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COLÉGIO ESTADUAL DA POLÍCIA MILITAR DE GOIÁS – HUGO DE CARVALHO RAMOS


TEXTO
ANO 2023 TEXTO
Série Turma: Turno
2 anos E. Médio ABCD E Mat
Professor: PATRICIA Disciplina: HIST
Aluno (a): Nº
REFORMA PROTESTANTE
Data: / /
LUTERANISMO: Rompimento com a Igreja Católica Entre 1511 e 1513, Lutero aprofundou-se nos
estudos religiosos e amadureceu suas ideias teológicas. Em uma das epístolas do apóstolo Paulo (que fazem
parte do Novo Testamento bíblico), encontrou passagens que lhe pareceram fundamentais, como “Aquele que é
justo pela fé viverá”. “De fato, nós estimamos que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras
da lei” .Ao interpretar essa mensagem, Lutero concluiu que o ser humano, corrompido em razão do “pecado
original”, só poderia salvar-se pela fé em Deus. Assim, a fé em Deus, e não as obras humanas, seria o único
instrumento de salvação, graças à misericórdia divina. Depois de um período de tensões, em 1517 Lutero deu o
passo decisivo que provocaria seu rompimento com a Igreja Católica.
Com o objetivo de arrecadar dinheiro para a construção da Basílica de São Pedro, o papa Leão X autorizou
a concessão de indulgências aos fiéis que contribuíssem financeiramente com a obra. Escandalizado com a
atitude do papa, Lutero afixou na porta da igreja de Wittenberg (cidade da atual Alemanha) um manifesto
público, as 95 teses, em que protestava contra essa medida e expunha alguns elementos de sua concepção
religiosa. Leia algumas das teses de Lutero, escritas em 1517:
– Estão errados os pregadores de indulgências que dizem que um homem é libertado e salvo de todo castigo
dos pecados pelas indulgências papais.
– Eles pregam que a alma voa para fora do purgatório tão logo tilinte o dinheiro jogado na caixa.
– Os cristãos deveriam aprender que todo aquele que vê um homem necessitado e não o socorre, e depois dá
dinheiro para perdões, não está comprando para si a indulgência do papa, mas a cólera de Deus.
Esse foi o início de uma longa discussão entre Lutero e as autoridades católicas, que culminou com a
sua excomunhão, em 1521. Para demonstrar seu desprezo pela Igreja Católica, Lutero queimou em praça
pública a bula papal que o condenava. Doutrina luterana Depois da excomunhão, Lutero passou a divulgar sua
doutrina religiosa pelo norte da Europa, com o apoio de diversos membros da nobreza e da alta burguesia. Entre
os principais pontos de sua doutrina, firmados na Confissão de Augsburgo (1530), destacavam-se:
Excomunhão: expulsão da Igreja. Bula: escrito solene, ou carta, enviado em nome do papa com instruções,
indulgências, ordens, concessão de benefícios. As Escrituras Sagradas como único caminho para a fé cristã;
• a fé cristã como único caminho para a salvação eterna.
Além disso, o luteranismo não aceitava o culto dos santos, promovido pelos católicos, a adoração de
imagens religiosas e a autoridade do papa. Em vez dos sete sacramentos católicos, só reconhecia validade
bíblica em dois deles: o batismo e a eucaristia. Após a excomunhão, Lutero foi perseguido pelas autoridades
católicas, que, entretanto, não conseguiram impedir a difusão de sua doutrina. Em 1521, Lutero refugiou-se no
Castelo de Wartburg, do príncipe alemão Frederico, seu amigo e protetor, onde iniciou a tradução da Bíblia
para o alemão, a partir de originais gregos. O exemplo de Martinho Lutero foi seguido, nas regiões de língua
francesa, por João Calvino (1509- -1564), que liderou o movimento conhecido como Reforma Calvinista.
Nascido em Noyon, na França, Calvino estudou Teologia e Direito. Aderindo às ideias de
reformadores protestantes, como Lutero e o suíço Zwinglio (1484- -1531), foi considerado herege e perseguido
pelas autoridades católicas francesas. Em 1534, fugiu para a Suíça, onde o movimento reformista já se
desenvolvia. Ética calvinista . De 1541 a 1564, Calvino governou a cidade suíça de Genebra, submetendo seus
moradores a um governo que mesclava política e religião e impondo à população um sistema moral
considerado, por vezes, severo. Entre as condutas e as práticas censuradas pelo calvinismo, estavam os jogos de
azar, o culto às imagens de santos, a dança e o uso de roupas luxuosas e joias. Quem descumprisse as normas
ou se rebelasse contra a doutrina era duramente punido. Alguns chegaram a ser condenados à morte, como o
médico e teólogo espanhol Miguel de Servet (1511-1553). Ele descreveu, pioneiramente, o funcionamento da
circulação do sangue nos pulmões ao desenvolver seus estudos sobre o corpo humano por meio da dissecação
de cadáveres. Por essa prática — e também por suas ideias religiosas — foi criticado e perseguido pelas
autoridades cristãs (católicas e protestantes). Preso em Genebra, Servet foi queimado vivo por ordem do
governo calvinista. Doutrina da predestinação .Em 1536, Calvino publicou sua principal obra, Instituição da
religião cristã, na qual defendia que o ser humano estava predestinado ao céu ou ao inferno. Explicava que

