas) substitui a seção de ação de graças.
 Efésios tem tanto uma seção de eulogia (1.3-14) quanto uma seção de
ação de graças (1.15-23), enquanto 1Timóteo e Tito não têm nenhuma
das duas.
 Dentro do corpo da carta, a parousia apostólica se move do começo da
carta (1Coríntios), passando pelo meio (Filipenses), para o final da
carta (2Coríntios).
ANÁLISE LITERÁRIA DE PAULO

Nível macro: a estrutura geral da carta

 A maioria das cartas de Paulo tem um corpo em duas seções (por


exemplo, 1Tessalonicenses), mas algumas cartas menores têm
somente uma parte (por exemplo, Filemom), enquanto Gálatas
parece ter um corpo de três partes.

 Dadas essas variações no nível da macroestrutura, é


provavelmente menos importante extrair conclusões sobre a
organização das subunidades das cartas individuais e mais
importante ter consciência das funções das subunidades e levá-
las em consideração ao investigar seu conteúdo.
ANÁLISE LITERÁRIA DE PAULO

Nível macro: a estrutura geral da carta


Saudação

 A estrutura de três partes das saudações paulinas é bem


conhecida: remetente, destinatário e saudação.
 A familiaridade com essa estrutura pode facilmente resultar em
uma tendência de pular a saudação a fim de chegar na "parte
boa". Há, no entanto, um número enorme de questões a fazer a
cada parte da saudação da carta.
 Como remetente, por exemplo, como Paulo descreve a si
mesmo?
 Como apóstolo (nove vezes) enfatizando a sua autoridade?
 Como escravo (três vezes), enfatizando seu compromisso
com o serviço?
 Como um prisioneiro (Fm1), enfatizando seu sofrimento pelo
evangelho?
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Nível macro: a estrutura geral da carta


Saudação

 Particularmente, quando se identifica como apóstolo, como


Paulo explica esse papel (por exemplo, "pela vontade de Deus",
em 1Co 1.1; "pelo mandato de Deus, nosso Salvador, e de Cristo
Jesus, nossa esperança", em 1Tm 1.1) ou expande sua
autodesignação de alguma forma (por exemplo, Rm 1.1-6; Gl 1.1-
2; Tt 1.1-3)?
 Paulo inclui algum de seus cooperadores como remetentes? Caso
afirmativo, quem ele inclui e como os descreve (por exemplo, "o
irmão Sóstenes", em 1Co 1.1;".. todos os irmãos meus
companheiros", em GI 1.2)?
 Como cada detalhe se relaciona com o contexto e conteúdo da
carta na qual aparece?
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Nível macro: a estrutura geral da carta


Saudação

 Quando ele identifica o(s) destinatário(s), quem são eles e quais


descritores Paulo usa para nomeá-los?
 Tais descritores afirmam o relacionamento dos destinatários com
Cristo (por exemplo, "A todos os amados de Deus, que estais em
Roma, chamados para serdes santos", em Rm 1.7)?
 Ou eles apontam para a necessidade dos destinatários de se
alinharem com as atitudes e práticas de outras igrejas que Paulo
plantou (por exemplo, "..à igreja de Deus que está em Corinto e a
todos os santos em toda a Acaia", em 2Co 1.1)?
ANÁLISE LITERÁRIA DE PAULO

Nível macro: a estrutura geral da carta


Saudação

 Paulo usa a mesma saudação básica em cada uma de suas cartas:


"..graça a vós outros e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor
Jesus Cristo" (por exemplo, 2Co 1.2). Ann Jervis sugere que tal
saudação funciona "para afirmar a fé que Paulo tem em comum com
seus leitores, para restabelecer o laço comum que eles têm em Cristo
e para lembrá-los de suas esperanças apostólicas para eles"
 O que, então, é importante a respeito do amplo acréscimo que Paulo
inclui na saudação aos Gálatas (1.4-5)? Como essa saudação se
relaciona com a situação que ele está abordando na carta? Fazendo
essas e outras perguntas, as saudações de Paulo contribuem para uma
interpretação mais bem informada de suas cartas.
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Nível macro: a estrutura geral da carta


Ação de graças

 Paulo inclui subunidades de ação de graças em nove de suas cartas,-


Essas ações de graças servem potencialmente a um ou mais dentre
quatro propósitos.
 Elas podem servir ao propósito epistolar de introduzir os principais
temas presentes na carta.
 Em Romanos por exemplo, a ação de graças introduz tanto o tema
principal da fé quanto o tema subordinado da visita antecipada de
Paulo a Roma.
 As seções de ação de graças podem servir ao propósito pastoral de
expressar preocupação pelos seus leitores.
 Novamente, em Romanos, Paulo introduz a ideia de firmar os leitores
em sua fé enquanto, ao mesmo tempo, é encorajado por eles.
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Nível macro: a estrutura geral da carta


Ação de graças

 As seções de ação de graças das cartas de Paulo também podem servir ao


propósito didático de lembrar os leitores de ensinamentos prévios (por
exemplo, GI 1.9) e/ou ao propósito parenético de indicar áreas para
crescimento (por exemplo, Ef 1.18-19a).
 Como notado acima, às vezes Paulo substitui a ação de graças por um tipo
diferente de subunidade (por exemplo, uma seção de reprimenda), adiciona
uma segunda subunidade a ela (por exemplo,a seção de bênção), ou, no
caso de Colossenses, expande-a consideravelmente, ao ponto de incluir um
hino cristológico.
 O exemplo mais conhecido de ausência de uma ação de graças está na carta
aos Gálatas. Em seu lugar, Paulo inclui uma forte subunidade de reprimenda
(1.6-10), que define o tom da carta e levanta a preocupação primária: os
gálatas estão seguindo falsos mestres que ensinam "um evangelho
diferente" que é diametralmente oposto ao evangelho verdadeiro que
Paulo prega e, portanto, definitivamente não é evangelho.
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Nível macro: a estrutura geral da carta


Ação de graças

 A função da subunidade de reprimenda em Gálatas, então, é


compatível com a ação de graças encontrada em outras cartas de
Paulo, mas as circunstâncias são tão terríveis que ele não encontra
nada digno de elogio e se move diretamente para o ataque.
 Talvez menos discutida, mas igualmente importante, seja a
subunidade de eulogia, que substitui a subunidade mais comum de
ação de graças em 2Coríntios 1.3-7. Peter O'Brien nota que as
subunidades introdutórias de eulogia de Paulo focam nas bênçãos de
Deus das quais ele mesmo participa, não na obra de Deus na vida de
outros,como é feito nas ações de graças.
 Em 2Coríntios, Paulo usa a subunidade da eulogia para introduzir os
temas gêmeos de aflição e conforto, que percorrem toda a carta, e
expressar sua preocupação pastoral pelos leitores, enquanto, ao
mesmo tempo, identifica-se mais intimamente com eles.
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Nível macro: a estrutura geral da carta


Ação de graças

 As circunstâncias ao redor da carta, entretanto, tornam


peculiarmente apropriado louvar a Deus pela forma como ele está
restaurando o relacionamento entre Paulo e a igreja coríntia.

 Em Efésios, Paulo acrescenta uma subunidade de eulogia (1.3-14)


antes da ação de graças (1.15-23) e, em Colossenses, Paulo
expande a ação de graças (1.3-14) ao incluir um hino cristológico
(1.15-20) e comentários (1.21-23).
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Nível macro: a estrutura geral da carta


Parousia apostólica

 Pelo menos 11 das cartas de Paulo incluem uma subunidade em


que ele procura fazer com que sua presença seja sentida.
 Cada uma dessas seções de "parousia apostólica" inclui pelo menos
um destes três temas:
I. Ato de Paulo de escrever a carta;
II. O envio por parte de Paulo de um emissário para a igreja ou
de um indivíduo que recebe a carta;
III. Os planos de Paulo de visitar o(s) destinatário(s).

 Paulo usa o tema da escrita para enfatizar sua autoridade para


escrever e/ou pedir aos seus leitores que se adaptem ao conteúdo
da carta.
 Ele usa o tema do emissário para apresentar as credenciais deste e
explicar o que ele espera que o emissário faça.
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Nível macro: a estrutura geral da carta


Parousia apostólica

 O tema da visita expressa o intento ou desejo de Paulo de visitar os


leitores.
 Somente 1Coríntios inclui os três temas (4.19_21), enquanto
2Tessalonicenses não inclui nenhum deles.
 Identificar quais temas Paulo introduz em uma seção de parousia
apostólica específica pode sugerir ideias da forma como ele vê seu
relacionamento com os destinatários.
 Em Romanos, por exemplo, Paulo usa o tema da escrita para
apresentar a si mesmo e seu ministério (15.14-21) e o tema da visita
para sinalizar tanto seu desejo quanto o seu intento de ir a Roma
(15.22-33).
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Nível macro: a estrutura geral da carta


Parousia apostólica

 Em Filipenses e 1Tessalonicenses, é externada a importância


dos emissários que ele está enviando (Fp 2.24; 1Ts 3.1-10) e
seu próprio desejo de visitá-los (Fp 2.19-23,25-30; 1Ts 2.17-20;
3.11-13).

 Em Efésios e Colossenses, O papel de Tíquico como emissário


de Paulo, é claramente muito importante (Ef 6.20-22; Cl 4.7-
9).
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Nível macro: a estrutura geral da carta


Apologia apostólica

 Em oito de nove cartas que escreve para igrejas, Paulo inclui uma
subunidade relacionada ao seu ministério como apóstolo.
 Nessas seções ele trata do evangelho, defende seu ministério c/ou
apresenta suas credenciais.
 Essas seções são fontes particularmente úteis de informação ao procurar
desenvolver uma compreensão da biografia paulina e uma cronologia de
suas cartas.
 Elas também dão uma ideia sobre aquilo que os destinatários conheciam
sobre Paulo e seu ministério e/ou quais aspectos de suas atividades dão
suporte ao argumento das cartas em que elas ocorrem.
 Por exemplo, a apologia apostólica de Efésios suporta diretamente
uma das preocupações primárias de Paulo naquela carta: unir judeus e
gentios em um corpo único, a igreja (3.1-13; cf. 2.11-22).
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Nível macro: a estrutura geral da carta


Conclusão

 As conclusões das cartas de Paulo são tão variadas quanto as


igrejas e os indivíduos para quem ele escreveu.
 Com base em um estudo em oito cartas, Weima sugere que a
conclusão epistolar paulina típica inclui quatro elementos:
I. Desejo de paz
II. Seção hortativa
III. Saudações e
IV. Bênção de graça

 Desses quatro elementos, no entanto, somente a


bênção da graça aparece em todas as 13 cartas
atribuídas a Paulo.
 Oito cartas incluem um elemento de saudação e sete
incluem uma seção hortativa.
ANÁLISE LITERÁRIA DE PAULO

Nível macro: a estrutura geral da carta


Conclusão

 Paulo usa a saudação para manter e desenvolver seu


relacionamento com os destinatários e promover unidade entre as
congregações.
 É interessante que a lista mais longa de saudações apareça nas
cartas para as igrejas que Paulo não plantou (Rm 16.3-16,21-23; C1
4.10-17), sugerindo que uma função das saudações naquelas cartas
era associar Paulo a indivíduos que eram bem conhecidos daquelas
igrejas.
 Em pelo menos alguns casos, Paulo usa a seção hortativa para
reforçar instruções que aparecem mais cedo na carta (por exemplo,
Rm 16.17-20; 2Co 13.11).
ANÁLISE LITERÁRIA DE PAULO

Nível médio: características estruturais no corpo da carta


Subgêneros

 Estudiosos desde há muito identificaram e discutem subgêneros nas


cartas de Paulo.
 Os hinos cristológicos ou profissões de fé de Filipenses 2.5-11,
Colossenses 1.15-20, 1Timóteo 3.16 e 2Timóteo 2.11-13, por
exemplo, têm gerado, cada um, literatura extensa, como tem
acontecido também com outros textos.
 Mesmo o leitor casual prontamente reconhece doxologias como as
de Romanos 11.33-36 e Efésios 3.20-21.
 Listas de vícios e virtudes oferecem exemplos concretos de
comportamento ético aceitável e inaceitável (por exemplo, Gl 5.19-
23; C13.5-15).
ANÁLISE LITERÁRIA DE PAULO

Nível médio: características estruturais no corpo da carta


Subgêneros
 Alguns subgêneros têm formas distintas. Por exemplo, três elementos
compreendem as seções de um código familiar:
(1) o destinatário;
(2) uma ou mais ordens; e
(3) um motivo para o comportamento ordenado (por exemplo, Ef5.2i-6.9;
C13.18-4.1; Tt 2.1-10).
 Um tópos é uma unidade independente que trata um tópico de pensamento ou
ação. Ele também consiste de três elementos:
(1) uma injunção;
(2) uma razão; e
(3) uma análise do tópico.
 O uso que Paulo faz do tópos é fácil de ver em sua discussão do relacionamento
dos cristãos com as autoridades governamentais em Romanos 13.1-7.
Injunção:" “Todo homem esteja..." (13.1a)
Razão: “..porque” (13.1b)
Análise: "De modo que...” (13.2-7).
ANÁLISE LITERÁRIA DE PAULO

Nível médio: características estruturais no corpo da carta


Subgêneros

 Em outros lugares em Romanos, Paulo usa a diatribe para tratar


de possíveis inconsistências ou responder a possíveis objeções.
 A diatribe inclui a técnica de:

 Dialogar com um questionador imaginário (por exemplo,


2.1-5; 2.17-24; 9.19-21; 11.17-24)
 Interagir com objeções ou conclusões falsas (por exemplo,
3.1-9; 6.1-2,15-16; 7.7,13; 9.14-15) e
 Fazer troca dialógica (por exemplo, 3.27-30).
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Nível micro: características estruturais no nível da frase

 Características estruturais no nível da frase incluem aspectos de


linguagem figurativa e aspectos de ordem de palavras.

 Exemplos de provérbios (por exemplo; 1Co 15.33: G1 5.9)

 Metáforas (por exemplo,1Co 3.4-9; 9.24-27; 12.12-17; Ef 6.10-17)


ocorrem com alguma frequência nas cartas de Paulo.

