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REALIDADE BRASILEIRA

Realidade Brasileira – Parte I

Livro Eletrônico
Presidente: Gabriel Granjeiro
Vice-Presidente: Rodrigo Calado
Diretor Pedagógico: Erico Teixeira
Diretora de Produção Educacional: Vivian Higashi
Gerência de Produção de Conteúdo: Magno Coimbra
Coordenadora Pedagógica: Élica Lopes

Todo o material desta apostila (incluídos textos e imagens) está protegido por direitos autorais
do Gran. Será proibida toda forma de plágio, cópia, reprodução ou qualquer outra forma de
uso, não autorizada expressamente, seja ela onerosa ou não, sujeitando-se o transgressor às
penalidades previstas civil e criminalmente.

CÓDIGO:
240112516553

DANIEL VASCONCELLOS

Daniel Vasconcellos é pós-graduado em Docência do Ensino Superior pela Faculdade


Darwin (2013). Graduado em História pelo Centro Universitário de Patos de Minas
- UNIPAM (2003). Possui mais de 15 anos de experiência em docência nas áreas de
História, Filosofia, Sociologia, Geografia e Metodologia Científica, no Ensino Médio,
Superior e em preparatório para vestibulares e concursos. Atua como professor
concursado da Secretaria de Estado da Educação do Distrito Federal.

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Realidade Brasileira
Realidade Brasileira – Parte I
Daniel Vasconcellos

SUMÁRIO
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
Realidade Brasileira - Parte I. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1. Formação do Brasil Contemporâneo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.1. Da Independência à República. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.2. Primeira República: Elite Agrária e a Política da Economia Cafeeira . . . . . . . 42
1.3. O Estado Getulista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
1.4. Democracia e Rupturas Democráticas na Segunda Metade do Século XX. . . 77
1.5 A Redemocratização e a Busca pela Estabilidade Econômica. . . . . . . . . . . . . 112
Resumo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126
Mapas Mentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132
Questões de Concurso. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136
Gabarito. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
Gabarito Comentado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152

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Daniel Vasconcellos

APRESENTAÇÃO
Olá, querido(a)! Seja muito bem-vindo (a).
Chegou mais uma oportunidade para conquistar o cargo que sonha. E olha, que
oportunidade! Sabe que falo do Concurso Nacional Unificado, o “concurso dos concursos”.
Sem perder tempo, porque sei da sua urgência, falemos um pouco sobre o Conteúdo
de Realidade Brasileira elencado no edital pela Fundação CESGRANRIO, conteúdo que
trabalharemos em três aulas:

Aula I:
1 Formação do Brasil contemporâneo: 1.1 Da independência à República. 1.2 Primeira República:
elite agrária e a política da economia cafeeira. 1.3 O Estado Getulista. 1.4 Democracia e
rupturas democráticas na segunda metade do século XX; 1.5 A redemocratização e a busca
pela estabilidade econômica.
Aula II:
2 História dos negros no Brasil: luta antirracista, conquistas legais e desafios atuais. 3 História
dos povos indígenas do Brasil: luta por direitos e desafios atuais. 4 Dinâmica social no Brasil:
estratificação, desigualdade e exclusão social. 5 Manifestações culturais, movimentos sociais
e garantia de diretos das minorias. 6 Desenvolvimento econômico, concentração da renda e
riqueza. 15 Estado Democrático de Direito: a Constituição de 1988 e a afirmação da cidadania.
Aula III:
7 Desenvolvimento sustentável e meio ambiente. 8 Biomas brasileiros: uso racional, conservação
e recuperação. 9 Matriz energética: fontes renováveis e não renováveis; mudança climática;
transição energética. 10 População: estrutura, composição e dinâmica. 11 Desenvolvimento
urbano brasileiro: redes urbanas; metropolização; crescimento das cidades e problemas urbanos.
12 Infraestrutura urbana e segregação socioespacial. 13 Desenvolvimento rural brasileiro:
estrutura e concentração fundiária; sistemas produtivos e relação de trabalho no campo. 14 A
inserção do Brasil no sistema internacional.

Eis o primeiro “bizú”:

DICA
No conteúdo do edital que separei para essa primeira aula,
o foco da banca é na evolução da organização política,
na construção da cidadania, com grande enfoque na
Democracia. Para tanto, os aspectos econômicos e sociais
serão o contexto utilizado pelos examinadores para avaliar
suas habilidades e competências acerca destas temáticas.
Insisto: é muito importante que você saiba caracterizar as
formas de participação política e os percalços da evolução
democrática.

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A segunda aula terá foco nas desigualdades sociais, nas minorias e em movimentos
sociais. Note, inclusive, que o tópico “15” foi listado na segunda aula porque, didaticamente,
o Estado Democrático de Direito se relaciona melhor com essas temáticas. A terceira aula,
abordará o os aspectos geográficos listados pela CESGRANRIO: desenvolvimento sustentável,
demografia, urbanização, estrutura agrária e inserção do Brasil no sistema internacional.
No decorrer desta aula, acaso tenha alguma dúvida ou mesmo queira comentar algo,
me chame no Fórum. Prometo responder o mais rápido. Sei que dúvidas não resolvidas nos
deixam ansiosos.
Antes de seguirmos, peço que avalie nossas aulas. Seu feedback é muito importante
para que, aqui no GRAN, continuemos produzindo materiais que realmente lhe auxiliem na
conquista de sua independência financeira!

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REALIDADE BRASILEIRA - PARTE I

1. FORMAÇÃO DO BRASIL CONTEMPORÂNEO


Estimado(a), a formação do Brasil é marcada por uma série de eventos que moldaram
a identidade e a trajetória do país ao longo dos séculos XIX, XX e início do XXI. Com a
Proclamação da Independência, o Brasil deixou de ser uma colônia portuguesa e buscou
consolidar sua soberania. No entanto, a manutenção de estruturas sociais e econômicas
baseadas na escravidão impôs desafios significativos à construção de uma nação livre e justa.
O século XIX viu a expansão territorial do Brasil, com conflitos como a Guerra do Paraguai
e a Abolição da Escravatura em 1888, marcando uma transição crucial para a sociedade
brasileira. A chegada da República, em 1889, trouxe consigo mudanças políticas e sociais,
mas também instabilidade e conflitos, evidenciados pela Revolução de 1930 e a ascensão de
Getúlio Vargas ao poder, inaugurando uma nova fase na formação do Brasil contemporâneo.
A Era Vargas foi caracterizada por medidas modernizadoras, industrialização e políticas
sociais, mas também por um governo autoritário. O período democrático subsequente
foi interrompido pelo golpe militar de 1964, levando a décadas de regime autoritário. A
transição para a democracia, nos anos 1980, marcou um capítulo significativo, culminando
na promulgação da Constituição de 1988. A partir desse momento, o Brasil contemporâneo
enfrentou desafios como a estabilização econômica, a inclusão social e questões ambientais.
No século XXI, o Brasil emergiu como uma potência econômica global, mas também
enfrentou desafios persistentes, incluindo a corrupção, a desigualdade social e as questões
ambientais. A diversidade cultural e étnica permanece como uma característica fundamental
da sociedade brasileira contemporânea, influenciando as políticas, a economia e a identidade
nacional. A busca contínua por justiça social, desenvolvimento sustentável e participação
democrática continua a moldar o Brasil contemporâneo.

1.1. DA INDEPENDÊNCIA À REPÚBLICA


O Brasil Império se inicia com a Independência, em 7 de setembro de 1822, e se encerra
com a Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889. Entretanto, é importante
que compreenda a Independência como um processo que se inicia com a abertura dos
portos em 1808, pois este finda o pacto colonial.

1.1.1. INDEPENDÊNCIA DO BRASIL: CAUSAS, O MOVIMENTO E O RECONHECIMENTO DA


INDEPENDÊNCIA
Quando D. João retornou à Portugal, pressionado pela Revolução Liberal do Porto,
deixou D. Pedro, que tinha apenas 23 anos, como regente do Brasil. Várias medidas das

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cortes de Lisboa buscam diminuir o poder do Príncipe-Regente e, desse modo, pôr fim à
autonomia do Brasil.
Mas os portugueses não se deram por satisfeitos e exigiram o retorno de D. Pedro
a Portugal para “terminar seus estudos”. Na verdade, ainda acreditavam que poderiam
recolonizar o Brasil. Entretanto, em 9 de janeiro de 1822, um documento reuniu mais
de 8.000 assinaturas pedindo que D. Pedro não voltasse a Portugal. Esse episódio ficou
conhecido como Dia do Fico. Importante destacar que esse documento foi redigido por
Cipriano Barata, um dos envolvidos na Insurreição Pernambucana de 1817. Além disso, a
aristocracia rural de passou a apoiar a desobediência de D. Pedro para com Portugal.
Cedendo às pressões D. Pedro respondeu: “Como é para o bem de todos e felicidade
geral da Nação, estou pronto. Diga ao povo que fico”.
Em algumas províncias brasileiras, os partidários dos portugueses não prestigiavam o
governo de D. Pedro. O general Avilés, comandante do Rio de Janeiro e fiel às Cortes, tentou
obrigar o embarque do regente, mas foi frustrado pela mobilização dos brasileiros, que
ocupavam o Campo de Santana.
Os acontecimentos desencadeavam uma crise no governo e os ministros portugueses
demitiram-se. O príncipe formou um novo ministério, sob a liderança de José Bonifácio,
até então vice-presidente da Junta Governativa de São Paulo. A princesa Dona Leopoldina
seria a regente durante a ausência do marido.
No mês de maio de 1822, o governo brasileiro estabeleceu que qualquer determinação
vinda de Portugal só poderia ser acatada após a aprovação de D. Pedro.
Na Bahia, desencadeava-se a luta entre tropas portuguesas e brasileiras. Em desespero,
as Cortes tomaram medidas radicais:
• declararam ilegítima a Assembleia Constituinte reunida no Brasil;
• o governo do príncipe foi declarado ilegal;
• o príncipe deveria regressar imediatamente a Portugal.
Diante da atitude da metrópole, o rompimento tornou-se inevitável. No dia 7 de setembro
de 1822, D. Pedro se encontrava às margens do riacho Ipiranga em São Paulo, quando recebeu
os últimos decretos de Lisboa, um dos quais o transformava num simples governador,
sujeito às autoridades das Cortes.
Essa atitude o conduziu a dizer que estavam cortados os laços que uniam o Brasil a
Portugal. Daquele momento em diante, Independência ou Morte seria o lema de todos os
brasileiros.
No dia 12 de outubro do mesmo ano, D. Pedro foi aclamado como o primeiro imperador
do Brasil, com o título de D. Pedro I, sendo coroado em 1º de dezembro de 1822.
No plano internacional, para que o Brasil tivesse condições de estabelecer um Estado
autônomo e soberano, era indispensável que outras importantes nações reconhecessem

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a sua independência. Já em 1824, buscando cumprir sua política de aproximação com as


outras nações americanas, os Estados Unidos foram a primeira nação a reconhecer o a
independência do Brasil.
Apesar da importância de tal manifestação, o Brasil teria que fazer com que Portugal, na
condição de antiga metrópole, reconhecesse o surgimento da nova nação. Nesse instante,
a Inglaterra apareceu como intermediadora diplomática que viabilizou a assinatura de um
acordo. No dia 29 de agosto de 1825, o Tratado de Paz e Aliança finalmente oficializou o
reconhecimento lusitano.

Tratado de Paz e Aliança: o governo brasileiro deveria pagar uma indenização de dois
milhões de libras esterlinas para que Portugal aceitasse a independência do Brasil. Além
disso, dom João VI, rei de Portugal, ainda preservaria o título de imperador do Brasil. Essa
última exigência, na verdade, manifestava o interesse que o monarca lusitano tinha em
reunificar os dois países em uma só coroa. O Brasil não tinha condições de pagar a pesada
indenização estabelecida pelo tratado de 1825. Nesse momento, os ingleses emprestaram
os recursos que asseguraram o pagamento deste valor. Na verdade, o dinheiro nem chegou
a sair da própria Inglaterra, já que os portugueses tinham que pagar uma dívida equivalente
aos mesmos credores.

001. (CESGRANRIO/IBGE/Historiador/2009)

A declaração de Saint-Hilaire, naturalista, que percorreu províncias do Brasil entre 1816 e


1822, se refere, entre outros significados, à seguinte característica da cidadania instaurada
por ocasião da independência política:
a) interdição dos direitos civis dos escravos e dos forros sob a alegação de sua condição
estrangeira como africanos.
b) reconhecimento da nacionalidade brasileira a todos os portugueses de nascimento,
residentes no Brasil à época da emancipação.
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c) negligência das populações indígenas, consideradas como fator de impedimento para o


controle das regiões interiores.
d) utilização da religião católica como instrumento de legitimação do pertencimento nacional
frente à proibição da liberdade de culto no âmbito privado.
e) exclusões relativas ao uso dos princípios da liberdade e da propriedade para regular
direitos civis e políticos.

O autor declara que no Brasil não havia brasileiros, ou seja, a colônia não teria formado
ainda uma identidade nacional. Como a cidadania ainda era limitada por volta do ano da
Independência, de fato havia pouca liberdade e a propriedade privada era um privilégio das
elites portuguesas e seus descendentes. Por isso, a resposta em E diz respeito justamente
a esta carência ou exclusão.
Letra e.

1.1.2. O PRIMEIRO IMPERADOR DO BRASIL: CONSTITUIÇÃO DE 1824

De imediato, o Imperador teve que enfrentar vários levantes militares em algumas


províncias que se mantinham fiéis a Portugal. Para tanto, chegou a contratar mercenários
ingleses que asseguraram o controle dos conflitos internos.

CONSTITUIÇÃO DE 1824

D. Pedro precisou elaborar uma constituição para o país e, para isso, convocou uma
assembleia constituinte. Entretanto, diante da limitação de seu poder pela constituição
escrita pela assembleia, D. Pedro dissolve a assembleia constituinte e outorga a nossa
primeira Constituição em 1824.
Sua característica mais marcante é a existência da Divisão dos Três Poderes (Executivo,
Legislativo, Judiciário) de Montesquieu submetidos ao Poder Moderador que era exercido
pelo Imperador. Em outras palavras, D. Pedro criou uma fachada constitucionalista para
que exercesse o poder absolutista. Sempre que houvesse divergência entre os três poderes,
o Poder Moderador do Imperador era evocado, realizando sempre o desejo de D. Pedro.

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Essa traição aos princípios constitucionalistas levou à eclosão de uma revolta contra o
governo: a Confederação do Equador.
Outras características da constituição de 1824:
• Monarquia hereditária.
• Quatro poderes: Poder Executivo, Poder Legislativo, Poder Judiciário e o Poder
Moderador.
• O Poder Moderador, exercido pelo imperador, lhe dava o direito de intervir nos demais
poderes, dissolver a assembleia legislativa, nomear senadores, sancionava e vetava
leis, nomeava ministros e magistrados, e os depunha.
• Poder Executivo: exercido pelo Imperador que, por sua vez, nomeava os presidentes
de províncias.
• Poder Legislativo: era composta pela Câmera dos Deputados e pelo Senado. Os
deputados eram eleitos por voto censitário e os senadores eram nomeados pelo
Imperador.
• Poder Judiciário: os juízes eram nomeados pelo Imperador. O cargo era vitalício e só
podiam ser suspensos por sentença ou pelo próprio Imperador.
• Direito ao voto: para homens livres, maiores de 25 anos, e renda anual de mais de
100 mil réis era permitido votar nas eleições primárias onde eram escolhidos aqueles
que votariam nos deputados e senadores.
• Por sua parte, para ser candidato nas eleições primárias, a renda subia a 200 mil reis
e excluía os libertos.Por fim, os candidatos a deputados e senadores deviam ter uma
renda superior a 400 mil réis, serem brasileiros e católicos.

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• Estabeleceu o catolicismo como religião oficial do Brasil. No entanto, a Igreja ficou


subordinada ao Estado através do Padroado.
• Criação do Conselho de Estado, composto por conselheiros escolhidos pelo imperador.
• A capital do Brasil independente era o Rio de Janeiro que não estava submetida à
Província do Rio de Janeiro. Esta tinha sua capital na cidade de Niterói.

002. (CESGRANRIO/IBGE/HISTORIADOR/2009) A construção do Estado e da nação no Brasil,


na primeira metade do século XIX, viabilizou a implementação dos primeiros procedimentos
estatísticos, direcionados não só para a contabilização da população como também para
a elaboração de diagnósticos variados acerca de comportamentos demográficos e de
mapeamentos territoriais. Esses procedimentos estatísticos se caracterizaram por
a) métodos centralizados de coleta de dados sob a jurisdição exclusiva do ministério do
Império.
b) contabilização populacional e censo eleitoral a partir dos registros paroquiais de nascimento
e de óbitos.
c) mutabilidade das informações em função da dispersão populacional e da incomunicabilidade
entre diversas regiões.
d) técnicas ineficientes de recolhimento e armazenamento dos dados agravadas pelas
fraudes regulares em momentos eleitorais.
e) levantamento dos dados estatísticos dissociados do seu uso regular como instrumento
de orientação para as políticas estatais.

Uma vez que a igreja, no 1º reinado, era considerada “parte” do Estado, os registros paroquiais
serviram como base para a incipiente política de censo.
Letra b.

A POLÍTICA INTERNA E EXTERNA DO PRIMEIRO IMPERADOR


Quando D. João VI voltou a Portugal, limpou todas as riquezas dos cofres do Banco do
Brasil (criado em 1808) deixando o país sem reservas para manutenção de toda a estrutura
do governo. Como há de se recordar, Dom Pedro I recorreu a empréstimos junto aos ingleses
para pagar a indenização a Portugal pelo reconhecimento da Independência. Também recorreu
aos ingleses para contratar corsários ingleses nas Guerras de Independência. Isso gerou
endividamento externo e grave crise econômica. Internamente, criou ou aumentou impostos.
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Em 1829, após a derrota na II Guerra Cisplatina, a crise financeira que o país sofria
chegou ao ápice, ocasionando a desvalorização da moeda nacional e o fechamento do
Banco do Brasil.
Além de todo o contexto econômico, a Outorga da Constituição de 1824, centralizadora
e autoritária, foi considerada uma traição aos princípios constitucionalistas, o que levou à
eclosão de uma revolta contra o governo: a Confederação do Equador.

CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR (1824)


A Confederação do Equador foi um movimento revolucionário que pretendia a
independência de alguns estados numa confederação. Ocorreu em 1824 e teve essência
emancipacionista e republicana. Teve início em Pernambuco, mas, rapidamente, se
espalhou por outras províncias da região nordeste (Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte).
Em Pernambuco, epicentro da revolução, ouve participação das elites regionais, intelectuais
e das camadas populares. Essa, talvez, sua característica mais marcante.
Querido(a), resumi o máximo possível as causas que levaram a eclosão do movimento:
• Situação socioeconômica do Nordeste: Em virtude da crise da economia açucareira
e dos aumentos de impostos;
• Descontentamento com a influência portuguesa na vida política do Brasil, mesmo
após a independência;
• Insatisfação de Pernambuco com o governo: D. Pedro havia centralizado o poder
político com o Poder Moderador instituído na Constituição de 1824. O Autoritarismo de
D. Pedro chegou ao extremo: A elite de Pernambuco havia escolhido Manuel Carvalho
Pais de Andrade como governador para a província. Porém, em julho de 1824, D. Pedro
indicou Francisco Paes Barreto como governador de sua confiança para a província.
Esta divergência política deu início ao conflito.
Em Pernambuco vinha crescendo a influência do pensamento liberal. Essas ideias
importadas da Revolução Francesa e do Iluminismo encontravam simpatizantes que
divulgavam e fomentavam o debate em jornais da região. O jornal “Sentinela da Liberdade
na Guarita de Pernambuco” de Cipriano Barata (baiano, jornalista e defensor das classes
baixas, teve participação na Conjuração Baiana e na Insurreição Pernambucana) e a publicação
“Tífis Pernambuco” de Frei Caneca (Discípulo de Cipriano).
Diante da posição de D. Pedro de indicar um governador para a província de Pernambuco,
passando por cima da escolha dos Pernambucanos, Manuel de Carvalho Pais de Andrade,
presidente da província, proclama a Confederação do Equador, unindo Pernambuco, Ceará,
Paraíba e Rio Grande do Norte. Adotaram a Constituição colombiana de imediato até que
pudessem elaborar uma.
Podemos listar como objetivos da Confederação do Equador:

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• Diminuir a influência do governo nos assuntos políticos regionais;


• Convocação de uma nova Assembleia Constituinte para elaboração de uma nova
Constituição de cunho liberal;
• Organizar forças de resistências populares contra a repressão do governo imperial;
• Acabar com o tráfico de escravos para o Brasil.
O imperador decidiu preparar logo a repressão. Como não existia um exército organizado,
contratou o mercenário Lord Cochrane, que comandou as forças navais, e o brigadeiro
Francisco de Limas e Silva, que liderava as forças terrestres.
Em agosto de 1824 as forças do governo derrotam os revoltosos em Recife e Olinda.
Nos meses seguintes tomam também o Ceará.
Os revoltosos foram presos, condenados à morte ou conseguiram fugir. Frei Caneca
foi condenado à forca, mas acabou sendo fuzilado diante da recusa do carrasco em
executar a pena.
Apesar da vitória, D. Pedro acabou com sua imagem desgastada. Ora, usou de recursos
de tributos de brasileiros para massacrar brasileiros. O descontentamento com o imperador
foi crescente. A oposição encontrava no jornal Aurora Fluminense, de Evaristo Veiga, terreno
para divulgação de críticas ao governo, além de propagar ideias liberais.

003. (ESPCEX/2008) A Confederação do Equador, proclamada em 2 de julho de 1824, por


Manuel de Carvalho,
a) contou com a adesão dos estados da atual região Norte do Brasil.
b) adotava provisoriamente a Constituição dos Estados Unidos da América.
c) mostrava-se sintonizada com o poder central, representado por D. Pedro.
d) defendia a instituição de uma monarquia constitucional.
e) buscava a organização de um governo representativo e republicano.

Influenciado pelos ideais iluministas, os revoltosos objetivavam implantar um regime


republicano.
Letra e.

POLÍTICA EXTERNA
Já lhe disse que a região da bacia do Rio Prata, na fronteira entre Brasil e Argentina, era
de grande importância estratégica no uso do transporte fluvial para o comércio.

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• I – Guerra Cisplatina: Como vimos, em 1816 D. João mandou tropas invadirem


Montevidéu e anexarem a região com o nome de Província Cisplatina. Na dúvida,
revisite a aula anterior.
• II – Guerra Cisplatina: Entre 1825-1828 Brasil e Argentina disputaram o controle
da região. A população local não aceitava ser controlada por um país com língua e
culturas diferentes das deles. O Brasil foi derrotado e a região se tornou independente,
batizada pelo nome de Uruguai.

Oficialmente, Dom Pedro I alegava que aqueles territórios pertenciam à sua mãe, Carlota
Joaquina, irmã do rei Fernando VII da Espanha. Contudo, os habitantes locais contestavam
esta pretensão.
Além disso, boa parte da prata andina era escoada pelo estuário do Rio da Prata, o que,
para além dos interesses econômicos, seria uma solução para fortalecer autoridade do
imperador Dom Pedro I. Contudo, os enormes prejuízos financeiros e a economia brasileira
acabaram por enfraquecer ainda mais sua imagem.
Nem o Império do Brasil ou as Províncias Unidas do Rio da Prata (Argentina) ficaram com
a posse da Província da Cisplatina, uma vez que este território se tornou independente no
final do conflito, formando a Província Oriental del Río de la Plata, atual Uruguai.
O governo imperial decretou o recrutamento forçado para servir no exército e contratou
mercenários estrangeiros para a guerra. As forças imperiais contavam com cerca de 10.000
homens espalhados pela Província, dos quais a maioria era recrutada localmente e não
possuía preparo militar.
Enquanto isso, as forças das Províncias Unidas do Rio da Prata (províncias do vice-
reinado espanhol que formaram a Argentina) iniciaram as investidas com um exército de
pouco mais de 800 homens, sob o comando de Juan de las Heras, governador da Província
de Buenos Aires. Contudo, a população uruguaia aderiu maciçamente às Províncias Unidas,
fortalecendo seu exército e equiparando-o ao exército brasileiro.
Por outro lado, a Marinha do Brasil, era muito superior. Formada por cerca de 3 mil
marinheiros (1.200 mercenários ingleses, irlandeses e norte-americanos), a esquadra
imperial era composta por dezoito brigues, seis fragatas, e mais de vinte e cinco embarcações
menores. Já a Marinha de Buenos Aires contava com os brigues General Belgrano (14 canhões)
e General Balacre (14 canhões), as corvetas 25 de Mayo (28 canhões), Independencia (28
canhões) e Chacabuco (20 canhões), a frigata Buenos Aires e algumas canhoneiras.
Em função da pressão britânica e francesa para o fim do conflito, o Império do Brasil e
as Províncias Unidas do Rio da Prata assinaram a “Convenção Preliminar de Paz” em 27 de
agosto de 1828, no Rio de Janeiro, reconhecendo ainda a independência da recém criada
República Oriental do Uruguai.

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A ABDICAÇÃO DE DOM PEDRO I

Os altos gastos com a Confederação do Equador e a Guerra Cisplatina criaram uma


crise econômica cuja solução proposta pelo governo foi o aumento de impostos. Isso gerou
grande descontentamento da população.
O imperador ainda passaria por uma acusação de assassinato antes de abdicar do
trono. No dia 21 de novembro de 1830, Libero Badaró, um jornalista de oposição, foi
traiçoeiramente executado. O episódio da Noite das Garrafadas (13 de março de 1831) em
que brasileiros e portugueses se confrontaram, revelou toda a insatisfação da população,
levando D. Pedro a abdicar do trono em favor de seu filho D. Pedro II. Dom Pedro volta a
Portugal para garantir o trono para a filha mais velha, Maria da Glória, cujo o trono havia
sido usurpado pelo seu tio e irmão de Dom Pedro, Dom Miguel.
Como Dom Pedro II tinha apenas cinco anos de idade, institui-se no Brasil um Governo
Regencial até que atingisse sua maioridade.

1.1.3. OS GOVERNOS REGENCIAIS

Durante o período regencial o Brasil passou por uma grave crise política e diversas
revoltas. A crise política ocorreu devido a disputa pelo controle do governo entre os seguintes
grupos políticos:
• Restauradores: defendiam a volta de D. Pedro I ao poder; caramurus
• Liberais Moderados: defendiam o voto só para os ricos e continuação da Monarquia;
chimangos
• Republicanos: pretendiam realizar reformas para melhorar a vida dos mais necessitados
e voto para todas as pessoas. Farroupilhas ou jurujubas.

Entre as várias tendências apresentadas na época, os chamados “restauradores”,


também conhecidos como “caramurus” eram os mais conservadores da época. Formado
essencialmente pela figura de comerciantes portugueses, burocratas e militares, defendiam o
retorno do imperador Dom Pedro I para o Brasil. Defendiam também um regime monárquico
fortemente centralizado e criticavam fortemente os demais partidos políticos da época.
Popularmente designados como “chimangos”, os liberais moderados não simpatizavam
com o regime absolutista e contavam com a presença de aristocratas da porção centro
sul do país. Apesar de não concordarem com o absolutismo, defendiam a manutenção de
um regime monárquico capaz de defender os interesses da elite agroexportadora do país.
Buscavam equilibrar o aumento das funções do Poder Legislativo com uma autoridade
monárquica que se mostrasse compromissada com as elites nacionais.
Mais heterogêneos em sua formação social, os liberais exaltados – igualmente conhecidos
como farroupilhas ou jurujubas – acreditavam que a autonomia das províncias deveria

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ser aumentada. Integrado por pequenos comerciantes e homens livres sem posses, esse
partido tinha uma relativa influência entre as camadas populares urbanas do território
nacional. Entre outras coisas, eles reivindicavam reformas políticas mais amplas, o fim do
Conselho de Estado e do Poder Moderador e, em alguns casos mais extremos, a criação de
uma República.
Ao longo do tempo, a hegemonia política exercida pelos liberais moderados acabou
dando origem a uma nova subdivisão que gerou os partidos regressista e progressista.
O primeiro tinha uma orientação mais conservadora, já os progressistas acreditavam na
necessidade de se fazer algumas concessões para os exaltados. De fato, esse diálogo com
os grupos mais liberais acabou estabelecendo a aprovação do Ato Adicional de 1834, que
deu maior liberdade às províncias.
Primeiro governo que sucedeu a queda do imperador Dom Pedro I, o período regencial
iniciou-se com a formação de dois governos trinos. O primeiro deles ficou conhecido como
Regência Trina Provisória, onde o calor das transformações políticas deu margem para a
formação improvisada de um novo governo.
Os moderados logo assumiram o poder com o intuito de frear as agitações políticas
da época. Inicialmente, o governo de Nicolau Pereira de Campos Vergueiro, José Joaquim
Carneiro de Campos e Francisco de Lima e Silva reintegraram o chamado “ministério dos
brasileiros” e anistiou os presos políticos. A Câmara dos Deputados teve seus poderes
ampliados, tendo o direito de interferir nas ações do governo regencial.
Atuando por breves dois meses, a Regência Trina Provisória deu condições para que um
novo governo fosse escolhido. Em 17 de junho de 1831, a assembleia promoveu um processo
de escolha da chamada Regência Trina Permanente.

004. (ESA/2007) Sobre os partidos políticos que dominaram o cenário político brasileiro na
primeira metade do século XIX, é correto afirmar que:
a) o Partido Restaurador se extinguiu após a morte de D. Pedro I, em 1834.
b) os Liberais Exaltados defendiam o governo monárquico no Brasil e a centralização do
poder.
c) o Partido Conservador era contrário ao ideário político liberalista – constituição e voto.
d) o Partido Brasileiro era favorável à abolição da escravatura.
e) os Liberais Moderados defendiam o federalismo.

A existência do partido Restaurador perdeu significado após a abdicação de D. Pedro, já


que pretendiam que o Brasil retornasse à condição de Colônia de Portugal.
Letra a.

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ATO ADICIONAL DE 1834


Durante a Regência Trina Permanente, foi instituído o Ato Adicional. Suas principais
características foram a instituição da Regência Una e a maior autonomia das províncias,
alterando a Constituição de 1824. O Ato Adicional de 1834 foi uma medida legislativa tomada
durante a Regência Trina Permanente, contemplando os interesses dos grupos liberais. O
Ato Adicional foi uma tentativa de conter os conflitos entre liberais e conservadores nas
disputas pelo poder político central.
Segundo seu texto, a províncias agora poderiam criar suas próprias Assembléias
Legislativas, a cidade do Rio de Janeiro tornou-se uma região politicamente autônoma,
o poder Moderador foi extinto e o próximo governo regencial deveria ser comandado por
um único regente.

005. (ESPCEX/2018) Em 1834, numa tentativa de harmonizar as diversas forças em conflito


no País, grupos políticos, como o dos moderados, promoveram uma reforma na Constituição
do Império, mediante a promulgação do Ato Adicional. Observe os enunciados abaixo.
I – Criação do Conselho de Estado.
II – Criação das Assembleias Legislativas provinciais.
III – A regência deixava de ser trina para se tornar una.
IV – Fundação do Clube da Maioridade.
Assinale a opção em as afirmativas estão relacionadas ao Ato Adicional.
a) I e II
b) II e IV
c) II e III
d) I e IV
e) III e IV

O Ato Adicional de 1834 determinou o fim do conselho de estado, a criação das Assembleias
Legislativas provinciais, a adoção da Regência Uma, maior autonomia das províncias e a
que o Rio de Janeiro se tornaria um município neutro.
Letra c.

REVOLTAS REGENCIAIS
Amigo(a), entenda que os movimentos sociais que ocorreram no Período Regencial,
tiveram entre uma de suas causas, o vazio de poder, essa falta da autoridade de um

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monarca. Isso fez com que as elites regionais, em várias regiões do país, se sentissem à
vontade para tentar mudar a ordem institucional nas suas áreas de influência.
Além disso, variadas circunstâncias, relacionadas à economia local ou à miséria da
população, fizeram com que houvesse uma mobilização no sentido de contestar a centralização
político-administrativa das regências, extremamente autoritárias.
Como tenho ciência das preferências da banca, elenco algumas revoltas mais cobradas
com um resumo suficiente para que gabarite as questões.

CABANAGEM (1835 – 1840) - PARÁ

No Pará, uma minoria branca, composta de pequenos comerciantes portugueses,


franceses e ingleses estava concentrada em Belém, por onde fluía uma pequena produção
de tabaco, borracha, cacau e arroz.
A maioria da população era formada por indígenas, escravizados e dependentes. Com
uma tropa com negros e indígenas em sua base, a Cabanagem atacou e conquistou Belém,
estendendo-se até o interior. Os revoltosos declararam a Independência do Pará, mas não
apresentaram nenhuma saída efetiva para o estado. Os ataques concentravam-se aos
estrangeiros e aos maçons e defendiam a Igreja Católica, D. Pedro II, o Pará e a liberdade,
embora não tenham abolido a escravidão, mesmo com muitos africanos entre os cabanos
rebeldes. A rebelião foi vencida pelas tropas legalistas.

SABINADA (1837 – 1838) – BAHIA

O nome atribuído à revolta, Sabinada, remete ao nome de seu principal líder, Sabino
Barroso, um jornalista e professor da Escola de Medicina de Salvador. Ocorrida em Salvador,
na Bahia, a revolta tinha uma boa base de apoio, especialmente entre as classes médias e
comerciantes de Salvador, que já apresentavam ideias federalistas e republicanas.
O movimento separou os escravos entre nacionais – nascidos no Brasil – e estrangeiros
– nascidos em África – e buscou comprometimento em relação aos escravos. Caso a revolta
tivesse sucesso e a tomado do poder se concretizasse, os escravizados nacionais que tivessem
pegado em armas seriam libertados. Mas, as forças governamentais logo recuperaram a
cidade de Salvador, numa luta violenta que gerou aproximadamente 1800 mortes.

BALAIADA (1838 – 1840) – MARANHÃO

A Balaiada foi uma revolta ocorrida no Maranhão, iniciada por conta de disputas entre
as elites locais. Em uma área ao sul do Maranhão, com pequenos produtores de algodão e
criadores de gado. Os revoltosos tiveram como líderes Raimundo Gomes e Francisco dos Anjos
Ferreira, um vendedor de balaios. É de seu ofício que vem o nome de revolta maranhense.

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Enquanto Ferreira tinha uma motivação pessoal ao entrar na revolta – vingar sua filha
violentada por um capitão da polícia, Cosme, um outro líder, apareceu à frente de três mil
escravos fugidos que se juntaram à Balaiada. Os revoltosos saudavam a Igreja Católica, a
Constituição e D. Pedro II e não apresentavam grandes preocupações sociais ou econômicas.
Logo foram derrotados, em meados de 1840, pelas tropas do governo. O líder Cosme foi
enforcado em 1842 enquanto a anistia aos revoltosos esteve condicionada à reescravização
dos negros rebeldes.
A revolta se encerrou com um saldo de cerca de 30.000 mortos.

REVOLTA DO MALÊS (1835) - BAHIA


A Revolta do Malês foi organizada por muçulmanos de origem Iorubá – nagôs – que
viviam na Bahia. Durou menos de um dia, mas é uma importante revolta que demonstra a
organização entre os sujeitos escravizados no período. Com a maioria da população de origem
africana, esta era uma questão latente na Bahia. Escravos e libertos urbanos circulavam
pela cidade e dividiam os trabalhos diários – e às vezes até as moradias – formando laços de
sociabilidade e solidariedade, que facilitavam as ações políticas. Os trabalhadores urbanos
mais alguns escravos de engenho decidiram se rebelar com a intenção de formar uma Bahia
Malê, que seria controlada por africanos, tendo à frente representantes muçulmanos.
Mesmo intencionando a tomada de poder, logo a revolta foi controlada.

REVOLUÇÃO FARROUPILHA OU GUERRA DOS FARRAPOS (1835 – 1845)


A Revolução Farroupilha ou Guerra dos Farrapos foi a mais longa e duradoura das revoltas
do período regencial, deflagrada por conta de aumentos de impostos sobre a produção
de charque (carne bovina cortada em mantas, salgada e seca ao sol). Enquanto as outras
revoltas do período eram compostas pelas classes menos favorecidas, a Farroupilha foi
uma revolta da elite estancieira do sul do país.
Em 20 de setembro de 1835 foi proclamada a República Rio-Grandense, tendo como
líder Bento Gonçalves que governou a província em 1837. Com o comando de Giuseppe
Garibaldi proclamaram em Santa Catarina a República Juliana. A revolta ultrapassou o
período regencial e só foi finalizada no segundo reinado.
Foi a única revolta regencial que se encerrou com um acordo, o Tratado de Poncho
Verde, negociado com Duque de Caxias, com os revoltosos podendo, inclusive, entrar para
o exército brasileiro.

A Guarda Nacional foi uma força militar organizada no Brasil em agosto de 1831, durante o
período regencial, e desmobilizada em setembro de 1922. Sua criação se deu por meio da lei de

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18 de agosto de 1831 que “cria as Guardas Nacionais e extingue os corpos de milícias, guardas
municipais e ordenanças”. Diz a referida lei, em seu art 1º, que “As Guardas Nacionais são
criadas para defender a Constituição, a liberdade, Independência, e Integridade do Império;
para manter a obediência e a tranquilidade pública; e auxiliar o Exército de Linha na defesa das
fronteiras e costas”, tendo como fundamento o artigo 145 da Constituição de 1824: “Todos
os Brasileiros são obrigados a pegar em armas, para sustentar a Independência, e integridade
do Império, e defendê-lo dos seus inimigos externos, ou internos”. Em setembro de 1850,
por meio da Lei n. 602, a Guarda Nacional foi reorganizada e manteve suas competências
subordinadas ao Ministro da Justiça e aos presidentes de província. Em 1873, ocorreu nova
reforma que diminuiu a importância da instituição em relação ao Exército Brasileiro. Com
o advento da República, a Guarda Nacional foi transferida em 1892 para o Ministério da
Justiça e Negócios Interiores. Em 1918, passou a Guarda Nacional a ser subordinada ao
Exército Brasileiro, sendo incorporada como exército de 2ª linha, acabando diluída.

Para ilustrar o quanto o período regencial foi cheio de instabilidades políticas, listei as
principais revoltas. No entanto, tenha em mente que as revoltas que lhe expliquei acima
são as que deve se preocupar.
• Revolta do Lavradio, em Minas Gerais 1836.
• Balaiada, no Maranhão, 1838–1841.
• Cabanada, em Pernambuco, 1832-1835.
• Cabanagem, no Pará, 1835-1840.
• Carneiradas, em Pernambuco, 1834-1835.
• Federação do Guanais, na Bahia, 1832-1833.
• Guerra dos Farrapos, no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, 1835–1845.
• Insurreição do Crato, no Ceará, 1832.
• Mata-Maroto, na Bahia.
• Motins em Pernambuco, de 1831 a 1834.
• Abrilada, de 1832.
• Setembrada, de 1831.
• Novembrada, de 1831.
• Revolta do Ano da Fumaça, em Minas Gerais, 1833
• Revolta de Carrancas, em Minas Gerais, 1833
• Revolta de Manuel Congo, no Rio de Janeiro
• Revolta dos Malês, na Bahia.
• Rusgas, no Mato Grosso, 1834.
• Sabinada, na Bahia, 1837 – 1838.
• Setembrada, no Maranhão, em 1831.

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Note que não foram poucas as revoltas no período. O país foi sacudido pela insatisfação
da população ante aos constantes aumentos de impostos e ao autoritarismo dos governos
regenciais, que indicavam governadores totalmente desvinculados das realidades regionais.

006. (FGV/SME - SP/PROFESSOR DE ENSINO FUNDAMENTAL II E MÉDIO/HISTÓRIA/2016)


Relacione as reformas político-institucionais do período regencial com suas respectivas funções.
1. Guarda Nacional
2. Código do Processo Criminal
3. Ato Adicional
4. Lei Interpretativa do Ato Adicional

( ) Instrumento usado para frear a autonomia das províncias, de acordo com os ideais
conservadores.
( ) Instrumento forjado para ampliar o poder legislativo local, por meio da criação das
Assembleias Provinciais.
( ) Instrumento estabelecido para manter a ordem interna, com potencial uso coercitivo
para repressão das revoltas.
( ) Instrumento utilizado para fortalecer os proprietários rurais provinciais, que elegiam
a autoridade judiciária do município.