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algumas pessoas haviam sido eleitas por Deus para a salvação. Não cabia a ninguém interferir no plano das
coisas divinas. O trabalho intenso, honesto e constante, recompensado pela prosperidade econômica, foi
interpretado pelos seguidores de Calvino como um “sinal” da predestinação para a salvação. Além disso, o
calvinismo condenava o desperdício e pregava a legitimidade do lucro proveniente do trabalho. Assim, as ideias
calvinistas acabaram servindo aos interesses da burguesia, que identificava no sucesso das práticas econômicas
algo merecedor da aprovação divina. O calvinismo espalhou-se por diversas regiões da Europa Ocidental, como
França, Inglaterra, Escócia e Holanda, dando origem a várias correntes locais, como a dos huguenotes, a dos
puritanos e a dos presbiterianos.
Uma igreja nacional na Inglaterra A reforma religiosa promovida na Inglaterra nesse período,
chamada de Reforma Anglicana, teve características distintas das reformas Luterana e Calvinista. Sem
motivações prioritariamente éticas ou doutrinárias, não constituiu um rompimento teológico radical com o
cristianismo católico, como nas reformas mencionadas anteriormente. O principal articulador dessa reforma,
Henrique VIII (rei da Inglaterra de 1509 a 1547), era um fiel aliado do papa, tendo recebido o título de
“defensor da fé”. Entretanto, uma série de questões o levou a romper com a Igreja Católica e fundar uma Igreja
nacional na Inglaterra: a Igreja Anglicana. Vejamos alguns dos principais motivos para essa ruptura:
• poder político – o clero católico exercia grande influência na Inglaterra; para fortalecer o poder da monarquia
inglesa, era preciso reduzir a influência do papa dentro do país;
• poder econômico – a Igreja era proprietária de muitas terras e monopolizava o comércio de “relíquias
sagradas”.
Setores da nobreza inglesa queriam apossar- -se das terras e dos bens da Igreja; para isso, era preciso
apoiar o rei, a fim de enfraquecer o poder das autoridades católicas; • anulação do casamento – além desse
quadro geral, Henrique VIII teve negado pelo papa o pedido de anulação do seu casamento com Catarina de
Aragão. Ao ser desencadeada na Inglaterra pelo rei Henrique VIII (1509-1547), essa reforma deu a ele
vantagens políticas. O pretexto do monarca inglês para romper com o papa foi a recusa da Igreja em anular seu
casamento com Catarina de Aragão (com quem não tivera nenhum filho homem para sucedê-lo no trono), já
que Henrique havia decidido casar-se com Ana Bolena, uma dama da corte. O rei, então, proclamou-se chefe da
Igreja inglesa e, em 1534, publicou o Ato de Supremacia, criando a Igreja anglicana. Excomungado pelo papa,
reagiu, confiscando os bens dos membros da Igreja distribuídos pelo reino. Inicialmente, a Igreja na Inglaterra
permaneceu muito semelhante à Igreja católica na doutrina e no cerimonial. A desaprovação às medidas do
soberano inglês acabou provocando a decapitação do famoso humanista inglês Tomas Morus, que negava
reconhecer a autoridade religiosa de Henrique VIII. Apenas com Elizabeth I, filha de Ana Bolena e Henrique
VIII, é que a Igreja anglicana se consolidaria como uma religião de doutrina protestante ministrada em língua
inglesa. Também foram incorporados muitos princípios calvinistas, mas compostos com fundamentos católicos,
como o culto e a estrutura eclesiástica, porém com a negação da autoridade papal e a valorização da
justificação pela fé e pregação.

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