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à
TEOLOGIA
INTRODUÇÃO
"V

A
TEOLOGIA

ALCEBÍADES VASCONCELOS

Editado por: jolosa


Todos o s Direitos Reservados. Copyright (C) 1987
|i;irn n língua portuguesa da Casa Publicadora das
Assembléias de Deus.

-m
VASi Vasconcelos. A lcebíades Pereira,
1914 -
Introdução à Teologia / Alcebía­
des Pereira Vasconcelos. - Rio de J a ­
neiro: ('asa Publicadora das As­
sem bléias de Deus, 3987.
64p.; Ilxl8cm . .
_ 1. Doutrina - Teologia Cristã. I.
Título.
CDI) - 230

Casa 1’ublicadora das Assembléias de Deus


( 'aixa Postal .'531
:!(mk)1. Rio de -Janeiro. R.J, Hrasil
.Yiim/HWT
índice
Introdução...................................................................... 9
1. Divisão da Teoiogia............................................... 15
2. Princípios básicos da Teologia......................... 19
3. Os atributos de D eus............................................ 27
I. Fontes da Teologia................................................ 35
Requisitos para estudar Teologia.................... 39
li. A existência de D eu s............................................ 43
7. A que se propõe a Teologia............................... 51
( )bras consultadas...................................................... 61
ÍNDICE DAS ABREVIATURAS
USADAS NESTE LIVRO
VELHO TESTAMENTO
Gn - Gênesis Ec - Eclesiastes
Ex - Exodo Ct - Cantares
Lv - Levítico Is - lsaias
Nm - Números Jr - Jerem ias
Dt -Deuteronômio Lm - Lamentações de Jeremias
Js - Josué Ez - Ezequiel
Jz - Juizes Dn - Daniel
Rt - Rute Os - Oséias
1 Sm - 1 Samuel J1 - Joel
2 Sm - 2 Samuel Am - Amós
1 Rs - 1 Reis Ob - Obadias
2 Rs - 2 Reis Jn - Jonas
1 Cr - I Crônicas Mq - M iquéias
2 Cr - 2 Crônicas Na - Naum
Ed - Esdras Hc - Habacuque
Ne - Neemias St - Soíonias
Et - Ester Ag - Ageu
Jó - Jó Zc - Zacarias
SI - Salmos Ml - M alaquias
Pv - Provérbios
NOVO TESTAMENTO
Mt - M ateus 1 Tra - 1 Timóteo
Mc - Marcos 2 Tm - 2 Timóteo
Lc - Lucas T t - Tito
Jo - Joào Fm - Filemon
At - Atos Hb - Hebreus
Rm - Romanos Tg - Tiago
1 Co - 1 Coríntios 1 Pe - 1 Pedro
2 Co - 2 Coríntios 2 Pe - 2 Pedro
G1 - Gálatas 1 Jo - 1 João
Ef - Elésios 2 Jo - 2 João
Kp - Filipenses 3 Jo - 3 João
Cl - Colossenses Jd - Judas
1 Ts - 1 Tessalonicenses Ap - Apocalipse
2 Ts - 2 Tessalonicenses
Introdução
Teologia, do grego “TH EOS” - Deus,
e “ LCXiOS" - discurso, expressão, etc.. é a
ciência que descreve e ensina o que se co­
nhece sobre Deus e suas relações com o
Universo e. mais particularmente, com o
homem como indivíduo.
De certo modo. teologia é ciência su­
perior e está acima das demais ciências,
porque, enquanto estas se ocupam das coi­
sas temporais, ela se ocupa, em especial,
com as coisas eternas. Pois. mesmo ocu­
pando-se com o homem, o faz com aquilo
que diz respeito às relações deste com
Deus; portanto, mesmo neste aspecto, ela
transcende, em suas conclusões, a mera
humanidade.
9
A teologia é uma ciência muito antiga,
pois desde os Séculos IV e V a.C.. com os
filósofos Aristóteles e Pitágoras, encontra­
mos nos escritos humanos referências a seu
respeito. Foi. porém, o filósofo e teólogo
francês Pedro Abelardo, no Século XII,
quem a vinculou diretamente às verdades
religiosas.
A teologia abrange em seu escopo to­
das as matérias que são estudadas em um
curso regular ministrado por um Seminá­
rio Cristão.
Aos que negam à teologia o direito de
existir como ciência, embora não nos con­
sideremos pessoalmente um cientista, afir­
mamos que. se por ciência entende-se co­
nhecimento exato e racional de determina­
das coisas, neste caso, teologia é pura ciên­
cia. porque ela ministra ao homem o co­
nhecimento exato, racional e lógico de
Deus. em tudo aquilo que é humanamente
possível conhecer-se a seu respeito deste
lado da existência.
A época histórica compreendida entre
a queda do Império Romano, em 475, e a
tomada de Constantinopia por Maomé II,
em 1453. é denominada de Idade Média.
No início desta época, tiveram lugar as
chamadas “invasões bárbaras”, quando a
cultura de então ficou confinada aos con­
ventos e aos livros.
10
Nesse tempo, a teologia era denomi­
nada de Rainha das Ciências; então, os
cursos ministrados pela Escolástica. que
era o pensamento filosófico da época no
Ocidente, eram divididos, em dois perío­
dos:
a) 0 Trivium, que abrangia a gramá­
tica. a retórica e a dialética.
b) O Quadririum, que abrangia a arit­
mética. a geometria, a astronomia, a músi­
ca. as ciências da natureza, a filosofia e a
teologia.
Este sistema educacional permaneceu
em evidência até o Século XVII. quando,
com a intervenção de Descartes, filósofo
francês, deu-se independência ao pensa­
mento. e o idealismo filosófico ganhou ple­
na autonomia, ficando, destarte, a teologia
circunscrita ao seu próprio campo de ação
superior, relativo às coisas divinas e. por­
tanto. eternas.
’ Nunca devemos, pois, confundir teo­
logia com opinião humana: a psicologia e a
ética, por exemplo, são teorias que ajudam
o homem a conhecer algo de si mesmo,
através dos fenômenos psíquicos e da boa
ordem, porém é a teologia que nos conduz
ao conhecimento superior da divindade, e.
conseqüentemente, ao ser humano criado à
sua imagem e semelhança.
A teologia e a filosofia, de certo modo.
visam aos mesmos objetivos, mas diferem
11
fundamentalmente quanto aos meios que
empregam para atingi-los. Ambas procu­
ram compreender o mundo e a vida: mas.
enquanto a 'Teologia começa com a crença
na existência de um Deus pessoal e afirma
ser Kle a causa original de todas as coisas,
exceto o pecado, a Filosofia começa com
outras coisas, atribuindo-lhes auto-
existência e a idéia de que é bastante ex­
planar a existência de todas as coisas ao
invés de expor a origem delas. Xada de evi­
dências ou provas. Para os filósofos gregos,
as coisas como a cí^uct, o fo,í>o, o ar, os áto­
mos em movimentos, etc.; e para os filóso­
fos modernos, a natureza, a mente ou per­
sonalidade, ou a vida e algumas outras coi­
sas do Universo, e não um Deus pessoal, é
que são as causas originais. A teologia, po­
rém. não apenas começa com a crença na
existência de um Deus pessoal, como tam ­
bém afirma que Kle se revela a si mesmo
ao homem, enquanto a filosofia nega am ­
bos esses princípios.
Portanto, está claro que a teologia
apega-se a princípios sólidos, enquanto a
filosofia apega-se ao terreno movediço das
meras especulações humanas. Mesmo as­
sim. de certo modo. a filosofia tem algum
valor para o teólogo. Exemplo: Kant. filó­
sofo e alemão que viveu nos anos 1724-
1804. partindo da consciência, conclui, por
intermédio da razão prática, a existência
12
de Deus e a imortalidade da alma humana.
Bergson. filósofo francês que viveu nos
anos 1859-1941. sustentava que o homem
sabe. pela intuição, tanto quanto pela ra­
zão. no que se aproxiim do valor da fé. e.
ao mesmo tempo, admitem os filósofos que
a razão é inadequada para resolver os
problemas básicos da existência, o que nos
declara a sua carência de Deus.
Também é claro que a filosofia não
tem a verdadeira teoria das origens, a dou­
trina da providência, do pecado, da salva­
ção e da consumação das coisas. Portanto,
a filosofia prova-se ineficiente para condu­
zir o homem à eterna felicidade, e. deste
modo. o encaminha a Deus através da teo­
logia. para a revelação que Deus faz de si
mesmo ao homem.
Aqui temos, portanto, a grande neces­
sidade da teologia, pois a mente humana
não, se satisfaz apenas com saber alguns fa­
tos acerca de Deus como indicados pela fi­
losofia: ela quer saber as revelações e as re­
lações que pode ter com Deus e, bem as­
sim. conhecer as leis que regem tais rela­
ções. coisas fornecidas direta e exclusiva­
mente pela teologia.
.4.s Bases Fundamentais da Teologia:
1) Deus existe e pode e quer relacio­
nar-se com o 1'niverso. especialmente com
13
O ser humano como indivíduo (Gn 35.7; Èx
6,3; Nm 12.6, etc.)
2) O homem, ser inteligente e cons­
ciente, pode conhecer e manter relações
íntimas e pessoais com Deus.
3) Deus. voluntária e espontaneamen­
te, revela-se ao ser humano, em geral atra­
vés da natureza (81 19.1-6; Rm 1.18,19), da
Bíblia (Lx 20.1; 34.1.27.28). e, pessoal­
mente. mediante -Jesus Cristo (Jo 1.18;
14.7-11, etc.)

