Você está na página 1de 4

História Geral.

Tema: Reforma Religiosa (Reforma Protestante e Contrarreforma católica).


prof. Bruno P. Terlizzi

Problematização:
• Aquilo que acreditamos influencia nossas ações no mundo? Por quê?
• Quais áreas da vida de uma pessoa a religião pode influenciar? Por quê?
• O que desperta, na sua opinião, um sentido de mudança?

Características gerais.
• fenômeno histórico fundamentalmente teológico com impactos e reverberações
políticas, econômicas e culturais.
• ruptura da unidade da cristandade ocidental sob o domínio e hegemonia da Igreja
Católica Romana.
• evento histórico influenciado direta e indiretamente por outros acontecimentos como o
Humanismo e o Renascimento Cultural.
• renovação das práticas religiosas; defesa e pregação de uma vida religiosa mais
disciplinada.
• três princípios reformistas fundamentais:
1. solifideísmo: justificação/salvação pela fé;
2. sacerdócio universal: contato direto do fiel com a figura de Deus;
3. infalibilidade bíblica: a Bíblia como única regra de fé.

Conceitos centrais da religião cristã.


• Deus Criador (onipotente, onisciente, onipresente)
• homem e mulher como o ápice/máximo da criação.
• pecado e culpa = miséria e perdição (xeol = “inferno”).
• atributos divinos = justiça e amor.
• perdão e fé = salvação e redenção (paraíso = “reino de Deus”)
• mediador do processo de salvação = fé + Jesus Cristo (expiação dos pecados e
salvação).

Contexto e antecedentes históricos.


a) questões teológicas e morais.
• desmoralização do clero; distância entre aquilo que se pregava e aquilo que se fazia.
• abusos nas cobranças de impostos (dízimos); acúmulo de poder político e econômico
em comparação com a pobreza material da população em geral.
• comércio de bens eclesiásticos (simonia).
• venda de cargos eclesiásticos à nobreza, privilégios e corrupção entre o alto clero.
• prática corrente da venda de Indulgências: cédulas que garantiam o “perdão” papal.
• movimentos místicos de livre prática e interpretação do Cristianismo, atrelada ao reforço
de valores morais como a prática da pobreza e vida em comunidade (devotio moderna).

1
b) questões políticas, econômicas e sociais.
• relacionamento tenso entre monarcas (reis) e a Igreja - ingerência política do papado.
• processo de formação do Estado moderno e a concentração de poder nas mãos do rei.
• fortalecimento da burguesia e as limitações dos ensinamentos morais da Igreja; ex: a
usura, a cobrança de juros e a noção de “justo preço”.
• revoltas populares: questionamento sobre a concentração de riquezas por parte da
Igreja.
“Formas” da Reforma.
a) Reforma Luterana: região do Sacro-Império Romano Germânico (Alemanha).
b) Reforma Calvinista: região da Suíça, sul da França e Países Baixos.
c) Reforma Anglicana: região da Inglaterra.
d) Contra-Reforma Católica: região de hegemonia católica.
a) Reforma Luterana.
Contexto.
• região do Sacro Império Romano-Germânico: poder político dividido e maior domínio da
Igreja.
Caraterísticas.
• Lutero vivia atormentado com a teoria do pecado original e não acreditava na
possibilidade da redenção humana apenas por suas próprias forças.
• movimento de cunho eminentemente teológico baseado em três princípios fundamentais
• 1. solifideísmo: justificação/salvação pela fé;
• 2. sacerdócio universal: contato direto do fiel com a figura de Deus;
• 3. infalibilidade bíblica: a Bíblia como única regra de fé.
• incorporação das idéias de Lutero pela nobreza alemã - apropriação política do
movimento religioso-reformista.
Fatos e sucessões históricas da reforma luterana.
• a partir de 1513: início de uma intensa política de venda de indulgências na região do
Sacro Império romano-germânico.
• 1517-1520: Lutero afixa as 95 teses na porta da catedral de Wittenberg; e o Papa Leão
X declara as “95 teses” heréticas: Lutero rasga a bula papal e é excomungado.
• 1521-1525: a Dieta de Worms: Lutero mantém sua posição e suas interpretações;
obtenção de refúgio entre alguns príncipes alemães; ex. Federico da Baviera.
• 1525-1555: contexto de guerras generalizadas entre principados católicos e principados
luteranos.
• em 1555: assinatura do tratado de paz de Augsburg - “o monarca decidirá a
religião” (cujus regio, ejus religio).
obs: desdobramentos sociais: o movimento dos Anabatistas (1522-1525).
• radicalização do movimento de ruptura com a Igreja, liderada pelo ex-padre luterano
Thomas Müntzer.
• participação maciça de pobres e camponeses que, além de reivindicações teológicas,
demandavam reformas sociais: apropriação de bens e terras da Igreja, abolição dos
dízimos e das relações de servidão.
• consequente condenação por parte de Lutero e repressão encabeçada pelos príncipes
alemães.
2
b) Reforma Calvinista:
Contexto.
• região do sul da França, mas principalmente na região dos alpes suíços e Países
Baixos.
• organização de um modelo político-religioso baseado em “cidade-igreja”: rígido controle
moral por parte das autoridades locais sobre a vida cotidiana dos indivíduos.
Caraterísticas.
• processo de expansão do protestantismo a partir das idéias do francês João Calvino
(1509-1564), presentes no livro Institutas da Religião Cristã.
• concorda-se com o princípio luterano da justificação pela fé, mas acrescenta-se a
teologia da predestinação:
a) Deus em sua onisciência já sabe quem são os salvos e os perdidos;
b) para identificar o sinal da graça, o fiel deve seguir uma rígida disciplina moral que
enfatiza o trabalho e a contenção dos prazeres mundanos (sexo, comida, ostentação etc)
c) valorização do trabalho como promotor de retidão e visão positiva sobre a riqueza e o
acúmulo de bens.
obs: o calvinismo e o "espírito do capitalismo".
• grande aceitação da doutrina calvinista por parte da burguesia mercantil.
• a prática moral da contenção de gastos, o hábito de fazer poupança, e o acúmulo e
produção de riquezas são práticas que favorecem o desenvolvimento das atividades e
estruturas capitalistas.
• segundo o sociólogo alemão Max Weber, os hábitos morais dos calvinistas traz em si o
ethos capitalista.