Assinale a opção que indica a relação correta, de cima para baixo.


a) 1 – 3 – 2 – 4.
b) 1 – 4 – 2 – 3.
c) 4 – 3 – 1 – 2.
d) 2 – 4 – 3 – 1.
e) 4 – 3 – 2 – 1.

A Guarda Nacional era uma instituição de uso coercitivo da força para a manutenção da
ordem. O Código de Processo Criminal dava poderes aos latifundiários, na medida em que
poderiam eleger os representantes do judiciário para defesa de seus interesses. O Ato
Adicional de 1834 dava maior autonomia às províncias e a Lei Interpretativa do Ato Adicional
retirava essa autonomia concedida às províncias.
Letra c.

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1.1.4. O SEGUNDO REINADO

O Segundo Reinado corresponde ao período de 23 de julho de 1840 a 15 de novembro


de 1889, em que o Brasil esteve sob reinado de D. Pedro II (1825-1891). Foi caracterizado
como um período de relativa paz entre as províncias brasileiras, a abolição gradual da
escravidão e a Guerra do Paraguai.
D. Pedro II se tornou imperador com 15 anos de idade, um ano após ter sido declarado
maior de idade, com 14 anos. Esta foi a forma encontrada pelo Partido Liberal para acabar
com o governo regencial, que era provavelmente o causador das rebeliões que se passavam
no Brasil. A antecipação da sua maioridade é conhecida como o golpe da maioridade.
Durante o Segundo Reinado surgiram os seguintes partidos políticos:
• o Partido Liberal, cujos membros eram conhecidos como os “luzia”;
• o Partido Conservador, cujos membros eram conhecidos como os “saquarema”.

Ambos os partidos defendiam as ideias de elite, como a manutenção da escravidão.


Somente se diferiam em relação ao poder central, com os liberais lutando por mais
autonomia provincial e os conservadores por mais centralização. Em função disso, o político
pernambucano Antônio Francisco de Paula Holanda Cavalcanti, proferiu: “Nada se assemelha
mais a um ‘saquarema’ do que um ‘luzia’ no poder.”
Por causa da abdicação do seu pai, D. Pedro II sentiu a necessidade de mudar forma de
governo. Seguindo, assim, ao sistema que tem origem na Inglaterra, em 1847 é implantado
o parlamentarismo no Brasil.
Este sistema ficou conhecido como parlamentarismo às avessas dado que o Presidente
de Conselho, a partir de 1847, era escolhido de uma lista de tripla pelo imperador e não
necessariamente era o candidato mais votado, como na Inglaterra. O imperador também
detinha o Poder Moderador, mas este foi usado poucas vezes pelo soberano.

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007. (CESGRANRIO/IBGE/Historiador/2009)

A partir da década de 1870, as críticas à vigência da escravidão na sociedade brasileira


tornaram-se mais frequentes, figurando em jornais e periódicos, como exemplificado na
charge acima.
Nesse contexto, a condenação da escravidão foi promovida em função da(s)
a) incompatibilidade entre os ideais de ordem e a civilização defendidos pela direção do
Estado imperial e a vigência do liberalismo político no Brasil.
b) difusão de teorias raciais retificadoras dos malefícios da escravidão para as populações
negras e mestiças.
c) inviabilidade de legitimar o escravismo na conjuntura internacional de reconhecimento
dos direitos universais de homens e cidadãos.
d) expansão das propostas de reforma tanto do sistema político brasileiro quanto das
condições do exercício da cidadania.
e) pressões de cafeicultores cuja renda havia diminuído frente à crescente depreciação do
valor da mão de obra escrava.

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a) Errada. Não havia vigência do liberalismo. Funcionava o parlamentarismo às avessas.


b) Errada. Teorias raciais, neste momento, são racistas. Não foram essas teorias que
contribuíram para o fim da escravidão. Essas teorias contribuíram para vigência da escravidão.
c) Errada. O fim da escravidão no Brasil ocorreu por pressão internacional, mas esta visava
o aumento do mercado consumidor e não o reconhecimento dos direitos universais.
d) Certa. Além da pressão feita pela Inglaterra pelo fim da escravidão, interessada em criar
um mercado consumidor para sua ebulição industrial, muitas associações surgiram a fim
de tratar desse tema por volta de 1870. Isso fez com que o debate crescesse e alcançasse
não só a sociedade, mas também os representantes do povo, que eram responsáveis por
fazer as leis.
e) Errada. Os cafeicultores não tinham objetivo de terminar com a escravidão, pois muitos
deles ainda usavam esse tipo de mão de obra. Como o tráfico de escravos já havia sido
proibido há mais tempo o valor do escravo no mercado interno subiu.
Letra d.

ECONOMIA
Estimado(a), o Café foi de importância indiscutível para o crescimento e desenvolvimento,
tanto econômico, como agrícola no Brasil.
Iniciado seu cultivo já no final do século XVIII, nas terras do Vale do Paraíba, no Rio de
Janeiro, esta cultura foi seguindo para São Paulo e Minas Gerais, até descer e descobrir as
férteis terras de solo roxo do norte do Paraná, no final do século XIX, seja pelo consequente
esgotamento das terras no sudeste do País, seja pelo anseio natural dos fazendeiros em
expandir suas plantações para mais a oeste de São Paulo.
A história do ciclo do café no Brasil começou com o contrabando de grãos da Guiana
Francesa. Quem introduziu o cultivo no país foi o Francisco de Melo Palheta, um militar luso-
brasileiro. O café e seus derivados seriam os principais produtos brasileiros de exportação
durante quase 100 anos e seu ciclo ajudou no desenvolvimento do Brasil em diversos prismas,
com ênfase na urbanização dos grandes centros econômicos.
A maior parte do ciclo do café ocorreu na economia brasileira entre os anos de 1800
e 1930. Nota-se a importância do produto pela quantidade de tempo de predominou na
economia brasileira. Compreendido entre as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, o Vale do
Paraíba tinha ótimas condições geográficas como regularidade de chuvas e clima adequado
para o cultivo do café.
Para escoar a produção, várias estradas férreas foram construídas. Nesse sentido,
merece destaque a Estrada União e Indústria, a primeira da América Latina de rodagem
macadamizada, construída em 1861.

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008. (FGV/SME - SP/PROFESSOR DE ENSINO FUNDAMENTAL II E MÉDIO/HISTÓRIA/2016) As


opções a seguir caracterizam corretamente o processo de expansão e modernização da
economia cafeeira, na segunda metade do século XIX, à exceção de uma.
Assinale-a.
a) A Estrada União e Indústria foi a principal via de ligação entre as províncias do Rio de
Janeiro e Minas Gerais, na segunda metade do século XIX, facilitando o transporte de
produtos e passageiros, competindo com o sistema ferroviário.
b) A economia cafeeira ganhou impulso com a criação de um sistema ferroviário, na medida
em que essa inovação contribuiu para aumentar a capacidade logística de transporte do
café, reduzindo os custos finais de produção.
c) A produção de café do Vale do Paraíba fluminense usufruiu da construção da Estrada de
Ferro D. Pedro II, que conectava a Corte a São Paulo e Minas Gerais, facilitando o escoamento
do café produzido nessa região
e) A malha ferroviária em São Paulo combinou investimentos nacionais e estrangeiros, gerando
uma rede de núcleos urbanos produtores e consumidores, que, por sua vez, contribuíram
para diversificar a economia do Oeste Paulista.
e) O desenvolvimento da economia cafeeira no Oeste Paulista se beneficiou da ligação com
o litoral pela estrada de ferro de Santos a Jundiaí, estimulando o porto de Santos como
centro exportador.

A Estrada União e Indústria foi a primeira estrada de rodagem pavimentada (“macadamizada”)


da América Latina. Buscava melhorar o escoamento da produção de café da região onde se
situa atualmente Juiz de Fora. Ligava Juiz de Fora a Petrópolis, e tinha 144 km de extensão,
com doze estações de muda 1 um marco de pedra a cada 6 km. Foi inaugurada em 23 de
junho de 1861, quando ainda não havia ferrovia (que somente chegaria a Três Rios em 1867
e a Juiz de Fora em 1875). Sendo assim, não havia como competir com o sistema ferroviário.
Letra a.

Em 1850, o Império decretou a chamada Lei de Terras (lei n. 601 de 18 de setembro de


1850), uma das primeiras leis brasileiras, após a independência do Brasil (1822), a dispor
sobre normas do direito agrário brasileiro. Trata-se de uma legislação específica para a
questão fundiária. Esta lei estabelecia a compra como a única forma de acesso à terra e
abolia, em definitivo, o regime de sesmarias. Muito embora não tenha havido revogação
formal, considera-se que a mesma foi derrogada quando da edição da Lei n. 4.504, de 30
de novembro de 1964 (o “Estatuto da Terra”), que trata do mesmo assunto.

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A Lei de terras teve origem em um projeto de lei apresentado ao Conselho de Estado do


Império em 1843, por Bernardo Pereira de Vasconcelos. Analisando seus efeitos, podemos
afirmar que sua principal consequência foi a concentração latifundiária.
Em decorrência do crescimento da exportação de café foram construídas as primeiras
ferrovias e formaram-se muitas cidades. Os portos de Santos e Rio de Janeiro prosperam.
Mesmo com a vinda da família real portuguesa para o Brasil, não houve espaço para que
a produção industrial brasileira desenvolvesse. A mudança de foco na administração do
império marítimo português não ofereceu tamanha liberdade em terras brasileiras porque
foi firmado um acordo com a Inglaterra que garantia a este país privilégios na venda de
suas mercadorias.
Assim, o Brasil se tornou um grande consumidor e dependente dos ingleses. Com o
passar das duas primeiras décadas do século XIX, essas tarifas sofreram transformações,
entretanto o Brasil precisou utilizar mais recursos na contenção de revoltas e com outras
dificuldades que afetavam a produção agrícola e o próprio reconhecimento da independência.
Já com o Brasil definido como império e independente, as taxas praticadas sobre
produtos estrangeiros estavam na casa dos 15% de impostos. Valor este que permaneceu
ativo no Brasil entre os anos de 1828 e 1844. Foi então que o Ministro da Fazenda Manuel
Alves Branco decidiu revisar as taxas que eram cobradas. Alves Branco era advogado e
economista, mas desenvolveu uma grande carreira de sucesso na política, ocupando diversos
cargos de destaque no império.
A Tarifa Alves Branco recebeu o nome de seu criador e foi implementada no dia 12
de agosto de 1844. Tratava-se de uma tarifa alfandegária que aumentou as taxas de
importação para a casa dos 30%, quando não havia similar nacional, e para a casa dos
60%, quando havia produto similar nacional. O objetivo básico da Tarifa Alves Branco era
melhorar a balança comercial brasileira, fazendo com que o império arrecadasse mais
dinheiro do que era dispensado com gastos. Só que a implicação da tarifa foi bem além
disso, a medida do Ministro Alves Branco acabou por incentivar a produção industrial
brasileira, já que os custos para substituição das importações pela instalação de pequenas
fábricas eram bem mais atraentes.
É na vigência da Tarifa Alves Branco que se cria a estrutura necessária para os investimentos
do conhecido Barão de Mauá, o qual investiu em diversas inovações tecnológicas e comerciais
para o Brasil. A chamada Era Mauá foi interrompida e minada dentro do próprio governo
imperial brasileiro em função da existência de políticos atrelados aos interesses dos ingleses
que pressionaram até conseguir derrubar as taxas protecionistas e sucumbir o império ao
capital inglês.
De posicionamento liberal e abolicionista, Mauá teve problemas com o Império devido aos
seus ideais. Seus negócios ficaram abalados pela legislação de taxação de importações que foi
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implantada e em 1857 o seu estaleiro foi incendiado criminosamente. Seus empreendimentos


também sofreram consequências com a crise bancária de 1864.

009. (FGV/SF/CONSULTOR LEGISLATIVO/ÁREA PRONUNCIAMENTOS/2022) O ano de 1850 é


considerado o marco inicial de um processo de transição na economia e de transformação
da sociedade brasileira. A abolição do tráfico internacional de escravos, a Lei de Terras e
o Código Comercial (ambos de 1850), a Lei das Hipotecas (1864), o avanço das estradas
de ferro, ao que se agrega a própria consolidação, no mercado internacional, do modo de
produção capitalista – todos esses são elementos que apontam para uma sociedade em
transformação.
Adaptado de FRAGOSO, João Luís. “O império escravista e a república dos plantadores”. In: História geral do
Brasil. RJ: Campus, 2000, p. 147.

Considerando os marcos legais citados, assinale a opção que descreve corretamente o


processo socioeconômico de transformação do Império brasileiro, na segunda metade do
século XIX.
a) A Lei Eusébio de Queirós concedeu amplos poderes às autoridades judiciais para proibir
o tráfico e, pela primeira vez, declarou livres todos os escravos vindos fora do império, o
que impactou o sistema escravista.
b) O Código Comercial aboliu a justiça especializada em causas comerciais, o que permitiu
maior liberdade ao capital financeiro que estava sendo desvinculado do tráfico negreiro e
aplicado em outros setores.
c) A Lei de Terras tornava ilegal a aquisição de terras devolutas por outro título que não
fosse o de concessão de sesmaria, o que impediu o acesso fácil à terra e garantiu a mão de
obra às fazendas, face a extinção do tráfico negreiro.
d) O Código Comercial foi elaborado para proibir o comércio interprovincial de escravos, o
que incentivou o abastecimento ilegal atlântico do sudeste produtor de café e atrasou o
movimento abolicionista.
e) A Lei de Terras foi eficaz ao instituir critérios para definir os marcos legais da propriedade
privada da terra, o que facilitou o seu reconhecimento como uma mercadoria regulada
pelo mercado.

Atenção! Duas das alternativas listam informações sobre a Lei de Terras de 1850. A afirmativa
“c” está errada porque não tornou ilegal a aquisição de terras devolutas que não fosse
de sesmaria. O que a Lei exigiu foi o registro de sua ocupação. Apesar de a Lei de Terras

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promover a concentração latifundiária, na medida em que posseiros não tiveram acesso à


cartório e registro de imóveis enquanto grandes proprietários o tinham, a Lei foi eficiente
na criação de critérios legais da propriedade da terra.
Letra e.

POLÍTICA EXTERNA

Quanto à política externa, o Brasil, que, por sua extensão territorial, já usufruía de posição
privilegiada no continente sul-americano, procurou, ao longo do reinado do imperador Dom
Pedro II, desempenhar agressiva política a fim de evitar o fortalecimento de outras nações
que ameaçassem sua posição hegemônica. Além disso, procurou expressar sua vontade de
assumir uma posição “autônoma” em relação à Inglaterra.
Durante toda a primeira metade do século passado, a Inglaterra, importante produtora
de gêneros industrializados, buscava ampliar seu mercado consumidor. O país acreditava
que essa ampliação dependia da abolição do trabalho escravo no continente americano.
Portanto, desde a chegada de D. João VI ao Brasil – que foi auxiliada pela Coroa britânica
– as autoridades inglesas pressionavam o governo brasileiro a abolir a escravidão. Tal
demanda se chocava com os interesses dos grandes proprietários rurais brasileiros. Os
ingleses acreditavam que a abolição deveria ocorrer de forma lenta e gradual: iniciaria pela
extinção do tráfico negreiro, principal meio de abastecimento de mão de obra escrava em
uma população cujo crescimento natural não era suficiente para a sua reposição.
Devido aos adiamentos da decisão do governo imperial, as autoridades britânicas
resolveram intervir: decretaram a lei Bill Aberdeen, dispositivo que permitia aos ingleses
aprisionar navios que estivessem transportando africanos para o Brasil, apreender a carga
e julgar a tripulação por crime. Algumas apreensões foram feitas, o que abalou as relações
entre Brasil e Inglaterra.

QUESTÃO CHRISTIE

Outro episódio marcante no relacionamento entre os dois países foi a chamada Questão
Christie. Em 1861, um navio inglês, o Príncipe de Gales, naufragou nas costas do Rio Grande
do Sul e sua carga foi pilhada por brasileiros. William Christie, representante inglês no Brasil,
exigiu uma indenização de 3.200 libras, o que desagradou o governo imperial.
Para agravar ainda mais a situação, pouco depois, três oficiais da marinha inglesa, à
paisana e completamente embriagados, foram presos pela polícia do Rio de Janeiro por
provocarem desordens. Christie exigiu a imediata libertação dos oficiais ingleses, além da
punição dos responsáveis pela prisão.

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O imperador Dom Pedro II concordou, inicialmente, em arcar com a indenização pelo


saque do navio e também ordenou a libertação dos marinheiros ingleses, mas se recusou,
terminantemente, a punir as autoridades brasileiras, que, segundo ele, agiram corretamente
ao prender os arruaceiros.
Em represália à decisão do imperador, Christie ordenou o aprisionamento de cinco navios
brasileiros que se encontravam no Oceano Atlântico e os manteve como reféns até que a
atitude do governo brasileiro se alterasse. Em resposta à atitude do embaixador inglês,
centenas de pessoas se manifestaram nas ruas do Rio de Janeiro, insultando comerciantes
ingleses radicados na cidade.
Para arbitrar a questão diplomática envolvendo Brasil e Inglaterra, foi eleito o rei da
Bélgica, Leopoldo I, que se manifestou a favor das atitudes do imperador Dom Pedro II e
aconselhou o governo britânico a pedir desculpas ao Brasil, o que não ocorreu. Em 1863,
as relações diplomáticas entre os dois países foram rompidas, apesar da manutenção dos
contatos econômicos.
Em 1865, porém, preocupada com a expansão paraguaia em território sul-americano, a
Inglaterra buscou uma reaproximação com o Brasil, e um representante inglês formalizou,
em nome do governo britânico, um pedido de desculpas a Dom Pedro II, reatando, assim,
as relações diplomáticas entre Brasil e Inglaterra.

GUERRA DO PRATA
A Guerra contra Oribe e Rosas ou também conhecida como Guerra do Prata aconteceu
entre 1851 e 1852 na região do rio do Prata, um estuário criado pelos rios Paraná e Uruguai.
O Brasil já havia lutado anteriormente na Guerra da Cisplatina (1825-1828) contra as
Províncias Unidas do Rio da Prata que resultou na criação do Uruguai.
O primeiro personagem dessa guerra, que inclusive dá nome ao conflito, é Juan Manuel
de Rosas. Eleito o governador de Buenos Aires, uma das províncias mais ricas e populosas
da Argentina, ainda contava com um importante porto na época. Seu governo era o de
ditatorial, caracterizado pela corrupção e resultando em uma emigração em massa de 14
mil opositores.
Os planos de Rosas eram audaciosos: queria recriar o antigo Vice-Reinado do Prata, que
abrangia territórios do Uruguai, Paraguai e Bolívia e garantir que a Argentina se tornasse
a principal potência da América do Sul.
Quanto ao Paraguai, Rosas logo resolveu este problema. Este país declarou sua
independência em 1811, mas nenhum outro o reconheceu. O ditador paraguaio José
Gaspar Rodríguez de Francia isolou o país, evitando contatos com o exterior e possíveis
ações diplomáticas. Quando este morreu, Carlos Antonio López o sucedeu e abriu as suas
portas para a Argentina assinando dois tratados. Porém, como o ditador Rosas não estava

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para brincadeira, se recusou de reconhecer o Paraguai como independente e criou barreiras


para o comércio deste país.
O Uruguai, antiga província Cisplatina, enfrentava problemas políticos em decorrência
de suas eleições. De um lado, o candidato Fructuoso Rivera, do partido Colorado e, do
outro, o responsável pela independência da Cisplatina, Juan Antonio Lavalleja, do partido
Blanco. Rivera num ato de desespero tomou o poder a força, num conflito que durou dois
anos (1830-1832).
Depois de cumprir seu mandato até 1835, Manuel Oribe também do partido Blanco
assumiu o poder por alguns anos, já que renunciou em 1839 deixando o posto livre novamente
para Rivera.
O ditador argentino enviou um exército liderado por Lavalleja que não teve êxito. Rosas
então enviou outro exército com a ajuda de argentinos e de uruguaios liderados por Oribe.
Desta vez Rivera não teve tanta sorte e procurou exílio no Brasil, enquanto mais de trinta
mil pessoas eram mortas.
Mesmo com o Uruguai em suas mãos, Rosas queria mais e passou a atacar o Sul do
Brasil. Dom Pedro II mandou uma parte do seu exército para o Sul e tinha como plano
financiar os oponentes. O Brasil contava com o apoio da Bolívia, Paraguai (sendo que o
Brasil enfim reconheceu a sua independência), Uruguai (opositores internos) e com as duas
províncias argentinas: Entre Rios e Corrientes.
O exército brasileiro se armou para o confronto, uma parte ficou na fronteira para
protegê-la e outra foi para o Uruguai tirar Oribe do poder. No dia 19 de outubro de 1851,
diante do tamanho do exército que vinha ao seu encontro, Oribe se rendeu sem luta.
Então as forças armadas seguiram rumo a Argentina para tirar Rosas do poder. Chegam
próximo de Buenos Aires no dia 1º de fevereiro de 1852 e derrotam a primeira força rosista
que encontram. Dois dias depois, ocorreu a Batalha de Monte Caseros, desta vez com o
exército argentino liderado pessoalmente por Rosas. Os aliados ganharam a disputa e Rosas
fugiu para o Reino Unido, sem que ninguém soubesse.
A Guerra Contra Oribe e Rosas foi importante para o Brasil, já que na época enfrentava-
se a vontade do Rio Grande do Sul de se separar do país. Com sua participação efetiva nos
conflitos, o estado passou a integrar-se definitivamente ao Império Brasileiro. Ademais,
ainda provou a hegemonia do país e a sua estabilidade política e econômica.

GUERRA DO PARAGUAI (1864 A 1870)

A Guerra do Paraguai ou Guerra da Tríplice Aliança está relacionada ao controle


estratégico da bacia do Rio Prata, tanto para navegação comercial, quanto por questões
fronteiriças e militares.

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A Guerra do Paraguai teve seu início no ano de 1864, a partir da ambição do ditador
paraguaio, Francisco Solano Lopes. Ele tinha como objetivo principal aumentar o território
do seu país e, assim, obter uma saída para o Oceano Atlântico, através dos rios da Bacia do
Prata. Ele iniciou o confronto com a criação de inúmeros obstáculos impostos às embarcações
brasileiras, que se dirigiam ao Mato Grosso através da capital paraguaia.
Visando a província de Mato Grosso, o ditador paraguaio aproveitou-se da fraca defesa
brasileira naquela região para invadi-la e conquistá-la. Fez isso sem grandes dificuldades e,
após esta batalha, sentiu-se motivado a dar continuidade à expansão do Paraguai através
do território que pertencia ao Brasil. Seu próximo alvo foi o Rio Grande do Sul. Mas, para
atingi-lo, necessitava passar pela Argentina. Então, Solano invadiu e tomou Corrientes,
província Argentina que, naquela época, era governada por Mitre.
Decididos a acabar com as ameaças e o domínio do ditador Solano Lopes, Argentina,
Brasil e Uruguai uniram suas forças em 1º de maio de 1865, através do acordo conhecido
como Tríplice Aliança. A partir daí os três países lutaram juntos para deter o Paraguai, que
foi vencido na batalha naval de Riachuelo e também na luta de Uruguaiana.

Combate Naval do Riachuelo de Victor Meirelles (1832-1903)

Esta guerra durou seis anos. Contudo, já no terceiro ano, o Brasil viu-se em grande
dificuldade no que se refere a organização das suas tropas pois, além do inimigo, os soldados
brasileiros tinham que lutar contra a falta de alimentos, de comunicação e ainda contra as
epidemias de várias doenças contagiosas.
Diante deste quadro, Caxias foi novamente chamado, desta vez para liderar o exército
brasileiro. Sob seu comando, a tropa foi reorganizada e conquistou inúmeras vitórias até
chegar a Assunção, no ano de 1869. Apesar de seu grande êxito, a última batalha foi liderada
pelo Conde D`Eu (genro de D. Pedro II).

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Antes da guerra, o Paraguai era uma potência econômica na América do Sul. Além disso,
era um país independente das nações europeias. Para a Inglaterra, este país era um exemplo
que não deveria ser seguido pelos demais países latino-americanos, que eram totalmente
dependentes do império inglês. Foi por isso que os ingleses ficaram ao lado dos países da
Tríplice Aliança, emprestando dinheiro e oferecendo apoio militar. Era interessante para a
Inglaterra enfraquecer e eliminar um exemplo de sucesso e independência na América Latina.
Em 1869, tropas brasileiras tomaram a cidade de Assunção, capital do Paraguai, mas o
presidente do país conseguiu fugir. O genro do imperador, o Conde D’Eu, assumiu o comando
das forças brasileiras e saiu em perseguição ao presidente paraguaio, vencendo-o na batalha
de Cerro Corá, na qual Solano López morreu. Por fim, no ano de 1870, a guerra chegou ao
seu final com a morte de Francisco Solano Lopes em Cerro Cora.
Como consequência da derrota, a indústria paraguaia ficou arrasada. O Paraguai
nunca mais voltou a ser um país com um bom índice de desenvolvimento industrial e
econômico. Pelo contrário, passa até hoje por dificuldades políticas e econômicas. Cerca de
70% da população paraguaia morreu durante o conflito, sendo que a maioria dos mortos
eram homens.
Embora tenha saído vitorioso, o Brasil também sofreu grandes prejuízos financeiros com
o conflito. Os elevados gastos da guerra foram custeados com empréstimos estrangeiros,
fazendo com que aumentasse a dívida externa brasileira e sua dependência em relação
a países ricos como, por exemplo, a Inglaterra.
Com a guerra, o Exército brasileiro ficou fortalecido no aspecto bélico, pois ganhou
experiência e passou por um processo de modernização. Houve também um importante
aumento de sua relevância institucional. Do ponto de vista político, o Exército brasileiro
também saiu fortalecido e passou a ser um importante força no cenário político nacional.

010. (FGV/SME – SP/PROFESSOR DE ENSINO FUNDAMENTAL II E MÉDIO/HISTÓRIA/2016) I.


(...) é o ditador do Paraguai, Francisco Solano López, que vai renovar as pretensões de Rosas,
de formar no Prata um grande império, rival do Brasil. Para isso preparava-se solícita, mas
dissimuladamente; e só aguardava agora, um pretexto para entrar em cena. POMBO, Rocha.
História do Brasil. Revista e atualizada por Hélio Vianna São Paulo: Melhoramentos, 1960
II – Ovelha negra - Tal é o Paraguai aos olhos da burguesia inglesa e de outras burguesias
europeias altamente desenvolvidas, e tal se torna, logo aos olhos de alguns cavalheiros
que, no Prata e no Brasil, traficam e comercializam com as potências Ultramar, sem se
preocuparem com outra coisa, a não ser seus interesses mesquinhos e restritos interesses

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de classe. POMER, Léon. América latina: seus aspectos, sua história, seus problemas. Rio de
Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1984, p. 12.
III. (...) para Solano López [a guerra] era a oportunidade de colocar o seu país como potência
regional e ter acesso ao mar pelo porto de Montevidéu, graças a uma aliança com os blancos
uruguaios e os federalistas argentinos representados por Urquiza. DORATIOTO, Francisco.
Maldita Guerra: nova história da Guerra do Paraguai. São Paulo: Companhia das Letras,
2002, p. 96.
A respeito das diferentes interpretações da Guerra do Paraguai contidas nos trechos acima,
assinale V para a afirmativa verdadeira e F para a falsa.

( ) I e III associam os motivos da guerra à ação de indivíduos isolados, lançam estereótipos


sobre o Paraguai de Solano López e exaltam a ação do Brasil na guerra.
( ) I e II problematizam os acontecimentos, consideram a influência do imperialismo
britânico e caracterizam a singularidade política e econômica do Paraguai no contexto
americano.
( ) II e III inserem o conflito nas relações internacionais da segunda metade do século
XIX, em âmbito europeu e regional, e consideram os fatores estruturais, econômicos
ou políticos, envolvidos no conflito.

As afirmativas são, respectivamente,


a) F, V e F.
b) F, V e V.
c) V, F e F.
d) V, V e F.
e) F, F e V.

A afirmativa I faz uma descrição dos interesses econômicos do Paraguai e suas pretensões
beligerantes. Não faz um estereótipo de Solano Lopez.
A afirmativa II descreve a visão da burguesia europeia a respeito do desenvolvimento
econômico do Paraguai, uma ameaça a hegemonia industrial europeia.
A afirmativa III mostra os interesses do Paraguai em se tornar uma potência regional.
Assim, a única alternativa que relaciona corretamente as afirmações é a letra “e”.
Letra e.

IMIGRAÇÃO EUROPEIA
Como vimos, num primeiro instante, o crescimento das exportações de café determinou
um impressionante aumento no tráfico de escravos. Contudo, na metade do século XIX,
esse episódio se interrompeu com a proibição do tráfico negreiro.

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Além disso, havia grande influência cientificista sobre os pensadores brasileiro. Alguns
destes creditavam o atraso brasileiro à miscigenação. Assim, acreditavam que era
necessário “embranquecer” a população, trazendo imigrantes europeus de “gene superior”.
Nesse novo contexto, os prósperos fazendeiros paulistas tomaram as primeiras iniciativas
visando à substituição do trabalho escravo pelo trabalho livre. A elite de cafeicultores
paulistas adotou uma política oficial de incentivo à imigração europeia e fizeram as primeiras
experiências de introdução do trabalho assalariado nas lavouras.
Dois foram os sistemas usados no Brasil para desenvolver o trabalho dos imigrantes:
• Parceria: O sistema de parceria foi utilizado principalmente em meados do século 19.
Por meio desse sistema os fazendeiros cediam terras para os imigrantes plantarem. Mas
os imigrantes deveriam dividir os lucros com a venda do café e de outros produtos. Os
imigrantes não podiam deixar as fazendas enquanto não pagassem todas as dívidas.
• Colonato: No sistema de colonato, a remuneração podia ocorrer de duas formas: por
tarefa ou por produção. Os imigrantes recebiam pequenos salários. Além do salário,
os imigrantes podiam usar parte das terras para plantar alimentos para o consumo
próprio.
Se o regime de colonato despertava o interesse e a preferência do imigrante, ele era
também muito vantajoso para os fazendeiros. De fato, os fazendeiros encontraram um
meio excepcional para expandir a cafeicultura, com o mínimo de dispêndio.
Devido à existência de terras devolutas, ainda virgens e em boa quantidade, o seu
preço era relativamente baixo para as posses dos grandes fazendeiros, que as adquiriam
com facilidade. Para o seu desmatamento, contratavam trabalhadores brasileiros - os
“camaradas”, aos quais pagavam por empreita. Em seguida, os colonos eram aí introduzidos
para formar o cafezal, que, ao fim de quatro anos, já dava as primeiras colheitas. Como os
colonos produziam os seus próprios meios de subsistência, a despesa, para o fazendeiro,
era ínfima.
Com o tempo, surgiram os “empreiteiros do café”, que passaram a empresariar a
formação do cafezal nessa mesma base.
Desse modo, os cafeicultores paulistas tornaram-se produtores de café e produtores
de fazendas de café. À medida que se multiplicavam as fazendas de café, as terras iam se
valorizando, tornando-se cada vez mais inacessíveis às pessoas de baixa renda. Ao mesmo
tempo, quanto mais fazendas eram criadas, mais trabalhadores eram necessários, o que,
enfim, estimulava ainda mais a imigração. Como resultado importante do processo, a
entrada maciça de imigrantes favoreceu a constituição do mercado de trabalho, sem o
qual não há capitalismo.
Em consequência, no regime de colonato não era o fazendeiro quem pagava ao trabalhador
pela formação do cafezal. Era o trabalhador quem pagava com cafezal ao fazendeiro o

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direito de usar as mesmas terras na produção de alimentos durante a fase da formação.


Foi assim que os fazendeiros multiplicaram a sua riqueza e, como pretendiam, mantiveram
um exército de homens despossuídos, aptos para trabalharem sob suas ordens.
A solução imigrantista, cujo êxito foi testemunhado pelos cafeicultores, não esteve
restrita à província de São Paulo. Entretanto, em outras regiões, incluindo a cafeicultura
de Minas, Rio de Janeiro e Paraná a transição para o trabalho assalariado teve por base
trabalhadores locais, brasileiros.

011. (CESGRANRIO/2014/IBGE/Agente de Pesquisas por Telefone)

PORTINARI, Candido Torquato. Café – 1935. Disponível em: <portaldoprofessor.nse.gov.br>. Acesso em: 06
dez. 2013.

A utilização em massa do trabalho assalariado representou a primeira fase de desenvolvimento


do capitalismo no Brasil. A formação do mercado de trabalho assalariado adquiriu um
ritmo mais intenso no país depois da falência definitiva do sistema escravista. Na análise
desse processo, salta à vista o fato de que de, na região de desenvolvimento mais intenso
(Sudeste), praticamente até a década de 1930, a mão de obra assalariada era recrutada
preferencialmente entre os imigrantes, embora já houvesse, desde as últimas décadas do
século XIX, um grande contingente potencial de trabalhadores assalariados constituído
por brasileiros natos.
REGO, José Márcio; MARQUES, Rosa Maria (ORG.) Economia Brasileira. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 37-38.

Uma explicação para a importação de imigrantes é que o contingente de trabalhadores


brasileiros natos era uma reserva potencial e não real, representando um grupo com
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a) ausência de hábito no trabalho agrícola.


b) incapacidade moral para o trabalho livre.
c) quantidade insuficiente de trabalhadores diante da expansão da cafeicultura.
d) capacidade de organização para reivindicação de altos salários.
e) preferência para ocupação na atividade urbano-industrial consolidada.

Note que o enunciado destaca que o “contingente de trabalhadores brasileiros natos era
uma reserva potencial e não real”. Isso se deve porque os libertos não tinham conhecimento
técnico para o plantio e colheita do café e nem experiência com trabalho assalariado como
tinham os imigrantes europeus.
Letra c.

A ABOLIÇÃO DA ESCRAVIDÃO (QUESTÃO ABOLICIONISTA)

Querido(a), a partir de 1831, as nações europeias influenciadas pelas ideias iluministas e


pela Revolução Francesa de 1789, começaram a pressionar a comunidade internacional pelo
fim da escravidão. A Inglaterra, em especial, sendo berço da Revolução Industrial, entendia
a escravidão como contraditória à lógica do capitalismo: um escravo não consome e os
investimentos em escravos poderiam ser deslocados para outras atividades econômicas
de interesse inglês.
A Lei Feijó, também conhecida como Lei de 7 de novembro de 1831 (data de sua
promulgação), foi a primeira lei a proibir a importação de escravos no Brasil, além de
declarar livres todos os escravos trazidos para terras brasileiras a partir daquela data, com
duas exceções:

Art. 1º Todos os escravos, que entrarem no território ou portos do Brasil, vindos de fora, ficam
livres. Excetuam-se: 1º Os escravos matriculados no serviço de embarcações pertencentes a país,
onde a escravidão é permitida, enquanto empregados no serviço das mesmas embarcações. 2º
Os que fugirem do território, ou embarcação estrangeira, os quais serão entregues aos senhores
que os reclamarem, e reexportados para fora do Brasil.

A lei estabelecia multas aos traficantes, além de oferecer um prêmio em dinheiro a


quem denunciasse o tráfico:

Art. 2º Os importadores de escravos no Brasil incorrerão na pena corporal do art. 179 do Código
Criminal imposta aos que reduzem à escravidão pessoas livres, e na multa de 200$000 por cabeça
de cada um dos escravos importados. Art. 5º. Todo aquele, que der notícia, fornecer os meios
de se apreender qualquer número de pessoas importadas como escravos, ou sem ter precedido
denúncia ou mandado judicial, fizer qualquer apreensão desta natureza, ou que perante o Juiz de

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Paz, ou qualquer autoridade local, der notícia do desembarque de pessoas livres, como escravos,
por tal maneira que sejam apreendidos, receberá da Fazenda Publica a quantia de trinta mil réis
por pessoa apreendida.

O governo brasileiro se esforçou por quase cinco anos para aplicá-la, mas depois passou
a ser “lei para inglês ver”. Ao contrário do que é afirmado de forma costumeira, a lei
não foi promulgada devido à pressão inglesa. Foi promulgada exatamente como resposta
contrária à pressão inglesa, exercida por meio de tratado: o Legislativo queria mostrar
que não agia sobre pressão do tratado com os ingleses e promulgou uma lei mais rigorosa
que este. Somente com a Lei Eusébio de Queirós, de 1850, o tráfico negreiro passou a ser
efetivamente combatido pelo Império Brasileiro.
Internamente, crescia o movimento abolicionista. Ao longo do Segundo Reinado,
paulatinamente, leis foram sendo criadas devido a pressão interna e externa. Veja as leis
abolicionistas:
Nome: Lei Feijó (Lei pra inglês ver)
• Data: novembro de 1831
• O que previa: proibia o tráfico negreiro para o Brasil, declarando livres os escravos
que aqui chegassem e punindo severamente os importadores. Na prática, a lei foi
uma mera satisfação à pressão dos ingleses pelo fim da escravidão já que o governo
não se empenhou em fiscalizar e punir. Isso só viria a acontecer de fato a partir de
1850 com a lei Eusébio de Queirós.

Nome: Bill Aberdeen (Lei Inglesa)


• Data: 1845
• O que previa: o parlamento inglês aprovou uma lei que permitia aos navios britânicos
atacarem navios brasileiros envolvidos com o tráfico de escravos em águas internacionais.

Nome: Lei Eusébio de Queirós


• Data: 4 de setembro de 1850
• O que previa: a lei proibia o tráfico negreiro transportado da África até o Brasil. Apesar
de sua importância, o tráfico ilegal continuou.

Nome: Lei do Ventre Livre


• Data: 28 de setembro de 1871
• O que previa: a lei declarava que os filhos de escravos nascidos a partir daquela data
eram livres. Na prática os nascidos desde então ficavam sob a tutela do senhor de
engenho até os 21 anos.

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Nome: Lei dos Sexagenários (ou Lei Saraiva-Cotegipe)


• Data: 28 de setembro de 1885
• O que previa: a lei estabelecia que os escravos com 60 anos ou mais eram livres.
Entretanto, poucos eram os que conseguiam chegar aos 60 anos. A liberdade de um
escravo idoso era um prêmio ao senhor de escravos que abandonava a responsabilidade
de alimentá-lo.
Nome: Lei Áurea
• Data: 13 de maio de 1888
• O que prevê: a lei decreta o fim da escravidão no Brasil. Entretanto, não houve um
planejamento sobre o que fazer com todos os libertos. Não se criou uma infraestrutura
de educação, moradia e emprego. Não forneceram nenhuma política social de inclusão.
Advém que, diante da pressão internacional pelo fim da escravidão, a própria aristocracia
rural começou a inflacionar o preço dos escravos na expectativa de que o governo pagasse
uma indenização quando a previsível abolição acontecesse.
Entretanto, o governo brasileiro libertou os escravos, mas não indenizou os proprietários.
Resultado: a aristocracia escravagista começou a sonegar tributos retirando o
sustentáculo financeiro do Império. Uma grave crise tomou conta do governo, já debilitada
pelos altos gastos com a Guerra do Paraguai (1864-1870).
Do ponto de vista social, a abolição não resolveu o problema das desigualdades geradas
pela escravidão. Ocorre que o governo imperial e o governo republicano não criaram
mecanismos para que a população liberta fosse absorvida pelo mercado de trabalho
assalariado ou tivesse condições de possuírem moradia. O resultado pode ser visto ainda
hoje, com a população negra sendo maioria dos integrantes das classes sociais mais baixas,
minoria nas universidades públicas entre outros indicadores sociais.