14
Divisão da Teologia
Para efeito de estudo sistemático, a
teologia pode ser dividida em até doze as­
pectos; todos eles, porém , in ter-
relacionados e relativos à sua vinculação a
Deus no que diz respeito às suas relações
com o Universo ou com o homem em parti­
cular. Assim temos;
1. Teologia Natural
E a ciência que descreve as verdades
relativas a Deus em suas relações com o
Universo, do modo como reveladas na na­
tureza.
2. Teologia Revelada
E a ciência que descreve as verdades
acerca de Deus e do Universo reveladas nas
15
Escrituras. Acontece, porém, que a Teolo­
gia Revelada sofre restrições da parte de
teólogos modernistas que vêem nela sérias
contradições. Exemplos: 1) A Bíblia foi es­
crita por homens (2 Fe 1.19-21). 2) A
Bíblia apenas contém a Palavra de Deus,
não é a Palavra de Deus. 3) A Bíblia con­
tém erros históricos (Jr 46.2 — Dn 1.1).
Nota
Em 605 a.C.. Nabucodonozor, prínci­
pe herdeiro, derrotou o Egito na batalha de
Carquemis (-Jr 46.2). Em 08.08.605 a.C..
N abupolasar, seu pai, m orreu e, a
06.09.605. ele assumiu o trono. -Josias mor­
reu em 609 ou princípios de 608 a.C. Con­
clusão, -Jeremias escreveu do ponto de vis­
ta judaico, a saber, do 1" ano do reinado, e
Daniel escreveu do ponto de vista caldaico,
a saber partindo do 2" ano do reinado...
3. Teologia Bíblica
E a ciência que descreve a verdade
acerca de Deus e do Universo dum modo
divinamente ordenado em seu desenvolvi­
mento, conforme constante dos livros da
Bíblia: e, neste aspecto, ela é a expressão
do conteúdo doutrinário e ético de toda a
Bíblia.
4. Teologia Própria
E a ciência que se limita a descrever a
16
pessoa de Deus em sua triunidade sem por-
menorizar os feitos de cada pessoa da di­
vindade em particular.
5. Teologia Histórica
É a ciência que se ocupa em delinear o
desenvolvimento da doutrina e das porme­
norizadas variações sectárias daqueles gru­
pos que se apartaram da pureza da verda­
de cristã.
6. Teologia Dogmática
É a ciência que se preocupa em des­
crever de modo objetivo os artigos da fé
cristã, afirmando sua veracidade absoluta,
de acordo com a Bíblia.
7. Teologia Especulativa
É a ciência que estuda verdades teoló­
gicas abstratas, naquilo que diz respeito à
sua importância prática.
8. Teologia do Antigo Testamento
É a ciência que se ocupa diretamente
com os ensinos constantes do Antigo Tes­
tamento.
9. Teologia do Novo Testamento
É a ciência que se preocupa especial­
mente com os ensinos do Novo Testamen­
to.
17
10. Teologia Paulina, Joanina, Petrina
E a ciência que estuda, de modo es­
pecifico, os ensinos desses apóstolos de
Cristo, isoladamente, conforme constantes
da Bíblia.
11. Teologia Prática
É a ciência que se ocupa com a aplica­
ção dos ensinos bíblicos de um modo práti­
co, direto, ao homem.
12. Teologia Sistemática
E a ciência que estabelece uma ordem
lógica e racional, ao desenvolvimento do
sistema doutrinário constante da Bíblia,
sobre Deus, o Universo, (particularmente o
homem) e todas as coisas existentes. É o
estudo ordenado da doutrina cristã, de
acordo com aquilo que esta doutrina tem
de bíblico.