 A alegoria também pode se encaixar aqui, embora o exemplo mais


conhecido nas cartas de Paulo (Gl 4.21-31) se estenda bem além
do nível da frase.
ANÁLISE LITERÁRIA DE PAULO

Nível micro: características estruturais no nível da frase

 Duas estruturas em nível de sentença repetidas nas cartas de Paulo são o


paralelismo e o quiasma.
 O paralelismo reflete o contexto hebraico de Paulo e o uso de similaridades
ou contrastes de pensamento entre frases sucessivas.
 O paralelismo pode ser:
o Sinonímico (similaridade):
Romanos 10.10
Com o coração se crê para justiça e
com a boca se confessa a respeito da salvação.

o Antitético (contraste):
1Coríntios 1.25
A loucura de Deus é mais sábia do que os homens;
e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens.
ANÁLISE LITERÁRIA DE PAULO

Nível micro: características estruturais no nível da frase


 Embora o termo "quiasma'" tenha sido usado para definir estruturas de
qualquer tamanho - incluindo a estrutura de livros inteiros - a expressão é
mais bem usada para descrever a transposição de palavras ou expressões
correspondentes dentro de uma sentença.

o Quiasma duplo envolvendo carne e Espírito, em Gálatas 6.8:

...o que semeia para


a sua própria carne
da carne
colherá corrupção;

mas o que semeia


para o Espírito
do Espírito
colherá vida eterna.
A TEOLOGIA GERAL PAULINA

DUAS ESFERAS DE EXISTÊNCIA

 Para Paulo, há somente duas esferas de existência humana: toda


pessoa está “em Adão" ou “em Cristo"(por exemplo, 1Co 15.21-
22).
 Sem uma resposta de fé à mensagem do evangelho, todas as
pessoas estão "em Adão", uma condição que Paulo também
chama de “o velho homem"(Ef 4.22; C1 3.9).
 A esfera de existência contrastante é "em Cristo'", uma condição
que Paulo também chama de "o novo homem' (Ef 4.23-24; C1
3.10-11).
 Cada uma dessas duas esferas tem um caráter distinto,
exibe uma conduta distinta e carrega consequências
distintas.
A TEOLOGIA GERAL PAULINA

DUAS ESFERAS DE EXISTÊNCIA

 Quando uma pessoa está "em Adão", sua existência é caracterizada


como 'na carne" e "sob a lei".
 Sua conduta consiste de "obras da carne" e o marca como um "escravo
do pecado". Tal pessoa encontra-se entre outros "filhos da ira", que
enfrentam consequências de "condenação", "morte" e "destruição
eterna".
 Em contraste, quando uma pessoa está "em Cristo", sua existência é
caracterizada como "no Espírito" e "debaixo da graça".
 Sua conduta consiste no “fruto do Espírito" e o marca como um "escravo
da justiça".
o Em vez de estar debaixo da ira, está em "paz com Deus"
o Em vez de condenação, ela recebe absolvição, em vez de
morte, ela aguarda a “vida”
o Em vez de destruição, ela aguarda a “salvação”.
A TEOLOGIA GERAL PAULINA

DUAS ESFERAS DE EXISTÊNCIA


A TEOLOGIA GERAL PAULINA

DUAS ESFERAS DE EXISTÊNCIA

 A expressão “em Cristo" ocorre 172 vezes nas cartas de Paulo e enfatiza quatro
aspectos diferentes desse estado de existência.
 Redentivamente, ela expressa os fatos objetivos de nossa salvação, que
foram conquistados em Cristo (por exemplo, 1Co 1.2; 2Co 3.14; 5.19;
GI2.17; Ef 1.3-14).
 Corporativamente, expressa o resultado de se tornar parte do povo de
Deus, que foi ajuntado em Cristo (por exemplo, Rm 12.5; Gl 3.28; Ef 3.6).
 Pessoalmente, expressa o relacionamento íntimo estabelecido entre o
cristão e Cristo (Rm 8.39; Fp 2.1; 4.7).
 Praticamente, expressa a forma em que estar "em Cristo" afeta cada
esfera da vida (Rm 9.1;1Co 4.17; Fp 1.13; 4.13; 1Ts 4.16).

 A riqueza de estar "em Cristo" está em contraste agudo com estar "em Adão" e
torna a necessidade da transferência de um estado para o outro algo de
suprema importância.
A TEOLOGIA GERAL PAULINA

DUAS ESFERAS DE EXISTÊNCIA

A Grande Transferência

 Em 2Coríntios, Paulo deixa claro que uma mudança acontece na salvação:


“se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis
que se fizeram novas" (5.17).
o Essa afirmação aponta para algo muito maior que uma mudança
pequena de crença ou de Comportamento;
o Ela descreve nada menos que uma transferência total de uma esfera de
existência para outra.
 Colossenses 1.13 torna explícita a ideia de transferência: "Ele nos libertou
do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu
amor".
 Para Paulo, seguir a Cristo envolve uma mudança radical em quem a pessoa
é e como ela vive.
 Ele explica essa mudança/transferência em detalhes em Romanos 5.12-21 e
usa diversos termos-chave para representá-la.
A TEOLOGIA GERAL PAULINA

DUAS ESFERAS DE EXISTÊNCIA


A Transferência Explicada
 Depois de demonstrar, em Romanos 1.18-3.20, que toda a
humanidade está condenada diante de Deus, Paulo declara que a
justiça de Deus é revelada pela fé em Cristo (3.21-31).
 A experiência de Abraão dá suporte à tese e prova que uma pessoa é
justificada com base na fé, à parte de esforço humano, cerimônia ou
guarda da lei (4.1-25).
 Ser justificado pela fé traz certos benefícios (5.1-11), mas é
igualmente importante entender que o ato de um único indivíduo
(Cristo) tornou esses benefícios possíveis.
 Romanos 5.12-21 apresenta o relacionamento tipológico entre Adão e
Cristo e explica como o ato de obediência de Cristo se contrapõe ao
ato de desobediência de Adão.
 Os versículos 12-14 tornam claro o papel de Adão na história
redentiva.
A TEOLOGIA GERAL PAULINA

DUAS ESFERAS DE EXISTÊNCIA


A Transferência Explicada

 Ao transgredir o mandamento de Deus de não comer da árvore do


conhecimento do bem e do mal, Adão não somente trouxe o pecado ao
mundo, mas também o espalhou a todos os seres humanos (5.12).

 O fato de que homens e mulheres morreram entre o tempo de Adão e a


dádiva da lei mosaica prova que a ofensa de Adão teve consequências
de longo alcance (5.13-Î4).

 Estas resultam do ato de um único indivíduo que levou Paulo a


identificar Adão como alguém que "prefigurava aquele que havia de
vir" -isto é, Cristo (5.14).
A TEOLOGIA GERAL PAULINA

DUAS ESFERAS DE EXISTÊNCIA


A Transferência Explicada

 Antes de resumir o que Adão e Cristo têm em comum, entretanto


Paulo usa os versículos 15-17 para mostrar três diferenças
importantes entre eles.

Primeiro, enquanto o ato de Adão trouxe morte generalizada, o


ato de Cristo trouxe graça abundante (5.15).

Segundo, enquanto o ato de Adão resultou em condenação, o ato


de Cristo resulta em absolvição (5.16).

Terceiro, enquanto o ato de Adão causou o reinado da morte, o


ato de Cristo causa o reinado da vida (5.17).
A TEOLOGIA GERAL PAULINA

DUAS ESFERAS DE EXISTÊNCIA


A Transferência Explicada
 O outro contraste é apresentado à Medida que os atos são caracterizados: o
ato de Adão foi de “transgressão”, enquanto o ato de Cristo foi um "dom".
 Paulo recapitula e conclui seu argumento nos versículos 18-21. Ao fazê-lo, ele
apresenta as diferenças essenciais entre os dois indivíduos que são centrais à
história da redenção:
A TEOLOGIA GERAL PAULINA

DUAS ESFERAS DE EXISTÊNCIA


A Transferência Explicada

 Tanto a desobediência de Adão quanto a obediência de Cristo têm


consequências de longo alcance.

 Todos os seres humanos estão "em Adão" desde o dia em que vêm
ao mundo.

 As boas-novas do evangelho são que Cristo tornou possível para


Deus nos transferir para fora da existência que herdamos em Adão e
para uma nova existência em Cristo.
A TEOLOGIA GERAL PAULINA

DUAS ESFERAS DE EXISTÊNCIA


A Transferência Ilustrada

 Nenhuma palavra única pode comunicar adequadamente a mudança que


acontece quando Deus transfere uma pessoa de "estar em Adão" para
"estar em Cristo". Há, no entanto, seis termos importantes que ajudam a
ilustrar a transferência.
 Cada um deles tem um contexto diferente e cada um enfatiza um aspecto
diferente da mudança que aconteceu. Juntos, eles deixam clara a completa
reversão de condição trazida por Cristo.
 Justificação ocorre duas vezes nas cartas de Paulo (Rm 4.25; 5.18). O
contexto é um tribunal, o que denota o ato de declarar alguém justo.
Ilustra uma mudança na condição de ser culpado para ser justo.
 Redenção ocorre sete vezes (Rm 3.24; 8.23; 1Co 1.30; Ef 1.7, 14; 4.30;
C1 1.14). Emprestado do contexto do mercado de escravos, o termo
fala sobre assegurar a liberdade por meio do pagamento de um
resgate. Ilustra uma mudança de status de ser escravo para tornar-se
livre (Romanos 6, no entanto, deixa claro que a mudança é, na
A TEOLOGIA GERAL PAULINA

DUAS ESFERAS DE EXISTÊNCIA


A Transferência Ilustrada

 Propiciação ocorre somente em Romanos 3.25. Emprestado do contexto


da adoração no templo, fala sobre afastar a ira por meio de um
sacrifício.
 Santificação ocorre oito vezes (Rm 6.19,22; 1Co 1.30; 1Ts 4.3-4,7; 2Ts
2.13; 1Tm 2.15). Também tomado do contexto cúltico, descreve o ato de
colocar alguém ou alguma coisa à parte, como santo. Ilustra a mudança
da condição de ser pecador para ser santo.

 Reconciliação ocorre quatro vezes nas cartas de Paulo (Rm 5.10; 11.15;
2Co 5.18-19). O contexto são os relacionamentos pessoais, em que a
palavra denota o ato de colocar duas partes opostas em acordo. Ilustra
uma mudança na condição de ser inimigo para ser amigo.
 Adoção ocorre cinco vezes (Rm 8.15,23; 9.4; Gl 4.5; Ef 1.5). Emprestada
do contexto familiar, denota a concessão de direitos e privilégios de
membro da família. Com a adoção, a condição de uma pessoa muda de
um estranho para a condição de filho ou filha.
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DUAS ESFERAS DE EXISTÊNCIA


A Transferência Ilustrada
A TEOLOGIA GERAL PAULINA

DUAS ESFERAS DE EXISTÊNCIA


Os Meios de Transferência

 Paulo usa o substantivo fé e o verbo crer mais de 200 vezes em


suas cartas.
 As palavras carregam diversas nuances, mas o foco primário é
sobre o meio de se apropriar dos efeitos da obra de Cristo.
 Primeiro e mais importante, a fé é o meio de efetuar a
transferência de estar em Adão para estar em Cristo.
o Ela pressupõe conhecimento no qual se baseia e do qual
deriva sua força (2Tm 2.25).
o Ela repousa sobre Deus e sua provisão para a salvação,
que é um dom recebido da graça de Deus (Ef 2.8-9).
o Por essa razão, somente a fé é a base da salvação.
Embora a fé resulte em obras (Gl 5.6; Ef 2.10), as obras
não são base para a salvação (Rm 2.28).
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DUAS ESFERAS DE EXISTÊNCIA


Os Meios de Transferência

 Duas facetas importantes da fé se destacam: fé como confiança e fé


como obediência.
 A fé não é somente um assentimento intelectual com fatos ou
pressupostos; é uma questão do coração, uma questão de confiança
(Rm 10.9).
 A fé salvífica envolve colocar a confiança somente em Jesus Cristo
para a salvação (Rm 5.1-2; Ef 2.8-9; C12.12).
 Ocasionalmente, a fé é um comprometimento com a verdade do
evangelho (Ef1.13-14), mas é predominantemente um compromisso
pessoal com toda a pessoa de Cristo (Rm 3.26; Ef 1.15; Cl 1.4; 2.5;
2Tm 3.15).
 A fé, portanto, é mais ampla do que a resposta inicial ao evangelho;
ela é, também, uma questão de obediência.
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DUAS ESFERAS DE EXISTÊNCIA


Os Meios de Transferência
 Ela pode carregar o sentido de seguir a tradição apostólica revestida de
autoridade (2Ts 2.13-15), mas, mais frequentemente, é uma dependência de
Deus em cada aspecto da vida.
 Paulo torna claro que ficamos firmes pela fé (2Co 1.24), andamos pela fé
(2Co 5.7) e vivemos pela fé (GI 2.20).
 A fé seja parte do fruto do Espírito (Gl 5.22).
 O papel central da fé é visto claramente em Efésios 2, um capítulo que inclui
aquilo que talvez seja a declaração mais conhecida de Paulo sobre o papel da
fé: "...pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de
Deus; não de obras, para que ninguém se glorie"(Ef 2.8-9).
 Esta declaração ocorre no contexto de duas explicações amplas do que Deus
realizou em Cristo. Os versículos 1-10 abordam o tópico no nível individual,
enquanto os versículos 11-22 abordam no nível corporativo. Ambas as
explicações enfatizam o contraste entre o que éramos e o que somos.
A TEOLOGIA GERAL PAULINA

DUAS ESFERAS DE EXISTÊNCIA


Os Meios de Transferência

 Nos versículos 1-3, Paulo diz que, sem Cristo, estávamos "mortos nos
vossos delitos e pecados"; nós andávamos "segundo o príncipe da
potestade do ar", vivíamos entre os "filhos da desobediência" e
éramos filhos da ira".
 Fé, portanto, resulta em sermos feitos vivos juntamente com Cristo,
sendo ressuscitados com Cristo e estando assentados "nos lugares
celestiais" com Cristo (2.4-6).
 Também fomos destinados para boas obras (2.10).:
 Nos versículos 11-22, Paulo diz que, sem Cristo, nós estávamos
'longe"(2.13), como "estrangeiros e peregrinos"(2.19).
 A fé, no entanto, resulta em sermos "aproximados" (2.13) e feitos
"concidadãos dos santos e... [membros da] família de Deus" (2.19). É
pela graça e mediante a fé que somos transferidos de quem éramos
em Adão, para quem somos em Cristo.
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DUAS ESFERAS DE EXISTÊNCIA


Os Meios de Transferência
A TEOLOGIA GERAL PAULINA

DUAS ESFERAS DE EXISTÊNCIA


A Congregação dos Transferidos

 Quando Deus transfere uma pessoa de estar "em Adão" para


estar "em Cristo", Ele também incorpora essa pessoa na
"igreja" (εκκλησια).

 A palavra grega εκκλησια ocorre 62 vezes nas cartas de Paulo


(por exemplo, 1Co 1.2; 2Co 1.2; Ef 1.22; Cl 1.18). A
Septuaginta regularmente usa "assembleia" ou
"congregação" dο Senhor (cf. Dt 23.2-4,9;31.30; Js 9.2; 1Rs
8.14).
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DUAS ESFERAS DE EXISTÊNCIA


A Congregação dos Transferidos

 Essa congregação é formada por "santos".