012. (FGV/SME - SP/PROFESSOR DE ENSINO FUNDAMENTAL II E MÉDIO/HISTÓRIA/2016)


Leia os fragmentos a seguir.
I. (...) Fazemos saber a todos os Nossos Subditos, que a Assemblea Geral Decretou, e Nós
Queremos a Lei seguinte.
Art. 1º As embarcações brasileiras encontradas em qualquer parte, e as estrangeiras
encontradas nos portos, enseadas, ancoradouros, ou mares territoriaes do Brasil, tendo a seu
bordo escravos (...), ou havendo-os desembarcado, serão apprehendidas pelas Autoridades,
ou pelos Navios de guerra brasileiros, e consideradas importadorasde escravos. Aquellas que
não tiverem escravos a bordo, nem os houverem proximamente desembarcado, porêm que
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se encontrarem com os signaes de se empregarem no trafico de escravos, serão igualmente


apprehendidas, e consideradas em tentativa de importação de escravos. (Coleção de Leis
do Império do Brasil, Rio de janeiro, vol. 1 pt 1, p. 182.)
II. (...) Faz saber a todos os Subditos do Império, que a Assembleia Geral Decretou, e Ella
Sanccionou a Lei seguinte: Art. 1º Todos os escravos, que entrarem no territorio ou portos
do Brazil, vindos de fóra, ficam livres. Exceptuam-se: 1º Os escravos matriculados no serviço
de embarcações pertencentes a paiz, onde a escravidão é permitida, emquanto empregados
no serviço das mesmas embarcações. 2º Os que fugirem do territorio, ou embarcação
estrangeira, os quaes serão entregues aos senhores que os reclamarem, e reexportados
para fóra do Brazil. Para os casos da excepção n. 1º, na visita da entrada se lavrará termo
do numero dos escravos, com as declarações necessarias para verificar a identidade dos
mesmos, e fiscalisar-se na visita da sahida se a embarcação leva aquelles, com que entrou.
Os escravos, que forem achados depois da sahida da embarcação, serão apprehendidos, e
retidos até serem reexportados. (Coleção de Leis do Império do Brasil, Rio de janeiro, vol.
1 pt 1, p. 182.)
Os fragmentos I e II correspondem, respectivamente,
a) à Lei do Ventre Livre e ao Bill Aberdeen.
b) à Lei Eusébio de Queiroz e à Lei Feijó.
c) à Lei Saraiva-Cotegipe e à Lei Nabuco de Araújo.
d) à Lei Nabuco de Araújo e à Lei Eusébio de Queiroz.
e) ao Bill Aberdeen e à Lei Feijó.

Muito fácil! Listei, inclusive, os parágrafos da Lei Feijó no corpo do texto sobre a Questão
Abolicionista. Tenha em mente que você deverá saber identificar cada uma das leis
abolicionistas. Na seção Mapas Mentais, encontrará uma tabela resumindo essas leis.
Letra b.

QUESTÃO RELIGIOSA

Meu(minha) querido(a), desde o início da colonização prevalecia o regime de Padroado.


A igreja era submetida à Coroa Portuguesa e, após a Independência, ao Imperador. Na
prática, o Estado poderia abrir paróquias e indicar bispos com a contrapartida de prover
os “salários” do clero.
Assim, D. Pedro II tinha autoridade para aprovar ou não uma ordem do Papa. Em 1872,
uma Bula Papal proibia a participação de membros ligados à maçonaria na vida religiosa da
Igreja. Acontece que D. Pedro II era maçon. Quando D. Vidal e D. Macedo, bispos de Olinda

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e de Belém, resolveram seguir as ordens do Papa Pio IX, o imperador ordenou que fossem
presos. Foram libertos em 1875, mas já estava feito o estrago a imagem do Império.
Hoje, meios de comunicação e redes sociais são utilizados por lideranças políticas para
propagar seus ideais e valores. No entanto, no século XIX, era a Igreja Católica a instituição
responsável por “fazer propaganda” para a monarquia brasileira. Entretanto, diante da
ruptura, todo o clero da Igreja começou a fazer propaganda contrária a D. Pedro II,
fazendo com que a população criasse um sentimento de aversão ao imperador e tudo que
a monarquia representava.
Para resumir: a ruptura com a Igreja fez com que o Império perdesse seu apoio
ideológico.

QUESTÃO MILITAR
Como vimos, a Guerra do Paraguai (1864-1870) foi o maior conflito armado internacional
ocorrido na América do Sul. O Paraguai foi destruído pela Tríplice Aliança, composta por
Brasil, Argentina e Uruguai.
A principal instituição brasileira responsável pela vitória na guerra foi o Exército. Contudo,
era a marinha quem recebia as maiores verbas e privilégios do governo. Isso despertou um
sentimento de despeito por parte do alto escalão do exército brasileiro.
Além disso, em 1883, aumentou a oposição entre governo e exército. Oficiais ficaram
extremamente insatisfeitos em função do projeto de revisão da aposentadoria dos militares.
Soma-se a isso, a influência da Escola Militar, em que as ideias do positivismo de
Auguste Comte ganhavam adeptos. Sobre o positivismo, estudaremos seus detalhes mais
adiante. De acordo com essa corrente filosófica, uma República forte, centralizada e
orientada por princípios racionais, representava o melhor dos sistemas de governo a
ser seguido. Além da Escola Militar, muitos chefes militares passaram a fazer campanha
contra o Império através de jornais.
Assim, diante dos boatos de que o visconde de Ouro Preto, chefe do gabinete de governo,
pretendia dissolver o Exército, nos dias 14 e 15 de novembro, um grupo de militares liderado
por Marechal Deodoro impôs o golpe a Dom Pedro II. Estava proclamada a República.
Durante o processo de tomada do poder, a população sequer entendeu o que estava
acontecendo, levando o ex-político e jornalista, Aristides Lobo, que “o povo assistiu àquilo
bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava, muitos acreditaram
seriamente estar vendo uma parada.”
Resumindo: O império, que já havia perdido seu sustentáculo ideológico e econômico,
agora perdia sua base de apoio militar.
A República proclamada em 1889, de início, foi governada por Militares, no que se
convencionou chamar de República de Espada (1889-1894). O governo dos marechais deu
lugar ao governo civil a partir de 1894, iniciando o que chamamos República Oligárquica.

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013. (CESGRANRIO/IBGE/Historiador/2009)

A carta de Aristides Lobo, publicada no Diário Popular de São Paulo em 18 de novembro


de 1889, é uma das fontes mais conhecidas e citadas sobre o evento da Proclamação da
República no Brasil. Sua percepção sobre esse acontecimento se caracterizou por
a) destacar a ruptura com a monarquia.
b) valorizar a participação popular.
c) defender o apoliticismo dos civis.
d) identificar a unidade dos militares.
e) caracterizar a revolução liberal.

O artigo de Aristides Lobo, publicado em forma de carta no “Diário Popular”, descreve como
o povo do Rio de Janeiro assistiu à Proclamação da República pelo marechal Deodoro –
bestializado, como se presenciasse uma parada militar. O artigo foi escrito na própria tarde
de 15 de novembro de 1889 e veio à luz na edição do dia 18. Em tempo: Aristides Lobo era
republicano.
Letra a.

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1.2. PRIMEIRA REPÚBLICA: ELITE AGRÁRIA E A POLÍTICA DA ECONOMIA


CAFEEIRA
O período republicano da história brasileira se inicia com a sua proclamação e 15 de
novembro de 1889. Observe a linha do tempo que divide didaticamente o Período Republicano
da história do Brasil:

A República Velha pode ser dividida em República de Espadas (1889-1893) e República


Oligárquica (1894-1930). Como a banca não elencou a República de Espadas, passemos
diretamente para a República Oligárquica.

1.2.1. A POLÍTICA DA REPÚBLICA OLIGÁRQUICA


A República dos Coronéis, também chamada de República Oligárquica (1894-1930),
foi marcada por um controle político das Oligarquias de São Paulo e Minas Gerais, no que
se convencionou chamar de política do café-com-leite.

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Oligarquia é uma palavra de origem grega e significa “governo de poucos”. Como o


próprio nome diz, a República Oligárquica (1894-1930) foi um período da história do Brasil em
que as oligarquias cafeeiras de São Paulo (Partido Republicano Paulista) e as oligarquias
produtoras de leite de Minas Gerais (Partido Republicano Mineiro) dominaram a cena
política brasileira por possuírem a maioria do eleitorado do país. Daí a nomenclatura usual:
Política do café-com-leite.
Os presidentes indicados por estes dois partidos se revezaram na presidência da República
até a Revolução de 1930, que colocou Getúlio Vargas no poder.

POLÍTICA DOS GOVERNADORES


Foi um acordo político firmado durante o período da República Velha (1889-1930), com
o objetivo de unir os interesses dos políticos locais ao governo federal, a fim de garantir
o controle do poder político.
O Governo Federal apoiava os governos estaduais sem restrições e, em troca, eles
faziam uso de seus coronéis (“coronelismo”) e elegiam bancadas pró-Governo Federal para
a assembleia legislativa, de forma que nem o governo federal, nem os governos estaduais,
enfrentassem qualquer tipo de oposição. Campos Sales propôs o nome “Política dos
Estados”, dizendo que “o que pensam os Estados, pensa a União”.

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CORONELISMO
Para que a política dos governadores funcionasse, era preciso a garantia dos votos
necessários. Nesse sentido, poder político local era exercido por um coronel. Apesar da
patente no nome, não era um militar. Tratava-se de um mandatário, geralmente um grande
proprietário de terras, que controlava a dinâmica política na sua região em função da
dependência econômica da população local.
A economia local era altamente dependente da atividade do coronel, que obrigava seus
“dependentes” a votarem nos candidatos que ele indicasse. É própria das pequenas cidades
do interior e configura uma forma de mandonismo em que uma elite, personificada pelo
proprietário rural, controla os meios de produção, detendo o poder econômico, social e
político local. O coronelismo foi a base de toda a estrutura que garantia a manutenção das
elites agrárias no governo da República.

Organizado o acordo da política dos governadores, foi necessária a criação de mecanismos


institucionais para que garantissem a eleição dos candidatos escolhidos pelos dois grupos.
Vamos a eles
• Voto de Cabresto: a Constituição de 1891 estipulava o voto aberto. Assim, os coronéis
obrigavam seus “dependentes” a votarem em seus candidatos. Aqueles que tentavam
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desobedecer eram punidos, perdendo seus empregos ou não conseguindo vender ou


prestar algum serviço para o Coronel.
• Curral eleitoral: Os coronéis negociavam seu apoio e os votos necessários aos
candidatos que negociavam com ele. Ofereciam seu curral eleitoral em troca de favores.
• Comissão Verificadora: Criada pelo Congresso Nacional, se mesmo diante da dominação
coronelista os candidatos dos coronéis não fossem selecionados, uma Comissão
Verificadora de Poderes tinha autoridade para não diplomar o candidato eleito.
Ao final da década de 1920, o PRM (Partido Republicano Mineiro) rompeu com o PRP
(Partido Republicano Paulista), por desavenças na escolha do sucessor às eleições de 1929.
As disputas políticas levaram à Revolução de 30, que conduziu Getúlio Vargas ao poder.

014. (CESGRANRIO/IBGE/Historiador/2009)

O coronelismo é uma prática política


a) presente em vários momentos da história brasileira, baseada no domínio do coronel
sobre uma dada localidade.
b) típica de vários momentos da história brasileira, fundado no domínio dos coronéis sobre
o governo estadual.
c) edificada na confluência da implantação do federalismo, na conjuntura de crise do
trabalho escravo e da proclamação da República.
d) herdada do patriarcalismo da sociedade imperial e das hierarquias do escravismo.
e) produzida pelos conflitos entre elites civis e militares pelo controle da Guarda Nacional
e da direção do Estado Republicano.

O item C está de acordo com o gabarito da banca. Ele corretamente identifica o coronelismo
como um fenômeno edificado na confluência da implantação do federalismo, na conjuntura
de crise do trabalho escravo e da Proclamação da República. Esses fatores históricos

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contribuíram para a formação do coronelismo no Brasil. O coronelismo surgiu no contexto


da implantação do federalismo, da crise do trabalho escravo e da Proclamação da República.
(FAUSTO, Boris. História do Brasil. Edusp, 1995.)
Letra c.

1.2.2. REVOLTAS NA REPÚBLICA OLIGÁRQUICA

Prezado(a), inúmeros movimentos sociais eclodiram durante a República Velha. Eles


revelam as contradições do período, de necessária compreensão para darmos sequência
ao conteúdo listado no edital. Vamos a eles:

GUERRA DE CANUDOS (1893 A 1897)

A Guerra de Canudos foi o maior movimento de resistência à opressão dos grandes


proprietários rurais. Ele ocorreu entre 1893 e 1897, no arraial de Canudos, uma comunidade
do Sertão da Bahia. Esse movimento refletia a extrema miséria em que viviam as populações
marginalizadas do Sertão Nordestino.
Para melhor compreender a Guerra de Canudos, é preciso levar em consideração a
situação (contexto histórico) do Nordeste no final do século XIX. Para tanto, indicamos
alguns pontos principais, que estão relacionados às causas do conflito.
• Fome: o desemprego e os baixíssimos rendimentos das famílias deixavam muitos
sem ter o que comer.
• Seca: a região do agreste ficava muitos meses e até mesmo anos sem receber chuvas.
Este fator dificultava a agricultura e não permitia a sobrevivência do gado.
• Falta de apoio político: os governantes e políticos da região não se importavam com
as necessidades das populações carentes.
• Violência: latifundiários empregavam grupos armados para proteger suas propriedades.
Eles espalhavam a violência pela região, como estratégia de manutenção do poder
dos fazendeiros e forma de repressão a qualquer movimento político ou social,
desfavorável aos seus patrões.
• Desemprego: grande parte da população pobre estava desempregada em função da
seca e da falta de oportunidades em outras áreas da economia.
• Fanatismo religioso: era comum a existência de beatos que arrebanhavam seguidores
prometendo uma vida melhor.

O conflito envolveu, de um lado, os habitantes do Arraial de Canudos ( jagunços, sertanejos


pobres e miseráveis, fanáticos religiosos) liderados pelo beato Antônio Conselheiro. De
outro, as tropas do governo da Bahia com apoio de militares enviados pelo governo federal.

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O governo da Bahia, com apoio dos latifundiários, não concordava com o fato de os
habitantes de Canudos não pagarem impostos e viverem sem seguir as leis estabelecidas.
Afirmavam também que Antônio Conselheiro defendia a volta da Monarquia, que havia sido
substituída pela República em 1889.
Antônio Conselheiro, por sua vez, defendia o fim da cobrança dos impostos e era contrário
ao casamento civil. Ele afirmava ter sido enviado por Deus para liderar o movimento contra
as diferenças e injustiças sociais. Era também um crítico do sistema republicano, na forma
como funcionava no período. Essa liderança de cunho religioso entrou para a história com
o nome de messianismo.
Nenhuma das três primeiras tentativas das tropas governistas em combater o arraial de
Canudos foi bem-sucedida. Os sertanejos e jagunços armaram-se e resistiram bravamente
contra os militares. Na quarta tentativa, o governo da Bahia solicitou apoio das tropas
federais, conseguindo com isso, que militares de várias regiões do Brasil, usando armas
pesadas, fossem enviados para o sertão baiano. O arraial foi massacrado de forma brutal:
crianças, mulheres e idosos foram mortos sem distinção. Uma vez controlado o movimento,
Antônio Conselheiro foi assassinado em 22 de setembro de 1897.
A Guerra de Canudos serviu para mostrar que, apesar de marginalizadas, as populações
do sertão nordestino do final do século XIX não aceitavam a situação de injustiça social
que grassava na região. Embora derrotado, este movimento ficou conhecido, na História
do Brasil, como um marco de luta e resistência social.

015. (CESGRANRIO/2014/IBGE/AGENTE DE PESQUISAS POR TELEFONE) Euclides da Cunha –


engenheiro, escritor, ativista republicano em 1889 e autor de [...] uma das mais importantes
obras literárias brasileiras – certa vez definiu o Brasil como “o único caso histórico de uma
nacionalidade feita por uma teoria política”. Segundo ele, as instituições nacionais construídas
no Império baseavam-se em conceitos políticos e filosóficos importados de fora, que pouco
tinham a ver com a realidade observada nas ruas e nos campos de um território ermo, pobre
e atrasado. O Brasil da teoria era diferente do Brasil da prática.
A construção desse país de sonhos estava confiada a uma aristocracia relativamente
pequena, que mandava seus filhos estudar na França e na Inglaterra, [...] mas tirava sua
riqueza da exploração da mão de obra cativa e do latifúndio.
GOMES, Laurentino. 1989. São Paulo: Globo, 2013, p.93.

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A obra mais importante do escritor citado e as ideias que dominavam no debate das
Universidades e salões da Europa, frequentados pelos filhos da aristocracia, no período
mencionado, são, respectivamente,
a) Os Sertões – ideias liberais.
b) Vidas Secas – ideias marxistas.
c) Raízes do Brasil – ideias nazifascistas.
d) Grande Sertão Veredas – ideias totalitárias.
e) Casa Grande e Senzala – ideias neoliberais.

Os Sertões é uma obra dividida em três partes: a terra (em que descreve o bioma da
caatinga), o homem (em que argumenta um determinismo geográfico para justificar a força
do homem da região) e A Luta (descrição do conflito em Canudos).
Letra a.

GUERRA DO CONTESTADO (1912 A 1916)

Guerra do Contestado foi um conflito armado que ocorreu na região Sul do Brasil, entre
outubro de 1912 e agosto de 1916. Assim como Canudos, também foi um movimento
messiânico. O conflito envolveu cerca de 20 mil camponeses que enfrentaram forças militares
dos poderes federal e estadual. Ganhou o nome de Guerra do Contestado, pois os conflitos
ocorrem numa área de disputa territorial entre os estados do Paraná e Santa Catarina.
A estrada de ferro entre São Paulo e Rio Grande do Sul estava sendo construída por
uma empresa norte-americana, com apoio dos coronéis da região e do governo. Para a
construção da estrada de ferro, milhares de família de camponeses perderam suas
terras. Este fato, gerou muito desemprego entre os camponeses da região, que ficaram
sem terras para trabalhar.
Outro motivo da revolta foi a compra de uma grande área da região por de um grupo de
pessoas ligadas à empresa construtora da estrada de ferro. Esta propriedade foi adquirida
para o estabelecimento de uma grande empresa madeireira, voltada para a exportação.
Com isso, muitas famílias foram expulsas de suas terras.
O clima ficou mais tenso quando a estrada de ferro ficou pronta. Muitos trabalhadores
que atuaram em sua construção tinham sido trazidos de diversas partes do Brasil e ficaram
desempregados com o fim da obra. Eles permaneceram na região sem qualquer apoio por
parte da empresa norte-americana ou do governo.
Diante da crise e insatisfação popular, ganhou força a figura do beato José Maria. Este
pregava a criação de um mundo novo, regido pelas leis de Deus, onde todos viveriam em

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paz, com prosperidade justiça e terras para trabalhar. José Maria conseguiu reunir milhares
de seguidores, principalmente de camponeses sem terras.
Os soldados e policiais começaram a perseguir o beato e seus seguidores. Armados de
espingardas de caça, facões e enxadas, os camponeses resistiram e enfrentaram as forças
oficiais que estavam bem armadas. Nestes conflitos armados, entre 5 mil e 8 mil rebeldes, na
maioria camponeses, morreram. As baixas do lado das tropas oficiais foram bem menores.
A guerra terminou somente em 1916, quando as tropas oficiais conseguiram prender
Adeodato, que era um dos chefes do último reduto de rebeldes da revolta. Ele foi condenado
a trinta anos de prisão.
A Guerra do Contestado mostra a forma com que os políticos e os governos tratavam
as questões sociais no início da República. Os interesses financeiros de grandes empresas
e proprietários rurais ficavam sempre acima das necessidades da população mais pobre.
Não havia espaço para a tentativa de solucionar os conflitos com negociação. Quando havia
organização daqueles que eram injustiçados, as forças oficiais, com apoio dos coronéis,
combatiam os movimentos com repressão e força militar.

REVOLTA DA VACINA (1904)

A chamada “Revolta da Vacina” foi uma insurreição popular ocorrida no Rio de Janeiro
em 1904. A revolta ocorreu como uma reação popular à campanha da vacinação obrigatória
contra a varíola, posta em prática pelo sanitarista Oswaldo Cruz. A causa principal da Revolta
da Vacina foi, sobretudo, o modo como foi implantada a campanha da vacinação obrigatória.
A campanha em si foi idealizada pelo sanitarista Oswaldo Cruz, que foi empossado
Diretor Nacional de Saúde Pública, no Rio de Janeiro, na época capital federal. Isto foi feito
a mando do Presidente Rodrigues Alves, como parte de uma série de reformas e projetos
de urbanização idealizados pela presidência, entre elas a demolição de cortiços e favelas
e de boa parte das construções antigas do centro do Rio, e a criação das brigadas de mata-
mosquitos, destinadas a combater as principais doenças epidêmicas transmitidas pelo
inseto, como a malária e a febre amarela.
Antes da realização da campanha, as outras reformas do presidente já se mostravam
impopulares, pois deslocaram uma parte substancial da população com suas reformas
urbanas, e já havia implantado as brigadas mata-mosquito de forma truculenta, entrando
à força nas casas se necessário, e frequentemente escoltadas por policiais ou militares.
A revolta começou quando, estando boa parte da cidade em ruínas em razão da demolição
dos cortiços e outras construções antigas do centro, e a população revoltada com a maneira
que o governo tinha implantado os mata-mosquitos, se anunciou que seriam criadas mais
brigadas para promover uma vacinação obrigatória geral, e que essas brigadas tinham

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autorização para entrar nas casas à força e igualmente a força deter e vacinar quaisquer
de seus habitantes, conforme fosse necessário.
No dia seguinte ao dia da aprovação da Lei da Vacina Obrigatória, 5 de novembro de
1904, os que se opunham à vacinação obrigatória se organizaram fundando a Liga Contra a
Vacina Obrigatória, para protestar contra as medidas do governo. No dia 10 de novembro,
percebendo que o governo pretendia continuar com as mesmas práticas a despeito da
revolta da população, estourou a insurreição.
A revolta em si durou apenas 6 dias, do dia 10 de novembro ao dia 16 de novembro.
Durante esse período, foram saqueadas lojas e prédios públicos, suas fachadas apedrejadas,
bondes queimados, trilhos arrancados, barricadas, tiroteios nas ruas entre a polícia e os
manifestantes, o que tornava o aspecto do centro do Rio, já com aparência de canteiro de
obras, o de uma praça de guerra.
No dia 14 a revolta chegou ao seu ápice, pois receberam o apoio dos militares da Escola
de Cadetes da Praia Vermelha. No último dia o governo fingiu ceder para acalmar a revolta,
e suspendeu temporariamente as brigadas de vacinação, ao mesmo tempo que declarou
estado de sítio e cercou o Rio de Janeiro de tropas. As tropas adentraram a cidade no dia
17 de novembro, e prenderam a maior parte dos revoltosos, dos quais alguns foram presos
e outros deportados para o Acre. Assim que a cidade foi considerada segura, o governo
voltou atrás e continuou com a campanha como previsto.
A falta de divulgação da natureza da vacina e seus efeitos benéficos, em conjunto com
a truculência das autoridades e do clima de tensão social causado pelas outras reformas
pelas quais passava a capital, foram as principais razões pelas quais uma insurreição dessas
proporções não pôde ser evitada. Apesar da revolta, a campanha foi um absoluto sucesso
em seus objetivos, e dentro de poucos anos a varíola estava completamente erradicada
no Rio de Janeiro, momento no qual o programa foi sendo lentamente expandido até a
erradicação completa da varíola no Brasil na década de 1970.

016. (CESGRANRIO/2018/LIQUIGÁS/PROFISSIONAL JÚNIOR/DIREITO) Considere o texto


abaixo sobre a realidade social brasileira.
Há 114 anos, durante o governo de Rodrigues Alves, acontecia em nosso país a chamada
Revolta da Vacina. Na época, o sanitarista Oswaldo Cruz enviou ao Congresso nacional um
projeto que tornava obrigatória a imunização, visando a erradicar uma doença que provocava
epidemias maléficas, transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Estamos vivendo hoje nas
redes sociais uma crescente resistência aos movimentos de vacinação. Isto se deve sem

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dúvida, principalmente ao desconhecimento de nossa história sanitária. Nos dias atuais,


a mesma doença volta a ameaçar a população brasileira, como sinalizam as mortes de
macacos em áreas silvestres, indicando um novo surto.
LONDRES, L. A revolta da vacina. O Globo, Rio de Janeiro, 27 jul. 2018, Opinião. Disponível em: <https://
oglobo.globo.com/opiniao/a-revolta-da-vacina-22921985>. Acesso em: 24 set. 2018. Adaptado.

A vacinação proposta por Oswaldo Cruz visava à erradicação de uma doença que volta,
efetivamente, a ameaçar a saúde da população brasileira nos dias atuais.
Qual é essa doença?
a) Sarampo
b) Catapora
c) Poliomielite
d) Tuberculose
e) Febre amarela

Atenção. A Revolta da Vacina visava erradicar a varíola. No entanto, Oswaldo Cruz também
enviou projeto ao Congresso pela obrigatoriedade da vacinação contra a Febre Amarela.
Outra dica do enunciado: das doenças listadas, somente a febre amarela é transmitida
pela picada de mosquitos.
Letra e.

REVOLTA DA CHIBATA (1910)

Revolta da Chibata foi um importante movimento de motim naval, ocorrido no início


do século XX, na cidade do Rio de Janeiro. Começou no dia 22 de novembro de 1910.
Neste período, os marinheiros brasileiros eram punidos com castigos físicos. As faltas
graves eram punidas com 25 chibatadas (chicotadas). Esta situação gerou uma intensa
revolta entre os marinheiros.
O estopim da revolta ocorreu quando o marinheiro Marcelino Rodrigues foi castigado
com 250 chibatadas, por ter ferido um colega da Marinha, dentro do encouraçado Minas
Gerais. O navio de guerra estava indo para o Rio de Janeiro e a punição, que ocorreu na
presença dos outros marinheiros, desencadeou a revolta.
O motim se agravou e os revoltosos chegaram a matar o comandante do navio e mais
três oficiais. Já na Baia da Guanabara, os revoltosos conseguiram o apoio dos marinheiros
do encouraçado São Paulo. O clima ficou tenso e perigoso.
O líder da revolta, João Cândido (conhecido como o Almirante Negro), redigiu a carta
reivindicando o fim dos castigos físicos, melhorias na alimentação e anistia para todos

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que participaram da revolta. Caso não fossem cumpridas as reivindicações, os revoltosos


ameaçavam bombardear a cidade do Rio de Janeiro (então capital do Brasil).
Diante da grave situação, o presidente Hermes da Fonseca resolveu aceitar o ultimato
dos revoltosos. Porém, após os marinheiros terem entregues as armas e embarcações, o
presidente solicitou a expulsão de alguns revoltosos. A insatisfação retornou e, no começo
de dezembro, os marinheiros fizeram outra revolta na Ilha das Cobras. Esta segunda revolta
foi fortemente reprimida pelo governo, sendo que vários marinheiros foram presos em celas
subterrâneas da Fortaleza da Ilha das Cobras. Neste local, onde as condições de vida eram
desumanas, alguns prisioneiros faleceram. Outros revoltosos presos foram enviados para
a Amazônia, onde deveriam prestar trabalhos forçados na produção de borracha.
João Cândido foi expulso da Marinha e internado como louco no Hospital de Alienados.
No ano de 1912, foi absolvido das acusações junto com outros marinheiros que participaram
da revolta.
Podemos considerar a Revolta da Chibata como mais uma manifestação de insatisfação
ocorrida no início da República. Embora pretendessem implantar um sistema político-
econômico moderno no país, os republicanos trataram os problemas sociais como “caso de
polícia”. Não havia negociação ou busca de soluções com entendimento. O governo quase
sempre usou a força das armas para colocar fim às revoltas, greves e outras manifestações
populares.

MOVIMENTO OPERÁRIO
Uma das consequências da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) foi a necessidade de
o país substituir as importações pela produção industrial nacional. Já que as potências
industriais que forneciam para o mercado brasileiro estavam com suas economias voltadas
para os esforços de guerra, o Brasil foi obrigado a promover um breve surto industrializante.
O capital veio do café, do seu acúmulo em instituições financeiras que financiaram
indústrias têxteis e de laticínios. Já a mão de obra foi imigrante. Desde o século XIX havia
uma política de incentivo a imigração europeia. Os objetivos eram trazer mão de obra
especializada em substituição à mão de obra escrava “desqualificada” e embranquecer
a população com o predomínio genético branco ao longo das gerações. Pode-se dizer que
isso foi um “tiro no pé”, porque os imigrantes italianos, alemães, espanhóis... tinham, além
da experiência do trabalho assalariado no campo e nas indústrias, a experiência na luta
operária, trazendo ideologias como o socialismo, o anarquismo e o comunismo.
O ápice do movimento operário aconteceu entre 1917 e 1920, sendo tratada pelo
presidente Washington Luís (1926-1930) como “caso de polícia”. Sem dúvidas a mobilização
mais marcante foi a Greve Geral de 1917. Operários e comerciantes pararam São Paulo
nos meses de junho e julho, exigindo melhores condições de trabalho e aumento salarial.
Depois de cinco dias, suas reivindicações foram atendidas.

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Capa do jornal A Gazeta de 9 de julho de 1917 sobre a greve.

Apesar de diminuírem as manifestações operárias ao longo da década de 1920, variados


sindicatos e associações de classe surgiram e, com a crise de 1929, começaram a pressionar
a sociedade por mudanças.

TENENTISMO
Durante a década de 1920, militares de média patente começaram a se organizar
contra a imoralidade da política dos governadores e do coronelismo.
Em 5 de julho de 1922, em um episódio que entrou para a história como os “18 do Forte
de Copacabana”, o tenente Siqueira Campos e um grupo de militares rebeldes pegaram
armas e marcharam as ruas em direção ao Palácio do Catete (sede do governo federal).
Alguns militares desistiram ao longo da caminhada, restando apenas 17 que receberam
o apoio de um civil. Após forte tiroteio entre os 18 e as tropas do governo, sobreviveram
apenas Siqueira Campos e Eduardo Campos, que acabaram presos.

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Foto do movimento dos 18 do Forte de Copacabana

Dois anos depois, exatamente no mesmo 5 de julho, o general Isidoro Dias Lopes liderou
a Revolução Paulista de 1924 em que cerca de mil militares tomaram a cidade de São Paulo
por 23 dias. A cidade foi palco do maior bombardeio de sua história provocando deslocamento
de mais de 300 mil pessoas. A eminente derrota ante ao avanço de tropas federais fez com
que deixassem a cidade formando uma coluna, a Coluna Paulista. Dirigiram-se ao sul do
país, onde se uniram a Coluna Prestes.
A Coluna Prestes teve início também em 5 de julho de 1924, na cidade de Alegrete (sul
do Rio Grande do Sul). Percorreu cerca de 25 mil quilômetros no interior do país realizando
discursos de conscientização contra os desmandos do coronelismo e das oligarquias. Após
dois anos e meio, depois de passar por 11 estados, terminou dividido: parte do grupo foi
para a Bolívia, enquanto outra para o Paraguai.

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Percurso da Coluna Prestes

017. (CESPE-CEBRASPE/INSTITUTO RIO BRANCO/DIPLOMATA/PROVA 2/2017) A Primeira


República caracterizou-se pelo regime oligárquico e pela economia agroexportadora. Com
relação a esses assuntos, julgue (C ou E) o item a seguir.
Na década de 20 do século XX, o movimento tenentista contou com importante participação
de oficiais tanto do Exército como da Marinha, tendo apontado os males causados pelo
poder excessivo da oligarquia e defendido a descentralização do poder político, além de
uma política econômica nacionalista.

Defendiam, na verdade, a centralização do poder político, tirando poder das oligarquias


locais.
Errado.

1.2.3. ECONOMIA NA REPÚBLICA OLIGÁRQUICA


Querido(a), durante a República Velha, como já disse, ocorreu o predomínio da exportação
do café como principal atividade econômica. No entanto, tivemos uma importante atividade

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econômica como Ciclo da Borracha na região Norte do País, entre 1890 e 1914. Um exército
de trabalhadores extraia o látex dos seringais para exportá-lo para as indústrias inglesas
e norte-americanas, principalmente para a produção de pneus. Deste ciclo econômico,
destaque para a vida cultural desenvolvida em Manaus e para as migrações de nordestinos
para a região amazônica para trabalhar na extração. Essa atividade entrou em decadência
depois que os ingleses traficaram mudas de seringueiras e começaram a cultivá-las no
sistema de Plantation na Índia. Lembra-se do sistema de plantation? Aquele mesmo do
MEEL (monocultura, exportação, escravidão e latifúndio) da economia açucareira, só que
aqui, sem o trabalho escravo.

018. (FGV/SEDUC-AM/PROFESSOR/HISTÓRIA/2014) Leia o trecho de notícia a seguir, a


respeito da produção de látex no Mato Grosso.
“Os produtores de borracha do Mato Grosso estão preocupados com a queda do preço
neste mercado. O resultado direto disso é a diminuição da mão de obra no campo. A baixa
nos preços acontece por causa do aumento da produção de látex nos países do Sudeste
Asiático. (...) Na safra passada, em média, o quilo de borracha era vendido a R$ 3,20. Já
nesta safra, o valor do quilo não passou de R$ 2. (...)”
(Produtores de borracha do MT estão preocupados com a queda do preço. Globo Rural, 06 jul. 2014.)

Durante a Primeira República (1889-1930) brasileira, um “surto da borracha” foi afetado


também pela concorrência da produção de látex em países do Sudeste Asiático que, à
época, eram colônias de potências europeias. A região brasileira cuja economia foi mais
abalada pela queda de preços da borracha no mercado internacional, durante as primeiras
décadas do século XX, foi a
a) mato-grossense.
b) fluminense.
c) nordestina.
d) amazônica.
e) gaúcha.

Querido(a), cuidado com a pegadinha. Veja que o enunciado fala sobre Mato Grosso. No
entanto, o ciclo da borracha abrangeu toda a região amazônica brasileira, que entrou em
crise depois que os ingleses levaram mudas de seringueiras para o Sudeste Asiático.
Letra d.

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Da economia cafeeira, resultam três processos que se complementam: a imigração


intensiva de estrangeiros para o Brasil, a urbanização e a industrialização. Outro fator
econômico significativo foi derivado da Primeira Guerra (1914-1928). Com as economias
europeias voltadas para a economia de guerra, o mercado interno brasileiro ficou carente de
gêneros industrializados que vinham principalmente da Inglaterra e França. Para solucionar a
questão, o capital cafeeiro acumulado em bancos foi utilizado para financiar um significativo
surto industrializante em São Paulo e no Rio de Janeiro. Destaque para as indústrias têxteis
e de alimentos.
Para garantir os privilégios dos produtores de café, foi celebrado o Convênio de Taubaté,
um plano feito entre os governos de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro e os grandes
cafeicultores destes estados. Este acordo, firmado em 1906, na cidade de Taubaté (interior
de São Paulo) tinha como principal objetivo aumentar o preço do café. De acordo com o
plano, os governos de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro compravam a produção de
café dos produtores, fazendo e gerenciando estoques reguladores do produto. O produto
era colocado no mercado de acordo com a lei da oferta e procura, visando sempre manter
os preços elevados, garantindo desta forma o lucro dos produtores.
Na maior parte dos casos, estes governos compravam o café dos produtores a um preço
maior do que vendiam no mercado, obtendo prejuízos nesta relação. E quando a procura
por café no mercado internacional era menor do que a oferta, para manter os preços altos,
os governos queimavam estoques do produto, gerando mais prejuízos aos cofres públicos.
Como estes estados não tinham capital para comprar os elevados estoques de café
e ainda manter os preços controlados, precisaram recorrer a empréstimos em bancos
estrangeiros (ingleses e norte-americanos).

1.2.4. A REVOLUÇÃO DE 1930

Como vimos, meu(minha) querido(a), as oligarquias mineira e paulista controlavam a


política brasileira através do revezamento dos presidentes escolhidos. Em 1929 esperava-
se que a candidatura fosse de um político mineiro, entretanto, o presidente Washington
Luís apoiou a candidatura do paulista Júlio Prestes para a presidência da República e de
Vital Soares para a vice-presidência.
Assim, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba formalizaram a Aliança Liberal, com
a candidatura de Getúlio Vargas para presidência e de João Pessoa para vice. Contaram,
ainda, com o apoio do movimento tenentista e grupos de oposição. Dentre suas principais
propostas, listamos:
• A representação popular pelo voto secreto;
• anistia aos insurgentes do movimento tenentista na década de 1920;

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• reformas trabalhistas;
• a autonomia do setor Judiciário;
• a adoção de medidas protecionistas aos produtos nacionais para além do café.

A eleição aconteceu em 1º de março de 1930, com vitória de Júlio Prestes. A Aliança


Liberal contestou a eleição, mas se retraiu até que, em 26 de julho de 1930, João Pessoa foi
assassinado por conflitos políticos regionais. A Aliança Liberal se aproveitou do incidente
para se organizar e pegar em armas para tomar o poder. Entraram em contato com os
generais das Forças Armadas para apoiarem a deposição de Washington Luís e garantirem
que Getúlio Vargas se tornasse o próximo dirigente do país.
Em 3 de outubro de 1930, começou a intervenção. Na região Nordeste do país, Juarez
Távora liderou as incursões armadas. Na região Sul foi o general Góis Monteiro o responsável
por tomar o poder. As tropas se dirigiram ao Rio de Janeiro onde depuseram Washington
Luís e entregaram a presidência da República à Getúlio Vargas.

019. (CESGRANRIO/IBGE/HISTORIADOR/2009) Na década de 1920, diversas práticas


políticas associadas à dominação oligárquica entraram em crise, culminando com o episódio
denominado Revolução de 1930. A crise da década de 1920 se manifestou em determinadas
transformações, à exceção de:
a) crescimento das dissidências entre as grandes oligarquias.
b) aumento da demanda por maior participação política por parte dos setores urbanos.
c) crítica dos ideais nacionalistas por parte de artistas e intelectuais.
d) maior mobilização em torno da formação de partidos políticos nacionais.
e) insatisfação de setores militares com a política vigente.

a) Certa. A afirmativa é correta, mas não está de acordo com o gabarito da banca. Durante
a década de 1920, houve um crescimento das dissidências entre as grandes oligarquias,
principalmente entre as de São Paulo e Minas Gerais, que se alternavam no poder através
do chamado ‘política do café com leite’.
b) Certa. Também é uma afirmativa verdadeira, mas não está de acordo com o gabarito
da banca. Com o crescimento das cidades e a urbanização do país, houve um aumento da
demanda por maior participação política por parte dos setores urbanos, que se sentiam
excluídos do sistema político dominado pelas oligarquias rurais.

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c) Errada. Está de acordo com o gabarito da banca. Na década de 1920, ao contrário do que
afirma o item, houve um fortalecimento dos ideais nacionalistas por parte de artistas e
intelectuais, que se manifestou, por exemplo, na Semana de Arte Moderna de 1922.
d) Certa. Está correto, mas não está de acordo com o gabarito da banca. A crise da década de
1920 levou a uma maior mobilização em torno da formação de partidos políticos nacionais,
como o Partido Democrático, em São Paulo, e a Aliança Liberal, que reuniu políticos de vários
estados contra a política do café com leite.
e) Certa. Não está de acordo com o gabarito da banca. A insatisfação de setores militares
com a política vigente foi um dos fatores que contribuíram para a Revolução de 1930, que
marcou o fim da República Velha.
Letra c.

1.3. O ESTADO GETULISTA


A Segunda República diz respeito ao período em que Vargas esteve no poder. Getúlio
assumiu o governo de maneira provisória, mas acabou governando até 1945. Podemos
dividir esse período de 15 anos em três fases: Governo Provisório (1930-1934), Governo
Constitucional (1934-1937) e Estado Novo (1937-1945).

1.3.1 GOVERNO PROVISÓRIO (1930-1934):

Instituída a Revolução, Vargas tratou de retribuir o apoio recebido pelos militares


entregando-lhes vários cargos políticos. Os “tenentes” eram indicados como interventores
do Estado e buscavam anular as antigas oligarquias. Esse atrito entre as antigas oligarquias
de São Paulo e o Governo Federal culminou na Revolução Constitucionalista de 1932, que
veremos mais adiante. Antes, vejamos a pauta do Governo Provisório:
• Instalação de uma indústria básica (principalmente a siderurgia);
• Nacionalização de minas, energia, transporte e comunicação;
• Centralização do poder;
• Unificação dos Estados;
• Aliança entre Estado e Igreja Católica;
• Criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, 1830, também chamado
“Ministério da Revolução”. O primeiro Ministro do Trabalho foi Lindolfo Collor, avô do ex
presidente Fernando Collor, que buscou administrar os conflitos entre trabalhadores
e patrões com a negociação da carga horária de trabalho e outras concessões à ambos
os lados. Por isso Getúlio ficou conhecido como “pai dos pobres e mãe dos ricos.”;

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• Oficialização dos sindicatos, com claro objetivo de atrair essas associações de classe
para a órbita do governo afim de controlá-las, impedindo mobilizações operárias
contrárias ao Governo. Daí nasceu a expressão “Sindicato Pelego”;
• Criação do Conselho Nacional do Café, 1931: Objetivava a superação da crise da
produção de café com o subsídio do Governo para valorizar o produto.