18
2
Princípios Básicos
da Teologia
A teologia é uma ciência que parte do
ponto de vista da revelação que Deus faz
de si mesmo ao homem, através da nature­
za, da Bíblia e de Jesus Cristo. 1) SI 19.1-6;
At 14.15-17; Rm 1.18-27. 2) Gn l.lss; Êx
.‘1 14; 6.2,3; Jo 14.6; Rm 3.1,2; 1 Jo 4.8. 3)
Na 1.3; Jo 1.16-18...
Pascal, filósofo francês que viveu nos
anos 1623 a 1662, referiu-se ao Deus Abs-
conditus, acrescentando que, mesmo “es­
condido” (At 17.23), Deus se revelara a si
mesmo a ele, conforme as Escrituras. De
fato, Deus se revela através da natureza,
da Bíblia e, pessoalmente em Jesus, e tam ­
bém revela-se através de milagres porten­
tosos (2 Rs 5.9-17; Dn 3.16-29; 4.30-37;
19
6.16-27). Revela-se pessoalmente a indiví­
duos de modo instantâneo, conforme quer
(Ex 3.1-6, 14; At 9.1-6); além de a Moisés e
a Paulo, Ele se revelou do modo que quis a
Enoque e a Noé (Gn 5.21-24; 6.13; 7.1;
9.1), a Abraão (Gn 12.1-3), a Isaque (Gn
26.24), a Jacó (Gn 28.13; 31.1), a José (Gn
37.5-11), a Josué (Js 1.1), a Gideão (Jz
6.25), a Samuel (1 Sm 3.2-4), a Davi (1 Sm
23.9-12), a Elias (1 Rs 17.2-4), a Isaías (Is
6.8), a Jeremias (Jr 1.4-10), etc; também
nos tempos atuais, Ele falou a Jesus (Mt
3.16,17; Jo 12.27,28), a Pedro, Tiago e João
(Mc 9.7), a Ananias (At 9.10), etc.
Quanto à revelação pessoal em Jesus,
ela é tão perfeita, que a incredulidade ju­
daica é algo somente possível à base de Ro­
manos 11.11,12, porque o que a respeito de
Jesus está escrito no Antigo Testamento e
plenamente cumprido em sua vida e mi­
nistério terrenos, morte, ressurreição e as­
censão, é algo que ressalta à vista de quem
tem olhos para ver. Exemplos: 1) Devia
nascer duma virgem (Is 7.14; Mt 1.23; Lc
1.30-35). 2) Seria a descendência de
Abraão (Gn 12.3; G1 3.8-16). 3) Da tribo de
Judá (Gn 49.10; Hb 7.14). 4) Da linhagem
de Davi (SI 110.1; Mt 1.1; Rm 1.3). 5) De­
via nascer em Belém (Mq 5.2; Mt 2.6; Lc
2.1-7). 6) Seria cheio do Espírito Santo (Is
€.1.1,2,-, Lc 4.10,19). 7) Entraria em Jerusa­
lém montado num jumento (Zc 9.9; Mt
20
21.4-11). 8) Seria traído por um amigo (SI
41.9; Jo 13.18). 9) Seria vendido por 30
moédas de prata (Zc 11.12,13; Mt 26.15;
27.9,10). 10) Seria abandonado por seus
discípulos (Zc 13.7; Mt 26.31,56). 11) Seria
ferido nas mãos e nos pés sem serem
quebrados seus ossos (SI 22.16; 34.20; Jo
19.36; 20.20,25). 12) Dar-lhe-iam vinagre a
beber (SI 69.21; Mt 27.34). 13) Distribui­
riam as suas vestes e poriam a sorte à sua
túnica (SI 22.18; Mt 27.35). 14) Seria des­
prezado por Deus (SI 22.1; Mt 27.46). 15)
Seria sepultado com os ricos (Is 53.9; Mt
27.57-60). 16) Ressuscitaria dentre os mor­
tos (SI 16.10; At 2.24). 17) Seria assunto
aos céus (SI 68.18; Ef 4.8). 18) Sentar-se-ia
à destra do Pai (SI 110.1; Mt 22.43-45; Mc
16.19,20).
Estas provas da profecia cumprida são
clara e evidente demonstração da revela­
ção de Deus ao homem através da pessoa
de seu Filho Jesus Cristo (Mt 11.27; Jo
I.18; Jo 14.9; Cl 1.15; 2.9; Hb 1.1,2).
Em Cristo, pessoalmente, Deus reve­
la: sua existência, sua natureza, sua vonta­
de, etc. Ele tinha perfeita e permanente
comunhão com o Pai (Jo 8.18.28,29. 58;
II.41; 12.28; 17.5). Ele viveu sem pecar e
sem pecado (Jo 8.28). Seu ensino era do
Pai (Mt 7.28,29; Jo 7.46). Suas obras eram
as mesmas do Pai (Jo 5.36; 10.37,38;
15.24). Suas prerrogativas eram as mes-
21
mas do Pai (Jo 5.22,25,28). Suas relações
com o Pai eram as mais íntimas (Mt 28.19;
Jo 10.38) e demonstram que Ele era Deus
humanizado. Ele revelou absoluta santi­
dade (Jo 17.11,25) e profundo amor (Jo
3.14-16).
A paternidade de Deus quanto a Jesus
tinha sentido direto, absoluto (Mt 3.17;
17.5; Lc 1.32), e, quanto a nós, os cristãos,
tem sentido adotivo (Jo 1.12; Rm 8.15; GÍ
4.5; Ef 1.5). De fato, é preciso ser espiri­
tualmente cego para não perceber, crer e
aceitar a Deus através de sua revelação
exuberante!
A teologia afirma a existência de
Deus, e que, mesmo sendo espírito e por­
tanto invisível (Jó 9.11; Jo 4.24), impalpá-
vel (Jó 23.8,9), Ele mantém permanente
interesse no Universo que criou e com Ele
se relaciona (Gn 1.26-30; 2.18-25; 6.1-10;
9.1-11 etc.)
A teologia ensina que, havendo Deus
criado o homem em sua imagem e seme­
lhança, o dotou de inteligência (Gn 2.7,18-
23) e capacidade para o conhecer e se rela­
cionar com o seu Criador (Gn 2.15-17;
3.7.8).
Todo-poderoso que é (Gn 17.1), Deus
por si mesmo estabeleceu meios que possi­
bilitam ao homem conhecê-lo e manter re­
lações de comunhão de um modo afetivo e
99
verdadeiro consigo mesmo (Gn 3.21; 4.1-7;
8 . 20 - 22 ).
Reconhecemos haver muitos que ne­
gam aquilo que aqui afirmamos; porém,
não é por o cego não ver o sol e negar a sua
existência que nós, homens de visão perfei­
ta, vamos fazer coro com ele e negar aquilo
de que temos pleno conhecimento.
De certo modo, a própria existência
humana reclama a existência de Deus e é
um atestado dela, e ao mesmo tempo evi­
dencia que o homem pode conhecer a Deus
(Gn 1.26,27; Dn 12.4). Daí o atestado da
antropologia verdadeira que afirma que os
mais bárbaros dentre os seres humanos
têm, quando menos, uma noção rudimen­
tar da existência de Deus e uma forma pró­
pria de religião. Este sentimento é tão agu­
do nos seres humanos que alguém afirmou
ser “mais fácil contradizer a existência da
matéria a contradizer a existência de
Deus.”
Também sabemos haver aqueles que,
mesmo reconhecendo a existência de Deus,
negam a possibilidade humana de o conhe­
cer. devido a ser Ele espírito e, deste modo,
ser inacessível ao conhecimento humano
(SI 138.6). Todavia, sabemos que Deus vo­
luntariamente se revela ao homem de
modo a tornar possível seu conhecimento
ao menos quando necéssário neste lado da
23
existência (Jr 9.24; 22.15,16; 31.34; Os 6.3;
Jo 17.26; 1 Pe 1.17-21).
Pensemos bíblica e racionalmente em
nosso Deus:
a) Deus não é uma mera idéia sem
realidade objetiva, existente apenas na
imaginação humana, como ensinam al­
guns. DEUS E! “EU SOU O QUE SOU”
(Êx 3.14). Este “EU SOU” é uma realida­
de espiritual. Ele é o Ser Supremo, absolu­
to, enquanto õs deuses dos idólatras exis­
tem apenas na imaginação de seus adora­
dores (Is 41.24; 1 Co 8.4).
b) Nosso Deus não tem natureza m a­
terial, visível e tangível, “DEUS É ESPÍ­
RITO” (Jo 4.24), ninguém sabe em que
consiste a essência espiritual de Deus (Jó
4.15-17; 9.11; 23.8,9; 36.5-26...)
c) Deus não é “algo invisível e sem vi­
da”, ou apenas a força da natureza, nem é
apenas o princípio vital do homem, do ani­
mal e da planta como ensinado por outros
(Jó 33.4; SI 36.9; 104.30; Jo 1.4).
d) Nosso Deus é um ESPÍRITO PES­
SOAL. 'e por si mesmo afirma: “EU SOU
O QUE SOU” (Êx 3.14). Nesta visão,
quem falou a Moisés foi um ser pessoal,
um ser distinto de todas as coisas, nos céus
e na terra, visíveis e invisíveis (Cl 1.16).
e) Nosso Deus não evoluiu de algo
preexistente como ensinado pelo espiritis­
mo esotérico, nem sua existência originou-
24
se de algo além dele. Ele é auto-existente.
Ele subsiste por si mesmo • E ^e ^

