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APOSTILA CONHECIMENTOS GERIAS

Nome: FRANCISCO CELIO NOGUEIRA

CONHECIMENTOS GERAIS

Aspectos geográficos, históricos, políticos e administrativos do Mundo, Brasil, Ceará e do Município


Atualidades históricas científicas, sociais, políticas, econômicas, culturais, ambientais e administrativas do
Mundo, Brasil, Ceará e do Município.

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Nome: FRANCISCO CELIO NOGUEIRA

ASPECTOS GEOGRÁFICOS DO MUNDO

África

A África Subsaariana é a região do continente africano situada ao sul do Deserto do Saara. Não é uma divisão
política, mas apenas um termo usado como referência aos países que possuem maior parte da população negra
neste continente. No passado, era muito usado o termo “África Negra” para esta região, em oposição a “África
Branca”, composta pelos países ao norte do Deserto do Saara. Porém, estes termos estão caindo em desuso.

Principais características dos países da África Subsaariana:

 Maioria da população composta por negros;


 A maior parte dos países possui economia subdesenvolvida;
 Presença de conflitos políticos, principalmente de caráter étnico.
 Existência de diversos problemas como, por exemplo, pobreza, elevados índices de analfabetismo,
sistema de saúde público precário, proliferação de doenças, falta de água e sistema de saneamento básico
inexistente ou ineficiente;
 Existência, em alguns países, de governos autoritários e corruptos. Infelizmente, estas características
acabam dificultando a resolução dos graves problemas sociais e econômicos enfrentados pela sofrida população
destes países;
 A maior parte destes países ainda sofre as consequências das injustiças do neocolonialismo e
imperialismo europeus da segunda metade do século XIX;
 Grande diversidade étnica, cultural, linguística e religiosa.

Vale ressaltar que os problemas citados acima fazem parte da maioria destes países, mas não de todos. Existem
países, como a África do Sul por exemplo, que estão num patamar de desenvolvimento bem acima dos outros,
apresentando melhores condições sociais e econômicas.

Outros dados e informações geográficas:

População: 500 milhões de habitantes (estimativa 2011)


Ponto mais elevado: monte Kilimanjaro com 5.895 metros.
Principais rios: Congo, Nilo, Limpopo, Zambeze, Níger e Senegal.
Clima: Equatorial (principalmente na região central da África) e Tropical nas outras regiões.
Vegetação: florestas equatoriais na região central e centro-oeste; florestas tropicais (ao sul da vegetação
equatorial); savanas (ao sul das florestas tropicais); vegetação mediterrânea (litoral sul da África do Sul).
Fauna (exemplos de algumas espécies animais): elefante, leão, gazela, gorila, zebra, rinoceronte, hiena, girafa,
leopardo, chipanzé e hipopótamo.

Países da África Subsaariana

República Democrática do Congo, República do Congo, Burundi, África Oriental, Quênia, Tanzânia, Uganda,
Djibouti, Eritréia, Etiópia, Somália, Sudão, África Ocidental, Benin, Burkina Faso, Camarões, Chade, Costa do
Marfim, Guiné Equatorial, Gabão, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné Bissau, Libéria, Mauritânia, Mali, Níger, Nigéria,
República Centro-Africana, Ruanda, Senegal, Serra Leoa, Togo e Zâmbia.

Oceania

A Oceania é um continente cujas terras estão localizadas no hemisfério sul do planeta Terra. Este continente é
formado por um conjunto de ilhas situadas no Oceano Pacífico.
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Nome: FRANCISCO CELIO NOGUEIRA

Informações importantes sobre a Oceania:

A área da Oceania é de 8.480.355 km². Em área é o menor continente do mundo.

O maior, mais populoso e mais desenvolvido país da Oceania é a Austrália. As terras deste país correspondem a,
aproximadamente, 90% do continente. O segundo pais mais desenvolvido da Oceania é a Nova Zelândia.

A população da Oceania é de, aproximadamente, 32 milhões de habitantes. cerca de 75% desta população habita
em cidades (urbana), enquanto somente 25 % mora na zona rural.

O inglês é o idioma mais falado no continente. Além da língua inglesa, o francês e os dialetos nativos também são
falados no continente.

As maiores cidades da Oceania estão localizadas na Austrália: Sidney, Melbourne, Brisbane e Perth.

Com relação a religião, a maioria é formada por cristãos: católicos romanos (27%) e protestantes (24%).

A economia da Oceania é bem diversificada. Enquanto os países desenvolvidos (Austrália e Nova Zelândia)
destacam-se pela fabricação de produtos industrializados e tecnologia, as outras ilhas da Oceania são
dependentes da produção de gêneros agrícolas.

Países independentes da Oceania: Austrália, Fiji, Ilhas Cook, Ilhas Marshall, Ilhas Salomão, Kiribati, Estados
Federados da Micronésia, Nauru, Niue, Nova Zelândia, Palau, Papua Nova Guiné, Samoa, Timor-
Leste, Tonga, Tuvalu, Vanuatu, e Polinésia Francesa.

Países dependentes: Ilhas Marianas (dominadas pelos EUA), IIhas Carolinas (dominadas pela Micronésia), Nova
Caledônia (dominada pela França), Território Antártico Australiano (dominada pela Austrália) , Dependência de
Ross (dominada pela Nova Zelândia), Terra Adélia (dominada pela França) e Samoa Americana (dominada pelos
EUA).

História da Oceania (resumo). Até o século XVIII, o continente era povoado por centenas de tribos indígenas. A
partir desse século, teve início a colonização britânica. Grande parte das terras dos nativos foi tomada pelos
colonizadores. Como resultado deste domínio, a população indígena começou a diminuir. Os britânicos, aos
poucos, foram impondo sua cultura e seus modos de vida. Hoje, os nativos são a minoria no continente.

A fauna da Oceania é caracterizada por uma grande variedade de espécies animais, porém os marsupiais se
destacam. Na Austrália, por exemplo, há uma grande quantidade de Cangurus. Inclusivo este animal é o símbolo
do país. Outros animais típicos da Oceania: coala, dingo, cacatua, diabo da tasmania, crocodilo-de-água-salgada,
ornitorrinco, quivi, cisne negro, elefante marinho, mulgara, numbat, kaluta e kowari.

Com relação ao clima da Oceania podemos destacar a presença do clima desértico na parte interior da Austrália.

Em grande parte das ilhas do continente destaca-se o clima tropical.

Na flora da Oceania, exceto na região desértica da Austrália, destacam-se a presença de florestas tropicais.

Ásia

A Ásia é um continente cujas terras estão localizadas, em maior parte, no hemisfério norte (oriental e setentrional).
Ao norte, a Ásia é banhada pelo Oceano Ártico; ao sul pelo Oceano Índico; ao leste pelo Oceano Pacífico e a
oeste faz fronteira com a Europa e África.

Informações importantes sobre a Ásia:

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A área do continente asiático é de 44.482.000 km². É o maior continente do mundo com 29,4% das terras
emersas.
É também o continente mais populoso do mundo com 3,95 bilhões de habitantes (pouco mais de 60% da
população mundial).

O clima da Ásia pode ser dividido em quatro regiões climáticas:

Clima Siberiano (extremo norte da Ásia): temperatura baixíssimas, presença de tundra ao norte, taiga no centro e
estepes ao sul.
Clima Mediterrâneo (Ásia Menor): verões quentes e secos e invernos com muita chuva.
Clima Desértico (Síria, Arábia, Índia e Irã): regiões com temperaturas elevadas durante o dia e frias à noite.
Regiões áridas com baixo índice pluviométrico (chuvas).

Clima de Monções (Ásia Oriental e Meridional): inverno seco e verão extremamente chuvoso.

No campo econômico destaca-se o Japão (economia forte e industrializada desde o fim da Segunda Guerra
Mundial), a Índia e a China. Estes últimos países vêm apresentando forte crescimento econômico desde a década
de 90. O PIB (Produto Interno Bruto) da China, por exemplo, apresenta crescimento, em média, de 10% ao ano
(nos últimos anos). O Bloco econômico mais importante na Ásia é a APEC (Asia-Pacific Economic Cooperation,
traduzido, Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico). Atualmente, fazem parte 20 países e uma região
administrativa especial da China (Hong Kong), sendo que a maioria é de países asiáticos (Austrália, Brunei, Chile,
Canadá, China, Indonésia, , Japão, Coreia do Sul, México, Malásia, Nova Zelândia, Papua-Nova Guiné, Filipinas,
Rússia, Peru, Cingapura; Taiwan, Tailândia, Estados Unidos e Vietnã).

As principais religiões seguidas no continente são: islamismo, hinduísmo e budismo.


O analfabetismo vem diminuindo no continente, atingindo, aproximadamente, 23 % da população.

As cidades mais populosas da Ásia são: Mumbai ou Bombaim na Índia (18,3 milhões), Calcutá na Índia (14,7
milhões) e Xangai na China (17,1 milhões) e Tóquio no Japão (12,3 milhões de habitantes).

Países que fazem parte da Ásia: Afeganistão, Arábia Saudita, Azerbaijão, Bahrein, Bangladesh, Brunei, Butão,
Camboja, Cazaquistão, República Popular da China, Cingapura, Coreia do Norte, Coreia do Sul, Emirados Árabes
Unidos, Filipinas, Iêmen, Índia, Indonésia, Irã, Iraque, Israel, Japão, Jordânia, Kuwait, Laos, Líbano, Maldivas,
Malásia, Mongólia, Mianmar, Nepal, Omã, Paquistão, Qatar, Quirguistão, Rússia, Síria, Sri Lanka, Tadjiquistão,
Tailândia, Taiwan, Timor-Leste, Turcomenistão, Turquia, Uzbequistão e Vietnã.

Territórios asiáticos: Cisjordânia, Chagos, Cocos, Faixa de Gaza, Macau, Hong Kong, e Ilhas Christimas.

Principais rios da Ásia: Yangtze, Ienissei, Huang He, Amur, Lena, Mekong, Volga, Eufrates e Indo.

Principais ilhas da Ásia: Grande Comore, ilhas Agalega, Sumatra, Honshu, Sulawesi, Java e Bornéu.

O continente asiático apresenta uma fauna diversificada e rica. Os principais espécies de animais que habitam
este continente são: elefante asiático, camelo, pavão, raposa polar, antílope indiano, tigre, rinoceronte asiático,
panda gigante e orangotango.

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Europa

A Europa é um continente situado no hemisfério norte do globo terrestre. Ao norte do continente europeu situa-
se o Oceano Glacial Ártico; ao sul os mares Mediterrâneo, Negro e Cáspio, a leste os Montes Urais e a oeste o
Oceano

Atlântico. Do ponto de vista econômico é o continente mais rico e desenvolvido do mundo.

Informações importantes sobre a Europa:

A área do continente europeu é de 10.498.000 km².


A população da Europa é de 744,7 milhões de habitantes (estimativa 2006).
A moeda mais importante da Europa é o Euro (moeda oficial da União Europeia), que circula em 16 países.
A densidade demográfica da Europa é de 101 habitantes por quilômetro quadrado.

O nome do continente tem sua origem na mitologia grega, pois Europa era uma mulher muito linda que
despertou o interesse de Zeus (deus dos deuses).

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No geral, a economia dos países é bem desenvolvida, sendo que as mais fortes são: Alemanha, Grã-Bretanha,
França, Itália e Espanha.

Existe no continente um forte bloco econômico chamado União Europeia (UE), que envolve 27 países. Quinze
destes países utilizam uma mesma moeda, o euro. Existem também leis comuns que facilitam a circulação de
cidadãos integrantes da UE.

Em geral, a qualidade de vida dos europeus é muito boa. Os índices sociais estão entre os melhores do mundo.
Nos países mais desenvolvidos da Europa (região centro-oeste), o analfabetismo é baixo, a expectativa de vida
é alta e a criminalidade é pequena.

Há, neste continente, cinco grandes penínsulas: Itálica, Ibérica, Jutlândia, Balcânica e Escandinava.

As ilhas europeias mais importantes são: Córsega, Islândia, Ilhas Britânicas, Creta, Sicília e Sardenha.

O relevo da Europa é bem diversificado. Por ser um terreno de formação antiga, predominam as planícies.
Encontramos também planaltos de baixas altitudes e cadeias montanhosas desgastadas (Cárpatos, Pirineus,
Apeninos e Bálcãs).

O litoral europeu é muito recortado, facilitando a instalação de portos e a navegação.

Existem sete tipos de climas na Europa: temperado oceânico, temperado continental, mediterrâneo, subpolar,
semi-árido, frio continental e frio de altitude.

Há vários rios na Europa, sendo que os mais importantes são: Danúbio, Reno, Volga, Douro, Tibre, Tejo, Sena, ,
Elba, Tamisa e Pó e Ebro.

Embora grande parte da vegetação europeia tenha sido devastada com o passar dos anos, ainda encontramos
muitas formações vegetais neste continente. As principais são: Taiga ou Floresta de Coníferas (região norte),
Tundra (extremo norte), Floresta Temperada (centro), Vegetação Mediterrânea (sul) e Estepes (leste).

A Europa possui uma fauna bem diversificada. Os animais mais comuns no continente são: rena, urso pardo,
raposa, lontra, cavalo selvagem, marmota, porco-espinho, pato selvagem, ouriço, falcão, javali, lebre, cabrito-
montês, lince, perdizes e faisões.

A Europa é formada por 49 países: Irlanda, França, Reino Unido, Países Baixos, Bélgica, Alemanha, Malta,
Luxemburgo, Suíça, Áustria, Rússia, Belarus, Polônia, República Tcheca, Ucrânia, Eslováquia, Hungria,
Romênia, Moldávia, Sérvia, Croácia, Montenegro, Bósnia-Herzegovina, Eslovênia, Bulgária, Macedônia,
Albânia, Espanha,Portugal, Andorra, Liechtenstein, Itália, Grécia, San Marino, Turquia, Islândia, Noruega,
Dinamarca, Suécia, Finlândia, Armênia, Letônia, Estônia e Lituânia.

Línguas mais faladas no continente: russo, francês, alemão inglês, italiano e polaco.

Luxemburgo é considerado o país mais rico da Europa. A renda per capita neste país é de, aproximadamente,
43 mil dólares por ano. A Moldávia é o mais pobre com uma renda per capita de, aproximadamente, 400 dólares
por ano.

- Principais organizações supranacionais: UE (União Europeia), EFTA (Associação Europeia de Livre Comércio),
CECA (Comunidade Europeia de Carvão e Aço), CE (Comunidade Europeia) e EEE (Espaço Econômico
Europeu).
- Maiores economias da Europa (por PIB): Alemanha (US$ 3,4 trilhões), França (US$ 2,6 trilhões), Reino Unido
(US$ 2,4 trilhões), Rússia (US$ 2,02 trilhões) e Itália (US$ 2,01 trilhões) - ano base 2012.

Curiosidade:

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Os dois menores países da Europa são: Vaticano (0,4 km2) e Mônaco (1,95 km2).

América do Norte

A América do Norte é composta pelo Canadá, Estados Unidos, México e Groelândia. É um continente extenso, o
terceiro maior do mundo.Até o século XVI este continente era habitado pelos esquimós, peles-vermelhas e
astecas. Os primeiros colonos a chegaremforam os ingleses, franceses, espanhóis e holandeses. A partir do
século XIX, os navios e ferrovias facilitaram a entrada de novos colonos, que, em sua maior parte, vinham da
Europa.

Conhecendo a América do Norte

Estas montanhas mais baixas vão do Labrador ao Alabama e, durante grande parte de sua extensão, o nome que
predomina é Apalaches.

Entre essas duas extensas cadeias montanhosas, há planícies e pradarias cujos ambientes e seres vivos se
modificam durante o percurso para o sul, desde o gelado Ártico até os trópicos da América Central.

Na região do extremo-norte encontram-se as regiões geladas do Alasca e do norte do Canadá, onde habitam os
esquimós, caçadores e pescadores. Apesar do clima gelado, foram criadas estruturas que permitem um número
crescente de habitantes, atraídos por centros mineiros de ouro e urânio.

Há ainda florestas de pinheiros, lariços e abetos, que os lenhadores derrubam para a manufatura de
papel, rayon e para lenha.

Ao sul dessas florestas, encontram-se planícies cobertas pelo trigo norte-americano e canadense. Nas áreas
próximas aos Grandes Lagos e ao vale do rio São Lourenço, existem grandes e modernas cidades e
também fazendas e minas.

Indo mais para o sul, nos Estados Unidos, encontram-se terras férteis para a produção de milho.

Nas bacias férteis dos rios Mississipi e Missouri é feito o plantio de tabaco, algodão e de frutas. Esses rios são
extremamente importantes, pois, na época de cheia, eles inundam e fertilizam a região.

Ao leste da América do Norte estão localizadas muitas de suas maiores cidades, como Toronto e Montreal (no
Canadá), Nova Iorque, Filadélfia, Detroit e Baltimore (nos Estados Unidos). É nessa região que se encontra
grande parte do ferro e do carvão do continente, as maioresindústrias pesadas e o maior comércio.

Na costa ocidental encontram-se as florestas e fazendas da Colúmbia Britânica, os pomares, os poços de petróleo
e as plantações de algodão da Califórnia. As maiores cidades do oeste são: Vancouver, São Francisco e
Los Angeles. Hollywood também se situa nessa região.

Os habitantes norte-americanos procedem de diferentes países: um quarto da população do Canadá fala francês,
e o resto é de origem inglesa. Os milhares de habitantes dos Estados Unidos são, em sua grande parte, de
origem europeia. Há também muitos negros, chineses,japoneses e índios.

Amarica do sul

Uma enorme cordilheira (conjunto de altas montanhas), denominada Andes, localiza-se desde a Venezuela,
percorrendo toda a zona ocidental da América do Sul, em direção ao seu extremo-meridional. É a segunda maior
cadeia montanhosa do mundo, com uma grande quantidade de vulcões, cujos mais famosos são: Chimborazo e o
Cotopaxi.

Países da América do Sul:


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O continente sul-americano é composto por 12 países : Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Peru, Chile,
Colômbia, Equador, Venezuela, Guiana, e Suriname.

Informações sobre a América do Sul

A leste da Cordilheira dos Andes existe um enorme altiplano central, que vai até o platô brasileiro. Este é separado
do platô das Guianas pelo grande vale do Amazonas, o maior sistema fluvial do mundo.

A parte da América do Sul que fica entre os trópicos (Câncer e Capricórnio), tem grande densidade pluviométrica
(índice de chuvas) - que, entretanto, é pequena em certas regiões, como no Nordeste do Brasil. A temperatura
média nesta área é de quase 30 graus centígrados durante todo o ano. Ao sul do continente o clima torna-se mais
fresco e seco, e na Patagônia, no extremo-sul, faz muito frio. Um importante deserto marca esta região: o deserto
do Atacama que localiza-se no Chile.

A parte tropical da América do Sul tem florestas fechadas e selvas parcialmente exploradas, nas quais há diversas
espécies de plantas: palmeiras, bambu, ébano e seringueiras. Há uma grande variedade de vida selvagem: onças,
pássaros, cobras, jacarés entre outras espécies.

A região dos trópicos produz diversos tipos de produtos agrícolas, tais como, banana, laranja, soja, tabaco,
algodão, arroz, café, açúcar. A criação de gado é uma das riquezas principais do Brasil, Uruguai e Argentina.

Este continente possui jazidas minerais encontradas principalmente no Chile (cobre e ferro), Venezuela

(petróleo), Brasil (manganês e ferro) e Bolívia (estanho e ouro). Essas riquezas e a exportação de carne e lã têm
melhorado as condições da América do Sul nos últimos anos.

Principais cidades da América do Sul: Rio de Janeiro (Brasil), São Paulo (Brasil), Buenos Aires (Argentina), Quito
(Equador), Caracas (Venezuela) e Montevidéu (Uruguai).

População

Este continente tem sua população formada por uma miscigenação de raças. Desde a chegada de Colombo
(1492), muitos imigrantes buscaram morar e construir uma vida melhor na América do Sul. Colonos e imigrantes
da Itália, Alemanha, Espanha, Portugal, Japão, China entre outros, juntaram-se aos negros africanos e índios para
formar a população deste continente.

Outros dados da América do Sul:

 Número de países: 12
 Número de territórios: 6
 População: 370 milhões de habitantes
 País mais populoso: Brasil com 190.732.694 habitantes (dados do IBGE – Censo 2010)
 Línguas mais faladas: espanhol e português
 Área: 17.850.568 km²
 Maior país (território): Brasil
 Menor país (território): Suriname
 Maior Lago: Titicaca com 8.300 km²
 Ponto mais alto: Monte Aconcágua na Argentina com 6.962 metros.

Você sabia?

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A América do Sul é um continente com grande diversidade de vida animal. As principais espécies que vivem neste
continente são: capivara, jacaré, tamanduá-bandeira, arara, tucano, anta, lobo-guará, lhama, jabuti, onça, tatu-
bola, alpaca e mico-leão-dourado.

ASPECTOS HISTÓRICOS DO MUNDO

EXPANSÃO MARÍTIMA

No século XI, em Portugal, setores ligados à burocracia (no caso, à administração pública) e à burguesia
ambicionavam enriquecer por meio da expansão da atividade comercial-marítima. Entretanto, os comerciantes
italianos, principalmente das cidades de Gênova e Veneza, dominavam de forma quase exclusiva o lucrativo
comércio das especiarias (cravo, pimenta, noz moscada, canela, gengibre) e de artigos de luxo que vinham do
Oriente (Ásia e África).

Os comerciantes de Génova e Veneza recebiam os produtos orientais nos portos de Constantinopla, Trípoli,
Alexandria e Túnis, e os revendiam na Europa por preços altíssimos.

Para participar do comércio oriental, os comerciantes portugueses tinham de romper o monopólio dos
genoveses e venezianos, buscando contato direto com o Oriente. Como o tráfego comercial-marítimo
pelo mar Mediterrâneo era controlado pelos italianos, restava aos portugueses uma alternativa para chegar
ao mercado oriental (às índias): encontrar um novo caminho pelo oceano Atlântico, tendo como base projetos
de alguns navegadores da época. Havia muitos motivos para os portugueses buscarem a expansão marítima no século
XV:

Conquista de Constantinopla - Os turcos conquistaram Constantinopla, em 1453, e bloquearam o comércio de


especiarias realizado pelo mar Mediterrâneo. Esse fato uniu os europeus (incluindo genoveses e venezianos) na busca
de um novo caminho até os fornecedores orientais.

Necessidade de novos mercados - Descobrir novos caminhos para o Oriente significava, também, conquistar novos
mercados consumidores para o artesanato e as manufaturas europeias. Além disso, a Europa necessitava de géneros
alimentícios e de matérias-primas. Essas necessidades só poderiam ser atendidas com a ampliação de mercados fora
do continente europeu.

Falta de metais preciosos - Os metais preciosos europeus eram permanentemente enviados ao Oriente para a
compra de especiarias e artigos de luxo. As minas de ouro e de prata da Europa já não produziam quantidade suficiente
de metais para a cunhagem de moedas. Para solucionar o problema da escassez de metais, os europeus precisavam
descobrir novas jazidas em outras regiões.

Interesse dos Estados nacionais - A expansão comercial aumentaria os poderes do rei, manteria os privilégios da
nobreza e elevaria os lucros da burguesia. Além disso, os Estados nacionais também deram total apoio à expansão
marítima para poderem arrecadar novos impostos.

Propagação da fé cristã - Os participantes da expansão marítimo-comercial europeia herdaram da Idade Média algo
do entusias mo cavaleiresco e do ideal das Cruzadas de propagar a fé cristã. Assim, são marcantes, nesse período, a
influência religiosa e a justificativa de conquistar e converter povos não-cristãos do mundo.

Ambição material - Os líderes envolvidos na expansão marítima eram movidos, sobretudo, pela ambição de valer mais,
que significava, simultaneamente, ter mais (conseguir produtos orientais, encontrar ouro, enfim, enriquecer) e ser
mais (projetar-se socialmente, elevar seu status social).

Progresso tecnológico - A expansão tornou-se possível graças ao desenvolvimento científico-tecnológico, que permitiu
as navegações a grandes distâncias. Ilustram esse desenvolvimento: o uso da bússola, do astrolábio e do quadrante; a
invenção da caravela pelos portugueses; o aperfeiçoamento dos mapas geográficos; e a aceitação da noção de que a
Terra é redonda.

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Tratado de Tordesilhas

No auge das grandes navegações, os portugueses concluíram, com razão, que a partilha estipulada pela bula
intercoetera papal não os beneficiavam, pois apenas algumas ilhas ficariam sob seu domínio. Por esse motivo
Portugal exigiu um novo acordo, que foi concretizado pelo tratado de Tordesilhas, assinado em 7 de junho de
1494. Com ele, ampliava-se a distância de 100 para 370 léguas a partir das ilhas de Cabo Verde.
O Tratado de Tordesilhas assegurou a Portugal o domínio das terras descobertas a oeste do Atlântico. D. Manuel
organizou uma das maiores expedições que o reino já havia preparado, composta por uma esquadra formada por
dez naus e duas caravelas e cerca de 1500 homens, sob o comando de Pedro Álvares Cabral, nobre de tradicional
família portuguesa.

A versão mais difundida afirma que o objetivo da esquadra de Cabral era assegurar o domínio português nas
regiões asiáticas estabelecendo uma feitoria em Calicute. A esquadra partiu de Lisboa em 8 de março de 1500, e
Cabral percorreu uma rota a oeste afastando-se da costa africana.

Novas rotas para o Oriente

Sem ter como competir, num primeiro momento, com os países ibéricos nas rotas meridionais que contornavam a
África e a América, os navegadores dos demais países, ao longo do século XVI, buscaram caminhos para o
Oriente pelo hemisfério norte.

O francês Cartier (1536), a serviço do rei Francisco I, e os ingleses Davis e Hudson (1576/1578) já haviam tentado
encontrar uma ligação entre o Atlântico e o Pacífico através da América do Norte, mas foi William Baffin quem
concluiu, em sua expedição, entre 1615 e 1616 que, por ali, "não havia passagem, nem esperança de passagem".

Pelo nordeste da Europa, Sir Richard Chancellor chegou a Arcangel, na Rússia, em 1553. Em 1584, expedições
inglesas e holandesas (os dois grandes rivais da Espanha, naquele momento) concluíram ser impossível transpor
a barreira de gelo do arquipélago russo de Nova Zembla em busca de uma passagem para o sul, que pudesse
cortar ou contornar toda a Ásia e levá-los ao Índico e às especiarias de sua costa.

Companhia das Índias

Os holandeses, através de sua Companhia das Índias Orientais, fundada em 1602, resolveram desafiar o já
decadente poderio português e passaram a freqüentar a rota das Índias através do contorno da África. Em seu
rastro, vieram, a partir de 1532, também os franceses e os ingleses.

Daí por diante, a febre das descobertas foi seguida pelo início da colonização de territórios. Os franceses se
estabeleceram ao longo do rio São Lourenço, no Canadá, desde aproximadamente 1608, e expandiram sua área
de atuação comercial, ao longo do rio Mississipi, até o golfo do México, onde fundaram a colônia da Louisiana, em
1682. A Companhia da Baía de Massachussets foi responsável pelo primeiro foco de colonização inglesa na
América do Norte, em 1629.

Pirataria, corsários e invasões

A grande dificuldade em se encontrar caminhos marítimos distantes dos controlados pelos portugueses e
espanhóis levou os reis da França e da Inglaterra a se associarem a piratas que atacavam embarcações ibéricas
na rota do Atlântico.

Protegidos pelos reis de seus países, esses salteadores dos mares passaram a ser conhecidos por corsários. Em
troca da proteção oficial, parte do que pilhavam era dividida com a própria Coroa. Deve-se à absorção desses
salteadores pela política de Estado a incorporação de ilhas antilhanas à Inglaterra e à França.

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Agraciados com patentes militares e títulos de nobreza, ex-corsários foram incumbidos de dar início ao processo
de colonização e plantio de cana, nos séculos 16 e 17, nas ilhas que haviam sido tomadas de nativos e, até então,
foram usadas como refúgios.

Já a presença holandesa na região se deve aos investimentos de duas empresas privadas que funcionavam como
sociedades anônimas, a Companhia das Índias Orientais (VOC) e a Companhia das Índias Ocidentais (WIC).

Principais efeitos da Expansão Marítima:

 O eixo econômico da Europa deslocou-se do Mediterrâneo para o Atlântico;


 Expansão do comércio em escala mundial;
 O continente americano foi incorporado às tradicionais rotas comerciais;
 Decadência dos italianos no monopólio das especiarias;
 Alta de preços considerável no século XVI, conhecida como “Revolução dos Preços”;
 Acumulação de grande quantidade de capital pela burguesia;
 Fortalecimento dos Estados Nacionais europeus.
 Desenvolvimento do tráfico de escravos da África para a América;
 Extermínio de centenas de tribos indígenas americanas.
 A europeização das áreas conquistadas.
 Expansão do catolicismo pelo mundo

MERCANTILISMO

A palavra merkantilismus foi concebida e usada pela primeira vez por economistas alemães, no final do século
XIX. Uma observação um pouco mais atenta nos permite concluir que o termo mercantilismo foi aplicado a um
conjunto de práticas já tidas como ultrapassadas.

A caracterização do mercantilismo como um "conjunto de práticas" demonstra a ausência de um plano pré-


concebido para a política econômica dos países europeus que, entre os séculos XVI e XVIII, disputaram fatias do
território americano para mantê-las na condição de colônias.

Durante esse período, na Europa, pensava-se a riqueza disponível no mundo como algo que não poderia ser
ampliado e, portanto, os Estados absolutistas se empenhavam em assegurar para si a maior porção possível
dessa riqueza supostamente limitada.

O ouro e a prata, circulantes na forma de moedas ou trancafiados nos cofres dos reis eram entendidos como sua
tradução, daí a verdadeira febre de busca dos chamados metais preciosos principalmente no Novo Mundo.

REFORMA PROTESTANTE / CONTRA-REFORMA (XVI)

O século 16 teve como uma de suas manifestações mais profundas o processo de reformas religiosas,
responsável por quebrar o monopólio exercido pela Igreja Católica na Europa e pelo advento de uma série de
novas religiões que, embora cristãs, fugiam aos dogmas e ao poder imposto por Roma, as chamadas religiões
protestantes.

Mais do que apenas um movimento religioso, as reformas protestantes inseriram-se no contexto mais amplo que
marcou a Europa a partir da Baixa Idade Média, expressando a superação da estrutura feudal tanto em termos da
fé como também em seus aspectos sociais e políticos.

Da mesma forma, não se pode considerar as reformas religiosas como um processo que se iniciou no século 16.
Ao contrário, elas representaram o transbordamento de uma crise que já vinha se manifestando na Europa desde
o início da Baixa Idade Média, fruto da inadequação da Igreja à nova realidade, marcada pelo declínio do mundo

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Nome: FRANCISCO CELIO NOGUEIRA
feudal, pelo crescimento do comércio e da vida urbana, pela centralização do poder político nas mãos dos reis e
pelo advento de uma nova camada social, a burguesia.

Também não se pode deixar de lado a influência do Renascimento Cultural, no sentido de romper com o
monopólio cultural exercido pela Igreja Católica na Idade Média. O Renascimento teve o efeito de possibilitar a
aceitação de conceitos e de visões de mundo diferentes daqueles impostos pela Igreja Católica, ao quebrar o
quase monopólio intelectual que a Igreja exercia na Idade Média.

Num certo aspecto, as Reformas Protestantes são filhas do Renascimento, e representaram, como este, uma
adequação de valores e de concepções espirituais às transformações pelas quais a Europa passava - nos campos
econômico, social e cultural.

A Reforma Luterana

O que hoje chamamos de Alemanha era, desde a Idade Média, parte do Sacro Império Romano Germânico.
Criado no século 11 como uma extensão temporal do poder do papado, houve momentos em que o poder imperial
entrou em choque com o papa, como na questão envolvendo as investiduras de bispos, no século 16. A vitória do
papado nessa que ficou conhecida como a Querela das Investiduras aprofundou o poder político da Igreja na
região.

Por outro lado, o poder enorme exercido pela Igreja tornava-a o local ideal para a venda de relíquias e
indulgências. Empenhado na construção da Basílica de São Pedro, o papa Leão 10º (1513-1521) encarregou o
dominicano John Tetzel de realizar uma maciça venda de indulgências por toda a Alemanha.

Foi contra isso que se voltou o duque Frederico da Saxônia, impedindo a entrada de Tetzel em seu território. A
alegação para a proibição foi o fato de a Igreja ter feito um acordo com a família de banqueiros alemães, os
Függer, no qual os banqueiros emprestavam à Igreja o dinheiro necessário em troca da garantia de metade da
renda obtida com a venda de indulgências.

Nesse conflito envolveu-se Martinho Lutero (1483-1546), monge agostiniano e professor de teologia na
Universidade de Wittenberg, com o apoio de Frederico. Na verdade, as críticas de Lutero à prática da Igreja já
eram antigas, encontrando nesse contexto o espaço certo para sua disseminação.

Em 1517, Lutero fixou na porta da catedral de sua cidade um documento intitulado "95 Teses Contra as
Indulgências". Nele, não apenas Lutero criticava violentamente a prática da Igreja, denunciando que o dinheiro das
indulgências era usado para financiar o luxo do clero e atacando seu desregramento, como também se opunha a
dogmas da Igreja. Ao afirmar que as indulgências eram incorretas, pois o fiel se salva não pelos atos que pratica,
mas pela fé, Lutero incorria numa negação à doutrina da Igreja, uma heresia do ponto de vista da Igreja Católica,
expondo-se assim à ação da Inquisição.

Excomungado como herege em 1520 pelo papa, Lutero recusou-se também a se retratar na Dieta de Worms,
convocada pelo imperador Carlos 5º (Carlos de Habsburgo) e composta por todos os nobres laicos e eclesiásticos
do Sacro Império. Estes, por sua vez, tinham interesse em apoiar Lutero, interessados em livrar-se da autoridade
papal e em limitar o poder do imperador, defensor do catolicismo. Foram os príncipes alemães e a alta nobreza
que ocultaram Lutero num castelo da Saxônia, impedindo sua execução.

REVOLUÇÃO INGLESA (XVII)

A Revolução Gloriosa ocorreu no Reino Unido em 1688. O rei Jaime II de Inglaterra da dinastia Stuart (católico) foi
removido do trono de Inglaterra, Escócia e País de Gales, e substituído pelo nobre holandês Guilherme, Príncipe
de Orange, em conjunto com sua mulher Maria II, filha de Jaime II (ambos protestantes).

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Nome: FRANCISCO CELIO NOGUEIRA

A Dinastia Tudor (1485-1603) - Pré-Condições para a Revolução Inglesa

Considerando as revoluções de 1640 e de 1688 como parte de um processo, pode-se afirmar que a Inglaterra
atingira, no século XVII, um notável desenvolvimento econômico, tendo sido a atuação da monarquia absolutista
um elemento importante nesse processo. Henrique VIII e Elizabeth I da Inglaterra unificaram o país, dominaram a
nobreza, diminuíram a autoridade e o poder papal, criaram a igreja nacional inglesa (Igreja Anglicana),
confiscaram as terras pertencentes à Igreja Católica e passaram a disputar os domínios coloniais com os
espanhóis de maneira eficaz.

Depois de realizar essas tarefas, o poder absolutista tornou-se incômodo e desnecessário, pois passava a ser um
obstáculo ao avanço da burguesia mercantil. De fato, grande parte dos recursos do Estado era proveniente da
venda de monopólios externos e internos. Esses monopólios sobre o comércio exterior, o sal, o sabão, o arenque
e a cerveja beneficiavam um pequeno grupo de capitalistas, a grande burguesia mercantil. Prejudicavam, porém, a
burguesia comercial que não tinha a liberdade para seu comércio, e os artesãos, de modo geral, porque pagavam
mais caro por gêneros básicos de alimentação e produtos indispensáveis a sua atividade. Ao mesmo tempo a
garantia dos privilégios das corporações de ofício impedia o aumento da produção industrial, pois limitava a
entrada de novos produtores nas áreas urbanas.

