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algumas pessoas haviam sido eleitas por Deus para a salvação. Não cabia a ninguém interferir no plano das
coisas divinas. O trabalho intenso, honesto e constante, recompensado pela prosperidade econômica, foi
interpretado pelos seguidores de Calvino como um “sinal” da predestinação para a salvação. Além disso, o
calvinismo condenava o desperdício e pregava a legitimidade do lucro proveniente do trabalho. Assim, as ideias
calvinistas acabaram servindo aos interesses da burguesia, que identificava no sucesso das práticas econômicas
algo merecedor da aprovação divina. O calvinismo espalhou-se por diversas regiões da Europa Ocidental, como
França, Inglaterra, Escócia e Holanda, dando origem a várias correntes locais, como a dos huguenotes, a dos
puritanos e a dos presbiterianos.
Uma igreja nacional na Inglaterra A reforma religiosa promovida na Inglaterra nesse período,
chamada de Reforma Anglicana, teve características distintas das reformas Luterana e Calvinista. Sem
motivações prioritariamente éticas ou doutrinárias, não constituiu um rompimento teológico radical com o
cristianismo católico, como nas reformas mencionadas anteriormente. O principal articulador dessa reforma,
Henrique VIII (rei da Inglaterra de 1509 a 1547), era um fiel aliado do papa, tendo recebido o título de
“defensor da fé”. Entretanto, uma série de questões o levou a romper com a Igreja Católica e fundar uma Igreja
nacional na Inglaterra: a Igreja Anglicana. Vejamos alguns dos principais motivos para essa ruptura:
• poder político – o clero católico exercia grande influência na Inglaterra; para fortalecer o poder da monarquia
inglesa, era preciso reduzir a influência do papa dentro do país;
• poder econômico – a Igreja era proprietária de muitas terras e monopolizava o comércio de “relíquias
sagradas”.
Setores da nobreza inglesa queriam apossar- -se das terras e dos bens da Igreja; para isso, era preciso
apoiar o rei, a fim de enfraquecer o poder das autoridades católicas; • anulação do casamento – além desse
quadro geral, Henrique VIII teve negado pelo papa o pedido de anulação do seu casamento com Catarina de
Aragão. Ao ser desencadeada na Inglaterra pelo rei Henrique VIII (1509-1547), essa reforma deu a ele
vantagens políticas. O pretexto do monarca inglês para romper com o papa foi a recusa da Igreja em anular seu
casamento com Catarina de Aragão (com quem não tivera nenhum filho homem para sucedê-lo no trono), já
que Henrique havia decidido casar-se com Ana Bolena, uma dama da corte. O rei, então, proclamou-se chefe da
Igreja inglesa e, em 1534, publicou o Ato de Supremacia, criando a Igreja anglicana. Excomungado pelo papa,
reagiu, confiscando os bens dos membros da Igreja distribuídos pelo reino. Inicialmente, a Igreja na Inglaterra
permaneceu muito semelhante à Igreja católica na doutrina e no cerimonial. A desaprovação às medidas do
soberano inglês acabou provocando a decapitação do famoso humanista inglês Tomas Morus, que negava
reconhecer a autoridade religiosa de Henrique VIII. Apenas com Elizabeth I, filha de Ana Bolena e Henrique
VIII, é que a Igreja anglicana se consolidaria como uma religião de doutrina protestante ministrada em língua
inglesa. Também foram incorporados muitos princípios calvinistas, mas compostos com fundamentos católicos,
como o culto e a estrutura eclesiástica, porém com a negação da autoridade papal e a valorização da
justificação pela fé e pregação.