NÃO HÁ DEUS” (Is 44.6). Todos os de-


mais seres existentes no . U™ erso depen-
dem de Deus para existir (At 11.28) e
quanto que a existência de Deus e centra^-
zada em si mesmo: ELE IEM VIUA imvi
SI MESM O” (Jo 5.26).
Os Atributos
de Deus
Deus é humanamente indefinido. As
várias definições que dele têm feito algu­
mas escolas teológicas findam provando-se
deficientes e muito distantes da pura reali­
dade. Porém, mesmo de modo imperfeito,
a concepção que o homem tem de Deus
pode ser aquilatada através de certas ca­
racterísticas atribuídas a Deus no seu trato
com o ser humano, características que a
teologia denomina ATRIBUTOS, a alguns
dos quais nos reportaremos a seguir.
1) Deus é Uno: “Eu sou o Senhor, e
não há outro; além de mim não há Deus”
(Is 45.5). “Não há senão um só Deus” (1 Co
8.4). Daí para Ele determinar a Israel:
“Não terás outros deuses diante de m im ”
27
(Êx 20.3); e “Ao Senhor teu Deus adorarás,
e só a Ele darás culto” (Mt 4.10).
2) Deus é Essência Simples, Indivisí­
vel. Quando Deus afirma: “ EU SOU o que
SOU” (Êx 3.14), quer que entendamos não
ser Ele um composto de elementos consti­
tuintes, mas. sim, que Ele é absolutamen­
te simples em sua essência, representado
na criação pelo homem a quem criou em
sua imagem e semelhança (Gn 1.26; 1 Ts
5.23). Há uma só essência divina que se
chama DEUS e que é eterno, incorpóreo,
exclusivo.
3) Deus é Imutável em sua Essência,
Atributos e Vontade: “Porque EU, o Se­
nhor. não mudo” (Ml 3.6). “ Em quem não
pode existir variação, ou sombra de mu­
danças” (Tg 1.17). Em Deus não pode ha­
ver desenvolvimento ou evolução, melho­
ra. deterioração, crescimento, declínio, ne­
nhuma espécie de mudança, porque Ele é
perfeição absoluta! Ele é o que sempre foi e
será para sempre (SI 90.2; 102.27; Hb
13.8). Deus é DEUS.
4) Deus éInfinito, não é Limitado pelo
Espaço. Deus é Onipotente (SI 139.7-12).
Dimensões são coisas finitas alheias à na­
tureza divina (1 Rs 8.27). “Ocultar-se-ia
alguém em esconderijos de modo que Eu
não o veja? Porventura não encho os céus e
a terra° (-Jr 23.24). Deus, portanto, não
está confinado a determinado local; ao
28
contrário, Ele está presente, está em todos
os lugares ao mesmo tempo, não em parte,
mas inteiramente. Salmo 139.1-16 e Atos
17.27.28 evidenciam sua plena onipresença
e onisciência (Hb 4.13). Esta realidade ab­
soluta é ao mesmo tempo uma advertência
e uma garantia de segurança para nós que
nele cremos e o servimos (Gn 17.1; SI 23.4;
Is 41.10).
5) Deus é Eterno, não é Limitado pelo
Tempo (SI 90.2). Nele não há passado nem
futuro e sim eterno presente: “ Para o Se­
nhor nosso Deus um dia é como mil anos e
mil anos como um dia” (2 Pe 3.8). A eter­
nidade de Deus é algo incompreensível a
nós... Quando a Bíblia aplica ao ser huma­
no o adjetivo ETERNO, o faz com sentido
restritivo: como tendo princípio e não fim
(Gn 17.8; Mt 25.41,46), mas quando o apli­
ca a Deus o faz em sentido absoluto, só
aplicável a ELE (Gn 21.33; Dt 33.27; SI
90.2; Is 40.28; Jr 10.10).
6) Deus é um ser uivo, racional, nunca
sem vida (Jr 10.10; Jo 5.26). Ele, como ser
racional, tem sabedoria e conhecimento
próprio (Rm 11.33-36). Ele elabora e exe­
cuta seus próprios planos conforme seus
propósitos (Is 46.8-13). Ele está sempre
ativo na preservação do Universo (SI
104.30; Jo 5.17). Isto de certo modo é uma
advertência aos infiéis (Hb 10.31) e, ao
29
mesmo tempo, uma garantia aos fiéis. (1
Tm 4.10).
7) Deus é Onisciente, tem perfeito co­
nhecimento de todas as coisas que se pas­
sam no Universo (1 Sm 2.3; 1 Jo 3.20). “Os
olhos do Senhor estão em todo lugar...” (SI
139.1-6.13-18; Pv 15.3), portanto nada po­
d em os ocultar-lhe (Pv 28.13). Ele conhece
tudo a nosso respeito (Is 66.1,2; Hb 4.13).
8) Deus é Sábio - “Com Deus está a
sabedoria...” (Jó 12.13). Sua sabedoria es­
tá manifesta em suas obras (SI 104.24):
nosso sistema planetário é uma evidência
dela. O plano da salvação humana e sua
execução revelam a sabedoria superior (1
Co 2.6-10). De fato, a sabedoria de Deus
ultrapassa o entendimento humano (Rm
11.33-36!...)
9) Deus tem vontade Própria (Is 46.9-
11). E conveniente distinguirmos entre a
vontade de Deus revelada na Bíblia (Jo
6.38-40) e sua vontade oculta (Dt 29.29).
Cremos haver muitas coisas na mente de
Deus que Ele não fez conhecidas (At 10.1-
4; 2 Co 12.1-4; 1 Jo 3.1,2), porque não po­
deríamos entender. A vontade de Deus é
que sejamos salvos (Ez 33.11), mas, segun­
do sua vontade conseqüente, Ele condena­
rá os que rejeitarem a salvação (Mc
16.15.16). Atualmente, sua vontade de sal­
var pode ser resistida (Mt 23.37), mas no
30
último dia ninguém poderá resistir-lhe (Jo
5.28.29; 2 Co 5.10...)
10) Deus é Absolutamente Santo. Sua
santidade denuncia sua majestade e sua
glória exaltada acima de todas as coisas
(Êx 15.11; Is 6.3). Ao mesmo tempo denota
sua oposição ao pecado (Lv 19.2; SI 5.4; 1
Pe 1.13-17...)
11) Deus é Justo - Aqui não cabem os
nossos padrões!!! "Deus é fidelidade, e
nele não há injustiça: é justo e reto” (Dt
32.4). “O Senhor é reto... nele não há in­
justiça” (SI 92.15). Tudo que Deus faz é
íusto. e é blasfêmia acusá-lo de injustiça.
Seu trato para conosco quanto à justiça é
manifesto através do amor (Jo 3.16), e da
misericórdia (Lm 3.22,23): a) Puniu nossa
culpa em Cristo (Rm 8.32) e b) Faz justiça
a Cristo aceitando-nos nele (Rm 3.21-26).
Mas. por fim, Ele rejeitará os desobedien­
tes ao Evangelho (2 Ts 1.6-10).
12) Deus é a Verdade - “ A palavra do
Senhor é reta e todo o seu proceder é fiel”
(SI 33.4). Sim, “Ele mantém para sempre
a sua fidelidade” (SI 146.6). “Deus não
pode mentir” (Tt 1.2). A fidelidade abso­
luta de Deus estende-se a tudo que está es­
crito em sua Palavra: “ A tua palavra é a
verdade” (Jo 17.17). As promessas de Deus
não falham (2 Co 1.20). Ele “vela sobre sua
palavra para a cumprir” (Jr 1.12; Rm
9.28).
13) Deus é Onipotente - “ Faz tudo o
que lhe apraz” (SI 115.3). Ele “é poderoso
para fazer infinitamente mais do que tudo
quanto pedimos” (Lc 1.37). “Ele falou, e
tudo se fez...” (SI 33.9). Ele supre a todos
(SI 145.15,16).
14) Deus é Bondade - “Bom só existe
um que é Deus” (Mt 19.17). “O Senhor é
bom para todos...” (SI 145.9). “Deus é
amor” (Jo 3.16; 1 Jo 4.8). “Com amor eter­
no eu te amei” (Ne 9.17; Jr 31.3; 2 Pe 3.9).
15) Deus é Triúno. Dissemos que nos­
so Deus é uno e o reafirmamos aqui, por­
que assim cremos. Todavia, afirmamos
também que Ele é Triúno, porque cremos
que sua unidade é composta de Pai, Filho e
Espírito Santo, assim como Ele criou o ho­
mem em sua imagem e semelhança, e este,
sendo um, é composto de espírito, alma e
corpo (1 Ts 5.23).
Há na linguagem hebraica dois adjeti­
vos que exprimem o sentido de unidade:
“ERRAD” - unidade relativa que admite
composição sem lhe alterar o sentido (Gn
2.24; Jz 20.1; Ed 3.1; Ne 8.1), e “IARRID”,
unidade absoluta que não admite qualquer
associação para poder manter o sentido
(Gn 22.2,12; Jz 11.34; Am 8.10; Zc 12.10).
Este adjetivo nunca é empregado em rela­
ção a Deus no Antigo Testamento e sim o
primeiro. Exemplo: (Dt 6.4).
32
Também o hebraico bíblico emprega o
substantivo plural “ELOHIM” para desig­
nar Deus, ao invés do singular “ELOHA”
e, em harmonia com aquele substantivo
plural, usa verbo (Gn 1.26; 11.7), adjetivo
(•Js 24.19) e pronome (Gn 3.22) igualmente
no plural, a fim de evidenciar-nos a triuni-
dade divina.
A Bíblia ensina que o Pai é verdadeiro
Deus (Jo 17.3; 1 Co 8.6) e que é distinto do
Filho (Jo 3.16) a quem enviou no próprio
tempo para efetuar a redenção (G1 4.4);
também é distinto do Espírito Santo (Is
48.16; At 10.38). Também o Filho é distin­
to do Espírito Santo e do Pai (G1 4.6). O
Pai não-gerado e, sim, auto-existente, ge­
rou o Filho desde a eternidade (SI 2.7; Jo
1.1-3) e juntamente com o Filho envia o
Espírito Santo que procede de ambos (Jo
15.26).
,A Bíblia ensina que o Filho é verda­
deiro Deus (1 Jo 5.20), que “é Deus bendito
eternamente” (Rm 9.5), motivo por que
Ele deve ser adorado por todos (Jo 5.23;
Hb 1.5,6). O Filho é distinto do Pai e do
Espírito Santo (Jo 3.16; 14.16,17).
A Bíblia ensina que o Espírito Santo é
Deus (At 5.3,4); os cristãos são templos de
Deus (1 Co 3.16) e Ele é distinto do Pai e
do Filho (Jo 14.16). Ele não foi gerado, mas
procede do Pai e do Filho (Mt 10.20) e é o
Espírito do Filho (G1 4.6), e é enviado pelo
33
Filho da parte do Pai (Jo 15.26; 20.22). A
doutrina da triunidade de Deus e a da ge­
ração do Filho são um verdadeiro mistério
ensinado parcialmente na Bíblia para que
creiamos, não para que expliquemos.
A Bíblia ensina, portanto, que o Pai é
Deus. que o Filho é Deus e que o Espírito
Santo é Deus, mas não explica este misté­
rio, de modo que nós devemos crer e deixar
o caso com o Autor da Bíblia (Dt 29.29; 2
Pe 1.19-21...) Todavia, não são três, mas
exclusivamente UM Deus (Dt 6.4). Cada
pessoa da Trindade é em si mesma a pleni­
tude da divindade (Cl 2.9), cada pessoa é
distinta e é o Deus Pleno: assim como o Pai
é o único Deus (Jo 17.3), o Filho é o único
Deus (1 Jo 5.20) e o Espírito Santo é o úni­
co Deus (At 5.3,4). As três pessoas são
idênticas (Jo 5.23), assim Jesus ensinou
(Jo 10.30; 14.9), e quando Jesus disse ser o
Pai maior do que Ele referia-se à sua hu­
manidade (Jo 14.28).
Nós não podemos compreender e ain­
da menos explicar a Deus em sua essência
porque Ele é infinito e nós somos finitos. E
é por isto que a Bíblia nos apresenta a
Deus através de seus atributos (1 Jo 4.8), a
fim de podermos compreendê-lo o bastante
para crer, adorar e viver para Deus nesta
vida.