A Dinastia Stuart (1603-1649)

Na primeira metade do século XVII, a Inglaterra foi governada por Jaime I e Carlos I, monarcas da dinastia Stuart,
de origem escocesa. Jaime I assumiu o trono após a morte de Elisabeth I, que não deixou herdeiros diretos. Sob
os Stuarts, a monarquia inglesa enfrentou uma grave crise de poder com o Parlamento, fato que levou o país a
guerra civil e ao fim do absolutismo.

A Crise do Absolutismo: Monarquia X Parlamento

Jaime I (1603/1625) tentou estabelecer na Inglaterra uma verdadeira monarquia absolutista de caráter divino, tal
como ocorria no resto da Europa. Procurou fortalecer o Anglicanismo, através de uma política tica de elevação dos
dízimos pagos à Igreja Anglicana, pois, segundo ele, "sem bispo não há Rei". Aumentou também os impostos
alfandegários e a venda de concessão para a exploração das indústrias de carvão, alúmen e tecidos.

A tentativa de fortalecer o poder real através da taxação repercutiu desfavoravelmente na Câmara dos Comuns,
com o argumento de que ela era contrária ao direito dos súditos. A Câmara dos Comuns reunia deputados eleitos
nos condados e nas cidades, ou seja, a "gentry" e a burguesia urbana, grupos ligados por interesses comerciais.
Em resumo, o governo de Jaime I provocou violentas disputas com o Parlamento e descontentamento
generalizado entre seus membros.

Seu filho e sucessor Carlos I (1625/1642) continuou com a determinação de governar como monarca absolutista,
ignorando as novas forças sociais e econômicas que estavam se impondo na Inglaterra. Sua política de impor
empréstimos forçados e de encarcerar aqueles que se recusavam a pagar provocou a aprovação, em 1628, da
famosa "Petição de Direitos", lei que considerava ilegal a criação de impostos pelo rei, sem o consentimento do
Parlamento e proibia a prisão arbitrária.

Em represália, Carlos I governou durante onze anos sem convocar o Parlamento. Para sustentar o Estado, ele
criou taxas, restabeleceu tributos feudais, cobrou multas, multiplicou monopólios e estendeu o imposto do "ship
money", pago apenas pelas cidades portuárias para a defesa da marinha real, às demais regiões do país.

Outro grave problema ocorreu quando Carlos I tentou impor o Anglicanismo à Escócia presbiteriana provocando a
invasão da Inglaterra pelo exército escocês. Com o país ocupado e a burguesia recusando-se pagar o "ship
money" o monarca não teve outra saída senão convocar o Parlamento, para obter recursos. Ao entrar em
funcionamento, em 1640, o Parlamento despojou Carlos I de toda autoridade, aboliu o "ship money" e aprovou
uma lei que tornava sua convocação obrigatória, pelo menos uma vez a cada três anos.
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Nome: FRANCISCO CELIO NOGUEIRA

Em 1641, uma revolta na Irlanda católica desencadeou a crise que levou à Revolução. O Parlamento recusou-se
terminantemente a entregar o comando do exercito destinado à reconquista da Irlanda ao rei, por não confiar nele.
Carlos I, entretanto, não se conformou com a perda de seus direitos de chefe das forças armadas. Com um grupo
de adeptos, invadiu o Parlamento e tentou inutilmente prender os lideres da oposição. Sem apoio em Londres,
retirou-se para o norte do país, organizou um novo exército e acabou por mergulhar o país numa violenta guerra
civil, que durou de 1642 a 1649.

A Revolução Inglesa ou "Revolução Puritana"

O confronto entre a Monarquia e o Parlamento, agravado pelas divergências religiosas, levou ao conflito armado:
teve início a guerra civil (1642-1649) - também chamada "Revolução Puritana" - envolvendo os "Cavaleiros”,
partidários do Rei e “Cabeças Redondas”, defensores do Parlamento. Os realistas eram, principalmente,
anglicanos ou católicos, e seus adversários eram puritanos (calvinistas) moderados e radicais defensores dos
direitos à propriedade e sua livre exploração.

Entretanto, os dois grupos pertenciam basicamente às mesmas classes sociais, de proprietários de terras: a alta
nobreza, a gentry e a burguesia. Para o historiador inglês Christopher Hill, a divisão fundamental da sociedade
inglesa, que levou à guerra civil, não era de fundo religioso ou social e sim econômico: As regiões partidárias do
Parlamento eram o sul e leste economicamente avançados; a força dos realistas residia no norte e no oeste, ainda
semi feudais. Todas as grandes cidades eram parlamentares; freqüentemente, contudo, suas oligarquias
privilegiadas sustentam o rei. Só uma ou duas cidades episcopais, Oxford e Chester, eram realistas. Os portos
eram adeptos do Parlamento, mesma divisão encontrada no interior dos condados. Os setores industriais eram
favoráveis ao Parlamento, mas as regiões agrícolas eram adeptas do rei.

Entre os "Cabeças Redondas" destacou-se Oliver Cromwell, membro da gentry, que chefiou a cavalaria do
exército do Parlamento, sendo responsável pelas primeiras vitórias sobre os realistas, em 1644. Cromwell
organizou seu regimento de forma democrática: os soldados eram pequenos e médios proprietários rurais,
alistados voluntariamente e o critério de promoção baseava-se exclusivamente na eficiência militar. Aos poucos,
as forças do Parlamento passaram a se organizar da mesma maneira, formando o "New Model Army", imbatível
nos campos de batalha.

No rastro do New Model Army, surgiu um novo partido, de tendência democrática, os "Levellers" (niveladores),
formado por pequenos proprietários rurais, que defendiam a extinção da monarquia, o direito de voto e de
representação no Parlamento a todos os homens livres, a separação entre a Igreja e o Estado, o livre comércio e a
proteção da pequena propriedade.

Sob a liderança de Oliver Cromwell, o New Model Army, apoiado pelos niveladores, venceu a guerra, prendeu e
decapitou o rei Carlos I, proclamando a república, em 1649. A monarquia foi considerada "desnecessária,
opressiva e perigosa para a liberdade, segurança e interesse público do povo". A Câmara dos Lords também foi
extinta, por "inútil e perigosa".

A República de Cromwell (1649-1658)

Sustentado pelo exército, Cromwell logo dominou o Parlamento e o Conselho de Estado criado no lugar do rei. A
partir de 1653, transformou-se em ditador vitalício e hereditário, com o título de Lord Protetor. Entretanto, o novo
governo não atendeu as reivindicações dos "niveladores" de direito às terras e este partido foi derrotado, Na
República de Cromwell (ou commonwealth), prevaleceram os interesses da burguesia e da gentry.

As estruturas feudais ainda existentes foram eliminadas, favorecendo o livre desenvolvimento do capital. As terras
dos defensores do Rei e da Igreja Anglicana foram confiscadas e vendidas para a gentry. A propriedade absoluta
das terras ficou legalizada favorecendo o cercamento dos campos para a produção para o mercado. Com isso,
muitos camponeses foram definitivamente expulsos da área rural ou transformaram-se em mão-de-obra
assalariada.
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Nome: FRANCISCO CELIO NOGUEIRA

De fundamental importância para o desenvolvimento comercial e marítimo da Inglaterra, foi à promulgação do


"Ato de Navegação" de 1651, estabelecendo que o transporte de mercadorias importadas para o país deveria ser
feito apenas em navios ingleses. No plano externo, Cromwell manteve a conquista da Irlanda e da Escócia e
ampliou o império colonial inglês no Caribe e o domínio dos mares.

A Lei de Navegação inglesa de 1651

"Para o progresso marítimo e da navegação, que sob a boa providencia e proteção divina interessam tanto à
prosperidade, à segurança e ao poderio deste Reino (...) nenhuma mercadoria será importada ou exportada dos
paises, ilhas, plantações ou territórios pertencentes a Sua Majestade, na Ásia, América e África, noutros navios
senão nos que sem nenhuma fraude pertencem a súditos ingleses, irlandeses ou gauleses, ou ainda a habitantes
destes países, ilhas, plantações e territórios e que são comandados por um capitão inglês e tripulados por uma
equipagem com três quartos de ingleses (...)."
Após sua morte em 1658, Oliver Cromwell foi sucedido por seu filho Richard Cromwell que, entretanto, não
conseguiu governar, pois não exercia a mesma influência que o pai sobre o exército. Após breve período de crise,
o Parlamento convocou Carlos II para assumir o trono, em 1660.

A Revolução Gloriosa de 1666/1689 - A Vitória do Parlamento

A restauração no trono da Inglaterra dos Stuarts (Carlos II e Jaime II) não significou a volta ao absolutismo e sim a
afirmação do Parlamento como a principal força política da nação.

Carlos II (1660-1685) submeteu-se às limitações do poder real, impostas pelo Parlamento, com o qual conviveu
em harmonia até quase o final de seu governo. Em 1679, votou-se a importante lei do "Hábeas Corpus" (hoje
adotada por todos os países democráticos), que protegia o cidadão das prisões e detenções arbitrárias,
constituindo valioso instrumento de garantia à liberdade individual.

A Revolução Gloriosa ocorrida em 1688, no século XVII, representou a segunda manifestação da crise do regime
monárquico e absolutista (Antigo Regime) da época histórica que chamamos de Moderna. O poder monárquico, na
Inglaterra, foi severamente limitado, cedendo a maior parte de suas prerrogativas ao Parlamento, e, como
conseqüência, foi instalado o regime parlamentarista inglês que permanece até hoje. Esse processo teve início
com a Revolução puritana de 1640 (a primeira manifestação de crise do regime monárquico absolutista inglês) e
foi completado com a Revolução Gloriosa de 1688. Ambas, contudo, fazem parte do mesmo processo
revolucionário, o que nos leva a optar pela denominação Revolução Inglesa do século XVII e não Revoluções
Inglesas, como se fossem dois movimentos distintos. Na medida em que esse movimento revolucionário do século
XVII criou as condições indispensáveis para a Revolução Industrial do século XVIII, limpando o terreno para o
avanço do [capitalismo], deve ser considerado a primeira revolução burguesa da história na Europa, antecipando
em cento e cinqüenta anos a Revolução Francesa.

Durante o seu reinado de 3 anos, o rei Jaime II tornou-se vítima da batalha política entre catolicismo e
protestantismo, bem como entre os direitos divinos da coroa e os poderes políticos do parlamento.

O principal problema de Jaime, para a maioria dos ingleses, era ser católico , o que o limitava perante ambos os
partidos do parlamento (os tories - conservadores e os whigs - liberais). Qualquer tentativa de reforma tentada por
Jaime era vista como suspeita.

Jaime foi perdendo seu prestígio por algumas políticas consideradas indesejadas, como a criação de um exército
permanente e a tolerância religiosa (desde Henrique VIII que os católicos foram discriminados). Seu irmão e
predecessor, Carlos II de Inglaterra, tinha feito o mesmo, porém não tinha sido abertamente defensor dos católicos
como Jaime.

A questão degradou-se em 1688 quando teve um filho (James Francis Edward Stuart, conhecido como "the old
pretender"). Até ali, o trono teria passado para a sua filha protestante Maria. A perspectiva de uma dinastia católica
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Nome: FRANCISCO CELIO NOGUEIRA
tinha-se tornado agora real. Líderes do partido Tory, até aqui leais ao rei, uniram-se a membros da oposição Whig,
e se propuseram resolver a crise.

Foi lançada uma conspiração para depor Jaime e substituí-lo pela sua filha Maria e pelo seu marido Guilherme de
Orange, ambos protestantes. Guilherme liderava a Holanda, então em guerra com a França: a guerra da grande
aliança. Vendo a hipótese de adicionar a Inglaterra à sua aliança, Guilherme e Maria desembarcaram em Brixham,
Devon, em 5 de Novembro de 1688 com um grande exército holandês.

Jaime perdeu os nervos. O seu exército, comandado pelo futuro duque de Marlborough, desertou, tendo Jaime
fugido para Kent, onde foi capturado. A memória da execução de Carlos I ainda estava viva, pelo que lhe foi
permitida a viagem para França.

Em 1689, reuniu-se a convenção do parlamento, que declarou que a fuga de Jaime equivaleu à abdicação. O
trono foi oferecido a Guilherme e Maria, como governadores conjuntos, um arranjo que eles aceitaram. Guilherme
de Orange foi então coroado Rei, com o título de Guilherme III.

Apesar de uma revolta em apoio de Jaime na Escócia e na Irlanda, onde Jaime usou os sentimentos católicos
locais para tentar recuperar o trono em 1689-1690, a revolução foi notavelmente pacífica. Pode ser vista mais
como um golpe de estado do que como uma autêntica revolução. A Inglaterra permaneceu calma, a revolta nas
Highlands escocesas foi domada. Jaime foi expulso da Irlanda no seguimento da batalha de Boyne.

A Revolução Gloriosa foi um dos eventos mais importante na longa evolução dos poderes em posse do
parlamento e da coroa inglesa. Com a passagem no parlamento da Bill of Rights (declaração de direitos), foi
tornado impossível qualquer retorno à monarquia por um católico, e acabou com as tentativas para o retorno do
absolutismo monárquico nas ilhas britânicas, ao limitar os poderes do monarca. O evento marcou a supremacia do
parlamento sobre a coroa.

ILUMINISMO (LIBERALISMO POLÍTICO E LIBERALISMO ECONÔMICO)

O ponto culminante da Revolução Industrial, em filosofia foi um movimento conhecido como Iluminismo. Iniciado
na Inglaterra por volta de 1680 rapidamente se difundiu, atingindo a maior parte dos países do norte da Europa e
não deixando de ter influência também na América. A manifestação Suprema do Iluminismo verificou-se, contudo,
na França, e o período em que ele se revestiu de verdadeira importância foi o séc. XVIII. Poucos movimentos
históricos tiveram efeitos tão profundos no sentido de moldar o pensamento dos homens e de orientar o curso das
suas ações.

O Iluminismo possuía algumas características marcantes: regimes democráticos constitucionais, em alguns casos
baseados na participação popular através do voto, questionamento do absolutismo monárquico, divisão dos três
poderes e crítica ao princípio da intervenção do Estado na economia.

A inspiração do Iluminismo proveio, em partes, do racionalismo de Descartes, Espinosa e Hobbes, mas os


verdadeiros fundadores do movimento foram: Sir Isaac Newton (1642-1727) e John Locke (1632-1704). Ainda que
Newton não tenha sido um filósofo no sentido comum da palavra, sua obra teve a mais profunda significação para
a história do pensamento.

O Iluminismo alcançou o apogeu da sua glória na França, durante o séc. XVIII, sob a influência de Voltaire e de
outros críticos da ordem estabelecida.

PRIMEIRA GRANDE GUERRA (1914-1918)

"O odor fétido nos penetra garganta à dentro ao chegarmos na nossa nova trincheira, à direita dos
Éparges. Chove torrencialmente e nos protegemos com lonas e tendas de campanha afiançadas nos
muros da trincheira. Ao amanhecer do dia seguinte constatamos estarrecidos que nossas trincheiras

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estavam feitas sobre um montão de cadáveres e que as lonas que nossos predecessores haviam colocado
estavam para ocultar da vista os corpos e restos humanos que ali estavam."
Raymond Naegelen, na região de Champagne.

A EUROPA ÀS VÉSPERAS DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

A Primeira Guerra Mundial foi o resultado das tensões entre as potências européias e das disputas por áreas
coloniais. Dos vários fatores que provocaram o conflito, destacaram-se: o revanchismo francês, a Questão da
Alsácia-Lorena e a Questão Balcânica. A Alemanha, após a unificação política, passou a reivindicar áreas
coloniais e a contestar a hegemonia internacional inglesa, favorecendo a formação de blocos antagônicos.

Constituíram-se, assim, a Tríplice Aliança (Alemanha, Áustria-Hungria e Itália) e a Tríplice Entente (Inglaterra,
Rússia e França). Os blocos rivalizavam-se política e militarmente, até que em 1914, surgiu o motivo da eclosão
da Guerra: o assassinato do herdeiro do trono Áustro-Húngaro (Francisco Ferdinando), em Sarajevo (Bósnia).

Após a não aceitação do ultimato pelo governo sérvio, a Áustria declara guerra à Sérvia. O conflito iniciou-se como
uma guerra de movimento para depois se transformar em uma guerra de trincheiras. Em 1917, os EUA entraram
na guerra ao lado da Tríplice Entente, no mesmo ano em que a Rússia, por causa da Revolução Bolchevique,
retirava-se. Os reforços dos EUA foram suficientes para acelerar o esgotamento do bloco Alemão, sendo que em
1918, a Alemanha assinou sua rendição. No ano seguinte foi assinado o Tratado de Versalhes, que estabeleceu
severas sanções aos alemães. Outras nações derrotadas também foram obrigadas a assinarem acordos, o que
implicava em perdas territoriais e pagamento de dívidas de guerra. Buscou-se ainda, criar um órgão responsável
pela paz mundial. Nascia a Liga das Nações, que fracassará na tentativa de evitar uma nova guerra.

Apesar da proposta dos 14 pontos do presidente Wilson (EUA), prevaleceram punições humilhantes aos alemães,
semeando o revanchismo que desencadearia, depois, a Segunda Guerra Mundial. A Primeira Guerra provocou
uma alteração profunda na ordem mundial. Os EUA surgiram como principal potência econômica mundial,
surgiram novas nações devido ao desmembramento do Império Áustro-Húngaro, Turco e alemão, além das
influências para a revolução na Rússia.

Rivalidades e Tensões Internacionais

As ambições imperialistas das grandes potências européias podem ser mencionadas como o principal fator
responsável pelo clima internacional de tensão e de rivalidade que marcou o início do século XX.
Essas ambições imperialistas manifestaram-se através dos seguintes fatores:

Concorrência econômica: As grandes potências industrializadas buscavam por todos os meios dificultar a
expansão econômica do país concorrente. Essa concorrência econômica tornou-se particularmente intensa entre
Inglaterra e Alemanha, que depois da unificação política entrou num período de rápido desenvolvimento industrial.

Disputa colonial: A concorrência econômica entre as nações industrializadas teve como importante conseqüência
a disputa por colônias na África e na Ásia. O domínio de colônias era a solução do capitalismo monopolista para
os problemas de excedentes de produção e de controle das fontes fornecedoras de matérias-primas.

Além desses problemas meramente econômicos, a Europa possuía focos de conflito que transpareciam no plano
político. Em diversas regiões, surgiam movimentos nacionalistas que apresentavam o objetivo de agrupar povos
sob um mesmo Estado, levando-se em consideração raízes culturais e étnicas. Todos esses movimentos políticos
também estavam vinculados a interesses econômicos.

Entre os principais movimentos nacionalistas que se desenvolveram na Europa, podemos destacar:


O Pan-eslavismo: Liderado pela Rússia, pregava a união de todos os povos eslavos da Europa Oriental,
principalmente aqueles que se encontravam dentro do Império Austro-Húngaro.
O Pan-germanismo: Liderado pela Alemanha, pregava a completa anexação de todos os povos germânicos da
Europa Central.
Revanchismo francês: Com a derrota da França na guerra contra a Alemanha, em 1870, os franceses foram
obrigados a ceder aos alemães os territórios da Alsácia-Lorena, cuja região era rica em minérios de ferro e em
carvão. A partir dessa guerra, desenvolveu-se na França um movimento de cunho nacionalista-revanchista, que
visava desforrar a derrota sofrida contra a Alemanha e recuperar os territórios perdidos.

Nesse contexto de disputas entre as potências européias, podemos destacar duas grandes crises, que
provocariam a guerra mundial:

A crise do Marrocos: Entre 1905 e 1911, França e Alemanha quase chegaram à guerra, por causa da disputa da
região do Marrocos, no norte da África. Em 1906, foi convocada uma conferência internacional, na cidade
espanhola de Algeciras, com o objetivo resolver as disputas entre franceses e alemães. Essa conferência
deliberou que a França teria supremacia sobre o Marrocos, enquanto à Alemanha caberia uma pequena faixa de
terras no sudoeste africano. A Alemanha não se conformou com a decisão desfavorável, e em 1911, provoca
novos conflitos com a França pela disputa da África. Para evitar a guerra, a França concedeu à Alemanha uma
considerável parte do Congo francês.

A crise balcânica: No continente europeu, um dos principais focos de atrito entre as potências era a Península
Balcânica, onde se chocavam o nacionalismo da Sérvia e o expansionismo da Áustria. Em 1908, a Áustria anexou
a região da Bósnia-Herzegovina, ferindo os interesses da Sérvia, que pretendia incorporar aquelas regiões
habitadas por eslavos e criar a Grande Sérvia.

Os movimentos nacionalistas da Sérvia passaram a reagir violentamente contra a anexação austríaca da Bósnia-
Herzegovina. Foi um incidente ligado ao movimento nacionalista da Sérvia (assassinato de Francisco Ferdinando)
que serviu de estopim para a guerra mundial.

A Política de Alianças e o Estopim da Guerra

As ambições imperialistas associadas ao nacionalismo exaltado fomentavam todo um clima internacional de


tensões e agressividade. Sabia-se que a guerra entre as grandes potências poderia explodir a qualquer momento.
Diante desse risco quase certo, as principais potências trataram de estimular a produção de armas e de fortalecer
seus exércitos. Foi o período da Paz Armada. A principal característica desse período foi a elaboração de diversos
tratados de aliança entre países, cada qual procurava adquirir mais força para enfrentar o país rival.
Ao final de muitas e complexas negociações bilaterais entre governos, podemos distinguir na Europa, por volta de
1907, dois grandes blocos distintos:

A Tríplice Aliança: formada por Alemanha, Império Austro-Húngaro e Itália;


A Tríplice Entente: formada por Inglaterra, França e Rússia.

Essa aliança original entre países europeus modificou-se nos anos da guerra, tanto pela adesão de alguns países
como pela saída de outros. Conforme seus interesses imediatos, alguns países mudavam de posição, como a
Itália, que em 1915 recebeu dos países da Entente a promessa de compensações territoriais, caso mudasse de
lado.

Mergulhada num clima de tensões cada vez mais insuportáveis, a Europa vivia momentos em que qualquer atrito,
mesmo incidental, seria suficiente para incendiar o estopim da guerra. De fato, esse atrito surgiu em função do
assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austríaco. O crime foi praticado pelo estudante
Gavrilo Princip, ligado ao grupo nacionalista sérvio "Unidade ou Morte", que era apoiado pelo governo da Sérvia.

O assassinato provocou a reação militar da Áustria, e a partir daí diversos outros países envolveram-se no conflito,
uma verdadeira reação em cadeia (devido à política de alianças).

Os passos iniciais do conflito europeu (1914) foram os seguintes:

28 de julho: O Império Austro-Húngaro declara guerra à Sérvia;


29 de julho: E apoio à Sérvia, a Rússia mobiliza seus exércitos contra o Império Austro-Húngaro e contra a
Alemanha;
1º de agosto: A Alemanha declara guerra à Rússia;
3 de agosto: A Alemanha declara guerra à França. Para atingi-la, mobiliza seus exércitos e invade a Bélgica, que
era um país neutro;
4 de Agosto: A Inglaterra exige que a Alemanha respeite a neutralidade da Bélgica. Como isso não ocorre, declara
guerra à Alemanha.
O nome Primeira Guerra Mundial foi atribuído ao conflito de 1914 a 1918, pois essa foi a primeira guerra da qual
participaram as principais potências das diversas regiões da Terra, embora o principal "cenário da guerra" tenha
sido o continente europeu.
Vejamos, a seguir, algumas nações que se envolveram no conflito:
Do lado da Alemanha e do Império Austro-Húngaro: Turquia (1914) e Bulgária (1915);
Do lado da França, da Inglaterra e da Rússia: Bélgica(1914), Sérvia (1914), Japão (1914), Itália (1915), Portugal
(1915), Romênia (1916), Estados Unidos (1917), Brasil (1917) e Grécia (1917).

Os conflitos internacionais anteriores tinham um caráter localizado, sempre restrito a países de um mesmo
continente. Já o conflito de 1914 a 1918, envolveu potências que tinham alcançado a industrialização. Potências
que "dedicam sua capacidade de produção ao desenvolvimento de uma poderosa indústria bélica e todos alinham
efetivos consideráveis, extraídos principalmente da população rural, cuja diminuição acarreta uma inquietadora
redução dos aprovisionamentos. Assim, o conflito desorganiza as trocas e abala seriamente a estrutura econômica
do mundo".

PRIMEIRA FASE (1914-1915)

Essa fase foi marcada pela imensa movimentação dos exércitos beligerantes. Ocorreu uma rápida ofensiva das
forças alemãs, e várias batalhas foram travadas, principalmente em território francês, para deter esse avanço.

Em setembro de 1914, uma contra-ofensiva francesa deteve o avanço alemão sobre Paris (Batalha do Marne). A
partir desse momento, a luta na frente ocidental entrou num período de equilíbrio entre as forças em combate.

SEGUNDA FASE (1915 – 1917)

A imensa movimentação de tropas da primeira fase foi substituída por uma guerra de posições, travada nas
trincheiras. Cada um dos lados procurava garantir seus domínios, evitando a penetração das forças inimigas. Os
combates terrestres tornaram-se extremamente mortíferos, com a utilização de novas armas: metralhadoras,
lança-chamas e projéteis explosivos. Mas a grande novidade em termos de recursos militares foi a utilização do
avião e do submarino.

Como salientou John Kenneth Galbraith, o desenvolvimento das técnicas militares de matar não foi acompanhado
pelo desenvolvimento da "capacidade de pensar" dos generais tradicionais. "A adaptação de táticas estava muito
além da capacidade da mentalidade militar contemporânea. Os generais hereditários e seus quadros de oficiais
não pensavam em outra coisa senão em enviar contingentes cada vez maiores de homens, eretos, sob pesada
carga, avançado a passo lento, em plena luz meridiana, contra o fogo de metralhadora inimigo, após pesado
bombardeio de artilharia. A esse bombardeio, as metralhadoras, pelo menos um número suficiente delas,
invariavelmente sobreviviam. Por isso, os homens que eram mandados avançar eram sistematicamente
dizimados, e essa aniquilação, é preciso que se frise, não é figura de retórica, ou força de expressão. Quem fosse
lutar na Primeira Guerra Mundial não tinha esperança de retornar".

TERCEIRA FASE (1917-1918)

Desde o início da guerra, os Estados Unidos mantinham uma posição de "neutralidade" em face do conflito. Ou
não intervinham diretamente com suas tropas na guerra.

Em janeiro de 1917, os alemães declararam uma guerra submarina total, ameaçando com o uso de torpedos todos
os navios mercantes que transportassem mercadorias para seus inimigos na Europa.
Pressionado pelos poderosos banqueiros dos EUA, cujo capital investido na França e na Inglaterra achava-se
ameaçado, o norte-americano declarou guerra à Alemanha e ao Império Austro-Húngaro em 6 de abril de 1917.

A Rússia retirou-se da guerra, favorecendo a Alemanha na frente oriental. E pelo Tratado de Brest-Litovsk,
estabeleceu a paz com a Alemanha. Esta procurou concentrar suas melhores tropas no ocidente, na esperança de
compensar a entrada dos Estados Unidos. A Alemanha já não tinha condições para continuar a guerra. Surgiram
as primeiras propostas de paz do presidente dos Estados Unidos, propondo, por exemplo, a redução dos
armamentos, a liberdade de comércio mundial etc.

Com a ajuda material dos Estados Unidos, ingleses e franceses passaram a deter uma superioridade numérica
brutal em armas e equipamentos sobre as forças inimigas.

A partir de julho de 1918, ingleses franceses e americanos organizaram uma grande ofensiva contra seus
oponentes.

Sucessivamente, a Bulgária, a Turquia e o Império Austro-Húngaro depuseram armas e abandonaram a luta. A


Alemanha ficou sozinha e sem condições de resistir ao bloqueio, liderado pelos Estados Unidos, que "privaram o
exército alemão, não de armamentos, mas de lubrificantes, borracha, gasolina e, sobretudo, víveres".

Dentro da Alemanha, agravava-se a situação política. Sentindo a iminência da derrota militar, as forças políticas de
oposição provocaram a abdicação do imperador Guilherme II. Imediatamente, foi proclamada a República alemã,
com sede a cidade de Weimar, liderada pelo partido social democrata.

Em 11 de novembro de 1918, a Alemanha assinou uma convenção de paz em condições bastante desvantajosas,
mas o exército alemão não se sentia militarmente derrotado. Terminada a guerra, os exércitos alemães ainda
ocupavam os territórios inimigos, sem que nenhum inimigo tivesse penetrado em territórios alemães.

O Tratado de Versalhes e a Criação da Liga das Nações

No período de 1919 a 1929, realizou-se no palácio de Versalhes, na França, uma série de conferências com a
participação de 27 estados nações vencedoras da Primeira Guerra Mundial. Lideradas pelos representantes dos
Estados Unidos, da Inglaterra e da França, essas nações estabeleceram um conjunto de decisões, que impunham
duras condições à Alemanha. Era o Tratado de Versalhes, que os alemães se viram obrigados a assinar, no dia 28
de junho de 1919. Do contrário, o território alemão poderia ser invadido.

Contendo 440 artigos, o Tratado de Versalhes era uma verdadeira sentença penal de condenação à Alemanha.
Estipulava, por exemplo, que os germânicos deveriam:

 Entregar a região da Alsácia-Lorena à França;


 Ceder outras regiões à Bélgica, á Dinamarca e a Polônia;
 Entregar quase todos os seus navios mercantes à França, Inglaterra e Bélgica;
 Pagar uma enorme indenização em dinheiro aos países vencedores;
 Reduzir o poderio militar dos seus exércitos sendo proibida de possuir aviação militar.

Não demorou muito tempo para que todo esse conjunto de decisões humilhantes, impostas à Alemanha,
provocasse a reação das forças políticas que no pós-guerra, se organizaram no país. Formou-se, assim, uma
vontade nacional alemã, que reivindicava a revogação das duras imposições do Tratado de Versalhes. O nazismo
soube explorar muito bem essa "vontade nacional alemã", gerando um clima ideológico para fomentar a Segunda
Guerra Mundial (1939 – 1945).

Além do Tratado de Versalhes, foram assinados outros tratados entre os países participantes da Primeira Guerra
Mundial. Através desses tratados, desmembrou-se o Império Austro-Húngaro, possibilitando o surgimento de
novos países.
Em 28 de abril de 1919, a Conferência de Paz de Versalhes aprovou a criação da Liga das Nações (ou Sociedade
das Nações), atendendo proposta do presidente dos Estados Unidos. Sediada em Genebra, na Suíça, a Liga das
Nações deu início às suas atividades em janeiro de 1920, tendo como missão agir como mediadora no caso de
conflitos internacionais, procurando, assim, preservar a paz mundial.

A Liga das Nações logo se revelou uma entidade sem força política, devido à ausência das grandes potências.

O Senado americano vetou a participação dos Estados Unidos na Liga, pois discordava da posição fiscalizadora
dessa entidade em relação ao cumprimento dos tratados internacionais firmados no pós-guerra. A Alemanha não
pertencia à Liga e a União Soviética foi excluída. A Liga das Nações foi impotente para impedir, por exemplo, a
invasão japonesa na Manchúria, em 1931, e o ataque italiano à Etiópia, em 1935.

"Durante mais de uma hora, antes que alguém fale, ficamos estendidos, arquejantes, descansando.
Estamos de tal forma esgotados que, apesar da acuidade da nossa fome, não pensamos nas conversas.
Só a pouco e pouco tornamos a ser, pouco mais ou menos, seres humanos."
E. M. Remarque

ESTADOS QUE EMERGIRAM AO FINAL DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

REVOLUÇÃO RUSSA (1917)

No início do século XX a Rússia é um conjunto heterogêneo de etnias, povos e culturas, ocupando um território de
22 milhões de quilômetros quadrados sob regime absolutista e pouco desenvolvida economicamente. As terras
estão concentradas nas mãos da nobreza, com uma população rural que atinge 85% do total geral de 170 milhões
de habitantes. O Partido Social Democrata desarticulado pela polícia, em 1898, reorganiza-se no exterior, tendo
Lênin como principal articulador. A derrota na guerra contra o Japão (1904-1905) pelo domínio da Coréia, a
Revolução de 1905 e as perdas na Primeira Guerra Mundial, somadas à precária situação política e econômica,
resultam na revolução comunista.

Revolução de 1905 - (Ensaio Geral)

Em 22 de janeiro de 1905, mais de mil operários são massacrados em uma manifestação pacífica em São
Petersburgo, no episódio conhecido como Domingo Sangrento. Seguem-se outras revoltas, como a dos
marinheiros do encouraçado Potemkim em Odessa, e a da guarnição da base de Kronstadt. Diante da reação
popular, o czar permite a formação da Duma (Parlamento) mas às vésperas da Segunda Guerra Mundial as forças
policiais do governo voltam a agir com violência.

O governo de Nicolau II é autocrático e corrupto e o czar é suspeito de ser simpático aos alemães. O ministério é
dominado pela estranha figura de Grigor Rasputin, um camponês siberiano e ocultista cuja libertinagem e poder
político despertam o ódio da população. Rasputin é assassinado em 1916.

PARTICIPAÇÃO NA PRIMEIRA GUERRA

A mobilização de cerca de 13 milhões de soldados desfalca os setores mais produtivos da sociedade. Os gastos
com a guerra diminuem os investimentos em bens de consumo, elevando os preços e provocando inúmeros
conflitos internos. Os soldados russos morrem nas frentes de batalha por falta de equipamentos, alimentos e
vestuário. A fome chega às grandes cidades, onde também falta carvão no inverno. Em 1916 o país é varrido por
greves. A greve dos operários de Petrogrado, por exemplo, mobiliza cerca de 200 mil trabalhadores.

Industrialização tardia

A industrialização russa é tardia, realizada sob a liderança do capital europeu ocidental (±72%) sobretudo alemão,
belga e francês. Assim, a remessa de lucros para o exterior é muito grande. O proletariado é pouco numeroso,
cerca de 3 milhões, e concentrado em Moscou, Petrogrado e Odessa. É, porém, avançado e sensível à pregação
anarquista, socialista, sindicalista e comunista, graças às péssimas condições de trabalho, com salários
miseráveis e jornadas de 11 ou 12 horas. A burguesia russa é composta de comerciantes, funcionários estatais e
industriais. É uma burguesia fraca, sem projeto político próprio, esmagada entre a aristocracia de terras, o
proletariado urbano e o campesinato.

Organização política

A oposição ao czar Nicolau II é dividida em duas correntes: a liberal reformista, favorável a um regime parlamentar
burguês e apoiada pela burguesia; e a revolucionária, que compreende os socialistas-revolucionários e os social-
democratas. Os primeiros são contrários à industrialização da Rússia, e defendem um regime socialista agrário
caracterizado pela exploração coletiva das terras após o confisco das grandes propriedades. Os segundos são
adeptos das teorias socialistas de Marx e Engels, e se organizam no meio do proletariado urbano. O segundo
congresso do Partido Operário Social-Democrata, reunido em 1903, divide-se em duas facções quanto às táticas
de tomada do poder, os mencheviques e os bolcheviques.

Mencheviques

Uma das duas correntes principais do Partido Operário Social-Democrata Russo. Os mencheviques (termo que
significa minoria) são marxistas, defendem um grande partido de massas, com base social ampla e alianças com
os progressistas e democratas, inclusive com a burguesia liberal. Não acreditam na possibilidade de implantação
imediata do socialismo na Rússia por falta das condições objetivas previstas por Marx e Engels. Para os
mencheviques, um longo processo de transformações econômicas e sociais conduziria à revolução. Os principais
líderes mencheviques são Martov e Axelrod.

Bolcheviques

Corrente majoritária do Partido Operário Social-Democrata Russo que defende a implantação de um governo de
ditadura do proletariado por intermédio da ação de um partido centralizado, fortemente disciplinado, capaz de
conduzir a classe operária. Para os bolcheviques (palavra que significa maioria), os operários devem fazer a
revolução imediatamente e implantar o socialismo. Os principais líderes bolcheviques são Lênin e Trotsky. As
idéias do grupo são propagadas na Rússia por meio de jornais clandestinos, como o Pravda (a verdade).