 Paulo usa a palavra 40 vezes (por exemplo, Rm 1.7; 1Co
1.2;2Co 1.1; Ef1.1; Fp 1.1) e muito provavelmente a extrai do
contexto de Israel como o verdadeiro povo de Deus, que é
preservado e liberto do julgamento do Senhor (cf. Is 4.3; 6.13;
Dn 7.18, 21-22).
 Esses santos são tanto "chamados" (sete vezes) quanto
"eleitos" (seis vezes).
 É possível ligar ambas as ideias com o Antigo Testamento -
uma com a vocação histórica de Israel (Is 41.9; 42.6; 43.1; 45.3;
48.12;51.2), a outra com a designação de Israel como povo
escolhido de Deus (Dt7.6-7; 14.2; 1Rs 3.8; 1Cr 16.13; S1105.6).
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DUAS ESFERAS DE EXISTÊNCIA


A Congregação dos Transferidos

 Paulo usa duas metáforas para descrever essa congregação dos santos
eleitos: a construção e o corpo.
o A metáfora do edifício aparece em Efésios, em que a ênfase primária de
Paulo é na unidade da igreja universal (Ef2.19-22).
 Os apóstolos e profetas são o fundamento (2.20);
 Cristo é a pedra angular (2.20; cf. Rm 15.20; C1 2.7);
 Os santos formam o edifício que está no processo de construção
como habitação de Deus(2.21-22).
 Os gentios (2.11), que antes eram estrangeiros e peregrinos (2.19),
agora são "'juntamente(...) edificados" para ser edifício de Deus.
• Assim, o ponto de Paulo não está longe do de Romanos
11.17-24, em que ele usa a figura da oliveira para
descrever a incorporação dos gentios na companhia do
povo de Deus.
A TEOLOGIA GERAL PAULINA

DUAS ESFERAS DE EXISTÊNCIA


A Congregação dos Transferidos

 O corpo é a mais comum e distintiva metáfora de Paulo para a


igreja, aparecendo em Romanos, 1Coríntios, Efésios e
Colossenses.

 Ele a usa em Romanos e 1Coríntios, mas com pouco


desenvolvimento.

 Nessas cartas, a ênfase primária está na unidade do corpo em


Cristo (Rm 12.5;1Co 10.17; 11.29), e Paulo a usa para tratar da
questão do relacionamento entre os cristãos (1Co 12.12-27).
A TEOLOGIA GERAL PAULINA

DUAS ESFERAS DE EXISTÊNCIA


A Congregação dos Transferidos

 Em Efésios e Colossenses, Paulo desenvolve a metáfora mais


plenamente.
 Ele enfatiza a unidade da Igreja (universal) da mesma forma
que em Romanos e 1Coríntios (Ef 1.10,22; 4.4-6,13), mas
também inclui o conceito de Cristo como cabeça da igreja
(Ef 1.22; 4.15; 5.23; Cl 1.18; 2.19).
 O pensamento básico é que a Igreja é um corpo baseado
naquilo que Cristo conquistou para ela (Ef 2.14-18; 5.23).
 O senhorio de Cristo enfatiza sua posição de autoridade
como Senhor exaltado.
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DUAS ESFERAS DE EXISTÊNCIA


A Congregação dos Transferidos

 Assim, Deus lhe deu todo o poder (Ef 1.20-23); ele tem todos os
dons à sua disposição (Ef 4.7-11) e ele é a fonte do crescimento do
corpo (Ef 4.15-16; 5.25-27; Cl2.9-10, 14).
 Para Paulo, a igreja é o contexto para o viver cristão (Gl 6.10; 1Tm
3.14-16).
 O julgamento pela congregação é apropriado para um cristão que
ultrapassou os limites estabelecidos para ela (1Co 5.1-13).
 Quando há um conflito de interesses entre os cristãos, cada pessoa
deve buscar as coisas que pertencem "ao outro" (1Co 10.24; Fp 2.3-
4) e a preocupação primária deve ser a saúde da igreja (1Co 5.6-
3).
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DUAS ESFERAS DE EXISTÊNCIA


A Congregação dos Transferidos

 Dois princípios fundamentais governam a vida na igreja:


 A igualdade dos membros e
 A diversidade de cada cristão.
 Todos os cristãos têm uma situação igual aos olhos de Deus (G1 3.26-29), e
todos compartilham de igual libertação do pecado (Rm 6.18,22), porque
foram igualmente libertos para essa liberdade (G1 5.11).
 Ainda assim, cada cristão é distinto em:
 Chamado (1Co 7.17-24)
 Dotação (Rm 12.3-9; 1Co 12.7-11)
 Força de fé (Rm 12.3, 6; 14.1; 15.1) e
 Crescimento espiritual (1Co 3.1-2)
A TEOLOGIA GERAL PAULINA

DUAS ESFERAS DE EXISTÊNCIA


A Congregação dos Transferidos

 Dados esses princípios fundamentais de igualdade e diversidade, o


Cristão deve exercer discernimento em todas as coisas (Fp 1.9-11,
1Ts 5.21).
 Comparação entre os cristãos deve ser excluída (Rm 14.4,13;2Co
10.12); autoavaliação é essencial - o cristão não deve se
superestimar demais (Rm 12.3; 1Co 8.2; 10.12; Gl 6.3) nem se
subestimar demais (1Co 12.15-17).
 Os cristãos devem perseguir certas virtudes (Gl 5.22-23; Ef 4.23; C1
3.12-17) e rejeitar certos vícios (Gl 5.19-21; Ef 4.25-31; C1 3.5-10).
 Entre esses polos de virtude e vício existe uma área
comparativamente ampla de liberdade que requer o exercício do
discernimento.
A TEOLOGIA GERAL PAULINA

DUAS ESFERAS DE EXISTÊNCIA


A Congregação dos Transferidos

 As ações que não são expressamente proibidas são governadas por


seis princípios:

1. Todas as ações devem ser apropriadas à medida de fé do cristão


(Rm 12.3; 14.23). Consciência e dúvidas servem para limitar as ações
dos cristãos (Rm 14.14,23).
2. Certeza e convicção marcam as ações permitidas (Rm 14.5,11).
3. Ações permitidas edificam outros cristãos (1Co 6.12; 8.1-13, 10.23-
33).
4. Ações permitidas espalham o evangelho (1Co 9.1-27)
5. Ações permitidas promovem santificação pessoal (1Co 10.1-13).
6. Ações permitidas promovem a glória de Deus (1Co 10.14-22).
A TEOLOGIA GERAL PAULINA

DUAS ESFERAS DE EXISTÊNCIA


A Congregação dos Transferidos
A TEOLOGIA GERAL PAULINA

DUAS ESFERAS DE EXISTÊNCIA


A Congregação dos Transferidos

 Para Paulo, então, a igreja é a congregação daqueles que Deus transferiu de


uma esfera de existência para outra.
 Pela graça, mediante a fé, os membros de tal congregação saíram da
situação de estar "em Adão" para estar "em Cristo" porque a vida de
obediência de Cristo neutralizou os resultados da desobediência de Adão.
 Como resultado:
I. Deus foi propiciado e reconciliado;
II. Os cristãos são justificados, redimidos, santificados e adotados.
 Eles foram incorporados em uma congregação que tem suas raízes
no Antigo Testamento e pode ser ilustrada pelo uso das metáforas
de uma construção e de um corpo.
 Tal congregação é composta tanto de judeus quanto de gentios, a
quem Deus uniu em um único povo para proporcionar o contexto
para a vida cristã com virtudes prescritas, vícios proibidos e
princípios próprios para exercer discernimento.
A TEOLOGIA PAULINA DAS CARTAS
AS CARTAS MISSIONÁRIAS
1-2 Tessalonicenses

 As cartas aos tessalonicenses estão entre as mais antigas de


Paulo.

 Elas foram escritas por causa da forçosa separação de Paulo de


Tessalônica depois de um curto período.

 As cartas refletem sua preocupação com a resposta deles à


oposição que estavam enfrentando por parte dos judeus e ao
ensino de Paulo a respeito do retorno de Cristo.

 Temas importantes que percorrem as cartas incluem a


significativa resposta dos tessalonicenses ao evangelho, o
retorno de Cristo e um viver responsável à luz desse retorno.
A TEOLOGIA PAULINA DAS CARTAS
AS CARTAS MISSIONÁRIAS
1-2 Tessalonicenses
 A resposta dos tessalonicenses ao evangelho é particularmente
proeminente na primeira carta.

 Eles receberam a pregação da palavra de Deus com alegria (1.6) e


com plena convicção (1.5).

 Em resposta a essa pregação, eles se voltaram dos ídolos para Deus


(1.9) e se tornaram imitadores tanto de Paulo (1.6) quanto das
igrejas da Judeia (2.14).

 Como resultado, fé, amor e esperança caracterizaram a vida deles


(1.3) e eles se tornaram exemplos para toda aquela região (1.7; 3.6)
ao se mostrarem firmes mesmo enfrentando sofrimento (2.14; 3.8).
A TEOLOGIA PAULINA DAS CARTAS
AS CARTAS MISSIONÁRIAS
1-2 Tessalonicenses

 Um elemento-chave na pregação do evangelho em Tessalônica foi


a volta de Cristo.
 Esse tema permeia ambas as cartas como motivação para
múltiplos aspectos da vida cristã (1Ts 1.10; 2.19; 3.13; 5.23; 2Ts
1.7,10; 2.Ì).
o A primeira, 1Tessalonicenses 4.13-5.11, divide-se
naturalmente em duas partes: o destino daqueles que
morrem em Cristo (4.13-18) e a conduta daqueles que estão
esperando a volta dele (5.1-11).
o Visto que os tessalonicenses estão preocupados com o
destino daqueles que já morreram em Cristo (4.13), Paulo
procura ajudá-los a entender que como o retorno de Cristo é
uma fonte de conforto, a morte é, na verdade, "dormir em
Jesus" para esperar sua volta, quando Ele trará consigo os
que morreram nele (4.14).
A TEOLOGIA PAULINA DAS CARTAS
AS CARTAS MISSIONÁRIAS
1-2 Tessalonicenses

o Sua volta envolve uma descida do céu, acompanhada por um


grito, a voz do arcanjo e a trombeta de Deus (4.16). Naquele
momento, os mortos vão se encontrar com Cristo nos ares
(4.17).
o Enquanto eles esperam, aqueles que estão vivos em Cristo
devem viver à luz de sua volta repentina e inesperada. Esse
retorno será como um ladrão que vem à noite (5.2) ou como
uma mulher grávida entrando em trabalho de parto (5.3) - não
há previsão de quando vai acontecer. Por essa razão, isso deve
motivar os discípulos de Cristo à vigilância (5.4-6) e a
continuarem vivendo em fé, amor e esperança (5.8).
o A volta de Cristo deve ser uma fonte de esperança e de
encorajamento mútuo (5.9-11).
A TEOLOGIA PAULINA DAS CARTAS
AS CARTAS MISSIONÁRIAS
1-2 Tessalonicenses

 Em 2Tessalonicenses 2.1-12, Paulo novamente elabora o tema da volta


de Cristo, dessa vez em resposta a uma carta que sugeria que o dia do
Senhor já havia chegado (2.1-2).
 Para refutar tal engano, Paulo nota que ele não vai acontecer "sem que
primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem da iniquidade, o
filho da perdição"(2.3).
 0 homem da iniquidade se opõe a Deus e exalta a si mesmo acima de
Deus (2.4), age de acordo com as atividades de Satanás (2.9) e engana
com sinais e prodígios (2.9-10).
 Suas atividades vão enganar aqueles que não receberam a verdade e os
levarão à apostasia (2.11-12).
 Esse princípio já está em ação no mundo (2.7), mas Deus restringe sua
manifestação completa até que chegue o tempo certo para remover
aquilo que o detém (2.6-7).
A TEOLOGIA PAULINA DAS CARTAS
AS CARTAS MISSIONÁRIAS
1-2 Tessalonicenses

 O viver responsável à luz da volta de Cristo envolve santificação,


ordem e perseverança.

 A santificação é a vontade de Deus (1Ts 4.3) seu chamado


(1Ts 4.7) e a escolha dele (2Ts 2.13) para o cristão.

 Ela é tanto obra de Deus (1Ts 5.23) quanto obra do Espírito


(2Ts 2.13).

 Ela abrange a pessoa toda, incluindo o corpo (1Ts 5.23), e


está intimamente relacionada à pureza sexual (1Ts 4.3-7).

 Ela é cultivada ao se apegar ao ensino de Paulo (2Ts 2.15) e


tem a glorificação do cristão como seu objeto (2Ts 2.14).
A TEOLOGIA PAULINA DAS CARTAS
AS CARTAS MISSIONÁRIAS
1-2 Tessalonicenses

 Uma vida santificada também é uma vida ordeira.

 Os seguidores de Cristo devem viver de forma tranquila e


disciplinada (1Ts 4.11; 2Ts 3.6-8,11), cuidar de sua própria
vida (1Ts 4.1Î; 2Ts 3.11) e trabalhar com as próprias mãos
(1Ts 4.11; 2Ts 3.10,12).

 Eles devem estimar aqueles que os guiam (1Ts 5.12-13) e


procurar o bem dos outros (1Ts 5.14-15).

 Se viverem dessa forma, vão se comportar adequadamente


com relação aos de fora e não sofrerão necessidade (1Ts
4.12).
A TEOLOGIA PAULINA DAS CARTAS
AS CARTAS MISSIONÁRIAS
1-2 Tessalonicenses

 Visto que os seguidores de Cristo vivem em meio à perseguição por


parte daqueles que os conhecem (1Ts 2.14-16; 3.3-4; 2Ts 1.4) e visto
que essa perseguição provê uma abertura para Satanás tentá-los (1Ts
3.5), eles também precisam de perseverança.

 Perseverar em face da aflição glorifica a Cristo (2Ts 1.12) e torna


os cristãos dignos do reino de Deus (2Ts 1.5, 11).