34
Fontes da Teologia
De conformidade com suas diferentes
divisões, a teologia tem distintas fontes-
bases entre as quais mencionaremos as se­
guintes. devido à sua preponderância
sobre as suas congêneres:
t
1. A Natureza
Em sua multiforme manifestação,
viva ou morta, a natureza, onde quer que
seja sobre a terra, nos mares e nos ares,
constitui-se um livro aberto ante os ho­
mens, evidenciando-lhes a existência de
Deus e falando de seu poder, da sua miseri­
córdia e de seu amor para com o homem:
sendo, portanto, uma das fontes-bases da
teologia (SI 19; Rm 1-.19.20).
35
2. A Bíblia Sagrada
Denominada por Paulo de “oráculos
de Deus” (Rm 3.1,2), as Escrituras Sagra­
das do Antigo e do Novo Testamento cons-
tituem-se a fonte por excelência da teolo­
gia no que ela tem de mais expressivo entre
os meios físicos que emprega em sua ex­
pressão. As E sc ritu ra s existem com a fina­
lidade exclusiva de revelar Deus ao homem
(Gn 11; Lc 24.27; Jo 5.39, etc.)
3. O Misticismo
Derivado do verbo grego “MUO” que
significa calar e em sentido figurado fechar
os olhos, a fim de facilitar a concentração
dos sentidos, o misticismo tem dois senti­
dos:
a) O Misticismo Falso que, ao invés de
conduzir o homem que o pratica a Deus,
apenas o torna um fanático imbecilizado
por idéias e sentimentos ilógicos.
b) O Misticismo Verdadeiro é aquele
que leva o homem a uma consagração
consciente, humilde, verdadeira, submissa
ao Espírito Santo, que o põe em contato di­
reto e pessoal com Deus e, deste modo, dá-
lhe possibilidade de aprofundar o conheci­
mento de Deus mediante as diretrizes da
teologia.
4. O Racionalismo
A razão, quando iluminada pelo Espí­
36
rito Santo, utiliza o bom-senso, e, deste
modo. conduz o homem à realidade verda­
deira. que é Deus. Neste aspecto, o racio-
nalismo é verdadeira fonte à teologia.

37
5
Requisitos para
Estudar Teologia
A teologia, por ser uma ciência espe­
cial que lida diretamente com valores eter­
nos, requer de seu estudante algumas ca­
racterísticas não exigidas por qualquer ou­
tra ciência.
1) A semelhança das demais ciências,
o estudo da teologia requer que o estudante
tenha íêito um bom curso secundário com­
pleto. a fim de que esteja intelectualmente
em condições de acompanhar os estudos
teológicos assimilando bem a terminologia
própria da matéria, que, de certo modo,
torna-se quase impossível àqueles que não
estejam intelectualmente à altura de per­
cebê-los. posto que todas as matérias do
curso teológico são bastante profundas,
39
exigindo do estudante mente bem esclare­
cida. que esteja acostumada a estudar coi­
sas profundas e assimilá-las.
2) A par dos conhecimentos constan­
tes do parágrafo anterior, o estudante de
teologia carece e deve conhecer o melhor
possível o hebraico e o grego coinê, línguas
em que foram escritos originalmente os li­
vros da Bíblia, em ordem de poder ler e
analisar com proveito o Antigo e o Novo
Testamento, o que lhe assegurará 100rr
mais de proveito em seus estudos teológi­
cos.
3) É indispensável que o estudante de
Teologia seja uma pessoa regenerada (SI
25.14) e cheia do Espírito Santo, porque
este é o autor da Bíblia, e só através de sua
iluminação é possível ao estudante de teo­
logia assimilar os conhecimentos que lhe
são necessários, e escapar de cair em erros
de interpretação, pois é o Espírito Santo
quem está incumbido, por Jesus, da mis­
são de nos conduzir ao conhecimento de
“toda a verdade” (Jo 16.7-15). Se o estu­
dante for guiado por Ele, nunca se confun­
dirá nem enveredará pelos caminhos erra­
dos das seitas, pois o Espírito Santo “pers-
cruta até mesmo as profundezas de Deus”
(1 Co 2.10).
4) Também é indispensável que o es­
tudante de teologia seja despido de vaida­
de pessoal, de pretensões descabidas, a fim
40
de submeter-se inteiramente à pesquisa e à
obtenção dos conhecimentos teológicos,
sem qualquer ostentação de grandeza de
conhecimentos, a fim de poder utilizar os
conhecimentos recebidos para glória de
Deus e edificação do próximo, sempre no
devido lugar e tempo propício.