SINDICALISMO “PELEGO”

Desde a criação do Ministério do Trabalho em 1931, os sindicatos passaram a ser


controlados pelo estado. Em 1939, a legislação proibiu a representação de mais de um
sindicato por categoria e a associação entre sindicatos. Desse modo, Getúlio conseguiu
impedir que os operários se organizassem em manifestações contrárias a seu governo.
A expressão “pelego” é uma referência metafórica à pele de carneiro usada por baixo
da sela para amortecer a cavalgada em cavalos. Em outras palavras, o sindicato tinha a
função de diminuir o impacto do peso do patrão sobre o trabalhador.

REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE 1932

Querido(a), você há de se recordar, as oligarquias de São Paulo foram as principais


prejudicadas pela Revolução de 30. Assim, em 1931, Getúlio Vargas nomeou como interventor
do Estado o “tenente” João Alberto Lins de Barros, contrariando o Partido Democrático.
Importante aliado na Aliança Liberal que instituiu o Governo Provisório, o Partido Democrático
queria a nomeação de seu presidente, Francisco Morato, para o cargo.
Em 1931, o Partido Democrático rompeu com o interventor paulista e, em 1932, com
a base aliada do governo Vargas. Aliou-se à antigas forças políticas de São Paulo, como o
Partido Republicano Paulista, formando a Frente Única Paulista (FUP).
Dentre suas reivindicações, podemos listar:
• Autonomia política do Estado de São Paulo;
• Nomeação de um interventor civil e paulista para o Estado;
• Criação de uma nova constituição para o país;
• Eleições para presidente.

A FUP começou a organizar um levante armado já na sua fundação, sob o comando do


general Isidoro Dias Lopes (aquele mesmo da Revolução Paulista de 1924, do movimento
tenentista)
Getúlio tentou estrategicamente controlar os ímpetos revoltosos de São Paulo
apresentando um novo Código Eleitoral que marcava eleições para deputados para uma
assembleia constituinte.

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O estopim para o conflito ocorreu quando estudantes morreram durante manifestações


em São Paulo: Miragaia, Martins, Dráusio e Camargo. As iniciais desses estudantes (MMDC) se
tornaram o nome de um grupo secreto que pretendia destituir Getúlio Vargas da presidência.
O movimento contou com o apoio de industriais e de populares, que doavam quantias
variadas numa campanha chamada Ouro Pelo Bem de São Paulo. Também recebeu apoio
de Mato Grosso, interessado em promover uma divisão de seu estado. E, de fato, durante
o levante, os mato-grossenses criaram o estado de Maracajú, posteriormente anulada por
Vargas. Assim, em 9 de julho de 1932, eclodiu a guerra civil no Estado de São Paulo.

São Paulo não conseguiu apoio de outros estados como Minas Gerais e Rio Grande do
Sul e, isolado, suportou apenas poucos meses. A rendição oficial foi assinada em 1º de
outubro de 1932. Os principais líderes da Revolução Constitucionalista foram exilados em
Portugal. Getúlio então indicou o general Valdomiro Lima como interventor do Estado.
Apesar da derrota militar da Revolução Constitucionalista, Getúlio Vargas se viu pressionado
a convocar a Assembleia Nacional Constituinte em 1933. Em 1934 a Constituição foi
promulgada, mantendo Getúlio Vargas como presidente em um Governo Constitucional e
prevendo eleições para 1938.

020. (FGV/AL-MT/Repórter Cinematográfico/2013) “Ao subir ao poder, em 1930, Getúlio


Vargas procurou combater as estruturas de sustentação criadas pela política do ‘café‐com‐
leite’, e para isso desenvolveu uma série de mecanismos que visavam reorganizar o Estado.

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[...] Para governar os estados, Vargas nomeou interventores federais, que deviam exercer
tanto o Poder Executivo quanto o Legislativo, com os mesmos poderes que cabiam ao
governo provisório.
[...] A situação se agravou mais ainda, quando em 9 de julho de 1932, os paulistas iniciaram
a Revolução Constitucionalista.”
(www.educacional.com.br/.../Livro%20de%20Mato%20Grosso43201211)

Em relação à crise de 1932, analise as afirmativas a seguir.


I – São Paulo esperava a adesão das elites mineiras e gaúchas, mas, na realidade, somente
contou com a participação de um pequeno destacamento, proveniente do sul de Mato
Grosso, comandado pelo general Bertoldo Klinger.
II – O apoio do sul de Mato Grosso à causa paulista estava associado à divisão do estado
uma vez que, no decorrer da Revolução Constitucionalista, o sul de Mato Grosso se separou,
criando o Estado de Maracajú.
III – A Revolução Constitucionalista durou três meses. Após ter derrotado o movimento em
São Paulo, Vargas controlou o movimento separatista do sul de Mato Grosso.
Assinale:
a) se apenas a afirmativa I estiver correta.
b) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas.
c) se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas.
d) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.
e) se todas as afirmativas estiverem corretas.

O movimento da Revolução Constitucionalista de 1932 reivindicava a elaboração de uma


nova constituição, a nomeação de um interventor civil e paulista para governar o estado
de São Paulo e eleições para presidente.
Letra e.

1.3.2. GOVERNO CONSTITUCIONAL (1934-1937)


Querido(a), em 1934 Vargas assume a presidência de forma Constitucional. Durante
esse período, Vargas incentivou práticas educativas como a gratuidade do “ensino primário”
e propagou seu regime através de livros, do cinema e de programas de rádio. Todas essas
produções passaram a ser fiscalizadas e censuradas a partir de 1934, com a criação do
Departamento de Propaganda e Difusão Cultura (DPDC).

CONSTITUIÇÃO DE 1934
Querido(a), recorde comigo que Getúlio Vargas foi pressionado pela Revolução
Constitucionalista a convocar uma Assembleia Constituinte. Eleita em 3 de maio de 1933,

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era composta por 250 deputados e 50 representantes de classe. Em 10 de novembro


iniciaram os trabalhos: analisar o anteprojeto elaborado pelo Governo. Em 16 de julho de
1934 foi promulgada a nossa terceira Constituição Brasileira e a segunda Republicana.
Foram mantidas:
• Manteve a Federação;
• Eleições diretas para presidente, exceto Getúlio Vargas, eleito pela Assembleia
Constituinte para exercer o cargo até maio de 1938;
• Mandato presidencial de 4 anos.

As novas disposições foram:


• Extinção do cargo de vice-presidente. O presidente da Câmara assumiria em caso de
impedimento do Presidente;
• Eleição para o Poder Executivo e Legislativo através do voto secreto, que foi estendido
às mulheres em exercício remunerado de funções públicas. Continuavam sem direito
ao voto: analfabetos, militares abaixo da patente de sargento, mendigos e pessoas
declaradas sem direitos políticos pela justiça. Criação da Justiça Eleitoral;
• Criação da Justiça do Trabalho, salário mínimo, jornada de oito horas diárias, férias
remuneradas, indenização por dispensa sem justa causa, repouso semanal;
• Ensino primário obrigatório;
• Limitação do habeas-corpus e criação do mandado de segurança;
• Todas as riquezas naturais do país, quedas d’água para geração de energia, jazidas
de minérios, entre outras, seriam propriedade da União.

A Constituição de 1934 trouxe avanços significativos nos direitos trabalhistas e na


extensão do voto às mulheres, mas teve pouca vigência. Em 1937, com o golpe que instituiu
o Estado Novo, Getúlio Vargas outorga da Constituição de 1937.

021. (CESGRANRIO/IBGE/HISTORIADOR/2009) Ao longo da república, na sociedade brasileira,


o exercício da cidadania sofreu transformações associadas a ações estatais promotoras de
maior inclusão política e social, dentre as quais cita-se o(a)
a) voto feminino, a partir de 1934.
b) seguro desemprego, por meio da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
c) direito de voto para os analfabetos, a partir de 1946.
d) reconhecimento da liberdade sindical, a partir de 1937.
e) proteção dos direitos indígenas, a partir de 1891.

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a) Certa. O Código Eleitoral de 1932 permitiu o voto feminino o que foi corroborado pela
Constituição de 1934.
b) Errada. O seguro-desemprego não traz inclusão política, mas sim social.
c) Errada. A constituição de 1946 apresentou alguns retrocessos como a exclusão do direito
de voto aos analfabetos.
d) Errada. O período ditatorial de Vargas é tomado por uma orientação fascista. Em 1937 foi
instituída a Constituição conhecida como ‘a polaca’ (baseada na constituição da Polônia).
Ela fortalecia o executivo, retira o direto de greve e admite a pena de morte para crimes
políticos.
e) Errada.

Nesse período, a primeira legislação que garantiu algum direito aos indígenas foi a Lei Imperial n.
601 de 1850 que reservou a eles as terras dos aldeamentos. A Constituição Republicana de 1891
não trouxe nenhuma novidade apenas ratificou as leis imperiais enquanto não fossem revogadas.

https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-constitucional/evolucao-historica-dos-direitos-indigenas/

Letra a.

INTEGRALISTAS X ALIANCISTAS

É durante o Governo Constitucional que dois grupos radicalizam a política polarizando


ideologias contrárias. Vamos a eles:
Ação Integralista Brasileira (AIB):
Liderada por Plínio Salgado, tinha caráter fascista, inspirada nos líderes Benito Mussolini,
da Itália, e Adolf Hitler, da Alemanha (trataremos desses regimes na nossa segunda aula
de História Geral). De extrema-direita, defendia uma intervenção maior do Estado na
economia brasileira e a submissão dos direitos individuais em prol da Nação.
Em outubro de 1932, Plínio Salgado lança “O Manifesto Integralista” que trazia os ideais
do AIB: “defesa do nacionalismo, definido mais sobre bases culturais do que econômicas, e
do corporativismo, visto como esteio da organização do Estado e da sociedade; combate
aos valores liberais e rejeição do socialismo como modo de organização social”. Apesar da
inspiração, diferentemente do Nazismo, a AIB não trazia o racismo em seus preceitos.

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Cartazes de divulgação da AIB

“Deus, Pátria e Família” era o lema da AIB e sintetizava sua defesa do cristianismo, do
nacionalismo e do conservadorismo. Os também chamados “camisas verdes” usavam a letra
sigma grega (Σ) com símbolo, em alusão ao significado oriundo da matemática de soma das
sequencias numéricas. Também se saldavam de maneira muito parecida com o nazismo,
levantando a mão e usando a expressão tupi “Anauê”, que significa “você é meu irmão”.
Aliança Nacional Libertadora (ANL):
A Aliança Nacional Libertadora era ligada ao Partido Comunista do Brasil. Entre seus
principais objetivos estavam a reforma agrária, a nacionalização das empresas, a suspenção
do pagamento da dívida externa, a garantia a liberdade de expressão e a instauração de
um governo popular inspirado na Revolução Russa de 1917. Tinha orientação marxista e
defendia o comunismo contra o imperialismo. Seu principal líder foi Luís Carlos Prestes, o
“cavaleiro da esperança” que deu nome a Coluna Prestes de 1924.
Getúlio Vargas havia se apoiado também na ANL para tomar o poder das mãos de Júlio
Prestes na Revolução de 1930. Entretanto, não era simpatizante dos seus ideais pela reforma
agraria e pelo comunismo. Assim, decretou sua ilegalidade em 1935, com a publicação da
Lei de Segurança Nacional. O objetivo da lei era fechar o cerco contra grupos políticos
opositores, criando uma legislação específica para crimes políticos.

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Cartazes de divulgação da ANL

Mesmo na ilegalidade, em 1935, a ANL tramou um golpe, com levantes em quartéis no


Recife, em Natal e no Rio de janeiro para tentar tirar Getúlio Vargas do poder. Esse episódio
entrou para a historiografia como “Intentona Comunista”. O casal Luiz Carlos Prestes e
Olga Prestes, líderes da Intentona, foram presos e Olga acabou sendo deportada e morta
em um campo de concentração nazista.
Tendo reprimido com violência a tentativa de golpe da ANL, Getúlio percebeu o avanço
das ideologias comunistas no país. Setores da população, que antes eram contrários às
medidas centralizantes, acabaram dando apoio ao Governo por medo do socialismo soviético
tomar o país.

022. (CESGRANRIO/2014/IBGE/AGENTE DE PESQUISAS POR TELEFONE) Desde que o jornal


integralista A Offensiva estampara as primeiras convocações para o evento na praça da Sé,
esquerdistas dos mais variados matizes idealizaram uma contramanifestação, combinada
propositadamente para o mesmo dia (7 de outubro de 1934), horário e local. “És amigo da
liberdade? Queres que o Brasil marche para a paz e o progresso? Repugna-te o crime e a
bandalheira? És amante da arte, da ciência e da filosofia? Pois, então, guerra ao integralismo

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com todas as suas energias”, incitava um panfleto da Federação Operária de São Paulo, de
orientação anarquista.
NETO, Lira. [ ] Do Governo Provisório à Ditadura do Estado Novo (1930 -1945). São Paulo: Companhia das
Letras, 2013, p.193.

O embate previamente anunciado entre esquerdistas e integralistas foi fatal e ocorreu no


governo do presidente
a) Café Filho.
b) Getúlio Vargas.
c) Jânio Quadros.
d) Washington Luís.
e) Juscelino Kubitschek.

Questão de baixo grau de dificuldade. O acirramento entre AIB e ANL ocorreu durante o
governo constitucional de Getúlio Vargas.
Letra b.

PLANO COHEN
Getúlio Vargas foi aperfeiçoando a Lei de Segurança Nacional (LSN) com a criação
do Tribunal de Segurança Nacional em 1936. A LSN foi mantida nas Constituições que se
seguiram, sendo evocada pelo Regime Militar (1964-1985) dentro da doutrina de Segurança
Nacional idealizada pela Escola Superior de Guerra.
Mesmo com o endurecimento de Vargas contra a ANL, a AIB pressionou o governo
para acabar de uma vez por todas com a ameaça comunista, alegando que a ANL estaria
preparando uma nova Intentona Comunista com influência direta da União Soviética.
Assim, no dia 30 de setembro de 1937, o chefe do Estado-Maior, general Góes Monteiro,
usou o programa radiofônico Hora do Brasil para anunciar a descoberta de um plano do Partido
Comunista do Brasil e da ANL, em conjunto com organizações comunistas internacionais,
para derrubar o presidente Getúlio Vargas.
Getúlio recebeu apoio de setores tradicionais da direita brasileira como o Exército, o
empresariado e os cafeicultores. Esses grupos entendiam que o fortalecimento do poder
executivo impediria que mais revoltas acontecessem. Aproveitando-se do contexto, Getúlio
Vargas declara “Estado de Sítio” e instaura a ditadura do Estado Novo em 1937.

023. (FGV/2014/SEDUC-AM/PROFESSOR/HISTÓRIA) A “Era Vargas” está associada diretamente


à construção de um arcabouço jurídico de direitos sociais, com destaque para a legislação

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trabalhista, mas também por restrições ao exercício de direitos civis e políticos. Mesmo
durante o curto período de “Governo Constitucional”, entre 1934 e 1937, numerosos
mecanismos jurídicos foram criados para flexibilizar ou para violar abertamente algumas
garantias constitucionais.
Assinale a opção que identifica um desses mecanismos durante a vigência formal da
Constituição de 1934.
a) O fechamento da Aliança Nacional Libertadora (ANL) como resposta quase imediata ao
manifesto de Luís Carlos Prestes que pregava “todo poder aos sovietes”.
b) A promulgação da Lei de Segurança Nacional (LSN), após a Intentona Comunista, restringia
ou eliminava garantias processuais para os acusados de crimes contra a segurança do Estado.
c) A criação do Tribunal de Segurança Nacional, em 1936, incrementou os mecanismos de
aplicação da Lei de Segurança Nacional por meio de um tribunal de exceção subordinado
à Justiça Militar.
d) A criação do DOPS, polícia política de Vargas, conferiu grandes poderes a seu chefe Filinto
Müller, simpatizante do nazismo alemão.
e) A decretação do estado de guerra, em 1936 e 1937, foi justificada como reação ao
crescimento do apoio do III Reich à militância nazista no sul do país.

O Tribunal de Segurança Nacional (TSN) foi instituído pela lei n. 244, de 11 de setembro de
1936, na esfera da Justiça Militar, com a finalidade de julgar os crimes contra a existência,
a segurança e a integridade do Estado, além dos crimes contra a economia popular, sendo
extinto pela lei n. 14, de 17 de novembro de 1945. Sua criação está diretamente relacionada à
Intentona Comunista de 1935, também referida como Levante Comunista, e, a sua extinção,
com o fim do Estado Novo em 1945.
Letra c.

1.3.3. ESTADO NOVO (1937-1945)


Querido(a), o Estado Novo ou Terceira República (1937-1945) foi inspirado no regime
fascista do português Antônio Oliveira Salazar, que usou essa nomenclatura pela
primeira vez.
Getúlio Vargas se aproveitou da instabilidade política e outorgou a carta constitucional
de 1937, elabora por Francisco Campos. Por ter inspiração na Carta Constitucional fascista
polonesa, ficou conhecida como constituição “polaca”. O termo pejorativo também fazia
referência às prostitutas portuárias de origem polonesa.
Como você há de se recordar, a AIB apoiou o Golpe de 1937 e, apesar disso, foi posta
na ilegalidade pelo regime varguista, assim como todo os outros partidos políticos, em 3

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de dezembro de 1937. Desse modo, em janeiro de 1938, a Aliança Integralista conspirou


uma rebelião com apoio de membros da marinha e de civis, como o ex-governador do Rio
Grande do Sul Flores da Cunha. Em 11 de março a primeira tentativa foi frustrada e os
rebeldes foram presos antes de começarem os conflitos. Em 11 de maio, tomaram o Palácio
da Guanabara e o Ministério da Marinha. Esse episódio ficou conhecido como Intentona
Integralista.
A reação de Vargas foi enérgica, tornando as regras do Tribunal de Segurança Nacional
mais rígidas. Muitos integralistas foram presos e, mesmo, torturados. Plínio Salgado
acabou exilado.

Apesar de Getúlio não ter criado uma polícia política, como fizeram os nazistas alemães
ou os fascistas italianos, a Lei de Segurança Nacional foi utilizada para perseguir opositores.
Nesse sentido, cabe destacar a liderança policial de Filinto Müler, no Distrito Federal,
perseguindo principalmente comunistas e pessoas ligas à ANL e ao PCdoB. Luís Carlos Prestes
continuou preso durante todo o Estado Novo. Outros comunistas foram torturados como
Ernest Ewert e Carlos Marighela.
Meu(minha) querido(a), a partir de agora vamos listar importantes realizações do
Governo Varguista e discuti-las:

DEPARTAMENTO DE IMPRENSA E PROPAGANDA (DIP)


Getúlio Vargas criou o Departamento de Imprensa e Propaganda em 1939. Sua função
era basicamente promover a figura de Getúlio como “pai dos pobres”, censurar os meios

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de comunicação e fazer propaganda do Estado Novo. Livros e materiais didáticos foram


elaborados com essa finalidade.

Material didático de propagando do Estado Novo.


Além disso, o DIP organizou manifestações cívicas e patrióticas semelhantes às realizadas
por Hitler na Alemanha.

CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS TRABALHISTAS (CLT)


Vargas trouxe o movimento operário para sua esfera de influência criando a Justiça do
Trabalho, em 1º de maio de 1939, para mediar conflitos entre o patronato e os empregados.
Em 1º de maio de 1943 criou a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), que unificou toda
legislação trabalhista brasileira e introduziu novos direitos. A CLT regulamentou a carga
horária de trabalho, férias, segurança do trabalho, descanso remunerado e salário mínimo.

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024. (CESGRANRIO/2010/Prefeitura de Salvador - BA/Professor/História)

No que se refere à política trabalhista, Getúlio Vargas conjugou com bastante sucesso
uma forte repressão ao movimento operário com a criação de um conjunto de leis que
representaram avanço para os trabalhadores.
No dia 1º de maio de 1943, foi assinado o Decreto-Lei n. 5.452 que instituía a Consolidação
das Leis do Trabalho (CLT) e unificava toda a legislação trabalhista já existente no país.
Desde então, a CLT sofreu alterações, mas, tendo em vista o Decreto de 1943, registra-se
que, naquela ocasião, os trabalhadores obtiveram as seguintes conquistas:
I - adoção no território nacional da Carteira Profissional, que passou a ser obrigatória para
o exercício de qualquer emprego assalariado;
II - estabelecimento do limite máximo de 8 horas diárias para a jornada de trabalho do
empregado;
III - direito a todo empregado de um descanso semanal de 24 horas consecutivas.
IV - aprovação do salário mínimo, pago diretamente pelo empregador a todo trabalhador
do sexo masculino.

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V - liberação para a formação de mais de um Sindicato representativo da mesma categoria


econômica ou profissional, ou profissão liberal, sem restrições por parte do Ministério do
Trabalho, Indústria e Comércio.
Estão corretas APENAS as conquistas apresentadas em
a) I, II e III.
b) I, III e IV.
c) I, III e V.
d) II, IV e V.
e) III, IV e V.

IV – Errada. A todo trabalhador, inclusive, do sexo feminino.


V – Errada. Sindicatos de classe eram limitados.
Letra a.

O NACIONAL-DESENVOLVIMENTISMO

Vargas buscou promover o desenvolvimento econômico do país com o estímulo à


industrialização, com a racionalização burocrática dos órgãos da administração pública e
com reformas nas forças armadas. Desse modo, em 1938, criou o Conselho Nacional do
Petróleo (CNP) e o Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP).
Podemos listar, de maneira objetiva, as principais indústrias públicas criadas durante
o Estado Novo:
• Companhia Siderúrgica Nacional (1941);
• Companhia Vale do Rio Doce (1942);
• Fábrica Nacional de Motores (1942);
• Companhia Nacional de Álcalis (1943);
• Companhia Hidrelétrica do São Francisco (1945).

A “MARCHA PARA O OESTE”

Dentro da lógica nacional-desenvolvimentista, Vargas buscou a integração das regiões


Centro-Oeste e Norte através da abertura de estradas, do incentivo a produção agropecuária
e da ocupação populacional. Esse projeto ficou conhecido como “Marcha para o Oeste”.
Assim criou os estados do Amapá, Rio Branco (atual Roraima), Guaporé (atual Rondônia),
Ponta Porã (desmembrado de Mato Grosso) e Iguaçu (desmembrado do Parná). Estes dois
últimos foram extintos em 1946, já findado o Estado Novo. A ideia era estimular a formação
de novas cidades. A construção da cidade de Goiânia está inserida nesse contexto.

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Obviamente, a ocupação desses novos espaços acabou gerando conflitos com os povos
indígenas. Para tentar amenizar estes impactos, Getúlio criou o Conselho Nacional de
Proteção aos Índios (CNPI), comandado por Cândido Rondon. Infelizmente, apesar da
tentativa de contato com os nativos de maneira pacífica, muitos morreram, sobretudo por
doenças as quais não possuíam resistência imunológica.

025. (CESGRANRIO/IBGE/HISTORIADOR/2009) A criação do Instituto Brasileiro de Geografia


e Estatística (IBGE), em 1938, durante a presidência de Getúlio Vargas, objetivou a produção
e a sistematização de informações e dados sobre o povo e o território brasileiros de modo
a conhecer o país e a instrumentalizar o poder público em suas ações destinadas ao
desenvolvimento e à modernização nacional.
PORQUE
Na conjuntura política da época da criação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) – o Estado Novo – ampliaram-se as atribuições do governo federal por meio de
ações centralizadoras e intervencionistas, cuja eficácia em muito dependia de saberes
tecnicamente especializados e confiáveis.
Analisando as afirmações acima, conclui-se que
a) as duas afirmativas são verdadeiras, e a segunda justifica a primeira.
b) as duas afirmativas são verdadeiras, mas a segunda não justifica a primeira.
c) a primeira afirmativa é verdadeira, e a segunda é falsa.
d) a primeira afirmativa é falsa, e a segunda verdadeira.
e) as duas afirmativas são falsas.

O desejo de dispor de informações estatísticas confiáveis levou à valorização do


Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Estado centralizador de Vargas
necessitava de informações mais consistentes para colocar em prática sua política nacional
desenvolvimentista.
Letra a.

A PARTICIPAÇÃO DO BRASIL NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL.

Querido(a), apesar de seu governo ser claramente de inspiração fascista, Vargas acabou
se aproximando dos Estados Unidos no contexto da Segunda Guerra Mundial.

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Através dos Acordos de Washington, estabeleceu-se uma união diplomática entre os


dois países. Para selar o acordo, o Brasil comprometeu-se em permitir a instalação de bases
militares e aeroportos no Norte e Nordeste brasileiro, além de fornecer aço aos Aliados na
Segunda Guerra em troca de um empréstimo para a construção da Companhia Siderúrgica
Nacional (CSN), em Volta Redonda (RJ).
Até a rodada de negociações dos acordos de Washington, o Brasil se manteve neutro
na Segunda Guerra Mundial. Apesar da simpatia que alimentava pelos regimes Fascistas
europeus, inclusive cooperando com Hitler ao deportar estrangeiros judeus e comunistas,
Vargas acabou se aproximando das democracias ocidentais.
Os países do Eixo, já cientes do acordo celebrado entre Brasil e Estados Unidos, atacaram
submarinos brasileiros levando Vargas a ingressar definitivamente na Guerra ao lado dos
Aliados em 22 de agosto de 1942. Entretanto, só veio a integrar o conflito de fato em 1943,
quando o presidente dos Estados Unidos, Franklin Delano Rosevelt, veio ao Brasil para a
Conferência de Natal. Nela, ficou firmado o compromisso de exportação da borracha
brasileira e a criação da Força Expedicionária Brasileira FEB).
A demora em entrar no conflito acabou levando os céticos a proclamar que seria “mais
fácil a cobra fumar do que o Brasil ir combater nos campos de guerra europeus”. Por ironia,
o símbolo da FEB acabou sendo a cobra fumando.

A FEB era composta por cerca de 25 mil sodados que, em 1944, foram combater o
fascismo na Itália. Vários foram os problemas enfrentados pelas tropas brasileiras, desde
o fogo amigo, por utilizar uniformes doados pelo governo norte-americano semelhantes ao
fardamento nazista, até a falta de armamentos e tecnologia de combate. A FEB permaneceu
na Europa até o término da guerra em 8 de maio de 1945.
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Embarque da FEB em 1944

Do lado dos Aliados (Inglaterra, França, União Soviética e Estados Unidos), a FEB enfrentou
as forças do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) em território italiano, no chamado front do
Mediterrâneo. Obtiveram duas importantes vitórias nas batalhas de Monte Castelo, em
fevereiro de 1945, e Montese, em abril de 1945.
Além da FEB, Getúlio criou a FAB (Força Aérea Brasileira) em 21 de janeiro de 1941. Em 22
de maio de 1942, um avião B-25 da FAB atacou o submarino Barbarigo, da marinha italiana.
Em 18 de dezembro de 1943, seria criado o Primeiro Grupo de Aviação de Caça, unidade de
combate enviada para a Itália.

026. (FGV/PREFEITURA DE SALVADOR - BA/PROFESSOR/HISTÓRIA/2019) Considerando a


participação brasileira na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), assinale a afirmativa correta.
a) Ficou restrita ao monitoramento do espaço marítimo do Atlântico Sul pela FAB.
b) Foi provocada pela retaliação ao alinhamento brasileiro aos países do Eixo.
c) Foi o resultado da reavaliação político-ideológica do governo brasileiro, previamente
alinhado às potências do Eixo.

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d) Foi motivada por uma represália ao rompimento de relações diplomáticas do Brasil com
os países da Aliança Ocidental.
e) Foi fundamental para a obtenção do assento permanente na Organização das Nações
Unidas (ONU), no pós-Guerra.

Getúlio Vargas, como vimos, adotou um sistema político inspirado nos regimes totalitários
europeus, especialmente o Italiano e o Português. Contudo, realizou acordos com os Estados
Unidos mudando sua postura. Aliás, merece destacar que foi essa contradição de apoiar
as democracias ocidentais contra os regimes totalitários que lhe inspiravam que resultou
na pressão para que Vargas saísse do governo.
Letra c.

QUEREMISMO
A contradição evidente de uma ditadura fascista em apoiar as democracias ocidentais
na Guerra acabou contribuindo para queda do Estado Novo em 1945. Convocadas novas
eleições, parcelas populares que desejavam a permanência de Getúlio Vargas no poder,
organizaram manifestações que ficaram conhecidas como “Queremismo” por causa das
inscrições “Queremos Getúlio” que surgiram em muros nas grandes cidades na época.

Manifestação queremista

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O movimento queremista alertou setores do exército e o partido de direita UDN (União


Democrática Nacional) que perceberam os planos de Getúlio de continuar no poder.
Esse quadro refletiu diretamente em parte da elite brasileira e nos meios militares.
Assim, na virada de 1944 para 1945, ambos os grupos começaram a ampliar esforços para
que acontecesse uma transição de poder para um regime democrático. Em resposta a
essa pretensão, Vargas anunciou o Ato Adicional, uma emenda constitucional baixada em
fevereiro de 1945.
Essa emenda à Constituição de 1937 decretava que seria determinada, no prazo de 90
dias, a data para realização de eleição presidencial no Brasil. Com essa emenda, começaram
a organizar-se no Brasil os partidos políticos que concorreriam à disputa pelo poder e que
protagonizariam a política brasileira durante a Quarta República.
Em 29 de outubro de 1945, o exército liderou um golpe que depôs Getúlio Vargas e
colocou o presidente do Supremo Tribunal Federal, José Linhares, na presidência. Ainda
assim, as eleições foram mantidas e Eurico Gaspar Dutra foi eleito presidente com apoio
de Getúlio Vargas. Vargas tornou-se deputado e o Estado Novo, enfim, foi abolido.

1.4. DEMOCRACIA E RUPTURAS DEMOCRÁTICAS NA SEGUNDA METADE DO


SÉCULO XX
O período que vai da queda do Estado Novo (1945) ao Golpe Militar de 1964, foi marcado
pelo Populismo, embora tenha havido políticos, como, por exemplo, o presidente Dutra,
que viveu no período, mas não foi populista, assim como há políticos que viveram em outra
época e foram ou são populistas, como, por exemplo, os ex-presidentes Collor (1990-1992)
e Lula (2003-2011).

Denomina-se Populismo, à forma de manifestação das insatisfações da massa urbana e,


ao mesmo tempo, o seu reconhecimento e manipulação pelo Estado. Do ponto de vista
da camada dirigente, o Populismo é, por sua vez, a forma dada ao Estado para dar conta
dos anseios populares e, simultaneamente, elaborar mecanismos de seu controle. Esta
nova conjuntura é determinada pelo desenvolvimento industrial e urbano que ocorrera
nos anos anteriores a 1930, mas que, após a Revolução, é ele próprio induzido pela ação
do Estado.

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Apesar de liberal, o governo JK é considerado nacional-desenvolvimentista, assim como


os governos de Getúlio e Jango.

027. (CESGRANRIO/SEARH/RN/2011) Apesar de gerar controvérsia no meio acadêmico, o


conceito de “populismo” ainda é amplamente utilizado. No caso brasileiro, a maioria dos
livros didáticos caracteriza os governos “populistas” como, necessariamente, associados
à existência de
a) governos ditatoriais
b) pluralidade sindical
c) manipulação da vontade popular
d) censura aos meios de comunicação
e) apoio da mídia através de concessões públicas

O enunciado faz uma crítica a essa visão simplista de que a população é manipulada, quando
na verdade, ela consegue que suas pautas sejam atendidas.
Letra c.

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1.4.1. CONSTITUIÇÃO DE 1946

A Assembleia Constituinte foi eleita em 2 de dezembro de 1945 e a Carta foi promulgada


em 18 de setembro de 1946. Foi a quinta Constituição brasileira e a quarta Constituição
republicana. Seguindo a tendência liberal que venceu os regimes fascistas europeus, deu
grande autonomia aos Estados e restabeleceu a República Federativa Democrática e
instituição o mandato de 5 anos para presidente da República.
A Constituição de 1946 exprimia os valores ideológicos dos políticos eleitos em 1945 e
era, portanto, uma Constituição liberal. Em relação às questões democráticas, a Constituição
trouxe melhorias consideráveis, pois retomou valores que haviam sido suprimidos no Estado
Novo e aumentou significativamente o número de eleitores no Brasil, já que definiu que
homens e mulheres maiores de 18 anos tinham direito ao voto.
A Constituição, no entanto, tinha seus pontos negativos. Um deles era a exclusão dos
analfabetos do direito de votar, o qual só foi obtido somente em 1988. Além disso, a
Constituição não concedeu aos trabalhadores rurais os direitos trabalhistas obtidos nos
anos anteriores pelos trabalhadores urbanos. Além disso, uma cláusula referente à reforma
agrária em particular foi alvo de intensos debates anos depois.
Vamos as principais característica da Constituição de 1946:
• Divisão do país em cinco territórios e vinte Estados, cada um com sua Constituição
e governo eleito pelo voto popular;
• Instituiu eleições diretas e secretas em todos os níveis;
• Voto feminino irrestrito (na Constituição de 1934, só poderiam votar as mulheres
que estivessem em exercício remunerado de funções públicas);
• Igualdade de todos perante a lei;
• Liberdade de manifestação de pensamento com censura apenas para espetáculos
e diversões públicas;
• Inviolabilidade do sigilo de correspondência;
• Liberdade de consciência e de crença religiosa;
• Liberdade de associação;
• Proibição de partido ou associação cujo programa contrariasse o regime democrático;
• Prisão somente em flagrante delito ou por ordem escrita de autoridade competente;
• Ampla garantia de defesa do acusado.

A Constituição de 1946 contribuiu para um breve período de democracia no país, com


eleição de presidentes populistas até o Golpe Militar de 1964. Suas características mais
marcantes foram relacionadas ao liberalismo político e à proteção de direitos individuais.

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1.4.2. PARTIDOS POLÍTICOS ENTRE 1946 E 1964


Com o Ato Adicional e a garantia de que a eleição presidencial no Brasil seria realizada
em 1945, a vida política do nosso país agitou-se. Partidos políticos começaram a organizar-
se para a disputa presidencial e para as disputas estaduais e municipais, que também
aconteceriam nesse período. Durante a essa fase da República, existiram diversos partidos
políticos no país. Entre eles, podem ser destacados os três maiores:
• União Democrática Nacional (UDN): partido liberal e conservador organizado em
torno de uma pauta moralista que atacava, principalmente, a corrupção, associando-a
a seus adversários. O discurso desse partido centrava-se no antigetulismo e, durante
a Quarta República, atuou no enfraquecimento da democracia instaurada. Carlos
Lacerda foi a maior personalidade desse partido.
• Partido Social Democrático (PSD): esse partido surgiu com a atuação dos burocratas
nos quadros do Estado Novo e contou com grande participação dos interventores
nomeados por Vargas. Esse partido foi o maior desse período e demonstrou grande
habilidade em angariar votos dos eleitores. Juscelino Kubitschek foi o nome de
destaque.
• Partido Trabalhista Brasileiro (PTB): partido criado pelo próprio Getúlio Vargas como
forma de continuar sua política de aproximação das massas. O PTB tinha forte apelo,
sobretudo, aos trabalhadores urbanos e, ao longo da Quarta República, alinhou suas
pautas com a esquerda política. Os destaques desse partido foram Getúlio Vargas
e João Goulart.
Conforme mencionado, havia na política brasileira outros partidos de menor expressão.
Os três citados acima, além de maiores, também foram responsáveis por alcançar mais
números de votos. Outros partidos de pequena expressão que existiram nesse período
foram o Partido Social Progressista (PSP) e o Partido Democrata Cristão (PDC). O Partido
Comunista Brasileiro (PCB) teve vida curta e atuou entre 1945 e 1947.

028. (FGV/SP/Vestibular/2016) “(...) eu comecei a defender a tese que me valeu o título de


golpista e até de fascista. Comecei a defender a tese de que a eleição de outubro de 55 – a
sucessão de Café Filho – não poderia ser realizada com a lei eleitoral em vigor, toda cheia
de defeitos (...)”
(Carlos Lacerda, apud José Dantas Filho e Francisco F. M. Doratioto, A República bossa-nova – A democracia
populista (1954-1964))

Entre os “defeitos” da lei eleitoral em vigor entre 1946 e 1964, é correto apontar
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a) A proibição de coligações eleitorais para os cargos majoritários, que tornou comum


as traições partidárias, nas quais um candidato ao executivo apoiava um candidato a
parlamentar de outro partido.
b) A realização de eleições gerais a cada quatro anos, em todos os níveis, que potencializava
a importância da eleição presidencial e retirava a atenção dos pleitos estaduais e das casas
legislativas.
c) As cláusulas de barreira para as agremiações partidárias, que inviabilizavam a formação
de partidos efetivamente nacionais, o que impediu o crescimento dos principais partidos,
a UDN e o PSD.
d) As inesgotáveis polêmicas que marcavam as eleições presidenciais, pois a prática do segundo
turno era considerada inconstitucional pelos partidos mais progressistas, especialmente
o PTB.
e) A votação em separado dos candidatos à presidência e à vice-presidência, que não
precisavam ser da mesma coligação partidária, o que poderia ocasionar a escolha popular
de candidatos com projetos políticos bem diversos.

Como há de se recordar, entre 1946 e 1964, os candidatos à presidência e à vice eram


eleitos separadamente. Naquela eleição, venceu Jk (PSD), com João Goulart (PTB) sendo
eleito como vice.
Letra e.

1.4.3. GOVERNOS BRRASILEIROS ENTRE 1946 E 1964

GOVERNO DUTRA (1946-1951)


Dutra candidatou-se pelo Partido Social Democrático (PSD), em coligação com o Partido
Trabalhista Brasileiro (PTB). Apoiado por Getúlio Vargas, venceu as eleições de 2 de dezembro
de 1945, com 3.351.507 votos, superando Eduardo Gomes da União Democrática Nacional
e Iedo Fiúza do Partido Comunista do Brasil. Para vice-presidente, a escolha recaiu sobre
o político catarinense Nereu Ramos, também do PSD, eleito pela Assembleia Nacional
Constituinte de 1946. (Quando Dutra foi eleito presidente, ainda estava em vigência a
constituição de 1937, que não previa a figura do vice-presidente.)
Dutra assumiu o governo em 31 de janeiro de 1946, juntamente com a abertura dos
trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte, em clima da mais ampla liberdade. O pacto
constitucional surgiu do entendimento dos grandes partidos do centro liberal, o PSD e a
UDN, embora ali tivessem assento atuantes bancadas de esquerda, como as do Partido
Comunista do Brasil (PCB) e PTB.

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029. (VUNESP/ESFCEX/OFICIAL/ÁREA MAGISTÉRIO DE HISTÓRIA/2022) As eleições de 1945


despertaram um grande interesse na população. Depois de anos de ditadura, a Justiça
Eleitoral ainda não ajustara o processo de recepção e contagem de votos. Pacientemente,
os brasileiros formaram longas filas para votar. Nas últimas eleições diretas à presidência
da República, em março de 1930, tinham votado 1,9 milhão de eleitores, representando
5,7% da população total; em dezembro de 1945 votaram 6,2 milhões, representando 13,4%
da população.
Em uma época em que não existiam pesquisas eleitorais, a oposição foi surpreendida pela
nítida vitória de Dutra. Tomando-se como base de cálculo os votos dados aos candidatos, com
exclusão dos nulos e brancos, o general venceu com 55% dos votos contra 35% atribuídos
ao brigadeiro [Eduardo Gomes].
(Boris Fausto, História do Brasil)

Para Boris Fausto, a vitória eleitoral de Dutra teve relação com a


a) decisiva votação recebida em todos os estados do Norte-Nordeste e o importante apoio
recebido do Partido Comunista do Brasil.
b) expressiva participação das mulheres no processo eleitoral e na fragilidade dos programas
de governo dos demais candidatos.
c) inabilidade do PTB, que defendeu durante a campanha eleitoral a extinção do salário
mínimo, e ao forte apoio do empresariado paulista.
d) força da máquina eleitoral montada pelo PSD a partir dos interventores estaduais e o
prestígio de Getúlio Vargas entre os trabalhadores.
e) capacidade da UDN em mostrar os malefícios causados no país pelo Estado Novo e pela
considerável adesão das classes médias urbanas.

Vargas saiu do governo desgastado politicamente pela contradição de apoiar as democracias


ocidentais na Segunda Guerra, mas, internamente, liderar um governo autoritário, de
características. Entretanto, tinha grande apoio popular, o que lhe possibilitou que seu
candidato, Dutra, fosse eleito.
Letra d.