c) Reforma Anglicana: “maior dimensão política”.


Contexto.
• Inglaterra do séc. XVI; contexto da afirmação do poder absoluto dos monarcas ingleses
sob a dinastia Tudor.
• figura central de Henrique VIII (1509-1547): questões de ordem conjugal e de sucessão
do trono.
• consolidação da Igreja Anglicana durante o reinado da rainha Elizabeth I.
obs: a instauração do Ato de Supremacia e a criação da Igreja Anglicana, juntamente com
o confisco dos bens e propriedades da Igreja na Inglaterra e consequente distribuição de
seus bens entre a nobreza inglesa, fortaleceu o apoio ao poder absolutista da dinastia
Tudor.

d) Reforma Católica ou Contra-Reforma.


Contexto
• expansão do protestantismo por toda a Europa Ocidental; tentativas de moralizar o clero
e garantir a preservação dos fiéis católicos sob o domínio da Igreja de Roma.
• a partir de 1542: organização do Concílio de Trento (1545-1563) - participação de
católicos e protestantes.
Medidas e decisões a partir do Concílio de Trento.
• reafirmação dos dogmas e da doutrina católica:

3
a) a eucaristia e a transformação do pão em carne;
b) salvação como expressão das obras;
c) adoração de santos como forma de inspiração e prática de fé.
d) manutenção do princípio da infalibilidade papal.
• medidas práticas da contrarreforma católica:
• fim da venda de indulgências e de cargos eclesiásticos.
• criação do index librorum prohibitorum: lista de livros proibidos.
• organização do Tribunal do Santo Ofício - a inquisição.
• tribunal da fé católica e verificador da doutrina e da teologia católica.
• alvos do tribunal do Santo Ofício: hereges, protestante e cristãos-novos (judeus).
• uso considerável de práticas de tortura para a “confissão dos pecados".
• concessão de poderes aos reais católicos de perseguir e executar os considerados
hereges.
• criação dos autos-de-fé: punição exemplar diante da comunidade dos “criminosos” e
hereges.
• reorganização e criação de novas ordens religiosas, como a Companhia de Jesus
(jesuítas).
obs: a Cia. de Jesus e a atuação dos jesuítas.
• ordem fundada por um ex-militar espanhol católico fervoroso: santo Inácio de Loyola.
• ordem jesuíta como ordem-modelo da ação católica contrarreformista.
• profundo caráter missionário e de compromisso com a expansão da fé católica.
• atuação em diferentes pontos do mundo, da América ibérica (presença maciça de
jesuítas entre os indígenas nativos "brasileiros") até a China e o Japão.

Balanço da Reforma Religiosa (Protestante e Católica).


• novas concepções teológicas das religiões cristãs protestantes contribuíram para
ruptura da unidade da cristandade ocidental.
• as práticas e hábitos morais de algumas religiões protestantes, como o calvinismo,
contribuíram notoriamente para a consolidação do "espírito do capitalismo",
principalmente nos Países Baixos, Suíça e Inglaterra.
• as reformas religiosas abriram caminho para o fortalecimento de reis e suas monarquias
absolutistas como formas de apaziguar ou reprimir os conflitos entre católicos e
protestantes.

Você também pode gostar