41
6
A Existência de Deus
A teologia não se propõe provar a exis­
tência de Deus, ao contrário, baseada em
suas fontes, ela afirma a existência de
Deus como fato realizado, reconhecido, e
argumenta com a natureza, com a Bíblia,
com'a própria natureza e existência huma­
na e. mais particularmente, com a vida
preexistente, a encarnação, a vida física,
os feitos, a ressurreição e a ascensão de Je­
sus Cristo, com sua atuação no Universo
em favor do homem, “jamais deixando-se
sem testemunho de si mesmo para com o
homem” (At 14.15-17). tudo para eviden­
ciar. de um modo racional e lógico, a sua
existência ao homem.
O estudante de teologia, em sua pes­
quisa da verdade divirta, fatalmente se de-
43
parará com muitas-teorias humanas que o
poderão ajudar quando analisadas de acor­
do com as fontes e as regras da verdadeira
hermenêutica, porque, se não houver este
cuidado, tais teorias o conduzirão ao cami­
nho do erro por onde muitos descuidados
têm enveredado para sua própria perdição.
Ao se lhe depararem, portanto, tais
teorias, o estudante de teologia as deve
analisar fria e calmamente antes de firmar
qualquer ponto de vista pessoal; e, se por si
mesmo, com a ajuda dos livros, não puder
atingir o conhecimento lógico, indiscutível
sobre qualquer assunto controverso-
polêmico, deve ele ser bastante humilde
para recorrer por ajuda de seus professores,
que. por haverem passado pelo mesmo ca­
minho, devem estar em condições de aju­
dá-lo.
Outro fator indispensável na pesquisa
das verdades teológicas é ter o estudante
uma fé cristã convicta, capaz de resistir
aos embates do erro e vencê-los do modo
que eles se lhe apresentarem (Mt 7.24,25).
Analisaremos a seguir algumas teorias des­
sa natureza aqui aludidas.
1. O Argumento Cosmológico
“ Cosmológico” é a palavra grega for­
mada de “KOSM OS” - universo, e “LO-
GOS". discurso, e significa ciência do Uni­
verso. Kant. filósofo alemão do Século
44
XVIII, e princípio do Século XIX - 1724-
1804, é considerado pai do argumento cos-
mológico e conclui em seu arrazoado que o
Universo deve sua existência a uma causa
que é semelhante a ele em tamanho e efei­
to, e não prova que essa causa original haja
sido uma personalidade inteligente e cons­
ciente. embora reconhecida indefinida­
mente grande. Isto posto, tudo quanto este
argumento diz sobre Deus é que Ele é um
ser absoluto, sem lhe atribuir personalida­
de inteligente e consciente, etc.
2. Argumento Teleológico
“ Teleologia” vem do grego “TE-
LEIOS” - final, e “LOGOS” - discurso, e
significa ordem e desígnio da natureza em
suas causas finais. É a especulação que
tem em vista o conhecimento da finalida­
de, encarada de modo abstrato pela consi­
deração dos seres, quanto ao fim a que se
destinam. Por exemplo: “ A saúde é a cau­
sa final dos exercícios físicos e estes são a
causa eficiente da saúde”. É, portanto, a
ordem e o desígnio no sistema universal
que implicam inteligência ou o fim de ter
todas as coisas no Universo dispostas em
ordem e relação com o propósito final. Por­
tanto, o Universo, como tal, exige a exis­
tência de uma inteligência capaz de produ­
zir as coisas existentes e uma vontade ca­
paz e poderosa para dirigir e manter a or-
45
dem com vistas ao próprio desígnio e fina­
lidade úteis.

3. Argumento Antropológico
Do grego “ ANTRHOPOS”, homem e
“LOGOS”, discurso. Este argumento lida
com a natureza e capacidade mental e mo­
ral do homem. Em sua aplicação, ele é di­
vidido em três aspectos: a) natureza inte­
lectual; b) natureza moral, e c) natureza
emocional e volitiva do homem.
O homem é por natureza um ser inte­
lectual e não se pode admitir este fato sem
que admitamos sua autoria a outro ser
também intelectual que o idealizou e o
criou à sua semelhança. Ao mesmo tempo
a natureza moral do homem prova a exis­
tência de um ser moral em sentido muito
mais elevado, que o idealizou e lhe deu ori­
gem. E, igualmente, o homem, pelo senti­
mento emotivo, encontra em Deus o objeto
ideal de seu amor.
Como se observa, este argumento nos
leva à segurança da existência de Deus,
que governa com justiça e, ao mesmo tem ­
po. é o objeto idôneo de nossa adoração; é,
portanto, um argumento que, analisado
teologicamente, nos faz aproximar de
Deus, a saber, do Deus pessoal em que cre­
mos.
46
4. Argumento Ontológico
Do grego “ONTOS”, ser, e “LO-
(ÍOS”, discurso. Ê a teoria do ser e lida
com a metafísica, ou seja, com a doutrina
da essência das coisas primárias. Este ar­
gumento algumas vezes é usado para cor­
roborar a intuição racional da existência
de Deus. Há, porém, um grande perigo:
este argumento, ao invés de demonstrar
que Deus é uma personalidade espiritual,
tende a ensinar ser Ele uma existência, um
ser material...
De parceria com estes argumentos
com que o estudante de teologia se depara
em sua pesquisa teológica, há também al­
guns erros filosóficos em muita evidência,
com os quais deve ter muito cuidado, a fim
de sempre estabelecer a verdade conscien­
temente. Vejamos:
1) Panteísmo - do grego “PAN”, tudo
e “TH EOS”, Deus, que significa: Tudo é
Deus. Esta teoria identifica Deus como o
Universo e vice-versa. Entre os defensores
deste erro filosófico está o filósofo alemão
Hegel que afirma: “Deus não é um espírito
que existe além das estrelas; ele é um espí­
rito em todo espírito”, querendo dizer que
Deus é impessoal, inconsciente, que só se
expressa através do homem. Outro ardoro­
so defensor do panteísmo foi o filósofo ho­
landês Baruch Espinosa para quem Deus
deixa de ser uma pessoa para ser uma
47
substância constituída por uma infinidade
de atributos, dos quais só conhecemos
dois: o pensamento e o espaço, sendo o
mundo o conjunto desses dois atributos.
2. O Matenalismo - Este erro filosófi­
co dá primazia à matéria, em sua explica­
ção do Universo. Os átomos, as moléculas
materiais, constituem-se na última reali­
dade. Delas todas as coisas racionais ou ir­
racionais são meramente combinações m a­
nifestas. A força é. por seus defensores,
considerada a expressão peculiar da m até­
ria. Portanto, o Universo é apenas uma or­
ganização de átomos, e os valores espiri­
tuais e intelectuais são resultados dessa or­
ganização.
3. O Idealismo - Este erro filosófico,
de certo modo, tem influído em todos os
sistemas filosóficos modernos, posto que
Hegel lhe deu completo desenvolvimento
com sua idéia panteísta de Deus ser ape­
nas "um espírito em todo espírito” que a
mais de reger a personalidade consciente
de Deus afirma que ele só subsiste no ho­
mem. (A combinação do idealismo-
panteísmo é a essência da seita "Ciência
Cristã” e doutras semelhantes.)
4. O Existencialismo - Este constitui-
se duma -doutrina filosófica antiga, porém
muito em evidência atualmente, defendi­
da por filósofos ditos cristãos e por outros
ditos ateus. Esta filosofia afirma que o ho-
48
mem primeiramente teve existência me­
tafísica. porém criou-se a si mesmo e esco­
lheu-se a si próprio pela ação. Para o exis­
tencialista Sartre. o homem é compelido a
inventar os valores. A vida a priori, não
tem sentido. Antes de ser vivida, a vida
não é coisa alguma, é o homem que lhe dá
sentido, e o seu valor se confunde com esse
sentido. Para Kierkegaard, considerado o
pai da teoria existencialista, o pensador
existencial procura tornar-se o indivíduo,
único entre todos, extraordinário e excep­
cional. e. ao mesmo tempo, igual a todos os
outros. Síntese do singular e do universal,
o indivíduo é o verdadeiro existente para
concluir: “Quanto mais penso, menos sou.
e quanto menos penso, mais sou...”