Dutra não interferiu nas decisões, mesmo quando teve seu mandato reduzido de seis
para cinco anos, pois fora eleito na vigência da Constituição de 1937 que previra mandato
de 6 anos. O quinquênio presidencial, que começara com a proibição do jogo no Brasil (abril
de 1946), entraria no ano de 1948 em sua fase mais característica, marcada pelo acórdão

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do Tribunal Superior Eleitoral que considerou fora da lei o PCB (1947) e depois pela ruptura
de relações com a União Soviética (1948).
Em relação à economia, destacaram-se em seu governo dois momentos distintos: no
primeiro, foi aplicada uma política econômica liberal que, depois de queimar as reservas
cambiais do país, foi substituída por uma política intervencionista que resultou em grande
crescimento econômico. Em questões de política externa, o país aliou-se incondicionalmente
aos Estados Unidos.
Em decorrência dessa aliança, o governo rompeu relações diplomáticas com a União
Soviética e passou a perseguir fortemente sindicatos, organizações de trabalhadores e partidos
de esquerda. Com isso, o PCB foi colocado na ilegalidade, e seus políticos foram cassados.
A nova Constituição do Brasil foi elaborada após a formação de uma Constituinte nas
eleições de 1945. Com a posse do presidente eleito, Eurico Gaspar Dutra, a Constituinte
reuniu-se durante meses até a promulgação da nova Constituição em 18 de setembro de 1946.
A Constituição de 1946 exprimia os valores ideológicos dos políticos eleitos em 1945 e
era, portanto, uma Constituição liberal. Em relação às questões democráticas, a Constituição
trouxe melhorias consideráveis, pois retomou valores que haviam sido suprimidos no Estado
Novo e aumentou significativamente o número de eleitores no Brasil, já que definiu que
homens e mulheres maiores de 18 anos tinham direito ao voto.
A Constituição, no entanto, tinha seus pontos negativos. Um deles era a exclusão dos
analfabetos do direito de votar, o qual só foi obtido em 1988. Além disso, a Constituição
não concedeu aos trabalhadores rurais os direitos trabalhistas obtidos nos anos anteriores
pelos trabalhadores urbanos. Além disso, uma cláusula referente à reforma agrária em
particular foi alvo de intensos debates anos depois.
Veja as principais características da Constituição de 1946:
• Preservação do regime republicano, federativo e presidencialista;
• Mandato presidencial de cinco anos;
• Autonomia para estados e municípios;
• Existência de três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário;
• Voto secreto e universal para maiores de 18 anos, com exceção de analfabetos,
soldados e cabos;
• Direito de greve;
• Direito de liberdade de reunião, de pensamento e de expressão.
O governo Dutra foi marcado pela contradição, pois apesar da Constituição liberal,
o presidente era conservador e não aceitava as reivindicações trabalhistas. Durante seu
governo não houve um só aumento do salário mínimo. Além disso, em plena Guerra Fria,
para deixar claro seu alinhamento com os Estados Unidos, colocou o Partido Comunista
Brasileiro fora da lei, desrespeitando frontalmente a Constituição.

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Embora tenha sido eleito com o apoio de partidos chamados de nacionalistas (PSD e PTB),
Dutra optou por uma política de não-intervenção do Estado na economia, estreitando
relações com os Estados Unidos, facilitando as importações de produtos estrangeiros,
notadamente, norte-americanos, o que diminuiu drasticamente as reservas cambiais
acumuladas durante a Segunda Guerra Mundial.
Em 1947 recebeu o presidente Harry Truman no Rio de Janeiro e foi o primeiro presidente
brasileiro a fazer uma visita oficial aos Estados Unidos (1950).
• Implantou o Plano Salte (Saúde, Alimentação, Transporte e Energia), mas pouca
coisa do que foi planejado foi executado de fato;
• Promoveu a pavimentação da Rodovia Rio - São Paulo, daí em diante chamada de Via
Dutra; a construção da Rodovia Rio – Bahia;
• Proibiu jogos de azar e o fechamento dos cassinos;
• Iniciou a construção da Hidrelétrica de Paulo Afonso na Bahia (1948), construiu o
Hospital dos Servidores no Rio de Janeiro;
• Promoveu a Inauguração da TV Tupi (Canal 4, de São Paulo), primeira estação de TV
no Brasil (1950), de propriedade Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo
(o Chatô);
• Construiu o Maracanã para a realização da Copa do Mundo de 1950.
Na campanha eleitoral de 1950, Getúlio Vargas, candidato pelo PTB, com apoio do PSP
de Adhemar de Barros, foi eleito Presidente da República, derrotando o Brigadeiro Eduardo
Gomes (UDN) e Cristiano Machado (PSD).

030. (ESA/2014) Para controlar gastos e investimentos, priorizando saúde, alimentação,


transportes e energia, foi criado o Plano Salte, que tem esse nome por ser a sigla composta
pelas letras iniciais das prioridades.
É correto afirmar que o Plano Salte foi lançado no governo de:
a) Juscelino Kubitschek.
b) Getúlio Vargas, durante o Estado Novo.
c) Dutra.
d) João Goulart.
e) Jânio Quadros.

Em meados de 1948, portanto durante o governo Dutra, o executivo lançou para apreciação
no Congresso um plano para controlar gastos e investimentos. A iniciativa foi batizada
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de Plano Salte, sigla composta pelas letras iniciais das prioridades (saúde, alimentação,
transporte e energia).
Letra c.

SEGUNDO GOVERNO GETÚLIO VARGAS (1951-1954)


De volta ao poder “pelos braços do povo”, procurou dar continuidade ao programa
populista e nacionalista, que marcou o final da ditadura do Estado Novo.
No campo político, uma nova ideologia empolgou amplos setores da classe média,
militares, estudantes, profissionais liberais, intelectuais, operários: o nacionalismo, cuja
expressão mais significativa foi a campanha “O petróleo é nosso!” da qual surgiram a lei do
monopólio estatal da prospecção e do refino do petróleo e a criação da Petróleo Brasileiro
S/A (Petrobras), em outubro de 1953.
Em que pese o apoio dos nacionalistas à defesa do petróleo e à tendência estatizante de
seu governo, Vargas começou a detectar sinais claros da insatisfação de setores estratégicos
de opinião, sobretudo dos representantes do capital estrangeiro e da burguesia nacional.

Não obstante, também a classe média dava mostras de impaciência, como ficou claro
pela eleição de Jânio Quadros para a prefeitura de São Paulo, sem apoio dos grandes
partidos. Getúlio procedeu a uma mudança ministerial: convocou, para o ministério da
Fazenda, Osvaldo Aranha, que atenuou a política cambial e tomou medidas de estabilização
econômica. Para o do Trabalho, nomeou um jovem político gaúcho, até então desconhecido,
João Goulart, que iniciou alianças com o movimento operário, em substituição à política
populista de Vargas.

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Vejamos suas principais realizações do governo de Vargas:


• Criação do Banco Nacional e Desenvolvimento Econômico (BNDE) em 1952;
• Criação da Petrobrás (1953);
• Criação da Eletrobrás (1954), que só foi aprovada em 1961;
• O Ministro do Trabalho João Goulart propôs o aumento de 100% para o salário
mínimo (de 1200 para 2400 cruzeiros), gerando uma grave crise política. Jango acabou
demitido, mas em 01/05/1954, Vargas concedeu o aumento;
• Conclusão da Hidrelétrica de Paulo Afonso;
• O Crime da Rua Toneleros.
Em 05/08/1954 o jornalista Carlos Lacerda (dono do Jornal Tribuna da Imprensa) e
político da UDN, maior figura de oposição ao governo Vargas, sofreu um atentado a bala,
no qual foi ferido no pé. Mas seu acompanhante, o Major-Aviador Rubens Florentino Vaz, foi
morto. O assassino, Alcino Nascimento, e seu cúmplice, Climério de Almeida, foram presos
alguns dias depois e levados para a Base Aérea do Galeão, onde confessaram que quem lhes
contratara para cometer o crime, cujo alvo era Lacerda, havia sido Gregório Fortunato,
chefe da guarda pessoal de Vargas.
Fortunato acabou confessando que era o mandante do crime e também um esquema de
corrupção no governo, que envolvia gente da família do Presidente da República. As Forças
Armadas exigiram a renúncia de Vargas que, após tentar negociar, em vão, uma licença do
cargo, acabou se suicidando na manhã de 24/08/1954.

031. (ESFCEX/OFICIAL/ÁREA ADMINISTRAÇÃO/2011) Sobre o processo político da segunda


fase de Getúlio Vargas e do Governo JK, analise as afirmativas e, em seguida, assinale a
alternativa correta.
I – Apesar das amplas liberdades consagradas na Constituição vigente, o direito de greve sofreu
considerável restrição, dependendo de autorização judicial para configurar-se como legal.
II – Uma característica importante do período pós-1950, quando da segunda fase de Vargas
no poder, foi o retraimento do nacionalismo e do populismo.
III – Durante a década de 1950, parte das atitudes oposicionistas advinha de comandantes
militares, cuja ideologia era o anticomunismo de inspiração norte-americana.
a) somente I é verdadeira
b) somente II é verdadeira
c) somente III é verdadeira
d) somente I e II são verdadeiras
e) somente I e III são verdadeiras

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Afirmativa II: Errada. Durante a passagem de Vargas pelo seu segundo governo (1951-54),
houve uma política nacional desenvolvimentista.
Letra e.

GOVERNO JK (1956-1961)
A posse de Juscelino à presidência do Brasil só foi possível graças ao esforço de Henrique
Teixeira Lott, ministro da Guerra, que organizou o Golpe Preventivo de 1955, o qual acabou
com qualquer possibilidade de golpe contra o político mineiro. Essa ação foi tomada pelo
fato de terem acontecido, entre 1954 e 1955, movimentações golpistas para impedir a
realização da eleição de 1955 e para impedir a posse de JK.
Juscelino Kubitschek, vinculado à chapa PSD/PTB, foi eleito presidente após derrotar
seus adversários: Juarez Távora, da UDN, e Ademar de Barros, do PSP.
Seu governo ficou marcado pelo desenvolvimentismo, ou seja, por posturas econômicas
que buscavam o crescimento da economia e da indústria no país. Já assumiu o governo com
uma meta ambiciosa: Apresentação do Plano de Metas (Energia, Transporte, Alimentação,
Educação e Indústrias de Base), cujo objetivo era fazer o país crescer “50 anos em 5”.

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Para tanto, promoveu uma associação entre o Estado (fornecendo infraestrutura de


transporte e energia através de empréstimos contraídos junto a entidades internacionais)
e o capital internacional (atraído para o Brasil graças a isenção de impostos e a promessa
de um mercado consumidor).
Enfrentou uma greve de estudantes sob a liderança da UNE, devido ao aumento do
preço das passagens de bonde (1956).
Durante seu governo, ocorreram duas tentativas de revoltas militares em Jacareacanga
(1956) e Aragarças (1959). Mostrando habilidade política, anistiou os revoltosos.
Vejamos, de maneira didática, as principais realizações do Governo JK:
• Criação o Grupo Executivo da Indústria Automobilística (GEIA), que permitiu a
implantação de indústrias multinacionais de automóveis;
• Indústrias de eletrodomésticos são implantadas;
• Criação do Grupo Executivo da Indústria da Construção Naval (GEICON);
• Compra do Porta-Aviões Minas Gerais;
• Criação do Conselho Nacional de Energia Nuclear (CNEN);
• Construção das hidrelétricas de Furnas e Três Marias;
• Criação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), por sugestão
de Celso Furtado. A SUDENE foi uma tentativa de diminuir as desigualdades regionais;
• Construção do Açude de Orós, no Ceará;
• Construção da rodovia Belém-Brasília;
• Em 1956 tem início a construção de Brasília, planejada por Lúcio Costa e Oscar
Niemeyer, que foi inaugurada em 21/04/1960;
• A Seleção Brasileira de Futebol conquistou a Copa do Mundo de 1958, realizada na
Suécia;
• Visita do presidente americano Einsenhower;
• Criação do Estado da Guanabara;
• No final de seu governo, JK rompeu relações com FMI;
• Juscelino Kubitschek rompeu com o Fundo Monetário Internacional (FMI) após um
ano de negociações.
No plano cultural, vejamos também alguns destaques do período em que JK Governou:
• Em 1948, o italiano Franco Zampari fundou, juntamente com um grupo de empresários
paulistas, o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) em São Paulo. Contratou técnicos da
Europa, diretores, cenógrafos e iluminadores que ensinaram e formaram profissionais
no Brasil.
• O TBC passa a ser gerido por uma equipe fixa, com encenadores estrangeiros como
Adolfo Celi, Ziembinski, Ruggero Jacobi, Luciano Salce e Flamínio Bollini Cerri. Além
de cenógrafos, iluminadores e cenotécnicos, contrata um corpo de atores que inclui

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Cacilda Becker, Sérgio Cardoso, Nydia Lícia, Cleyde Yáconis, Paulo Autran, Tônia
Carrero, Fernanda Montenegro, Ítalo Rossi, Nathália Timberg e muitos outros nomes
importantes para o teatro.
• Franco Zampari e Francisco Matarazzo Sobrinho fundaram em 1949 a Companhia
Cinematográfica Vera Cruz, com a intenção de criar uma indústria brasileira de
cinema com padrão internacional. Destacaram-se os diretores Lima Barreto, Adolfo
Celi, Carlos Thiré e Luciano Salce. A concorrência dos filmes estrangeiros contribuiu
para de decadência no início da década de 50.
• Fundada na década de 40 por Moacir Fenelon e José Carlos Burle, a Atlântida
Cinematográfica atingiu seu auge na década de 50, com o diretor Carlos Manga e
as famosas “chanchadas”, nas quais se destacaram Oscarito e Grande Otelo, Zezé
Macedo, Dercy Gonçalves, entre outros.
• Surge o Cinema Novo, com o filme Rio 40 Graus, de Nelson Pereira dos Santos.
Entretanto, o baiano Glauber Rocha foi o seu principal representante.
• Surgimento da Bossa Nova, que revolucionou a música brasileira e que se espalhou
pelo mundo e que é respeitada até hoje.
O resultado dos cinco anos de governo de JK na economia foi um crescimento anual
médio do PIB de 7% e um crescimento industrial de 80%. Outro destaque desse governo
foi a construção da nova capital, Brasília. A obra aconteceu em tempo recorde e envolveu
um montante gigantesco de dinheiro.
Apesar dos resultados positivos, esse governo também ficou marcado pelo crescimento
da desigualdade social no país e por problemas graves, como o baixo investimento na
educação e na alimentação, que permaneceram como gargalos da nossa sociedade. Além
disso, elevou a dívida externa a patamares nunca antes alcançados.
Na campanha eleitoral para Presidente da República, Jânio Quadros, do PDC (apoiado
pela UDN), derrotou o Marechal Lott, da aliança PSD-PTB.

032. (CESGRANRIO/2014/IBGE/AGENTE DE PESQUISAS POR TELEFONE) Juscelino Kubitschek


chegou à Presidência da República do Brasil com a promessa de realizar nos 5 anos de
mandato aquilo que, segundo ele, outros governantes levariam 50 anos para realizar. Para
isso, ele instituiu um conjunto de medidas destinado a promover, a partir de vultosos
investimentos, a dinamização da economia nas áreas de energia, transporte, indústria,
educação e alimentos.
Esse conjunto de medidas consta do

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a) Plano Trienal, que se construiu com base numa visão marxista.


b) Plano Real, que se construiu com base numa visão neoliberal.
c) Plano de Metas, que se construiu com base numa visão desenvolvimentista.
d) Plano de Integração Nacional, que se construiu com base numa visão liberal.
e) Programa de Aceleração do Crescimento, que se construiu com base numa visão
estruturalista.

O Plano de Metas consistiu na construção de grandes obras públicas e de infraestrutura


através de empréstimos do Estado junto a instituições internacionais; na atração de
investimentos de empresas multinacionais.
Letra c.

GOVERNO JÂNIO QUADROS (31/011961 A 25/08/1961)


Jânio Quadros foi o primeiro e único político que a UDN conseguiu eleger no país
durante a Quarta República. Foi escolhido como candidato do partido por indicação de
Carlos Lacerda, líder do conservadorismo no país. Na eleição presidencial de 1960, Jânio
Quadros derrotou Henrique Teixeira Lott, da chapa PSD/PTB, e Ademar de Barros, do PSP.
Durante sua campanha utilizava uma vassoura como símbolo de combate à corrupção.
Dizia que riria varrer os corruptos.

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Logo no início de seu governo teve que enfrentar os graves problemas econômicos
deixados pelo governo anterior, tais como, aumento da inflação e do desemprego e a
desvalorização do Cruzeiro.
Adotou medidas impopulares: corte de gastos e investimentos, reatou relações com
o FMI, desvalorização de 100% do Cruzeiro em relação ao Dólar, corte dos subsídios à
importação de trigo, petróleo e papel.
Veja algumas das medidas tomadas por Jânio Quadros no seu curto período:
• Procurou moralizar o funcionalismo público e reduzir sua quantidade;
• Tentou, em vão, combater o contrabando;
• Adotou uma política externa independente, que desagradou os Estados Unidos:
reatou relações diplomáticas com a União Soviética e procurou uma aproximação
com a China e com Cuba, inclusive com a condecoração de Che Guevara com a Ordem
do Cruzeiro do Sul;
• Alguns decretos de Jânio: proibiu brigas de galo, proibiu corridas de cavalo em dias
úteis, determinou o tamanho dos maiôs nos concursos de misses, proibiu o uso de
biquíni nas praias, proibiu o beijo francês em público;
• Enviou o vice-presidente Jango numa missão diplomática à China.
Jânio era a contradição em pessoa: externamente, negociava com países comunistas,
enquanto que, internamente, combatia o comunismo. O governo de Jânio foi curto, com
duração de quase sete meses. Nesse período, o presidente acumulou polêmicas com a
população e com seu partido, a UDN. Na economia tomou medidas que aumentaram o
preço dos combustíveis e do pão. Outras medidas polêmicas foram a proibição do uso de
biquíni e a condecoração de Che Guevara, líder da luta revolucionária na América.
Abandonado pela maioria de seu próprio partido (PDC) e da UDN e sofrendo uma forte
oposição no Congresso Nacional, além da queda de sua popularidade, Jânio tramou um golpe
branco: como amplos setores do exército e dos conservadores do país achavam que Jango
era comunista, se ele, Jânio, ameaçasse renunciar, estes setores, temendo o comunismo,
lhe apoiariam num golpe e na implantação de uma ditadura.
Porém, nada saiu com planejado, pois os políticos aceitaram sua renúncia, os militares
não o procuraram e o deputado Ranieri Mazzilli assumiu a Presidência da República no dia
25/08/1961.

033. (ESA/2015) Jânio Quadros representou uma reviravolta no sistema político da época,
sendo eleito presidente da República por um partido de pouca expressão nacional. O apoio

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de um partido tradicional, porém, foi decisivo na obtenção de uma diferença de mais de


um milhão de votos.
Trata-se do partido:
a) PTB
b) UDN
c) PSB
d) PSD
e) PSDB

O partido tradicional que apoiou a candidatura de Jânio Quadros foi a União Democrática
Nacional (UDN).
Letra b.

GOVERNO JANGO (1961-1964)


Quando Jânio renunciou, o vice-presidente Jango estava na China, o que na visão dos
setores mais conservadores, tanto civis, quanto militares, o tornava um comunista e,
portanto, seria muito perigoso deixá-lo assumir o comando do país.
Imediatamente organizou-se o “movimento pela legalidade”, comandado por Leonel
Brizola, entre outros, que exigia o cumprimento da Constituição e a posse de Jango na
Presidência da República.
A posse de Jango só foi possível com uma mudança na Constituição, através da Emenda
Constitucional N. 4, que implantou o Parlamentarismo. No curto período parlamentarista
(07/09/1961 a 24/01/1963), o Brasil foi governado por três Primeiros-Ministros: Tancredo
Neves, Brochado da Rocha e Hermes Lima.
Veja, a seguir, os principais acontecimentos durante o período Parlamentarista do
governo de João Goulart:
• Criação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), cuja função principal
era evitar a formação de cartéis;
• Em abril de 1962, Jango foi recebido por Kennedy em Washington;
• A Seleção Brasileira de Futebol tornou-se Bicampeã Mundial no Chile (1962);
• Foi criado o Décimo - Terceiro Salário (Lei 4090, de 13/07/1962)
Em 06/01/1963, houve um plebiscito para decidir entre Parlamentarismo e Presidencialismo.
Este último foi vitorioso, obtendo mais de 90% dos votos. Agora Jango poderia de fato
governar o país.
Agora com maiores poderes para administrar, o presidente João Goulart tentou colocar
em prática seu Plano Trienal, aumentando a intervenção do Estado na economia. Com a
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Lei de Remessas de Lucros ao estrangeiro Jango voltou a contrariar os interesses a elite


brasileira, mas a gota d’água para início das ações das Forças Armadas veio em março
de 1964 com o Comício na Central do Brasil. Ali Jango discursou para mais de 100 mil
pessoas apresentando as Reformas de Base. Objetivando modernizar o país, propôs as
seguintes reformas:
• Urbana: controle estatal do valor dos aluguéis e criação de um fundo para financiamento
de casas ao povo. Essa medida amedrontou a classe média, receosa em perder seus
imóveis.
• Agrária: pretendia desapropriar grandes latifúndios para distribuição de terras.
Obviamente a classe rural também se receou.
• Tributária: mudança na cobrança de impostos.
• Bancário: Diminuição na margem de lucro dos banqueiros.
• Educacional: Investimento para melhoria do ensino público.

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Querido(a), o contexto político deste momento estava polarizado entre os apoiadores


e os opositores de Jango. Além da UDN e das Forças Armadas, por possuir já um histórico
de aproximação com países socialistas como China e Cuba, João Goulart era visto pelos
Estados Unidos como uma ameaça. Vejamos seus motivos:
Em 4 de dezembro de 1962, o jornal O Estado de São Paulo informava o descobrimento
de um campo de treinamento de guerrilhas das Ligas Camponesas na cidade goiana de
Dianópolis. Autoridades investigaram e encontraram livros com manuais de guerrilha,
munições e propaganda comunista.
O coronel José de Seixas, ao apurar denúncias de um contrabando de geladeiras, acabou
encontrando bandeiras cubanas, manuais de instrução de combate, registros de contabilidade
comprovando apoio financeiro de Cuba e fotos de Fidel Castro (Líder comunista cubano)
e de Francisco Julião (Líder das Ligas Camponesas no Nordeste do país).
Dentro do contexto da Guerra Fria (1945-1989), o presidente João Goulart procurou não
se alinhavar nem aos Estados Unidos, nem à URSS. Quando os norte-americanos decidiram
implantar um bloqueio comercial continental à ilha cubana comunista, João Goulart (Jango)
não seguiu a orientação. O material encontrado no acampamento das Ligas Camponesas
em Dianópolis foi entregue a Jango que, mesmo indignado com a “traição”, discretamente,
negociou sua devolução aos cubanos. Entretanto, o avião que levava esse material sofreu
um acidente no aeroporto de Lima, no Peru, e a CIA o encontrou.
Era a prova que os Estados Unidos precisavam. João Goulart passou a ser visto pelos
Estados Unidos como um colaborador do regime de Fidel. Diante da constatação de que Cuba
tentava espalhar a revolução comunista na América Latina e da organização de guerrilhas
comunistas no Brasil, os Estados Unidos vieram a financiar e apoiar as Ditaduras militares
na América do Sul.
Em ordem cronológica, podemos listar os acontecimentos que destituíram João Goulart:
• 13 de março: Comício na Central do Brasil;
• 19 de março: Marcha da Família com Deus pela Liberdade em São Paulo. Em reação à
ameaça de guerrilhas comunistas, contou com a participação da União Cívica Feminista
e da Campanha da Mulher Pela Democracia;
• 25, 26 e 27 de março. Manifestação de Marinheiros exigindo a exoneração do ministro
da Marinha Sr. Sílvio Costa. Anselmo Santos liderou o movimento e, mais descobriram
que era um infiltrado da Cia;
• 30 de março. Discurso no automóvel Clube do Brasil (RJ): João Goulart discursou para
sargentos tentando apoio, mas a estratégia teve efeito contrário, pois o contato com
a baixa oficialidade acabou sendo uma afronta às altas patentes militares;
• 31 de março: Operação Popeye. Os Generais Luís Carlos Guedes e Olímpio Mourão
Filho, iniciaram o movimento para retirar Jango do poder. A partir de Minas Gerais,

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tropas marcharam rumo ao Rio de Janeiro. Na sequência seriam deflagradas as


operações Silêncio (de controle dos meios de comunicação) e Gaiola (prisão daqueles
que reagissem ao movimento).

034. (CESGRANRIO/BNDES/ECONOMISTA/2009) O Plano Trienal, elaborado por Celso Furtado


e sua equipe para o governo de João Goulart, tinha vários objetivos específicos, dentre os
quais NÃO se encontra o dee
a) realizar a reforma agrária com finalidade social e de expansão do mercado interno.
b) garantir o crescimento real dos salários a uma taxa anual 3% superior ao aumento da
produtividade.
c) garantir uma taxa de crescimento do PIB de 7% a.a.
d) resolver a situação do balanço de pagamentos renegociando a dívida externa.
e) reduzir a inflação para 10% a.a. até 1965.

a) Certa. Menciona a realização da reforma agrária com finalidade social e de expansão do


mercado interno. A reforma agrária era, de fato, um dos objetivos do Plano Trienal, visando
a redistribuição de terras e a expansão do mercado interno.
b) Errada. Menciona a garantia do crescimento real dos salários a uma taxa anual 3% superior
ao aumento da produtividade. Não está de acordo com o gabarito da banca. O Plano Trienal
não previa essa garantia específica, tornando este item a resposta para a questão.
c) Certa. Menciona a garantia de uma taxa de crescimento do PIB de 7% a.a. Está de
acordo com o gabarito da banca. O Plano Trienal tinha como objetivo alcançar uma taxa
de crescimento econômico elevada.
d) Certa. Menciona a resolução da situação do balanço de pagamentos renegociando a dívida
externa. Está de acordo com o gabarito da banca. O Plano Trienal buscava resolver a crise
do balanço de pagamentos, que era um dos principais problemas econômicos do Brasil na
e) Certa. Menciona a redução da inflação para 10% a.a. até 1965. A redução da inflação era
um dos principais objetivos do Plano Trienal.
Letra b.

1.4.4. INTERVENÇÃO MILITAR E SUA NATUREZA


Com a derrubada de Jango, em 31 de março de 1964, foi encerrada a fase democrática
populista no Brasil. De natureza autoritária, o governo dos militares abriu a economia ao

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capital estrangeiro e instituiu a Doutrina de Segurança Nacional, organizada pela Escola


Superior de Guerra (ESG) para afastar a ameaça comunista.
Durante o período, os Estados Unidos prestaram apoio através da CIA e das Forças
Armadas. Exemplo disso foi a operação Brother Sam, em que os EUA mandariam navios
para a costa brasileira caso houvesse reação popular ao golpe de 64. Documentos sobre
essa operação foram descobertos somente em 1976.
De 1964 a 1985, os presidentes do país foram generais. Houve um grande endurecimento
do Regime até que ocorresse a abertura política. Em 1968, por exemplo, foi instituído o Ato
Adicional número 5 (AI-5), que fechou o congresso, suspendeu eleições, instituiu o estado
de sítio. Houve perseguição política, torturas e expulsão de brasileiros do país, que viveram
no exílio em outras nações. Tenha atenção a esse Ato Institucional., é muito cobrado pela
Vunesp. Veja um exemplo:

035. (CESGRANRIO/2014/IBGE/AGENTE DE PESQUISAS POR TELEFONE) A ditadura militar


teve a duração de 21 anos, de 31 de março de 1964 a 15 de março de 1985. [...] Foi o mais
longo período de supressão das liberdades políticas na história republicana do Brasil.
Revista Atualidades. São Paulo: Abril, edição 18, 2º sem. 2013, p.110.

O ano de 1968 foi um ano emblemático desse período porque nesse ano aconteceu o
seguinte conjunto de episódios:
a) a extinção dos partidos políticos, a decretação do AI-1 e a posse de Castelo Branco.
b) a posse do presidente Costa e Silva, a decretação do AI-2 e o sequestro do embaixador
dos EUA.
c) a posse do general Geisel, o início da abertura lenta e gradual e o atentado ao Riocentro.
d) a Marcha dos Cem Mil, o fechamento do Congresso e a decretação do AI-5.
e) o fim do milagre econômico brasileiro, a posse do General Médici e a decretação do AI-5.

O ano de 1968 marca a investida mais autoritária do regime militar.


Letra d.

No plano econômico, a Ditadura Militar promoveu investimentos em comunicação e


obras de infraestrutura de transporte e energia, como a construção da usina hidrelétrica
de Itaipu e da usina nuclear de Angra dos Reis. Também ocorreu o chamado Milagre
Econômico, em que a economia brasileira apresentou crescimento de 11% ao ano entre

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1970 e 1973. No entanto, esse crescimento foi de forma desigual, não chegando ao grosso
da população. Ademais, por ser embasado em empréstimos junto a órgãos estrangeiros,
houve um grande crescimento da dívida externa.
No plano cultural, a censura foi institucionalizada. Vários atores, músicos, jornalistas
foram perseguidos, exilados, torturados ou mortos. Nas escolas, História e Geografia foram
substituídas por Educação Moral e Cívica e OSPB (Organização Social e Política Brasileira).
Estudantes dos cursos de sociologia e filosofia eram perseguidos. Aliás, a União Nacional
dos Estudantes foi colocada na ilegalidade. O país viveu tempos em que a liberdade de
pensamento não existiu.
O regime militar se estruturou com as seguintes características:
• Autoritarismo e centralização política: melhor exemplo disso foram os Atos Adicionais
pelos quais realizavam decretos sem aprovação do congresso;
• Intervencionismo Estatal: realização de grandes obras públicas e atração de
investimentos estrangeiros, além de fomentar a produção energia através do Proálcool
(1978), da Construção da Hidrelétrica de Itaipu e da usina atômica de Angra dos Reis;
• Modernização do sistema de comunicação e transporte;
• Abertura da linha de crédito à classe média.

036. (ESA/2006) De 1964 a 1985, o Brasil foi governado por militares. Dentre os avanços que
o período trouxe para a sociedade brasileira, podemos afirmar que as grandes conquistas
modernizadoras situam-se, principalmente, nos setores da infraestrutura, em particular
nas áreas de:
a) Serviços, educação e energia
b) Energia, educação e saúde.
c) Saúde, comunicações e transportes.
d) Comunicações, energia e transportes.
e) Educação, transporte e serviços.

O projeto do governo militar buscou investimentos em infraestrutura de comunicações,


energia e transportes. Exemplos disso são as construções de pontes, estradas, usinas
hidrelétricas, usinas nucleares e o Sistema de Vigilância da Amazônia.
Letra d.

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Prezado(a) aluno(a), vejamos agora um resumo dos governos de cada general presidente
durante a Ditadura Militar. No poder, entre os militares coexistiam duas correntes de
pensamento:
• Linha Dura: anticomunista, nacionalistas, contrários à democracia;
• Sorbonne: linha moderada que veio da ESG (Escola Superior de Guerra). Era composta
por intelectuais e, veteranos da Segunda Guerra. Eram influenciados pela UDN e pela
aliança ideológica com o os Estados Unidos. Entendiam que o poder executivo deveria
ser forte e adotar soluções econômicas tecnicistas, científicas.

GOVERNO DO GENERAL CASTELLO BRANCO (15/04/1964 A 15/03/1967) – SORBONNE

Castello Branco foi eleito presidente de maneira indireta, e seu governo foi conduzido
de forma a implantar a base da repressão no Brasil. Para isso, foram decretados alguns atos
institucionais durante seu governo. Além disso, foi implantada uma política de austeridade a
fim de conter os gastos do governo, o salário do trabalhador e reduzir alguns de seus direitos.
O resultado prático disso foi o início da repressão e do autoritarismo que marcaram os
anos da ditadura militar no país. Milhares de pessoas foram expurgadas de suas funções, seja
na burocracia civil, seja nas Forças Armadas. Dezenas de políticos também perderam seus
direitos e tiveram seus mandatos cassados. Os movimentos sociais, sobretudo camponeses
e estudantis, foram fortemente perseguidos.
Nos anos do governo de Castello Branco, ocorreram os primeiros casos de tortura e
de assassinatos cometidos por agentes do governo, dando o tom de uma das marcas da
ditadura no Brasil: o terrorismo de Estado.
• Cassações políticas;
• Criação da SNI (Serviço Nacional de Informações) pelo general Golbery do Couto e
Silva para espionagem e coleta de dados;
• Corte de gastos, aumento de impostos;
• Pedido de empréstimos ao FMI e renegociação da dívida externa;
• Aumento salarial anual, sempre abaixo do nível da inflação;
• Desvalorização monetária (Cruzeiro Novo);
• Criação do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço);
• Criação do Banco Central e do Banco Nacional de Habitação;
• Fim da eleição direta para presidente e criação do bipartidarismo (ARENA – Aliança
Renovadora Nacional; e MDB – Movimento Democrático Brasileiro);
• Limitação de direitos constitucionais;
• Suspensão da imunidade parlamentar.

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GOVERNO DO GENERAL ARTHUR DA COSTA E SILVA (15/03/1967 A 31/08/1969) – LINHA


DURA

A vitória de Costa e Silva para assumir a presidência foi resultado de uma campanha
no interior do próprio Exército para que o aparato de repressão da Ditadura aumentasse.
O governo de Costa e Silva marca o início das medidas desenvolvimentistas que levaram
ao “milagre econômico”, além de ter sido marcado por ter iniciado os “anos de chumbo”,
período de maior repressão da Ditadura Militar. É de seu governo o Ato Institucional n. 5
• Repressão: combate à União Nacional dos Estudantes (UNE), criação do Comando de
Caça aos Comunistas (CCC) e do Movimento Anticomunista (MAC);
• Acordo MEC-USAID (Ministério de Educação e United Stares Agency for International
Development) para normatizar o ensino brasileiro;
• Greve de operários de MG e SP;
• Passeata dos Cem Mil, junho de 1968, organizada pela UNE;
• Ato Institucional n. 5 (AI-5, de 13 de dezembro de 1968) – Instituiu a perda de
mandatos de parlamentares contrários aos militares, intervenções ordenadas pelo
presidente nos municípios e estados e também a suspensão de quaisquer garantias
constitucionais que eventualmente resultaram na institucionalização da tortura,
comumente usada como instrumento pelo Estado;
• Plano Nacional de Desenvolvimento Econômico (PED): política econômica voltada para
o combate da inflação e expansão do comércio exterior; baseia-se em estímulos à
industrialização e ao consumo promovidos pelo Estado;
• Investimentos nos setores de transporte e comunicações;
• Reforma administrativa;
• Funrural (reforma agrária), Funai (Fundação Nacional do Índio).

Costa e Silva deixou o governo em agosto de 1969, por motivos de saúde. O vice-
presidente, Pedro Aleixo, por ter sido contrário ao AI-5, foi impedido de assumir. Em 31 de
agosto de 1969, através do AI-12, ministros militares puderam assumir temporariamente
a presidência do país. Assim surgiu o governo da Junta Provisória.

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037. (VUNESP/PM-SP/NÍVEL MÉDIO/SOLDADO/2016) Ato institucional era o decreto utilizado


pelos militares para legitimarem suas decisões. Em dezembro de 1968, ocorreu a promulgação
do Ato Institucional no 5 (AI-5) que, em seu preâmbulo, dizia-se ser uma necessidade para
atingir os objetivos da revolução, “com vistas a encontrar os meios indispensáveis para a
obra de reconstrução econômica, financeira e moral do país”.
O AI-5 foi promulgado no governo de
a) Costa e Silva e representou o fechamento do sistema político, restringiu drasticamente
a cidadania e permitiu a ampliação da repressão policial-militar.
b) Castello Branco e fixou eleições indiretas para governadores e prefeitos das capitais,
acabou com a garantia do habeas corpus e ampliou a repressão policial
c) João Figueiredo e fechou o Congresso, determinou as regras para a aprovação de nova
Constituição e suspendeu os direitos políticos de oposicionistas.
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d) Garrastazu Médici e estabeleceu eleições indiretas para os cargos de presidente e


governador, extinguiu os partidos políticos e permitiu ao Executivo cassar mandatos de
políticos.
e) Ernesto Geisel e deu ao executivo plenos poderes para cassar mandatos, além de suspender
a estabilidade dos funcionários públicos e militares.

O AI-5 é considerado o decreto mais autoritário do Regime Militar. Instituído durante o


governo de Costa e Silva, fechou o congresso, retirou direitos políticos e permitiu o uso da
força na repressão de opositores.
Letra a.

JUNTA GOVERNATIVA PROVISÓRIA (31/08/1969 A 30/10/1969)


Formada pelo Ministro do Exército, Aurélio de Lira Tavares, pelo ministro da Marinha,
Augusto Rademaker, e pelo Ministro da Aeronáutica, Márcio Melo.

GOVERNO DO GENERAL EMÍLIO GARRASTAZU MÉDICI (30/10/1969 A 15/03/1974) -


LINHA DURA
Foi o período de maior repressão política. Tanto que entrou para a história como os
“Anos de Chumbo”: com exílios, tortura, prisões, desaparecimento de pessoas, combate
aos movimentos sociais e censura. Alguns movimentos de guerrilha armada surgiram e
promoveram confrontos com o governo. Vamos a eles:
a) Aliança Libertadora Nacional (ANL): O ex-deputado comunista Carlos Marighella
liderou o sequestro do embaixador norte-americano Charles Elbrinck em 4 de setembro
de 1969. Conseguiu a liberdade de 15 presos políticos, mas Marighella foi assassinado em
novembro de 1969.
b) Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8): Realizava assalto a bancos e
sequestros. Surgiu da dissidência do PCB da cidade de Niterói.
c) Vanguarda Armada Revolucionária (VAR-Palmares). O capitão do exército Carlos
Lamarca atuou no interior de São Paulo. Assassinado em 1971 foi considerado o inimigo
interno número pelo regime.
d) Partido Comunista do Brasil (PC do B): Surgiu da separação do PCB em 1962. Destaque
para a Guerrilha do Araguaia, cujo líder Oswaldo Orlando enfrentou confrontos sangrentos
contra tropas do governo. O movimento cresceu recebendo famílias de agricultores e de
membros das Ligas Camponesas. Todos foram mortos em 1974. A Guerrilha do Araguaia
foi um movimento de luta armada que ocorreu na região do Araguaia, na divisa entre os
estados de Tocantins e Pará, entre os anos de 1972 e 1975. Tocantins ainda era território

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goiano nesse período. Os movimentos guerrilheiros começaram a se organizar ao final da


década de 1960. Os maiores confrontos com as tropas militares aconteceram a partir de
1972. A grande inspiração desses movimentos foi, sem dúvida, o sucesso das revoluções
socialistas em Cuba e na China. A liderança das guerrilhas foi, principalmente, de membros
do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), que foi colocado na ilegalidade desde o golpe de
1964. Podemos destacar os nomes de Maurício Grabois (um dos fundadores do PCdoB),
João Amazonas (secretário geral do PCdoB), Elza Monnerat (dirigente do PCdoB) e Ângelo
Arroyo (dirigente do PCdoB). Entretanto, a guerrilha contou com a participação de operários,
membros das Ligas Camponesas, estudantes ligados a UNE e profissionais liberais. O
principal objetivo dos guerrilheiros era derrubar o governo militar e implantar um governo
socialista. Os militares realizaram ofensivas militares, contando com aproximadamente 5
mil homens, para acabar com o movimento: a Operação Papagaio, a Operação Sucuri e a
Operação Marajoara. A vitória das tropas governistas reprimiu o movimento em 1975. Como
saldo do conflito, morreram 59 militantes do PCdoB e 19 agricultores, além de 20 militares.
Para combater esses movimentos e outras organizações, Médice tomou as
seguintes medidas:
• Criação DOI-CODI: Centro de Operações de Defesa Interna (CODI) e o Destacamento
de Operações Internas;
• Departamento de ordem Política e Social (DOPS);
• Centro de Informação das Forças Armadas: CENIMAR, CISA, CIEX;
• Operação Bandeirante (OBAN): A polícia liderada pelo Delegado Fleury e o Exército
juntos contra a guerrilha do Araguaia.

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Médici também criou a Telebrás, o Incra (Instituto de Reforma Agrária e o Movimento


Brasileiro de Alfabetização (Mobral). Usou de muita propaganda na campanha “Brasil, ame-o
ou deixe-o” e se aproveitou da Copa do Mundo de 1970 para enfatizar a campanha patriótica.