 O próprio Deus provê os recursos de que eles precisam para


perseverar (2Ts 3.1-5), e eles podem perseverar com confiança
porque sabem que seus perseguidores serão, por fim, julgados,
enquanto eles serão glorificados (2Ts 1.6-10).
A TEOLOGIA PAULINA DAS CARTAS
AS CARTAS MISSIONÁRIAS
1-2 Coríntios

 As cartas canônicas de 1-2Coríntios são, na verdade, a segunda e


quarta cartas que Paulo escreveu para a igreja, visto que 1Coríntios
menciona uma "carta prévia" e 2Coríntios menciona uma "carta
lamentosa".
 É bem conhecido que 1Coríntios lida com uma série de problemas
dentro da igreja: divisões (1.10-4.21), imoralidade (5.1-13;6.12-20),
processos (6.1-11), casamento (7.1-40), comida oferecida a ídolos (8.1-
11.1), adoração pública (11.1-34), dons espirituais (12.1-14.40) e a
ressurreição (15.1-58).
 2Coríntios foca mais no ministério apostólico de Paulo e seu
relacionamento com os coríntios. Temas importantes que percorrem a
carta incluem a natureza e o conteúdo da mensagem do evangelho, o
ministério apostólico (ou missionário) e o Espírito Santo.
A TEOLOGIA PAULINA DAS CARTAS
AS CARTAS MISSIONÁRIAS
1-2 Coríntios
 A explicação do evangelho por Paulo em 1-2 Coríntios está centrada em
três aspectos:
 A cruz
 A ressurreição e
 A nova aliança.
 Em cada caso, a linguagem de Paulo é fortemente antitética - como é
evidente em seu ensino sobre a cruz, em que os pares de oposição
loucura/sabedoria e fraqueza/força são proeminentes (1Co 1.18-2.16).
 Enquanto estava plantando a igreja em Corinto, Paulo determinou
“...nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado"(1Co
2.2).
 Pela perspectiva do mundo, a "palavra da cruz" é tanto uma mensagem
louca quanto uma demonstração de fraqueza.
 Mas Deus "escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os
sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as
fortes"(1Co 1.27).
A TEOLOGIA PAULINA DAS CARTAS
AS CARTAS MISSIONÁRIAS
1-2 Coríntios

 Na verdade, a economia de Deus opera de uma forma diametralmente


oposta à economia do mundo.
 O que é loucura para o sábio se torna a sabedoria de Deus e o que é
fraqueza para o forte se torna o poder de Deus (1Co 1.18-25; 3.18-22).
 Dessa forma, a mensagem da cruz não repousa nem em sabedoria nem
em força de homem; em vez disso, ela se baseia tanto na sabedoria
quanto no poder de Deus (1Co 2.1-5).
 Essa é uma mensagem discernida espiritualmente por ser a sabedoria
de Deus contida em mistério e revelada pelo Espírito (1Co 2.6-15).

pelas coisas loucas do mundo c pelas


O sábio e o forte são envergonhados
coisas fracas do mundo.
A loucura do mundo e
se tornam a sabedoria de Deus e o poder de Deus
a fraqueza do mundo
A TEOLOGIA PAULINA DAS CARTAS
AS CARTAS MISSIONÁRIAS
1-2 Coríntios

 A ligação entre a cruz e a ressurreição se torna clara quando Paulo


diz de Cristo: "Porque, de fato, foi crucificado em fraqueza;
contudo, vive pelo poder de Deus. Porque nós também somos
fracos nele, mas viveremos, com ele, para vós outros pelo poder
de Deus" (2Co 13.4).
 A ressurreição é a demonstração suprema do poder de Deus
porque ela derrota o pecado, a lei e a morte (1Co 15.50-58).
 A ressurreição, portanto, torna-se a fonte de esperança e
confiança do cristão (1Co 15.12- 19), inaugura o reino de Deus
(1Co 15.20-28) e traz a promessa da glória celestial (1Co 15.35-
48).
 Os pares opostos também são proeminentes e refletem o
contraste entre o "primeiro Adão" e Cristo, o "último Adão".
A TEOLOGIA PAULINA DAS CARTAS
AS CARTAS MISSIONÁRIAS
1-2 Coríntios
A TEOLOGIA PAULINA DAS CARTAS
AS CARTAS MISSIONÁRIAS
1-2 Coríntios

 O outro aspecto do evangelho de Paulo diz respeito à nova aliança que


Cristo inaugura (2Co 3.1-18).
 Novamente, a linguagem antitética permeia a seção, enfatizando as
diferenças entre a antiga e a nova aliança em administração, resultado e
duração.
 A administração da antiga aliança era externa, "escrita(...) com
tinta'", mas a administração da nova aliança é interna, escrita
"... não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é,
nos corações" (2Co 3.3).
 A antiga aliança era um pacto de condenação que resultava em
morte, mas a nova aliança é um pacto de justiça que resulta
em vida (2Co 3.6-7,9).
 A glória da antiga aliança era temporária, mas a glória maior da
nova aliança é permanente (2Co 3.11).
A TEOLOGIA PAULINA DAS CARTAS
AS CARTAS MISSIONÁRIAS
1-2 Coríntios
 A proclamação do evangelho é uma tarefa proeminente do
ministério apostólico. Esse ministério tem lugar em um contexto
de dificuldades (2Co 4.7-11; 6.4-10; 11.24-27).
 As dificuldades encontradas incluem aflição que vem de fora
da igreja (2Co 1.8-11) e oposição dentro da igreja (2Co 2.4;
7.5).
 Ainda assim, Deus conforta no meio das dificuldades (2Co 1.3-
7; 7.6-7) e provê graça e poder para encará-las (2Co A.16-18;
12.7-10).
 O próprio ministério envolve o cumprimento de um papel
ordenado por Deus (1Co 3.1-15) como um mordomo confiável
(1Co 4.1-5; 2Co 4.5), bem como a disposição de limitar a liberdade
pessoal por causa do evangelho (1Co 9.3-23).
 Ele também envolve servir como um embaixador da reconciliação
(2Co 5.18-21) e engajar-se em batalha espiritual (2Co 10.3-5).
A TEOLOGIA PAULINA DAS CARTAS
AS CARTAS MISSIONÁRIAS
1-2 Coríntios
 Visto que o ministério é espiritual, Deus provê o Espírito Santo como um
recurso indispensável (2Co 1.22; 5.5).
 A dependência do Espírito é essencial porque ele revela o conteúdo da
mensagem apostólica (1Co 2.6-16) e capacita a proclamação dessa mensagem
(1Co 2.1-5).
 O Espírito Santo é o terceiro tema principal na correspondência coríntia,
embora o ensino de Paulo sobre o Espírito esteja espalhado ao longo da carta,
em vez de concentrado em uma única exposição sistemática.
 O Espírito revela o conteúdo do evangelho (1Co 2.6-14) e administra a
nova aliança (2Co 3.17-18).
 O Espírito batiza o cristão no corpo de Cristo (1Co 12.13), habita o cristão
(1Co 3.16-17; 6.19) e sela o cristão como um penhor (2Co 1.22; 5.5).
 0 Espírito também distribui dons para o uso comum do corpo (1Co 12.4-
11), provê capacitação para o uso dos dons no ministério pelos membros
do corpo (1Co 2.4-5; 12.11; 2Co 6.4-6) e promove a comunhão dentro do
corpo (2Co 13.13).
A TEOLOGIA PAULINA DAS CARTAS
AS CARTAS MISSIONÁRIAS

Gálatas e Romanos

 Gálatas é a carta mais antiga de Paulo, mas tem fortes afinidades com
Romanos, que ele escreve seis ou sete anos depois.
 Essas afinidades levam alguns estudiosos a adotar tanto um destino no
norte da Galácia quanto uma data posterior para Gálatas.
 Independentemente de uma decisão com relação à destinação e à data
de Gálatas, as similaridades em conteúdo são evidentes, as diferenças
estão no tom do argumento.
 O tom polêmico agudo de Gálatas reflete a defesa do evangelho feita
por Paulo contra os falsos mestres judaizantes que estavam ameaçando
as igrejas que ele havia plantado.
 Em contraste, a carta aos Romanos é uma apresentação do evangelho
cuidadosamente elaborada por Paulo para apresentá-lo a uma igreja
que ele ainda não havia visitado.
A TEOLOGIA PAULINA DAS CARTAS
AS CARTAS MISSIONÁRIAS

Gálatas e Romanos

 Temas importantes que percorrem as cartas incluem a justiça de Deus, a


lei do Antigo Testamento e a vida pelo Espírito em vez de pela carne.
 A justiça, em Romanos e Gálatas, é preeminentemente de Deus (Rm
1.17; 3.21-22,26).
 Em ambas as cartas, Paulo baseia sua compreensão da justiça de Deus na
vida de Abraão (Gn 15.6; cf. Rm 4.9; Gl 3.6) e na declaração do profeta
Habacuque (Hc 2.4; cf. Rm 1.17; GI 3.11).
 Tal justiça é tanto revelada - de fé em fé (Rm 1.17) e à parte da lei (Rm
3.21; 4.13) - quanto um dom da graça de Deus (Rm 3.24,4.5-6,16). O
dom da justiça é concedido independentemente de obras (Rm 4.1-8), de
circuncisão (Rm 4.9-12) ou lei (Rm 4.13-25).
 Ela vem Pela fé em Cristo (Rm 3.22-30; Gl 3.5-8) a todos os que creem
(Rm 3.22) e resulta em salvação (Rm 1.16; 10.10).
 Ela se estende aos gentios (G13.14) e é vivida pela fé (Rm 1.17).
A TEOLOGIA PAULINA DAS CARTAS
AS CARTAS MISSIONÁRIAS

Gálatas e Romanos
 Paulo, muito comumente, usa "lei" para descrever as exigências divinas
dadas a Israel por meio de Moisés (por exemplo, Rm 2.13.26; 4.15; 7.6-12;
10.5; Cl 3.12-19; 4.5; 6.13).
 Seu papel original era um padrão de obediência por preservar o
relacionamento pactual com Deus. Dessa forma, a lei é santa, justa e boa e
"espiritual" (Rm 7.12,14) porque torna o pecado conhecido (Rm 3.20; 7.7).
 Nesse sentido, ela codifica o que os seres humanos sabem instintivamente
por meio da consciência (Rm 2.14-15). O problema é que a lei requer
obediência perfeita (Rm 2.12-13; 3.23-29; 8.4; G1 3.10-13) e, assim, está
enferma pela carne humana (Rm 8.3), que provoca paixões pecaminosas
(Rm 7.5, 8-11,14-21).
 A lei aumenta o número e a gravidade dos pecados cometidos (Rm 5.20-21;
7.7-13; Gl 3.19) e leva à escravidão do pecado e à morte (Rm 7.23; 8.2; Gl
4.25, 31).
 Em contraste com a pecaminosidade humana e a fraqueza da lei está a
promessa de Deus, dada 430 anos antes da lei e cumprida em Jesus Cristo
(Gl 3.16-17).
A TEOLOGIA PAULINA DAS CARTAS
AS CARTAS MISSIONÁRIAS

Gálatas e Romanos

 Romanos 8.1-27 é a passagem mais longa nas cartas de Paulo


sobre a diferença produzida quando uma pessoa vive pelo
Espírito.
 Essa diferença é enfatizada pelo contraste entre Romanos 7 e 8.
Romanos 7 apresenta a futilidade de se tentar viver na carne
(7.5), enquanto Romanos 8 apresenta a vitória de se viver pelo
Espírito (cf. 7.6).
 O Espírito liberta o cristão da lei do pecado e da morte (8.2), foca
nas coisas espirituais (8.5) e leva à vida e à paz (8.6).
 Visto que o Espírito Santo habita no cristão (8.9,11; cf. Gl 4.6), o
espírito humano está vivo agora (8.10) e o corpo humano vai
viver novamente (8.11).
A TEOLOGIA PAULINA DAS CARTAS
AS CARTAS MISSIONÁRIAS

Gálatas e Romanos
 Romanos 8.12-27 apresenta seis implicações práticas para o andar
daqueles que vivem “de acordo com o Espírito".
I. Tais indivíduos rejeitam as demandas da carne (8.12).
II. Eles matam os feitos do corpo (8.13).
III. Eles seguem a liderança do Espírito (8.14).
IV. Eles encontram segurança na aceitação de Deus por meio do
testemunho interno do Espírito (8.15-17).
V. Eles vivem na esperança porque o Espírito lhes garante a redenção do
corpo (8.23-25).
VI. A vida de oração deles é eficaz porque o Espírito intercede por eles
(8.26-27).
 Assim, independentemente das circunstâncias, os cristãos podem estar
confiantes de que o Espírito lhes dará a força (8.9-14), certeza (8.15-17),
esperança (8.23-25) e socorro (8.26-27) que precisarem.
A TEOLOGIA PAULINA DAS CARTAS
AS CARTAS DE PRISÃO

 Embora Paulo tenha escrito Filipenses algum tempo depois de


Colossenses, Filemom e Efésios, as quatro cartas da prisão podem ser
consideradas juntas.
 Escritas depois de seu período missionário ativo, elas têm um tom
mais reflexivo.
 Colossenses e Efésios incluem temas não encontrados nas cartas
anteriores (por exemplo, a igreja universal) e são escritas em um
estilo mais complexo do que Filemom e Filipenses.
 Ainda assim, as quatro cartas têm muito em comum. Temas
importantes percorrem as cartas da prisão, incluindo a supremacia
de Cristo, a natureza da igreja, o mistério revelado por Paulo e a
glória futura do cristão com Cristo.
A TEOLOGIA PAULINA DAS CARTAS
AS CARTAS DE PRISÃO
 A supremacia de Cristo é particularmente proeminente nas passagens
hínicas que Paulo inclui em Colossenses e Filipenses. Em Colossenses 1.15-
18, ele escreve:
Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação;
pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as
visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer
principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para
ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste. Ele é a
cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre
os mortos, para em todas as coisas ter a primazia...

 Em Filipenses 2.9-11, ele escreve:


...Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima
de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho,
nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que
Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.
A TEOLOGIA PAULINA DAS CARTAS
AS CARTAS DE PRISÃO

 Embora Efésios 1.20-23 seja raramente incluído na discussão


dos hinos cristológicos, ele também enfatiza a supremacia de
Cristo usando uma linguagem semelhante:
...o qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre
os mortos e fazendo-o sentar à sua direita nos lugares
celestiais, acima de todo principado, e potestade, e
poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir
não só no presente século, mas também no vindouro. E
pôs todas as coisas debaixo dos pés e, para ser o cabeça
sobre todas as coisas, o deu à igreja, a qual é o seu
corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas
as coisas.

 As ideias encontradas nas passagens acima ocorrem


repetidamente em Efésios e Colossenses (por exemplo, Ef3.19;
4.13,15; CÍ2.9-10,15).
A TEOLOGIA PAULINA DAS CARTAS
AS CARTAS DE PRISÃO

 Em outros lugares nessas cartas, Paulo afirma:

 Que toda a divindade se encontra em Cristo (CI 2.9)

 Que ele subiu muito acima dos céus (Ef 4.10)

 Que tudo se resume nele (Ef 1.10)

 Que ele é a fonte de toda sabedoria e conhecimento (Cl 2.3; EF


1.17)

 Que ele reconcilia todas as coisas por meio do sangue de sua


cruz (CI 1.20).