REVOLUÇÃO DE FEVEREIRO

Em fevereiro de 1917 as greves tomam conta das principais cidades russas. A insatisfação com a guerra e com o
colapso do abastecimento chega ao seu ponto máximo. A greve da usina metalúrgica de Putilov, com a
participação de 90 mil trabalhadores, recebe o apoio de organizações femininas e a insurreição se espalha. A
capital é tomada pelos rebeldes em 25 e 26 de fevereiro. A sublevação chega a Petrogrado em 27 de fevereiro (12
de março no calendário ocidental). É a Revolução de Fevereiro. Os revolucionários recebem apoio de parte do
Exército. Em Moscou, tomam o Kremlin, antiga fortaleza no centro da cidade e símbolo do poder absolutista dos
czares.

Formação dos sovietes

Depois da revolução, dois poderes disputam o comando do governo: o Comitê Executivo Provisório da Duma,
constituído por liberais e favorável à negociação com os insurretos; e o SOVIETE dos Operários e Soldados, eleito
a 27 de fevereiro (12 de março) e formado por socialistas-revolucionários e mencheviques.

Fim da monarquia russa

O Czar Nicolau II comanda a resistência, mas é abandonado pelos chefes militares e abdica em favor de seu
irmão, o grão-duque Miguel, que não aceita assumir o poder. A monarquia está extinta na Rússia.
Governo Provisório

Um governo provisório é instalado de comum acordo entre o Soviete dos Operários e Soldados e o Comitê
Executivo Provisório da Duma (o Parlamento), sob a presidência do príncipe Lvov. A esquerda é representada na
Duma pelo socialista moderado Alexander Kerensky. Como os líderes bolcheviques estão presos ou exilados, os
operários não estão presentes no governo. Em conseqüência disso, o poder ficou com o Soviete de Petrogrado. O
governo provisório vai de 17 de março a 15 de maio de 1917, não consegue debelar a crise interna e ainda insiste
na continuação da guerra contra a Alemanha. A liderança de Lênin cresce. O líder bolchevista prega a saída da
Rússia da guerra, o fortalecimento dos sovietes e o confisco das grandes propriedades rurais, com a distribuição
das terras aos camponeses. Cresce a influência dos sovietes nas fábricas e na Marinha. Em 4 de maio, o governo
é vítima de suas próprias contradições e se demite. O príncipe Lvov se mantém à frente de um novo governo de
coalizão, formado por mencheviques e socialistas-revolucionários e com Kerenski à testa do Ministério da Guerra.
A crise social e as derrotas na guerra contra a Alemanha provocam diversas sublevações, como as Jornadas de
Julho, que tiveram a participação dos marinheiros de Kronstadt. As insubordinações são controladas, mas a
pressão da população leva ao poder um governo majoritariamente socialista moderado, sob a chefia de Kerenski.
Lvov deixa o poder e Lênin busca asilo na Finlândia.

REVOLUÇÃO DE OUTUBRO

Um levante popular aniquila um golpe de direita desfechado por militares contra-revolucionários de Petrogrado. Os
cossacos, soldados recrutados entre as populações nômades ou semi-sedentárias e que fazem parte de
regimentos especiais da cavalaria russa, passam para o lado dos revolucionários e a esquerda ganha força entre
os trabalhadores. O governo Kerenski não consegue se manter, isolado das principais facções em luta. Da
Finlândia, Lênin comanda o avanço da Revolução. Os bolcheviques ingressam em massa nos sovietes e Trotsky é
eleito presidente do Soviete de Petrogrado. Lênin entra clandestinamente na Rússia e leva o comando
bolchevique a encampar a idéia de revolução. A resistência de Kerenski, em Moscou, é debelada e no dia 25 de
outubro os bolcheviques tomam o Palácio de Inverno do czar. Kerenski foge da Rússia. Os bolcheviques,
largamente majoritários no Congresso Panrusso dos Sovietes, tomam o poder em 7 de novembro de 1917. É
criado um Conselho dos Comissários do Povo, presidido por Lênin. Trotsky assume o Ministério dos Negócios
Estrangeiros e Stalin o das Nacionalidades (Interior). A Revolução Russa é vitoriosa e instala o primeiro Estado
socialista do mundo.

Lênin (1870-1924), pseudônimo do estadista russo Vladimir Ilitch Ulianov, líder bolchevista e uma das principais
figuras da Revolução Russa. Nasce em Ulianovsk, filho de um professor. Adversário do regime czarista desde a
juventude, começa a cursar direito no mesmo ano em que um de seus irmãos é enforcado por conspirar contra o
governo. É expulso da universidade por participar de manifestações políticas. Estuda a obra de Karl Marx e
procura adaptar o marxismo à realidade russa. Termina o curso de direito e passa a morar em São Petersburgo
(capital da Rússia, na época) dirigindo jornais clandestinos de propaganda marxista. É preso em 1895 e deportado
para a Sibéria. Em 1901 lança a revista Zaria (o alvorecer) e depois o jornal Iskra (a centelha), onde passa a
assinar com o pseudônimo Lênin. É um dos fundadores do Partido Operário Social-Democrata Russo e, desde
1903, o principal dirigente da ala bolchevique. Depois da revolução de 1905, é obrigado a exilar-se na França e na
Suíça, onde organiza os emigrados russos e desenvolve trabalho de propaganda contra o czarismo. Em 1912
orienta a criação do jornal clandestino Pravda (a verdade). Quando o czar Nicolau II é deposto em fevereiro de
1917, Lênin está em Zurique, mas volta à Rússia com ajuda dos alemães. Em outubro, dirige o golpe bolchevista e
instala o Estado soviético. Em 1918 Lênin leva um tiro de uma militante de direita e há versões de que tenha
morrido por intoxicação do chumbo da bala, que nunca pôde ser retirada. Em 1923 sofre um derrame do qual não
se recupera totalmente. Morre em Gorki, perto de Moscou, em 1924, sem forças para impedir a designação de
Stalin para secretário-geral do Partido Comunista. Seu corpo é embalsamado e exposto ao público no Kremlin.

Primeiras medidas

Os bolcheviques iniciam a mudança do sistema político e econômico da Rússia. Já em novembro de 1917 o


governo nacionaliza as terras - 40% do solo era de propriedade da nobreza - e cede aos camponeses o direito
exclusivo de sua exploração. O controle das fábricas é transferido aos operários, os estabelecimentos industriais
são expropriados pelo governo e os bancos nacionalizados. Moscou passa a ser a capital do país. Em março do
ano seguinte os bolcheviques assinam a paz em separado com a Alemanha, em Brest-Litovsk, aceitando entregar
a Polônia, a Ucrânia e a Finlândia.

GUERRA CIVIL (1918-1921)

Em 1918, após a assinatura da paz com a Alemanha, a Rússia vê-se tomada por uma sangrenta guerra civil.
Capitalistas e proprietários de terras, auxiliados por generais czaristas, políticos liberais, social-revolucionários,
mencheviques e setores do campesinato, tentam retomar o poder dos bolcheviques. Os contra-revolucionários são
chamados de Brancos e os bolcheviques de Vermelhos. É uma oportunidade para o Reino Unido, França e Japão
e, mais tarde, a Polônia tentarem derrubar o governo russo e colocar o país novamente na guerra contra a
Alemanha. Para tanto, ajudam os contra-revolucionários Brancos com tropas, armas, munições e provisões.

Exército Vermelho

Trotsky apela ao povo russo, tanto em nome da Revolução quanto do patriotismo e do nacionalismo, e organiza o
Exército Vermelho, responsável pela derrota dos contra-revolucionários Brancos e das forças externas invasoras.

Fuzilamento da família imperial

A conseqüência da vitória bolchevique é a instituição do Terror, com o fuzilamento sumário de milhares de


pessoas. O czar Nicolau II e sua família são executados pelos bolcheviques em Ekaterinburgo. Ainda em 1918,
uma socialista-revolucionária de direita, Fany Kaplan, comete um atentado contra Lênin, provocando um massacre
em Petrogrado por parte da polícia bolchevique. O processo revolucionário já não pode mais ser contido, as
dissidências são esmagadas e a ameaça da contra-revolução afastada.

Colapso econômico

O perigo de uma vitória contra-revolucionária, porém, obriga o governo a tomar medidas de exceção para reduzir a
fome e modernizar o país. A indústria recebe estímulos para aumentar a produção, com a adoção de métodos de
racionalização do trabalho. Técnicos estrangeiros são contratados para auxiliar na recuperação do parque
industrial.

O Estado confisca o trigo e torna sua produção monopólio estatal. A terra dos kulaks, médios proprietários rurais, é
dividida e os camponeses pobres estabelecem governos locais para reunir o trigo excedente e administrar sua
circulação e consumo.

NEP

Em 1921, com a Revolução consolidada, Lênin institui a Nova Política Econômica, uma volta ao capitalismo de
Estado, como solução para vencer o impasse econômico. A indústria ainda vai mal e a Rússia continua um país
atrasado. A população está descontente com os problemas de produção e abastecimento. Em Petrogrado, os
operários se insurgem contra o governo e ocorrem outras rebeliões internas, logo contidas. Com a NEP, cujo
objetivo é planejar a economia e a sociedade, é permitida a criação de empresas privadas, como a manufatura e o
comércio em pequena escala. As liberdades salariais e a de comércio exterior são retomadas sob a supervisão do
Estado. Os camponeses são obrigados a pagar taxas, em espécie, e são autorizados os empréstimos externos,
como os negociados com a Inglaterra e a Alemanha.

Formação da URSS

A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas é criada em 1924 com a adoção de nova Constituição. A criação de
uma União é a fórmula encontrada pelos bolcheviques para conseguir manter unidas nacionalidades, etnias e
territórios que pouco têm em comum. Segundo a Constituição de 1924, as repúblicas têm autonomia, proposta que
nunca saiu do papel. O poder é mantido por alguns líderes do Comitê Central por intermédio do Partido
Comunista.
Luta pela sucessão de Lênin

Lênin morre em 1924 e sua morte desencadeia uma violenta luta pelo poder entre Trotsky e Stalin. É uma luta
entre concepções diferentes de política e revolução. Para Trotsky, o sucesso do socialismo na URSS depende da
vitória de revoluções operárias nos países vizinhos. Defende, portanto, a revolução mundial. Stalin, ao contrário,
pretende implantar o socialismo apenas na URSS, arquivando a tese da revolução mundial até conseguir a
industrialização do país, com a União Soviética em pé de igualdade com as nações capitalistas. Trotsky é um
intelectual de formação sofisticada, viajado, criador do Exército Vermelho e respeitado teórico marxista. Stalin é
um revolucionário sem sofisticação, que soube construir uma máquina política dentro do partido. É duro e brutal,
como demonstra nos anos posteriores. Vence Trotsky, que é expulso do partido em 1927 e do país em 1929. Em
1940 é assassinado no México por ordem de Stalin.

Stalin (1879-1953), como fica conhecido o político soviético Josef Vissarionovitch Djugashvili, que governa a
URSS por 30 anos. Nasce na Geórgia, filho de um sapateiro e de uma lavadeira. Órfão de pai logo cedo, é
enviado a um seminário ortodoxo, mas é expulso no último ano e começa a militar no movimento social-
democrático. Em 1902 é preso e deportado para a Sibéria, de onde foge em 1904. Depois de organizar greve geral
em 1905, é novamente preso, e outra vez consegue fugir. Eleito para o Comitê Central do Partido Comunista
(bolchevique), volta à prisão em 1910 e escapa de novo, um ano depois. Em 1912 participa da fundação do jornal
clandestino Pravda (a verdade). No ano seguinte, adota o nome de Stalin (homem de aço), é preso e deportado
para a região polar. É libertado apenas em 1917, depois da deposição do czar. Em 1917 integra o Comitê Central
do Partido Bolchevique. Na guerra civil, comanda as tropas do Exército Vermelho na região do Volga. Assume o
Comissariado do Povo para as Nacionalidades em 1918 e a Secretaria-Geral do PC em 1923. Sucede Lênin em
1924. Em 1928 promove a coletivização forçada da terra, com a morte de mais de 6 milhões de camponeses, a
industrialização acelerada e o planejamento centralizado. Consolida seu poder nos anos 30, mandando matar
seus adversários por intermédio dos Processos de Moscou. Toda a velha guarda bolchevique é assassinada por
sua ordem. Passa a controlar os partidos comunistas de todo o mundo através da Terceira Internacional) -
levando, por exemplo, a esquerda alemã a disputar dividida as eleições de 1932, o que permite a vitória do partido
nazista. Durante a Segunda Guerra Mundial, acumula as funções de ministro de Defesa e comandante das Forças
Armadas. Após a guerra, impõe o domínio soviético sobre as novas nações socialistas da Europa. Permite e
estimula o culto à sua personalidade. Com o tempo, sua paranóia aumenta e, nos últimos anos de vida, vê
inimigos em todos os lugares. Morre de hemorragia cerebral aos 73 anos.

HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA – CRISE DE 29 E O NEW DEAL

O mundo do século XX assistia, de um lado, à inauguração do socialismo na jovem União Soviética e, de outro, à
maior crise que o mundo capitalista havia sofrido.

Os Estados Unidos viveram, após a Primeira Grande Guerra, um momento de riqueza generalizada e de grande
prosperidade econômica.

Entretanto, nos últimos anos da década de 20, uma profunda crise provocaria falência e desemprego em índices
jamais vistos. Os norte-americanos só se recuperariam efetivamente da crise ao fim da Segunda Grande Guerra.

OS ESTADOS UNIDOS ANTES DA CRISE

Na década de 20, os EUA viveram um momento de grande prosperidade econômica. O american way of life,
produto dessa prosperidade, transformou-se em modelo a ser seguido por países contrários ao socialismo.

Os EUA tiveram grandes lucros durante a Primeira Grande Guerra e depois dela, e suas perdas humanas e
materiais foram insignificantes. Tal fato refletiu-se num grande crescimento industrial e agrícola.

Em poucos anos da década de 20, no país já havia um automóvel para cada cinco pessoas e foram vendidos 60
milhões de aparelhos eletrodomésticos (principalmente o rádio). Na cultura, a produção musical se baseou no jazz;
a arquitetura ganhou outro estilo, o “arranha-céu”. Toda essa riqueza aparente era resultado do rigoroso trabalho
dos operários americanos, que por várias vezes entravam em greve.

Este período também se caracterizou pela violência e conservadorismo político e moral. A implantação da “lei
seca” possibilitou o surgimento de uma vasta rede de comércio clandestino de bebidas (praticado por gângsteres)
e de corrupção envolvendo até senadores. A aparente democracia norte-americana considerava o Partido
Comunista ilegal, enquanto a Ku Klux Klan incentivava o racismo contra os negros.

Os EUA, nessa década, sustentaram uma presença apenas econômica na Europa, enquanto na América Latina
chegaram a efetuar, reiteradas vezes, invasões militares, baseados nos princípios do Big Stick.

Mas toda essa prosperidade tinha suas contradições. No final da década de 20, por exemplo, houve uma queda
sensível no consumo de produtos agrícolas.

Em pleno auge do american way of life havia quatro milhões de desempregados. Isso prova que o crescimento
econômico era desigual, ou seja, a riqueza não atingiria toda a população nem todos os EUA.

Além do grande número de desempregados, os salários reais não acompanhavam os preços dos produtos
manufaturados. Aqui está presente a contradição principal da crise: taxa de lucros inversamente proporcional à
taxa de salários.

Na economia capitalista há uma tendência de o capitalismo investir mais na aquisição de máquinas e de matérias-
primas (capital constante) em detrimento da aquisição da força de trabalho e dos salários (capital variável).

Conseqüentemente, se isso for levado ao extremo, teremos uma retração no consumo, que implicará redução da
taxa de lucro.

OS ESTADOS UNIDOS NA CRISE

A produção crescia rapidamente e o consumo não acompanhava o mesmo ritmo, o que levou a um crescente
desemprego na indústria. O comércio exterior entrava em crise, pois os países europeus respondiam com a
mesma moeda à ação norte-americana de impor altas taxas alfandegárias, além de se recuperarem lentamente
dos efeitos da I Guerra.

A CRISE DE 29 E O NEW DEAL

Apesar desse quão, a especulação na Bolsa de Valores de Nova Iorque continuava. Os grandes bancos e as
grandes empresas emitiam, cada vez mais ações, uma vasta rede meramente especulativas, sem valor real.

No dia 24 de outubro de 1929, na “Quinta-Feira Negra”, quando se acentuou, de forma brutal, a tendência à
baixa no preço das ações, toda essa especulação encontrou um fim. Era o “crack” da Bolsa de Valores de Nova
Iorque.

Mais de cinco bancos faliram, carregando, na sua queda, numerosas empresas e aumentando o desemprego, que
chegou, em 1933, à soma de 15 milhões. Na agricultura, não havia quem consumisse os estoques de cereais
porque não se tinha dinheiro. O resultado era drástico: consumidores passavam fome, enquanto os bancos
tomavam as propriedades dos pequenos agricultores.

Nas grandes empresas, a realidade era um pouco diferente. Com salários cortados pela metade, operários
despedidos e jornada de trabalho reduzida, as grandes empresas conseguiram sobreviver.

NEW DEAL: OS ESTADOS UNIDOS SAEM DA CRISE

No final do governo Hoover, a situação ficou pior. Os operários se organizavam e o governo os reprimia.
Mesmo diante dessa situação, o Partido Republicano (do governo Hoover) insistia em manter a política liberal de
não-intervenção na economia.

De outro lado, os democratas, liderados por Franklin Delano Roosevelt, defendiam o intervencionismo como forma
de resolver a crise.

Em 1933, após ganhar as eleições, Roosevelt convocou um grupo de tecnocratas, que, inspirados no economista
inglês John Maynard Keynes elaboraram seu programa econômico-social conhecido por New Deal (“novo
tratamento”).

Entre suas principais definições, destacavam-se:

 a diminuição da produção agrícola e o pagamento aos pequenos agricultores para que não plantassem
mais, forçando assim a subida dos preços;
 a reconstrução da indústria, com limitação da produção, acordos sobre preços e estabelecimento de
salários mínimos para os trabalhadores, incentivando o consumo;
 a resolução do desemprego, com realização de obras públicas (estradas, hidrelétricas, barragens) para
absorver a mão-de-obra ociosa;
 a criação do seguro aos desempregados e a assistência aos inválidos;
o fortalecimento dos sindicatos e o direito de greve;
 o limite de crédito aos bancos e empresas, para evitar novas falências, com a “inflação legalizada”.

No entanto, a completa recuperação econômica dos EUA só ocorreria com a Segunda Guerra Mundial, que cobrou
do país uma política de rearmamento. Outros países buscaram soluções alternativas para suas crises, e, naqueles
países nos quais as democracias apresentavam certa fragilidade, o autoritarismo se tornou a solução.

OS REGIMES FASCISTAS

FASCISMO (ITÁLIA)

Regime político de caráter autoritário que surge na Europa no período entre-guerras (1919-1939). Originalmente é
empregado para denominar o regime político implantado pelo italiano Benito Mussolini, no período de 1919 a
1943.

Suas principais características são o totalitarismo, que subordina os interesses do indivíduo ao Estado; o
nacionalismo, que tem a nação como forma suprema de desenvolvimento; e o corporativismo, em que os
sindicatos patronais e trabalhistas são os mediadores das relações entre o capital e o trabalho.

Camisas pretas – O fascismo nasce oficialmente em 1919, quando Mussolini funda, em Milão, o movimento Fascio
de Combatimento, cujos integrantes, os camisas pretas (camicie nere), opõem-se à classe liberal. Em 1922, as
milícias fascistas desfilam na Marcha sobre Roma, e Mussolini é convocado para chefiar o governo em uma Itália
que atravessa profunda crise econômica, agravada por greves e manifestações de trabalhadores urbanos e rurais.
Em 1929 há um endurecimento do regime, que significa cerceamento à liberdade civil e política, derrota dos
movimentos de esquerda, limitações ao direito dos empresários de administrar sua força de trabalho e
unipartidarismo. A política adotada, entretanto, é eficiente na modernização da economia industrial italiana e na
diminuição do desemprego.

NAZISMO (ALEMANHA)

Alemanha, 1923: dinheiro vira papel de parede


"(...) em 1923, no auge da crise econômica, iniciou-se o ano com o dólar valendo 18.000 marcos. Em julho, a
moeda americana chegou a 160.000 marcos e, em novembro, os alemães precisavam amontoar 2,5 trilhões de
marcos para comprar 1 dólar. Naquele mês, em Berlim, um pão, que no começo do ano já valia fantásticos 250
marcos, passou a custar 200 bilhões de marcos. As donas-de-casa passaram a ir às compras carregando baldes
de dinheiro."

Regime político de caráter autoritário que se desenvolve na Alemanha durante as sucessivas crises da República
de Weimar (1919-1933). Baseia-se na doutrina do nacional-socialismo, formulada por Adolf Hitler (1889-1945),
que orienta o programa do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP). A essência da
ideologia nazista encontra-se no livro de Hitler, Minha Luta (Mein Kampf). Nacionalista, defende o racismo e a
superioridade da raça ariana; nega as instituições da democracia liberal e a revolução socialista; apóia o
campesinato e o totalitarismo; e luta pelo expansionismo alemão.

Ao final da 1ª Guerra Mundial, além de perder territórios para França, Polônia, Dinamarca e Bélgica, os alemães
são obrigados pelo Tratado de Versalhes a pagar pesadas indenizações aos países vencedores. Essa penalidade
faz crescer a dívida externa e compromete os investimentos internos, gerando falências, inflação e desemprego
em massa. As tentativas frustradas de revolução socialista (1919, 1921 e 1923) e as sucessivas quedas de
gabinetes de orientação social-democrata criam condições favoráveis ao surgimento e à expansão do nazismo no
país.

Utilizando-se de espetáculos de massa (comícios e desfiles) e dos meios de comunicação (jornais, revistas, rádio
e cinema), o partido nazista consegue mobilizar a população por meio do apelo à ordem e ao revanchismo. Em
1933, Hitler chega ao poder, sendo nomeado primeiro-ministro com o apoio de nacionalistas, católicos e setores
independentes. Com a morte do presidente Hindenburg (1934), Hitler torna-se chefe de governo (chanceler) e
chefe de Estado (presidente). Interpreta o papel de führer, o guia do povo alemão, criando o 3º Reich (Terceiro
Império).

Com poderes excepcionais, Hitler suprime todos os partidos políticos, exceto o nazista; dissolve os sindicatos;
cassa o direito de greve; fecha os jornais de oposição e estabelece a censura à imprensa; e, apoiando-se em
organizações paramilitares, SA (guarda do Exército), SS (guarda especial) e Gestapo (polícia política), implanta o
terror com a perseguição aos judeus, aos sindicatos e aos políticos comunistas, socialistas e de outros partidos.

O intervencionismo e a planificação econômica adotados por Hitler eliminam, no entanto, o desemprego e


provocam o rápido desenvolvimento industrial, estimulando a indústria bélica e a edificação de obras públicas,
além de impedir a retirada do capital estrangeiro do país. Esse crescimento deve-se em grande parte ao apoio dos
grandes grupos alemães, como Krupp, Siemens e Bayer, a Adolf Hitler.

Desrespeitando o Tratado de Versalhes, Hitler reinstitui o serviço militar obrigatório (1935), remilitariza o país e
envia tanques e aviões para amparar as forças conservadoras do general Franco na Espanha, em 1936.

Nesse mesmo ano, cria o Serviço para a Solução do Problema Judeu, sob a supervisão das SS, que se dedica ao
extermínio sistemático dos judeus por meio da deportação para guetos ou campos de concentração.

A viagem levou uns vinte minutos. O caminhão parou; via-se um grande portão e, em cima do portão, uma frase
bem iluminada (cuja lembrança ainda hoje me atormenta nos sonhos): ARBEIT MACHT FREI - o trabalho liberta.
Descemos, fazem-nos entrar numa sala ampla, nua e fracamente aquecida. Que sede! O leve zumbido da água
nos canos da calefação nos enlouquece: faz quatro dias que não bebemos nada. Há uma torneira e, acima, um
cartaz: proibido beber, água poluída (...). Isto é o inferno. Hoje, em nossos dias, o inferno deve ser assim: uma
sala grande e vazia, e nós, cansados, de pé, diante de uma torneira gotejante, mas que não tem água potável,
esperando algo certamente terrível acontecer, e nada acontece, e continua não acontecendo nada.
(LEVI, Primo. "É isto um homem?" Rio de Janeiro: Rocco, 1988. p. 20).

Anexa a Áustria (operação chamada, em alemão, de Anschluss) e a região dos Sudetos, na Tchecoslováquia
(1938). Ao invadir a Polônia, em 1939, dá início à 2ª Guerra Mundial (1939-1945).

Terminado o conflito, instala-se na cidade alemã de Nuremberg um Tribunal Internacional para julgar os crimes de
guerra cometidos pelos nazistas. Realizam-se 13 julgamentos entre 1945 e 1947. Juízes norte-americanos,
britânicos, franceses e soviéticos, que representam as nações vitoriosas, condenam à morte 25 alemães, 20 à
prisão perpétua e 97 a penas curtas de prisão. Absolvem 35 indiciados. Dos 21 principais líderes nazistas
capturados, dez são executados por enforcamento em 16 de outubro de 1946. O marechal Hermann Goering
suicida-se com veneno em sua cela, pouco antes do cumprimento da pena.

Em suas memórias, o escritor Stefan Zweig descreveu este retrato sombrio do período entre guerras:
"Que época bárbara, anárquica e inverossímil foi a dos anos em que com a perda do valor do dinheiro,
todos os outros valores na Áustria e na Alemanha decaíram. Foi uma época de êxtase entusiástico e
fraudes ousadas, foi um misto de sofreguidão e de fanatismo. Tudo o que era extravagante e inverificável
teve então a sua época áurea... Tudo o que prometia excitações máximas, superiores às até então
conhecidas, toda espécie de veneno inebriante, (...) tiveram grande saída; nas peças teatrais o incesto e o
parricidio, na política o comunismo e o fascismo constituíam a temática extrema e a única desejável; toda
espécie de normalidade e moderação, ao contrário, era absolutamente condenada. (...) Sob a superfície
aparentemente calma a nossa Europa estava cheia de correntes perigosas."
(ZWEIG, Stefan. "O mundo que eu vi - minhas memórias". Rio de Janeiro, Ed. Guanabara, 1942.)

SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (1939-1945)

A humilhação sofrida pela Alemanha com o Tratado de Versalhes cria as condições ideais para a germinação do
nacional-socialismo – nazismo – alemão e a ascensão de Hitler ao poder, em 1933. O nacional-socialismo toma o
poder pela violência, elimina as dissensões internas com métodos violentos e combate a divisão do mundo
produzida pela 1a Guerra, quando os mercados mundiais são repartidos entre França, Bélgica, Reino Unido,
Holanda, Itália, Japão e Estados Unidos. A política alemã não deixa dúvidas quanto aos desejos de Hitler: o
carvão e o ferro da Sibéria; o petróleo do Cáucaso; o trigo da Ucrânia. E, especialmente, a redistribuição do
mundo colonial.

Reação mundial ao nazismo

As potências ocidentais têm uma posição dúbia em relação ao nazismo. Pressentem o perigo representado por
Hitler, mas permitem o crescimento da Alemanha nazista como forma de bloquear a União Soviética. A invasão da
Polônia, em 1o de setembro de 1939, por tropas e aviões alemães, não surpreende a Europa. Todos estão à
espera da guerra.

Origens do Eixo

Itália e Alemanha têm regimes políticos semelhantes, mas o que mais as aproxima é o limitado espaço territorial
de que dispõem e a acirrada competição pelos mercados internacionais. No período após a 1a Guerra, algumas
nações são favorecidas no plano internacional. É o caso do Reino Unido e da França, donos de vastos impérios
coloniais; dos Estados Unidos, avançando rapidamente na disputa pelo mercado mundial; e da União Soviética,
rica em recursos naturais e em acelerado processo de desenvolvimento. Já Alemanha, Itália e Japão situam-se em
uma área de 4 milhões de quilômetros quadrados e possuem uma população superior à do Reino Unido e Estados
Unidos, somados. Assim, o Japão pretende dominar a Ásia; a Itália ocupa a Albânia e a Abissínia (Etiópia); a
Alemanha militariza a Renânia, em 1936, e anexa a Áustria, em 1938.

Na Conferência de Munique, em 1938, da qual participaram a França, a Alemanha, a Itália e a Inglaterra, Hitler
consegue a cessão dos Sudetos (região da Checoslováquia). No ano seguinte, o führer alemão cria o protetorado
da Boêmia e anexa o porto lituano de Memel, no mar Báltico. Stalin percebe que as anexações alemãs caminham
em direção à União Soviética e firma com Hitler o Pacto Germano-Soviético, em 1939, pelo qual anexa a Lituânia,
Letônia, Estônia e parte da Polônia e Finlândia.

DISCURSO DE STALIN – PACTO DE NÃO AGRESSÃO


(ADAPTAÇÃO)

“A questão da guerra e paz entrou numa fase crítica para nós. Se nós concluirmos um pacto de mútua assistência
com França e Grã-Bretanha, a Alemanha recuará da Polônia e buscará um modus vivendi com as Potências
Ocidentais. A guerra seria evitada, mas os eventos posteriores poderiam se revelar perigosos para a URSS. Se
nós aceitarmos a proposta alemã e concluirmos um pacto de não-agressão, eles poderão é claro invadir a Polônia,
e a intervenção da França e Inglaterra será então inevitável. A Europa Ocidental será sujeita a sérios conflitos e
desordens. Neste caso nós teremos uma grande oportunidade de permanecer fora do conflito, e poderemos
planejar o tempo oportuno de entrar na guerra. A experiência dos últimos 20 anos mostrou que em tempos de paz
o movimento comunista nunca é forte o suficiente para que o Partido Bolchevique tome o poder. A ditadura do
Partido só se torna possível como resultado de uma guerra de porte.”

“Nossa escolha é clara. Nós devemos aceitar a proposta alemã e polidamente enviar a missão Anglo-Francesa de
volta. Nossa vantagem imediata será a tomada da Polônia, incluindo a Galícia Ucraniana. A Alemanha nos garante
total liberdade de ação no Báltico e reconhece nossa reivindicação na Bessarábia. Ela está preparada para
concordar com nossos interesses na Romênia, Bulgária e Hungria. A Iugoslávia permanece uma questão aberta.
Ao mesmo tempo, devemos olhar para a situação que se seguirá às possíveis conquistas alemãs. Nesse caso,
devemos desistir da sovietização da Alemanha e do estabelecimento de um governo comunista lá. Não devemos
esquecer que a sovietização só pode ocorrer em meio à grave crise, o que poderia encurtar a guerra. Inglaterra e
França são fortes o suficiente para tomar Berlim e destruir uma Alemanha soviética. Nós estaríamos incapazes de
ajudar nossos camaradas bolcheviques alemães.”

INÍCIO DA GUERRA

Em abril de 1939 Hitler exige a anexação de Dantzig, o "corredor polonês", e a concessão de uma rede rodoviária
e ferroviária que cruze a província polonesa da Pomerânia. A Polônia, sem condições de resistir, é invadida por
tropas nazistas no dia 1o de setembro. O Reino Unido, comprometido com a defesa da Polônia em caso de
agressão, declara guerra à Alemanha. Horas depois, é seguida pela França. Até junho de 1940, quando a Itália
declara guerra à França e ao Reino Unido, o conflito está restrito aos três países. A Alemanha invade e ocupa a
Noruega, a Bélgica, a Holanda e a França.

Domínio alemão

O domínio alemão na Europa fica patente com a expulsão dos ingleses de Dunquerque e os armistícios assinados
pela França com a Itália e Alemanha, em junho de 1940, que dividem o território francês em duas partes. Nesse
momento, a Alemanha nazista controla a Áustria, Tchecoslováquia, Dinamarca, Noruega e a maior parte da
França. Toda a costa ocidental da Europa pertence ao III Reich e não resta nenhuma tropa inglesa no continente.
Os ingleses, violentamente bombardeados, dia e noite, resistem aos nazistas. Na Batalha da Inglaterra, no verão
de 1940, a aviação inglesa, RAF (Royal Air Force), consegue rechaçar os ataques da Luftwaffe (aviação alemã).

França ocupada

Com a divisão da França, o primeiro-ministro francês, marechal Henri Phillipe Pétain, assume poderes ditatoriais
em 1940 e transfere a capital para Vichy, uma vez que Paris está ocupada pelas tropas alemãs. O governo de
Vichy é anti-republicano, conservador, e colabora estreitamente com os nazistas, sobretudo de janeiro de 1941 até
a ocupação alemã, em novembro de 1942.

A "França Livre" de De Gaulle

Enquanto isso, um grupo de franceses, sob a liderança de Charles De Gaulle, retira-se para Londres e apresenta-
se como governo alternativo a Vichy. O movimento, chamado "França Livre", entra em contato com as
organizações de resistência aos alemães na França ocupada, a "Resistência", em busca de apoio nas colônias
francesas da África.

A "Nova Ordem" na Europa

A Alemanha nazista implanta sua "Nova Ordem" nos territórios ocupados, que são explorados segundo os
interesses do III Reich. As tropas invasoras apoderam-se dos estoques de matéria-prima e manufaturas e reativam
as indústrias paralisadas. Os povos conquistados são obrigados a trabalhos forçados.
Principais Empresas Alemãs que utilizaram trabalho escravo durante a segunda guerra

Basf Química
BMW Automobilístico
Bayer Química e Farmacêutica
Lufthansa Aviação
Hoechst Química
Mannesmann Siderúrgico
Volkswagen Automobilístico
Bosch Autopeças
Equipamentos,
Siemens
Telecomunicações

CAMPANHA DA RÚSSIA

A primeira fase da guerra termina com o ataque alemão à União Soviética, em junho de 1941. Em conseqüência,
as divergências ideológicas entre capitalistas e comunistas são colocadas em segundo plano. Hitler invade a
URSS, por um lado por ter o Comunismo como um inimigo (para seus parâmetros) tão incidioso quanto os judeus
e ainda, segunda alguns autores, porque percebe a impossibilidade de ganhar a guerra no oeste sem uma vitória
no leste europeu. Nesse momento, 1 milhão de soldados alemães ocupam os Bálcãs. A Wehrmacht (Exército
alemão) já domina a Romênia, Bulgária e Hungria e conquista a Iugoslávia e a Grécia. A invasão do território
soviético é levada a efeito em aliança com a Finlândia, Hungria e Romênia. Com a subseqüente aliança entre a
União Soviética e as potências ocidentais, produzida pelo ataque nazista, a Alemanha empenha-se numa guerra
em duas frente. A estratégia da blitzkrieg (guerra-relâmpago) deixa de ser novidade e despontam contradições no
próprio comando nazista.

AVANÇO ALIADO - BATALHA DE STALINGRADO

Enquanto os aliados ocidentais lutavam contra as potências do Eixo no Norte da África e, no máximo, prestavam
algum apoio moral principalmente pelas rádios BBC de Londres e Voice of America, dos EUA, aos Aliados. A
Guerra era travada na Europa exclusivamente por comunistas e partisans, anti-fascistas em geral, com apoio pífio
dos aliados ocidentais. Acredita-se que os aliados ocidentais, sabendo que o Nazismo é uma forma autoritária de
encaminhar o Capitalismo enquanto o Socialismo constitui uma forma autoritária de encaminhar o Comunismo,
pensavam em permitir que Hitler e seus assassinos destroçassem o Socialismo para, somente então, iniciar a luta
contra o autoritarismo.

Fato é que o grosso do maquinário bélico nazista foi deslocado para o chamado "front oriental", virando o centro
da Guerra para a Batalha de Stalingrado, que recebeu, a exemplo da Revolução Espanhola, comunistas,
anarquistas e anti-fascistas do mundo inteiro. Aqui no Brasil, Carlos Drummond de Andrade, por exemplo, publicou
uma ODE à vitória de Stalingrado, que mudou toda a abordagem da guerra.