GOVERNO DO GENERAL ERNESTO GEISEL (15/03/1974 A 15/03/1979) - SORBONNE


Geisel Propôs a abertura política desde que fosse “lenta, gradual e segura”, mas
aumentou o mandato de Presidente de 5 para 6 anos. De orientação mais democrática
começou a desmantelar os órgãos de repressão. Entretanto, isso não diminuiu a truculência
do regime. Em outro de 1975, por exemplo, o jornalista Vladimir Herzog, da TV Cultura,
foi preso, torturado e morto pelo DOI-CODI. Os militares disseram que a causa havia sido
suicídio, mas a foto tirada da cena mostra que seria impossível alguém se enforcar tendo
o alcance dos pés ao chão.

Entre as principais medidas de Geisel, podemos listar:


• Pacote de Abril (1977): mudanças nas regras para as eleições de 1978, com o objetivo
de barrar o crescimento do partido de oposição (MDB);
• Criação do Senador biônico (eleito indiretamente);
• Alta da inflação e dívida externa;
• Restauração do habeas corpus e fim do AI-5.
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• Construção das usinas siderúrgicas de Tubarão (ES) e Açominas (MG), da Ferrovia do


Aço (MG), das hidrelétricas de Itaipu (PR) e de Sobradinho (BA);
• Realização do Acordo Nuclear com a Alemanha para a construção de 8 usinas nucleares.
No entanto, apenas uma foi construída até o final para entrar em funcionamento,
a usina de Angra I;
• Criação do PROÁLCOOL: programa de e investimentos em tecnologia de ponta na
produção de etanol derivado da cana e incentivos fiscais às montadoras de veículos
para a produção de veículos movidos a álcool, como meio para diminuir os impactos
da crise do Petróleo.

038. (CESGRANRIO/2010/IBGE/Analista de Planejamento/História)

Retirado de: PANDOLFI, Dulce Chaves. “Voto e participação política nas diversas repúblicas do Brasil”. In
GOMES, Ângela Castro e outros (org.). A República no Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; CPDOC, 2002, p.
110.

A charge do cartunista Ziraldo, datada de 1975, ironiza a situação político-partidária na


sociedade brasileira da época, tendo em vista a(o):
a) implementação do pluripartidarismo
b) restrição à propaganda eleitoral nos meios de comunicação por meio da Lei Falcão.
c) edição do Pacote de Abril e o adiamento das eleições previstas para 1978.
d) prorrogação do mandato presidencial para seis anos e a ampliação da censura.
e) crescimento da bancada do partido de oposição no Congresso Nacional.

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Questão que exige interpretação! Na charge, a personagem critica a “máquina eleitorá”


justamente pelo crescimento da oposição (MDB).
Letra e.

GOVERNO DO GENERAL JOÃO BAPTISTA FIGUEIREDO (15/03/1979 A 15/03/1985)


– SORBONNE
O governo do general Figueiredo foi marcado por uma enorme crise econômica e pelo
processo de reabertura política do país. Aboliu o sistema bipartidário e concedeu anistia
política aos militares e perseguidos políticos.
São marcas do governo de Figueiredo:
• Início da transição para o sistema democrático;
• Restabelecimento do pluripartidarismo;
• Crise econômica, greves e protestos sociais;
• Restabelecimento das eleições diretas para governadores dos estados.

Lei da Anistia: LEI No 6.683, DE 28 DE AGOSTO DE 1979. A Lei de Anistia foi um dos elementos
que compuseram a chamada “distensão lenta, gradual e segura” do fim da ditadura militar.
A Lei de Anistia permitiu que os torturadores não fossem julgados e presos, bem como
permitiu a volta ao Brasil de opositores ao regime que haviam sido exilados do país.

039. (VUNESP/PM-SP/SOLDADO DA POLÍCIA MILITAR/EDITAL N. 02/2018) Leia a canção a seguir.


Pode ir armando o coreto
E preparando aquele feijão preto
Eu tô voltando (…)
Leva o chinelo pra sala de jantar
Que é lá mesmo que a mala eu vou largar
Quero te abraçar, pode se perfumar
Porque eu tô voltando (…)
(Tô Voltando. Maurício Tapajós/Paulo César Pinheiro)
Essa canção simbolizou um determinado momento da história brasileira, que foi
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a) a regularização da situação dos estrangeiros que entraram no país até 1º de fevereiro


de 1990, por meio da Lei da Anistia Imigratória.
b) a concessão de perdão político pelo governo militar, em março de 1964, aos 283 marinheiros
e fuzileiros navais acusados de rebelião.
c) a aprovação do perdão, em 1930, concedida aos militares dos levantes de 1922 e 1924,
conhecidos como Revolta dos Tenentes.
d) o decreto de anistia assinado pelo presidente Getúlio Vargas em 1945 libertando 563
militantes mantidos na prisão pelo Estado Novo.
e) a luta pela democracia e contra a ditadura, com o retorno dos exilados a partir do
movimento pela anistia, nos anos de 1978 e 1979.

Aprovada em 28 de agosto de 1979, a lei n. 6.683 concedeu a anistia a todos que cometeram
crimes políticos ou eleitorais e àqueles que sofreram restrições em seus direitos políticos
em virtude dos Atos Institucionais (AI) e Complementares, entre 02 de setembro de 1961
e 15 de agosto de 1979.
Letra e.

O “MILAGRE ECONÔMICO”

Uma marca Importante do Governo Médici foi o “Milagre Econômico”. O início do milagre
econômico, no entanto, está na criação do Programa de Ação Econômica do Governo (Paeg)
na gestão do presidente Castelo Branco (1964-1967). O Paeg previa incentivo às exportações,
abertura ao capital exterior, bem como reforma nas áreas fiscal, tributária e financeira.
Durante o milagre econômico, o PIB alcançou 11,1% de crescimento anual.
Ocorreu forte crescimento do PIB graças a empréstimos e investimentos em infraestrutura
de energia. Grandes obras públicas foram apelidadas de Faraônicas pelos opositores por,
segundo eles, não fazerem sentido. É nesse contexto que foram construídas a Rodovia
Transamazônica, a Rodovia Rio-Santos, a Ponte Rio-Niterói, a Ponte Colombo-Salles, as
hidrelétricas de Passo Fundo e de Solteira.
Para centralizar as decisões econômicas foi criado o Banco Central. Da mesma forma,
a fim de favorecer o crédito e resolver o déficit habitacional, o governo instituiu o SFH
(Sistema Financeiro Habitacional), formado pelo BNH (Banco Nacional de Habitação) e pela
CEF (Caixa Econômica Federal).
A principal fonte de recursos para o sistema habitacional viria do FGTS (Fundo de Garantia
do Tempo de Serviço). Este imposto, criado em 1966, era descontado do trabalhador e foi
usado para estimular a construção civil.

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Também se favoreceu a criação de bancos para estimular o mercado de capitais e a


abertura de crédito para o consumidor melhorando, entre outros, o desempenho da indústria
de automóvel. Além disso, nada mais que 274 estatais, como a Telebrás, Embratel e Infraero
foram abertas neste período.
Na época, o ministro da Fazenda, Delfim Neto, justificou essas medidas como fundamentais
para impulsionar o crescimento do País. Apesar do crescimento do PIB, os índices sociais
não melhoram significativamente, o que levou Delfim Neto a utilizar a metáfora de que “o
bolo precisava crescer para depois ser repartido”.
Além das medidas de incentivo, o milagre econômico foi concretizado por meio de obras
de grande porte como estradas e hidrelétricas. Entre estas a rodovia Transamazônica (que
une o Pará até a Paraíba), a Perimetral Norte (Amazonas, Pará, Amapá e Roraima) e a ponte
Rio-Niterói (ligando as cidades do Rio de Janeiro e Niterói). Ainda merece menção a Usina
de Itaipu, as usinas de energia nuclear de Angra e a zona Franca de Manaus.
Os recursos para essas obras foram obtidos por meio de empréstimos internacionais,
que elevaram ao endividamento externo. O financiamento internacional também foi
empregado para alavancar projetos de mineração, como os das usinas de Carajás e Trombetas,
ambas no Pará.
Também receberam recursos internacionais as indústrias de bens de consumo (máquinas
e equipamentos), farmacêutica e agricultura. O setor agrícola voltou-se para a monocultura,
visando o mercado internacional.
Estas obras de infraestrutura eram necessárias em um país em crescimento e com as
dimensões do Brasil. No entanto, foram feitas de maneira pouco transparente e consumiram
muito mais recursos do que o previsto inicialmente.
Para atrair o empresariado, o governo federal achatou os salários dos trabalhadores.
Como os sindicatos estavam sob intervenção, as negociações quase sempre favoreciam
o empresário. Nesta época, com fiscalização deficiente, os acidentes de trabalho se
multiplicaram.
No cenário externo, a situação mudou a partir de 1973, quando aconteceu o Primeiro
Choque do Petróleo. Neste ano, os países produtores pararam de vender petróleo para
países quem fossem aliados de Israel. Assim, o preço do barril quadruplicou em apenas um
ano, encarecendo a produção industrial.
Para encarar esta subida de preços, os Estados Unidos elevaram os juros do mercado
internacional na década de 70 e reduziram as remessas de dinheiro para os países em
desenvolvimento.
O Brasil parou de receber empréstimos e passou a pagar juros exorbitantes da dívida
externa. Em consequência, houve arrocho salarial, desvalorização cambial e redução do
poder aquisitivo da população.

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O salário mínimo ficou abaixo dos US$ 100 resultando em aumento da pobreza e da
miséria. A política econômica privilegiou as exportações e impôs pesados encargos às
importações. A estratégia resultou no sucateamento das indústrias nacionais. Por estes
motivos, o setor industrial não podia importar máquinas e modernizar os fábricas que,
obsoletas, perderam competitividade.

040. (VUNESP/ESFCEX/OFICIAL/ÁREA MAGISTÉRIO DE HISTÓRIA/2022) Entre 1968 e 1973,


o PIB cresceu em média 11,2%, alcançando 14% em 1973. Essa fase é chamada de “milagre
brasileiro.”
(Carlos Fico, História do Brasil contemporâneo. Texto adaptado)

Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, alguns efeitos do chamado “milagre


econômico” contidos na obra citada.
a) O crescimento da economia se fez acompanhar de um processo acentuado de concentração
de renda, inclusive porque os ganhos de produtividade não eram repassados para os
trabalhadores. Além disso, deu-se um aumento vertiginoso da dívida externa.
b) As grandes e médias empresas nacionais ganharam destaque na economia em geral por
causa dos subsídios governamentais. Por outro lado, as multinacionais, progressivamente,
diminuíram seus investimentos no país em razão de uma severa lei de remessa de lucros.
c) A partir da metade da década de 1970, o crescimento da economia teve forte aceleração
em razão de um acordo econômico com o Mercado Comum Europeu. Além disso, o país
tornou-se praticamente autossuficiente na produção de petróleo e na produção dos seus
derivados.
d) As classes trabalhadoras urbanas foram beneficiadas com novos direitos sociais e
aumentos salariais. Por outro lado, a classe média foi a parte da sociedade mais atingida pela
política fiscal do governo federal, que aumentou muito a carga tributária, especialmente
o imposto de renda.
e) O operariado industrial tornou-se uma espécie de elite entre os trabalhadores urbanos
porque seus salários aumentavam sempre acima da inflação. Ao mesmo tempo, os
trabalhadores rurais, apesar da produtividade cada vez maior no campo, continuavam
sem qualquer proteção social.

Contraindo empréstimos para financiar obras públicas em transporte, comunicação e


energia, por conseguinte, ocorreu o aumento da dívida externa. Além disto, o crescimento

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do PIB concentrou renda. Não se esqueça da metáfora de Delfim Neto (“o bolo precisava
crescer para depois ser repartido”) para justificar a concentração de renda.
Letra a.

Caro(a) aluno(a), o processo de redemocratização se deu entre 1975 e 1985, com os


governos dos generais Geisel e Figueiredo, e terminou com eleições indiretas que colocaram
um civil na presidência da República.
Foram realizadas uma série de medidas para que a transição democrática fosse lenta,
segura e gradual. Podemos listar, de maneira objetiva, as seguintes medidas de distensão
do Regime Militar:
• O fim da censura prévia à espetáculos e publicações;
• A revogação do AI-5;
• O retorno ao pluripartidarismo;
• A Lei de Anistia.

É necessário salientar que o retorno ao pluripartidarismo objetivava dividir a oposição


e impedir a polarização entre ARENA(partido dos militares) e o MDB. Além disso, a Lei de
Anistia previa o perdão dos crimes políticos do período de maneira irrestrita, beneficiando
agentes militares que cometeram crimes de tortura, perseguição e assassinatos.
Com o pluripartidarismo, a ARENA (Aliança Renovadora Nacional) e o MDB (Movimento
Democrático Brasileiro) foram extintos e deram lugar a novos partidos políticos: O ARENA,
partido dos militares, transformou-se no Partido Democrático Social (PDS) e abrigava os
conservadores e beneficiários da ditadura. O MDB, que realizava a “oposição consentida”,
transformou-se em Partido do Movimento Democrático brasileiro (PMDB). Os novos partidos
que surgiram foram: o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), o Partido Democrático Trabalhista
(PDT), o Partido dos Trabalhadores e o Partido Popular.
Essa reorganização não era bem quista por toda população. Nesse sentido, durante a
Festa do Dia do Trabalhador, em 30 de abril de 1981, um militar morreu durante a explosão
de uma bomba que supostamente seria colocada no palco do comício. Esse episódio ficou
conhecido como Atentado do RioCentro.
Manifestações contra o regime começaram a surgir pelo país. Em 30 de novembro de
1979, em Florianópolis, ocorreu um a grande manifestação popular contra o Regime Militar
implantado em 1964. A Novembrada, como ficou conhecida, ocorreu durante uma visita
do então presidente João Batista Figueiredo.

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041. (VUNESP/PM-SP/SOLDADO/2013) O processo de redemocratização do Brasil avançou


em 1979, com a extinção do Ato Institucional número 5 (AI-5) e a anistia política. Ele foi,
de certa forma, consolidado, em 1982, com
a) a adoção de medidas econômicas liberais.
b) a criação da Lei de Segurança Nacional.
c) as eleições diretas para os governos estaduais.
d) a extensão do direito de voto aos analfabetos.
e) a vitória da oposição no Colégio Eleitoral.

A primeira eleição em fins do regime militar ocorreu em 1982 para governadores dos estados.
Entretanto, apesar da campanha pelas eleições diretas para presidente da república, isso
só viria a acontecer em 1989.
Letra c.

A Ditadura Militar (1964-1985) foi extremamente violenta. Entretanto, a sociedade


se mobilizou na luta contra o regime ditatorial dos militares. As ligas camponesas foram
combatidas de maneira enérgica. O governo desarticulou sindicatos e associações de
trabalhadores, chegando a prender, torturar e mesmo a assassinar os participantes.
A Igreja Católica teve papel relevante assumindo destaque na luta contra a repressão
e a tortura. Acabou transformando-se na mais significativa instituição de oposição ao
regime militar. Assim, criou várias organizações:
• JOC: Juventude Operária Católica;
• ACO: Ação Católica Operária;
• JEC: Juventude Estudantil Católica;
• JUC: Juventude Universitária Católica;
• CEBs: Comunidades Eclesiais de Base;
• CJP: Comissões de Justiça e Paz;
• Cimi: Conselho Indigenista Missionário;
• CPT: Comissão Pastoral da Terra.
À medida em que a Igreja ampliava sua inserção junto às classes populares, padres,
freiras, bispos, arcebispos também se transformaram em alvos da repressão policial.
Nesse sentido, um grande ícone da luta contra o autoritarismo foi Dom Hélder Câmara.
Indicado para arcebispo de Olinda e Recife em 12 de março de 1964, implantou um governo
colegiado na diocese, organizada em pastorais. Criou o Movimento Encontro de Irmãos, o

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Banco da Providência e a Comissão de Justiça e Paz. Além disso, fortaleceu as comunidades


eclesiais de base.
Sua resistência ao Regime Militar acabou lhe rendendo o apelido de “Arcebispo Vermelho”.
Foi censurado pelos militares, mas continuou realizando publicações no exterior. Em 1984,
renunciou ao cargo de arcebispo, aos 75 anos.
Outra instituição de papel importante na luta contra a Ditadura Militar foi a UNE (União
Nacional dos Estudantes). Uma das primeiras ações do Regime Militar, ainda em 1964,
foi metralhar a sede da entidade no Rio de Janeiro e colocá-la na ilegalidade. Honestino
Guimarães, nascido em Itaberaí (GO), foi presidente da UNE, militou contra a ditadura
e acabou morto em situação desconhecida. Em 1984, a UNE participou ativamente da
campanha das “Diretas Já”, com manifestações e intervenções nos principais comícios
populares daquele período. Em 1985, foi aprovado pelo Congresso Nacional o projeto, de
autoria do deputado e ex-presidente da UNE Aldo Arantes, que trazia a entidade de volta
para a legalidade.

042. (CESGRANRIO/2014/IBGE/AGENTE DE PESQUISAS POR TELEFONE) O regime militar


assumiu a direção do país, em 1964, com uma postura tecnocrática-modernizante, [...]. Apesar
das críticas ao nacionalismo econômico do governo deposto, o novo regime manteria um
discurso desenvolvimentista, comprometido com a retomada do crescimento econômico. [...]
Outra linha de críticas é aquela dirigida contra o autoritarismo na implementação das
transformações institucionais [...]. Criticava-se todo um projeto voltado ao fortalecimento
dos grandes oligopólios e ao aprofundamento da desnacionalização da economia, [...].
REGO, José Márcio; MARQUES, Rosa Maria (ORG.) Economia Brasileira. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 97-100.

Nesse contexto, o regime ditatorial promovia perversa distribuição de renda com


a) redução da dívida externa.
b) enfraquecimento dos grandes oligopólios.
c) ruptura do modelo capitalista dependente.
d) aumento da exploração da força de trabalho.
e) queda acentuada da taxa de crescimento do PIB.

Apesar do crescimento do PIB durante o “Milagre econômico”, não havia distribuição de


renda e os salários continuaram estagnados.
Letra d.

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1.5 A REDEMOCRATIZAÇÃO E A BUSCA PELA ESTABILIDADE ECONÔMICA

1.5.1. A CAMPANHA PELAS ELEIÇÕES DIRETAS


A campanha “Diretas Já” foi um movimento que começou em maio de 1983 e foi
até 1984, mobilizando milhões de pessoas em comícios e passeatas pela eleição direta
para presidente da República. Contou com a participação de partidos políticos, artistas,
intelectuais e variados membros da sociedade civil.
A emenda Dante de Oliveira, assim chamada por ter sido o deputado mato-grossense
que, em 1983, apresentou o projeto de uma emenda constitucional pelas eleições diretas
para presidente. A proposta previa, ainda, o fim do Colégio Eleitoral. Caso fosse aprovada,
o voto direto ocorreria já nas eleições de 1985.
O deputado federal Ulisses Guimarães foi um dos principais articuladores do movimento
promovendo, inclusive, um debate no auditório de Goiânia em 1983. O debate pode ser
considerado o estopim que deu início a inúmeros comícios por todo o país.
Em meio aos debates para a sucessão, o presidente general João Figueiredo se afasta
do processo de escolha em janeiro de 1984. A saída ocorreu dias depois de um comício
promovido pelo PT em Olinda e outro em Curitiba, no dia 5 de janeiro, reunindo trinta
mil pessoas. A estratégia usada para que o movimento aparecesse na grande mídia foi o
pagamento de inserções publicitárias nos intervalos do Jornal Nacional, da Rede Globo.
Também em 1984, a UNE participou ativamente da campanha das “Diretas Já”, com
manifestações e intervenções nos principais comícios populares daquele período.
Também foram promovidos comícios e passeatas em Camboriú (SC), em 14 de janeiro,
e Salvador, em 20 de janeiro. Os atos reuniram respectivamente 3 mil e 15 mil pessoas. O
apelo popular aumentou com a participação de 200 mil pessoas em comício promovido
no dia 25 de janeiro, na Praça da Sé, em São Paulo. O ato reuniu as principais lideranças
políticas pró-diretas. Estavam presentes Leonel Brizola, governador do Estado do Rio de
Janeiro (PDT-RJ), Ulisses Guimarães e Luiz Inácio Lula da Silva, entre outros. Também
estiveram no palco atores e músicos, como Chico Buarque, Milton Nascimento e Fernanda
Montenegro. A partir desse ato, comícios foram realizados em todo o Brasil, sempre com
grande volume de participantes.
Além das ruas, os participantes também puderam acompanhar a intenção de voto dos
congressistas à emenda de Dante de Oliveira. No mês de fevereiro, foi instalado na Praça
da Sé o “Placar das Diretas”. Também é iniciada a Marcha para Brasília, uma caravana para
acompanhar a votação na Capital Federal.
O ato de maior concentração de apoiadores das diretas ocorreu no Rio de Janeiro,
em 10 de abril. Em seis horas, um milhão de pessoas ouviram os apoiadores da retomada
do voto direto em comício promovido na Candelária.

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Políticos e artistas dividiram o palanque em vários atos até o dia 25 de maio, quando
foi votada a emenda de Dante de Oliveira. A sessão foi de intenso movimento e tensão.
Ainda assim, a Câmara dos Deputados não aprovou a emenda e as eleições daquele ano
não contaram com a participação do povo. Mesmo sendo de grande apelo popular, a
emenda Dante de Oliveira foi rejeitada e as eleições diretas para presidência da República
aconteceriam somente em 1989.

043. (VUNESP/PM SP/SOLDADO PM DE 2ª CLASSE/2023) Em 1984, pela primeira vez em vinte


anos, a sucessão presidencial não seguiu os trâmites normais do período militar. Por um lado,
o governo procurava evitar a Emenda Dante de Oliveira; por outro, não conseguia controlar as
divergências internas do PDS em torno da definição de um candidato à presidência. A Emenda
Dante de Oliveira seria votada. Entretanto, apesar de o envolvimento nas manifestações
representar a vontade da maioria da população brasileira em reestabelecer as eleições
diretas, a emenda acabou sendo rejeitada em 25 de abril de 1984.
(Conceição Aparecida Cabrini, 16 de abril de 1984 – Diretas Já. Em: Circe Bittencourt (org.), Dicionários de
datas da história do Brasil. Texto adaptado)

Com a derrota da Emenda Dante de Oliveira,

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a) a oposição liberal e setores progressistas uniram-se em torno da candidatura do governador


paulista, Franco Montoro, do PMDB, que disputou e venceu o candidato situacionista,
Aureliano Chaves, em eleições indiretas.
b) grupos políticos mais conservadores, caso do PTB, assumiram a direção das manifestações
públicas pelas eleições diretas e conseguiram impor uma vitoriosa candidatura situacionista
no Colégio Eleitoral.
c) as forças políticas que defendiam a volta das eleições diretas mantiveram-se unidas e
conseguiram aprovar uma reforma constitucional que determinava que o novo presidente
seria eleito diretamente em 1988.
d) os partidos oposicionistas, com a liderança do PDT, condenaram a manutenção das
eleições indiretas por meio do Colégio Eleitoral e colocaram em pauta uma nova emenda
constitucional com o objetivo de eleições diretas em 1985.
e) setores moderados da oposição, conduzidos pelo PMDB, aliaram-se ao PFL, partido
fundado por dissidentes do PDS, e lançaram como candidato à presidência o governador
de Minas Gerais Tancredo Neves, do PMDB.

Nas eleições indiretas para presidente, saudado como candidato da conciliação, Tancredo
Neves foi eleito Presidente da República pelo Colégio Eleitoral, numa terça-feira, 15 de
janeiro de 1985, recebendo 480 votos contra 180 dados a Paulo Maluf e 26 abstenções.
Letra e.

Quando a emenda constitucional que propunha eleições diretas para presidente foi
rejeitada pelo Congresso Nacional, em 1984, um dos líderes do movimento que incendiara
o país em defesa do voto livre sentiu que chegara sua hora. Mesmo tendo de concorrer
no Colégio Eleitoral composto em sua maioria por deputados e senadores do governista
Partido Democrático e Social, Tancredo Neves lançou-se candidato pelo Partido do
Movimento Democrático Brasileiro, de oposição. Venceu em 15 de janeiro de 1985, data
que simboliza o fim de mais de vinte anos de ditadura militar.

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Tancredo Neves

A tão esperada posse, no entanto, nunca ocorreu. No dia 14 de março, véspera de assumir
o cargo, o ex-governador de Minas Gerais teve de ser operado às pressas no Hospital de
Base, em Brasília. Era o início de um pesadelo que exigiria outras seis intervenções cirúrgicas
e se estenderia até sua morte, anunciada em 21 de abril.
Tancredo Neves era um mestre na arte de tecer acordos políticos. Nascido na cidade
mineira de São João del Rey, foi vereador, deputado estadual, deputado federal, ministro
da Justiça (no governo constitucional de Getúlio Vargas), primeiro-ministro (no governo
parlamentarista de João Goulart), senador e governador de Minas (escolhido pelo voto direto
em 1982). Também participou ativamente da campanha das “diretas já”, que culminou nos
comícios de mais de 1 milhão de pessoas no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Essa capacidade de negociar foi fundamental na hora da disputa no Colégio Eleitoral.
Para bater seu adversário, o paulista Paulo Maluf, Tancredo teve de se acertar com setores
governamentais hostis à candidatura situacionista, como o maranhense José Sarney,
que abandonou a presidência do PDS, carregando consigo uma dissidência numerosa de
parlamentares. Seu grupo fundou o Partido da Frente Liberal, enquanto ele se filiava ao
PMDB para se tornar o vice na chapa do mineiro, ajudando a assegurar a vitória. A contagem
final: 480 votos a favor contra 180, com dezessete abstenções.

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O preço dessa costura política foi o descaso com a própria saúde. Tancredo sabia que
estava muito doente. Ao mesmo tempo, temia que o presidente João Figueiredo não
transmitisse o cargo a Sarney. Por isso, resolveu aguentar firme até a posse: “Depois façam
de mim o que quiserem”, dizia aos médicos.
Ao ser internado na noite de 14 de março no Hospital de Base de Brasília, para a retirada
de um tumor que se rompera em seu abdome, só assinou a autorização para a cirurgia
após obter a garantia oficial de que o vice estaria em seu lugar no dia seguinte. Sarney, de
fato, assumiu, ainda que alguns preferissem ver como protagonista da cerimônia o então
presidente da Câmara, Ulysses Guimarães. Mas não recebeu a faixa das mãos de Figueiredo,
que saiu pelos fundos do Palácio do Planalto para não ter de encarar o desafeto.
A doença e a morte de Tancredo causaram imensa comoção. Era nele que o povo depositava
suas esperanças. No livro Memória Viva do Regime Militar, o político mineiro Pimenta da
Veiga escreveu:

Eu percebi em Tancredo um sentimento de descompromisso com a vida, por dois aspectos.


Primeiro, o coroamento de uma longa e brilhante carreira pública que ele não queria, muito
justamente, que deixasse de chegar ao cume, à presidência da República. Depois, por entender
que sua posse era um fato tão forte que justificaria até a perda da vida. Até a própria morte.
Ela encerraria um ciclo.

044. (VUNESP/ESFCEX/OFICIAL/ÁREA INFORMÁTICA/2021) Em 1983, lideranças políticas


buscaram a aprovação de uma emenda constitucional que reestabelecesse o voto popular
nas eleições para a presidência da República. A emenda estava formalizada no Congresso
Nacional desde março daquele ano. Foi iniciativa de um deputado quase desconhecido –
Dante de Oliveira, do PMDB de Mato Grosso. Tinha quinze linhas e alta probabilidade de ser
arquivada, mas foi pinçada pela Executiva Nacional do PMDB. A Emenda Dante de Oliveira,
como ficou conhecida, levou à formação de uma frente suprapartidária.
(Lilia Moritz Schwartz e Heloísa Murgel Starling, Brasil: uma biografia. Texto adaptado)

Em abril de 1984, a Emenda Dante de Oliveira foi


a) aprovada conjuntamente com uma reforma política, mas a primeira eleição direta para
a presidência ocorreu em 1988, coincidindo com as escolhas dos deputados constituintes.
b) aprovada, mas as eleições diretas valeriam apenas para o sucessor do chefe do Executivo
eleito em 1985, o que de fato ocorreu com as eleições de 1989.
c) rejeitada, daí parcelas das oposições apoiaram um candidato de oposição no Colégio
Eleitoral, que conseguiu, em janeiro de 1985, eleger-se.
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d) rejeitada com apoio da oposição moderada ao governo federal, havendo a apresentação


de uma nova emenda constitucional propondo a realização de eleições gerais em 1986.
e) aprovada, mas com a existência de regras eleitorais rígidas, não houve a possibilidade
de todos os partidos lançarem candidatos para o pleito ocorrido em 1985.

Na véspera da votação da emenda Dante de Oliveira o Figueiredo decretou estado de


emergência e as manifestações favoráveis a ela foram duramente reprimidas. A partir
daí houve uma alteração no quórum de emendas que voltou a exigir 2/3 dos votos para
aprovação. Dessa forma a emenda não foi aprovada. Com a queda da emenda Dante de
Oliveira, que possibilitaria eleições diretas, teve início uma negociação entre os partidos e
em 1985 Tancredo Neves vence a eleição, que foi feita pelo colégio eleitoral.
Letra c.

Importante marco da democracia, a Constituição de 1988 possui as seguintes


características:
• Tripartição dos poderes da União: Legislativo, Executivo e Judiciário;
• O racismo e a ação de grupos armados contra o Estado democrático são crimes
inafiançáveis e imprescritíveis;
• Alistamento eleitoral e o voto obrigatórios para os brasileiros maiores de 18 anos.
Facultativo para os analfabetos, para os maiores de 70 anos e para os maiores de 16
anos e menores de 18. Analfabetos e os jovens com 16 ou 17 anos, embora possam
votar, não podem ser eleitos para nenhum cargo político;
• Jornada de trabalho de 44 horas semanais e pagamento de horas extras no valor de
50% a mais que a hora normal;
• Se o trabalhador for vítima de dispensa arbitrária deverá receber indenização
compensatória;
• Direito de greve estendido a, praticamente, todas as atividades e serviços;
• Licença-gestante com duração de 120 dias, para a mulher. Ao pai, foi conferida a
licença-paternidade de 5 dias;
• Ao trabalhador doméstico: salário mínimo, 13º salário, repouso semanal remunerado,
férias remuneradas com 1/3 a mais que o salário normal, licença-gestante de 120
dias remunerada, aviso prévio e aposentadoria;
• Aposentadoria igual à média dos 36 últimos salários de contribuição, corrigidos
monetariamente para preservar seu valor real. Nenhum aposentado pode receber
menos que um salário mínimo;
• O estabelecimento de dois turnos nas eleições para presidente, governadores e
prefeitos de cidades com mais de duzentos mil eleitores;

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• Redistribuição de impostos em favor dos estados e municípios;


• Garantia pelo Estado de benefícios e proteção às empresas brasileiras de capital
nacional;
• Limite de 12% ao ano para as taxas de juros;
• Proibição de comercialização de sangue e seus derivados;
• Fim da censura a rádio, televisão e cinema;
• Proteção ao meio ambiente;
• Mandato de cinco anos para o Presidente da República, reduzido para quatro anos
a partir de 1995;
• Eleições diretas para presidente da República a partir de 1989;
• A Constituição de 1988 também é chamada de Constituição Cidadã.

Estado Democrático de Direito: é aquele que garante, a partir de um Estado governado


democraticamente e submetido ao Direito como fundamento primeiro de suas ações, o
atendimento a elementos básicos que promovam uma vida digna a todos os cidadãos e
cidadãs. A democracia na escolha dos participantes é fundamental, mas deve haver também
uma série de garantias de direitos fundamentais para que haja, de fato, liberdade e
igualdade entre as pessoas. Tem sua base na Declaração Universal dos Direitos Humanos

045. (CESGRANRIO/2016/IBGE/AGENTE DE PESQUISAS POR TELEFONE) Diretas Já foi um


dos movimentos de maior participação popular da história do Brasil. Teve início em 1983,
no governo de João Batista Figueiredo e propunha eleições diretas. A campanha ganhou o
apoio de partidos políticos importantes e, em pouco tempo, a simpatia da população, que
foi às ruas para pedir a volta das eleições diretas.
Disponível em: <http://www.infoescola.com/historia/diretas-ja/>. Acesso em: 30 maio 2016. Adaptado.

Essa campanha política teve como objetivo principal garantir eleições diretas para o cargo de
a) deputado federal
b) deputado estadual
c) prefeito municipal
d) senador da República
e) presidente da República

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Essa é para gabaritar. A emenda Dante de Oliveira, que preconizava a eleição direta para
presidente da República, foi rejeitada pelo congresso, apesar da grande mobilização popular.
Letra e.

1.5.2. OS GOVERNOS DA NOVA REPÚBLICA


Com o país abalado pela morte do presidente eleito Tancredo Neves, seu vice José
Sarney assumiu o governo brasileiro acompanhado pelo ministério escolhido pelo falecido
Tancredo Neves.
Começou então um processo de redemocratização no Brasil. No seu governo, além de
Sarney conceder aos analfabetos o direito de votar, estabeleceu também as eleições diretas
para os cargos políticos.
Com a criação da nova Constituição (1988), o Brasil entrava no período mais democrático
de todos os tempos. Sarney ficou na presidência de 1985 a 1990.
O Brasil estava feliz com a redemocratização, porém a economia não andava nada
bem. Para tentar resolver o problema, o Presidente José Sarney lançou o Plano Cruzado
procurando estabilizar a economia do país.
Essa nova moeda (Cruzado) valia mil Cruzeiros (moeda anterior). O Plano cruzado visou
congelar o preço e o salário, mas infelizmente a medida não funcionou como o esperado: a
inflação não parava de crescer. Outras tentativas foram feitas, como por exemplo, o plano
econômico Blesser e o Plano Verão que deu origem ao Cruzado Novo.
Nas eleições presidenciáveis de 1989, a primeira da Nova República, Fernando Collor
de Melo foi eleito para um governar por 4 anos, derrotando Luís Inácio Lula da Silva (PT).
Porém, não chegou ao fim de seu mandato. Renunciou à presidência da República em 29 de
dezembro de 1992, horas antes de ser condenado pelo Senado por crime de responsabilidade,
perdendo os direitos políticos por oito anos. Importante destacar o movimento dos “caras
pintadas” como grande catalizador do processo de Impeachment de Fernando Collor. A
juventude tomou as ruas exigindo a sua saída do cargo.
Em 1994 o Ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso elaborou o Plano Real,
que viria a acabar com a inflação e permitir estabilidade econômica ao País. Fernando
Henrique se tornaria presidente da República em 1995. Eleito para dois mandatos, deixou
a presidência em 2003.
Com a elaboração do Plano Real, Fernando Henrique Cardoso ganhou uma enorme
credibilidade com a população que, como reconhecimento deu a ele a vitória nas urnas em 1994.
Fernando Henrique assumiu a cadeira de Presidente do Brasil no dia 1º de Janeiro de
1995. No Final de 1998, FHC se candidatou novamente e derrotou mais uma vez o candidato
Luís Inácio Lula da Silva. FHC ficou no poder até o ano de 2002.

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A economia adotada pelo Presidente Fernando Henrique em seu segundo mandato levou
o Brasil a recorrer ao FMI (Fundo Monetário Internacional) e isso levou à desvalorização da
Moeda Real.
Seu governo é creditado com o fornecimento de estabilidade econômica de um país
marcado por anos de hiperinflação. Ao mesmo tempo, as crises econômicas no México em
1997, na Ásia Oriental em 1998, na Rússia em 1998 e na Argentina em 2002 reduziram as
perspectivas de crescimento econômico durante a sua presidência.
Foi também durante sua administração que muitas empresas estatais foram privatizadas
e que agências reguladoras foram criadas pela primeira vez para fiscalizar e regular muitos
setores da indústria (energia, petróleo, aviação, etc).
A administração de Fernando Henrique Cardoso também colocou um forte foco nas
relações exteriores. Além de aderir à Organização Mundial do Comércio (OMC) e participar
da Rodada Uruguai, o Brasil participou da missão de paz da INTERFET no Timor-Leste.

046. (CESGRANRIO/PETROBRAS/ASSISTENTE SOCIAL JÚNIOR/2011) A reforma do Estado


tornou-se, durante a década de 90 do século XX, a tônica nos discursos e práticas políticas
na sociedade brasileira.

047. Dentre o conjunto de suas proposições, o ideário da reforma buscava a tentativa de


a) superação da administração burocrática com a introdução da administração gerencial
b) aferição de resultados na gestão pública sob a ótica dos interesses sociais e coletivos
c) ampliação do gasto público em programas sociais e na remuneração da administração
pública
d) abandono do controle social por onerar o sistema público com incentivo às práticas
patrimonialistas
e) incentivo ao papel exclusivo do Estado na promoção do desenvolvimento social e econômico

A reforma buscava superar a administração burocrática, que era vista como ineficiente
e inflexível, introduzindo a administração gerencial, que enfatiza a gestão por resultados
e a responsabilização pelo desempenho. Essa perspectiva está em consonância com o
neoliberalismo.
Letra a.

Após os oito anos do governo de Fernando Henrique Cardoso, em 2002 elege-se presidente
da República o ex-metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT),

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tradicional partido de esquerda brasileiro. Lula aumenta a abrangência dos projetos sociais,
transformando o Bolsa-Escola em Bolsa-Família e criando novos programas, como o Prouni.
Em 2006, Luiz Inácio Lula da Silva é reeleito presidente da República.
Durante o governo Lula houve uma estabilidade macroeconômica que reduziu as taxas
de inflação e de juros e aumentou a renda per capita, colocando o país em uma lista dos
países mais promissores do mundo, ao lado de China, Rússia, Índia e África do Sul (chamados
de BRICS). Contudo, diferenças remanescem ainda entre a população urbana e rural, os
estados do norte e do sul, os pobres e os ricos.
A economia se desenvolveu com uma indústria e agricultura mais sofisticadas, e um
setor de serviços em expansão. As recentes administrações expandiram a inserção do país no
mercado mundial, com saltos de investimentos e produtividade em alguns setores, como o
de telecomunicações e automobilístico, mas ainda deixando a desejar na eficiência de portos
marítimos, estradas de ferro, geração de eletricidade, aeroportos e outros melhoramentos
da infraestrutura, o que reduziria o chamado “custo Brasil”.
O país começou a se voltar para as exportações em 2004, e, mesmo com um real valorizado
e a crise internacional, atingiu em 2008 exportações de US$ 197,9 bilhões, importações de
173,2 bilhões de dólares, o que colocou o país entre os 19 maiores exportadores do planeta.
O tamanho prestígio do sucesso do Governo Lula, permitiu que o presidente elegesse
Dilma Rousseff. Mas escândalos de corrupção, como o Mensalão, é mostra de que nem tudo
foram flores durante o período.
Em outubro de 2010, em segundo turno, o Brasil elege pela primeira vez uma mulher
como Chefe do poder executivo. Dilma Rousseff (mineira de Belo Horizonte) tomou posse
do cargo de Presidente da República Federativa do Brasil, prestando, assim como os demais
presidentes eleitos na Nova República, juramento solene perante o Congresso Nacional em
1º de janeiro de 2011.
Dilma deu continuidade aos programas do governo Lula tais como. O Luz para Todos,
que beneficiou mais de 3 milhões de famílias até 2013, a segunda fase do PAC que foram
disponibilizados recursos na ordem de R$ 1,59 trilhão em uma série de investimentos, tais
como transportes, energia, cultura, meio ambiente, saúde, área social e habitação, e do
programa Minha Casa, Minha Vida que obteve investimentos na cifra de R$ 34 bilhões da
qual foram construídas 1 milhão de moradias na primeira fase, e 2 milhões de moradias
com investimentos de R$125,7 bilhões na segunda fase do programa.
Em junho de 2013, irromperam no país inúmeras manifestações populares, quando
milhões de pessoas saíram às ruas em todos os estados para contestar os aumentos nas
tarifas de transporte público, a truculência das policiais militares estaduais, além de outras
reivindicações. Entre os principais desafios do país para o futuro estão um salto qualitativo
na educação e saúde, a desburocratização do empreendedorismo e uma resposta eficiente
aos crescentes problemas de segurança pública e favelização dos centros urbanos.