 Para Paulo, não há dúvida de que Cristo é supremo em todas as


áreas, especialmente em sua igreja.
A TEOLOGIA PAULINA DAS CARTAS
AS CARTAS DE PRISÃO

 Visto que Cristo é o cabeça da igreja, ele a unifica. A discussão mais


longa desse tema ocorre em Efésios 2.11-22. Nessa passagem, Paulo
lembra aos seus leitores que, antes da obra reconciliadora de Cristo,
existia uma divisão aguda entre judeus e gentios.
 Os gentios estavam separados do Messias, excluídos das promessas de
Deus para Israel, sem esperança e sem Deus (2.12). Trancados por trás
da barreira da lei do Antigo Testamento (2.14-15), eles eram a
"incircuncisão" (2.11) - estranhos e estrangeiros ao povo da aliança de
Deus (2.19).
 Por meio de sua obra na cruz, no entanto, Cristo trouxe para perto
aqueles que estavam longe (2.13), quebrou o muro da divisão da lei
(2.14-16), estabeleceu paz (2.17-18) e incorporou os gentios na família
de Deus (2.19; cf. 3.6).
 O resultado da obra de reconciliação de Cristo é a igreja, apresentada
como um edifício (Ef2.20-22) e como um corpo (Ef4.15-16; C12.19).
A TEOLOGIA PAULINA DAS CARTAS
AS CARTAS DE PRISÃO

 Há elementos que unem o corpo (Ef 4.4-6; Fp 2.1-4) e manter essa


unidade é prioridade máxima para os membros do corpo.
 A participação no corpo transcende os níveis socioeconômicos
(Fm 8-20) e traz consigo a expectativa de que os membros do
corpo pratiquem submissão mútua uns aos outros (Ef 5.21-6.9; Cl
3.18-4.1).
 Como cabeça de sua igreja, Cristo estabelece o padrão para ela (Ef
2.20-21), provê os recursos para o seu crescimento (Ef 2.22; 4.16)
e o exemplo para a atitude que deveria caracterizá-la (Fp 2.5-11).
 A igreja como um único corpo que inclui tanto judeus quanto
gentios é a incorporação do mistério de Deus revelado a Paulo,
que, por sua vez, pregou-a como sendo central ao seu evangelho.
A TEOLOGIA PAULINA DAS CARTAS
AS CARTAS DE PRISÃO

 O mistério estava previamente escondido, mas agora foi tornado


conhecido (Ef 3.4-5,9; Cl 1.23,25-26). Deus, que é a fonte de toda a
sabedoria e compreensão espiritual (Ef 1.17; cf. Fp 1.9; C1 1.9-10), tornou-
o conhecido por meio do seu Espírito (Ef3.5).
 O próprio mistério consiste da graça de Deus sendo estendida aos gentios
(EF3.6-8) e resulta em glória futura (Cl 1.27).
 A esperança da glória futura dos cristãos é a herança reservada para eles
como cidadãos dos céus (Ef 1.14,18; Cl 1.5).
 Eles já estão assentados e escondidos com Cristo à mão direita de
Deus (C1 3.1-3) e têm o Espírito Santo habitando neles como garantia
divina de sua herança (Ef 1.13-14).
 Ainda assim, eles a perseguem como a um prêmio (Fp 3.12-|4) e
esperam ansiosamente por sua consumação final, sabendo que,
quando Cristo for revelado em glória, eles também participarão dessa
glória (C1 3.4; cf. Ef 1.14; Fp 3.20-21).
A TEOLOGIA PAULINA DAS CARTAS
AS CARTAS PASTORAIS

 As três cartas de Paulo a Timóteo e a Tito são diferentes das outras cartas
atribuídas ao apóstolo. Elas são direcionadas a indivíduos em posição de
liderança - Timóteo e Tito são, às vezes, descritos como "representantes
apostólicos"- em vez de igrejas locais.
 Elas incluem instruções sobre os papéis, relacionamentos e atitudes dentro
da igreja.
 Tito e 1Timóteo foram, provavelmente, planejadas para serem lidas em Voz
alta para as igrejas onde eles estavam ministrando.
 A maior e mais abrangente dessas cartas é 1Timóteo; Tito é a menor,
embora sua amplitude seja comparável à 1Timóteo.
 A segunda carta a Timóteo é a que tem o foco mais restrito. Visto que a
natureza de cada carta é diferente, o conteúdo também inclui temas
distintos.
 Entre os temas importantes que atravessam as cartas estão o falso ensino,
a fidelidade, os presbíteros e diáconos e uma conduta piedosa.
A TEOLOGIA PAULINA DAS CARTAS
AS CARTAS PASTORAIS

 O falso ensino é o perigo primário que confronta tanto Timóteo, em Éfeso


(1Tm 1.3-4), quanto Tito, cm Creta (Tt 1.10-11).
 Indivíduos propagam o ensino falso porque suas mentes e consciências
estão contaminadas (1Tm 4.2; Tt 1.15) e eles são iludidos pelo maligno
(2Tm 2.25-26). Como resultado, eles são hipócritas (2Tm 4.2), enganadores
(1Tm 6.9-10; Tt 1.11).
 Eles negam a Deus (Tt 1.16), opõem-se à verdade dele (2Tm 2.16-18; 3.8;
TE1.13-14), aplicam a lei divina de forma errada (1Tm 1.7-10) e pervertem
as coisas boas que ele criou.
 Seus ensinos promovem controvérsia, disputas, especulações e discussões
estéreis, em vez de produzirem corações puros, boa consciência e fé
sincera (1Tm 1.4-6; cf. 6.4-5).
 Eles têm forma de piedade, mas negam-lhe o poder (2Tm 3.1-5). Por suas
atividades, eles perturbam a fé de alguns (2Tm 2.8; Tt 1.11), guiam outros
para o erro (2Tm 3.6-7) e ainda levam outros a naufragar em sua fé (1Tm
1.19-20).
A TEOLOGIA PAULINA DAS CARTAS
AS CARTAS PASTORAIS

 Em resposta ao ensino falso que estavam enfrentando, Paulo desafiou


Timóteo e Tito a permanecerem fiéis no ensino da sã doutrina.
 Assim como Paulo considerou Deus fiel por guardar o que Paulo havia
confiado a ele (2Tm 1.12), assim também Paulo foi fiel em completar a tarefa
que Deus lhe confiou (1Tm 1.12-14; 2Tm 4.1-8).
 Timóteo e Tito podem ficar confiantes de que Deus vai permanecer fiel
mesmo quando eles forem infiéis (2Tm 2.11-13).
Se já morremos com ele, também viveremos com ele;
se perseveramos, também com ele reinaremos;
se o negamos, ele, por sua vez, nos negará;
se somos infiéis, ele permanece fiel,
pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo.
 Visto que a fidelidade é uma característica de Deus, também se espera
daqueles que o seguem que demonstrem fidelidade em sua conduta (1Tm
4.3,10,12; 5.16) - sejam eles diáconos (1Tm 3.11), mestres (1Tm 6.2) ou
crianças (Tt 1.6).
A TEOLOGIA PAULINA DAS CARTAS
AS CARTAS PASTORAIS

 Por essa razão, Paulo desafia Timóteo em particular a permanecer fiel


tanto em sua conduta quanto em seu ministério (1Tm 4.12-16; 6.11-16;
2Tm 2.3-10).
 Além disso, ele deve identificar outros homens fiéis a quem possa
confiar a sã doutrina que recebeu de Paulo (2Tm 2.1-2). Alguns desses
homens fiéis se tornarão, sem dúvida, presbíteros e diáconos nas suas
igrejas.
 Tanto 1Timóteo 3.1-7 quanto Tito 1.5-9 apresentam as qualificações que
se aplicam à escolha de presbíteros.
 A lista perpassa por quatro categorias: reputação pública, caráter
pessoal, vida familiar e vida eclesiástica.
 Tito 1.10-16 apresenta a necessidade dos presbíteros: eles são
chamados para calar os falsos mestres, ensinando boa doutrina.
 O texto de 1Timóteo 5.17-22 apresenta a atitude e a conduta
apropriadas para com os presbíteros: eles são dignos de honra dobrada,
e acusações contra eles não devem ser consideradas de maneira branda.
A TEOLOGIA PAULINA DAS CARTAS
AS CARTAS PASTORAIS

 Como líderes da congregação, eles devem ser exemplos de


conduta para aqueles que seguem a Cristo.
 O tema de conduta exemplar é enfatizado pela palavra grega
ευσεβεια ("piedade"), que ocorre onze vezes nas epístolas
pastorais.
 O propósito da oração é assegurar que os seguidores de Cristo
podem viver de forma tranquila em toda a piedade (1Tm 2.1-8).
 A piedade é um objetivo proveitoso que os bons servos de Cristo
devem buscar com esforço (1Tm 4.7-11; cf. 6.11).
 Ela é uma das medidas da sã doutrina (1Tm 6.3-5; 2Tm 3.1-5; Tt
1.1) e, ao contrário do amor ao dinheiro, é uma fonte de grande
lucro quando associada ao contentamento (1Tm 6.6-10).
A TEOLOGIA PAULINA DAS CARTAS
AS CARTAS PASTORAIS

 De fato, ευσεβεια (piedade) tem um lugar de proeminência no parágrafo


que expressa o propósito de 1Timóteo (3.14-16), em que Paulo observa
que está escrevendo a fim de que os leitores saibam "como se deve
proceder na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, coluna e baluarte
da verdade" (3.15).

 Essa afirmação sugere que o conceito de vida piedosa pode se estender


às demais seções das cartas pastorais, incluindo a conduta e o cuidado
pelas viúvas (1Tm 5.1-16), a conduta de homens e mulheres, velhos e
jovens, na igreja (Tt 2.1-8), a resposta apropriada à graça de Deus
(Tt2.11-14) e o chamado para se envolver em boas obras (Tt 3.1-11).
A TEOLOGIA DE PAULO

RESUMO

 O conceito integrador da teologia de Paulo é a transferência de estar


''em Adão" para estar "em Cristo". Essa transferência envolve uma
mudança radical de uma esfera de existência para outra e é tão
importante que Paulo usa termos múltiplos para ilustrá-la.
 A transferência coloca o indivíduo na igreja, que proporciona
contexto para a vida cristã. A transferência é efetivada pela fé no
evangelho de Cristo, que é o mistério anteriormente oculto, mas,
agora, revelado por meio do ministério apostólico de Paulo, e inclui
os gentios.
 A vida, morte e ressurreição de Cristo são o foco do evangelho.
 Ele é a revelação da justiça de Deus, o cumprimento da lei do Antigo
Testamento e aquele que inaugura a nova aliança.
A TEOLOGIA DE PAULO

RESUMO

 Como um resultado de sua vida virtuosa, sua morte vicária e sua


ressurreição vitoriosa, Ele é supremo sobre todas as coisas, incluindo a
igreja, que Ele unifica sendo sua cabeça.
 Em sua volta, Ele será manifestado em glória, e a promessa de ser
manifestado com Ele em glória é a esperança do cristão.
 Em resposta ao evangelho, espera-se que o seguidor de Cristo viva
uma vida responsável, caracterizada pela ordem, perseverança e
piedade.
 A capacitação para a vida piedosa é proporcionada pelo Espírito Santo,
que regenera, batiza, sela, enche, transforma o cristão e nele habita.
 Também se espera do cristão que ele permaneça fiel à sã doutrina,
defenda-a frente ao falso ensino e a promova entre seguidores fiéis
que sejam capazes de comunicá-la a outros.
BIBLIOGRAFIA - BASE
BIBLIOGRAFIA - AVANÇADA
BIBLIOGRAFIA - BASE
BIBLIOGRAFIA - AVANÇADA
LITERATURA
Gênero

 +- 200 AC. Perseguição Grega, após a morte de Alexandre o Grande,


com a partilha dos 3 generais Antíoco Epifânio, o qual promoveu uma
perseguição forte à Jerusalém, levando a revolta dos Macabeus.
 Nesse contexto foi produzida a literatura apocalíptica.

 Propósitos:
 Denunciar o perseguidor
 Articular a resistência
 Estabelecer a esperança dos perseguidos

 A Literatura foi desenvolvida para que se o perseguidor tivesse acesso a


esse tipo de texto, não entendesse.
 A ideia é que o perseguidor olhasse para seu escritor como alguém
desprovido de intelecto básico, que elucubrou em sua redação.
LITERATURA
Gênero

 Apocalipse é um gênero literário.


 O livro faz parte de um conjunto de obras chamado de Apocalíptica.
 Vários outros livros apocalípticos, semelhantes ao que estamos
estudando foram escritos:
• I Enoque, escrito cerca de 200 a.C.
• Livro do Jubileu, por volta do 2º. século a.C.
• Testamento de Moisés, começo do 1º. século d.C.
• 4 Esdras, final do 1o. século d.C.
• Apocalipse de Abraão, 1º. ou 2º. século d.C.
• Daniel 7-12.
• Marcos 13 (paralelos em Mt 24 e Lc 21).
• 2 Tss 2.
LITERATURA
Gênero

 Apocalipse de João
 Existe um perseguidor: Império Romano
 Existem os perseguidos: os cristãos
 Existe a necessidade de resistência a essa perseguição
 Existe a necessidade de esperança a essa perseguição

 Apocalipse é uma palavra que vem do grego. Quer dizer revelação.


Revelação é o mesmo que tirar o véu.
 Quando uma coisa está encoberta por um véu, ninguém pode vê-la.
 Qual era o assunto encoberto, do qual João vai tirar o véu para
mostrá-lo ao povo?
LITERATURA
Gênero

 O assunto encoberto era a própria situação do povo das igrejas.


 Ninguém estava enxergando direito as coisas.
 Já não entendiam a perseguição.
 O povo estava impaciente e dizia: “Até quando. Senhor?” (6,10).
 Se Deus era o dono do mundo, como é que Ele permitia essa
perseguição tão demorada?
 Deus parecia ter perdido o controle da situação.
 Quem mandava mesmo no mundo era o imperador de Roma!
 Ora, o livro do Apocalipse é a resposta de Deus ao povo aflito e perseguido
das igrejas.
LITERATURA
Gênero

 Foi escrito por ordem de Deus (1,11.19) para ser revelação, isto é, para
tirar o véu e clarear a situação do povo com a luz da fé.
 O livro começa com estas palavras solenes: “Revelação de Jesus Cristo”
(1,1)!
 Por meio desta “revelação de Jesus”, transmitida por João, Deus vai tirar
o véu e revelar ao povo o seu plano de salvação, etapa por etapa.
 Vai “mostrar aos seus servos as coisas que devem acontecer muito em
breve” (1,1).
 Vai esclarecer o povo e desmascarar a falsa propaganda do império.
 As coisas que Deus realiza para o seu povo, “tanto as coisas presentes
como as que deverão acontecer depois destas” (1,19), existem
escondidas dentro dos acontecimentos da vida.
LITERATURA
Gênero

 Mas o povo não as enxergava. Por isso, estava impaciente e triste. Para
poder enxergar a ação de Deus dentro da vida, não basta que João tire o
véu. É necessário que o povo colabore, escutando e praticando a palavra
de Deus que João lhe transmite. Assim, reencontrará a alegria. “Feliz o
que lê e os que escutam as palavras desta profecia, se praticarem o que
nela está escrito, pois o tempo está próximo” (1,3)!
 Esta é a Boa Nova que o Apocalipse quer revelar ao povo das igrejas: “O
tempo está próximo” (1,3)! Dentro do tempo da história, marcado pelas
perseguições, existe o tempo de Deus, a hora de Deus, o plano de Deus.
 Este plano entrou na sua fase final. Esgotou-se o prazo. Deus está
para chegar! Ele vai mudar a situação e libertar o seu povo!
 O Apocalipse vai tirando o véu, para que o povo descubra, dentro
dos acontecimentos da perseguição, a Boa Nova da chegada de
Deus que vem para libertar!
LITERATURA
Gênero
Apocalipse e profecia

 O escritor também se apresenta como profeta (22,9) e caracteriza seu livro


como profecia (1,3; 22,19).
o Qual a importância disso para o entendimento do texto?
 Atualmente é muito comum o conceito de profecia como “predição do
futuro”.
o É algo semelhante ao horóscopo.
o Tal visão também é muito influenciada pelos místicos que fazem
previsões e pelas práticas pentecostais, onde a previsão do futuro,
como profecia, ocupa lugar de destaque.
 Mas será que é isso que o escritor do Apocalipse tem em mente quando
chama seu livro de “profecia”?
LITERATURA
Gênero
Apocalipse e profecia