Praticamente abandonada pelos Ocidentais, Stalin não se cansava de enviar mensagens pedindo suporte humano
com a abertura de um importante "Front Ocidental" que dividisse as forças fascistas. Após muitas perdas humanas
- Stalingrado, além do nome emblemático e simbólico do então Líder da União Soviético, constituía-se em principal
porta de entrada aos ricos territórios russos, particularmente terras ricas em petróleo - a URSS coloca-se
definitivamente na vanguarda do Comando Aliado.

O poderoso e numeroso Exército Vermelho conseguia sucesso após sucesso: todos os países da Europa
(Polônia, Hungria, Romênia, Bulgária, Tchecoslováquia, etc), iam sendo libertados o Exército Vermelho foi o
primeiro exército vitorioso a entrar efetivamente em Berlim. A Bandeira Vermelha, com uma foice e um martelo a
tremular no alto de importantes prédios políticos alemães, como o Bundestag, tornou-se o emblema maior da
vitória aliada sobre os fascistas de Hitler.
Nestas circunstâncias, não restava aos ocidentais outra alternativa, a não ser um desembarque, sob a pena de ver
o Exército Vermelho libertar também a Holanda, a Bélgica, a França, etc. Decidiu-se o Desembarque na
Normandia, principalmente para garantir os interesses dos aliados ocidentais na Europa. A vitória dos Soviéticos
sobre os Nazistas e conseqüente libertação dos países do Leste Europeu constituiu na maior surpresa dos aliados
ocidentais que precipitaram o "Desembarque na Normandia", como se disse, para garantir e preservar seus
interesses econômicos na Europa.

Pearl Harbor

O ataque japonês à base norte-americana, colônia estadunidense situada no Havaí, em 7 de dezembro de 1941,
levou os Estados Unidos a declararem guerra ao Eixo e fez com que o conflito se alastrasse a praticamente todo o
mundo. Em junho de 1942 o Japão já ocupa a Indochina Francesa e detém a supremacia naval no Pacífico. Em
seguida, toma Hong Kong, Malásia, Cingapura, Índias Orientais Holandesas, Bornéu, Filipinas, Andamãs e
Birmânia. As duas facções beligerantes estão definidas: os países do Pacto Anticomintern (o Eixo) – Alemanha,
Itália e Japão – contra os Aliados – Inglaterra, Estados Unidos, União Soviética e China. A China já se encontra
em guerra contra o Japão desde 1931.

Sofrimentos e a estratégia dos Aliados Ocidentais

O conflito se torna uma guerra de desgaste. O Eixo tenta subjugar a Inglaterra, cortando suas linhas de
abastecimento no Atlântico e no Mediterrâneo. As bases de Gibraltar e Malta são constantemente bombardeadas.
Em 1940 a Itália fracassa na campanha da África e, na primavera de 1941, os alemães assumem o controle das
operações com o Afrikakorps, comandado pelo general Rommel. Com Rommel, os ingleses sofrem duras perdas e
a ameaça nazista continua sobre o canal de Suez e o Egito. Hitler, entretanto, mais preocupado com a guerra na
Europa, não dá o apoio necessário ao Afrikakorps e, em outubro de 1942, as tropas de Rommel são atacadas pelo
8o Exército Inglês, do general Montgomery, em El Alamein, no Egito. Os alemães retiram-se rumo à Tunísia e a
operação consuma-se em maio de 1943, quando os norte-americanos desembarcam na região e os Afrikakorps
rendem-se incondicionalmente. Cerca de 250 mil soldados alemães e italianos são aprisionados.

Contra-ofensiva na África e Itália

Em julho de 1943 os Aliados desembarcam na Sicília e, em setembro, avançam até Nápoles. Mussolini é
destituído em julho e a Itália muda de lado. Tropas alemãs ocupam Roma, o centro e o norte do país, mas a
ofensiva aliada toma a capital em junho de 1944 e chega ao norte de Florença em setembro. Em abril de 1945 as
forças alemãs na Itália se rendem.

Contra-ofensiva nos Bálcãs

O avanço soviético chega à Romênia em abril-maio de 1944 e a liberta em setembro. A Bulgária é libertada entre
setembro e outubro. Também em outubro os exércitos guerrilheiros da Iugoslávia passam à ofensiva, com o apoio
de tropas soviéticas. Na Albânia e na Grécia, os guerrilheiros (partisans) realizam levantes e forçam a retirada das
tropas alemãs durante o ano de 1944.

Dia D - Em 6 de junho de 1944, chamado de "Dia D" pelos Aliados, sob o comando do general Eisenhower, é feito
o ataque estratégico que daria o golpe mortal nas forças nazistas que ainda resistem na Europa. Cinqüenta e
cinco mil soldados norte-americanos, britânicos e canadenses desembarcam nas praias da Normandia, noroeste
da França, na maior operação aeronaval da História, envolvendo mais de 5 mil navios e mil aviões. Os combates
são pesados, com numerosas baixas, até 27 de junho, quando o I Exército norte-americano toma o porto de
Cherbourg. Em 9 de julho forças britânicas e canadenses entram em Caen, abrindo caminho para a passagem de
tanques pelas defesas alemãs. Paris é libertada em 25 de agosto, Bruxelas em 2 de setembro.

A fronteira alemã anterior ao início da guerra é cruzada pelos Aliados em Aachen em 12 de setembro. Ao mesmo
tempo, os Aliados lançam bombardeios aéreos pesados contra cidades industriais alemãs. No início de 1945 os
soviéticos (pelo leste) e os norte-americanos e britânicos (pelo oeste) fazem uma verdadeira corrida para ver quem
chega primeiro a Berlim.

GUERRA NO PACÍFICO

No Pacífico, a situação também se inverte com a vitória das tropas norte-americanas na batalha naval de Midway
e em Guadalcanal, em 1942. Os Estados Unidos partem para a reconquista da Ásia. No Pacífico central, os norte-
americanos conquistam as ilhas Aleutas, Gilbert, Marshall e Marianas entre maio de 1943 e março de 1944 e as
Filipinas entre outubro de 1944 e fevereiro de 1945. A Birmânia (atual Mianmá) é reconquistada entre o final de
1944 e o início de 1945 por tropas britânicas, norte-americanas e chinesas. Em fevereiro de 1945 ocorre o primeiro
desembarque norte-americano no Japão, na ilha de Iwojima.

Ataque a Hiroshima e Nagasaki

Com a Guerra contra o Japão praticamente terminada e vitoriosa, os estadunidenses, para marcar posição e
intimidar os Soviéticos, dando início assim à Guerra Fria, a 6 de agosto de 1945 é lançada a primeira bomba
atômica sobre Hiroshima, deixando mais de 100 mil mortos e 100 mil feridos. A partir de 8 de agosto tropas
soviéticas expulsam os japoneses da Mandchúria e da Coréia e ocupam as ilhas Kurilas e Sakalina. Em 9 de
agosto é lançada a segunda bomba atômica, dessa vez sobre Nagasaki, com saldo de vítimas semelhante ao de
Hiroshima.

Um relâmpago gerou uma sucessão de calamidades. Primeiro veio o calor que incinerou os seres humanos,
restando apenas suas silhuetas gravadas a fogo no asfalto e paredes de pedras.

Depois da explosão, começou a cair uma chuva estranha, a "chuva negra", que não apagava o incêndio, mas
aumentava o pânico e a confusão que, na atualidade, gerou a resistência humana contra a Bomba Atômica para
garantir a sua existência.
(adaptação - C. Boiley e F.Knebel in HISTÓRIA DO SÉCULO XX)

O Final da Guerra

A capital alemã é ocupada em 2 de maio. A Alemanha se rende incondicionalmente em 7 de maio, em Reims. A


capitulação do Japão acontece em 2 de setembro, em Tóquio. A 2a Guerra Mundial deixa um saldo de 55 milhões
de mortos - Mais de 20 Milhões de Soviéticos e quase 6 Milhões de judeus foram mortos nesse período negro da
história humana.

Discurso de Winston Churchill – Anúncio da Rendição alemã

Ontem pela manhã, às 2:41 a.m., no quartel general do Gen. Eisenhower, Gen. Jodl, representante do alto
comando alemão, e o Grande Almirante Doenitz, chefe do estado Alemão, assinaram ato de rendição
incondicional de todas as forças alemãs em terra, mar e ar na Europa para a Força Expedicionária Aliada, e
simultaneamente ao Alto Comando Soviético.

General Bedell Smith, Chefe do Estado Maior da Força Expedicionária Aliada, e o General François Sevez
assinaram o documento em nome do Comando Supremo da Força Expedicionária Aliada, e o General Susloparov
assinou em nome do Alto Comando Soviético.

Hoje, talvez, nós devamos pensar em nós mesmos. Amanha, devemos pagar um tributo pessoal aos nossos
camaradas russos, que valentemente deram uma grande contribuição para a vitória como um todo.

A guerra alemã está finalmente terminada. Após anos de intensa preparação, a Alemanha se atirou contra a
Polônia no inicio de setembro de 1939; e, de acordo com nossa garantia a Polônia e o acordo com a Republica
Francesa, a Grã Bretanha, o Império Britânico e a comunidade das nações britânicas, declararam guerra por essa
odiosa agressão. Após a nobre França cair, nós, desta ilha e por todo Império unido, mantivemos o esforço
sozinhos por um ano inteiro, até que se juntasse a nós o poder militar da Rússia soviética, e mais tarde, o
impressionante poder e recursos dos Estados Unidos da América.

Finalmente, quase todo o mundo tinha combinado forças contra os pecadores, que estão agora humilhados ante
nós. Nossa gratidão aos nossos esplendidos aliados vem de dentro de nosso coração, por toda ilha e por todo o
Império Britânico.

Devemos agora permitir a nós um breve período de festejos; mas não esqueçamos por um momento sequer, o
trabalho e o esforço que ainda estão por vir. Japão, com toda sua traição e ambição, continua de pé. Os danos
causados por ele contra a Grã Bretanha, os Estados Unidos, e outros paises, e suas detestáveis crueldades,
clamam por justiça e retribuição. Devemos nós, dedicar toda nossa força e recursos para que completemos nossa
tarefa, tanto em casa, quanto no exterior.

GUERRA FRIA

OBS : Esta unidade não segue uma ordem cronológica rígida, pois os acontecimentos se cruzam no tempo e
espaço. Levando-se em consideração que o mundo do pós-Segunda Guerra foi amplamente influenciado pela
Guerra Fria, foram abordados somente os temas mais relevantes.

Introdução

A Guerra Fria tem início logo após a Segunda Guerra Mundial, quando Estados Unidos e União Soviética iniciam
uma disputa pela hegemonia política, econômica e militar no mundo. A União Soviética era a precursora do
sistema socialista, baseado na economia planificada. O país era governado pelo sistema de partido único (Partido
Comunista) e por um governo totalitário, sob o domínio de Stálin. Os Estados Unidos, outra potência mundial,
defendia a expansão do sistema capitalista, baseado na economia de mercado, sistema democrático e
propriedade privada. Da segunda metade da década de 1940 até o início da década de 90, estas duas potências
buscaram implantar em outros países os seus sistemas políticos e econômicos, e, não raramente, tais tentativas
terminavam em guerras localizadas.

A definição para a expressão guerra fria é de um conflito que aconteceu apenas no campo ideológico, não
ocorrendo um embate militar declarado e direto entre Estados Unidos e URSS. Um conflito armado direto
significaria o fim dos dois países e, provavelmente, da vida no planeta Terra. Porém, ambos acabaram
alimentando conflitos em outros países como, por exemplo, na Coréia e no Vietnã. Não há consenso sobre as
datas que marcaram o início e o fim da Guerra Fria. No entanto, podemos considerar que as bombas atômicas
sobre Hiroshima e Nagazaki, além da propagação da Doutrina Truman, colaboraram para cristalizar o processo.
Em relação ao término, podemos destacar a queda do muro de Berlim, a extinção da URSS e a Guerra do Golfo,
que consolida a supremacia dos EUA dentro da nova ordem do pós Guerra Fria.

A Criação da ONU (1945)

A criação da Organização das Nações Unidas, a ONU, em junho de 1945, tinha formalmente, como premissa,
assegurar a igualdade entre todos os países do mundo. Nesse quadro, os impérios coloniais ainda existentes
eram uma anomalia, o resquício de um ciclo histórico já ultrapassado.

Na realidade, a estrutura da ONU sempre refletiu a distribuição do poder na Guerra Fria. A composição do
Conselho de Segurança é o melhor exemplo disso. Começou com 11 membros, depois ampliados para 15, sendo
5 permanentes e com poder de veto: Estados Unidos, União Soviética (Rússia), França, Grã-Bretanha e China.

OTAN / Pacto de Varsóvia

Em abril de 49, antes mesmo do fim do bloqueio de Berlim, os Estados Unidos criaram a OTAN, Organização do
Tratado do Atlântico Norte, com a participação do Canadá, França, Grã-Bretanha, Bélgica, Dinamarca, Islândia,
Itália, Luxemburgo, Holanda, Noruega e Portugal. A Grécia e a Turquia ingressariam em 52, a Alemanha Ocidental
em 55 e a Espanha em 82.

Uma das principais resoluções da OTAN garantia a defesa em bloco no caso de um ataque armado a qualquer
país membro da organização. Os Estados Unidos queriam assegurar a hegemonia militar na Europa capitalista, e
também garantir um ataque rápido e eficiente no caso de um confronto com a União Soviética.

No momento de criação da OTAN, tropas soviéticas e americanas realizavam manobras provocativas nas
fronteiras da Alemanha. Eram tensas as relações entre Washington e Moscou.

Em março de 53, Stalin morria sem ter presenciado qualquer turbulência mais séria num país sob influência
soviética. O primeiro conflito aconteceria logo em seguida, em junho, quando uma greve de operários de Berlim
Oriental seria reprimida com violência pelo exército da Alemanha socialista.

Com a morte de Stalin, teve início uma guerra surda na cúpula do Partido Comunista soviético. Em setembro de
53, Nikita Khruschev foi eleito primeiro-secretário do Partido. Mas o novo líder consolidaria seu poder somente em
1955. Para se fortalecer no Partido e isolar os adversários, Khruschev adotou uma linha reformista e rompeu com
o stalinismo, denunciando os crimes de Stalin durante o Vigésimo Congresso do Partido Comunista, em 1956. Na
área da política externa, o novo líder propôs o diálogo e a coexistência pacífica.

Ao mesmo tempo, Khruschev tornava-se o principal arquiteto do Pacto de Varsóvia, um organismo militar criado
em maio de 1955 como resposta à adesão da Alemanha à OTAN. O Pacto teve, no início, a participação da União
Soviética, Albânia, Alemanha Oriental, Bulgária, Tchecoslováquia, Romênia, Polônia e Hungria.

Corrida Espacial

EUA e URSS travaram uma disputa muito grande no que se refere aos avanços espaciais. Ambos corriam para
tentar atingir objetivos significativos nesta área. A disputa entre as potências tinha como o objetivo mostrar para o
mundo qual era o sistema mais avançado. No ano de 1957, a URSS lança o foguete Sputnik levando a cadela
Laika, o primeiro ser vivo a ir para o espaço. Pouco tempo depois o astronauta Yuri Gagárin se torna o primeiro ser
humano a estar em órbita fora do planeta. O orgulho ferido acelera as pesquisas nos EUA e, doze anos depois,
em 1969, o mundo todo pôde acompanhar pela televisão a chegada do homem a lua, com a missão espacial
norte-americana.

Macartismo

O EUA liderou uma forte política de combate ao comunismo em seu território e no mundo. Usando o cinema, a
televisão, os jornais, as propagandas e até mesmo as histórias em quadrinhos, divulgou uma campanha
valorizando o "american way of life". Vários cidadãos americanos foram presos ou marginalizados por defenderem
idéias próximas ao socialismo. O Macartismo, comandado pelo senador republicano Joseph McCarthy, perseguiu
muitas pessoas nos EUA. Essa ideologia também chegava aos países aliados dos EUA, como uma forma de
identificar o socialismo com tudo que havia de negativo no planeta.

Na URSS não foi diferente, já que o Partido Comunista e seus integrantes perseguiam, prendiam e até matavam
todos aqueles que não seguiam as regras estabelecidas pelo governo. Sair destes países, por exemplo, era
praticamente impossível. Um sistema de investigação e espionagem foi muito usado de ambos os lados. Enquanto
a espionagem norte-americana cabia aos integrantes da CIA, os funcionários da KGB faziam os serviços secretos
soviéticos.

Divisão da Alemanha

Após a Segunda Guerra, a Alemanha foi dividida em duas áreas de ocupação entre os países vencedores.
A República Democrática da Alemanha, com capital em Berlim, ficou sendo zona de influência soviética e,
portanto, socialista. A República Federal da Alemanha, com capital em Bonn (parte capitalista), ficou sob a
influência dos países capitalistas. A cidade de Berlim foi dividida entre as quatro forças que venceram a guerra:
URSS, EUA, França e Inglaterra. No final da década de 1940 é levantado Muro de Berlim, para dividir a cidade em
duas partes: uma capitalista e outra socialista. A inclusão da Alemanha no bloco socialista foi mais complicada,
porque o país estava dividido em dois.

A parte oriental, sob influência de Moscou, e a parte ocidental, subdividida entre a França, os Estados Unidos e a
Grã-Bretanha. A capital Berlim, situada na área controlada pelos soviéticos, adquiriu uma configuração bizarra: a
parte oeste da cidade tornou-se uma ilha capitalista cercada de socialismo por todos os lados.

As negociações foram difíceis por causa das tensões provocadas pelo Plano Marshall, um programa de ajuda aos
países europeus ocidentais, elaborado pelo secretário de Estado norte-americano George Marshall, em 1947. Os
Estados Unidos passaram a injetar dinheiro na Alemanha e apoiaram a convocação de uma assembléia
constituinte nas zonas ocidentais, marcada para setembro de 1948.

Com a saída soviética da aliança, a Grã-Bretanha, a França e os Estados Unidos realizaram uma reforma
monetária na Alemanha. Surgiu uma nova moeda, o Deutche Mark, desvinculada da moeda emitida no leste pela
União Soviética. Em pouco tempo, o novo dinheiro invadiu o setor oriental criando instabilidade na economia
socialista e gerando a primeira crise berlinense.

Em junho de 48, Stalin ordenou o bloqueio de Berlim, proibindo a entrada de trens e caminhões de suprimentos no
setor capitalista da cidade. Em reação, os países ocidentais organizaram uma grande ponte aérea, que por quase
um ano, abasteceu os dois milhões de habitantes do lado oeste de Berlim.

O bloqueio foi suspenso em maio de 49. Em seguida, foi anunciada a criação da República Federal da Alemanha,
ou Alemanha Ocidental, com capital em Bonn. Em outubro de 49, foi proclamada a República Democrática Alemã,
ou Alemanha Oriental, com capital em Berlim Oriental. A divisão se consolidaria após a construção do muro de
Berlim, em 1961.

Plano Marshall e COMECON

As duas potências desenvolveram planos para desenvolver economicamente os países membros. No final da
década de 1940, os EUA colocaram em prática o Plano Marshall, oferecendo ajuda econômica, principalmente
através de empréstimos, para reconstruir os países capitalistas afetados pela Segunda Guerra Mundial. Já o
COMECON foi criado pela URSS em 1949 com o objetivo de garantir auxílio mútuo entre os países socialistas.

ASPECTOS HISTÓRICOS DO BRASIL

Engenho de açúcar da época colonial

O Período Pré-Colonial: A fase do pau-brasil (1500 a 1530)

A expressão "descobrimento" do Brasil está carregada de eurocentrismo (valorização da cultura européia em


detrimento das outras), pois desconsidera a existência dos índios em nosso país antes da chegada dos
portugueses. Portanto, optamos pelo termo "chegada" dos portugueses ao Brasil. Esta ocorreu em 22 de abril de
1500, data que inaugura a fase pré-colonial.

Neste período não houve a colonização do Brasil, pois os portugueses não se fixaram na terra. Após os primeiros
contatos com os indígenas, muito bem relatados na carta de Caminha, os portugueses começaram a explorar o
pau-brasil da Mata Atlântica.

O pau-brasil tinha um grande valor no mercado europeu, pois sua seiva, de cor avermelhada, era muito utilizada
para tingir tecidos. Para executar esta exploração, os portugueses utilizaram o escambo, ou seja, deram espelhos,
apitos, chocalhos e outras bugigangas aos nativos em troca do trabalho (corte do pau-brasil e carregamento até as
caravelas).
Nestes trinta anos, o Brasil foi atacado pelos holandeses, ingleses e franceses que tinham ficado de fora do
Tratado de Tordesilhas (acordo entre Portugal e Espanha que dividiu as terras recém descobertas em 1494). Os
corsários ou piratas também saqueavam e contrabandeavam o pau-brasil, provocando pavor no rei de Portugal. O
medo da coroa portuguesa era perder o território brasileiro para um outro país. Para tentar evitar estes ataques,
Portugal organizou e enviou ao Brasil as Expedições Guarda-Costas, porém com poucos resultados.

Os portugueses continuaram a exploração da madeira, construindo as feitorias no litoral que nada mais eram do
que armazéns e postos de trocas com os indígenas.

No ano de 1530, o rei de Portugal organizou a primeira expedição com objetivos de colonização. Esta foi
comandada por Martin Afonso de Souza e tinha como objetivos: povoar o território brasileiro, expulsar os invasores
e iniciar o cultivo de cana-de-açúcar no Brasil.

O açúcar era um produto de muita aceitação na Europa e alcançava um grande valor. Após as experiências
positivas de cultivo no Nordeste, já que a cana-de-açúcar se adaptou bem ao clima e ao solo nordestino, começou
o plantio em larga escala. Seria uma forma de Portugal lucrar com o comércio do açúcar, além de começar o
povoamento do Brasil. A mão-obra-obra escrava, de origem africana, foi utilizada nesta fase.

Administração Colonial

Para melhor organizar a colônia, o rei resolveu dividir o Brasil em Capitanias Hereditárias. O território foi dividido
em faixas de terras que foram doadas aos donatários. Estes podiam explorar os recursos da terra, porém ficavam
encarregados de povoar, proteger e estabelecer o cultivo da cana-de-açúcar. No geral, o sistema de Capitanias
Hereditárias fracassou, em função da grande distância da Metrópole, da falta de recursos e dos ataques de
indígenas e piratas. As capitanias de São Vicente e Pernambuco foram as únicas que apresentaram resultados
satisfatórios, graças aos investimentos do rei e de empresários.

Após a tentativa fracassada de estabelecer as Capitanias Hereditárias, a coroa portuguesa estabeleceu no Brasil o
Governo-Geral. Era uma forma de centralizar e ter mais controle da colônia. O primeiro governador-geral foi Tomé
de Souza, que recebeu do rei a missão de combater os indígenas rebeldes, aumentar a produção agrícola no
Brasil, defender o território e procurar jazidas de ouro e prata.

Também existiam as Câmaras Municipais que eram órgãos políticos compostos pelos "homens-bons". Estes eram
os ricos proprietários que definiam os rumos políticos das vilas e cidades. O povo não podia participar da vida
pública nesta fase.

A capital do Brasil neste período foi Salvador, pois a região Nordeste era a mais desenvolvida e rica do país.

A economia colonial

A base da economia colonial era o engenho de açúcar. O senhor de engenho era um fazendeiro proprietário da
unidade de produção de açúcar. Utilizava a mão-de-obra africana escrava e tinha como objetivo principal a venda
do açúcar para o mercado europeu. Além do açúcar destacou-se também a produção de tabaco e algodão.

As plantações ocorriam no sistema de plantation, ou seja, eram grandes fazendas produtoras de um único
produto, utilizando mão-de-obra escrava e visando o comércio exterior.
O Pacto Colonial imposto por Portugal estabelecia que o Brasil só podia fazer comércio com a metrópole.

A sociedade Colonial

A sociedade no período do açúcar era marcada pela grande diferenciação social. No topo da sociedade, com
poderes políticos e econômicos, estavam os senhores de engenho. Abaixo, aparecia uma camada média formada
por trabalhadores livres e funcionários públicos. E na base da sociedade estavam os escravos de origem africana.
Era uma sociedade patriarcal, pois o senhor de engenho exercia um grande poder social. As mulheres tinham
poucos poderes e nenhuma participação política, deviam apenas cuidar do lar e dos filhos.

A casa-grande era a residência da família do senhor de engenho. Nela moravam, além da família, alguns
agregados. O conforto da casa-grande contrastava com a miséria e péssimas condições de higiene das senzalas
(habitações dos escravos).

Invasão holandesa no Brasil

Entre os anos de 1630 e 1654, o Nordeste brasileiro foi alvo de ataques e fixação de holandeses. Interessados no
comércio de açúcar, os holandeses implantaram um governo em nosso território. Sob o comando de Maurício de
Nassau, permaneceram lá até serem expulsos em 1654. Nassau desenvolveu diversos trabalhos em Recife,
modernizando a cidade.

Expansão territorial: bandeiras e bandeirantes

Foram os bandeirantes os responsáveis pela ampliação do território brasileiro além do Tratado de Tordesilhas. Os
bandeirantes penetram no território brasileiro, procurando índios para aprisionar e jazidas de ouro e diamantes.
Foram os bandeirantes que encontraram as primeiras minas de ouro nas regiões de Minas Gerais, Goiás e Mato
Grosso.

O século do Ouro: século XVIII

Após a descoberta das primeiras minas de ouro, o rei de Portugal tratou de organizar sua extração. Interessado
nesta nova fonte de lucros, já que o comércio de açúcar passava por uma fase de declínio, ele começou a cobrar o
quinto. O quinto nada mais era do que um imposto cobrado pela coroa portuguesa e correspondia a 20% de todo
ouro encontrado na colônia. Este imposto era cobrado nas Casas de Fundição.

A descoberta de ouro e o início da exploração da minas nas regiões auríferas (Minas Gerais, Mato Grosso e
Goiás) provocou uma verdadeira "corrida do ouro" para estas regiões. Procurando trabalho na região,
desempregados de várias regiões do país partiram em busca do sonho de ficar rico da noite para o dia.

Cidades começaram a surgir e o desenvolvimento urbano e cultural aumentou muito nestas regiões. Foi neste
contexto que apareceu um dos mais importantes artistas plásticos do Brasil : Aleijadinho.

Vários empregos surgiram nestas regiões, diversificando o mercado de trabalho na região aurífera. Igrejas foram
erguidas em cidades como Vila Rica (atual Ouro Preto), Diamantina e Mariana.

Para acompanhar o desenvolvimento da região sudeste, a capital do país foi transferida de Salvador para o Rio de
Janeiro.

Revoltas Coloniais e Conflitos

Em função da exploração exagerada da metrópole ocorreram várias revoltas e conflitos neste período:

Guerra dos Emboabas : os bandeirantes queriam exclusividade na exploração do ouro nas minas que
encontraram. Entraram em choque com os paulistas que estavam explorando o ouro das minas.

Revolta de Filipe dos Santos : ocorrida em Vila Rica, representou a insatisfação dos donos de minas de ouro com
a cobrança do quinto e das Casas de Fundição. O líder Filipe dos Santos foi preso e condenado a morte pela
coroa portuguesa.
Inconfidência Mineira (1789): liderada por Tiradentes, os inconfidentes mineiros queriam a libertação do Brasil de
Portugal. O movimento foi descoberto pelo rei de Portugal e os líderes condenados.

Primeiro reinado

Simplício de Sá: Retrato de Dom Pedro I, c. 1826. Museu Imperial.

Após a declaração da independência, o Brasil foi governado por Dom Pedro I até o ano de 1831, período chamado
de Primeiro Reinado, quando abdicou em favor de seu filho, Dom Pedro II, então com cinco anos de idade.

Logo após a independência, e terminadas as lutas nas províncias contra a resistência portuguesa, foi necessário
iniciar os trabalhos da Assembléia Constituinte. Esta havia sido convocada antes mesmo da separação, em julho
de 1822; foi instalada, entretanto, somente em maio de 1823. Logo se tornou claro que a Assembléia iria votar
uma constituição restringindo os poderes imperiais (apesar da idéia centralizadora encampada por José
Bonifácio e seu irmãoAntônio Carlos de Andrada e Silva). Porém, antes que ela fosse aprovada, as tropas do
exército cercaram o prédio da Assembléia, e por ordens do imperador a mesma foi dissolvida, devendo a
constituição ser elaborada por juristas da confiança de Dom Pedro I. Foi então outorgada a constituição de 1824,
que trazia uma inovação: o Poder Moderador. Através dele, o imperador poderia fiscalizar os outros três poderes.

Surgiram diversas críticas ao autoritarismo imperial, e uma revolta importante aconteceu no Nordeste:
a Confederação do Equador. Foi debelada, mas Dom Pedro I saiu muito desgastado do episódio. Outro grande
desgaste do Imperador foi por o Brasil na Guerra da Cisplatina, onde o país não manteve o controle sobre a então
região de Cisplatina (hoje, Uruguai). Também apareciam os primeiros focos de descontentamento no Rio Grande
do Sul, com os farroupilhas.

Pedro Américo: O Grito do Ipiranga, 1888.Museu Paulista.

Em 1831 o imperador decidiu visitar as províncias, numa última tentativa de estabelecer a paz interna. A viagem
deveria começar por Minas Gerais; mas ali o imperador encontrou uma recepção fria, pois acabara de ser
assassinado Líbero Badaró, um importante jornalista de oposição. Ao voltar para o Rio de Janeiro, Dom Pedro
deveria ser homenageado pelos portugueses, que preparavam-lhe uma festa de apoio; mas os brasileiros,
discordando da festa, entraram em conflito com os portugueses, no episódio conhecido como Noite das
Garrafadas.

Dom Pedro tentou mais uma medida: nomeou um gabinete de ministros com suporte popular. Mas desentendeu-
se com os ministros e logo depois demitiu o gabinete, substituindo-o por outro bastante impopular. Frente a uma
manifestação popular que recebeu o apoio do exército,não teve muita escolha, assim criou o quinto poder. Mas
não deu certo a idéia, e não restou nada ao imperador a não ser a renúncia, no dia 7 de abril de 1831.

Período regencial

Durante o período de 1831 a 1840, o Brasil foi governado por diversos regentes, encarregados de administrar o
país enquanto o herdeiro do trono, D. Pedro II, ainda era menor.[3] A princípio a regência era trina, ou seja, três
governantes eram responsáveis pela política brasileira, no entanto com o ato adicional de 1834, que, além de dar
mais autonomia para as províncias, substituiu o caráter tríplice da regência por um governo mais centralizador.

O primeiro regente foi o Padre Diogo Antônio Feijó , que notabilizou-se por ser um governo de inspirações liberais,
porém, devido às pressões políticas e sociais, teve que renunciar.[43] O governo de caráter liberal caiu para dar
lugar ao do conservador Araújo Lima, que centralizou o poder em suas mãos, sendo atacado veementemente
pelos liberais, que só tomaram o poder devido ao golpe da maioridade. Destacam-se neste período a instabilidade
política e a atuação do tutor José Bonifácio, que garantiu o trono para D. Pedro II.
Teve início neste período a Revolução Farroupilha, em que os gaúchos revoltaram-se contra a política interna do
Império, e declararam a República Piratini. Também neste período ocorreram a Cabanada,
deAlagoas e Pernambuco; a Cabanagem, do Pará; a revolta dos Malês e a Sabinada, na Bahia; e a Balaiada,
no Maranhão.

Segundo reinado

Dom Pedro II.

O Segundo Reinado teve início com o Golpe da Maioridade (1840), que elevou D. Pedro II ao trono, antes dos 18
anos, com 15 anos. A economia, que teve como base principal a agricultura – tornando-se o café o principal
produto exportador do Brasil durante o reinado de Pedro II, em substituição à cana-de-açúcar –, apresentou uma
expansão de 900%.[44] A falta de mão-de-obra, na época chamada de "falta de braços para a lavoura", em
conseqüência da libertação dos escravos foi solucionada com a atração de centenas de milhares de imigrantes,
em sua maioria italianos, portugueses[45] e alemães.[4] O que fez o país desenvolver uma base industrial e começar
a expandir-se para o interior.

Nesse período, foi construída uma ampla rede ferroviária, sendo o Brasil o segundo país latino-americano a
implantar este tipo de transporte, e, durante a Guerra do Paraguai, foi possuidor da quarta maior marinha de
guerra do mundo.[46] A mão-de-obra escrava, por pressão interna de oligarquias paulistas, mineiras e fluminenses,
manteve-se vigente até o ano de 1888, quando caiu na ilegalidade pela Lei Áurea. Entretanto, havia-se encetado
um gradual processo de decadência em 1850, ano do fim do tráfico negreiro, por pressão da Inglaterra, além de
que o Imperador era contra a escravidão, pela opção dos produtores de café paulistas que preferiam a mão de
obra assalariada dos imigrantes europeus, pela malária que dizimou a população escrava naquela época e pela
guerra do Paraguai quando os negros que dela participaram foram alforriados.

A partir de 1870, assistiu-se ao crescimento dos movimentos republicanos no Brasil. Em 1889, um golpe
militar tirou o cargo de primeiro-ministro do visconde de Ouro Preto, e, por incentivo de republicanos
como Benjamin Constant Botelho Magalhães, o Marechal Deodoro da Fonseca proclamou a República e enviou ao
exílio a Família Imperial. Diversos fatores contribuíram para a queda da Monarquia, dentre os quais: a insatisfação
da elite agrária com a abolição da escravatura sem que os proprietários rurais fossem indenizados pelos prejuízos
sofridos, o descontentamento dos cafeicultores do Oeste Paulista que se tornaram adeptos doPartido Republicano
Paulista e da abolição pois usavam apenas mão de obra européia dos imigrantes, e perdendo apoio dos militares,
especialmente do exércitoque se sentiam desprestigiados entendendo que o imperador preferia a marinha do
Brasil e que almejavam mais poder, e as interferências do Imperador em assuntos da Igreja.

Não houve nenhuma participação popular na proclamação da República do Brasil. O que ocorreu, tecnicamente foi
um golpe militar. O povo brasileiro apoiava o Imperador. O correspondente do jornal "Diário Popular", de São
Paulo, Aristides Lobo, escreveu na edição de 18 de novembro daquele jornal, sobre a derrubada do império, a
frase histórica:

Para poupar conflitos, não houve violência e a Família Imperial pôde exilar-se na Europa em segurança.

D. Pedro II assinou sua renúncia com a mesma assinatura de seu pai ao abdicar em 1831: Pedro de Alcântara.

O período pode ser divido em três etapas principais:

 a chamada fase de consolidação, que se estende de 1840 a 1850. As lutas internas são pacificadas,
o café inicia a sua expansão, a tarifa Alves Branco permite a Era Mauá.
 o chamado apogeu do Império, um período marcado por grande estabilidade política, quando de 1849 até
1889 não aconteceu no Brasil nenhuma revolução, algo inédito no mundo: 50 anos de paz interna em um país,
permitida pelo sistema parlamentarista,(o parlamentarismo às avessas) e pela política de troca de favores. Em
termos de Relações Internacionais, o período é marcado pela Questão Christiee pela Guerra do Paraguai.
 o chamado declínio do Império, marcado pela Questão Militar, pela Questão Religiosa, pelas lutas
abolicionistas e pelo movimento republicano, que conduzem ao fim do regime monárquico.

Libertação dos escravos

Original da Lei Áurea, assinada pela Regente Dona Isabel (1888)

Os primeiros movimentos contra a escravidão foram feitos pelos missionários jesuítas, que combateram a
escravização dos indígenas mas toleraram a dos africanos. O fim gradual do tráfico negreiro foi decidido,
no Congresso de Viena, em 1815. Desde 1810, a Inglaterra fez uma série de exigências a Portugal, e passou, a
partir de 1845, a reprimir violentamente o tráfico internacional de escrvos, amparada na lei inglessa chamada Lei
Aberdeen. Em 1850, a Lei Eusébio de Queirós aboliu o tráfico internacional de escravos no Brasil.

Em 1871, o Parlamento Brasileiro aprovou e a Princesa Isabel sancionou a Lei 2.040, conhecida como Lei Rio
Branco ou Lei do Ventre Livre, determinando que todos os filhos de escravos nascidos desde então seriam livres a
partir dos 21 anos.