49
7
A que se Propõe
a Teologia
A. A teologia se propõe demonstrar
que Deus. por um livre ato de sua soberana
vontade, resolveu revelar-se a si mesmo ao
homem. Aliás o vocábulo português “reve­
lação”. vem do grego "APOKALUPISIS”
que significa levantar o véu, descobrir algo
que está encoberto ou velado ao homem.
Aplicado ao conhecimento de Deus pelo
homem, evidencia algo impossível a ele
por esforços pessoais (Jo 15.16). devido à
infinitude de Deus e à finitude humana (Is
59.2).
Neste caso. Deus tomou a iniciativa
de revelar-se a si mesmo ao homem a be­
nefício deste. E verdade que Deus sempre
esteve revelado ao 'homem através de
51
meios naturais, palpáveis: a) mediante a
natureza terrena (Rm 1.18-21); b) através
da natureza celeste (SI 19.1-6), e c) através
dos fenômenos meteorológicos (At 14.15-
17), mas o homem fechou os olhos e os ou­
vidos a essas revelações de Deus e este, pa­
cientemente, revelou-se através da escrita
(Rm 3.1,2), revelação esta de modo multi-
fário, a fim de o homem não acusar inocên­
cia (Na 1.3), por não ser de seu gosto deter­
minado tipo de literatura. Assim, a revela­
ção escrita inclui em seu conteúdo disser­
tação, romance, poesia, conto, filosofia,
ciência, história, geografia, biografia, cos­
mogonia, leis, profecias, cartografia, etc.
de modo a ser a revelação escrita compara­
da por um pensador a “um caudal em que
o elefante pode nadar e o cordeiro va-
dear...”
Mesmo assim, conhecendo o homem
na intimidade (Jr 17.9,10; Jo 2.23-25),
Deus, em sua longanimidade e misericór­
dia (Lm 3.22,23), foi além, e revelou-se
PESSOALMENTE na pessoa de seu Filho
Unigênito (Jo 1.1-3,18; 10.30; 14.5-11). Ne­
le, em Jesus, temos o próprio Deus encar­
nado (Jo 1.1-3,14) e revelado ao homem
como homem; e, deste modo, está o ho­
mem, individualmente indesculpável de
sua ignorância de Deus.
B. Demonstrar que a Bíblia é toda ela
divinamente inspirada por Deus (2 Tm
52
3.16), e que suas profecias não são fruto da
imaginação humana e sim, resultado abso­
luto da inspiração do Espírito Santo (2 Pe
1.19-21). deixando, portanto, de ser pala­
vra humana para ser o que verdadeiramen­
te é: a Palavra de Deus (1 Ts 2.13).
Aliás, nós cremos na inspiração plena
da Bíblia, não apenas na inspiração dos
textos e sim das palavras (2 Pe 1.21), por­
que só deste modo ela pode preencher o fim
a que é por Deus destinada (Lc 24.27,44; Jo
5.39). Nós vamos além, afirmando nossa fé
na inspiração dos pensamentos dos escrito­
res sagrados (Mt 5.18; Jo 6.63; 1 Co 2.12) e
na própria redação do texto (Êx 37.2; Jr
1.7; Hc 2.2; At 21.5; 1 Co 14.32,37). A ins­
piração, de acordo com 2 Pe 1.21, onde, no
original, está o verbo “FEROMENAI” -
mover, tem duplo sentido: 1) mover de vez
em quando, como por força irresistível (Lc
23.26). e 2) ser dirigido segundo a vontade
de outrem (Jr 20.7-9; At 4.19,20; At 17.15-
17).
C. Demonstrar que Deus é espírito
pessoal (Jo 4.24), que se manifesta ao ho­
mem através da operação de seus atribu­
tos, que se dividem em dois grupos princi­
pais: a) atribu to s absolutos: auto-
existência, imutabilidade, unidade, perfei­
ção, verdade, amor, santidade, e b) atribu­
tos relativos: eternidade, onipotência,
53
onisciência, onipresença, misericórdia,
justiça, etc.
D. Demonstrar que, mesmo sendo
Uno. Deus se relaciona com o homem em
forma triúna: a) Pai; b) Filho, e c) Espírito
Santo, operando os três como personalida­
des distintas, em épocas distintas, porém
jamais dissociando-se no todo, porque, em
suma, é um só Deus.
E. Demonstrar a realidade da criação
original de todas as coisas conforme suas
próprias espécies, em contrário à idéia hu­
mana, ilógica e improvável da evolução na
espécie. Estudamos em nossas escolas a
teoria da evolução. Nossos mestres, quase
sempre, quando não são materialistas con­
fessos, são influenciados pela filosofia m a­
terialista que nega as realidades espiri­
tuais, e. portanto, negam a criação original
por Deus, deste modo se prestam à propa­
gação da teoria anticientífica darwiniana
da evolução das espécies, fazendo dela
uma “verdade” “sui generis”, inculcando-
a como histórica e científica, o que em ab­
soluto não puderam provar até agora, por­
que. de fato. a única e verdadeira cosmolo-
gia existente digna de fé. é a de Gênesis 1 e
2. A teoria da evolução não passa da mani­
festação do orgulho de homens rotulados
sábios, que não se preocupam com a verda­
deira pesquisa histórica e se conformam
com estórias criadas por mentes vazias de
54
Deus e cheias da vaidade e soberba hum a­
na. à semelhança de Darwin.
Gênesis é. de fato. o livro das origens
que permanece de pé. irrefutável até hoje:
“No princípio Deus” auto-existente, criou,
com base em si mesmo, com o poder que
lhe é inerente, o Universo, “no princípio”
indefinido... Criou céus e terra para serem
habitados (Is 45.18), possivelmente, “no
princípio” por anjos (Is 14.12-15; Ez 28.11-
17), sendo possível que a revolta e queda
de Lúcifer tenha causado o caos constante
de Gênesis 1.2 e. neste caso, Gênesis 1.3
em diante narra os eventos ocorridos nos
seis dias da criação, ou recriação (Gn 2.9),
e. desde aqui. Gênesis prossegue narrando
as origens das coisas e como elas vieram a
existir.
F. Demonstrar a realidade histórica e
verdadeira relativa ao homem, em contrá­
rio às teorias filosóficas da criação espon­
tânea, da evolução das espécies, do desen­
volvimento gradual, provando que, de fa­
to. o homem foi feito originalmente a im a­
gem e semelhança de Deus (Gn 1.26). Deus
criou o homem original um ser com as se­
guintes características: 1) adulto (Gn 2.7-
14); 2) responsável (Gn 2.15-17): 3) cons­
ciente (Gn 2.19.20): 4) sábio (Gn
2.18.22.23).
O homem falhou conscientemente, re­
belando-se contra o pacto feito com Deus
(Gn 2.15-17; 3.1-6), e, deste modo, caiu da
graça de Deus, pecou (Gn 3.7-10), motivo
por que foi julgado e condenado a sofrer as
conseqüências do seu erro (Gn 3.17-19), e
todo o conjunto de desditas que a humani­
dade sofre na terra é conseqüência da que­
da do homem original (Rm 5.12).
G. Demonstrar a realidade triste e ob­
jetiva do pecado que tornou o homem o ser
sofredor que é na presente existência e o
será eternamente se não encontrar o meio
legítimo de se libertar do pecado enquanto
nesta vida, em contradição às várias teo­
rias humanas que procuram inocentar o
homem da culpa do pecado, deixando-o
vítima dele, em hipotética impunidade.
O pecado é uma realidade triste, hu­
milhante, vexatória e universal (Pv 14.34;
Rm 3.10-18,23).
A Bíblia considera a existência de dois
princípios morais: a) o pecado, conseqüên-
te da transgressão do primeiro homem do
pacto que Deus com ele estabelecera (Gn
2.17); b) a santidade que Deus outorga ao
homem mediante sua rendição incondicio­
nal, pela fé ao novo pacto que Ele outorga
ao homem através do segundo Adão Cristo
Jesus (Jo 1.12; 6.39,40; 1 Co 15.45).
Conforme a Bíblia, todos os requisitos
ou características morais podem ser classi­
ficados sob estes dois princípios capitais.
Pecado é moralmente tudo aquilo que se-
56
para o homem do seu Criador - Deus, e o
faz escravo da carne e suas concupiscên-
cias (Gn 3.6; Rm 7.14; 1 Jo 2.17).
Também conforme a Bíblia, Deus tor­
na participante da santidade todo o peca­
dor que aceita por fé o pacto redentor em
Cristo Jesus (1 Ts 4.3,7; Hb 12.10).
H. Demonstrar o plano redentor insti­
tuído por Deus em favor do homem me­
diante a pessoa e obra de Jesus Cristo, com
base no amor e na justiça divina, em con­
trário às filosofias humanas que idealizam
diferentes sistemas redentivos.
O plano redentor de Deus em favor do
homem vem desde a eternidade (Ap 13.8).
Foi anunciado a Adão (Gn 3.15), a Abraão
(Gn 12.1-3), a Isaque (Gn 26.4), a Jacó (Gn
28.14). Este descendente é Cristo Jesus (G1
3.15.16; Jo 1.29).
O sistema da redenção foi instituído
por Deus (Gn 3.21) - vida por vida - (Lv
17.10,11; Hb 9.22). Nunca houve, não há,
nem haverá outro meio legítimo de reden­
ção (At 4.12; G1 4.4). Esse meio pode ser
rejeitado (Gn 4.3; Lc 23.39), e pode ser
aceito (Gn 4.4,5; Lc 23.40-43).
I. Demonstrar que o homem carece,
pode e deve regenerar-se e que Deus esta­
belece as condições e os meios através dos
quais possibilita ao homem a regeneração.
J. Demonstrar que Deus instituiu no
mundo uma agência - a Igreja, que está de
57
portas abertas 24 horas ao dia, o ano intei­
ro. para indicar ao homem o caminho certo
à obtenção de todas as coisas possíveis de
serem obtidas da parte de Deus neste lado
da existência.
A Igreja foi estabelecida por Cristo
(Mt 16.18) com a finalidade exclusiva de
instruir o homem no caminho dos céus (Mt
28.18-20). Ela é, portanto, um farol jorran­
do luz nas trevas do mundo (Mt 5.14-16;
7.13,14). Todo homem que atende ao sinal
segue o rumo certo (Jo 6.28,29, 37-40), é
salvo (Jo 10.9) e está seguro para a eterni­
dade (Jo 10.27-30).
L. Demonstrar, em contrário às idéias
filosóficas humanas, que, das coisas exis­
tentes sobre a terra, nos mares e no espaço,
a única coisa eterna é o homem, e que a
eternidade para este pode ser de felicidade
ou de infelicidade, conforme sua preferên­
cia e livre escolha pessoal nesta vida. Sim,
em contrário a filosofia humanística que
afirma tudo acabar-se com a morte do cor­
po. ensina a teologia que o homem, à seme­
lhança de seu Criador, é um ser eterno, e,
como tal, existirá eternamente do modo
que voluntariamente escolher:
a) em tormento, separado de Deus, no
“inferno preparado para o diabo e seus an­
jos” (Mt 25.41,46; Mc 9.42-48; Ap 20.7-15).
b) em glória eterna (Mt 25.34,46; Jo
17.22; 2 Co 4.17; Fp 4.19; Ap 21.1-7).
58
Cremos que notastes, por este estudo,
que nós que vô-lo ministramos, cremos em
Deus de acordo com o que a seu respeito
nos ensina a Bíblia Sagrada. E é o que cre­
mos que vos ensinamos, na esperança de
que também creiáis à nossa semelhança,
neste tempo de dúvida e apostasia da fé
cristã verdadeiramente bíblica, no qual vi­
vemos. Amém.