 O escritor do Apocalipse baseia-se no conceito veterotestamentário de


“profecia” para definir sua atividade. Nesse sentido, profecia é:

I. Uma mensagem recebida diretamente de Deus. Essa era a principal


característica dos verdadeiros profetas em relação aos falsos (Jr 23,18-
22). Eles entravam no “conselho” do Senhor. Esse conselho é composto
pela Trindade e os seres celestiais que estão na presença de Deus e
pode ser visto nas cenas dos capítulos 4 e 5 do Apocalipse. É ali que
João, como profeta, se encontra (4,1). Portanto, o profeta é,
fundamentalmente o que recebe “de Deus” sua mensagem. Por isso,
ela é importante e não pode ser alterada (22,18-19). Além de provir de
Deus, a profecia nos tempos neotestamentários é centralizada em
Jesus (19,10). O espírito, o centro da profecia é o “testemunho de
Jesus”. Ela visa fornecer uma mensagem sobre Jesus Cristo, e não
“satisfazer” nossa curiosidade quanto ao futuro.
LITERATURA
Gênero
Apocalipse e profecia

 O escritor do Apocalipse baseia-se no conceito veterotestamentário de


“profecia” para definir sua atividade. Nesse sentido, profecia é:

II. Uma mensagem que aponta para a vinda final de Jesus Cristo. Ela
segue aqui a perspectiva pela qual o Velho Testamento era
interpretado: cristologicamente, isto é, vendo nele predições que
apontavam para Jesus Cristo (Lc 24,44). O Apocalipse segue essa
linha apresentando uma visão “cristológica” da história, afirmando
que Jesus controla a história e indicando que os eventos relativos a
sua segunda vinda “estão próximos” (1,3). Na realidade, para o Novo
Testamento, desde que Jesus encarnou e ressuscitou, ele “já está
chegando”. É por isso que o escritor pode falar do julgamento sobre
Roma como algo muito próximo. Porém o livro não fala de
acontecimentos “particulares”, mas de ações de Jesus que se darão
como consequência de sua segunda vinda.
LITERATURA
Gênero
Apocalipse e profecia

 O escritor do Apocalipse baseia-se no conceito veterotestamentário de


“profecia” para definir sua atividade. Nesse sentido, profecia é:

III. Uma mensagem que chama ao arrependimento. Essa é uma das


principais características da profecia. Na realidade, ela é uma palavra
que tem uma forte ênfase no “presente”, no comportamento do
povo. Para criticar a prática pecaminosa, o profeta volta-se para o
“passado” e encontra nele as orientações de Deus dadas no
Pentateuco (quando o profeta vive nesse período), ou nas palavras
de Jesus (quando o profeta é cristão). A partir daí faz advertências
para que se abandone a prática do pecado, pois se não houver
arrependimento, Deus irá punir tal comportamento no “futuro”.
Portanto, a profecia fala do futuro como consequência da vida do
povo no presente. É nesse contexto que o profeta fala às igrejas nos
capítulos 2 e 3 chamando-as ao arrependimento e advertindo-as
quanto ao futuro (2,5.16. 21-23; 3,3).
LITERATURA
Gênero
Apocalipse e profecia

 Seu objetivo através da apocalíptica é fornecer fortalecimento e


conforto aos que sofrem.

 Para deixar clara a autoridade de sua mensagem, informa sua


categoria como profecia.
LITERATURA
Gênero
Estrutura

 O Apocalipse não tem uma sequência cronológica, onde um fato vem


“depois” do anterior até chegar à segunda vinda de Jesus Cristo. Pelo
contrário, o livro fala do conflito eminente com o império, e procura
dar forças para o povo cristão ser fiel e, ao mesmo tempo, é uma
palavra de condenação ao império romano e seu imperador que exige
ser adorado como Deus.
 O autor desenvolve essa mensagem usando um recurso retórico
chamado de “paralelismo progressivo”. Esse recurso é usado após a
“introdução” (capítulo 01) e a apresentação dos “destinatários”
(capítulos 02 e 03). Nele, o escritor apresenta basicamente a mesma
cena, que representa o passado, presente e futuro, repetidas vezes,
sempre acrescentando um dado para desenvolver o tema e aumentar
o clímax até o final do livro. Vejamos como isso se dá na estrutura do
livro:
LITERATURA
Gênero
Estrutura

1. Introdução (capítulo 01).


2. Destinatários. As Sete Igrejas da Ásia Menor (capítulos 2 e 3).
3. Seis visões desenvolvendo o “paralelismo progressivo” (4,1-22,5).
I. Abertura dos sete selos (4,1-7,17).
Aqui encontra-se o “passado” (5,6-7), representando a exaltação
de Jesus Cristo após a ressurreição, o “presente” (6,9-11),
apresentando os mártires cristãos que estavam sendo mortos, e o
“futuro” (6,12-17), revelando a vinda de Jesus Cristo para julgar os
opressores de seu povo (6,15-17).
II. Toque das sete trombetas (8,1-11,19).
Temos o “presente” (8,3-4), nas orações dos santos, e o “futuro”
(11,18) na afirmação de que “chegou o dia da ira e o tempo de
serem julgados os mortos”.
LITERATURA
Gênero
Estrutura
III. A identidade do império romano e a perseguição dos cristãos por ele
(capítulos 12-14).
É claro na passagem: o “passado” (12,5), através do nascimento de
Jesus, o “presente” (12,17), na perseguição da igreja pelo dragão
(Satanás), e o “futuro” (14,14-20, compare com Mt 13,24-30.36-
43).
IV. Sete taças (capítulos 15-16).
O “futuro” (16,20),é descrito através da imagem do
aniquilamento dos elementos da natureza (6,14).
V. A derrota de Roma e da Besta (capítulos 17-19).
O “futuro” (19,11 e 13) pode ser observado através da pessoa de
Jesus Cristo que vem para lutar contra a Besta (19,20).
VI. O aprisionamento do Dragão e a vitória da Igreja (capítulos 20-22).
O aspecto “passado” é notado através da referência ao
aprisionamento de Satanás (20,2), que se deu na encarnação de
Jesus Cristo (Lc 11,20-22), e o “futuro” está claro na narração do juízo
(20,11-14).
LITERATURA
Gênero
Estrutura

4. Conclusão (22,6-21).

 Além dos dados acima que mostram o paralelismo progressivo, há um


outro recurso para mostrar o desenvolvimento do clima de tensão do
livro.
 São as palavras ira e cólera de Deus. A “ira” aparece em 6,16.17;
11,18, e “cólera” em 14,19; 15,1.7; 16,1.
 Elas vêm juntas para enfatizar o sentimento de Deus em 14,10;
16,19 e 19,15.
LITERATURA
Gênero
Símbolos
 Com exceção das cartas às sete igrejas nos capítulos 2 e 3, entendemos o
Apocalipse como sendo uma série de visões revelatórias que devem ser
interpretadas simbolicamente.
 A menos que o texto apresente forte evidência em contrário, as visões
(seja, p. ex., a da besta, do falso profeta, dos sete reis, dos dez chifres,
do exército de vinte mil vezes dez milhares, dos 24 anciãos ou do
milênio) na sua maior parte devem ser tomadas de modo não literal.
 Isso não quer dizer que elas não possuam significado ou referência histórica,
mas que o significado deve ser encontrado simbolicamente - e quase sempre
dentro do contexto de referências do AT, que passam pelas visões que Deus
concedeu a João
 Sempre há um sentido literal por trás do sentido simbólico, embora esse
sentido literal seja geralmente a respeito de realidades espirituais e, às
vezes, sobre realidades físicas, tendo ambas a ver com algum tipo de
realidade histórica.
LITERATURA
Gênero
Símbolos

 Isso significa que devemos distinguir entre a visão dada a João, o


que essa visão simboliza, e a que ou a quem a visão pode referir-se.
Por exemplo, a mulher montada na besta no capítulo 17 simboliza
o sistema mundial ímpio (ou seja, seus aspectos econômicos,
culturais e religiosos em conjunto).
 Os valores desse sistema mundano são contrários aos valores de
Deus para o seu povo. O erro é deixar de lado o aspecto visionário
e simbólico e ir direto para a interpretação literal, segundo a qual é
mencionada uma mulher literal montada numa besta, ou algo
muito semelhante a isso. Nesse caso, o texto retrata algo tão
estranho e diferente de tudo o que aconteceu até hoje (como com
a besta do cap. 13) que isso deve representar algo ainda futuro.
LITERATURA
Gênero
Símbolos
 Chave de Leitura para alguns símbolos (Carlos Mesters).
1. A mulher grávida (12,1-2): é o povo de Deus, Maria, gerando o Messias, o
Libertador.
2. Dragão ou Serpente (12,3.9): é o poder do mal que opera no mundo, o
satanás.
3. Sete cabeças (12,3): são as sete colinas da cidade de Roma (17,9), ou sete reis
(17,9-10).
4. Dez chifres (12,3); chifre é sinal de poder ou de rei (17,12); dez indica
totalidade.
5. 1260 dias (12,6), 42 meses (11,2), tempo, tempos, meio tempo (12,14): é a
metade de 7 anos. Indica um tempo limitado e imperfeito. Deus limita o tempo
do perseguidor.
6. Asas de águia (12,14): é a proteção com que Deus conduz o seu povo (Dt
32,11; Ex 19,4).
7. Besta-fera (13,1): é o império romano, o poder que encarna o mal; capanga do
dragão.
LITERATURA
Gênero
Símbolos
 Chave de Leitura para alguns símbolos (Carlos Mesters).
8. Besta-fera com aparência de cordeiro e voz de dragão (13,11): são os
falsos profetas que se colocam a serviço do império romano para legitimá-
lo diante do povo.
9. Pantera, urso, leão (13,2): símbolos de voracidade e de exploração.
10. Cordeiro (14,1): é Jesus, cordeiro pascal, cujo sangue opera a libertação do
povo.
11. 144.000 virgens (14,1-4): é o número completo: 12 x 12 x 1000; 12 do AT e
12 do NT. São virgens, isto é, nunca andaram atrás dos falsos deuses do
império romano.
12. Babilônia (T4,8;18,2): é Roma que explora os povos para se enriquecer
(18,3.9-13).
13. Filho do Homem (14,14): imagem de Jesus Messias, tirada do profeta
Daniel (Dn 7,13).
14. Harmaguedon (16,16): símbolo da derrota dos exércitos inimigos, tirado de
Zc 12,11.
LITERATURA
Gênero
Símbolos
 Chave de Leitura para alguns símbolos (Carlos Mesters).

15. Cor branca (19,14): símbolo de vitória.


16. Mil anos (20,2-7): é o tempo completo entre o fim da perseguição e o
fim do mundo.
17. Lago de fogo (20,14): símbolo do destino de tudo que se opõe ao plano
de Deus.
18. Segunda morte (20,14): é a morte da própria morte. No fim, só vai
sobrar a vida!
19. Nova Jerusalém (21,2): símbolo do novo povo de Deus.
20. Núpcias do Cordeiro (21,2; 19,9): vitória e festa final da união de todos
com Deus.
21. Alfa e Ômega (21,6): primeira e última letra do alfabeto grego; princípio
e fim.
LITERATURA
Gênero
Números

 Há significado simbólico dos números em Apocalipse. Três números - quatro,


sete e doze, juntamente com seus múltiplos - aparecem repetidas vezes nas
visões, e cada um é mais bem interpretado à luz do seu significado no AT.
 Em Apocalipse 1.4 é feita referência aos “sete Espíritos que se acham diante
do seu [de Deus] trono”. é evidente que a referência é ao Espírito Santo, uma
vez que Deus acabou de ser mencionado na frase anterior (“daquele que é,
que era e que há de vir”) e então Jesus é mencionado no versículo seguinte
(v. 5).
 Portanto, o livro vem “da parte de” Deus Pai, do Espírito e de Jesus. Por que
se referir ao Espírito por meio da expressão “os sete Espíritos”? É para
ressaltar o fato de que a plenitude do Espírito está sendo enfatizada, uma vez
que no AT e em outras partes de Apocalipse “sete” indica figuradamente
completude e plenitude. A razão para isso é que esse número está ligado aos
sete dias da criação
LITERATURA
Gênero
Números

 Com frequência, o AT usa o número sete nesse sentido (p. ex., Gn 4.15,24 e SI
79.12 fazem referência às sete vezes da manifestação da ira divina,
expressando sua ira plena ou completa que satisfaz sua justiça). O
tabernáculo tinha sete lâmpadas porque o templo terreno de Israel e sua
mobília constituíam a cópia microcósmica do arquétipo templo celestial de
Deus, e o número sete simbolizava o fato de que a morada de Deus pretendia
estender-se por toda a terra.
 O número quatro também foi usado no AT e na literatura judaica para
expressar completude. Os quatro rios de Gênesis 2.10-14 constituíam uma
referência à totalidade da criação. As tribos de Israel foram divididas em
quatro grupos no deserto, e cada grupo foi localizado num dos quatro pontos
cardeais. Em Apocalipse, quatro é usado com referência ao âmbito mundial
ou universal de alguma coisa, como nos “quatro cantos da terra” (veja Ap 7.1;
20.8) ou nos “quatro ventos” (7.1).
 O número doze também representa completude, em especial no fato de a
nação de Israel ser composta por doze tribos.
 Por último, dez pode representar perfeição, como nos Dez Mandamentos.
LITERATURA
Gênero
Números

 O Apocalipse apresenta sete selos, sete trombetas e sete taças, que são
assim numeradas para ressaltar a completude do juízo mundial de Deus. Os
quatro cantos da terra constituem os alvos específicos das primeiras quatro
trombetas e das primeiras quatro taças, indicando o juízo de Deus sobre
sua criação.
 Nomes usados para Deus e para Cristo (“Aquele que vive pelos séculos dos
séculos”, “o Senhor Deus Todo- poderoso”, “Aquele que está sentado no
trono”, “o Alfa e o Ômega”) são repetidos no Apocalipse em padrões de
quatro e sete, expressando o domínio total de Deus sobre toda a terra.
 O nome “Cristo” aparece sete vezes, “Jesus” e “Espírito” catorze vezes, e
“Cordeiro” 28 vezes. Os “sete espíritos” são citados quatro vezes, ligando
assim plena soberania e domínio mundial.
 O número doze é o número não só de Israel, como representado pelas doze
tribos, mas do novo Israel, como representado pelos doze apóstolos.
Significativamente, o número doze aparece doze vezes na descrição da
nova Jerusalém (21.9-22.5).
LITERATURA
Gênero
Apocalipse e o Antigo Testamento