Em 28 de setembro de 1885, promulgou-se uma outra lei, a Lei dos Sexagenários (Lei Saraiva–Cotegipe) que
determinava a "extinção gradual do elemento servil" e criava fundos para a indenização dos proprietários de
escravos e determinava que escravos a partir de 60 anos poderiam ser livres. [49] Assim, com estas duas leis
(Ventre Livre e Sexagenários), a abolição dos escravos seria gradativa, com os escravos sendo libertos ao
atingirem a idade de 60 anos.

Em 1880, fora criada a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão que, juntamente com a Associação Central
Abolicionista e outras organizações, passou a ser conhecida pela Confederação Abolicionista [51] liderada por José
do Patrocínio, filho de uma escrava negra com um padre. Em 1884, os governos do Ceará e
doAmazonas aboliram, em seus territórios, a escravidão, no que foram pioneiros.

As fugas de escravos aumentram muito, após 1885, quando foi abolida a pena de açoite para os negros fugidos, o
que estimulou as fugas. O exército se negava a perseguir os negros fugidos. Há que lembrar ainda os Caifases,
liderados por Antônio Bento, que promoviam a fuga dos negros, perseguiam os capitães-de-mato e ameaçavam os
senhores escravistas. Em São Paulo, a polícia, em 1888, também não ia mais atrás de negros fugidos.

A abolição definitiva era necessária. Há divergências sobre o número de escravos existentes em 1888. Havia,
segundo alguns estudiosos, 1.400.000 escravos para população de 14 milhões habitantes: cerca de 11%. Porém,
segundo a matrícula de escravos, concluída em 30 de março de 1887, o número de escravos era apenas 720.000.

Finalmente, o presidente do Conselho de Ministros do "Gabinete de 10 de março", João Alfredo Correia de


Oliveira, do Partido Conservador, promoveu a votação de uma lei que determinava a extinção definitiva da
escravidão no Brasil. Em 13 de maio de 1888, a Princesa Isabel sancionou a Lei Áurea, que já havia sido
aprovada pelo Parlamento, abolindo toda e qualquer forma de escravidão no Brasil. Logo após a Princesa assinar
a Lei Áurea, ao cumprimentá-la, João Maurício Wanderley, o barão de Cotejipe, o único senador que votou contra
o projeto da abolição da escravatura, profetizou:

A aristocracia escravista, oligarquia rural arruinada com a abolição sem indenização, culpou o governo e aderiu
aos vários partidos republicanos existentes, especialmente ao Partido Republicano Paulista e oPRM, que faziam
na oposição ao regime monárquico, assim, uma das conseqüências da abolição seria a queda da monarquia.
Pequenos proprietários que não podiam recorrer a mão de obra assalariada fornecida pelos imigrantes europeus
também ficaram arruinados. Apenas a economia cafeeira do oeste paulista, porém, quando comparada à de outras
regiões, não sofreu abalos, pois já se baseava na mão-de-obra livre, assalariada. Muitos escravos negros
permaneceram no campo, praticando uma economia de subsistência, em pequenos lotes, outros buscaram as
cidades, onde entraram num processo de marginalização. Desempregados, passaram a viver em choças e
barracos nos morros e nos subúrbios.
E de acordo com a análise de Everardo Vallim Pereira de Souza, reportando-se às consideração do
Conselheiro Antônio da Silva Prado, as conseqüências da abolição dos escravos, em 13 de maio de 1888,
deixando sem amparo os ex-escravos, foram das mais funestas:

O Brasil foi o último país independente do continente americano a abolir a escravatura. O último país do mundo a
abolir a escravidão foi a Mauritânia, somente em 9 de novembro de 1981, pelo decreto de número 81.234. [55]

HISTÓRIA DO BRASIL - A TRANSIÇÃO DO IMPÉRIO PARA A REPÚBLICA NO BRASIL

- embates sérios de D. Pedro II com seus antigos aliados


- Três grandes questões monopolizaram a cena política nacional nas últimas décadas do império: religiosa, militar
e abolicionista.

Questão religiosa

Constituição de 1824 – imperador tinha o direito de interferir na nomeação de bispos e cardeais (padroado) e
decidir quais determinações do papa poderiam ser cumpridas no Brasil (beneplácito)
- Concílio Vatino I – 1869 – infalibilidade papal – campanha para aumentar o poder papal em relação aos poderes
regionais.
- Igreja Católica condenava a maçonaria
- D. Pedro II, que possivelmente fazia parte da maçonaria, vetava os documentos papais que a condenavam.
- CRISE ENTRE O ESTADO E A IGREJA
- prisão de bispos e perda do apoio que recebia do clero e da Santa Sé.

Questão militar

- Período Regencial - elites temiam que as tropas armadas (setores pobres da sociedade) poderiam voltar-se
contra os ricos.
- D. Pedro II – modificou a estrutura do exército
- alto nível de ensino – formação de uma elite militar esclarecida e interessada na vida política nacional.
- Vitória na Guerra contra o Paraguai – prestígio do exército e colocou militares em contato com idéias
abolicionistas e republicanas

Abolição da escravidão

- pressão social pelo fim da escravidão – muito grande e impossível do governo oferecer resistência.
- golpe final numa estrutura que já tinha sua base totalmente corroída.
“Não é a República que vem, é o império que vai”
- 1870 – idéias republicanas com expressão nacional
- Dissidência dos Liberais formaram o Partido Republicano (Quintino Bocaiuva, Rangell Pestana)

MANIFESTO REPUBLICANO

- regime republicano federativo


- fim do senado vitalício, do Poder Moderador e do Conselho de Estado.
- eleições diretas
separação entre Igreja e Estado

O MANIFESTO PREOCUPAVA-SE SOMENTE COM QUESTÕES DE ORGANIZAÇÃO POLÍTICA – NÃO


TRATAVA DE QUESTÕES SOCIAIS QUE AFLIGIAM O BRASIL. APENAS EM 1880 PASSARAMA DEFENDER
A ABOLIÇÃO DA ESCRAVIDÃO.

- PRP (barões do café) e PRM (criadores de gado) monopolizaram a cena política nacional até 1930.
Duas tendências no grupo dos republicanos
- evolucionistas – Quintino Bocaiúva – ascensão ao poder por meio de eleições.
- revolucionários – Silva Jardim – revolução popular para derrubar a monarquia.
- nenhuma das duas propostas se efetivou

- A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA É MELHOR DEFINIDA POR UMA DECISÃO DE GABINETE


– MILITARES E CAFEICULTORES
- NÃO FOI UM MOVIMENTO NACIONAL COM EMBATE ENTRE VÁRIAS CORRENTES POLÍTICAS
- FICOU MAIS PRÓXIMO DA CONSTRUÇÃO DE UMA NOVA FORMA DE PODER PARA SUBSTITUIR A
MONARQUIA, QUE JÁ NÃO TINHA COMO SE SUSTENTAR.

A Proclamação da República

- Para manter a monarquia, Visconde de Ouro Preto propôs reformas influenciadas por idéias republicanas.
- A Câmara rejeitou e foi dissolvida.
- republicanos lançaram o boato que o primeiro-ministro havia decretado a prisão do Marechal Deodoro da
Fonseca e de Benjamin Constant (militares republicanos)
- Os quartéis voltaram-se contra o governo imperial.
- 15 de novembro de 1889 – marechal e tropas invadem o Ministério da Guerra, onde os monarquistas estavam
refugiados, e destituíram Ouro Preto.
- OS MONARQUIS NÃO REAGIRAM E, ASSIM, DENTRO DE UM GABINETE MILITAR, A REPÚBLICA FOI
INSTAURADA.
- Deodoro informou a D. Pedro II que a monarquia havia acabado.
- O imperador e sua família embarcaram tranquilamente para Portugal, e puderam continuar com as propriedades
que tinham no Brasil.
- Proclamada a República de forma semelhante a 1822 – sem qualquer participação das camadas populares.

Os primeiros anos da República

Militares e representantes da aristocracia cafeeira entraram em conflito em relação à organização do Estado

- Militares: Executivo forte e acima dos demais


- cafeicultores: republica federativa que preservasse a autonomia dos estados.

Deodoro Assumiu a convocou a Assembléia elaborar a Constituição Republicana.

- maior parte dos deputados eram partidários da republica federativa.

Inspirada na Carta dos Estados Unidos, a Constituição de 1891 determinava:

- república deferativa presidencialista


- três poderes independentes : Executivo (presidente, vice e ministros), Legislativo (Senado, Câmara Federal –

Congresso Nacional) e Judiciário (juízes e Tribunais Federais)

- presidente, governadores e Legislativo eleitos por voto popular


- voto a todos os cidadãos maiores de 21 anos, do sexo maculino. Excluídos analfabetos, mendigos, militares sem

Patente e religiosos.

- abolição da pena de morte.


- separação entre Igreja e Estado (casamento civil, nascimentos e óbitos)

O BRASIL REPUBLICANO
As diversas forças sociais que se uniram para proclamar a República - Exército, fazendeiros do café, camadas
médias urbanas - organizaram-se para formar um Governo Provisório. Sob a liderança de Deodoro da Fonseca, a
primeira administração do novo regime procurou conciliar os diversos interesses desses grupos sociais.

Entre as principais medidas tomadas pelo Governo Provisório, estão:

 federalismo - as províncias brasileiras foram transformadas em estados-membros da Federação, obtendo


maior autonomia administrativa em relação ao Governo Federal, cuja sede recebeu o nome de Distrito Federal;
 separação entre Igreja e Estado - a Igreja passa a ter autonomia em relação ao governo. Em
conseqüência, foram criados o registro civil de nascimento e o casamento civil;
 grande naturalização - todos os estrangeiros residentes no Brasil seriam legalmente considerados
cidadãos brasileiros.

Quem não quisesse ser naturalizado deveria manifestar sua vontade de ficar com a antiga cidadania;

Bandeira da República - uma nova bandeira nacional foi criada para substituir a antiga bandeira do Império. O
lema da bandeira nacional, Ordem e Progresso, foi sugerido pelo ministro da Guerra, Benjamim Constant. O lema
tem sua origem no positivismo, que pregava o amor por propício, a ordem por base e o progresso por fim;
Assembléia Constituinte - convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte para elaborar a Constituição da
República.

Em dezembro de 1889, marcaram-se eleições para a Assembléia Constituinte, que seriam realizadas em 15 de
setembro de 1890. Durante esse curto período, acirraram-se as divergências entre Deodoro e os ministros e
destes entre si, na luta pela hegemonia dentro do novo bloco que assumira o poder.

O Ministério da Fazenda, comandado por Rui Barbosa, voltou-se para questões que intensificaram ainda mais os
desentendimentos entre as forças sociais que representavam o governo: tarifas alfandegárias, créditos, emissão
de moeda, legislação de sociedades anônimas.

A República havia herdado da Monarquia um grande déficit na balança de pagamentos. As importações oneravam
em muito o Tesouro Nacional; as despesas com a infra-estrutura urbana eram enormes, pois expandia-se a rede
ferroviária, aparelhavam-se melhor os portos, instalavam-se fábricas. Além disso, eram altos os gastos com a
mão-de-obra assalariada.

A abolição da escravatura e a corrente migratória criaram um número maior de assalariados. O País não dispunha,
entretanto, de papel-moeda suficiente em circulação. O ministro da Fazenda tentara, sem sucesso, obter alguns
empréstimos no exterior, pois reinava na Europa muita desconfiança em relação ao novo regime brasileiro. A so-
lução foi emitir papel-moeda através de alguns bancos.

A emissão de papel-moeda aumentou o dinheiro circulante e reativou os negócios, mas, como a produção interna
não cresceu nas mesmas proporções, a inflação também aumentou. Além disso, o crédito fácil resultou em uma
violenta especulação com as ações das novas empresas que surgiam. Esta especulação ficou conhecida como
encilhamento. A especulação desenfreada chegou a ocasionar o aparecimento de "firmas fantasmas", isto é, que
só existiam no papel, somente na forma de ações. A inflação aumentou e, conseqüentemente, houve muitas falên-
cias, levando a economia a uma grande crise.

Os cafeicultores protestaram contra a reforma financeira de Rui Barbosa, pois não Ihes interessava uma política
que desse mais importância à indústria do que ao café. Além disso, no próprio ministério, muitos colegas também
criticavam a reforma. Pressionado, demitiu-se do cargo em janeiro de 1891.

REPÚBLICA DA ESPADA

Governo da Deodoro da Fonseca


Depois de elaborar a Constituição de 1891, a Assembléia Constituinte foi transformada em Congresso Nacional e,
nessa condição, deveria eleger os primeiros presidente e vice-presidente da República.

Havia sido articulada uma chapa oposicionista, ligada aos interesses das oligarquias estaduais e liderada por
Prudente de Morais, que foi, porém, derrotada. Os rumores sobre a intervenção militar para impor Deodoro, caso
não vencesse as eleições, garantiram sua vitória. Em compensação, o candidato oposicionista à vice-presidência,
Floriano Peixoto, derrotou o vice de Deodoro.

Não dispondo de maioria parlamentar, Deodoro sofreu várias derrotas no Congresso, que vetou muitos de seus
projetos.

Não conseguindo conviver politicamente com o Congresso, Deodoro dissolveu-o e prendeu seus principais líderes.

Recebeu apoio de parte do Exército e de vários presidentes estaduais.

Congressistas liderados por Floriano, Wandenkolk e Custódio de Melo arquitetaram então um contragolpe, ao qual
Deodoro tentou resistir, ordenando a prisão do almirante Custódio de Melo. Este reagiu sublevando uma esquadra,
cujos navios postaram-se na baía de Guanabara, ameaçando bombardear o Rio de Janeiro, caso Deodoro não
renunciasse.

Sem alternativa, Deodoro renunciou e entregou o poder ao vice-presidente Floriano Peixoto, em 23 de novembro
de 1891.

Governo de Floriano Peixoto

No governo de Floriano, o ministro Serzedelo Correa desenvolveu uma política econômica e financeira voltada
para a industrialização: tarifas protecionistas e facilidades de crédito foram concedidas, porém, acompanhadas de
medidas para controlar a inflação e impedir a especulação.

As mesmas oligarquias que apoiaram o golpe para a derrubada de Deodoro, passaram a fazer oposição a
Floriano, fundamentando-se no artigo 42 da Constituição, que dizia: "Se, no caso de vaga, por qualquer causa à
Presidência, não houver decorrido dois anos do período presidencial, proceder-se-á a novas eleições".

A oposição a Floriano ocorreu também entre as patentes do Exército: 13 generais elaboraram um manifesto em
que declaravam ser o governo de Floriano inconstitucional. Foram punidos com o afastamento de seus cargos. Até
o fim de 1894, ainda haveriam mais dois graves acontecimentos: a Revolução Federalista e a Revolta da Armada.

A luta pelo poder colocava frente a frente as duas maiores facções de grandes proprietários de terras no Rio
Grande do Sul. De um lado, agrupavam-se os federalistas - chamados de maragatos - liderados por Gaspar
Silveira Martins, que exigiam uma reforma na Constituição do Estado e a implantação do parlamentarismo. De
outro, estavam os pica-paus, chefiados pelo presidente do estado, Júlio de Castilhos, que apoiavam a
centralização.

Na verdade, a luta entre as duas facções políticas refletia as divergências entre as oligarquias proprietárias rurais
da região. A revolta tornou-se violenta, assumindo características de guerra civil.

Floriano tomou a defesa do Presidente do Estado, Júlio de Castilhos, apesar de este anteriormente ter apoiado
Deodoro.

A razão é que ele precisava da adesão da bancada gaúcha no Congresso. A guerra civil prosseguiu até 1895.

A oficialidade da Marinha provinha quase que inteiramente da antiga aristocracia imperial. Em setembro de 1893,
a esquadra sublevou-se, liderada pelo almirante Custódio de Melo. Os rebeldes, que exigiam a imediata norma-
lização constitucional do País, ameaçaram bombardear o Rio de Janeiro, zarpando depois para o Sul.
O Presidente armou uma esquadra e com ela enfrentou os rebeldes do Rio de Janeiro, que se asilaram em navios
portugueses. A repressão foi violenta: os governos rebeldes do Paraná e Santa Catarina foram depostos,
enquanto se sucediam fuzilamentos em massa.

Fortalecido pelas campanhas contra os rebeldes, Floriano consolidou seu poder e passou a ser conhecido pelo
cognome de Marechal de Ferro.

REPÚBLICA OLIGÁRQUICA

Depois de 1894, os militares deixaram o centro de poder político no Brasil. Com a burguesia cafeeira no poder,
terminava o período da República da Espada e iniciava-se a República das Oligarquias. Estas, formadas pelos
grandes proprietários rurais de cada Estado, assumiram o controle completo da nação, sob a hegemonia da
burguesia cafeeira paulista. A classe média e as camadas populares sofreriam os efeitos da nova política
econômica, pois a valorização artificial do café transferia para o consumidor o ônus causado pelas dificuldades
financeiras.

Embora as instituições tivessem se transformado na transição do Império para a República, o poder continuava
nas mãos das oligarquias formadas pelos grandes proprietários rurais, mantendo-se o caráter agrário, monocultor,
latifundiário e exportador da nossa economia. O País, conseqüentemente, continuava dependente economicamen-
te dos Estados Unidos e das nações européias.

A oligarquia formada pelos proprietários de café paulista já era, antes mesmo da República, a principal força
econômica da sociedade brasileira. Representada pelo Partido Republicano Paulista (PRP), os cafeicultores aspi-
ravam a controlar o governo e assim organizar a política econômica em torno do café.

As oligarquias estaduais, lideradas pelos fazendeiros paulistas, conseguiram fazer triunfar suas idéias federalistas,
tarefa facilitada pela divisão surgida entre os militares. Após a eleição de Prudente de Morais, essas oligarquias
impuseram suas linhas de organização ao governo, adotando medidas governamentais que protegiam os
interesses agrário-exportadores dos cafeicultores.

A supremacia de São Paulo e Minas Gerais, os dois estados economicamente mais poderosos na política na-
cional, ficou conhecida como política do café-com-leite, numa referência aos principais produtos desses estados
e à alternância de seus representantes no poder.

Campos Sales, poderoso cafeicultor paulista e segundo presidente civil da República (1898-1902), foi um dos
principais idealizadores do sistema de alianças organizado entre governadores de estado e Governo Federal para
evitar a oposição, que ficou conhecido como política dos governadores.

O sistema consistia, basicamente, em uma troca de favores. O Presidente da República comprometia-se a res-
peitar e apoiar as decisões dos governos estaduais e, em troca, os governos estaduais ajudavam a eleger para o
Congresso Nacional deputados federais e senadores simpatizantes do Presidente da República.

A política dos governadores reproduzia, no plano Federal, a rede de compromissos que ligava coronéis e
governadores dentro dos estados.

Nessa época, havia no Congresso Nacional a Comissão Verificadora das Eleições, destinada a julgar os resul-
tados eleitorais. Embora fosse órgão do poder legislativo, a Comissão Verificadora acabava trabalhando a serviço
do Presidente da República, distorcendo o resultado das urnas. Aprovava nomes de deputados e senadores da
situação e não reconhecia a vitória dos candidatos da oposição. A eliminação dos nomes dos adversários ficou
conhecida como "degola".

O coronelismo foi um dos mais característicos fenômenos sociais e políticos da República Velha.

O voto havia sido estendido a uma ampla parcela da população e poderia ser uma arma importante no processo
de transformação da sociedade. Mas, a pouca politização das camadas populares, aliada à utilização de toda
forma de violência por parte dos coronéis, terminou por transformá-lo em uma mercadoria de barganha. A votação
era aberta, ou seja, permitia que os chefes políticos locais formassem os currais eleitorais, controlando os votos
em função dos interesses das oligarquias estaduais. O coronel tinha um poder proporcional ao número de eleitores
que conseguisse assegurar para os candidatos das oligarquias estaduais. A esse tipo de voto, que forçava o
eleitor a apoiar o candidato do coronel local, chamava-se voto de cabresto. Os coronéis, por sua vez, recebiam
favores pessoais das oligarquias e consolidavam seu poder também nos municípios.

Além do voto de cabresto, os coronéis ainda utilizavam de fraudes para vencer as eleições. Documentos falsi-
ficados para menores e analfabetos votarem, pessoas mortas inscritas como eleitores, urnas violadas, votos
adulterados e outras artimanhas eram feitas no pleito eleitoral.

Economia

O café foi o grande líder das exportações brasileiras durante toda a República Velha. Representou, quase sempre,
mais de 50% das exportações.

Entusiasmados com os lucros, os cafeicultores investiam mais nas plantações. Porém, a produção acabou
ultrapassando as necessidades de consumo do mercado. A partir do início do século XX, a economia cafeeira co-
meçou a enfrentar crises de superprodução, ocasionando queda nos preços e acúmulo de estoques invendáveis.

Com o apoio de políticos do Congresso Nacional, os cafeicultores realizaram, em 1906, na cidade paulista de
Taubaté, uma reunião com a finalidade de encontrar soluções para as crises de superprodução.

Na reunião, conhecida como Convênio de Taubaté, os fazendeiros propuseram que o governo comprasse a
produção de café que ultrapassasse a procura do mercado. O café excedente seria estocado pelo governo para,
depois, ser vendido quando os preços se normalizassem. Para comprar o café excedente, o governo faria
empréstimos no exterior.

Depois de alguma resistência, as propostas do Convênio de Taubaté acabaram sendo praticadas pelo Governo, e
os preços do café foram mantidos artificialmente pelas compras governamentais. Os cafeicultores continuaram
tendo lucros e aumentando a produção de café. Os estoques do governo cresciam e não surgiam oportunidades
para vendê-los no mercado externo.

Diante da concorrência internacional, o açúcar e o algodão passaram a ser consumidos pelo mercado interno.

Na Amazônia, encontrava-se a maior reserva de seringueiras do mundo, e o Brasil passou a suprir praticamente
toda a demanda mundial de borracha. Nessa época, a região amazônica conheceu súbito esplendor, que, todavia,
durou apenas três décadas (1891 - 1918).

A produção de borracha brasileira era feita de modo rudimentar e exigia constante penetração na mata em busca
de seringais nativos. A dificuldade de acesso aos seringais impedia uma exploração eficiente e elevava os custos
de transportes. Com isso, os preços da borracha aumentavam, a produção brasileira era insuficiente para atender
à demanda do mercado, e cresciam as necessidades dos produtos nos centros industrializados.

Nessa conjuntura, países capitalistas, como Inglaterra e Holanda, investiram no cultivo de seringais em áreas de
sua dominação. Desenvolvendo um plantio especialmente planejado para o aproveitamento industrial, esses
países, em pouco tempo, superaram o primitivo extrativismo praticado nos seringais brasileiros. A partir de 1920, a
borracha brasileira praticamente não tinha mais lugar no mercado internacional.

Cultivado no sul da Bahia, principalmente nas cidades de Itabuna e Ilhéus, o cacau teve destino semelhante ao da
borracha no mercado externo. Paralelamente ao aumento do consumo de chocolates na Europa e nos Estalos
Unidos, a produção brasileira de cacau cresceu durante todo o período da República Velha.
Os ingleses, entretanto, investiram na produção de cacau na região africana da Costa do Ouro, área de seu
domínio. Em pouco tempo, conquistaram os mercados internacionais, fazendo declinar a produção de cacau
brasileiro.

A República Velha foi, durante muito tempo, o período de glória para a economia cafeeira. Mas foi também a
época em que o crescimento das indústrias ganhou novo impulso.

O principal centro de expansão industrial brasileira era o estado de São Paulo. Em São Paulo, viviam os mais
importantes produtores de café do País. Com as freqüentes crises de superprodução, muitos desses produtores
passaram a investir parte de seus capitais na indústria. Substituindo, progressivamente, as importações, a indús-
tria nacional foi conquistando o mercado interno.

Empregando crescente número de operários, a indústria foi transformando a face socioeconômica do País. Em
1928, a renda industrial do País superou, pela primeira vez, a renda da agricultura. Os setores urbanos, classe
média e proletariado industrial, tornaram-se forças sociais cada vez mais expressivas e passaram a exigir maior
participação política.

As condições de trabalho dos operários na República Velha eram extremamente rudes, semelhantes à da In-
glaterra no início da Revolução Industrial. Os inúmeros acidentes de trabalho, os baixos salários, as longas jorna-
das sem descanso provocaram protestos e reivindicações dos operários. Surgiram, então, os primeiros sindicatos
e organizações operárias trabalhistas. Entre os primeiros movimentos operários destacou-se o Anarquismo.

Em 1922, foi fundado o Partido Comunista Brasileiro (PCB), inspirado na vitória dos comunistas na Revolução
Russa de 1917.

No Brasil, as propostas políticas dos comunistas representavam a esperança de uma vida digna e justa para os
operários. Por isso, o PCB foi bem recebido entre os líderes operários. No entanto, logo após sua fundação, o
Partido Comunista foi fechado pela polícia, sobrevivendo na clandestinidade. Alegava-se que o Partido Comunista
era órgão comandado pelo estrangeiro e contrário à ordem pública.

Em julho de 1917, foi organizada em São Paulo a primeira greve geral da História do Brasil. Após a morte de um
operário, em confronto com a polícia, a paralisação grevista atingiu toda a cidade de São Paulo e outras regiões
do País. Revoltados com a violência das autoridades, os operários fizeram passeatas, comícios e piquetes e le-
vantaram barricadas para se defender da polícia.

Assustados com o movimento operário, o Governo e os industriais resolveram negociar. Prometeram melhores
salários e novas condições de trabalho. E assumiram o compromisso de não punir os grevistas caso todos vol-
tassem normalmente ao trabalho. Todas essas concessões eram provisórias. Não havia sério interesse da classe
dominante de melhorar a condição social dos trabalhadores.

Movimentos Sociais

As várias transformações promovidas pela oligarquia durante a República Velha não levaram em conta a grande
massa popular, que em vários momentos manifestou-se contra a situação. Entre os movimentos mais importantes
temos:

A Revolta da Vacina: os projetos modernizantes da elite política brasileira não levavam em conta os interesses
populares. Foi o que aconteceu no Rio de Janeiro. A demolição de cortiços do centro da cidade desalojou famílias,
afastou trabalhadores das proximidades dos seus locais de trabalho, destruiu tradicionais espaços populares de
sociabilidade e provocou uma alta espantosa dos aluguéis. Por tudo isso, o clima era de tensão quando Oswaldo
Cruz colocou em prática o seu plano de vacina obrigatória. Some-se a isso a desinformação sobre os reais efeitos
da vacina. Juntando tudo isso, teremos a explicação para a revolta que ocorreu na cidade. A principal razão da
revolta foram as condições de miséria que as elites dominantes impunham à população.
A Guerra de Canudos: o processo de modernização nos últimos anos do século XIX atingiu, de forma diferenciada,
as diversas regiões do País. A decadência nordestina se acentuou com a crise econômica iniciada na década de
1870. Uma série de anos de seca só piorou a situação. Se até então os pequenos lavradores, trabalhadores livres
e vaqueiros encontravam trabalho e proteção dos grandes latifundiários, com a crise eles se viram abandonados.
Um dos efeitos da crise foi a formação de bandos de cangaceiros que, numa rebeldia primitiva e violenta,
atacavam e saqueavam vilas, cidades e fazendas. O mais famoso bando de cangaceiros foi o do Capitão
Virgulino, ou Lampião. Em Canudos, um arraial no interior do estado da Bahia, o líder religioso, Antônio
Conselheiro, juntou muitos seguidores, alarmando os fazendeiros, o clero católico e as autoridades. Por isso,
foram mobilizadas formidáveis forças repressivas contra o arraial. Conselheiro foi considerado um perigoso
monarquista pelos representantes da República recém-instalada. Depois de um ano de resistência e várias
derrotas impostas às forças repressivas, a "Aldeia Sagrada" foi varrida do mapa.

A Guerra do Contestado: no Sul, mais especificamente em uma região reivindicada por Santa Catarina e pelo
Paraná, a população pobre sofreu o impacto da modernização com a construção da estrada de ferro da Brazilian
Railway e a implantação da Southern Lumber, ambas norte-americanas, que expulsava os pequenos posseiros
das terras onde viviam. Os grandes latifundiários aproveitaram-se da situação para aumentar suas propriedades.
Da mesma forma que na região nordestina, essa situação de crise social deu origem a um movimento messiânico
de trágicas conseqüências: a Guerra do Contestado. Os seguidores do monge João Maria foram tratados com
feroz violência pelos poderes constituídos. Foram considerados fanáticos e monarquistas que conspiravam contra
a República. Ao final, poucos sobraram.

A Revolta da Chibata: a Marinha brasileira, dominada pelos setores mais conservadores e reacionários da
sociedade, exigia uma disciplina férrea dos marinheiros, quase sempre de origem humilde. A "lei da chibata" era
um castigo aplicado aos marinheiros por qualquer atitude considerada indisciplinada. Na noite de 22 de novembro
de 1910, marinheiros do navio Minas Gerais, sob a liderança de João Cândido, depois chamado o Almirante
Negro, se rebelaram e assumiram o comando da embarcação, matando vários oficiais. Estes marinheiros queriam
o fim da "lei da chibata". Os marinheiros rebelados ameaçaram bombardear a cidade do Rio de Janeiro, caso não
fossem atendidos. A princípio, as reivindicações foram aceitas e os marinheiros anistiados. Depois de depostas as
armas, eles foram duramente castigados. De positivo resultou a abolição da chibata na Marinha, e a prova da
capacidade de organização e liderança de um homem do povo.

O Tenentismo: apesar da agricultura ser ainda dominante, as atividades urbanas, principalmente a industrial,
passaram a ter um peso importante. A sociedade se tornava mais complexa, e a política econômica do Governo
dos cafeicultores prejudicava não só os operários, mas também as camadas médias urbanas. Foi desta camada
que surgiu uma intensa oposição ao poder dos cafeicultores. No início da década de 20, crescia o
descontentamento social contra o tradicional sistema oligárquico que dominava a política brasileira. Surgiu, então,
o Tenentismo, um movimento político-militar que, pela luta armada, pretendia conquistar o poder e fazer reformas
na sociedade. Os tenentes pregavam a moralização da administração pública e o fim da corrupção eleitoral.
Queriam o fim do voto de cabresto e a criação de uma justiça eleitoral autônoma e honesta. Defendiam um
nacionalismo econômico e uma reforma na educação pública para que o ensino se universalizasse para todos os
brasileiros. A primeira revolta tenentista eclodiu no dia 5 de julho de 1922. Foi a Revolta do Forte de Copacabana,
liderada por dezoito tenentes que, reunindo uma tropa de aproximadamente trezentos homens, decidiram agir
contra o Governo e impedir a posse do presidente Artur Bernardes. Essa revolta provocou a imediata reação das
tropas fiéis à oligarquia. Era impossível aos militares revoltosos, ante a superioridade das forças governamentais,
tornar seu movimento vitorioso. Fracassada a Revolta do Forte de Copacabana, Artur Bernardes tomou posse da
Presidência da República. Teve, porém, de enfrentar uma nova revolta tenentista, a Revolução de 1924. A revolta,
liderada pelo general Isidoro Dias Lopes, pelo tenente Juarez Távora e por políticos, como Nilo Peçanha, eclodiu
em São Paulo, também no dia 5 de julho. Com uma tropa de aproximadamente mil homens, os revolucionários
ocuparam os lugares mais estratégicos da cidade de São Paulo. O governo paulista fugiu da capital, indo para
uma localidade próxima, de onde pôde organizar melhor a reação contra os rebeldes. Recebendo reforços
militares do Rio de Janeiro, preparou uma violenta ofensiva. O general Isidoro Dias Lopes, percebendo que não
tinha mais condições de resistir, decidiu abandonar a cidade de São Paulo. Com uma numerosa e bem armada
tropa, formou a Coluna Paulista, que tinha como objetivo continuar a luta contra o Governo, levando a revolução
para outros estados do Brasil. A Coluna Paulista seguiu em direção ao sul do País, onde se encontrou com uma
outra coluna militar, liderada por um jovem capitão do exército, Luís Carlos Prestes, que ficou conhecido
conhecido como Cavaleiro da Esperança.

Semana de Arte Moderna: na década de 20, a reação contra as estruturas oligárquicas da República Velha atingiu
também o campo cultural, manifestando-se no chamado movimento modernista. Um dos objetivos do movimento
era reagir criticamente contra os padrões arcaicos e à invasão cultural estrangeira que despersonalizava o Brasil.
A reação modernista implicava "abrasileirar" a cultura brasileira. As apresentações das obras e das idéias dos
jovens artistas provocaram forte reação dos setores conservadores, mas conseguiram, com o tempo, impor-se
dentro da cultura do País.

REVOLUÇÃO DE 1930

Durante os anos 20, a produção industrial e agrícola dos Estados Unidos ampliara-se progressivamente, sem que
houvesse, contudo, o mesmo aumento de consumo, pois o poder aquisitivo da população não acompanhou o
crescimento da produção e oferta de mercadorias, resultando numa crise de superprodução. Em outubro de 1929,
teve início internamente a quebradeira de empresas, desdobrando-se em desemprego e no corte às importações e
empréstimos internacionais.

Sendo a principal alavanca do comércio internacional, quando a economia norte-americana entrou em crise, irra-
diou-se a desorganização econômica por quase todo o mundo, gerando falência e desemprego.

A crise de 1929 foi um desastre para a economia brasileira já que os Estados Unidos eram o principal comprador
de café e financiador da produção cafeeira. Além de diminuir a aquisição dos produtos, a crise fez com que o
preço despencasse no mercado externo e também bloqueou a disponibilidade de capitais para manter a política de
empréstimos ao Brasil. Tornava-se inviável a tradicional política de valorização do café.

À crise econômica aliava-se a crise política.

O problema criado pela sucessão presidencial, até então dividida entre São Paulo e Minas Gerais, desencadeou o
fim do regime.

Pela "política do café-com-leite", o futuro Presidente seria mineiro, pois Washington Luís representava os
paulistas. No entanto, quebrando esse pacto, Washington Luís demonstrava clara intenção de lançar para sua
sucessão Júlio Prestes, outro paulista.

Os mineiros não aceitavam que os paulistas mantivessem o comando político brasileiro. Antônio Carlos de
Andrade, governador de Minas Gerais e candidato à sucessão presidencial, abriu mão de sua candidatura e orga-
nizou uma chapa de oposição, apoiando para presidente o governador do Rio Grande do Sul, Getúlio Vargas, e
para vice-presidente o paraibano João Pessoa. Formava-se a Aliança Liberal, que reunia as oligarquias de Minas
Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba. Juntou-se à Aliança o Partido Democrático (PD), formado por dissidentes do
Partido Republicano Paulista (PRP).

O programa da Aliança Liberal refletia as aspirações das classes dominantes regionais, não ligadas ao núcleo
cafeeiro. Incorporava, ainda, reivindicações como a regulamentação das leis do trabalho, a instituição do voto se-
creto e do voto feminino, a anistia que beneficiaria os tenentistas condenados, programa que tentava claramente
sensibilizar as classes médias. Prometia também dar incentivos à produção nacional em geral e não apenas ao
setor cafeeiro.

Nas eleições, repetiram-se as ocorrências de fraudes. Com base nas fraudes e no voto de cabresto, a vitória foi de
Júlio Prestes.

Apesar de a oposição aceitar, num primeiro momento, o resultado das eleições, o descontentamento popular
chegou a tal ponto que escapou ao controle oligárquico. O assassinato de João Pessoa, provocado por conflitos
locais na Paraíba, foi atribuído ao Governo Federal e precipitou os acontecimentos que destituíram a elite
cafeicultora do poder político.

Assim, a 3 de outubro de 1930, em Porto Alegre, teve início a revolução que depôs a oligarquia. Getúlio Vargas e
aliados iniciaram a marcha para o Rio de Janeiro. No Nordeste, o militar Juarez Távora conseguiu o controle sobre
as tropas da região.