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Tais manifestações resultaram em julho de 2013 no lançamento do programa mais


médicos que teve como objetivo levar 15 mil profissionais da saúde para atender regiões
carentes do Brasil.
Em 2014, o Brasil sedou a Copa do Mundo de futebol. No final do primeiro governo de
Dilma, é deflagrada a Operação Lava Jato, do qual é apurado um esquema de lavagem
de dinheiro que movimentou mais de 10 bilhões de reais, sendo considerado pela polícia
federal o maior esquema de corrupção da história do Brasil.
Após as polarizadas eleições presidenciais de 2014, Rousseff é reeleita com 51,64%
dos votos válidos, ao derrotar em segundo turno o candidato Aécio Neves. Durante a
campanha eleitoral, um acidente aéreo vitimou o candidato Eduardo Campos do PSB. Em
março de 2015 novos protestos acontecem em vários estados principalmente contra a
corrupção, especialmente por conta da Operação Lava Jato conduzida pela Polícia Federal.
Como efeito da enorme e crescente insatisfação popular com o governo, a base política
da presidente foi se deteriorando e um processo de impeachment contra a presidente é
iniciado em dezembro do mesmo ano com base em acusações das chamadas “pedaladas
fiscais” cometidas em seu governo.
O ato causa grande controvérsia e divide o país entre grupos antigovernistas
(majoritariamente de direita) e pró-governo (majoritariamente de esquerda). Em 17 de
abril de 2016, a Câmara dos Deputados aprova o início do processo de impeachment, que
a partir de então é encaminhado para análise no Senado.
Dilma Rousseff terminou seu mandato em meio à maior crise econômica da história do
Brasil com inflação em 2015 a 10,67%, taxa de desemprego em setembro de 2016 a 11,8%,
atingindo 12 milhões de brasileiros e queda do PIB em dois anos consecutivos: 2015 queda
de 3,8% e 2016 um recuo de 3,6%.
No dia 12 de maio de 2016, o Senado Federal aprova a admissibilidade do processo
por 55 votos a favor, 22 contra e 2 abstenções. A Presidente Dilma Rousseff é afastada do
exercício do cargo e o vice-presidente Michel Temer assume interinamente até o julgamento
no Senado presidido pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski.
O Brasil sedia, em agosto e setembro, os Jogos Olímpicos e os Jogos Paralímpicos de Verão
de 2016, respectivamente. No dia 31 de agosto de 2016, o Senado aprova o impeachment
de Dilma Rousseff com 61 votos favoráveis e 20 contrários e cassa o mandato de Dilma. O
vice-presidente Michel Temer é então empossado no cargo como Presidente da República
em virtude da vacância do cargo.
Definido pelo próprio Temer como um governo “reformista”, Temer utiliza seu grande
apoio do Congresso Nacional para produzir uma agenda de reformas polêmicas, tais como
o teto dos gastos públicos, reforma do ensino médio, trabalhista e a da previdência, essa
por última suspensa em 2018, tanto pela falta de votos (apoio no Congresso) como também

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pela intervenção federal no Rio de Janeiro, cujo período de vigência impede, por força de
lei, que a reforma fosse aprovada.
Em dezembro de 2018 é decretado intervenção federal em Roraima com objetivo
de amenizar a situação da segurança interna e da crise financeira do estado. Ambas as
interversões foram encerradas no fim do governo Temer. A equipe econômica do governo,
chefiada pelo Ministro da Fazenda Henrique Meirelles, tem sucesso no controle da inflação,
mas o país mantém alta na taxa de desemprego, que atinge 13,7% da população em
Abril de 2017.
Em maio de 2017, após um ano de governo, Temer se vê envolvido em novos escândalos,
especialmente após gravação do sócio do grupo J&F, Joesley Batista. Temer e seu assessor
especial, o deputado Rodrigo Rocha Loures, supostamente negociaram vantagens indevidas
com o grupo, pelas quais Rodrigo é filmado e posteriormente preso por receber propina.
Devido a crescente onda de violência no Brasil, em junho de 2018 o presidente sanciona
a lei que cria o SUSP, vinculado ao recém-criado Ministério da Segurança Pública sob o
comando do ministro Raul Jungmann. Tal medida tem como objetivo unificar em todo o
país o combate a violência e a criminalidade. Michel Temer termina seu mandato com a
maior rejeição desde a ditadura militar, sendo considerado ruim ou péssimo para 62% da
população.
Em 2018, Jair Messias Bolsonaro (Coligação Brasil Acima de Tudo, Deus Acima de Todos
– PSL/PRTB) venceu as eleições com 57.797.847 votos contra 47.040.906 votos de Fernando
Haddad do PT. O governo Bolsonaro foi marcado pela polarização política. Além disso, as
instituições e as urnas eletrônicas passaram a ser questionadas.
No plano externo, houve um radical distanciamento de governos de esquerda na América
Latina, o que acarretou um esfriamento nas negociações do Mercosul, além de ataques
do Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, contra a China, apesar de esta ser o
maior parceiro comercial do Brasil. Bolsonaro também se envolveu em polêmicas durante
a crise sanitária da Covid-19.
Ainda durante o governo Bolsonaro, foram editados mais de 40 decretos para facilitar
o acesso da população civil às armas. Segundo o Instituto Sou da Paz, o mercado registra
média de aproximadamente 1.300 armas compradas por dia por brasileiros.
Durante o governo Bolsonaro (2018-2022), foi realizada a reforma da previdência,
e o Ministro da Economia, Paulo Guedes, adotou um discurso de responsabilidade fiscal,
apesar de o governo ter furado o teto dos gastos 5 vezes ao longo de seus quatro anos.
Adotando uma política liberal, ele conseguiu também a autonomia do Banco Central, de
modo que a instituição passou a ter maior liberdade para atuar no controle da inflação,
sem interferências do Planalto. No campo social, houve o implemento do Auxílio Brasil,
uma continuação do auxílio emergencial distribuído durante a crise sanitária da Covid-19.

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O governo Bolsonaro se encerra deixando um orçamento inviável para cumprimento


de compromissos correntes, como pagamento de residências a médicos, para o custeio
das universidades e para o próprio Auxílio Brasil. Sobre a economia em 2022, tem-se
números positivos, como a diminuição da taxa de desemprego e o, ainda que modesto,
crescimento do PIB.

O crescimento de 0,4% do PIB no terceiro trimestre reflete o desempenho positivo das três
grandes atividades econômicas (agropecuária, indústria e serviços) e de todos os componentes
da demanda. Apesar desse desempenho positivo o resultado do terceiro trimestre mostra
perda de força da economia, por apresentar taxa de crescimento menor do que as observadas
no primeiro e no segundo trimestre do ano.1

048. (ESPCEX/2016) Diante do impasse econômico-financeiro no país e de circunstâncias


internacionais, os governos brasileiros, no período de 1986 a 1994, tentaram reverter esta
situação combatendo a inflação e procurando retomar o crescimento através de vários planos
econômicos que foram implementados naquela época. Para a conquista da estabilização
econômica, foram implantados os seguintes planos econômicos:
1. Plano Cruzado
2. Plano Collor
3. Plano Real
4. Plano Verão
5. Plano Bresser
A sequência cronológica correta dos planos listados é
a) 4, 2, 3, 1 e 5
b) 3, 5, 4, 1 e 2
c) 5, 2, 1, 4 e 3
d) 2, 4, 1, 5 e 3
e) 1, 5, 4, 2 e 3

A banca pede para assinalar a alternativa que indica a ordem cronológica correta dos planos.
Assim, a única alternativa possível é a letra e. No governo Sarney, os planos criados foram o
Cruzado (1986), Bresser (1987) e Verão (1989). O Plano Collor é criado em 1990, enquanto

1
Disponível em: https://g1.globo.com/economia/noticia/2022/11/21/economia-brasileira-cresce-04-no-3º-trimestre-
-aponta-monitor-do-pib-da-fgv.ghtml

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Realidade Brasileira – Parte I
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o Plano Real, com Fernando Henrique Cardoso sendo Ministro da Fazenda do presidente
Itamar Franco, é criado em 1993. Como todas as outras alternativas não são iniciadas por
1, tornam-se automaticamente incorretas.
Letra e.

Querido(a), chegamos ao final de nossa primeira aula. Na sequência, memorize os


mapas mentais, estude o resumo e faça todos os exercícios. Entenda que é a resolução
destas questões irá aprimorar sua habilidade de leitura do quê e como os examinadores
da CESGRANRIO lhe cobrarão o conhecimento. Tenha carinho ao analisá-las!
Ah, não se esqueça de avaliar esta aula, ok!
Estou torcendo pelo seu sucesso.
Abraços,
Professor Daniel

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RESUMO
Independência: as pressões da corte portuguesa em Lisboa pela recolonização do
Brasil estimularam grupos separatistas culminando no dia do Fico e na proclamação da
Independência.
Primeiro Reinado, 1822-1831:
• Tratado de Paz e Aliança: reconhecimento da Independência por parte de Portugal
em troca do pagamento de uma indenização;
• Poder Moderador: fachada constitucionalista para que exercesse o poder absolutista;
• Confederação do Equador;
• Guerras Cisplatinas;
• Noite das Garrafadas.
Período Regencial, 1831-1840:
• Regências: governos formados até a maioridade de D. Pedro II;
• Partidos: Restauradores, Moderados, Exaltados;
• Guarda Nacional;
• Revoltas Regenciais: Balaiada, Cabanagem, Guerra dos Farrapos, Revolta dos Malês,
Sabinada.
II – Reinado:
• Golpe da Maioridade;
• Partido Liberal x Partido Conservador;
• Revolução Praieira;
• Guerra do Paraguai;
• Economia: café;
• Lei de Terras de 1850;
• Crise da monarquia: Questões Religiosa, Abolicionista e Militar.
República Oligárquica:
• Política dos Governadores;
• Política do café-com-leite: PRM + PRP;
• Coronelismo;
• Voto de Cabresto;
• Comissão verificadora;
• Convênio de Taubaté, 1906;
• Guerra de Canudos: Messianismo. Antônio Conselheiro, contra o coronelismo;
• Revolta da Vacina, 1904: obrigatoriedade da vacina da Varíola;
• Revolta da Chibata, 1910: Castigos dados aos marinheiros negros;

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• Guerra do Contestado, 1912 a 1916;


• Greve Geral de 1917;
• Semana de Arte Moderna, 1922;
• Tenentismo;
• Crise de 1929.
Era Vargas:
• Tornou obrigatória a disciplina de “Educação Moral e Cívica” nas escolas;
• Institui um novo valor cambial: o cruzeiro;
• Concepção da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a Vale do Rio Doce;
• Criação do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) para controlar rádios e
jornais e do Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), em 1938, para
fortalecer a máquina pública e a burocracia e fiscalizar os governos estaduais;
• Controle dos sindicatos;
• Implementação da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) em 1943, garantindo
vários direitos aos trabalhadores;
• Criação da Justiça do Trabalho, da carteira de trabalho, salário mínimo, descanso
semanal remunerado, jornada de trabalho de oito horas e regulamentação do trabalho
feminino de menores de idade;
• Criação do Conselho Nacional do Petróleo (CNP), que mais adiante, em 1953, se
tornaria a Petrobras;
• Criação da Companhia Hidrelétrica do São Francisco e da Fábrica Nacional de Motores
(FNM);
• Decreto do Código Penal e do Código de Processo Penal Brasileiro.
Brasil na Segunda Guerra Mundial:
• FEB: Força Expedicionária Brasileira. 25 mil soldados;
• FAB: Força Aérea Brasileira;
• Batalha de Monte Castelo.
Período democrático/República Populista (1945-1964)
• Dutra: Plano Salte;
• Getúlio: Petróleo é Nosso, Nacionalismo, suicídio.
JK:
• Desenvolvimentismo, Plano de Metas, 50 anos em 5, Presidente Bossa Nova. Plano
de Metas: 50 anos em cinco;
• Empréstimos do governo junto ao capital internacional para realização de obras de
infraestrutura e a construção de Brasília. Investimentos do capital privado no setor
produtivo através e multinacionais. Construção de rodovias. Aumento da dívida externa.

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• Construção de Brasília:
− projeto urbanístico foi de autoria de Lúcio Costa;
− Várias obras projetadas pelo arquiteto Oscar Niemeyer;
− Companhia Urbanizadora Nova Capital (Novacap). Comandada pelo engenheiro e
deputado do PSD Israel Pinheiro;
− Candangos: todos que foram trabalhar no empreendimento. Maioria composta por
nordestinos: Péssimas condições de trabalho. surgimento de aglomerações como
a Cidade Live, Núcleo Bandeirante, Candangolândia, Vila Planalto e Metropolitana.
• Jânio Quadros: contraditório, Golpe Branco.
• João Goulart: Campanha Legalista, Parlamentarismo, Reformas de Base.
Período democrático/República Populista (1945-1964)
• Dutra: Plano Salte;
• Getúlio: Petróleo é Nosso, Nacionalismo, suicídio;
• JK: Desenvolvimentismo, Plano de Metas, 50 anos em 5, Presidente Bossa Nova;
• Jânio Quadros: contraditório, Golpe Branco;
• João Goulart: Campanha Legalista, Parlamentarismo, Reformas de Base.

DITADURA MILITAR
Castello Branco 1964-67
• Instituiu o bipartidarismo, com o MDB e a Arena;
• Executou as primeiras medidas repressivas da ditadura;
• Aprovou a Constituição de 1967.
Costa e Silva 1967-69
• Assinou o Ato Institucional n. 5;
• Em seu governo iniciou-se o ciclo do milagre econômico;
• Enfrentou a luta armada de esquerda.
Médici 1969-74
• Seu governo representou os anos de chumbo;
• Derrotou a esquerda que pegou em armas.
Geisel 1974-79
• Lançou a proposta de abertura lenta, gradual e segura;
• Suspendeu a censura à imprensa e o AI-5.
Figueiredo 1979-85
• Enfrentou uma grave crise econômica;
• Aprovou a eleição direta para presidente a partir de 1988;
• Foi o primeiro presidente desde 1964 a não fazer o sucessor.

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DIRETAS JÁ!

• Pluripartidarismo;
• Emenda Dante de Oliveira;
• Manifestações;
• Ulysses Guimarães;
• Eleições indiretas para presidente: Tancredo Neves.
• Estado Democrático de Direito: é aquele que garante, a partir de um Estado governado
democraticamente e submetido ao Direito como fundamento primeiro de suas
ações, o atendimento a elementos básicos que promovam uma vida digna a todos
os cidadãos e cidadãs. A democracia na escolha dos participantes é fundamental,
mas deve haver também uma série de garantias de direitos fundamentais para que
haja, de fato, liberdade e igualdade entre as pessoas. Tem sua base na Declaração
Universal dos Direitos Humanos.

CONSTITUIÇÃO DE 1988

• Tripartição dos poderes da União: Legislativo, Executivo e Judiciário;


• O racismo e a ação de grupos armados contra o Estado democrático são crimes
inafiançáveis e imprescritíveis;
• Alistamento eleitoral e o voto obrigatórios para os brasileiros maiores de 18 anos.
Facultativo para os analfabetos, para os maiores de 70 anos e para os maiores
de 16 anos e menores de 18. Analfabetos e os jovens com 16 ou 17 anos, embora
possam votar, não podem ser eleitos para nenhum cargo político;
• Jornada de trabalho de 44 horas semanais e pagamento de horas extras no valor de
50% a mais que a hora normal;
• Se o trabalhador for vítima de dispensa arbitrária deverá receber indenização
compensatória;
• Direito de greve estendido a, praticamente, todas as atividades e serviços;
• Licença-gestante com duração de 120 dias, para a mulher. Ao pai, foi conferida a
licença-paternidade de 5 dias;
• Ao trabalhador doméstico: salário mínimo, 13º salário, repouso semanal remunerado,
férias remuneradas com 1/3 a mais que o salário normal, licença-gestante de 120
dias remunerada, aviso prévio e aposentadoria;
• Aposentadoria igual à média dos 36 últimos salários de contribuição, corrigidos
monetariamente para preservar seu valor real. Nenhum aposentado pode receber
menos que um salário mínimo;

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• O estabelecimento de dois turnos nas eleições para presidente, governadores e


prefeitos de cidades com mais de duzentos mil eleitores;
• Redistribuição de impostos em favor dos estados e municípios;
• Garantia pelo Estado de benefícios e proteção às empresas brasileiras de capital
nacional;
• Limite de 12% ao ano para as taxas de juros;
• Proibição de comercialização de sangue e seus derivados;
• Fim da censura a rádio, televisão e cinema;
• Proteção ao meio ambiente;
• Mandato de cinco anos para o Presidente da República, reduzido para quatro anos
a partir de 1995;
• Eleições diretas para presidente da República a partir de 1989;
• A Constituição de 1988 também é chamada de Constituição Cidadã.
Governo Sarney:
• Hiperinflação;
• Plano Cruzado, Bresser, Cruzado Novo: congelamento de preções e salários.
Governo Collor:
• Auxílio da mídia nas eleições;
• Confisco da poupança;
• Impeachment: caras pintadas.
Governo Itamar Franco:
• Plano Real.
Governo FHC:
• Privatizações;
• Estabilidade econômica.
Governo Lula:
• Projetos sociais;
• Crescimento econômico;
• Distribuição de Renda;
• Mensalão.
Governo Dilma:
• PAC – Plano de aceleração do crescimento;
• Mais médicos;
• Manifestações de 2013;
• Impeachment: pedaladas fiscais.

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Governo Temer:
• Diminuição do tamanho do estado;
• Privatizações;
• Liberação de FGTS;
• Intervenção Militar na segurança pública do Rio de Janeiro;
• Corrupção: episódio Joesley Batista (propina da JBS).

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MAPAS MENTAIS

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República Populista
Dutra
Entreguistas :
Liberalismo conservador
JK

Getúlio
Nacionalistas:
Nacional Estatismo
Jango

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Abertura Política

Abertura lenta, gradual e


segura

Eleição indireta
Pluripartidarismo Diretas Já de Tancredo
Neves

•Estados Unidos do Brasil: Federação;


Constituição de 1891
•Voto aberto
Promulgada

•Voto secreto, voto feminino,


Constituição de 1934
•Ensino público obrigatório
Promulgada •Justiça do Trabalho

•Constituição Polaca (Estado Novo);


Constituição de 1937 •Extinção dos Partidos Políticos
Outorgada •DIP, Pena de Morte, Planejamento Estatal

•Liberdade de pensamento, fim da censura;


Constituição de 1946 •Voto feminino irrestrito
Promulgada •Eleições diretas para todos os cargos

Constituição de 1967 / •Lei de Segurança Nacional, Lei de Imprensa,


1969 •Centralização política nas mãos do poder executivo,
•Estado de Sítio.
Promulgada *

• Constituição Cidadã: Direitos e Deveres, garantias individuais.


Constituição de 1988
•Voto obrigatório para maiores de 18 e menores de 70 anos.
Promulgada •Voto para analfabetos.

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QUESTÕES DE CONCURSO

001. (CESGRANRIO/IBGE/Historiador/2009)

Obras, como a construção da rodovia Belém-Brasília, inseriram- se em ações direcionadas


para a promoção do desenvolvimento nacional, entre as décadas de 1930 e 1980, que nos
seus objetivos e desdobramentos proporcionaram o(a)
a) desbravamento do território brasileiro e a respectiva exploração das riquezas hidrominerais
por meio do monopólio governamental.
b) valorização de populações indígenas e sertanejas nas frentes de trabalho, então organizadas
pelos programas de expansão das rodovias.
c) criação de sistema de comunicações viabilizador da industrialização e do crescimento
regional equilibrado.
d) abertura para capitais privados estrangeiros, utilizados, em grande parte, na estruturação
da rede de transportes terrestres e fluviais.
e) ampliação dos investimentos estatais em obras de infraestrutura destinadas à modernização
agrícola e industrial do país.

002. (CESGRANRIO/IBGE/HISTORIADOR/2009) O Brasil republicano foi e ainda é, nesse sentido,


o tempo da marcha para o oeste. (...) Essa longa e inconclusa história pode começar a ser
percorrida desde as primeiras décadas da República, quando ganhou força uma ideia nem
tão nova: a de que a conquista do território só poderia começar pelo seu conhecimento
real e científico (...). Conquistar e ocupar era, antes de tudo, estudar e planejar o que se
desejava que o povo e o território viessem a ser no futuro.
GOMES, Ângela Castro e outros. A república no Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; CPDOC, 2002, p. 169.
(Adaptado).

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Dentre as iniciativas que corresponderam às tentativas de conhecer e conquistar o território


brasileiro durante a Primeira República (1889-1930), identifica(m)-se a(s)
a) construção da ferrovia Madeira-Mamoré, obra associada à exploração da borracha na
Amazônia e que garantiu o início das negociações diplomáticas quanto à incorporação do
território do Acre.
b) criação do Serviço de Proteção aos Índios, órgão responsável pela implementação de
políticas indigenistas voltadas para o deslocamento e a assimilação dessas populações em
colônias agrícolas.
c) integração entre ferrovias e rodovias de forma a expandir a fronteira agrícola e promover
maior oferta de emprego para as populações sertanejas.
d) ocupação sistemática e mapeamento da região centro- oeste de modo a garantir a
expansão da pecuária de corte e resguardar fronteiras internacionais interiores.
e) expedições realizadas por Candido Mariano Rondon destinadas à instalação de linhas
telegráficas e que resultaram em contatos com populações indígenas até então isoladas.

003. (CESGRANRIO/IBGE/HISTORIADOR/2009) Em 15 de novembro de 1890, foi instalada


a Assembleia Nacional Constituinte encarregada de elaborar a primeira Constituição
republicana. O tema principal da discussão foi a relação entre o poder central e os estados.
Ao fim e ao cabo, a Constituição de 1891 definiu que
a) as rendas advindas da exportação ficariam com os governos estaduais.
b) as forças armadas ficariam sob o comando do Congresso Nacional.
c) o ensino primário deveria ficar a cargo da União.
d) o sistema de saúde deveria ficar a cargo dos governos estaduais.
e) o orçamento participativo favoreceria a representação municipal.

004. (CESGRANRIO/BNDES/ECONOMISTA/2009) Entre 1956 e 1960 (correspondendo ao


governo JK), houve, no Brasil, um(a)
a) aumento da participação do setor agropecuário no PIB do País.
b) aumento do valor em dólar das exportações.
c) aceleração da inflação.
d) redução da taxa de crescimento do PIB.
e) redução do deficit orçamentário do governo federal.

005. (CESGRANRIO/IBGE/HISTORIADOR/2009) Os anos iniciais da República no Brasil foram


caracterizados por uma intensa instabilidade política. O governo de Campos Sales (1898-
1902) é visto como o construtor de um pacto político que garantiu certa estabilidade
ao regime. Esse pacto, conhecido como a política dos estados, consistiu num sistema de
compromissos políticos por meio do qual o governo federal garantia a autonomia dos grupos

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oligárquicos dominantes em cada estado, em troca de apoio das bancadas estaduais no


Congresso Nacional. Entre os efeitos da política dos estados, identifica-se o(a)
a) fortalecimento do poder Executivo Estadual, em detrimento do poder Executivo Federal
e o do Legislativo.
b) fortalecimento do poder Legislativo que ampliou sua autonomia em relação ao poder
Executivo.
c) equilíbrio de poder entre os estados da federação que alternavam a liderança do Poder
Executivo de forma igualitária.
d) neutralização das oposições, pois o Congresso era controlado pelos partidos republicanos
hegemônicos.
e) fraude eleitoral, pois o voto aberto e não obrigatório favorecia o controle das eleições
por parte das oligarquias locais.

006. (CESGRANRIO/BNDES/Técnico de Arquivo/2009)

No texto, o economista resgata, para o debate atual acerca do Estado brasileiro, uma
característica da gestão política e econômica que marcou os governos de Getúlio Vargas
e de Juscelino Kubitschek.
Com relação à condução do Estado no período dos governos citados, a principal característica
era o
a) imperialismo.
b) universalismo.
c) protecionismo.
d) desenvolvimentismo.
e) pós-neoliberalismo.

007. (CESGRANRIO/IBGE/AGENTE DE PESQUISAS E MAPEAMENTO/2007) Em 2006, o IBGE


completou 70 anos de sua fundação. Esse instituto foi criado no contexto histórico da(o):

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a) Ditadura Militar, de Costa e Silva.


b) Transição Democrática, de José Sarney.
c) Estado Novo, de Getúlio Vargas.
d) Plano de Metas, de Juscelino Kubitschek.
d) Milagre Brasileiro, de Ernesto Geisel.

008. (CESGRANRIO/MPE RO/AUXILIAR DE ENFERMAGEM/2005) A corrente migratória de


mão-de-obra ocorrida durante a segunda metade do século XIX em direção ao norte do
Brasil estava ligada:
a) às atividades agropecuárias
b) às atividades da indústria madeireira
c) às atividades extrativistas
d) ao tráfico negreiro
e) à monocultura de exportação

009. (CESGRANRIO/SEARH - RN/2011) A federação de 1891 abriu as portas do paraíso para o


coronel. [...] Surgiu o coronelismo como sistema [...]. O coronel municipal apoiava o coronel
estadual que apoiava o coronel nacional, também chamado de presidente da República,
que apoiava o coronel estadual, que apoiava o coronel municipal. [...] Aumentou também
o dá-cá-toma-lá entre coronéis e governo. As nomeações de funcionários se faziam sob
consulta aos chefes locais. Surgiram o “juiz nosso” e o “delegado nosso”, para aplicar a lei
contra os inimigos e proteger os amigos. O clientelismo, isto é, a troca de favores com o
uso de bens públicos, sobretudo empregos, tornou-se a moeda de troca do coronelismo.
[...] O coronelismo, como sistema nacional de poder, acabou em 1930, mais precisamente
[...] em 1937.
CARVALHO, José Murilo de. Metamorfoses do coronel. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 6 maio 2001.
Adaptado.

De acordo com o texto acima, ainda há clientelismo e coronéis no Brasil, mas o coronelismo,
como sistema político nacional, já deixou de existir há décadas. Ele surgiu na Primeira
República e não sobreviveu à Era Vargas.
Com base na definição apresentada no texto acima, que mecanismo político, presente
na “federação de 1891” e extinto em 1937, era responsável por articular os três níveis de
governo do país num sistema coronelista?
a) Clientelismo
b) Voto censitário
c) Política do café com leite
d) Economia agroexportadora
e) Eleição dos governadores estaduais

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010. (CESGRANRIO/2014/IBGE/Agente de Pesquisas por Telefone)

Juliano (Juliano Cazarré) e Joaquim (Júlio Andrade) são grandes amigos que ficam empolgados
ao tomar conhecimento de Serra Pelada, [...]. A dupla resolve deixar São Paulo e partir para
o local, sonhando com a riqueza. Só que, pouco após chegarem, tudo muda na vida deles:
Juliano se torna um gângster, enquanto Joaquim deixa para trás os valores que sempre
prezou.
Disponível em: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-209317/>.Acesso em: 06 dez. 2013.

O cartaz e a sinopse do filme brasileiro lançado em 2013 tratam do maior garimpo a céu
aberto do mundo.
Esse garimpo ficou famoso na década de
a) 1950, devido à grande corrida de exploração do ferro no estado do Maranhão.
b) 1960, devido à grande corrida de diamantes no estado de Rondônia.
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c) 1970, devido à grande corrida de metais preciosos no estado do Amazonas.


d) 1980, devido à grande corrida do ouro no estado do Pará.
e) 1990, devido à grande corrida de diamantes, metais preciosos e ouro no estado do Amapá.

011. (CESGRANRIO/2014/IBGE/AGENTE DE PESQUISAS POR TELEFONE) Ainda que essa


primeira Constituição da República representasse avanço adaptado à República recém -
proclamada, alguns privilégios continuaram a existir.
O ano dessa primeira Constituição Republicana e um conjunto de aspectos restritivos aos
direitos de cidadania presente nessa lei maior são, respectivamente,
a) 1824 - proibição do voto feminino e do voto da população de baixa renda.
b) 1889 - proibição do voto feminino e do voto dos analfabetos.
c) 1890 - proibição do voto feminino, dos votos dos analfabetos e dos militares de baixa
patente.
d) 1891 - proibição do voto feminino, dos votos dos analfabetos, dos militares de baixa
patente e dos religiosos.
e) 1934 – proibição do voto feminino, estabelecimento de voto obrigatório para maiores
de 18 anos e nacionalização das riquezas do subsolo e quedas d’água no país.

012. (CESGRANRIO/2011/BNDES/PROFISSIONAL BÁSICO/COMUNICAÇÃO SOCIAL) O BNDES,


desde a sua criação em 1952, com o objetivo de apoiar empreendimentos que contribuam
para o desenvolvimento do Brasil, tem atuado
a) como o principal provedor de financiamentos imobiliários a longo prazo para a população
brasileira.
b) na captação de recursos através dos depósitos de poupança do público.
c) no financiamento de empresas privadas nacionais, apenas.
d) como fonte importante de financiamentos a longo prazo para os investimentos industriais
no país.
e) de forma sempre direta com os possíveis tomadores de empréstimos, evitando a
intermediação.

013. (CESGRANRIO/2010/PREFEITURA DE SALVADOR - BA/PROFESSOR/HISTÓRIA) O


movimento de 31 de março de 1964 tinha sido lançado, aparentemente, para livrar o país
da corrupção e do comunismo e para restaurar a democracia.
O novo regime começou a mudar as instituições do país através dos chamados Atos
Institucionais (AI), justificados como decorrência do “exercício do Poder Constituinte,
inerente a todas as revoluções”.
A partir de 1966, passado o primeiro impacto da repressão, a oposição vinha se articulando.
Muitos membros da Igreja defrontaram-se com o governo, os estudantes começaram a se

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mobilizar em torno da UNE e os grupos de luta armada começaram suas primeiras ações
em 1968. Nesse contexto, Costa e Silva, em 13 de dezembro de 1968, baixou o AI-5. Ao
contrário dos Atos anteriores, o AI-5 não tinha prazo de vigência.
Sobre a ação autoritária do AI-5, afirma-se que o(a)
a) Presidente da República tinha a competência de enviar projetos de lei que viessem a
criar ou aumentar a despesa pública, assim como suspender as imunidades parlamentares,
e o Comando Supremo da Revolução passou a cassar mandatos e a suspender os direitos
políticos por 10 anos.
b) Ato criou as bases para a instalação dos Inquéritos Policial-Militares (IPMs), a que ficaram
sujeitos os responsáveis “pela prática de crime contra o Estado ou seu patrimônio, contra
a ordem política e social, ou por atos de guerra revolucionária”.
c) núcleo militar do poder concentrou-se na chamada comunidade de informações, naqueles
que estavam no comando dos órgãos de vigilância e repressão, estabelecendo-se, na prática,
a censura aos meios de comunicação e passando a tortura, na prática, a fazer parte dos
métodos de ação do governo.
d) eleição para presidente e vice-presidente da República seria realizada, em definitivo,
pela maioria absoluta do Congresso Nacional, em sessão pública e votação nominal, sendo
que o presidente poderia baixar decretos-leis em matéria de segurança nacional.
e) medida importante foi a extinção dos partidos políticos, uma vez que os militares
consideravam que o sistema multipartidário era um dos fatores responsáveis pelas crises
políticas, forçando à legislação partidária a organizar dois partidos: a ARENA, agrupando
os partidários do governo, e o MDB, reunindo a oposição.

014. (FGV/SEAD AP/PROFESSOR DE EDUCAÇÃO BÁSICA/HISTÓRIA/2022) No 7 de setembro


de 1822, nas margens do Ipiranga, nos arredores de São Paulo, quando Dom Pedro, herdeiro
do trono português, gritou “independência ou morte”, estava exagerando. A questão, em
1822, não era certamente a “morte” e, apenas indiretamente, a “independência”.
Kenneth Maxwell apud Viagem Incompleta: a experiência brasileira. SP: Ed. SENAC, 2000, p. 186.

Considerando a situação interna e externa do Brasil em 1822, pode-se dizer que a questão
era indiretamente a independência, pois
a) a transferência da Corte portuguesa para o Rio de Janeiro, em 1808, havia encerrado,
de fato e de direito, a condição jurídica brasileira de colônia.
b) a abertura dos portos, em 1808, equivalia à independência econômica do Brasil, antes
impossibilitada pelo regime de exclusivo colonial.
c) as Cortes portuguesas, em 1820, ao denunciar o status de colônia a que Portugal havia
sido reduzido, preferiram conceder a liberdade política ao Brasil.

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d) a diplomacia brasileira obtivera o reconhecimento tácito da independência junto à


Inglaterra, desde os Tratados de Comércio de 1810.
e) a adesão do Brasil à proibição do tráfico negreiro no Atlântico Sul (1815) fortalecera a
classe industrial, preocupada em criar um mercado de consumo interno.

015. (FGV/SME - SP/PROFESSOR DE ENSINO FUNDAMENTAL II E MÉDIO/HISTÓRIA/2016) As


opções a seguir apresentam aspectos sociopolíticos estabelecidos pela Constituição de
1824, à exceção de uma.
Assinale-a.
a) Estabelecimento de um governo monárquico, hereditário e constitucional.
b) Fixação de duração temporária para os cargos da Câmara dos Deputados e vitalícia para
os do Senado.
c) Manutenção do catolicismo romano como religião oficial, com liberdade de culto particular
para outras religiões.
d) Criação de uma nobreza incapaz de legar seus títulos, concedidos pelo imperador.
e) Determinação de voto direto e censitário para a Câmara dos Deputados e indireto para
o Senado.

016. (FGV/SME - SP/PROFESSOR DE ENSINO FUNDAMENTAL II E MÉDIO/HISTÓRIA/2016) A


famosa frase “Nada se assemelha mais a um ‘saquarema’ do que um ‘luzia’ no poder”, atribuída
ao político pernambucano Antônio Francisco de Paula Holanda Cavalcanti, testemunha a
convergência de interesses das elites que compunham os partidos políticos do Segundo
Reinado. Entretanto, a historiografia assinala as especificidades de luzias e saquaremas.
A respeito das interpretações historiográficas do quadro partidário do Segundo Reinado,
analise as afirmativas a seguir.
I – Para Caio Prado Júnior, as diferenças entre saquaremas e luzias podiam ser entendidas como
disputas entre os interesses reacionários e progressistas da burguesia, sem necessariamente
se concretizarem em conflitos partidários.
II – Para José Murilo de Carvalho, a distinção entre saquaremas e luzias estava em suas
respectivas bases regionais: enquanto os primeiros tinham mais força entre os proprietários
rurais e os burocratas da Bahia e de Pernambuco, os segundos eram mais fortes entre os
proprietários rurais e os profissionais liberais de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
III – Para Raimundo Faoro, saquaremas e luzias representavam as diferenças entre os
conservadores ligados aos interesses agrários, em oposição aos liberais ligados à burocracia
e defensores do fortalecimento do poder central.
Assinale:

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a) se somente a afirmativa I estiver correta.


b) se somente a afirmativa II estiver correta.
c) se somente a afirmativa III estiver correta.
d) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
e) se todas as afirmativas estiverem corretas.

017. (CESPE-CEBRASPE/ABIN/OFICIAL DE INTELIGÊNCIA/ÁREA 1/2018) Entre 1894 e 1945


ocorreram mudanças que modernizaram as estruturas sociais, econômicas e políticas do
Brasil. A respeito desse período histórico, julgue o item seguinte.
Na Primeira República, os coronéis eram figuras políticas importantes, mas, para beneficiar
os eleitores, dependiam de outras instâncias de poder.

018. (FGV/PM PB/OFICIAL COMBATENTE/2021) I. A foto a seguir retrata o corpo embalsamado


de João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, governador da Paraíba, morto em julho de 1930.
A foto circulou na imprensa com os dizeres “Vivo não te venceriam! Morto não te vencerão!”.

Foto: Arquivo Pessoal/Eduardo Cavalcanti

II. “O assassinato do político paraibano provocou forte comoção no país. Os líderes da


Aliança Liberal trasladaram o corpo para o Rio de Janeiro, onde foi enterrado em meio a
grande manifestação popular. Nas cidades por onde passou, o cortejo fúnebre foi alvo de
manifestações semelhantes. Tal clima contribuiu para que os preparativos revolucionários
se acelerassem, resultando na deposição de Washington Luís, em outubro de 1930, e na
ascensão de Vargas ao poder, no mês seguinte. Em setembro de 1930, a capital paraibana,
até então denominada cidade da Paraíba, foi rebatizada com o seu nome.”
Adaptado de https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1

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Com base na imagem e no texto, é correto afirmar que:


a) João Pessoa era candidato a vice-presidente pela Aliança Liberal e o seu assassinato
impulsionou a vitória eleitoral da sua chapa, que tinha como candidato à presidência da
República o gaúcho Getúlio Vargas;
b) João Pessoa pertencia à oligarquia paraibana e, apesar de sua aliança com os liberais no
cenário nacional, defendia o coronelismo e os interesses dos setores agroexportadores na
região e no seu porto de escoamento, em Recife;
c) João Pessoa negou-se a apoiar a candidatura situacionista de Júlio Prestes à presidência
da República, por isso na bandeira paraibana fez inscrever “nego”, como referência à negativa
em apoiar o projeto paulista de instaurar o Estado Novo;
d) a morte de João Pessoa ajudou Getúlio a alimentar uma consternação popular, a qual,
somada à acusação de eleições fraudulentas e às consequências da crise de 1929, contribuiu
para desencadear o movimento da Revolução de 1930;
e) o apoio de João Pessoa à candidatura do gaúcho Getúlio Vargas foi o estopim da Revolta
da Princesa no sertão da Paraíba e da divisão política entre perrepistas e liberais, que se
desdobrou no cenário nacional na Revolução de 1930

019. (ESA/2006) Durante o governo de Juscelino Kubitscheck, foram garantidas aos brasileiros
as liberdades democráticas. Nesse período, diversas correntes políticas manifestaram suas
ideias, sendo, porém, mantido(s) na ilegalidade:
a) Todos os partidos políticos.
b) O Partido Comunista
c) O Partido Trabalhista Brasileiro.
d) Os partidos de oposição.
e) O Partido Democrático Trabalhista

020. (FGV/PREFEITURA DE SALVADOR - BA/PROFESSOR/HISTÓRIA/2019) Analise a


caricatura a seguir.

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Fonte: O Malho, n. 247, 08/06/1907

Na caricatura, Oswaldo Cruz limpa a “sujeira” do Morro da Favela com o pente da “Delegacia
de Hygiene”. No alto se lê: “Uma limpeza indispensável. A Hygiene vai limpar o Morro da
Favella, ao lado da Estrada de Ferro Central. Para isso intimou os moradores a se mudarem
em dez dias”.
Sobre as políticas sanitaristas durante a Primeira República, assinale a afirmativa correta.
a) Encontraram grande resistência por parte da população.
b) Foram objeto de crítica da comunidade científica.
c) Caracterizavam-se por práticas segregacionistas.
d) Fundamentavam-se em critérios raciais.
e) Organizavam-se a partir de princípios classistas.

021. (FCC/TRT 15/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA APOIO ESPECIALIZADO/HISTÓRIA/2018)


Observe a charge abaixo.

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O contexto de publicação desta charge foi marcado pela promulgação de uma nova
constituição que
a) trazia, ideologicamente, medidas próximas às constituições de países socialistas, e que
não foram implementadas em função das heranças da Guerra Fria.
b) fortalecia bandeiras sindicalistas dos direitos sociais plenos, mas foram barradas pelo
Congresso Nacional, cuja maioria de deputados era conhecida como “entulho autoritário”.
c) prometia garantir a todos os brasileiros direitos sociais universais, que não foram cumpridos
devido a velhos conflitos entre liberais e socialistas.
d) consagrava os princípios da democracia e dos direitos sociais universais, em um momento
de crise econômica que dificultava a plena realização destes princípios.
e) era fortemente questionada pelos militares e pela grande imprensa, apesar da mobilização
popular pela aprovação do anteprojeto da Constituição.

022. (ESPCEX/2014) Leia as afirmações abaixo relacionadas ao Brasil.


I – O Estado devia associar-se ao capital privado nacional e estrangeiro, para promover a
industrialização acelerada do país.
II – O Estado devia intervir na economia, controlando as indústrias de base e os setores de
energia, comunicações e transporte.
III – O governo devia limitar a remessa de lucros.
IV – O governo buscava atrair capitais estrangeiros, concedendo às empresas multinacionais
facilidades para importar maquinário e isenção de impostos por vários anos.
Pode-se afirmar que as medidas

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a) I e IV são características do nacionalismo de Vargas, e II e III são características do


nacionalismo desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek.
b) I e IV são características do nacionalismo desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek,
e II e III são características nacionalismo de Vargas.
c) I e III são características da industrialização com limitação da remessa de lucros de
Juscelino Kubitschek, e II e IV são características do nacionalismo limitado de Getúlio.
d) I e III são características da política industrial de Getúlio Vargas no pós-II Guerra Mundial,
e II e IV correspondem ao nacionalismo desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek.
e) III e IV são características da política industrial de Juscelino Kubitschek incluídas no Plano
de Metas, e a característica II pertence ao nacionalismo pragmático de Getúlio Vargas.