 E difícil entender o livro de Apocalipse sem antes entender o AT. João


identifica-se como um profeta (1.3), na linha dos profetas do AT,
anunciando a palavra do Senhor, tanto de juízo como de promessa.
 Estudiosos estimam que, dos 404 versículos de Apocalipse, 278 contêm
referências ao AT, e que mais de quinhentas alusões no total são feitas
a textos do AT (em comparação com menos de duzentas em todas as
cartas de Paulo).
 São alusões (ainda que relativamente reconhecíveis) e não citações
diretas.
 Por exemplo, o que João vê em 1.12-18 é o mesmo que Daniel viu
na sua visão do Filho do homem e que Isaías mencionou na sua
profecia a respeito do Servo do Senhor, cuja boca é como uma
espada afiada (para referências veja abaixo).
LITERATURA
Gênero
Apocalipse e o Antigo Testamento
 Essas alusões mostram a unidade entre o AT e o NT e, em especial, demonstram
que a promessa do Messias e seus sofrimentos, salvação e vitória são os mesmos
do início ao fim da Bíblia e da história da humanidade.
 Em 1.5 João alude a Salmos 89.27; em 1.6 a Êxodo 19.6; em 1.7 a Zacarias
12.10; em 1.13-15 a Daniel 7.13-14 e 10.5-6; em 1.15 a Ezequiel 1.24; e em
1.16 a Isaías 49.2.
 A profecia do AT conclamava o povo a renovar seu compromisso com Deus e sua
lei e a afastar-se das práticas pagãs que procuravam levá-los a comprometer- se
com elas.
 Quando o Apocalipse é entendido desse modo, como livro profético e pastoral ao
mesmo tempo, ele se torna imediatamente relevante para todos nós à medida
que caminhamos pelas suas páginas na nossa peregrinação diária pelo deserto
do mundo, onde Deus está nos protegendo até que ele nos faça passar para a
Terra Prometida da nova criação final.
 Acima de tudo, podemos ser encorajados pela promessa oferecida na grande
visão de João de que esta história acabará com o triunfo de Deus e do Cordeiro, e
que encontraremos o nosso lugar reinando com eles e adorando-os por toda a
eternidade.
LITERATURA
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Apocalipse e o Antigo Testamento
 Pontos Comuns entre o Antigo Testamento e o Apocalipse
 O ponto comum é o juízo
• livros de juízo (Ez 2, Dn 7 e 12/Ap 5.1-5; Ez 2/Ap 10)
• o leão de Judá exercendo juízo (Gn 49.9/Ap 5.5)
• cavaleiros como agentes de juízo (Zc 1 e 6/Ap 6.1-8)
• gafanhotos como agentes de juízo (J1 1-2/Ap 9.7-10)
• as pragas do Êxodo infligindo juízo (Êx 7.14-12.33/Ap 8.6-12; 16.1-
14)
 O ponto comum é a tributação
• dez dias de tribulação (Dn 1.12/Ap 2.10)
• três anos e meio de tribulação (Dn 7.25; 12.7/Ap 11.2; 12.14; 13.5)
Sodoma, Egito e Jerusalém como lugares do AT onde o povo de Deus
é perseguido (Ap 11.8)
• governantes que perseguem retratados como animais (Dn 7/Ap 11-13
e 17) a grande Babilônia, que engana e persegue (Dn 4.30/Ap 14.8;
16.19;
• 17.5-6; 18.2,24; 19.2)
LITERATURA
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Apocalipse e o Antigo Testamento
 Pontos Comuns entre o Antigo Testamento e o Apocalipse

 O ponto comum é doutrina idólatra

• Balaão (Nm 25; 31.16/Ap 2.14)

• Jezabel (IRs 16.31; 2Rs 9.22/Ap 2.20-23)

 O ponto comum é proteção divina

• a árvore da vida (Gn 2.9/Ap 2.7; 22.2, 14,19) a “selagem”


dos israelitas (Ez 9/Ap 7.2-8

• as asas da águia protegendo no deserto (Êx 19.4; Dt


32.11/Ap 12.14)
LITERATURA
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Apocalipse e o Antigo Testamento
 Pontos Comuns entre o Antigo Testamento e o Apocalipse

 O ponto comum é a vitoriosa batalha do fim dos tempos

• Armagedom (Zc 12.11/Ap 16.16)

 O ponto comum é a queda (apostasia)

• A meretriz (Ez 16.15/Ap 17)

 O ponto comum é o Espírito como capacitação para o povo de Deus

• (Zc 4.1-6/Ap 1.12-20; 11.4)


LITERATURA
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Apocalipse e o Antigo Testamento
 Pontos Comuns entre o Antigo Testamento e o Apocalipse

 Um último aspecto a destacar diz respeito à maneira como João toma


referências do AT e as universaliza. O que no AT é aplicado a Israel
recebe de João um sentido muito mais amplo.
• Por exemplo, Deus deu a Israel o título de “reino de sacerdotes”
(Êx 19.6), mas João o aplica à igreja (Ap 1.6; 5.10).
• Quando Zacarias 12.10 afirma que as tribos prantearão o
Messias, a referência é a Israel, mas João estende a declaração a
todas as tribos da terra (Ap 1.7).
• O conceito das pragas do Êxodo é estendido da terra do Egito
para toda a terra (Ap 8.6-12; 16.1-14).
• Os três anos e meio de tribulação de Israel (Dn 7.25; 12.7) são
estendidos à tribulação da igreja como sendo o verdadeiro Israel
em todo o mundo.
LITERATURA
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Apocalipse e o Antigo Testamento
 Pontos Comuns entre o Antigo Testamento e o Apocalipse

• Essa tribulação não é fomentada pela Babilônia literal de Daniel, (Dn


4.30), mas pela Babilônia do fim dos tempos ou sistema do mundo (Ap
17.1 6‫)־‬, que persegue não apenas os cristãos israelitas companheiros de
Daniel, mas a igreja por todo o mundo (Ap 17.5-8;18.24).
• Quando cai a Babilônia, “as cidades das nações” também caem (Ap
16.19). Os benefícios do templo do fim dos tempos de Ezequiel já não são
reservados apenas para judeus, e sim para todos os cristãos.
• As folhas que são para a cura de Israel (Ez47.12) são agora para a cura
das nações (Ap 22.2).
• Os candeeiros da arca agora representam as igrejas (1.12-13,20) e o
maná físico dado a Israel passa a ser o maná espiritual para todos os
cristãos (2.17).
• A meretriz Tiro (Ez 26.17-28.19) passa a ser o sistema do mundo como
representado pela Babilônia (Ap 17.1-18.24).
• A Jerusalém física passa a ser a “nova Jerusalém”, que é equiparada à
nova criação como um todo (21.2-27).
LITERATURA
Gênero
Apocalipse e o Antigo Testamento
 Pontos Comuns entre o Antigo Testamento e o Apocalipse

 A razão para essa universalização está enraizada no entendimento


neotestamentário da obra de Cristo e do modo como, por meio de Cristo, a
promessa feita a Abraão foi estendida às nações.
 Quando essas nações confiam em Jesus, que é o verdadeiro Israel, elas se
identificam com ele e assim se tomam parte do verdadeiro Israel, sob o
manto israelita de Jesus.
 João simplesmente entende que o AT aponta profeticamente para Cristo e
para os acontecimentos do NT, e João faz isso da mesma maneira que o
fizeram o próprio Jesus e os demais escritores do NT.
 O verdadeiro povo de Deus agora é considerado como constituído pelos que
confiam no Salvador prometido no AT, e cristãos de todas as nações, judeus
e gentios igualmente, formam o novo povo em aliança com Deus, a
continuação do verdadeiro Israel.
LITERATURA
Gênero
Apocalipse e o Antigo Testamento
 Pontos Comuns entre o Antigo Testamento e o Apocalipse

 A História é unida pelo plano de um Deus soberano. Nessa História, a


última parte (a obra de Cristo) interpreta o que veio antes, mas sem isso
não pode ser corretamente entendida.
 O fato simples, porém surpreendente, é que Deus escolheu comunicar
essas visões a João do melhor modo que ele pudesse entendê-las - ou seja,
empregando a linguagem da Bíblia.
 Tudo o que Deus concedeu em Cristo pode e deve ser entendido no
contexto da revelação do AT, a qual não só aponta para Cristo, mas é a única
que nos permite entender quem ele realmente é.
 Jesus disse aos seus ouvintes que, se ao menos eles dessem ouvidos ao que
Moisés escreveu, entenderiam quem ele era.
 O problema deles não era que Moisés contradizia Cristo, e sim que eles se
recusavam a crer no que Moisés disse a respeito de Cristo (Jo 5.45-47).
LITERATURA
Gênero
Apocalipse e o Antigo Testamento
 Pontos Comuns entre o Antigo Testamento e o Apocalipse

 A mesma verdade aplica-se à interpretação do Apocalipse. Sem


dúvida, a chave mais importante para se entender a visão de João
é entender o AT.

 A maioria das pessoas entende o Apocalipse como ponto de


partida para se olhar para frente, contudo, sem antes olharmos
para trás, para o AT, e vermos o que ele significava na época de
João, e então dali nos movermos para frente, para o presente,
não entenderemos corretamente o que o Apocalipse tem a dizer
sobre o passado, o presente e o futuro.
LITERATURA
Gênero
Sitz Im Leben

 Quem escreveu Apocalipse?


• O Apocalipse é o registro de uma visão profética dada a um
homem chamado João durante seu exílio na ilha de Patmos.
• O autor identifica-se como João, servo de Deus que dá
testemunho de Jesus Cristo e que está exilado por causa da sua
fé (1.1,9).

 Quando foi escrito o Apocalipse?


• O Apocalipse foi escrito entre o ano 90 e 100.
LITERATURA
Gênero
Sitz Im Leben

 O que motivou sua escrita?

 Depois da morte e ressurreição de Jesus, o Evangelho espalhou-se


rapidamente. Em toda a parte surgiam pequenas igrejas. Em pouco tempo, a
Boa Nova de Jesus atravessou as fronteiras da Palestina. Entrou pelo império
romano: Ásia Menor, Grécia, Itália. Não foi uma caminhada fácil. Houve
muitas dificuldades e perseguições.
 A escola do império romano ensinava que o imperador era o Senhor do
mundo (13,4.14). Os cristãos diziam o contrário: “Jesus é o Senhor dos
Senhores!” (17,14; 19,16). E não era uma briga só de palavras! O império
tinha os seus deuses (2,14). Era em nome destes falsos deuses que o
imperador se declarava Senhor do mundo!
 Todos deviam prestar culto a ele (13,8-15). Assim, ajudado pela religião, o
imperador conseguiu montar um sistema que controlava a vida do povo
(13,16-17) e que explorava os pobres para aumentar o luxo dos grandes
(18,3.9.11-19).
LITERATURA
Gênero
Sitz Im Leben
 O que motivou sua escrita?
 Para os cristãos, Deus é um só. E se Deus é um só, Pai de todos, então
todos são irmãos! Por isso em nome da sua fé, os cristãos procuravam
viver como irmãos. Colocavam em comum os seus bens (At 2,44-
45;4,32.34). Diziam que todos eram iguais (Gl 3,28; 1Cor 12,13; Cl 3,11).
Condenavam os ricos que exploravam os trabalhadores (Tg 5,1-6). Não
queriam apoiar o sistema injusto do império romano (18,4).
 Tratava-se também da organização da vida do povo aqui na terra. A nova
organização iniciada e anunciada pelos cristãos ameaçava o sistema do
império! Um conflito aberto não podia demorar. De fato, uns trinta anos
depois da morte de Jesus, o imperador Nero decretou a primeira grande
perseguição.
 Depois de Nero, a paz voltou. Mas não era paz. Era apenas uma parada.
Todos sabiam que o império não ia permitir que as igrejas crescessem e
se espalhassem. As igrejas eram como cupim. Subvertiam o sistema do
império por baixo.
LITERATURA
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Sitz Im Leben
 O que motivou sua escrita?

 Por isso, em torno do ano 90, o imperador Domiciano decretou uma


nova perseguição. Desta vez, mais violenta e mais organizada.
Domiciano torturava os cristãos para que abandonassem a fé.

 Todo o poder do mundo se voltava contra os cristãos. Muitos


abandonavam o Evangelho por medo e passavam para o lado do
império.

 Na igreja se dizia: “Jesus é o Senhor!”. Mas lá fora, quem mandava


mesmo como Senhor todo-poderoso era o imperador de Roma! É neste
fim do primeiro século, época de perseguição, que foi escrito o livro do
Apocalipse.
LITERATURA
Gênero
Sitz Im Leben

 Para quem foi escrito o Apocalipse?


• João escreveu o Apocalipse para o povo das pequenas igrejas,
espalhadas pelo império romano, sobretudo na Ásia Menor (1,4.11).

 As sete igrejas da Ásia menor

• As sete igrejas representam uma seleção dentre as igrejas


existentes na região. Existiam outras, como por exemplo, a de
Colossos. Isso nos leva a pensar sobre o porquê dessa escolha.
Um princípio seria o fato de todas estarem conectadas por
estradas romanas e distarem cerca de 55 quilômetros umas das
outras. Esse aspecto era importante para as visitas apostólicas e
para a troca de correspondência.
LITERATURA
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Sitz Im Leben

 Para quem foi escrito o Apocalipse?

• Outro aspecto era o fato de que cada uma dessas


cidades possuía uma corte romana, onde, por
serem cristãos, os membros das igrejas poderiam
enfrentar problemas. Nas três primeiras cidades
(Éfeso, Esmirna e Pérgamo) havia também templos
dedicados a César onde a população lhe oferecia
sacrifícios como deus.
• Além disso, o número sete, é muito significativo,
indicando totalidade. Cartas para “sete igrejas”
poderia representar uma correspondência que
visava atingir todas as igrejas existentes.
LITERATURA
Gênero
Sitz Im Leben

 Quem são os “anjos” das igrejas?

 Os “anjos” das igrejas seriam profetas líderes nas


igrejas (Ap 22,6) que receberiam de Deus a
mensagem e que deveriam transmiti-la às suas igrejas.

 Nesse sentido, eles eram responsáveis pelo


andamento de suas comunidades, tanto positiva,
quanto negativamente.
LITERATURA
Gênero
Sitz Im Leben

 Qual era a situação desse povo?