Diante dos acontecimentos, a Marinha e o Exército depuseram, no Rio de Janeiro, o presidente Washington Luís e
organizaram um novo Governo, denominado Junta Pacificadora, o qual era composto por Tasso Fragoso, Mena
Barreto e Isaías de Noronha. A 3 de novembro, esse Governo entregou o poder ao líder do movimento revolu-
cionário, Getúlio Vargas, constituindo-se então um Governo Provisório.

A ERA VARGAS: POLÍTICA, ECONOMIA E SOCIEDADE

Governo Provisório

Ao assumir o poder em 1930, Getúlio Vargas suspendeu a Constituição em vigor, fechou o Congresso Nacional,
as assembléias estaduais e municipais e nomeou pessoas de sua confiança para o Governo dos estados, os
chamados interventores, em geral tenentes. Criou ainda dois novos ministérios: o da Educação e Saúde Pública e
o do Trabalho, Indústria e Comércio. Patrocinou uma política que diminuísse os efeitos da crise mundial de 1929
sobre o setor agrícola de exportação. O Estado passou a comprar o estoque excedente de café e a destruí-lo, bus-
cando controlar a oferta e garantir o preço do produto no mercado internacional. Além disso, criou órgãos de prote-
ção a outros gêneros agrícolas, como o cacau, pinho, mate, álcool e outros.

Revolução Constitucionalista de 1932

Perdendo o controle absoluto do poder político que desfrutara durante a República Velha, a oligarquia cafeeira,
contudo, buscava meios para recuperar a antiga posição. Concentrados em sua maioria no estado de São Paulo,
os cafeicultores chegaram a contar com o apoio da burguesia industrial paulista, reunida em torno do ideal da
elaboração de uma nova Constituição.

As tensões entre paulistas e Governo Federal aumentaram quando da nomeação de João Alberto de Lins Barros,
tenente pernambucano, para o cargo de interventor de São Paulo. Em 1932, da união entre o Partido Republicano
Paulista (representante da oligarquia cafeeira) e o Partido Democrático, surgiu a Frente Única Paulista.

Exercendo séria pressão sobre o Governo, a FUP conseguiu a nomeação de um novo interventor civil e paulista,
Pedro de Toledo. A partir daí, intensificaram-se as manifestações em favor da elaboração de uma nova Carta
Constitucional. Em uma das manifestações morreram quatro estudantes: Miragaia, Martins, Dráusio e Camargo,
cujas iniciais formaram a sigla MMDC, símbolo da luta dos paulistas pela Constituição.

A 9 de julho de 1932, iniciou-se um movimento armado que visava a depor o presidente Vargas. Mais de duzentos
mil homens aliaram-se ao "Exército Constitucionalista" e algumas indústrias foram adaptadas para a produção de
equipamentos de guerra. A Revolução estendeu-se por três meses e terminou com a derrota das forças paulistas.

Apesar da vitória sobre os paulistas, Vargas adotou uma atitude conciliatória, convocando eleições para a escolha
dos deputados que comporiam a Assembléia Constituinte para maio de 1933. Assim, a Revolução
Constitucionalista, mesmo derrotada militarmente, atingiu seu objetivo: a elaboração de uma nova Constituição
para o País.

Governo Constitucional

Vargas, no entanto, não abandonara suas pretensões centralizadoras. Alinhado com as tendências políticas
emergentes na Europa, o Presidente tendia ao totalitarismo, a exemplo de Mussolini, na Itália, e Hitler, na Alema-
nha. Tais regimes políticos de caráter ditatorial e militarista, receberam o nome de nazi-fascismo.
A Ação Integralista Brasileira, partindo de inspiração fascista, apoiada por grandes proprietários, empresários,
elementos da classe média e oficiais das Forças Armadas, surgiu em meio a esse contexto. Seus defensores pre-
gavam a criação, no Brasil, de um Estado integral, isto é, de uma ditadura nacionalista com um único partido no
poder. Seu líder, Plínio Salgado, tinha por lema "Deus, Pátria e Família" e representava os radicais defensores da
propriedade privada, pregando a luta contra o avanço comunista.

Nesse período, opondo-se frontalmente aos integralistas, constituiu-se uma aliança de esquerda, a Aliança
Nacional Libertadora (ANL), liderada pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB).

Além de comunistas, a ANL agregava também socialistas e liberais democratas, em geral membros da classe
média, operários e elementos das Forças Armadas. Pregavam a reforma agrária, o estabelecimento de um
governo popular-democrático, a nacionalização de empresas estrangeiras e o cancelamento da dívida externa.

A ANL cresceu rapidamente em todo o País, frente ao avanço da economia urbano-industrial e à crescente
ameaça ditatorial fascista. Apesar de sua popularidade, em julho de 1935, o governo de Getúlio Vargas declarou--
se ilegal com base na Lei de Segurança Nacional.

O fechamento das sedes aliancistas e a prisão de alguns de seus membros motivaram um levante, liderado pelos
comunistas, em novembro de 1935. A chamada Intentona Comunista, desencadeada em Natal, Recife e Rio de
Janeiro, foi rapidamente sufocada pelo Governo Federal.

A Intentona foi, porém, utilizada pelo Governo como pretexto para a decretação do estado de sítio, mantido
durante os anos de 1936 e 1937, o que garantiu plenos poderes ao Presidente no combate às agitações políticas.

Governo Ditatorial - Estado Novo

O mandato de Getúlio terminaria 1937, assim, teve início a campanha eleitoral para a sucessão do Presidente,
para a qual se apresentaram três candidatos: Armando Sales Oliveira, pela ANL; José Américo de Almeida, apa-
rentemente apoiado pelo Presidente; e o líder integralista Plínio Salgado.

Getúlio, todavia, não pretendia deixar a Presidência e, juntamente com dois chefes militares, generais Eurico
Gaspar Dutra e Góis Monteiro, arquitetou um golpe de Estado. A intenção do Presidente era conseguir o apoio de
setores sociais temerosos com o avanço da esquerda.

Para isso, fez-se circular uma história segundo a qual os comunistas planejavam tomar o poder, assassinar as
principais lideranças políticas do País, incendiar as Igrejas, desrespeitar lares, etc. O plano, que vinha assinado
por um desconhecido chamado Cohen, era, na verdade, uma farsa: o Plano Cohen fora forjado por alguns
militares integralistas, desejosos da instalação de um regime ditatorial de direita.

A suposta ameaça comunista garantiu a prorrogação do estado de sítio. Muitos opositores foram presos e a
imprensa sofreu violenta censura. O êxito do plano de Vargas completou-se em novembro de 1937, quando, usan-
do a Polícia Militar, determinou o fechamento do Congresso Nacional, suspendeu a realização das eleições presi-
denciais, extinguiu os partidos políticos e outorgou uma nova Constituição. Inaugurava-se o Estado Novo.

A Constituição, outorgada imediatamente após o golpe, havia sido elaborada por Francisco Campos e inspirada na
Constituição fascista da Polônia, chamada por isso de "Polaca". Nela, o poder político concentrava-se
completamente nas mãos do Presidente da República, a " autoridade suprema do Estado", subordinando o
Legislativo e o Judiciário.

A ditadura de Vargas apoiava-se, ainda, no controle sobre a imprensa. Para isso, criou-se o Departamento de
Imprensa e Propaganda (DIP), encarregado da censura dos meios de comunicação, além da divulgação de uma
imagem positiva do Estado Novo, influenciando a opinião pública. Nesse período começou a ser transmitido, por
rede de rádio, o programa "Hora do Brasil".
Para controlar o aparelho de Estado, foi criado o Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), o qual
assumiu o comando sobre a administração e o serviço público. No nível estadual, Vargas impunha os
interventores e proibia a utilização de bandeiras, hinos e outros símbolos que não fossem nacionais.

Contra os opositores do regime, ampliou os poderes das polícias estaduais, especialmente da polícia política,
comandada por Felinto Müller. Ocorreram muitas prisões e maus-tratos, sendo as torturas constantes.

No plano trabalhista, Vargas estabeleceu um rígido controle sobre os sindicatos, submetendo-os ao Ministério do
Trabalho e impondo-lhes lideranças fiéis ao regime. Manteve ainda sua política paternalista, concedendo novos
benefícios trabalhistas, como salário mínimo e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Com a extinção dos partidos políticos, os integralistas romperam com Vargas, tentando um golpe de Estado em
1938, atacando o Palácio do Catete, a sede governamental. Um golpe frustrado.

Durante o Governo Vargas, a economia brasileira modernizou-se e diversificou-se. Na agricultura, o Governo


obteve êxito na aplicação da política de valorização do café, com a queima dos excedentes e fixação de taxas de
exportação. Em outros setores da agricultura, o incentivo governamental propiciou o aumento da produção e a di-
versificação dos cultivos.

A indústria teve um impulso considerável, especialmente a partir de 1940. De um lado, o início da Segunda Guerra
Mundial (1939 - 1945) dificultava as importações, incentivando mais uma vez o processo de substituição dos
produtos importados por nacionais. Por outro, o intenso apoio governamental estimulava a implantação de novas
fábricas, a ampliação das já existentes e a montagem da indústria de base, como a Companhia Siderúrgica
Nacional.

Visando a obtenção de matéria-prima para a indústria pesada, Vargas criou a Companhia Vale do Rio Doce. Sur-
giram, assim, grandes empresas estatais que garantiriam o suprimento de produtos indispensáveis ao desenvolvi-
mento das demais indústrias.

Preocupado ainda com o fornecimento de energia que movimentasse o parque industrial brasileiro, o Governo
criou o Conselho Nacional do Petróleo. O órgão deveria controlar a exploração e o fornecimento desse produto e
seus derivados.

Fim do Estado Novo

Quando teve início a Segunda Guerra Mundial, em 1939, o governo brasileiro adotou uma posição de neutra-
lidade. Não manifestou apoio nem aos Aliados (Inglaterra, Estados Unidos, França e União Soviética), nem aos
países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Essa posição garantiu ao Brasil vantagens comerciais e a obtenção de
empréstimos junto aos países beligerantes.

Obtendo maiores vantagens econômicas junto aos aliados (EUA), pois com eles conseguiu o capital para a
construção da Usina de Volta Redonda, Vargas viu-se pressionado a apoiar as potências aliadas e, em janeiro de
1942, rompeu relações com os países do Eixo.

A participação do Brasil na luta contra os regimes ditatoriais europeus criou uma contradição interna, o que acabou
por enfraquecer as bases do Estado Novo. O Brasil lutava contra as ditaduras nazi-fascistas, pela liberdade,
enquanto mantinha um regime ditatorial. A oposição à ditadura de Vargas ganhou espaço, sendo realizadas
diversas manifestações pela redemocratização do País.

Sem saída, Vargas foi restabelecendo a democracia no País. Marcou a realização de eleições gerais para 2 de
dezembro de 1945. Permitiu abertura política, assim surgiram novos partidos políticos para a disputa eleitoral,
entre os quais se destacavam:
 UDN (União Democrática Nacional), que lançou a candidatura de Eduardo Gomes para a presidência;
 PSD (Partido Social Democrático) que coligado ao PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) lançaram a
candidatura de Eurico Gaspar Dutra, apoiados por Getúlio Vargas;
 PCB (Partido Comunista Brasileiro), tinha como candidato Yedo Fiúza.

O fim da Segunda Guerra dividiu o movimento de oposição ao Governo: enquanto alguns, especialmente
udenistas, desejavam a deposição imediata de Vargas, outros acreditavam que a transição para a democracia de-
veria ser gradual, tendo Vargas à frente. Essa facção liderou um movimento popular que recebeu o nome de
Queremismo, pois, em suas manifestações, gritava-se: "queremos Getúlio".

A 29 de outubro de 1945, porém, as Forças Armadas obrigaram Getúlio a renunciar à presidência. Em seu lugar
assumiu o ministro do Supremo Tribunal Eleitoral José Linhares, que garantiu a realização das eleições na data
prevista, as quais foram vencidas por Eurico Gaspar Dutra.

O Governo de Eurico Gaspar Dutra (1946 -1951)

Vitorioso nas eleições de dezembro de 1945, Dutra já no início de seu mandato, deu posse à Assembléia Nacional
Constituinte, encarregada de elaborar uma nova Constituição para o Brasil.

A Constituição, promulgada em 1946, restaurava a democracia, com o poder voltando a ser exercido pelos
poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Restabelecia também a autonomia dos estados e municípios,
acabando com o centralismo político que havia caracterizado a ditadura do Estado Novo. O presidente Dutra
procurou inverter a política econômica nacionalista, adotada pelo ex-presidente Vargas, permitindo a penetração,
na economia nacional, do capital estrangeiro, especialmente norte-americano.

O Estado, na concepção do novo governo, não deveria intervir constantemente nos diversos setores econômicos
do País, restringindo-se apenas às áreas fundamentais, como saúde, alimentação, transporte e energia, daí a
elaboração do Plano Salte.

Na política externa, Dutra estreitou os laços entre Brasil e Estados Unidos, alinhando-se contra a União Soviética.
Em 1947, rompeu relações diplomáticas com a União Soviética, além de decretar a ilegalidade do Partido Comu-
nista Brasileiro (PCB), cassando mandatos de seus deputados, senadores e vereadores, eleitos em 1945.

O mandato de Dutra, encerrou-se em 1951, sendo substituído na Presidência da República por seu antecessor,
Getúlio Vargas, que vencera as eleições realizadas em 1950.

O Governo de Getúlio Vargas (1951 - 1954)

Com Getúlio à frente da política nacional, a ideologia nacionalista, intervencionista e paternalista ganhou novo
impulso. O presidente procurou restringir as importações, limitar os investimentos estrangeiros no País, bem como
impedir a remessa de lucros de empresas estrangeiras aqui instaladas, para seus países de origem. Em 1952,
criou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), a fim de incentivar a indústria nacional.

Preocupado ainda com o desenvolvimento industrial no País, tão carente de infra-estrutura energética, aprovou,
em 1953, a Lei n.° 2.004, que criava a Petrobrás, empresa estatal que detinha o monopólio de exploração e refino
do petróleo no Brasil. A criação dessa empresa resultou da mobilização popular com base numa campanha
denominada "O petróleo é nosso!"

No plano trabalhista, procurou compensar os trabalhadores, grandemente afetados pelo processo inflacionário,
dobrando o valor do salário mínimo, a 1° de maio de 1954. Com isso, conquistou o apoio da classe trabalhadora.

A política estatizante, de cunho nacionalista, acionada por Vargas, desencadeou a franca oposição de muitos
empresários ligados às empresas estrangeiras. A estes aliaram-se antigetulistas tradicionais, como os membros
da UDN e alguns oficiais das Forças Armadas. As mais duras críticas ao Governo partiam do jornalista udenista
Carlos Lacerda, que acusava Vargas de estar tramando um golpe que estabelecia uma República sindicalista, o
que, na opinião de Lacerda, propiciaria a infiltração comunista.

Em 5 de agosto de 1954, na Rua Toneleros, no Rio de Janeiro, Carlos Lacerda sofreu um atentado, no qual mor-
reu o major da Aeronáutica Rubens Vaz. Descobriu-se, posteriormente, que amigos do presidente estavam en-
volvidos no caso, dando à oposição elementos para exigir sua renúncia.

Consciente de sua deposição em breve, Vargas surpreendeu seus inimigos e a nação, suicidando-se, em 24 de
agosto de 1954. Com a notícia de sua morte e a publicação de sua carta testamento, organizaram-se
manifestações populares por todo o País. Jornais antigetulistas foram invadidos, bem como as sedes da UDN e a
embaixada dos Estados Unidos, no Rio de Janeiro.

Com a morte de Getúlio, o vice-presidente Café Filho assumiu o poder. No ano seguinte, realizaram-se eleições
para a presidência, vencendo o candidato da coligação PSD-PTB, Juscelino Kubitschek de Oliveira. O vice-presi-
dente eleito foi João Goulart. Antes da posse de Juscelino houve um golpe fracassado.

O Governo de Juscelino Kubitschek (1956 -1960)

O período do governo de Juscelino Kubitschek foi marcado pelo desenvolvimentismo. Ancorado num Plano de
Metas que priorizava os setores energético, industrial, educacional, transporte e alimentação, o Governo pretendia
avançar "50 anos em 5". Visando a colocar o Brasil nos trilhos do progresso econômico, o Governo favoreceu a
penetração de capitais estrangeiros e de empresas transnacionais.

Dentre suas inúmeras realizações destacam-se: a instalação de fábricas de caminhões, tratores, automóveis,
produtos farmacêuticos, cigarros; a construção de usinas hidrelétricas de Furnas e Três Marias; a pavimentação
de milhares de quilômetros de estradas, etc. A sua maior obra foi a construção de Brasília, a nova capital do País,
inaugurada em 21 de abril de 1960.

A abertura econômica do capital estrangeiro, a instalação de inúmeras transnacionais, o envio dos lucros dessas
empresas ao exterior e os vários empréstimos contraídos junto a instituições estrangeiras, deixaram o País numa
séria crise financeira. No final do Governo os principais ramos das indústrias já eram controlados pelo capital es-
trangeiro, ao mesmo tempo que a inflação crescia rapidamente.

Enquanto cresciam as dificuldades populares, advindas da inflação, firmava-se outro resultado da aplicação da
política desenvolvimentista de Juscelino: o aumento da dependência econômica do País em relação aos Estados
Unidos.

Nas eleições de 1960, a coligação PSD-PTB indicou o nome do marechal Henrique Teixeira Lott à presidência e o
de João Goulart à vice-presidência. Na oposição, a UDN e outros partidos menores apoiaram a candidatura do ex-
governador de São Paulo, Jânio Quadros, à presidência. Durante sua campanha, este candidato pregava uma
"limpeza" na vida política nacional, através do combate à corrupção, usando como símbolo uma vassoura. O resul-
tado do pleito determinou a vitória de Jânio Quadros e de João Goulart.

Fim da República Democrática

Ao assumir a Presidência da República, em janeiro de 1961, Jânio Quadros encontrou uma difícil situação finan-
ceira. A inflação era crescente, o que obrigou o Governo a cortar gastos, eliminar subsídios à produção de
diversos gêneros, como o trigo, encarecendo-os, ao mesmo tempo que os salários eram congelados, perdendo
poder de compra e descontentando a opinião pública.

Na política externa, Jânio buscou uma relativa autonomia, reatando relações diplomáticas com os países so-
cialistas a fim de ampliar mercados e impulsionar a economia nacional.
Às dificuldades advindas da situação econômica que Jânio enfrentava, somou-se a oposição de seu partido,
contrário à política externa independente, considerada esquerdizante por alguns udenistas. Diante do acirramento
das oposições e surpreendendo todo o País, Jânio Quadros renunciou ao cargo de Presidente, em agosto de
1961, após sete meses de Governo.

A renúncia foi uma manobra política fracassada de Jânio Quadros, uma trama para reforçar seu próprio poder. O
golpe fundava-se no temor de setores da sociedade e de parte da opinião pública diante de um Governo dirigido
por João Goulart. O vice-presidente, que assumiria com a renúncia, era considerado por setores militares e muitos
políticos influentes como getulista radical e até mesmo comunista. Isso levaria o Congresso Nacional a rejeitar o
pedido de renúncia de Jãnio Quadros, o qual exigiria plenos poderes para continuar na presidência. Entretanto, o
pedido de renúncia foi aceito imediatamente pelo Congresso e nenhum grupo movimentou-se para convencer
Jânio a voltar à presidência.

Quando Jânio renunciou, seu sucessor achava-se em visita à China. Alguns ministros e políticos da UDN tentaram
impedir que se cumprisse a Constituição, alegando que um comunista não poderia assumir a presidência do
Brasil. Entretanto, o então governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, aliado ao comandante do III Exército,
lançou a Campanha da Legalidade, conquistando o apoio de boa parte da população brasileira.

O temor de que a disputa pela sucessão presidencial se convertesse numa guerra civil, contribuiu para que fosse
estabelecido um acordo entre as partes antagonistas: João Goulart assumiria o poder, porém, somente depois da
aprovação, pelo Congresso Nacional, de um Ato Adicional à Constituição de 1946 que instaurasse o regime
parlamentarista no País.

Definiu-se, também, que a continuidade do parlamentarismo dependeria de um plebiscito a ser realizado mais
tarde, ratificando ou não aquele Ato Adicional. Assim, o exercício do Poder Executivo passaria a ser atribuição de
um primeiro-ministro, o qual, para efetivar suas decisões, deveria contar com a aprovação do Congresso. A 2 de
setembro de 1961, foi aprovado o Ato Adicional e no dia 7 do mesmo mês João Goulart assumiu a Presidência da
República.

O regime parlamentar, imposto em meio a um cIima de golpismo, provocou imenso descontentamento e ganhou
grande impopularidade. O Presidente, democraticamente eleito, funcionava, a partir de então, como mero
ornamento político, pois quem efetivamente detinha o poder eram os gabinetes parlamentares, chefiados por um
primeiro-ministro.

O plebiscito que ratificaria o parlamentarismo foi marcado para o ano de 1965. Mas as pressões populares
avolumaram-se e o Congresso teve de antecipá-lo para 6 de janeiro de 1963. Após intensa campanha política os
brasileiros decidiram pela restauração do regime presidencialista.

Enquanto o presidencialismo era estabelecido, a situação econômico-financeira do País deteriorava-se rapi-


damente. Para conter a crise, o Presidente e seu ministro do Planejamento Celso Furtado, lançaram o Plano
Trienal, que, entretanto, não surtiu os efeitos desejados. As pressões salariais cresciam, levando João Goulart a
decidir-se pelas reformas de base: reforma agrária, administrativa, fiscal e bancária, programas que prejudicavam
os interesses de grupos conservadores dominantes.

O governo Jango estabeleceu, ainda, medidas que visavam conter a remessa de lucros das empresas estran-
geiras para o exterior. Com isso, João Goulart conquistou, também, a oposição dos Estados Unidos e dos grupos
ligados ao capital internacional. Para evitar que a inflação assumisse proporções incontroláveis, a presidência de-
terminou a criação da Superintendência Nacional do Abastecimento (Sunab), encarregada de estabelecer o
controle de preços internos, o que atraiu o descontentamcnto do empresariado.

Com tantas oposições dos setores mais favorecidos da sociedade, João Goulart, num estilo populista, aproximou-
se dos movimentos populares, estimulando diversas manifestações, atemorizando ainda mais seus antagonistas.

Num comício realizado a 13 de março de 1964, no Rio de Janeiro, Jango prometeu aos trabalhadores o
aprofundamento das reformas iniciadas em seu Governo. Em reposta ao Presidente, os conservadores
organizaram, no dia 19 do mesmo mês, uma grande passeata pelas ruas de São Paulo, a chamada "Marcha da
Família com Deus pela Liberdade", a qual contou com a presença da Igreja e do empresariado.

As manifestações e movimentos intensificavam-se até que, a 31 de março de 1964, os generais Luís Carlos
Guedes e Olímpio Mourão Filho, de Minas Gerais, rebelaram-se contra o Governo. Sua atitude foi acompanhada
pelo Chefe do Estado-Maior do Exército, Marechal Castelo Branco, e por vários governadores.

O golpe, encabeçado por militares, teve um desfecho rápido e bem-sucedido, culminando com a deposição do
presidente João Goulart.

Após a deposição de João Goulart o Congresso declarou vaga a Presidência, dando posse provisória ao pre-
sidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli, e em seguida ao Marechal Castelo Branco, iniciando o
período dos governos militares.

O REGIME MILITAR E A REDEMOCRATIZAÇÃO (1964 AOS DIAS ATUAIS)

Os militares passaram a controlar a vida política brasileira logo nos primeiros dias de abril de 1964. Tinham
chegado ao poder para, entre outras coisas, "salvar a democracia", mas acabariam com ela e ficariam no poder
por duas décadas.

As tendências conciliadoras dos parlamentares não agradavam aos ministros do governo provisório, Brigadeiro
Correia de Mello, Almirante Augusto Rademaker e o General Costa e Silva. Em 9 de abril de 1964, com a autori-
dade que a si atribuíram de Supremo Comando Revolucionário, publicaram um Ato Institucional, que estabelecia
eleições indiretas para Presidente da Repúhlica; dava aos comandantes o poder de decretar estado de sítio e sus-
pender as garantias constitucionais, e suprimir direitos políticos por até dez anos.

Em 11 de abril, o Congresso elegeu presidente o Marechal Castelo Branco. As primeiras medidas anularam os
atos do Governo anterior e reprimiam prováveis opositores.

Objetivos Econômicos:

Os principais objetivos econômicos dos governos que se seguiram a 1964, foram:

 Fazer o País se desenvolver ;


 Controlar a inflação, sobretudo através da contenção do crédito e dos salários;
 Diminuir as diferenças regionais;
 Diminuir o déficit da balança de pagamentos;
 Incentivar as exportações;
 Atrair capitais estrangeiros, oferecendo possibilidade de bons lucros e de estabilidade política.

Os objetivos, constantes do Plano de Ação Econômica do Governo (PAEG) elaborado durante o Governo de
Castelo Branco (1964-1967), foram perseguidos durante os governos militares seguintes: Costa e Silva (1967-
1969), Médici (1969-1974), Geisel (1974-1979) e Figueiredo (1979-1985).

O militares fizeram o País crescer mais, incentivaram as exportações e atraíram capitais estrangeiros. Mas não
diminuíram o déficit da balança de pagamentos, não diminuíram as diferenças regionais, nem controlaram a infla-
ção.

O milagre econômico foi inegável. Em 16 anos, o Brasil saltou do 50° para o 10° lugar na lista de nações com
maior PIB (Produto Interno Bruto); concentrou mais de um quarto do desenvolvimento industrial do chamado
Terceiro Mundo; subiu o nível técnico de produção. Além de tudo, cresceram acima da taxa de crescimento da
população: o número de matrículas escolares, o de leito em hospitais, de médicos, de casas com água, luz e
esgoto. E aumentou a proporção de lares com eletrodomésticos e automóveis.
No período áureo da ditadura militar, entre 1968 e 1973, a economia brasileira cresceu 11 % ao ano. O "milagre"
resultou de vários fatores:

 arrocho de salários;
 situação internacional vantajosa: preços altos na venda de produtos brasileiros e baixos na de alguns es-
trangeiros, como petróleo;
 grandes investimentos estatais;
 taxas de juros internacionais baixas;
 grande endividamento externo, público e particular;
 participação das multinacionais.

Mas, por volta de 1974, começou uma crise mundial, com o aumento do preço do petróleo e outros produtos; e o
déficit comercial, entre 1974 e 1977, chegou a 10 bilhões de dólares.

No Brasil, a crise foi duplamente grave, porque:

O "milagre" feito com financiamento externo, que acarretou enorme dívida, não desenvolveu o mercado interno;
concentrou-se em grandes obras, muitas delas desnecessárias, e na produção de bens duráveis inacessíveis ao
grosso da população;

Com a crise mundial, os juros subiram e o Brasil passou a receber pelas exportações, menos do que pagava por
elas.
Entre 1970 e 1980, cresceu a concentração de renda: os ricos ficaram mais ricos, e os pobres, mais pobres. A
concentração impediu a maior parte da população de usufruir do "milagre" e o Governo justificava com a famosa
tirada de que era preciso fazer o bolo crescer para depois repartir. O bolo cresceu, mas jamais foi repartido. A
crise tornou a situação do povo dramática: desemprego jamais visto e salário real despencando.

O projeto que os militares tinham em mente não poderia sustentar-se, caso não tivessem poderes excepcionais
nas mãos. Eles apelaram para a legitimidade revolucionária e se atribuíram tais poderes, mediante Atos
Institucionais (Als).

AI-2 (27.10.1965): mais poderes ao Presidente quanto à apresentação de projetos de lei; Justiça Militar passa a
julgar civis incursos em crimes contra a segurança nacional; eleições indiretas para o futuro presidente; autoriza-
ção para caçar mandatos e suspender direitos políticos por dez anos; extinção dos partidos políticos e autorização
para a organização de apenas dois: ARENA (Aliança Renovadora Nacional) e MDB (Movimento Democrático
Brasileiro);

AI-5 (13.12.1968): autorização ao Presidente da República para: decretar o recesso do Congresso, Assembléias
Legislativas e Câmaras Municipais; intervir nos estados, municípios e territórios; cassar mandatos por dez anos;
decretar estado de sítio; decretar o confisco de bens.

O General Costa e Silva, ao baixar o AI-5, pôs o Congresso em recesso. Este só seria convocado novamente para
aprovar a indicação do General Médici para a Presidência. Os poderes discricionários de que a ditadura passaria a
dispor com o AI-5 não tinham limites.

Os governos militares resumiram seus grandes objetivos em duas palavras: segurança e desenvolvimento. Tais
métodos são contestados, pois o desenvolvimento beneficiou a poucos e promoveu a segurança para o Estado, a
custa da insegurança da população.

Em março de 1974, no início de seu Governo, o General Ernesto Geisel apresentou a proposta de um "gradual,
mas seguro, aperfeiçoamento democrático". Dez anos depois, os gigantescos comícios por eleições diretas para
Presidente da República tornavam clara a intenção do povo brasileiro de voltar a tomar conta do seu próprio
destino.
CRISE DO REGIME MILITAR E REDEMOCRATIZAÇÃO

O fracasso do modelo político-econômico, adotado pelo regime militar, ficou evidente durante o Governo
Figueiredo. O País tinha mergulhado numa das maiores crises de sua história, que se refletia nas elevadas taxas
de inflação, no assombroso endividamento externo e no déficit público.

Diversos setores da sociedade (partidos políticos, Igreja, entidades científicas e sindicatos) reivindicavam uma
mudança de rumo para o País.

A crescente onda de descontentamento social foi canalizada, pelas lideranças de oposição, para a campanha em
favor das eleições diretas para Presidente da República. O objetivo era conseguir que o Congresso Nacional
aprovasse a emenda proposta pelo deputado Dante de Oliveira, que restabelecia eleições diretas para Presidente
e acabava com o Colégio Eleitoral, pelo qual se faziam eleições indiretas.

A campanha pelas diretas foi um dos maiores movimentos político-populares. Multidões entusiasmadas pro-
clamavam nas ruas e nas praças o lema "diretas-Já" e cantavam o Hino Nacional.

Entretanto, uma série de manobras da elite dirigente, ligada ao regime militar, impediu a implantação das eleições
diretas para Presidente. O principal grupo político que se opôs à emenda das diretas era liderado pelo deputado
paulista Paulo Maluf.

Contrariada a vontade popular, teve prosseguimento o processo das eleições indiretas. Essa fase foi dominada por
duas candidaturas: a do deputado Paulo Maluf, representante oficial do PDS, embora não contasse com apoio
efetivo das forças que estavam no poder; e a do governador de Minas Gerais, Tancredo Neves, apoiado por uma
heterogênea aliança política, a Aliança Democrática, composta pelo PMDB e pela Frente Liberal. Através de comí-
cios populares, a candidatura de Tancredo Neves foi se consolidando como alternativa viável para garantir o fim
do regime militar.

Em 15 de janeiro de 1985, forças da Aliança Democrática, reunidas no Colégio Eleitoral, conseguiram eleger
Tancredo Neves para a Presidência da República.

Tancredo Neves tinha como proposta realizar um governo de transição democrática. Falava na instauração de
uma Nova República, cuja missão seria implantar um projeto de conciliação nacional, num clima de ordem e
respeito às instituições.
Atingido por grave enfermidade doze horas antes da posse, Tancredo Neves não conseguiu assumir o poder. Foi
internado e submetido a cirurgias em Brasília e, posteriormente, em São Paulo. A doença evoluiu, tornando-se
fatal. Tancredo morreu em 31 de abril de 1985.

O vice-presidente em exercício, José Sarney, assumiu então, de forma plena, o comando da Nação.

O Governo de José Sarney (1985 - 1990)

Durante o governo de José Sarney consolidou-se o processo de redemocratização do País, o qual garantiu à
maioria da população brasileira o direito à participação na vida política nacional. Nesse sentido foi restabelecido o
direito de voto, a garantia de amplas liberdades sindicais, além da convocação da Assembléia Nacional Constituin-
te, encarregada de elaborar uma nova Carta Constitucional devolvendo o País à democracia.

Para fazer frente às dificuldades econômicas, o Governo estabeleceu, em fevereiro de 1986, inúmeras medidas
que visavam a reverter o quadro inflacionário. O então ministro da Fazenda, Dilson Funaro, criou um plano
econômico, o chamado Plano Cruzado, que contou com amplo apoio da sociedade de uma maneira geral e, por
algum tempo, apresentou efeitos promissores.

O sucesso inicial do Plano Cruzado garantiu a Sarney e ao partido do Governo, uma estrondosa vitória nas elei-
ções para os governos estaduais e para o Congresso Nacional, em novembro de 1986.
Porém, logo no final de 1986, a situação reverteu-se, e o Plano demonstrou seu fracasso frente à falta de merca-
dorias, às inúmeras pressões por aumentos e à generalizada cobrança de ágio na compra de produtos.

Outros planos foram postos em prática durante o Governo, que, não sendo eficazes, contribuíram para aprofundar
a crise econômica e financeira do País. Ao descontrole financeiro juntavam-se o peso da dívida externa, o
descrédito do Brasil no mercado internacional, com ausência de investimentos estrangeiros, e a enorme dívida
interna do Governo, pois a arrecadação de tributos não atendia aos compromissos existentes.

No final do mandato de José Sarney, as forças políticas que compunham o Governo estavam muito desacredi-
tadas. A oposição conquistava cada vez mais força. Em fins de 1989, realizaram-se as primeiras eleições diretas
presidenciais após o Golpe de 1964. Depois de acirrada disputa entre o candidato do PT (Partido dos Trabalhado-
res), Luís Inácio Lula da Silva, e Fernando Collor de Mello, candidato do PRN (Partido da Renovação Nacional),
apoiado pela direita e pela população mais pobre, Fernando Collor saiu vencedor.

O Governo do Fernando Collor (1990 - 1995)

A posse do novo Presidente, em março de 1990, em meio à hiperinflação, foi acompanhada de novas medidas
econômicas, organizadas pela ministra Zélia Cardoso de Mello - o Plano Collor.

Depois do curto sucesso dos primeiros meses do seu mandato, Collor passou a viver a reversão econômica. Em
1991, a ministra Zélia demitiu-se do cargo, ao mesmo tempo que emergiam sucessivos escândalos envolvendo
membros do Governo. Ainda nesse ano, ganhou força a política recessiva, ampliando o desemprego e a miséria
da maioria da população. Já no início de 1992, o presidente Collor experimentava uma crescente impopularidade
com uma inflação sempre superior a 20%, com sinais preocupantes de elevação.

Outro destaque econômico do governo Collor foi a abertura do mercado à entrada de produtos estrangeiros, com a
redução das tarifas de importação, incluindo a eliminação da reserva de mercado, como o da informática. O
Governo justificava que a política de comércio exterior, facilitando as importações, produziria a reestruturação da
economia, tornando as indústrias nacionais mais competitivas e estimuladas a igualar-se aos padrões internacio-
nais. Muitos opositores acusavam tal política de sucatear a produção interna, irradiando falências e desemprego.

Embora breve, o governo Collor deu ênfase à privatização, isto é, à transferência de empresas estatais para o
setor privado. Alcançou-se, também, uma parcial normalização nas relações com os credores estrangeiros,
ampliando a capacidade de pagamento de dívidas do País. Nesse caso, a política econômica foi favorecida pelo
superávit na balança comercial e entrada de novos empréstimos e investimentos estrangeiros. No plano interno,
entretanto, agravaram-se as condições de vida da maioria da população.

Desde o início do governo Collor emergiram escândalos envolvendo os principais membros do Poder Executivo.
Em maio de 1992, Pedro Collor, irmão do Presidente, acusou o ex-caixa da campanha presidencial, Paulo César
Farias, de enriquecimento ilícito, obtenção de vantagens no Governo e, principalmente, de profundas ligações
comerciais com o Presidente. No mês seguinte foi instalada, no Congresso Nacional, uma Comissão Parlamentar
de Inquérito (CPI) para apurar as acusações, ao mesmo tempo que novas evidências vinham a público pela ação
da imprensa.