59
Obras consultadas
1.A Theology of the New Testament,
G.E. Ladd
2. Conhecendo as doutrinas da Bíblia,
M. Perlman
3. Introduccion a 1^ Teologia Sistemati-
ca, G.H. Lacy
4. Systematic Theology, Strong
õ. Teologia Sistemática, C. Berkhof
(i. Teologia Sistemática, Chafer
7. The Great Douctrines of the Bible,
Evans

61
T e o l o g ia , d o g r e g o “ T h e o s ” - Deus.e
g o s ” - discurso, é a c i ê n c i a q u e f a l a s o r v :
C r ia d o r e s u a s r e la ç õ e s c o m o Universo, e es­
tá a c im a d a s d e m a is , p o r q u e , e n ç u a r : : es­
ta s s e o c u p a m d a s c o is a s te m p o r a is , ela se
d e d ic a , e m e s p e c ia l, d s e te r n a s . D ife r e z z F i­
i ise aos
lo s o f ia , d e c e r t o m o d o , p o i s , e m b o r a
m e s m o s o b j e t i v o s , e m p r e g a m e i o s d is r .* i:o ?
p a r a a tin g i-lo s . A m b a s p r o c u r a m c o m p r u m -
d e r o m u n d o e a v id a , m a s , e n q u a n to c p r i ­
m e i r a c r ê e m u m D e u s p e s s o a l e a f i r m a ser
E le a c a u s a o r ig in a l d e tu d o , e x c e to o p e c a ­
d o , a s e g u n d a a tr ib u i u m a a u to -e x is tê n c ia z
t o d a s a s c o is a s . É o q u e o l e i t o r d e s c o b r i r á n a
l e i t u r a d e s t a Introdução à Teologia. e s c r : : z
e m lin g u a g e m b a s ta n te a c e s s ív e l.

Alcebíades Pereira Vasconcelos


M i n is tr o d o E v a n g e lh o , p r e s i d e n te d a M e s a D ir e ­
to r a d a C G A D B (tr iê n io 8 7 /8 9 ), a r ti c u l i s t a d o s
p e r ió d ic o s d a C P A D , a u t o r d o s liv r o s Atualidade
da promessa e Cartas às 7 Igrejas da Ásia.

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