 Era um povo perseguido (1,9). O próprio João, no momento de escrever


o Apocalipse, estava preso por causa da sua fé (1,9). A perseguição era
violenta (12,13.17; 13,7). Havia prisões (2,10), e muitos já tinham sido
martirizados (2,13;6,9-11;7,13-14;16,6;17, 6;18,24;20,4).
 Era muito difícil sustentar a fé (2,3-4). O controle da polícia era total:
ninguém podia escapar de sua vigilância (13,16). Quem não apoiava o
regime do império, não podia vender nem comprar nada (13,17).
 A propaganda era enorme (13,13) e se infiltrava nas igrejas (2,14.20). O
imperador era apresentado como se fosse um novo Jesus! Diziam até
que ele era um ressuscitado (13,3.12,14). A terra inteira o adorava como
se fosse um deus e apoiava o seu regime (13,4.12-14).
LITERATURA
Gênero
Sitz Im Leben
 Qual era a situação desse povo?
 O povo das igrejas tinha ainda outras dificuldades. Havia o cansaço natural,
depois de tantos anos de caminhada (2,2). Havia a diminuição do primeiro
fervor (2,4). Havia os falsos líderes que se apresentavam como apóstolos e
não eram (2,2). Havia as doutrinas erradas que traziam confusão (2,6.15); as
perseguições por parte dos judeus (2,9;3,9); o problema das outras religiões
que se misturavam com a fé em Jesus (2,14-15.20).
 Algumas igrejas estavam morrendo (3,1). Outras, bem fraquinhas,
continuavam firmes na fé (3,8). Em geral, era gente pobre, indigente até
(2,9). As igrejas mais ricas se acomodaram, iludidas pela sua riqueza (3,16-
17). Não eram frias nem quentes (3,15)!
 É para este povo das pequenas igrejas que João escreve o seu livro. Como
hoje, também naquele tempo havia os fracos e os pobres que continuavam
firmes na fé e na luta.
 Havia os que estavam perdidos, sem enxergar o rumo. Havia os que
misturavam as coisas, sem entender direito o sentido. Todos perseguidos!
Todos precisando de uma palavra de esclarecimento, de conforto e de
coragem!
LITERATURA
Gênero
Sitz Im Leben
Problemas nas igrejas
São basicamente de três tipos:
I. Pressões, tanto de pagãos (1,9; 2,13) quanto de judeus (2,9; 3,9).

 Tal problema se dava em virtude dos cristãos pertencerem


a uma religião minoritária com costumes estranhos (Santa
Ceia, por exemplo) e acusada de ser atéia (por não ter
deuses e nem imagem deles).
 As dificuldades com os judeus vinham do fato de que, após
a destruição do templo em Jerusalém (70 d.C.) os cristãos
foram expulsos das sinagogas. Nelas, a partir desse
momento, eram pronunciadas maldições contra os cristãos.
Para o Cristo, essa é uma “blasfêmia” que se faz contra seu
povo (2,9). As sinagogas onde tais práticas aconteciam
eram, na realidade, “sinagoga de Satanás” (2,9).
LITERATURA
Gênero
Sitz Im Leben
Problemas nas igrejas
São basicamente de três tipos:
I. Pressões, tanto de pagãos (1,9; 2,13) quanto de judeus (2,9; 3,9).

 Os judeus não apenas expulsavam os cristãos das sinagogas


como denunciavam-nos às autoridades romanas. Estas, por
sua vez, acatando as acusações (possivelmente dizendo que
eles eram “contra o imperador”), começavam a prendê-los
(2,10), e até a matar alguns (2,13).
 A morte de Antipas, em particular, é interessante por ter
acontecido em Pérgamo, cidade onde estava o “trono de
Satanás” (2,13). Essa cidade era a sede do governo imperial
na Ásia e o centro do culto ao imperador, possuindo o mais
antigo templo dedicado a essa prática na região.
LITERATURA
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Sitz Im Leben
Problemas nas igrejas

II. Problemas internos com falsos mestres (2,2 - apóstolos; 2,6.15 - nicolaítas;
2,14 - os que seguiam os ensinos de Balaão; 2,20-23 - a profetiza Jezabel).
Os “falsos apóstolos” (2,2) eram pregadores itinerantes que viajavam
pregando nas igrejas falsos ensinos. Os “nicolaítas” (2,6.15) estão associados
com os “seguidores de Balaão” (2,14.15) e estes, por sua vez, com a
“profetiza Jezabel” (3,20), visto que todos eles “comiam coisas sacrificadas
aos ídolos e praticavam a prostituição”.
Os “nicolaítas” eram partidários de um pensamento gnóstico que enfatizava
as coisas espirituais em detrimento das materiais. A consequência disso era
uma permissividade no comportamento. Para eles, não havia problema em
participar das ceias oferecidas aos deuses ou então na prostituição, visto
que com isso somente o “corpo” era atingido. “Balaão” era lembrado por ter
levado o povo de Israel a cultuar deuses estranhos (ver Nm 31,16 e 25,1-2),
enquanto “Jezabel” ficara famosa por ter introduzido o culto de outros
deuses em Israel (1Rs 18,19).
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Sitz Im Leben
Problemas nas igrejas

III. Problema com a frieza espiritual (2,4 - abandono do primeiro amor; 3,4 -
contaminação; 3,15 - perda de zelo).
 Esta questão relaciona-se diretamente com a pessoa de Jesus Cristo.
Mesmo que uma igreja combata as heresias, como a de Éfeso (2,2.6),
isso não substitui sua ligação com seu Senhor, apenas o complementa.
 Essa relação, expressa pelo “conservar o nome de Jesus” é que dá
coragem para que se morra por Ele (2,13).
 É preciso ter um amor apegado a Jesus que nos leve à comunhão com
Ele e à prática de uma vida realmente transformada.
• Quando isso não acontece, toma o seu lugar a frieza, e a
autossuficiência que coloca Jesus à parte da vida (3,15-17.20).
• Para que a situação mude é necessário que se ouça o chamado ao
“arrependimento” (2,5.16; 3,3.19).
LITERATURA
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Sitz Im Leben
A estrutura das sete cartas
1. Todas elas são dirigidas ao “anjo da igreja” (2,1.8.12.18; 3,1.7.14).
2. Todas se apresentam como palavra de Jesus: “Estas coisas diz...” (2,1.8.12.18;
3,1.7.14).
3. Em cada carta, Jesus recebe um título (2,1.8.12.18; 3,1.7.14). Quase todos os
títulos vêm da visão que João teve de Jesus (1,12-20).
4. Em todas as cartas, Jesus começa dizendo: “Conheço...”, e descreve as qualidades
positivas da igreja (2,2-3.9.13.19; 3,8). A igreja de Laodicéia não têm nada de
positivo. Ela “não é fria nem quente” (3,15).
5. Jesus descreve o que cada igreja tem de negativo e dá advertências (2,4-6.14-
16.20-25; 3,2-3.15-19). Duas igrejas não têm nada de negativo: Esmirna e
Filadélfia. A estas Jesus dá conselhos de perseverança (2,10; 3,11). Na igreja de
Sardes, o negativo é mais forte do que o positivo (3,4). Por isso, lá se inverte a
ordem.
6. Todas elas têm o aviso final: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às
igrejas” (2,7.11.17.29; 3,6.13.22).
7. Todas elas terminam com uma promessa ao vencedor (2,7.11.17.26-28; 3,5.12.21).
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Sitz Im Leben

Estado Atual e Futuro das Igrejas

 As cartas, que descrevem o estado atual da igreja, e a seção


final, que descreve a igreja glorificada no céu, estão íntima e
deliberadamente ligadas pelo tema de promessa e
cumprimento.

 Há paralelos entre a igreja imperfeita do presente e a igreja


perfeita do futuro:
LITERATURA
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Sitz Im Leben

Estado Atual e Futuro das Igrejas


LITERATURA
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Estado Atual e Futuro das Igrejas


Promessas
As promessas feitas aos vencedores são totalmente cumpridas na nova criação:
LITERATURA
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Estado Atual e Futuro das Igrejas


Promessas
As promessas feitas aos vencedores são totalmente cumpridas na nova criação:
TEOLOGIA DE APOCALIPSE

 O relacionamento próximo entre as cartas e o restante das visões é significativo


porque mostra que o Apocalipse, assim como as outras cartas do NT, é uma carta
pastoral escrita para os cristãos.
 Assim como nas outras cartas, o Apocalipse pronuncia graça aos cristãos no
início e no fim da carta (1.4; 22.21).
 Como as outras cartas, o Apocalipse lida com questões pastorais enfrentadas
pelas igrejas e exorta os cristãos a viver para Cristo.
 Como as outras cartas, oferece aos cristãos a esperança de que, se eles
perseverarem na fidelidade a Cristo, receberão uma recompensa eterna.
 Isso significa que o conteúdo das visões deve ter uma relevância real e
presente para todos os cristãos que leem o livro, independentemente da
época em que vivem.
 Entendemos que as cartas do Apocalipse, mesmo lidando com situação de
igrejas de muito tempo atrás (como todas as outras cartas do NT), ainda
falam a nós em cada um dos tópicos por elas tratados - perseverança,
idolatria, coragem para testemunhar, pureza moral, ortodoxia doutrinária e
assim por diante.
TEOLOGIA DE APOCALIPSE
 A disposição para sofrer por Cristo é o caminho para a vitória final
 Assim como a cruz acabou selando a vitória de Cristo sobre Satanás, o
sofrimento presente dos cristãos sela a vitória deles sobre os poderes das
trevas.
 Ainda que, como Cristo, estejam passando por tribulação e privação (1.9), os
cristãos também participam do seu governo real (1.6).
 Nesta era presente, os cristãos podem sofrer privações físicas, mas o espírito
deles será mantido em segurança (11.1-12).
 Por outro lado, os perseguidores da igreja acabarão na mesma situação que
Satanás.
 Assim como a aparente vitória de Satanás precipitou sua derrota final, os atos
perversos dos incrédulos no presente (11.10) só acumulam razões para seu
juízo final (11.13,18).
 Portanto, um dos principais objetivos do livro é exortar os cristãos a
permanecer fiéis a Cristo apesar dos sofrimentos presentes e da tentação de
se envolver com a idolatria representada pelo compromisso com o sistema do
mundo, porque essa fidelidade será finalmente recompensada no reino
celestial
TEOLOGIA DE APOCALIPSE

 A disposição para sofrer por Cristo é o caminho para a vitória final

 Depois da descrição do reino celestial em 21.1-22.5, as palavras finais do


livro retomam a ordem para permanecer fiel.
 As visões celestiais servem como motivadores para que cristãos que
agora passam por adversidades se apeguem às gloriosas promessas
de Deus e não se desviem.
 E assim, da mesma maneira, nós cristãos hoje devemos continuar a ler
Apocalipse e permitir que sua representação da majestade divina nos
motive a permanecer fiéis.
 Os cristãos devem viver de acordo com os valores desse novo mundo, e
não do mundo em que vivem.
 As igrejas devem ser lembradas de que as cenas da adoração celestial
devem servir de modelo para a nossa adoração terrena a cada dia do
Senhor [domingo] - recordando, João recebeu essa visão quando se
preparava para a adoração no dia do Senhor.
TEOLOGIA DE APOCALIPSE
 A soberania de Deus na história humana
 Nos capítulos 4 e 5, João recebe uma visão da sala do trono de Deus. A
palavra “trono” aparece dezessete vezes nesses dois capítulos (das 34 vezes
no livro como um todo) e expressa a soberania de Deus.
 Na visão, o Cordeiro recebe um lugar de igual honra com o próprio Deus, e
assim esses capítulos como um todo retratam a vitória de Deus e do Cordeiro.
 Uma vez que essa visão serve de introdução para todas as visões
subsequentes no livro, seu significado é demonstrar a autoridade de Deus e
de Cristo sobre tudo que está prestes a revelar-se no restante do livro.
 As provações dos cristãos, o aparente triunfo das forças do inimigo, a
destruição final desse inimigo e a vitória da igreja, tudo está sob o controle
soberano de Deus.
• Portanto, é correto dizer que, segundo Apocalipse, a mão de Deus está
diretamente por trás das tribulações dos cristãos e também dos incrédulos.
• Essas provações são enviadas por Deus para aperfeiçoar o seu povo. E não
apenas isso, mas as passagens do AT que influenciam as visões dos selos,
das trombetas e das taças também descrevem Deus como sendo a causa dos
ais que afetam tanto cristãos como descrentes (veja Zc 6.1-8; Ez 14.21; Lv
26.14-33 e seu uso nos selos em Ap 6.2-8, ou o envio das pragas do Êxodo
como formativo para as pragas das trombetas e das taças).
TEOLOGIA DE APOCALIPSE

 A soberania de Deus na história humana

 O mistério do motivo pelo qual Deus permite que os cristãos também


sofram é respondido em todo o livro: a estratégia de Deus é usar as
aflições para aperfeiçoá-los na fé, enquanto os incrédulos são reservados
para o castigo final.
 No momento em que a visão celestial chega, no capítulo 6, ao quadro dos
cavaleiros e o desencadeamento inicial dos juízos divinos, fica claro que o
Cordeiro ressurreto (6.1) está no controle do que está acontecendo.
 A cruz foi transformada de tragédia em triunfo, e assim também Deus
transformará os sofrimentos terrenos dos cristãos em vitória celestial e
eterna.
 O povo de Deus não tem outro destino durante a era da igreja senão
aquele do Cordeiro durante o seu ministério terreno. É por isso que
Apocalipse 14.4 diz que eles são “os seguidores do Cordeiro por onde quer
que vá”.
TEOLOGIA DE APOCALIPSE

 A nova criação como cumprimento da profecia bíblica.

 Os principais temas proféticos do AT e do NT culminam na nova aliança,


no novo templo, no novo Israel e na nova Jerusalém, e tudo isso é
resumido no conceito da nova criação.

• Esses temas aparecem em 21.1-22.5, no clímax do livro.

• Em Apocalipse e em outras partes do NT, essas realidades são


vistas como tendo já começado a cumprir-se em Cristo - os
cristãos são a nova criação, a igreja é o novo Israel, e assim por
diante.

 Essas realidades proféticas são então cumpridas consumadamente,


sobretudo como vislumbradas em 21.1-22.5.
CONCLUSÃO

 João novamente apresenta de uma divisão entre os homens. Haverá aqueles


que “entrarão na cidade pelas portas”. São os que foram julgados por “suas
obras” (21,11-15) e que receberão o “galardão” (v.12. Ver 11,18).
 Possivelmente esse galardão significa simplesmente a salvação, “o direito à
árvore da vida” (v.14b).
 Apocalipse não trabalha com o conceito da salvação “pelas obras”.
 Para João, as obras são evidência da fé e da fidelidade.
 Porém todos os cristãos estarão na presença de Jesus Cristo porque
“lavaram suas vestiduras no sangue do Cordeiro” (v.14).
 Por outro lado, haverá aqueles que ficarão de fora.
 São apresentados no v.15. Eles já apareceram em 21,8 como aqueles que,
longe de participarem do Novo Céu e da Nova Terra, irão para a “segunda
morte”.
 São os que não levam em conta as advertências do Apocalipse.
 São os mesmos “injustos e impuros” do v.11a.
CONCLUSÃO

 Através destas palavras, João está advertindo solenemente a todos os


homens, cristãos ou não, a darem ouvidos às palavras da Revelação.
 Esses últimos versículos do livro dão um caráter solene à obra diante de seus
ouvintes.
 Ela não pode ser menosprezada.
 Seu objetivo é abrir os olhos daqueles que têm contato com ela a fim de
poderem discernir a época em que vivem.
 O fim “não está distante”.
 O diabo não irá se manifestar apenas no “futuro”.
 A besta não é nenhum ser “bizarro” que aparecerá com uma placa
indicando: “besta”, nem seu sinal será uma “tatuagem”, ou o “código de
barras” das embalagens.
 O Apocalipse é atual e sempre será
 Ele nos ajuda a ver, por trás das estruturas sociais e políticas, quem está
realmente agindo.
 Ele nos questiona se “já” não temos a marca da besta, se não seguimos o
estilo de vida de uma sociedade secularizada que é guiada pelo diabo.

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