O avanço da CPI ganhou impulso com o depoimento do motorista Eriberto França, afirmando que as despesas da
Casa da Dinda (residência presidencial) eram pagas por PC, e com o início das manifestações populares em favor
do impeachment. O desfecho deu-se em 29 de setembro de 1992, quando a Câmara dos Deputados apresentou
441 votos a favor e 38 contra. No sábado, dia 3 de outubro, Collor foi afastado da presidência, assumindo o vice
Itamar Franco.

O Governo da Itamar Franco (1995 - 1994)

Refletindo as crescentes dificuldades econômicas nacionais, o governo Itamar Franco conseguiu alianças
políticas não muito estáveis, produzindo sucessivas nomeações e demissões de ministros de Estado e de outros
cargos do primeiro escalão do Governo. A área da Fazenda, à qual pertence o controle geral da economia
nacional, mostrou-se a mais crítica.

Vivia-se mais uma vez, em meio às alterações na equipe governamental, especulações, temores de novos planos
econômicos de impacto, anúncio de privatizações, desmentidos oficiais quanto a congelamento de preços,
salários, etc.
Segundo o Relatório do Desenvolvimento Humano - 1993, da ONU, com base na combinação de índices como
analfabetismo, distribuição de renda e mortalidade infantil, o Brasil caiu da 59° posição para a 70' na classificação
mundial das condições de vida. Essa classificação confirma o resultado de décadas de empobrecimento da
maioria da população e a crescente concentração de riquezas nas mãos de uma reduzida elite.

À instabilidade política e à fragilidade do País, em 1993, acrescentara-se discussões sobre a forma, sistema e
estruturas governamentais. Fez-se um plebiscito para definir a forma de governo (República ou Monarquia) e o
sistema de governo (parlamentarismo ou presidencialismo), com uma vitória esmagadora da República presiden-
cialista. Tiveram início, em seguida, as discussões para a reforma da Constituição de 1988, que avançaram
durante os primeiros meses de 1994, sem que se chegasse a finalizar os trabalhos da revisão.

Em 1994, o Brasil viveu duas fases distintas na área econômica: depois de uma continuada elevação dos índices
inflacionários, houve uma reversão dessa tendência, aos mesmo tempo que continuava o crescimento econômico
nacional.

Os índices inflacionários mantiveram a tendência ascendente até junho de 1994, quando surgiram os primeiros
efeitos positivos do novo plano de estabilização da economia - o Plano Real - iniciado pelo ministro Fernando
Henrique Cardoso e implantado sem choques.

Ao mesmo tempo em que caía a inflação, ocorria também uma valorização da nova moeda nacional frente ao
dólar, o que, associado às facilidades de importação criadas pelo Governo, estabeleceu a ampliação do consumo,
o que impulsionou a atividade econômica e as vendas no final de 1994.

Impulsionada pelo Plano Real, a candidatura de Fernando Henrique a presidente da República cresceu sem parar.
Seu principal adversário, Luís Inácio Lula da Silva, experimentou quedas cada vez maiores nos índices das
pesquisas. Fernando Henrique venceu no primeiro turno, realizado em 3 de outubro, com quase 55% dos votos.

O Governo de Fernando Henrique

Empossado em 1° de janeiro de 1995, Fernando Henrique destacou a prioridade governamental de consolidar a


estabilidade da nova moeda, evitando a todo custo a retomada das altas taxas inflacionárias, de reverter o quadro
de miséria e fome que atinge a maioria da população, além de promover a reforma da Constituição.

Durante os seus dois primeiros anos de Governo, Fernando Henrique conseguiu manter a estabilidade econômica.
Mas, mesmo com a estabilização, o Governo não conseguiu cumprir a meta de gerar 5,8 milhões de empregos.
Com o modelo de abertura econômica adotado, muitas empresas passaram por dificuldades ou fecharam, devido
a juros elevados e à concorrência de produtos importados.

Quanto às reformas, o Governo conseguiu que o Congresso aprovasse o fim do monopólio estatal nos setores de
telecomunicações e de exploração e refino de petróleo. No início de 1997, a reforma da Previdência havia sido
aprovada apenas na Câmara dos Deputados, mas ainda precisava ser votada no Senado. As reformas tributária e
administrativa também seriam colocadas na pauta de votação da Câmara e do Senado. Na área da saúde tivemos
a aprovação da CPMF, destinada a prover recursos adicionais ao setor. No plano político tivemos a aprovação da
emenda constitucional que permite a reeleição, para um segundo mandato do Presidente da República, dos
governadores e dos prefeitos.

Um dos mais graves problemas enfrentados pelo Governo tem sido o da terra, sobretudo porque existem cerca de
4,8 milhões de famílias sem terra no País. Após a repercussão dos massacres de Corumbiara (RO), em 1995, e
de Eldorado dos Carajás (PA) em 1996, o Governo criou o Ministério Extraordinário da Política Fundiária. Os
massacres aconteceram devido a conflitos entre trabalhadores sem-terra e policiais militares ou guardas armados
por fazendeiros. Na tentativa de agilizar o processo da reforma agrária, o Governo modificou o ITR (Imposto
Territorial Rural), aumentando o imposto sobre as terras improdutivas.

Planos Econômicos de Eurico Gsspar Dutra a Fernando Henrique Cardoso

- Plano SALTE (Governo Eurico Gaspar Dutra - 1946 / 1951)

Um dos problemas mais sérios, enfrentados pelo governo Dutra, foi as altas taxas de inflação, que se faziam sentir
na elevação do custo de vida dos grandes centros urbanos. Procurando elaborar uma estratégia de combate à
inflação, Dutra buscou coordenar os gastos públicos dirigindo os investimentos para setores prioritários. Nasceu
daí o Plano SALTE, sigla que identificava os objetivos do plano: investir em saúde, alimentação, transporte e
energia. Contudo, os mais sacrificados na política de combate à inflação foram os trabalhadores, pois reduziu-se à
metade o poder aquisitivo do salário mínimo.

Plano de Metas (Governo Juscelino Kubitschek – 1956 / 1961)

O Plano de Metas foi um programa minucioso do Governo, que priorizava cinco setores fundamentais: energia,
transporte, alimentação, indústria de base e educação. Entre as principais realizações do Governo podemos
destacar: a construção de usinas hidrelétricas; a instalação de diversas indústrias; a abertura de rodovias; ampli-
ação de produção de petróleo; a construção de Brasília. O grande número de obras realizadas pelo Governo, fez-
se à custa de empréstimos e investimentos estrangeiros. Ou seja, o Governo internacionalizou a economia e
aumentou a dívida externa.

Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social (Governo João Goulart - 1961 / 1964)

Organizado pelo ministro do Planejamento, Celso Furtado, esse plano tinha como objetivos: promover uma melhor
distribuição das riquezas nacionais, atacando os latifúndios improdutivos para defender interesses sociais;
encampar as refinarias particulares de petróleo; reduzir a dívida externa brasileira; diminuir a inflação e manter o
crescimento econômico sem sacrificar exclusivamente os trabalhadores. Apavorados com a idéia de perder seus
lucros e privilégios, os grandes empresários uniram-se aos militares e começaram a tramar a queda de João
Goulart.

Programa de Ação Econômica do Governo - PAEG (Governo Castelo Branco – 1964 / 1967)

Uma das principais propostas econômicas desse programa econômico era o combate à inflação. Um combate
mediante o favorecimento do capital estrangeiro, as restrições ao crédito e a redução dos salários dos trabalha-
dores. As medidas econômicas tomadas tornaram o Governo cada vez mais impopular. Carlos Lacerda dizia que
"o ministro Roberto Campos era um homem imparcial, porque estava matando imparcialmente ricos e pobres".

Programa Estratégico de Desenvolvimento (Governo Costa e Silva - 1967 / 1969)

Tal programa tinha como objetivos principais: o crescimento da economia, a redução inflacionária e a ampliação
dos níveis de emprego. Essas três metas prioritárias foram praticamente atingidas, embora a oferta de empregos
só tenha podido se manter na base de uma rígida política de controle salarial.

Plano Nacional de Desenvolvimento - I PND (Governo Emílio Garrastazu Médici- 1969 / 1974)

Abrangia uma série de investimentos no campo siderúrgico, petroquímico, de transporte e de energia elétrica,
além do PIN (Programa de Integração Nacional). Desenvolveu-se, durante o período, um clima de grande euforia,
era tanto o entusiasmo que à época ficou conhecida como o período do "milagre brasileiro": a economia cresceu a
altas taxas anuais, tendo como base o aumento da produção industrial, o crescimento das exportações e a
acentuada utilização de capitais externos. Em contrapartida, o Governo adotou uma rígida política de arrocho sa-
larial. O "milagre brasileiro" durou pouco porque não tinha bases sólidas para permanecer, o resultado foi o au-
mento da inflação e da dívida externa.
II Plano Nacional de Desenvolvimento - II PND (Governo Ernesto Geisel- 1974 / 1979)

Enfatizava a necessidade de expansão das indústrias de bens de produção, a fim de conseguir uma sólida infra-
estrutura econômica para o progresso econômico-industrial. O Governo assumiu o objetivo de fazer do Brasil uma
potência mundial emergente. Nesse período, estimularam-se grandes obras no setor da mineração (exploração do
minério de ferro da Serra dos Carajás; extração de bauxita através da ALBRAS e da ALUNORTE), e no setor
energético (construção de usinas; ingresso do Brasil na era da energia nuclear marcado pelos acordos feitos com
a Alemanha Ocidental para a instalação de oito reatores nucleares no Brasil. Os objetivos do II PND eram audaci-
osos, e o País não dispunha de condições internas para custear os gigantescos investimentos planejados pelo
Governo.

III Plano Nacional de Desenvolvimento - III PND (Governo João Baptista Figueiredo – 1979 / 1985)

Esse plano estabelecia como metas prioritárias: crescimento de renda e do emprego; equilíbrio do balanço de
pagamentos; controle da dívida externa; combate à inflação; e desenvolvimento de novas fontes de energia. Dos
vários objetivos planejados, um dos que o Governo levou avante foi a substituição progressiva da energia importa-
da por energia nacional. Contudo, a maioria dos objetivos planejados estiveram longe de ser alcançados. O
período foi marcado por grave crise econômica, que se refletia em problemas fundamentais, tais como: dívida
externa, inflação, desemprego.

Plano Cruzado (Governo José Sarney - 1986)

Combina medidas monetárias tradicionais (juros altos) com medidas intervencionistas. O Cruzado combinou
medidas de austeridade fiscal com a preocupação de elevar a renda real dos assalariados. Suas medidas de
destaque foram: extinção do cruzeiro e criação de uma nova moeda, o cruzado; fim da correção monetária gene-
ralizada; congelamento dos preços das mercadorias; reajuste automático dos salários, sempre que a inflação
atingisse 20%, mecanismo conhecido como gatilho salarial. Depois de várias tentativas de chegar a algum acordo
com os banqueiros internacionais, o Governo decretou a moratória da dívida externa. Durou pouco o entusiasmo
com o plano e o congelamento dos preços. O programa de estabilização, apesar da intensa participação popular,
fracassou.

Plano Cruzado II (Governo José Sarney - 1986)

O Governo reajustou os preços das tarifas públicas, do álcool, da gasolina e de uma série de outros produtos. O
novo plano não contou com o apoio da população, que se sentia enganada pelo Governo.

Plano Bresser (Governo José Sarney - 1987)

Este plano estava mais voltado para o saneamento das contas públicas. Entre as principais medidas encontramos:
congelamento de preços; extinção do gatilho salarial; elevação das tarifas públicas; vigilância sobre os cartéis e
oligopólios para controlar os preços. Em relação à dívida externa manteve-se a moratória. O plano mostrou-se
incapaz de conter a inflação, acarretou perdas salariais e retaliação de credores e governos estrangeiros, princi-
palmente dos Estados Unidos.

Luís Carlos Bresser, fracassando ao tentar debelar a crise, saiu do Governo no fim de 1987 e deu lugar a Maílson
da Nóbrega, que retomou o pagamento dos juros da dívida externa e as negociações com o FMI. Maílson dizia
estar aplicando uma política econômica do feijão-com-arroz, que elevou a inflação a taxas altíssimas, agravou o
desemprego e provocou descontentamento geral.

Plano Verão (Governo José Sarney - 1989)

Tinha como objetivo combater a inflação pelo controle do déficit público e pela contração da demanda por meio da
redução do salário real. Teve como principais medidas: substituição do cruzado pelo cruzado novo; nova fórmula
para o reajustamento dos salários; extinção da OTN (Obrigação do Tesouro Nacional) como instrumento da
correção monetária; desvalorização cambial; anúncio de demissões no funcionalismo público e de privatização de
empresas estatais. O ano terminou com forte recessão e a inflação passou dos 50%, em dezembro.

Plano Collor (Governo Fernando Collor – 1990 / 1992)

Anunciado um dia após a posse do novo Governo (16/3/90), o programa tinha inspiração neoliberal. Collor
ambicionava modernizar o Estado e estabelecer plenamente a economia de mercado no País, além de eliminar a
inflação. As principais medidas foram: confisco temporário de grande parte do dinheiro depositado nas contas
correntes, cadernetas de poupança e outras aplicações financeiras; volta do cruzeiro como moeda nacional; con-
gelamento de preços e salários; reformulação do cálculo mensal da inflação aplicado na correção de salários, alu-
guéis, aposentadorias, etc. Com objetivos de médio e longo prazo, o Governo iniciou reforma administrativa,
recompondo e reduzindo o Ministério, demitindo funcionários e vendendo imóveis; anunciou um programa de
privatizações a ser financiado com títulos comprados pelos bancos e um programa de desregulamentação e
liberalização da economia, reduzindo ao mínimo a intervenção do Estado na atividade econômica, eliminando as
reservas de mercado e facilitando as importações. A reforma administrativa não avançou, a produção estancou e a
inflação voltou a subir. Nada se conseguiu nas negociações da dívida externa. O Governo tentou o Plano Collor II
em fins de janeiro de 1991, mas a apatia com que a população recebeu as novas medidas mostrou a perda de
credibilidade dos choques e planos.

Plano Real (Governo Itamar Franco – 1992 / 1994)

Em maio de 1993, o sociólogo Fernando Henrique Cardoso assumiu o Ministério da Fazenda e reuniu um grupo
de economistas para implantar um novo plano, visando a eliminar a inflação e estabilizar a economia. O plano
desenrolou-se em três etapas: na primeira procurou-se controlar as contas do Governo, no sentido de diminuir o
déficit público e aumentar as reservas no exterior; na segunda etapa foi criada a Unidade Real de Valor (URV), um
indexador que passaria a corrigir diariamente preços, salários e serviços, como uma espécie de moeda. A URV foi
implantada em 1 ° de março de 1994; finalmente, em 1° de julho de 1994, foi introduzida uma nova moeda, o real,
com o valor de uma URV equivalente a 2.750,00 cruzeiros reais, moeda que desapareceu. Tais medidas elevaram
demasiadamente o consumo, o que preocupou o Governo. Em outubro de 1994, o Governo baixou um pacote
anticonsumo, contendo as seguintes medidas principais: limitação de três meses no parcelamento de compras fi-
nanciadas com recursos de instituições financeiras; suspensão de consórcios de eletrodomésticos e eletrônicos;
redução para doze meses do prazo dos novos grupos de consórcios para a aquisição de carros; recolhimento
compulsório de 15% sobre qualquer tipo de empréstimo feito por qualquer instituição financeira.

Durante os seus dois primeiros anos o Governo Fernando Henrique Cardoso conseguiu manter a estabilidade
econômica. Em 1996, a inflação ficou em torno de 10%. Mesmo com a estabilização o Governo não conseguiu
cumprir sua meta de gerar 5,8 milhões de empregos. A taxa de desemprego atingiu 6% dos trabalhadores das seis
principais regiões metropolitanas do País, em 1996. Com o modelo de abertura econômica adotado, muitas
empresas passaram por dificuldades ou fecharam, devido aos juros elevados e à concorrência de produtos im-
portados.

ASPECTOS GEOGRAFICOS DO BRASIL

DIVISÃO POLÍTICA E REGIONAL DO BRASIL

Região Norte

É formada por 7 Estados, ocupando 45,25% da área do Brasil e possuindo 11.159.000 habitantes (1995 = 7,2% do
Brasil). No período de 1980 a 91, a Região registrou a maior taxa de crescimento populacional (3,9%) do Brasil,
sendo Roraima o Estado que teve a taxa mais alta de crescimento populacional, aumentando de 79.159 para
262.200 habitantes.

Região Nordeste
É formada por 9 Estados (Fernando de Noronha foi anexado a PE), abrangendo 18,28% da área do Brasil. Nessa
região vivem 28,8% dos brasileiros. Constitui uma área de intenso êxodo populacional, fornecendo migrantes para
as demais regiões. A região apresenta enormes disparidades econômicas e naturais entre suas diversas áreas.
Distinguem-se as seguinte regiões geoeconômicas: Zona da Mata, Agreste, Sertão e Meio-Norte.

O maior problema do NE não é a seca, mas sim a desigualdade social apoiada no desequilíbrio da estrutura
fundiária.

Região Centro-Oeste

É formada pelos Estados de MT, MS, GO e pelo DF. Abrange 18,86% da área do Brasil e é a região menos po-
pulosa, com 10.272.700 habitantes, isto é, 6,59% da população nacional.

Caracteriza-se pelo domínio do clima tropical semi-úmido, de extensos chapadões e da vegetação do cerrado.
Possui grande crescimento populacional e rápida e elevada urbanização. É a nova fronteira agrícola do país, onde
uma agricultura mecanizada, com insumos modernos, e o método da calagem estão transformando antigas áreas
pecuaristas em exportadoras de soja.

Região Sudeste

É formada por 4 estados. É a mais populosa, mais povoada e urbanizada região brasileira. Com 66.288.100
habitantes, ou seja, 42,5% da população brasileira, apresenta 71,3 habitantes por km2 e 90,0% de urbanização.
Destaca-se pelo dinamismo econômico, representado por elevada industrialização, grande produção agropecuária,
concentração financeira e intensa atividade comercial.

Região Sul

Formada por 3 Estados, abrange apenas 6,76% da área brasileira, sendo a menor região do país. Possui 14,84%
da população nacional, tendo registrado o menor crescimento populacional do Brasil nas duas últimas décadas. É
uma região com traços marcantes e homogêneos como o domínio do clima subtropical, fortes marcas da
ocupação européia, elevada produção agrária e destacável crescimento industrial.

POPULAÇÃO BRASILEIRA

Características gerais

Em 1872, o Brasil resolveu fazer o primeiro recenseamento dos dados da população brasileira e descobriu-se que
somávamos mais de 10 milhões de habitantes. Quase 120 anos depois, atingimos a marca de 155,8 milhões de
habitantes (95). Tornamo-nos um dos países mais populosos do mundo, ocupando a quinta posição mundial e a
segunda no Continente Americano, logo após os EUA.

Distribuição da população

É importante lembrar que, apesar do Brasil ser um país populoso, possui baixa densidade demográfica (18,2
hab/km2), ou seja, um país pouco povoado. Apresenta uma irregular distribuição populacional pelo território. Há
forte concentração de pessoas na faixa litorânea (região Sudeste). No Rio de Janeiro, a densidade passa de 300
hab/km2. No interior, a densidade torna-se gradualmente menor, principalmente nas regiões Norte e Centro-Oeste,
onde encontramos 1,1 hab/km2, como em Roraima e 1,4 hab/km2, no Amazonas. De forma geral, as maiores con-
centrações populacionais estão próximas ao litoral, numa faixa de aproximadamente 300km 2, onde a densidade ul-
trapassa 100 hab/km2 em algumas áreas. Toda essa faixa possui densidade acima de 10 hab/km2.

Além dessa faixa, para o interior a população torna-se paulatinamente mais escassa, passando por uma densi-
dade que seria mediana no Brasil. Esta faixa, com densidade de 1 a 10 hab/km2, abrange desde o Maranhão e o
Pará até o Mato Grosso do Sul. Temos, ainda, áreas com densidades inferiores a 2 hab/km 2, que correspondem
ao Amazonas, Amapá e Roraima.

Áreas Densamente Povoadas

Zona da Mata Nordestina, Encosta da Borborema, Agreste (PE e PB), Recôncavo Baiano, Zona Cacaueira (BA),
Sul de Minas Gerais e Zona da Mata Mineira, Sul do Espírito Santo, Grande parte do Rio de Janeiro e São Paulo,
Zonas coloniais de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Obs.: A região Sudeste é a que apresenta a maior população absoluta, seguida da Região Nordeste. A Centro-
Oeste é a de menor participação no total.

Crescimento Populacional

O primeiro recenseamento oficial da população brasileira foi realizado somente em 1872. Antes desta data, só
existiam estimativas, não muito precisas, a respeito da população.

A partir de 1872, foi possível ter-se um melhor controle e conhecimento a respeito da evolução do crescimento
populacional.

Observe, a seguir, a relação dos recenseamentos oficiais.

Estrutura etária e formação da população

160
140
120
100
80
60
40
20
0
1940 1950 1960 1970 1980 1991 1998

Estrutura etária do população

O Brasil sempre foi considerado um país jovem. No entanto, de acordo com o último censo, realizado em 1991, o
perfil etário da população tem apresentado mudanças. A taxa de natalidade está se reduzindo de maneira signi-
ficativa nos últimos anos e isto apresenta reflexo imediato na construção da pirâmide etária.

Pirâmide etária é a representação gráfica da composição de uma população segundo o sexo e a idade. Na
construçâo da pirâmide, representam-se: homens do lado esquerdo e mulheres do lado direito da linha vertical. A
escala vertical representa os grupos etários. Nas abscissas temos os totais absolutos ou relativos da população. A
base da pirâmide representa a população jovem, a parte intermediária, os adultos, e o ápice, os idosos.

O Brasil é considerado um país subdesenvolvido e, como tal, sempre apresentou a pirâmide com base larga e
ápice estreito. Mas, de acordo com o censo de 91, houve uma mudança deste quadro, pois a população adulta
passou a predominar em relação àjovem. Caracteriza, assim, uma transição demográfica.

Este fenômeno ocorreu porque o Brasil passou a ser um país urbano-industrial e nestas condições as taxas de
natalidade são naturalmente mais baixas.
Nota-se que as regiões de maior dinamismo econômico são justamente as que apresentam maiores proporções
de adultos, indicando fatores como menores taxas de natalidade ou mesmo forte migração interna.

Formação étnica da população brasileira

Três grupos deram origem à população brasileira: o índígena, de provável origem páleo-asiática, por isso também
classificado como amarelo; o branco, principalmente o atlanto-mediterrâneo (portugueses, espanhóis e italianos),
além dos germanos (alemães, suíços, holandeses), eslavos (poloneses, russos e ucranianos) e asiáticos (árabes e
judeus) e negros, principalmente bantos e sudaneses. No século atual, mais um grupo veio integrar a população
brasileira: o amarelo, de origem asiática recente, principalmente os japoneses e, em menor quantidade, os chi-
neses e coreanos.

A miscigenação da população ocorreu de forma intensa, desde o início do processo colonial, no século XVI,
quando os colonos portugueses se relacionavam com escravas negras e indígenas, muitas vezes à força, dando
origem aos mestiços (mulatos e caboclos ou mamelucos), assim como o relacionamento entre negros e indígenas
deu origem ao cafuzo. As estimativas sobre o número de indígenas presentes no Brasil no início da colonização e
o número de escravos africanos ingressos durante a escravatura são muito elásticas e imprecisas, variando entre
2 milhões a 10 milhôes para os indígenas, e cerca de 6 milhões de escravos africanos. Por outro lado, os portu-
gueses ingressos ainda no período colonial alcançaram uma cifra de aproximadamente 500 mil, e após a indepen-
dência, cerca de 5 milhões, dos quais aproximadamente 2,5 milhões retornaram a Portugal. Já dos imigrantes in-
gressos no País após 1850, cerca de 4,2 milhões permaneceram no Brasil. Assim, podemos deduzir que, em
termos étnicos, a maioria da população brasileira é mestiça. No entanto, as pesquisas levantadas pelos últimos
recenseamentos procuram enfatizar apenas a cor da pele da população, com base na informação geralmente não
muito precisa do entrevistado. A população indígena encontra-se reduzida a aproximadamente 0,6% da população
brasileira, refletindo o etnocídio a que foi submetida, com a extinção de inúmeras nações indígenas, quer seja pelo
seu extermínio físico, quer seja pelo desaparecimento de sua cultura, em função da "integração" com a sociedade
global. Os negros foram reduzidos a cerca de 5% da população total, enquanto os brancos representam cerca de
54,3%, e os mestiços, genericamente denominados de pardos nos atuais recenseamentos, atingiram o índice de
cerca de 40,1 %. Obviamente que esses índices não representam especificamente a formação étnica da
população brasileira, porém, apenas uma classificação quanto à cor da pele. Contudo, o que mais se evidencia
nos dados coletados é o constante crescimento da miscigenação, representada pelo crescimento da população
mestiça e redução percentual dos 3 grupos básicos.

BRASIL - GRUPOS ÉTNICOS NA POPULAÇÃO TOTAL

COR DA PELE % DA POPULAÇÃO EM % DA POPULAÇÃO EM % DA POPULAÇÃO EM


1950 1980 1996
Brancos 61,7 54,7 54,5
Negros 11,0 5,9 4,9
Pardos 26,5 38,5 40,1
Amarelos 0,6 0,6 0,6
Não declarados 0,2 0,3 0,1
TOTAL 100,0 100,0 100,0
Fonte: IBGE: 1950, 1980 e 1996

MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS INTERNOS

Mlgração de campo-cidade ou êxodo rural

Consiste no deslocamento de grande parcela da população da zona rural para a zona urbana, transferindo-se das
atividades econômicas primárias para as secundárias ou terciárias. Esse é na atualidade o mais importante mo-
vimento de população e ocorre praticamente no mundo todo.
Nos países subdesenvolvidos, ou em vias de desenvolvimento, a migração do campo para a cidade é tão grande
que constitui um verdadeiro êxodo rural. Ela intensificou-se a partir do surto industrial do Sudeste, iniciado na
década de 40.

Entre as causas do êxodo rural, destaca-se, de um lado, o baixo nível de vida do homem do campo, ocasionado
pelos baixos salários recebidos pelo trabalhador rural, pela falta de escolas, de assistência médica; de outro, a
atração exercida pela cidade, onde parece haver oportunidade de alcançar melhor padrão de vida.

Na prática, não aconteceu por dois motivos:


a) o mercado de trabalho não cresce no mesmo ritmo da oferta de mão-de-obra;
b) o baixo grau de qualificação dessa mão-de-obra, sem nenhum preparo para atender às necessidades dos
setores secundário e terciário.

As pessoas vindas do campo acabam por engrossar as fileiras do subemprego ou mesmo do desemprego, so-
frendo sérios problemas socioeconômicos. Um dos reflexos desse fato é a ampliação desordenada e incontrolável
das favelas, que cobrem grandes áreas, principalmente nas regiões menos valorizadas das cidades.

Na zona rural, a maior conseqüência da migração para as cidades é o despovoamento, que, sem ser compensado
pela mecanização e alado a outros problemas, ocasiona queda da produção e elevação do custo de vida.

O Estatuto do Trabalhador Rural, em 1964, foi criado com a intenção de beneficiar o homem do campo, obrigando
os proprietários de terras a encargos trabalhistas, como salário mínimo, décimo terceiro salário, férias, etc. No
entanto, não podendo ou não querendo assumir tais encargos, muitos proprietários preferiram dispensar boa parte
de seus empregados, o que acabou por intensificar o êxodo rural. Nas cidades do interior, os trabalhadores
dispensados transformam-se em bóias-frias, os diaristas, que trabalham apenas em curtos períodos, sem
nenhuma garantia.

Em síntese, as principais causas e conseqüências do êxodo rural são:

Causas repulsivas:

a) excedentes populacionais que acarretam um desequilíbrio entre mão-de-obra disponível e a oferta de emprego;
b) mecanização de agricultura;
c) secas, inundações, geadas;
d) erosão e esgotamento do solo;
e) falta de assistência médica e de escolas;
f) baixa remuneração no trabalho;
g) concentração das terras, em mãos de poucos;
h) Estatuto do Trabalhador Rural.

Causas atrativas:

Melhores condições e oportunidades de vida que as cidades oferecem:


a) empregos;
b) escolas;
c) moradia;
d) profissionalização;
e) assistência médica.

Conseqüência do êxodo rural:

Nas zonais rurais: perda da populaçáo ativa e queda geral da produção ou estagnação econômica das áreas
rurais, quando a saída de trabalhadores não é compensada pela mecanização.
Nas zonas urbanas: rápido aumento da população; maior oferta de mão-de-obra nas cidades, com salários baixos,
falta de infra-estrutura das cidades; desemprego; formação de favelas; delinqüência; mendicância.

Hoje: a atração dos centros regionais

Na década de 90, devido à crise econômica, têm ocorrido duas situações:


1) A migração de retorno, em que milhares de nordestinos, expulsos do mercado de trabalho em contração,
retornam às suas cidades de origem.
2) O crescimento nas áreas industriais e agroindustriais das capitais regionais, cidades com forte atração dos
migrantes brasileiros.

A década de 90 registra o fim das grandes correntes migratórias, como a dos nordestinos ou a dos paranaenses.
Hoje os movimentos migratórios são pequenos e bem localizados, em geral, em direção a capitais regionais.
Agora, em vez de mudar para São Paulo, os nordestinos preferem buscar empregos e oportunidades nas próprias
capitais nordestinas ou em cidades médias da região, transferindo para o NE problemas que antes eram típicos
das grandes metrópoles do Centro-Sul.

1970-1990: a nova fronteira agrícola do Brasil

A partir da década de 70, a região Sul passou a ter importância como área de saída populacional em direção à
nova fronteira agrícola brasileira (MT/RO). O desenvolvimento na região Sul, o aumento das culturas mecaniza-
das, a geada negra que atingiu a cafeicultura e o crescimento do tamanho médio das propriedades foram fatores
que colaboraram para a expulsão dos trabalhadores rurais e dos pequenos proprietários.

O PR registrou a maior saída de migrantes no Sul. A população do Centro-Oeste cresceu 73% na década de 70
enquanto a da região Norte obteve maior crescimento na década de 80. Nessas duas regiões, o crescimento deu-
se devido ao forte fluxo migratório, favorecido pelo projeto de colonização e pela abertura de novas rodovias.

Rondônia registrou grande crescimento migratório, pois sua população aumentou 342% na década de 70.

Migrações diárias

Podemos citar outros fluxos migratórios internos pela sua temporariedade, apresentando ritmos, dimensões e
objetivos variados e que são chamados migrações pendulares.

Os principais são:

Deslocamentos dos Bóias-Frias

Morando na cidade, dirigem-se diariamente às fazendas para trabalhos agrícolas, conforme as necessidades dos
fazendeiros. Trata-se de um movimento urbano-rural.

Deslocamentos dos Habitantes de Cidades-Dormitórios

Movimentos pendulares diários inconstantes dos núcleos residenciais periféricos em direção aos centros
industriais. Relacionado às imigrações de trabalho próprias das áreas metropolitanas, tais como: SP, RJ e Belo
Horizonte. Nas grandes metrópoles, a especulação imobiliária, aliada aos baixos salários, empurra o trabalhador
para longe do seu trabalho, obrigando-o a se utilizar de, transporte coletivo, na maior parte precário ou insuficiente
para atender ao enorme fluxo populacional.

Movimentos migratórios externos

Migrações constituem formas de mobilidade espacial com mudança de residência. Podem ocorrer de modo
diverso em nível interno e externo. As causas dos movimentos migratórios podem ser agrupadas em:
ordem natural clima
ordem material econômica
ordem espiritual  religiosa, étnica, política

De modo geral, as causas mais comuns são as de ordem econômica e referentes à busca de melhores condições
de existência material e que têm levado os indivíduos a deixarem sua terra natal e se deslocarem para outros
lugares.

As migrações podem ser espontâneas ou livres (sem o controle de um órgão disciplinador). Foi o que houve no
Brasil até 1934, quando medidas constitucionais limitaram o movimento dos imigrantes das mais diferentes
nacionalidades que haviam ingressado no país nos cinqüenta anos anteriores.

As migrações forçadas constituem uma forma de violação da liberdade humana, pois as pessoas são deslocadas
por interesse de outros grupos.

Como exemplo, pode-se citar a escravidão africana ou as deportações de judeus, europeus e outros povos
durante a Segunda Guerra.

Imigração no Brasil

Teoricamente, podemos dizer que a imigração começou no Brasil em 1808, embora os primeiros imigrantes
tenham chegado no ano de 1818, durante a regência de D. João VI, por ocasião da publicação de um decreto em
25 de novembro do mesmo ano, o qual permitia ao governo conceder terras aos estrangeiros.

A partir desta data, até os dias atuais, entraram no Brasil aproximadamente 5,5 milhões de estrangeiros, tendo,
alguns regressado para o país de origem.

Em 1752, 1.500 famílias se instalaram no Rio Grande do Sul, fundando o Porto dos Casais, atual cidade de Porto
Alegre.

Entre 1808 e 1850, verificamos as seguintes experiências de colonização:

 Em 1819, cheguu ao Brasil a primeira leva de imigrantes não-portugueses. Eram cerca de 1.700 suíços de
língua alemã, provenientes do Cantão de Friburgo, que o governo instalou no Rio de Janeiro, onde fundaram, em
1820, a atual cidade de Nova Friburgo.
 Em 1824, teve início a colonização alemã em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, e, em 1827, outra
colônia alemã foi instalada em Rio Negro, no Paraná.
 Em 1829, foi fundada uma colônia alemã em Santo Amaro (SP) e outra em São Pedro de Alcântara (SC).
 Em 1830, foi criada uma colônia alemã no Espírito Santo.

Nos últimos cem anos, é possível distinguir quatro períodos sucessivos:

 período alemão (1850-1871);


 período ítalo-eslavo (1872-1886);
 período italiano (1887-1914) - foi o período de maior entrada, chegando a atingir 100.000 imigrantes
anuais;
 período japonês (1920-1934).

A imigração no Brasil foi, na maior parte das vezes, provocada, e raramente espontânea. Por esse motivo, as
maiores entradas coincidiram com períodos em que houve escassez de mão-de-obra na nossa lavoura,
intensificando-se, por isso, a propaganda brasileira no exterior.

Etnia: conjunto de indivíduos que apresentam idênticos caracteres físicos e culturais.


Força de trabalho: conjunto de faculdades físicas e mentais que habilitam um homem a realizar qualquer ativi-
dade produtora de riqueza.
Custo de criação: ou de formação do indivíduo correspondente à quantidade gasta à criação e formação de uma
criança até que ela se torne um produtor.
Aculturação: termo sociológico que se refere ao conjunto dos fenômenos determinados pelo contato de grupos de
indivíduos de culturas diferentes.
Assimilação: interpretação e fusão de culturas.
Enquistamento: relativo à formação de "quistos raciais" e culturais, dificuldade em assimilar culturas.
Latifúndio: propriedade rural de grande dimensão geralmente inexplorada ou indevidamente explorada.
Minifúndio: propriedade rural de pequenas proporções, geralmente explorada através da agricultura de sub-
sistência.
Policultura: sistema agrícola que se baseia no cultivo de vários produtos simultaneamente, em diferentes es-
paços.
Expropriar: retirar alguma coisa de alguém, roubar.
Grileiro: aquele que procura apossar-se de terras alheias mediante escrituras falsas.
Arrendatário: aquele que arrenda uma propriedade ou parte desta, mediante um certo preço e tempo.
Posseiro: que se estabelece em terras de alguém com o intuito de produzir para sua subsistência e seu grupo.
Parceiro: tipo de exploração indireta da terra onde se estipula a porcentagem para divisão dos lucros.

Fatores favoráveis à imigração

Entre os vários fatores favoráveis à imigração, podemos citar os seguintes:

 grande extensão do território e escassez de população;


 desenvolvimento da cultura cafeeira no Planalto Paulista, que passou a exigir numerosa mão-de-obra;
 dificuldades em se obter escravos africanos após a extinção do tráfico (1850);
 abolição da escravatura (13/5/1888);
 custeio dos gastos de transporte do imigrante pelo governo;
 crise econômica na Itália, Alemanha e Espanha, caracterizada pelo desemprego, estimulando o fluxo
imigratório para o Brasil.