023. (VUNESP/PM SP/SOLDADO PM DE 2ª CLASSE/2023) Às dez da noite de 13 de dezembro


de 1968 o ministro da Justiça, Gama e Silva, em cadeia nacional de rádio e televisão,
fizera uma rápida introdução de cinco minutos e passara a palavra a Alberto Curi, que
durante dezoito minutos havia apresentado, num tom monocórdico e solene, o texto do
Ato Institucional no 5º (AI-5).
(Lilia M. Schwarcz e Heloísa M. Starling, Brasil: uma biografia. Texto adaptado)

O AI-5 autorizava o presidente da República, entre outras possibilidades,


a) suspender os direitos políticos de parlamentares, desde que houvesse a permissão da
Justiça; decretar estado de sítio apenas em caso de conflito externo; nomear prefeitos.
b) manter o Congresso em recesso por até 30 dias; legislar por decreto nas cidades de Área
de Interesse de Segurança Nacional; escolher os integrantes das direções dos partidos
políticos.
c) criar uma instância jurídica acima do Supremo Tribunal Federal; interferir na gestão de
empresas privadas de capital aberto; determinar o valor máximo do superávit primário.
d) intervir nos estados e municípios; cassar mandatos parlamentares; suspender, por dez
anos, os direitos políticos de qualquer cidadão.
e) interferir na direção de empresas privadas consideradas de segurança nacional; indicar
o secretário da Justiça de cada estado; e elaborar uma constituição federal.

024. (ESPCEX/2017) O conflito ocorrido no final do Século XIX, caracterizado pelo caráter
messiânico (religioso) e de contestação social, foi a
a) Guerra do Contestado.
b) Revolta da Armada.
c) Revolta Federalista.
d) Revolta da Vacina.
e) Guerra de Canudos.

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025. (FGV/PREFEITURA DE ANGRA DOS REIS - RJ/DOCENTE I/EDUCAÇÃO INFANTIL E DO 1º AO


5º ANO DE ESCOLARIDADE/2019) Os fluxos imigratórios que chegaram ao Brasil na Primeira
República foram os mais expressivos do período que se estende do século XIX ao XX: entre
1889 e 1930 ingressaram no país mais de 3,5 milhões de estrangeiros, o que corresponde
a 65% do total de imigrados entre 1822 e 1960. BIONDI, Luigi, Imigração,
https://cpdoc.fgv.br

A respeito do impacto dos fluxos imigratórios para a história social e econômica brasileira
na Primeira República, analise as afirmativas a seguir.
I – A política imigratória seguiu a economia brasileira do período, agroexportadora e com
uma industrialização incipiente, razão pela qual predominou a inserção rural dos imigrantes.
II – A inserção urbana dos imigrantes foi marcante nas Regiões Norte e Nordeste, onde os
estrangeiros contribuíram para a introdução de novas técnicas agrícolas e para a mecanização
da agricultura.
III – A política imigratória procurava atender aos interesses da cafeicultura paulista que
pretendia resolver a escassez de mão de obra com a chegada de trabalhadores europeus.
Está correto o que se afirma em
a) I, apenas.
b) I e II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

026. (VUNESP/PM SP/SOLDADO PM DE 2ª CLASSE/2022) A abertura começou em 1974,


quando o general Ernesto Geisel diminuiu as restrições à propaganda eleitoral. Por que
teria o general Geisel tomado a iniciativa de começar a desmontar o sistema autoritário?
Em 1973 houve um aumento brusco no preço do petróleo, promovido pela Organização dos
Países Exportadores de Petróleo. Os anos do “milagre” estavam contados. Nessa conjuntura,
seria melhor para o governo promover a redemocratização enquanto ainda houvesse
prosperidade econômica do que aguardar para fazê-lo na época de crise, quando os custos
e a manutenção do controle dos acontecimentos seriam muito mais altos.
(José Murilo de Carvalho. Cidadania no Brasil: o longo caminho, 2011. p. 173-174. Adaptado)

Analisando-se o texto sobre o projeto oficial de redemocratização, pode-se concluir que a


a) abertura política resultou do enfraquecimento dos órgãos de repressão do regime militar.
b) sociedade civil apoiou o cronograma das transformações políticas graduais do regime
militar.
c) contestação social ao regime militar derivou de sua incapacidade de obter empréstimos
no exterior.
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d) legitimidade do regime militar dependia da manutenção do crescimento econômico.


e) distensão política do regime militar contou com a aprovação consensual das forças
armadas.

027. (ESA/2017) O Pró-Álcool foi criado em 1975, no governo do Presidente Ernesto Geisel.
O programa tinha como objetivo:
a) Tornar o álcool uma fonte de energia alternativa.
b) Ampliar a pauta de exportações brasileiras.
c) Diminuir a concentração de terras no Brasil.
d) Diminuir a dependência brasileira de gás natural importado.
e) Tornar o álcool a principal fonte de energia do país.

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GABARITO

1. e
2. e
3. a
4. c
5. e
6. d
7. c
8. c
9. e
10. d
11. d
12. d
13. c
14. b
15. e
16. d
17. C
18. d
19. b
20. a
21. d
22. b
23. d
24. e
25. c
26. d
27. a

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GABARITO COMENTADO

001. (CESGRANRIO/IBGE/Historiador/2009)

Obras, como a construção da rodovia Belém-Brasília, inseriram- se em ações direcionadas


para a promoção do desenvolvimento nacional, entre as décadas de 1930 e 1980, que nos
seus objetivos e desdobramentos proporcionaram o(a)
a) desbravamento do território brasileiro e a respectiva exploração das riquezas hidrominerais
por meio do monopólio governamental.
b) valorização de populações indígenas e sertanejas nas frentes de trabalho, então organizadas
pelos programas de expansão das rodovias.
c) criação de sistema de comunicações viabilizador da industrialização e do crescimento
regional equilibrado.
d) abertura para capitais privados estrangeiros, utilizados, em grande parte, na estruturação
da rede de transportes terrestres e fluviais.
e) ampliação dos investimentos estatais em obras de infraestrutura destinadas à modernização
agrícola e industrial do país.

A promoção do desenvolvimento nacional, entre as décadas de 1930 e 1980, tinha nos seus
objetivos e desdobramentos proporcionar ampliação dos investimentos estatais em obras
de infraestrutura destinadas à modernização agrícola e industrial do país.
Letra e.

002. (CESGRANRIO/IBGE/HISTORIADOR/2009) O Brasil republicano foi e ainda é, nesse sentido,


o tempo da marcha para o oeste. (...) Essa longa e inconclusa história pode começar a ser

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percorrida desde as primeiras décadas da República, quando ganhou força uma ideia nem
tão nova: a de que a conquista do território só poderia começar pelo seu conhecimento
real e científico (...). Conquistar e ocupar era, antes de tudo, estudar e planejar o que se
desejava que o povo e o território viessem a ser no futuro.
GOMES, Ângela Castro e outros. A república no Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; CPDOC, 2002, p. 169.
(Adaptado).

Dentre as iniciativas que corresponderam às tentativas de conhecer e conquistar o território


brasileiro durante a Primeira República (1889-1930), identifica(m)-se a(s)
a) construção da ferrovia Madeira-Mamoré, obra associada à exploração da borracha na
Amazônia e que garantiu o início das negociações diplomáticas quanto à incorporação do
território do Acre.
b) criação do Serviço de Proteção aos Índios, órgão responsável pela implementação de
políticas indigenistas voltadas para o deslocamento e a assimilação dessas populações em
colônias agrícolas.
c) integração entre ferrovias e rodovias de forma a expandir a fronteira agrícola e promover
maior oferta de emprego para as populações sertanejas.
d) ocupação sistemática e mapeamento da região centro- oeste de modo a garantir a
expansão da pecuária de corte e resguardar fronteiras internacionais interiores.
e) expedições realizadas por Candido Mariano Rondon destinadas à instalação de linhas
telegráficas e que resultaram em contatos com populações indígenas até então isoladas.

Rondon foi nomeado para melhorar a comunicação entre Rio de Janeiro e Cuiabá. Ao cumprir
esse seu dever ele também protegeu os povos indígenas de vários estados brasileiros.

Graças a seus méritos, consegue a pacificação dos Guanás, Bororós, Parecis, Cavaleiros e Oficiés,
com suas mensagens de paz e prosperidade. Funda o Serviço de Proteção aos Índios, em 1910,
que conhecemos hoje como FUNAI. Em 1952 sugere a criação do Parque Nacional do Xingu,
consumado em 1961.
https://www.portalsaofrancisco.com.br/biografias/marechal-rondon

Letra e.

003. (CESGRANRIO/IBGE/HISTORIADOR/2009) Em 15 de novembro de 1890, foi instalada


a Assembleia Nacional Constituinte encarregada de elaborar a primeira Constituição
republicana. O tema principal da discussão foi a relação entre o poder central e os estados.
Ao fim e ao cabo, a Constituição de 1891 definiu que
a) as rendas advindas da exportação ficariam com os governos estaduais.
b) as forças armadas ficariam sob o comando do Congresso Nacional.

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c) o ensino primário deveria ficar a cargo da União.


d) o sistema de saúde deveria ficar a cargo dos governos estaduais.
e) o orçamento participativo favoreceria a representação municipal.

Art. 9º É da competência exclusiva dos Estados decretar impostos:


1º sobre a exportação de mercadorias de sua própria produção;

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao91.htm

Letra a.

004. (CESGRANRIO/BNDES/ECONOMISTA/2009) Entre 1956 e 1960 (correspondendo ao


governo JK), houve, no Brasil, um(a)
a) aumento da participação do setor agropecuário no PIB do País.
b) aumento do valor em dólar das exportações.
c) aceleração da inflação.
d) redução da taxa de crescimento do PIB.
e) redução do deficit orçamentário do governo federal.

Durante o governo JK, houve uma aceleração da inflação. Isso ocorreu devido ao aumento
dos gastos públicos, principalmente com a construção de Brasília e a implementação do
Plano de Metas.
Letra c.

005. (CESGRANRIO/IBGE/HISTORIADOR/2009) Os anos iniciais da República no Brasil foram


caracterizados por uma intensa instabilidade política. O governo de Campos Sales (1898-
1902) é visto como o construtor de um pacto político que garantiu certa estabilidade
ao regime. Esse pacto, conhecido como a política dos estados, consistiu num sistema de
compromissos políticos por meio do qual o governo federal garantia a autonomia dos grupos
oligárquicos dominantes em cada estado, em troca de apoio das bancadas estaduais no
Congresso Nacional. Entre os efeitos da política dos estados, identifica-se o(a)
a) fortalecimento do poder Executivo Estadual, em detrimento do poder Executivo Federal
e o do Legislativo.
b) fortalecimento do poder Legislativo que ampliou sua autonomia em relação ao poder
Executivo.

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c) equilíbrio de poder entre os estados da federação que alternavam a liderança do Poder


Executivo de forma igualitária.
d) neutralização das oposições, pois o Congresso era controlado pelos partidos republicanos
hegemônicos.
e) fraude eleitoral, pois o voto aberto e não obrigatório favorecia o controle das eleições
por parte das oligarquias locais.

As oligarquias adotavam o coronelismo que era uma política que usava de violência para
imposição da vontade. Foi um regime que durou de 1894 a 1930. Através da autonomia
estadual foi formada a política do café com leite era essencialmente uma troca, de apoio
político, de favores entre o poder estadual e o poder federal a fim de fortalecê-la era usado
o voto de cabresto. O voto de cabresto que era a forma de alguém poderoso controlar o
voto do indivíduo. Era comum que os coronéis enviassem seus capangas armado para dentro
da sessão eleitoral a fim de controlar o voto.
Letra e.

006. (CESGRANRIO/BNDES/Técnico de Arquivo/2009)

No texto, o economista resgata, para o debate atual acerca do Estado brasileiro, uma
característica da gestão política e econômica que marcou os governos de Getúlio Vargas
e de Juscelino Kubitschek.
Com relação à condução do Estado no período dos governos citados, a principal característica
era o
a) imperialismo.
b) universalismo.
c) protecionismo.
d) desenvolvimentismo.
e) pós-neoliberalismo.

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O item D sugere que a principal característica dos governos de Vargas e Kubitschek era o
desenvolvimentismo, o que está de acordo com o gabarito da banca. O desenvolvimentismo
é uma política econômica voltada para o crescimento econômico e o desenvolvimento,
muitas vezes através da industrialização, que foi uma marca desses governos.
Letra d.

007. (CESGRANRIO/IBGE/AGENTE DE PESQUISAS E MAPEAMENTO/2007) Em 2006, o IBGE


completou 70 anos de sua fundação. Esse instituto foi criado no contexto histórico da(o):
a) Ditadura Militar, de Costa e Silva.
b) Transição Democrática, de José Sarney.
c) Estado Novo, de Getúlio Vargas.
d) Plano de Metas, de Juscelino Kubitschek.
d) Milagre Brasileiro, de Ernesto Geisel.

Aqui basta fazer umas continhas. 2006 – 70 = 1936. Em 1936, quem governava era Getúlio
Vargas. Note que o Estado Novo se iniciou em 1937, o que caberia recurso, já que nesse
período o contexto é do Governo Constitucional de Vargas (1934-1937).
Letra c.

008. (CESGRANRIO/MPE RO/AUXILIAR DE ENFERMAGEM/2005) A corrente migratória de


mão-de-obra ocorrida durante a segunda metade do século XIX em direção ao norte do
Brasil estava ligada:
a) às atividades agropecuárias
b) às atividades da indústria madeireira
c) às atividades extrativistas
d) ao tráfico negreiro
e) à monocultura de exportação

A extração de látex das seringueiras foi a atividade, no final do século XIX, pela atração de
mão-de-obra nordestina. A seca no nordeste, a causa de repulsão.
Letra c.

009. (CESGRANRIO/SEARH - RN/2011) A federação de 1891 abriu as portas do paraíso para o


coronel. [...] Surgiu o coronelismo como sistema [...]. O coronel municipal apoiava o coronel

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estadual que apoiava o coronel nacional, também chamado de presidente da República,


que apoiava o coronel estadual, que apoiava o coronel municipal. [...] Aumentou também
o dá-cá-toma-lá entre coronéis e governo. As nomeações de funcionários se faziam sob
consulta aos chefes locais. Surgiram o “juiz nosso” e o “delegado nosso”, para aplicar a lei
contra os inimigos e proteger os amigos. O clientelismo, isto é, a troca de favores com o
uso de bens públicos, sobretudo empregos, tornou-se a moeda de troca do coronelismo.
[...] O coronelismo, como sistema nacional de poder, acabou em 1930, mais precisamente
[...] em 1937.
CARVALHO, José Murilo de. Metamorfoses do coronel. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 6 maio 2001.
Adaptado.

De acordo com o texto acima, ainda há clientelismo e coronéis no Brasil, mas o coronelismo,
como sistema político nacional, já deixou de existir há décadas. Ele surgiu na Primeira
República e não sobreviveu à Era Vargas.
Com base na definição apresentada no texto acima, que mecanismo político, presente
na “federação de 1891” e extinto em 1937, era responsável por articular os três níveis de
governo do país num sistema coronelista?
a) Clientelismo
b) Voto censitário
c) Política do café com leite
d) Economia agroexportadora
e) Eleição dos governadores estaduais

Com a ditadura do Estado Novo, as eleições estaduais foram canceladas e Getúlio indicava
os interventores de estaduais.
Letra e.

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010. (CESGRANRIO/2014/IBGE/Agente de Pesquisas por Telefone)

Juliano (Juliano Cazarré) e Joaquim (Júlio Andrade) são grandes amigos que ficam empolgados
ao tomar conhecimento de Serra Pelada, [...]. A dupla resolve deixar São Paulo e partir para
o local, sonhando com a riqueza. Só que, pouco após chegarem, tudo muda na vida deles:
Juliano se torna um gângster, enquanto Joaquim deixa para trás os valores que sempre
prezou.
Disponível em: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-209317/>.Acesso em: 06 dez. 2013.

O cartaz e a sinopse do filme brasileiro lançado em 2013 tratam do maior garimpo a céu
aberto do mundo.
Esse garimpo ficou famoso na década de
a) 1950, devido à grande corrida de exploração do ferro no estado do Maranhão.
b) 1960, devido à grande corrida de diamantes no estado de Rondônia.

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c) 1970, devido à grande corrida de metais preciosos no estado do Amazonas.


d) 1980, devido à grande corrida do ouro no estado do Pará.
e) 1990, devido à grande corrida de diamantes, metais preciosos e ouro no estado do Amapá.

Na década de 1980 o Brasil assistiu um forte episódio de corrida do ouro. A extração de 42


toneladas do coração da Serra Pelada, no Pará, foi a maior depois das grandes extrações
coloniais dos séculos XVII e XVIII.
Letra d.

011. (CESGRANRIO/2014/IBGE/AGENTE DE PESQUISAS POR TELEFONE) Ainda que essa


primeira Constituição da República representasse avanço adaptado à República recém -
proclamada, alguns privilégios continuaram a existir.
O ano dessa primeira Constituição Republicana e um conjunto de aspectos restritivos aos
direitos de cidadania presente nessa lei maior são, respectivamente,
a) 1824 - proibição do voto feminino e do voto da população de baixa renda.
b) 1889 - proibição do voto feminino e do voto dos analfabetos.
c) 1890 - proibição do voto feminino, dos votos dos analfabetos e dos militares de baixa
patente.
d) 1891 - proibição do voto feminino, dos votos dos analfabetos, dos militares de baixa
patente e dos religiosos.
e) 1934 – proibição do voto feminino, estabelecimento de voto obrigatório para maiores
de 18 anos e nacionalização das riquezas do subsolo e quedas d’água no país.

Essa é fácil. A primeira Constituição Republicana foi promulgada em 1891. Note que a banca
foca nos aspectos políticos, de exercício e construção da cidadania.
Letra d.

012. (CESGRANRIO/2011/BNDES/PROFISSIONAL BÁSICO/COMUNICAÇÃO SOCIAL) O BNDES,


desde a sua criação em 1952, com o objetivo de apoiar empreendimentos que contribuam
para o desenvolvimento do Brasil, tem atuado
a) como o principal provedor de financiamentos imobiliários a longo prazo para a população
brasileira.
b) na captação de recursos através dos depósitos de poupança do público.
c) no financiamento de empresas privadas nacionais, apenas.

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d) como fonte importante de financiamentos a longo prazo para os investimentos industriais


no país.
e) de forma sempre direta com os possíveis tomadores de empréstimos, evitando a
intermediação.

Atente-se para expressões como “apenas”, usada na alternativa “c”. Normalmente deixam
a afirmativa errada.
Letra d.

013. (CESGRANRIO/2010/PREFEITURA DE SALVADOR - BA/PROFESSOR/HISTÓRIA) O


movimento de 31 de março de 1964 tinha sido lançado, aparentemente, para livrar o país
da corrupção e do comunismo e para restaurar a democracia.
O novo regime começou a mudar as instituições do país através dos chamados Atos
Institucionais (AI), justificados como decorrência do “exercício do Poder Constituinte,
inerente a todas as revoluções”.
A partir de 1966, passado o primeiro impacto da repressão, a oposição vinha se articulando.
Muitos membros da Igreja defrontaram-se com o governo, os estudantes começaram a se
mobilizar em torno da UNE e os grupos de luta armada começaram suas primeiras ações
em 1968. Nesse contexto, Costa e Silva, em 13 de dezembro de 1968, baixou o AI-5. Ao
contrário dos Atos anteriores, o AI-5 não tinha prazo de vigência.
Sobre a ação autoritária do AI-5, afirma-se que o(a)
a) Presidente da República tinha a competência de enviar projetos de lei que viessem a
criar ou aumentar a despesa pública, assim como suspender as imunidades parlamentares,
e o Comando Supremo da Revolução passou a cassar mandatos e a suspender os direitos
políticos por 10 anos.
b) Ato criou as bases para a instalação dos Inquéritos Policial-Militares (IPMs), a que ficaram
sujeitos os responsáveis “pela prática de crime contra o Estado ou seu patrimônio, contra
a ordem política e social, ou por atos de guerra revolucionária”.
c) núcleo militar do poder concentrou-se na chamada comunidade de informações, naqueles
que estavam no comando dos órgãos de vigilância e repressão, estabelecendo-se, na prática,
a censura aos meios de comunicação e passando a tortura, na prática, a fazer parte dos
métodos de ação do governo.
d) eleição para presidente e vice-presidente da República seria realizada, em definitivo,
pela maioria absoluta do Congresso Nacional, em sessão pública e votação nominal, sendo
que o presidente poderia baixar decretos-leis em matéria de segurança nacional.
e) medida importante foi a extinção dos partidos políticos, uma vez que os militares
consideravam que o sistema multipartidário era um dos fatores responsáveis pelas crises

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políticas, forçando à legislação partidária a organizar dois partidos: a ARENA, agrupando


os partidários do governo, e o MDB, reunindo a oposição.

O texto menciona que, com a implementação do AI-5, o núcleo militar do poder concentrou-
se na chamada comunidade de informações, controlando os órgãos de vigilância e repressão.
Além disso, estabeleceu-se a censura aos meios de comunicação, indicando uma restrição
à liberdade de expressão. Ainda, a tortura foi adotada como método de ação do governo.
Letra c.

014. (FGV/SEAD AP/PROFESSOR DE EDUCAÇÃO BÁSICA/HISTÓRIA/2022) No 7 de setembro


de 1822, nas margens do Ipiranga, nos arredores de São Paulo, quando Dom Pedro, herdeiro
do trono português, gritou “independência ou morte”, estava exagerando. A questão, em
1822, não era certamente a “morte” e, apenas indiretamente, a “independência”.
Kenneth Maxwell apud Viagem Incompleta: a experiência brasileira. SP: Ed. SENAC, 2000, p. 186.

Considerando a situação interna e externa do Brasil em 1822, pode-se dizer que a questão
era indiretamente a independência, pois
a) a transferência da Corte portuguesa para o Rio de Janeiro, em 1808, havia encerrado,
de fato e de direito, a condição jurídica brasileira de colônia.
b) a abertura dos portos, em 1808, equivalia à independência econômica do Brasil, antes
impossibilitada pelo regime de exclusivo colonial.
c) as Cortes portuguesas, em 1820, ao denunciar o status de colônia a que Portugal havia
sido reduzido, preferiram conceder a liberdade política ao Brasil.
d) a diplomacia brasileira obtivera o reconhecimento tácito da independência junto à
Inglaterra, desde os Tratados de Comércio de 1810.
e) a adesão do Brasil à proibição do tráfico negreiro no Atlântico Sul (1815) fortalecera a
classe industrial, preocupada em criar um mercado de consumo interno.

A Abertura dos Portos de 1808 representou o fim do pacto colonial, permitindo o comercio
da colônia com outros países. Na prática, significou a independência econômica do Brasil
em relação à Portugal.
Letra b.

015. (FGV/SME - SP/PROFESSOR DE ENSINO FUNDAMENTAL II E MÉDIO/HISTÓRIA/2016) As


opções a seguir apresentam aspectos sociopolíticos estabelecidos pela Constituição de
1824, à exceção de uma.

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Assinale-a.
a) Estabelecimento de um governo monárquico, hereditário e constitucional.
b) Fixação de duração temporária para os cargos da Câmara dos Deputados e vitalícia para
os do Senado.
c) Manutenção do catolicismo romano como religião oficial, com liberdade de culto particular
para outras religiões.
d) Criação de uma nobreza incapaz de legar seus títulos, concedidos pelo imperador.
e) Determinação de voto direto e censitário para a Câmara dos Deputados e indireto para
o Senado.

Cuidado com os detalhes: os senadores eram indicados pelo Imperador e não eleitos de
forma indireta.
Letra e.

016. (FGV/SME - SP/PROFESSOR DE ENSINO FUNDAMENTAL II E MÉDIO/HISTÓRIA/2016) A


famosa frase “Nada se assemelha mais a um ‘saquarema’ do que um ‘luzia’ no poder”, atribuída
ao político pernambucano Antônio Francisco de Paula Holanda Cavalcanti, testemunha a
convergência de interesses das elites que compunham os partidos políticos do Segundo
Reinado. Entretanto, a historiografia assinala as especificidades de luzias e saquaremas.
A respeito das interpretações historiográficas do quadro partidário do Segundo Reinado,
analise as afirmativas a seguir.
I – Para Caio Prado Júnior, as diferenças entre saquaremas e luzias podiam ser entendidas como
disputas entre os interesses reacionários e progressistas da burguesia, sem necessariamente
se concretizarem em conflitos partidários.
II – Para José Murilo de Carvalho, a distinção entre saquaremas e luzias estava em suas
respectivas bases regionais: enquanto os primeiros tinham mais força entre os proprietários
rurais e os burocratas da Bahia e de Pernambuco, os segundos eram mais fortes entre os
proprietários rurais e os profissionais liberais de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
III – Para Raimundo Faoro, saquaremas e luzias representavam as diferenças entre os
conservadores ligados aos interesses agrários, em oposição aos liberais ligados à burocracia
e defensores do fortalecimento do poder central.
Assinale:
a) se somente a afirmativa I estiver correta.
b) se somente a afirmativa II estiver correta.
c) se somente a afirmativa III estiver correta.
d) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
e) se todas as afirmativas estiverem corretas.

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Afirmativa III: Errada. A afirmativa faz uma confusão, misturando interesses liberais com
interesses dos conservadores. Por exemplo, diz que os liberais eram favoráveis a maior
centralização política. Como vimos, os liberais pretendiam maior autonomia para as províncias.
Letra d.

017. (CESPE-CEBRASPE/ABIN/OFICIAL DE INTELIGÊNCIA/ÁREA 1/2018) Entre 1894 e 1945


ocorreram mudanças que modernizaram as estruturas sociais, econômicas e políticas do
Brasil. A respeito desse período histórico, julgue o item seguinte.
Na Primeira República, os coronéis eram figuras políticas importantes, mas, para beneficiar
os eleitores, dependiam de outras instâncias de poder.

Apesar de serem importantes para a sustentação da base do sistema oligárquico, os “coronéis”


dependiam de outras instâncias para manter seu poder. Entre essas instâncias destacava-
se, nos grandes Estados, o governo estadual, que não correspondia a um ajuntamento de
“coronéis”. Os “coronéis” forneciam votos aos chefes políticos do respectivo Estado, mas
dependiam deles para proporcionar muitos dos benefícios esperados pelos eleitores. Isso
ocorria sobretudo quando os benefícios eram coletivos, quando se tratava, por exemplo,
de consertar estradas ou instalar escolas. Conflitos brasileiros durante a República Velha.
Certo.

018. (FGV/PM PB/OFICIAL COMBATENTE/2021) I. A foto a seguir retrata o corpo embalsamado


de João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, governador da Paraíba, morto em julho de 1930.
A foto circulou na imprensa com os dizeres “Vivo não te venceriam! Morto não te vencerão!”.

Foto: Arquivo Pessoal/Eduardo Cavalcanti

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II. “O assassinato do político paraibano provocou forte comoção no país. Os líderes da


Aliança Liberal trasladaram o corpo para o Rio de Janeiro, onde foi enterrado em meio a
grande manifestação popular. Nas cidades por onde passou, o cortejo fúnebre foi alvo de
manifestações semelhantes. Tal clima contribuiu para que os preparativos revolucionários
se acelerassem, resultando na deposição de Washington Luís, em outubro de 1930, e na
ascensão de Vargas ao poder, no mês seguinte. Em setembro de 1930, a capital paraibana,
até então denominada cidade da Paraíba, foi rebatizada com o seu nome.”
Adaptado de https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1

Com base na imagem e no texto, é correto afirmar que:


a) João Pessoa era candidato a vice-presidente pela Aliança Liberal e o seu assassinato
impulsionou a vitória eleitoral da sua chapa, que tinha como candidato à presidência da
República o gaúcho Getúlio Vargas;
b) João Pessoa pertencia à oligarquia paraibana e, apesar de sua aliança com os liberais no
cenário nacional, defendia o coronelismo e os interesses dos setores agroexportadores na
região e no seu porto de escoamento, em Recife;
c) João Pessoa negou-se a apoiar a candidatura situacionista de Júlio Prestes à presidência
da República, por isso na bandeira paraibana fez inscrever “nego”, como referência à negativa
em apoiar o projeto paulista de instaurar o Estado Novo;
d) a morte de João Pessoa ajudou Getúlio a alimentar uma consternação popular, a qual,
somada à acusação de eleições fraudulentas e às consequências da crise de 1929, contribuiu
para desencadear o movimento da Revolução de 1930;
e) o apoio de João Pessoa à candidatura do gaúcho Getúlio Vargas foi o estopim da Revolta
da Princesa no sertão da Paraíba e da divisão política entre perrepistas e liberais, que se
desdobrou no cenário nacional na Revolução de 1930

A morte de João Pessoa, por motivos pessoais, acabou sendo utilizadas pela Aliança Liberal
de maneira política para dar curso à Revolução de 1930.
Letra d.

019. (ESA/2006) Durante o governo de Juscelino Kubitscheck, foram garantidas aos brasileiros
as liberdades democráticas. Nesse período, diversas correntes políticas manifestaram suas
ideias, sendo, porém, mantido(s) na ilegalidade:
a) Todos os partidos políticos.
b) O Partido Comunista
c) O Partido Trabalhista Brasileiro.
d) Os partidos de oposição.
e) O Partido Democrático Trabalhista

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Dentro do contexto da Guerra Fria, o Brasil se alinhou ao bloco capitalista, liderado pelos
Estados Unidos. Nesse sentido, a existência de um partido de orientação ideológica semelhante
à União Soviética seria contraditória.
Letra b.

020. (FGV/PREFEITURA DE SALVADOR - BA/PROFESSOR/HISTÓRIA/2019) Analise a


caricatura a seguir.

Fonte: O Malho, n. 247, 08/06/1907

Na caricatura, Oswaldo Cruz limpa a “sujeira” do Morro da Favela com o pente da “Delegacia
de Hygiene”. No alto se lê: “Uma limpeza indispensável. A Hygiene vai limpar o Morro da
Favella, ao lado da Estrada de Ferro Central. Para isso intimou os moradores a se mudarem
em dez dias”.
Sobre as políticas sanitaristas durante a Primeira República, assinale a afirmativa correta.
a) Encontraram grande resistência por parte da população.
b) Foram objeto de crítica da comunidade científica.
c) Caracterizavam-se por práticas segregacionistas.
d) Fundamentavam-se em critérios raciais.
e) Organizavam-se a partir de princípios classistas.

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Querido(a), questão fácil apesar da aparente confusão que a banca tenta levar ao candidato.
Lembre-se de que a Revolta da Vacina foi justamente um movimento de resistência de
parte da população.
Letra a.

021. (FCC/TRT 15/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA APOIO ESPECIALIZADO/HISTÓRIA/2018)


Observe a charge abaixo.

O contexto de publicação desta charge foi marcado pela promulgação de uma nova
constituição que
a) trazia, ideologicamente, medidas próximas às constituições de países socialistas, e que
não foram implementadas em função das heranças da Guerra Fria.
b) fortalecia bandeiras sindicalistas dos direitos sociais plenos, mas foram barradas pelo
Congresso Nacional, cuja maioria de deputados era conhecida como “entulho autoritário”.
c) prometia garantir a todos os brasileiros direitos sociais universais, que não foram cumpridos
devido a velhos conflitos entre liberais e socialistas.
d) consagrava os princípios da democracia e dos direitos sociais universais, em um momento
de crise econômica que dificultava a plena realização destes princípios.
e) era fortemente questionada pelos militares e pela grande imprensa, apesar da mobilização
popular pela aprovação do anteprojeto da Constituição.

A Constituição de 1988, apelidada de Constituição Cidadã, foi promulgada num contexto


de inflação e crise econômica que impedia investimentos nela contemplados.
Letra d.
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022. (ESPCEX/2014) Leia as afirmações abaixo relacionadas ao Brasil.


I – O Estado devia associar-se ao capital privado nacional e estrangeiro, para promover a
industrialização acelerada do país.
II – O Estado devia intervir na economia, controlando as indústrias de base e os setores de
energia, comunicações e transporte.
III – O governo devia limitar a remessa de lucros.
IV – O governo buscava atrair capitais estrangeiros, concedendo às empresas multinacionais
facilidades para importar maquinário e isenção de impostos por vários anos.
Pode-se afirmar que as medidas
a) I e IV são características do nacionalismo de Vargas, e II e III são características do
nacionalismo desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek.
b) I e IV são características do nacionalismo desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek,
e II e III são características nacionalismo de Vargas.
c) I e III são características da industrialização com limitação da remessa de lucros de
Juscelino Kubitschek, e II e IV são características do nacionalismo limitado de Getúlio.
d) I e III são características da política industrial de Getúlio Vargas no pós-II Guerra Mundial,
e II e IV correspondem ao nacionalismo desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek.
e) III e IV são características da política industrial de Juscelino Kubitschek incluídas no Plano
de Metas, e a característica II pertence ao nacionalismo pragmático de Getúlio Vargas.

As opções I e IV são medidas do governo de JK, como parte do Plano de Metas, baseando-
se na abertura econômica aos países estrangeiros com atrativo de isenção de impostos. Já
as opções II e III são medidas do Governo de Getúlio Vargas, caracterizada pela intervenção
econômica e investimento nas indústrias de base. Além disso, fazendo do “confisco cambial”,
parte dos lucros das empresas estrangeiras seriam investidos no Brasil. Consulte o mapa
mental sobre os projetos Nacionalista e Entreguista na seção Mapas Mentais. Os presidentes
que vislumbravam o desenvolvimento ligado ao capital internacional e ao alinhamento com
os Estados Unidos ficaram conhecidos como entreguistas.
Letra b.

023. (VUNESP/PM SP/SOLDADO PM DE 2ª CLASSE/2023) Às dez da noite de 13 de dezembro


de 1968 o ministro da Justiça, Gama e Silva, em cadeia nacional de rádio e televisão,
fizera uma rápida introdução de cinco minutos e passara a palavra a Alberto Curi, que
durante dezoito minutos havia apresentado, num tom monocórdico e solene, o texto do
Ato Institucional no 5º (AI-5).
(Lilia M. Schwarcz e Heloísa M. Starling, Brasil: uma biografia. Texto adaptado)

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O AI-5 autorizava o presidente da República, entre outras possibilidades,


a) suspender os direitos políticos de parlamentares, desde que houvesse a permissão da
Justiça; decretar estado de sítio apenas em caso de conflito externo; nomear prefeitos.
b) manter o Congresso em recesso por até 30 dias; legislar por decreto nas cidades de Área
de Interesse de Segurança Nacional; escolher os integrantes das direções dos partidos
políticos.
c) criar uma instância jurídica acima do Supremo Tribunal Federal; interferir na gestão de
empresas privadas de capital aberto; determinar o valor máximo do superávit primário.
d) intervir nos estados e municípios; cassar mandatos parlamentares; suspender, por dez
anos, os direitos políticos de qualquer cidadão.
e) interferir na direção de empresas privadas consideradas de segurança nacional; indicar
o secretário da Justiça de cada estado; e elaborar uma constituição federal.

O Ato Institucional n. 5 (AI-5) foi um dos mais duros decretos do período da ditadura militar
no Brasil. Entre as autorizações concedidas ao presidente da República pelo AI-5, destacam-
se a intervenção nos estados e municípios, a cassação de mandatos parlamentares e a
suspensão dos direitos políticos de qualquer cidadão pelo período de dez anos. Essas medidas
conferiam amplos poderes ao presidente e às autoridades do regime militar, restringindo
severamente as liberdades civis e políticas, além de possibilitar a perseguição e repressão
a opositores políticos.
Letra d.

024. (ESPCEX/2017) O conflito ocorrido no final do Século XIX, caracterizado pelo caráter
messiânico (religioso) e de contestação social, foi a
a) Guerra do Contestado.
b) Revolta da Armada.
c) Revolta Federalista.
d) Revolta da Vacina.
e) Guerra de Canudos.

Revolta liderada pelo beato Antônio Conselheiro, no período de novembro de 1896 a outubro
de 1897, no Arraial de Canudos, interior da Bahia. O movimento tinha como crítica a miséria
e a desigualdade, e a recém-implantada República. Classificado como “messiânico”, era
influenciado principalmente pelo sebastianismo e, por isso, defendia o retorno da Monarquia.
Foi massacrado pelas forças republicanas, com o apoio do governo baiano.
Letra e.

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Realidade Brasileira
Realidade Brasileira – Parte I
Daniel Vasconcellos

025. (FGV/PREFEITURA DE ANGRA DOS REIS - RJ/DOCENTE I/EDUCAÇÃO INFANTIL E DO 1º AO


5º ANO DE ESCOLARIDADE/2019) Os fluxos imigratórios que chegaram ao Brasil na Primeira
República foram os mais expressivos do período que se estende do século XIX ao XX: entre
1889 e 1930 ingressaram no país mais de 3,5 milhões de estrangeiros, o que corresponde
a 65% do total de imigrados entre 1822 e 1960. BIONDI, Luigi, Imigração,
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A respeito do impacto dos fluxos imigratórios para a história social e econômica brasileira
na Primeira República, analise as afirmativas a seguir.
I – A política imigratória seguiu a economia brasileira do período, agroexportadora e com
uma industrialização incipiente, razão pela qual predominou a inserção rural dos imigrantes.
II – A inserção urbana dos imigrantes foi marcante nas Regiões Norte e Nordeste, onde os
estrangeiros contribuíram para a introdução de novas técnicas agrícolas e para a mecanização
da agricultura.
III – A política imigratória procurava atender aos interesses da cafeicultura paulista que
pretendia resolver a escassez de mão de obra com a chegada de trabalhadores europeus.
Está correto o que se afirma em
a) I, apenas.
b) I e II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

Querido(a), apesar de banca enfatizar o período republicano, entenda que a imigração está
diretamente ligada ao ciclo do café iniciado no século XIX.
I – Correta.
II – Errada. Ora, a maioria dos imigrantes que vieram para o país no período eram de classes
menos favorecidas, muitos até fugindo de conflitos no continente europeu. Ademais, a
afirmativa é contraditória ao dizer que a inserção de imigrantes se deu na região urbana
mas contribuindo para o desenvolvimento de tecnologias no campo.
III – Errada.
Letra c.

026. (VUNESP/PM SP/SOLDADO PM DE 2ª CLASSE/2022) A abertura começou em 1974,


quando o general Ernesto Geisel diminuiu as restrições à propaganda eleitoral. Por que
teria o general Geisel tomado a iniciativa de começar a desmontar o sistema autoritário?
Em 1973 houve um aumento brusco no preço do petróleo, promovido pela Organização dos

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Realidade Brasileira – Parte I
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Países Exportadores de Petróleo. Os anos do “milagre” estavam contados. Nessa conjuntura,


seria melhor para o governo promover a redemocratização enquanto ainda houvesse
prosperidade econômica do que aguardar para fazê-lo na época de crise, quando os custos
e a manutenção do controle dos acontecimentos seriam muito mais altos.
(José Murilo de Carvalho. Cidadania no Brasil: o longo caminho, 2011. p. 173-174. Adaptado)

Analisando-se o texto sobre o projeto oficial de redemocratização, pode-se concluir que a


a) abertura política resultou do enfraquecimento dos órgãos de repressão do regime militar.
b) sociedade civil apoiou o cronograma das transformações políticas graduais do regime
militar.
c) contestação social ao regime militar derivou de sua incapacidade de obter empréstimos
no exterior.
d) legitimidade do regime militar dependia da manutenção do crescimento econômico.
e) distensão política do regime militar contou com a aprovação consensual das forças
armadas.

A estratégia da abertura, na lógica argumentada pelo texto do enunciado, seria entregar


o poder aos civis para evitar o desgaste da imagem dos militares diante de uma crise
econômica que se desenhava.
Letra d.

027. (ESA/2017) O Pró-Álcool foi criado em 1975, no governo do Presidente Ernesto Geisel.
O programa tinha como objetivo:
a) Tornar o álcool uma fonte de energia alternativa.
b) Ampliar a pauta de exportações brasileiras.
c) Diminuir a concentração de terras no Brasil.
d) Diminuir a dependência brasileira de gás natural importado.
e) Tornar o álcool a principal fonte de energia do país.

Devido aos altos custos do petróleo no mercado internacional, o governo dos militares
buscou uma fonte alternativa de energia.
Letra a.

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