GRUPOS DE IMIGRANTES

Suíços de língua alemã

Foram os primeiros imigrantes chegados ao Brasil (1819). Fixaram-se no Rio de Janeiro, fundando a cidade de
Nova Friburgo. Esta colonização não deu o resultado esperado, principalmente por falta de meios de comunicação
e transporte. Mesmo assim, foi esta a primeira colônia de imigrantes não-portugueses, organizada e subvencio-
nada pelo governo.

Alemães

Começararam a chegar a partir de 1824. Radicaram-se principalmente no Rio Grande do Sul, fundando São
Leopoldo, Novo Hamburgo, Gramado e Canela, e em Santa Catarina (Vale do Itajaí), onde fundaram Blumenau,
Brusque, Itajaí e, no litoral de Santa Catarina, Joinville. Fixaram-se, também, nas proximidades de São Paulo
(Santo Amaro), Rio de Janeiro e Espírito Santo (Colatina).
Em São Paulo, na região de Limeira, em 1852, um plantador de café, o senador Vergueiro, transferiu 80 famílias
de camponeses alemães para a sua Fazenda Ibicaha. Depois, outros fazendeiros fizeram o mesmo.

Por meio do sistema de colônias de povoamento e utilizando o sistema de trabalho familiar, os alemães difun-
diram, no Sul do país, a policultura em pequenas propriedades e a "indústria doméstica".

A influência dos alemães é principalmente notada em Santa Catarina, onde encontramos construções, hábitos
alimentares e outros aspectos típicos da cultura germânica.
Em 1970, o total de imigrantes alemães era de aproximadamente 260 mil, sendo 38% em São Paulo, 17% no Rio
rrande do Sul e 12% em Santa Catarina.

A integração cultural dos alemães foi bastante difícil principalmente pela grande diferença entre ambas as culturas.
Após a Segunda Guerra Mundial, o governo brasileiro tomou medidas no sentido de integrá-los definitivamente ao
nosso padrão cultural, evitando a formação de novos "quistos raciais" em que viviam até há pouco tempo.

Eslavos

Começaram a chegar a partir de 1875, sendo oriundos da Polônia, Rússia Branca e Ucrânia. Fixaram-se notada-
mente, no Paraná, onde também criaram uma paisagem cultural própria (Curitiba, Ponta Grossa e Castro), mas
também estão localizados no Rio Grande do Sul.

O principal núcleo polonês é o de Ivaí, no Paraná. Embora em menor número, os eslavos apresentaram certas
dificuldades à integraçâo cultural (língua, costumes etc.); dedicaram-se ao extrativismo da madeira, serrarias e
agricultura.

Turcos e árabes

Popularmente conhecidos turcos, compreendem os sírios, libaneses, árabes palestinos. Estes povos apresentam
vários traços culturais em comum: lingua, religião etc.

A sua grande imigração para o Brasil ocorreu entre 1860 e 1870, prolongando-se até 1890. Neste período, foram
para a Amazônia, atraídos pela economia da borracha em ascensão; outros dirigiram-se para as diversas cidades
brasileiras. Já nessa época, dedicavam-se ao comércio, sendo bastante conhecida a figura do "turco-mascate".

Após 1890, a entrada desses imigrantes continuou em número menor, tendo havido, nos últimos anos, um
recrudescimento.

Localizaram-se mais nas cidades grandes, dedicando-se ao comércio e a outras atividades culturais e industriais.
Como a Síria e o Líbano estiveram sob o domínio da Turquia, esses imigrantes eram registrados no Brasil como
turcos.

Japoneses

São imigrantes cuja presença no país é das mais recentes: o primeiro grupo chegou em 1908. 0 período de maior
entrada foi entre os anos de 1924 e 1934. São provenientes de áreas rurais do Japão. Localizaram-se em duas
zonas, no Sul e no Norte do país.

Para o Sul, desde o início, vieram os contingentes mais numerosos; localizaram-se no Vale do Ribeira de Iguape,
Vale do Paraíba, Alta Paulista, Alta Sorocabana, Noroeste e Norte do Paraná. Localizaram-se também no Mato
Grosso do Sul.

Trabalhando como assalariados nas fazendas de café ou de algodão, como pequenos proprietários ou organiza-
dos em cooperativas, encontramos os imigrantes japoneses dedicando-se com afinco ao cultivo dos mais diferen-
tes vegetais.

Italianos

Dentre os imigrantes aportados no Brasil, os italianos ocupam o 2° lugar, vindo após os portugueses.
O período áureo da imigração italiana foi de 1887 a 1914, embora tivessem vindo desde o início do processo
migratório brasileiro.
São provenientes de quase toda a Itália, destacando-se, porém, algumas regiões: Lombardia, Veneza, Gênova.
Calábria, Piemonte.

Estes imigrantes localizaram-se na parte centro-norte do Rio Grande do Sul. Fundaram cidades como Caxias do
Sul, Garibaldi, Bento Gonçalves, Flores da Cunha e Farroupilha. Nestas áreas deram início à vinicultura,
notadamente instalando-se em pequenas propriedades.

Em Santa Catarina, também a sua atividade principal foi a agricultura, ao lado de indústrias domésticas. Locali-
zaram-se, principalmente, no Vale do Tubarão. Neste Estado, o seu número é pequeno, porém fundaram Nova
Veneza, Urussanga, Nova Trento.

Em São Paulo, os italianos chegaram a partir de 1873. É neste Estado que vamos encontrar o maior número des-
tes imigrantes.

Enquanto no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina instalaram-se como pequenos proprietários, para São Paulo
vieram atraídos pela cultura cafeeira, que necessitava de mão-de-obra. De assalariados, meeiros e colonos que
eram a princípio, muitos imigrantes italianos posteriormente passaram a ser próprietários.

Também a atividade industrial, neste Estado, difere das anteriores. Enquanto nos dois Estados citados a indústria
era doméstica, em São Paulo fundaram estabelecimentos de caráter capitalista.

Na cidade de São Paulo, concentram-se em dois bairros, principalmente: Brás e Bela Vista (Bexiga).

Talvez a maior contribuição deste imigrante, no campo econômico, tenha sido, como no caso alemão, a sua
reação contra a monocultura, difundindo largamente a policultura.

Devido ao seu elevado número no Sul do país (além de São Paulo), são marcantes os traços culturais de in-
fluência italiana na população sulista do Brasil.

O total de italianos entrados no país, até 1970, era de aproximadamente 1.630.000, sendo 73% em São Paulo.

A sua integração cultural foi bastante rápida, pela semelhança com a cultura brasileira, também de origem atlanto-
mediterrânea.

Além das áreas citadas, os italianos aparecem também no Espírito Santo, próximo à cidade de Colatina, jun-
tamente com os alemães.

Espanhóis

Estes imigrantes são bastante antigos, tendo entrado no período de 1580 a 1640 um contingente relativamente
grande. Porém, a sua entrada no país, até o período colonial, foi em número reduzido, talvez pela existência da
América Espanhola.

Como imigrantes, o período de maior entrada situou-se entre 1904 e 1914. De 1950 a 1963, verificou-se uma
reativação (cerca de 120 mil entraram no Brasil) seguida de uma redução, a partir de 1964.

Atualmente, os espanhóis têm imigrado em número maior, localizando-se principalmente nas áreas urbanas do Sul
e Sudeste. Dedicam-se a várias atividades (comércio, indústria etc.).

Os espanhóis perfaziam, até 1970, por volta de 710 mil imigrantes. Desse total 78% entraram em São Paulo.

Portugueses

De 1500 até 1808, só os portugueses podiam entrar livremente no Brasil.


Após a independência, o Brasil continuou recebendo regularmente os imigrantes portugueses. Estes imigrantes
tiveram dois períodos predominantes de entrada: o período de 1891 a 1930 e após 1950.

Estes imigrantes localizaram-se principalmente em dois Estados: São Paulo, com 45%, e Rio de Janeiro, com
40%, além de estarem geograficamente dispersos por todo o país.

Atualmente, é o imigrante mais numeroso, com aproximadamente 1.785.000 elementos.

Os portugueses, pelos dispositivos legais, não sofreram restrições aplicadas a outros imigrantes (quota de
imigração).

Nos últimos anos, aproximadamente 50% dos imigrantes entrados no país são constituídos pelos portugueses,
nos quais se inclui o grupo de angolanos.

Outros imigrantes

Além das nacionalidades acima citadas, aparecem ainda no Brasil, embora em número menor, chineses, ingleses,
franceses, norte-americanos, holandeses, quase todos localizados nas áreas urbanas; para alguns, a assimilação
de nossa cultura é fácil (franceses), mas para outros, a integração cultural se processa lentamente (chineses e
ingleses).

O Brasil recebeu 86 mil austríacos e 34 mil franceses, imigrantes também encontrados quase somente nas áreas
urbanas.

Os holandeses, apesar de terem emigrado para o Brasil desde o tempo colonial, só recentemente marcaram de
fato sua presença no Brasil, por meio de um trabalho de colonização bastante eficiente. É o caso das colônias de
Castrolândia, no Paraná, de Não-Me-Toque, no Rio Grande do Sul, da colônia da Holambra, no Estado de São
Paulo.

Data do século passado a entrada de norte-americanos no Brasil. Eram principalmente confederados fugidos da
Guerra de Secessão, nos EUA. Entretanto, quase nada ficou entre nós desse contato, com exceção da fundação
da cidade de Americana (SP) e da instituiçâo de ensino Mackenzie, na cidade de São Paulo.

Urbanização

Hábitat

Refere-se à natureza do local em que os grupos humanos vivem. Em decorrência dessa ocupação e do reflexo do
seu gênero de vida, a paisagem natural sofre diversas alterações.
De acordo com a situação geográfica, o hábitat pode ser rural ou urbano.

Hábitat Rural

Relativo ao modo de ocupação do solo no espaço rural, e a sua exploração às relações entre os habitantes.

Hábitat Urbano

Relativo às cidades e sua ocupação: nelas, as atividades predominantes originam-se do setor econômico
secundário e do terciário (serviços).

A sociedade rural apresenta contrastes com a urbana, tais como:

 a dimensão dos núcleos de povoamento;


 o grau homogêneo de cultura e etnia;
 a estabilidade social e ocupacional;
 o modo de viver de ambos os grupos é diferente.

Atualmente, no entanto, nenhuma sociedade é inteiramente rural ou completamente urbana, cidade e campo; hoje,
não estão inteiramente em oposição como local de residência, ocupação ou modo de vida, pois cada vez mais se
relacionam, sendo difícil separar o rural do urbano, uma vez que a sociedade vem se tornando menos rural e mais
urbana à medida que passa de fazendas isoladas para estágios representados pelas aldeias, vilas (hábitat
urbano), cidades comerciais, grandes cidades e, finalmente, metrópoles.

Assim, as definições de rural e urbano variam muito entre os países, tornando difíceis as comparações inter-
nacionais.

O tamanho do povoado é o tipo de distinção mais respeitado entre o urbano e o rural e é o critério entre as Nações
Unidas em suas publicações. Isto, no entanto, não resolve o problema da linha divisória, uma vez que a contagem
da população urbana é subestimada e a rural exagerada, pois os citadinos que vivem fora dos limites da cidade
vêm se tornando muito numerosos.

Hábitat rural

Pode ser organizado, no Brasil, da seguinte forma:

Disperso

Próprios das zonas rurais, onde as habitações se espalham em grandes espaços.

Ordenado

Quando um elemento orienta a dispersão, como um rio, ferrovia, rodovia, litoral. É o mais freqüente na paisagem
rural brasileira.

Desordenado

Quando não há um elemento que orienta a dispersão.

Aglomerado

Quando as moradias no meio rural estão próximas umas das outras, ocorrendo relação de vizinhança entre as
habitações que, por sua vez, estão relativamente próximas às áreas de cultivo ou de pastagens.

O hábitat aglomerado apresenta três modalidades:

Núcleo

Em áreas ocupadas por grandes fazendas, nas quais os trabalhadores habitam junto à sede, formando o hábitat
aglomerado. Exs.: cana-de-açúcar no Nordeste, cacau no sul da Bahia (Ilhéus e Itabuna) e café em São Paulo.

Povoados

Em quase todo o país, predominando nas áreas de pequenas propriedades rurais. Têm origens e funções bem
diversas.

Coloniais

Geralmente estabelecidas pelos grupos imigrantes, freqüentes nos Estados sulinos, com destaque para a região
do Rio Grande do Sul.
Hábitat urbano

Cidade é um "organismo material fechado que se define no espaço pelo alto grau de relações entre seus
habitantes, pelas suas relações com um espaço maior e pela independência de suas atividades em relação ao
solo onde está localizada".

As definições de cidade são diferentes, mas a maioria delas concorda num ponto: trata-se de um aglomerado
humano, variando em número e na sua relação com o espaço (sua área).
No Brasil, a partir de uma lei em 1938, utiliza-se o critério político-administrativo para se definir a cidade, sendo
assim considerada toda sede de Município, não importando sua população nem expressão econômica.

Município é uma sociedade capaz de autogoverno e autoadministração dos serviços que Ihe são peculiares. Ao
Município, em colaboração com o Estado, compete zelar pela saúde, higiene e segurança da população.

Classificação das Cidades Quanto à Origem

Cidades espontâneas ou naturais

Aquelas que surgiram naturalmente, a partir da expansão de antigos hábitats rurais aglomerados nas diversas
fases do desenvolvimento da economia brasileira:

Classificação das Cidades quanto à Hierarquia Urbana

É expressa pela rede urbana que a cidade apresenta e sua posição de polarização sobre as demais.
Metrópole nacional

Aquela cuja área de influência abrange todo o território nacional. Ex.: São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ).

Metrópole regional

Aquela cuja área de influência abrange uma região do País, polarizando esta área através de infra-estrutura e
equipamentos urbanos.

Capital regional

O espaço regional polarizado é menor e representa uma posição hierárquica intermediária entre o centro regional
e a metrópole regional. Ex.: Campinas (SP), Sorocaba (SP), Goiânia (GO), Santos (SP) e São José dos Campos
(SP).

Centro regional

Diretamente influenciado pela capital regional e que polariza um subespaço dentro da área de influência da capital
regional. Ex.: Americana (SP), Itapetinga (SP), Anápolis (GO), Cubatão (SP) e Jacareí (SP).

Urbanização

É um processo de criação ou de desenvolvimento de organismos urbanos. Certos períodos foram especialmente


favoráveis ao desenvolvimento da vida urbana. No Brasil, o desenvolvimento da urbanização teve um incremento
a partir de 1930, quando o desenvolvimento industrial se intensificou, acarretando o crescimento rápido das
cidades, principalmente do Sudeste, por receberem a população do campo atraída pela indústria.

Recentemente, o processo abrange quase todas as partes do país, não só pela indústria, mas por outras ati-
vidades econômicas ou expansão de serviços.
Em 1970, o Brasil atingiu um total de 3.951 cidades. Dentre estas, nove transformaram-se em grandes aglo-
merados urbanos, denominados metrópoles, constituídos pela cidade principal e por núcleos urbanos de maior
importância, situados à sua volta em sua função.

Causas da urbanização:

 processo de industrialização a partir de 1930;


 êxodo rural: precárias condições no campo e atração das cidades;
 concentraçâo rápida no Sudoeste;
 crescimento rápido e caótico das cidades.

Megalópoles

Correspondem à conurbação de várias metrópoles, com fusão de sítios urbanos, gerando gigantescos aglo-
merados que ocupam extensas áreas. Exemplo: a região que se estende de Boston até Washington, tendo como
centro Nova Iorque.

A Grande São Paulo


A região da Grande São Paulo é definida e regulamentada pelos Decretos n° 48.163, de 3 de julho de 1967 e n°
50.096, de 30 de julho de 1968, do Governo do Estado de São Paulo. Essa definição está vinculada ao processo
de institucionalização de áreas e entidades metropolitanas no Brasil.

A região possui 15.992.170 habitantes (1993), numa superfície de 7.951 km2, com 39 municípios. Tal população é
equivalente à da Venezuela (912.050 km2), Arábia Saudita (2.240.000 km2), Holanda (33.936 km2) ou, ainda, de
Moçambique (799.380 km2) . A ela correspondia, em 1980, 68% do valor da produção industrial do Estado de São
Paulo e 39% do Brasil. Em 1967, foi criado o GEGRAM Grupo Executivo da Grande São Paulo - órgão técnico da
Secretaria de Economia e Planejamento desse estado, para enfrentar os grandes problemas ainda existentes.

Esta região assume importância nacional, não apenas por sua grande população (15,9 milhões de habitantes -
1993), mas por se constituir em um pólo de desenvolvimento para o crescimento do Brasil. Contudo, essa área
apresenta grandes problemas a serem resolvidos, como os de habitação, transportes, assistência médico--
hospitalar, educação, abastecimento de água, rede de esgotos, etc.

Conceitos Importantes

Região Polarizada

Constituição da região planejada em torno de metrópoles. O regionalismo leva à formação de diversas grandes
cidades que podem atingir vários milhões de habitantes e onde cada uma delas pode alcançar caráter me-
tropolitano internacional e, como pólos, organizar regiões em torno de si, onde a população gradativamente
adquire consciência regional. O estudo das regiôes polarizadas nos leva à divisão de estados em regiões
administrativas e, estas, em sub-regiões.

Malha Urbana

Diz-se da forte concentração de cidades em uma determinada área do país, como, por exemplo, a região Sudeste,
em determinadas partes. Na região Sul, a malha urbana caracteriza-se por maiores concentrações em alguns
pontos, por exemplo, as áreas próximas a Porto Alegre, Curitiba e leste catarinense.

Rede Urbana

Sistema de cidades distribuídas numa região, encaradas como um complexo sistema circulatório entre núcleos e
funções diferentes, mantendo relações entre si e dependentes de um centro principal que comande a vida
regional. Existem redes urbanas mais e menos organizadas, estando em permanente processo de transformação.
Áreas metropolitanas

Conjunto de municípios contíguos e integrados com serviços públicos de infra-estrutura comuns. Grandes espaços
urbanizados que se apresentam integrados, seja quanto aos aspectos físicos ou funcionais de uma metrópole que
exerce o papel dirigente.

Conurbação

Reunião de duas ou mais cidades de crescimento contínuo formando um único aglomerado urbano. Ex: Regiâo do
ABC (SP).

Regiões funcionais urbanas


Divisão regional tendo por base a influência das cidades sohre o espaço ou sua polarização.

Macrocefalismo
Crescimento acentuado e desordenado das cidades.

Subemprego
Atividade gerada pelo inchaço do setor terciário, com atividades tais como cuidador de carros, vendedores de
semáforos, biscateiros; surgem para desafogar a falta de trabalho.

A Importância da Agricultura

Importância da Atividade Agrícola

O cultivo de produtos agrícolas alimentícios ou destinados à indústria consiste em uma importante atividade eco-
nômica que, para desenvolver-se, necessita da mão-de-obra humana para arar, adubar e plantar as espécies. A
agricultura é diferenciada, desta forma, da atividade extrativa vegetal que somente retira produtos da natureza.
Destaca-se a importância da agricultura no processo de desempenho econômico do Brasil nos seguintes
aspectos:

 representa grande parte dos produtos exportados;


 responde por parte significativa do produto interno líquido do país, superior a 10%;
 corresponde à base da alimentação do país, portanto, é um setor destacável da economia, além de servir
produtos agropecuários ao desenvolvimento da indústria, principalmente do setor alimentício;
 apesar da importância mostrada do setor agrícola no Brasil, o país ainda não é auto-suficiente na
produção de alimentos. Importamos vários produtos agrícolas, como o trigo, de maior valor;
 a posição do Brasil no cultivo de produtos tropicais, principalmente de frutas, como laranja e banana, é
destacada mundialmente.

Fatores Naturais

Clima

Embora a agricultura não dependa unicamente das condições climáticas, a verdade é que elas assumem im-
portância fundamental para a prática agrícola. A existência de variados tipos climáticos no País (equatorial, tropi-
cal, de altitude, subtropical e semi-árido) permite uma boa diversificação da produção agrícola, podendo-se cultivar
desde os vegetais tipicamente tropicais até aqueles próprios de áreas temperadas, como é o caso do trigo, que é o
mais cultivado no Centro-Sul do País.

Devido ao predomínio de climas tropicais, é natural que nossa agricultura seja baseada no cultivo de vegetais
típicos desse clima, como é o caso do café, da cana-de-açúcar, do cacau, do algodão e outros.
Solo

A camada superficial da litosfera, formada por rocha decomposta, e onde há vida microbiana, é o que definimos
como solo. As transformações físico-químicas criam aí condições favoráveis a nutrição e desenvolvimento das
plantas e espécies vegetais de modo geral. Seu processo de formação é denominado pedogênese, sendo lento e
complexo, dependendo da rocha matriz, do clima, das características do relevo e da matéria orgânica presente.

A espessura do solo varia e ele tem ciclo evolutivo: há solos jovens, maduros e senis. Uma vez degradados, é
difícil recuperá-los. Devido à diversidade de nossa geologia e condições climáticas, o Brasil possui vários tipos de
solos agrícolas, considerados, de modo geral, muito ácidos e frágeis, ao contrário do refrão comumente utilizado
de que no Brasil "se plantando tudo dá". Sendo assim, para que sejam utilizados de forma eficiente, os solos
brasileiros têm que ser corrigidos de maneira correta quanto à acidez ou composição química.

Massapê ou Massapé: solo escuro e resultante da composição do ganisse e do calcário. É um solo de elevada
fertilidade natural, encontrado na Zona da Mata Nordestina, onde, desde o período Colonial, é utilizado para o
plantio da cana-de-açúcar.

Terra Roxa: solo castanho-avermelhado, resultante da decomposição do basalto. É também um solo de elevada
fertilidade, de origem vulcânica, encontrado no Planalto Meridional e utilizado para diversos cultivos, com destaque
para o café.

Solo de Várzea: trata-se de um solo fertilizado pelo acúmulo de matéria orgânica e húmus trazido pelo rio
margeado por ele. No entanto, devido às inundações constantes, restringe seu uso a alguns produtos, tais como o
arroz.

Salmourão: solo argiloso, geralmente formado pela decomposição do granito em climas úmidos. Apresenta
alguma fertilidade e é encontrado no Planalto Atlântico e no Centro-Sul do País.

Problemas dos Solos

Há diversos problemas que afetam os solos brasileiros, mas os mais comuns são: erosão, esgotamento,
laterização e lixiviação. Esses provocam graves conseqüências que decorrem das características climáticas
(quentes e úmidos) e das técnicas agrícolas empregadas (rudimentares). Apesar de limitadas, as medidas atual-
mente adotadas para combater tais problemas são: terraceamentos, curvas de nível, aplicação de adubos, irriga-
ção e reflorestamento. Tais práticas são mais difundidas nas regiôes Sudeste e Sul do País.

Erosão e esgotamento dos solos: são provocados, sobretudo, pelas características climáticas predominantes no
país, isto é, maior concentração das chuvas durante o verão, e também pelo predomínio de técnicas rudimentares
de cultivo: plantio em encostas de morros, inadequação dos vegetais às condições naturais, etc.

Laterização: processo característico das regiões intertropicais de clima úmido e estações chuvosa e seca
alternadas. Consiste na remoção da sílica e no enriquecimento dos solos em óxidos de ferro e alumínio,
originando a formação de uma "crosta ferruginosa" capaz de impedir ou dificultar a prática agrícola. Esta crosta é
conhecida também como "canga" e aparece em grandes extensões dos chapadões do Centro-Oeste e na
Amazônia.

Lixiviação: é a "lavagem" que ocorre nos solos das regiões tropicais úmidas, quando as chuvas intensas
atravessam os solos de cima para baixo, carregando os elementos nutritivos superficiais.

Combate aos problemas do solo

Existem várias técnicas agrícolas que podem combater os problemas dos solos, tais como:

 rotação de solos e de culturas, podendo haver também a associação da agricultura com a pecuária;
 adubação adequada;
 terraceamento;
 curvas de nível;
 reflorestamento;
 irrigação adequada.

Os efeitos do uso do solo

Preservar árvores é um bom método para a conservação do solo. A prática primitiva da queimada e o uso
irracional do espaço agrícola são destrutivos. Não é recomendável que a floresta seja substituída por campo ou
por cuitivo dos produtos, porém, no Brasil, uma prática desenvolvida por técnicas agrícolas consiste em aproveitar
os restos vegetais da própria mata para "forrar" o solo e plantar, como técnica de sombreamento, espécies de
produtos entre as árvores nativas. É um sistema do tipo "corredor" com racionalização de cultivo móvel e a idéia é
manter a capacidade produtiva do solo.

A substituição gradual de árvores não produtivas por árvores comerciais é um outro método de conservação, mas
este pode trazer o perigo das monoculturas, ao menos que o processo de substituição seja limitado a
determinadas proporções.

Os efeitos destrutivos das enchentes, por outro lado, e os benefícios da água e dos minerais dissolvidos, di-
fundem-se em uma extensa área pelos sistemas de irrigação. Em muitas regiões, as medidas para irrigar o solo
precisam ser combinadas com a drenagem do mesmo, no caso de excesso de água.

Principais problemas da agricultura

Subaproveitnmanto do Espaço Agrícola

O Brasil apresenta subaproveitamento de suas terras agrícolas, já que, apesar de possuir 8.547.403 km2, ocupa
apenas cerca de 580.000 km2 com lavouras e 1.750.000 km2 com pastagens.

Áreas de lavouras, pastagens, matas e terras não aproveitadas em relação à área total do território. Nos últimos
anos, a área ocupada pelas atividades agropecuárias tem aumentado, embora a maior parte do território (73%)
encontre-se ocupada por terras não-aproveitadas.

Em relação à área total dos estabelecimentos agropecuários, verifica-se que as lavouras, pastagens, matas e
terras não-aproveitadas ocupam cerca de 40% das terras brasileiras. Suas terras estão utilizadas da seguinte
maneira: áreas de lavouras, pastagens, matas e terras não-aproveitadas em relação à área total dos
estabelecimentos agropecuários.

O Uso da Terra

Há uma correlação entre o tipo de utilização agrária e o tamanho da propriedade. Assim, as grandes propriedades
dedicam-se, em geral, ao cultivo de produtos voltados para a exportação (café, cana-de-açúcar, cacau, soja,
algodão), à pecuária e ao extrativismo vegetal. Já as pequenas propriedades se caracterizam pelo desenvolvi-
mento de cultivos comerciais e de subsistência, como arroz, feijão, milho, mandioca e produtos hortifrutigranjeiros
em geral.

Produtividade Agrícola

O aumento da produção agrícola deve-se:

 à expansão das fronteiras agrícolas em direção a Rondônia e Mato Grosso;


 à maior utilização de insumos industriais, apesar do seu alto custo para os agricultores;
 às altas cotações de alguns produtos no mercado nacional e internacional, como o café, a laranja, o
algodão, o arroz, a cebola e outros;
 à expansão da mecanização, principalmente em lavouras comerciais como a da soja e do trigo no Centro-
Oeste e no Sul do País.

Entretanto, em algumas áreas do Brasil, ainda são registradas baixas taxas de produtividade, o que pode ser
explicado por vários motivos:

 uso inadequado e insuficiente de adubos, fertilizantes e defensivos agrícolas;


 crédito rural voltado sobretudo para os grandes proprietários do Sudoeste e do Sul;
 baixa mecanização;
 escassez de pesquisas agronômicas básicas;
 baixas rendas e más condições de vida do trabalhador rural.

O Governo, por meio de vários programas específicos e de órgãos como a EMBRAPA (Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária), pretende aumentar a produtividade agrícola. Para isso, aponta as seguintes metas:

 estímulo às pesquisas em Engenharia Rural;


 aumento da assistência técnica, sobretudo aos pequenos proprietários;
 desenvolvimento de novas técnicas de plantio, colheita, seleção de sementes, etc.;
 aumento do crédito rural;
 estímulo à formação de cooperativas;
 criação do Provárzeas e do Projeto Cerrado.

O Provárzeas Nacional é um programa agrícola criado em junho de 1981, que pretende utilizar as terras férteis
das várzeas e, por meio de irrigação, obter maior produtividade. O programa baseia-se na existência de pelo
menos 3 milhões de hectares de várzeas irrigáveis, ainda sem qualquer aproveitamento. Grande parte dessa área
está na bacia do rio Solimões (Amazônia). O Governo Federal criou, também, o Profir (Programa de Financia-
mento de Equipamentos de Irrigação).

Armazenamento e Transporte

Embora de forma indireta, esses dois fatores estão profundamente inseridos em atividades agrícolas. Só para citar
um exemplo, em determinadas regiões, chega-se a perder grande parcela de produção agrícola por falta de
transporte e/ou armazenamento adequado. Tais dificuldades facilitam a ação dos intermediários e especuladores,
diminuindo a lucratividade do homem do campo e aumentando o custo dos alimentos ao consumidor. Segundo os
últimos levantamentos, o Brasil é o campeão do desperdício, calculado, em alguns casos, em cerca de 30% da
safra. Em valores, estima-se que o desperdício alcance 5 bilhões de dólares por ano.

Alqueire: medida agrária que corresponde em GO, MG e RJ a 48.000 m2 e em SP a 24.000 m2.


Hectare: unidade de medida agrária equivalente a cem acres ou ainda a um hectômetro quadrado 10.000 m2.
Pedogênese: processo de formação do solo onde percebe-se a decomposição da rocha original, acúmulo de
matéria orgânica e formação de húmus.
Terraceamento: técnica agrícola que se constituiu em aproveitar-se de curvas de nível de degraus (terraços).
Típico da Ásia Oriental.
Curva de nível: linha imaginária que une todos os pontos da mesma altitude, acima ou abaixo de uma referência
conhecida. O mesmo que curva altimérrica, isópsa.

Estrutura fundiária

A expressão "estrutura fundiária", engloba o número e tamanho das propriedades rurais, segundo as categorias
dimensionais. Nesse campo, o Brasil enfrenta sérias dificuldades. Nossa estrutura fundiária é herança de um
passado colonial, com predomínio das grandes propriedades (plantations) voltadas para atender às necessidades
do mercado externo. Até hoje os grandes latifúndios são maioria na área rural, geralmente subaproveitados.
Podemos concluir que:

a) Os pequenos estabelecimentos predominam em número (50,3%), enquanto sua área é insignificante (2,5%).
b) Os grandes estabelecimentos (mais de 1.000 ha) ocupam quase a metade da área rural (45%), representando
apenas 1,2% das propriedades; ou, simplificando: há muita gente com pouca terra e muita terra com pouca gente,
o que demonstra a concentração fundiária.

Note que tanto o minifúndio (pequena propriedade) quanto o latifúndio são responsáveis por um desperdício de
recursos, já que:

a) No latifúndio, nem todo o espaço é aproveitado, havendo, portanto, desperdício de terras e capital.
b) No minifúndio, há mão-de-obra ociosa, pois a terra é escassa.

Os pequenos proprietários respondem por mais da metade da produçâo de alimentos do Brasil, e são os que
menos assistência recebem do governo.

Os conceitos de latifúndio e minifúndio serão definidos em função do módulo rural adotado na região gráfica e de
seu uso. Assim, uma grande propriedade dentro da Amazônia, embora não aproveitada com alguma atividade, é
menos prejudicial que uma outra propriedade bem menor e mal aproveitada próxima a São Paulo.

Por este motivo, surgiu a idéia de módulo rural (Estatuto da Terra, Lei n° 4.504 de 30/11/64), criado para esta-
belecer uma unidade legal de medida das propriedades, onde se leva em conta a independência entre a
dimensão, a situação geográfica do imóvel e seu aproveitamento.

Os conceitos de latifúndio e minifúndio são definidos em função do módulo rural adotado na região.

Módulo rural: área explorável que, em determinada posição do País, é direta e pessoalmente explorada por um
conjunto familiar equivalente a quatro pessoas, correspondendo a mil jornadas anuais. A força de trabalho do nível
tecnológico adotado naquela posição geográfica e, conforme o tipo de exploração considerado, proporcione um
rendimento capaz de assegurar-lhe a subsistência no processo social e econômico. Segundo o Incra (Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária), é o mínimo de terras que uma família de 4 pessoas necessita para
sua manutenção. O módulo rural varia conforme o desenvolvimento da região, sendo menor quanto maior o
desenvolvimento.

Minifúndio: será todo o imóvel com área explorável inferior ao módulo rural fixado para a respectiva região e tipos
de exploração nela ocorrentes.

Latifúndio por dimensão: será todo o imóvel com área superior a 600 vezes o módulo rural médio fixado para a
respectiva região e tipos de exploração nelas ocorrente.

Latifúndio por exploração: será todo o imóvel cuja dimensão não exceda aquela admitida como máxima para
empresa rural, tendo área igual ou superior à dimensão do módulo da região, mas que seja mantida inexplorada
em relação às possibilidades físicas, econômicas e sociais do meio, com fins expeculativos, ou que seja deficiente,
ou inadequadamente explorada de modo a vedar-Ihe a classificação como empresa rural.

Atualmente, a estrutura fundiária brasileira tem-se caracterizado por um parcelamento das propriedades, o que
traz como conseqüência um crescimento do número de latifúndios:

1960 - 3.337.000 estabelecimentos


1980 - 5.045.000 estabelecimentos

Além desse fracionamento, verifica-se uma concentração de terras nas mãos dos latifundiários.

1960 - 7l.000.000 ha
1980 - 164.500.000 ha

Considerando-se a distribuição dos estabelecimentos rurais por região, observam-se diferenças significativas.

Região Norte

Caracteriza-se por possuir o mais baixo índice de área ocupada por estabelecimentos rurais do Brasil. Além disso,
apresenta o predomínio de grandes propriedades (mais de 1.000 ha). Com relação à utilização do solo, a
porcentagem em matas incultas é, naturalmente, a mais elevada do País. Esta situação determina a economia
extrativa vegetal, principal atividade da região. As grandes, médias e pequenas propriedades, estão assim distri-
buídas:

a) Grandes propriedades:

Sudoeste do AM e AC - extrativismo, borracha; Sudoeste do PA - extrativismo, castanha-do-pará; Ilha de Marajó e


AP - pecuária;
Norte de TO - pecuária de corte.

b) Médias e pequenas propriedades: PA (Zona Bragantina) - pimenta-do-reino, malva, juta, cacau e fumo;

AM (vale médio do rio Amazonas) -juta;


PA, AM e AC, ao longo da Transamazônica, agrovilas e culturas diversificadas.

Região Nordeste

Apresenta o maior número de estabelecimentos agrícolas e o maior consumo de pessoas ocupadas nas atividades
agropecuárias. Predominam as propriedades entre 200 e 2.000 ha. Na utilização da terra, sobressaem-se as
pastagens. As principais áreas agrícolas situam-se na faixa costeira oriental. A zona do Agreste é ocupada por
culturas voltadas para o consumo urbano, enquanto no Sertão encontra-se a criação de gado extensiva, ocupação
tradicional.

As grandes, médias e pequenas propriedades estão assim distribuídas:

a) Grandes propriedades: Sertão - pecuária;


Zona da Mata Nordestina - cana-de-açúcar; MA e PI - extrativismo vegetal;
BA (litoral sul) cacau.

b) Pequenas e médias propriedades:


Vale do São Francisco - arroz e cebola; CE (sul-sertão) - algodão;
Agreste - algodão, agave.

Região Centro-Oeste

É também uma região com alta proporção de estabelecimentos com mais de 10.000 ha, porém predominam os
grandes estabelecimentos entre 1.000 ha e 10.000 ha, dedicados à pecuária. Quanto à utilização da terra,
dominam largamente as pastagens: esta é a região que apresenta a maior área ocupada por estabelecimentos
agropecuários no Brasil, apesar de possuí-los em menor número.
É, por excelência, a área de criação de gado bovino no Brasil, realizada em sistema extensivo nos largos
chapadões do cerrado e no Pantanal Mato-Grossense.
As grandes, médias e pequenas propriedades estão assim distribuídas:

a) Grandes propriedades:
MT (parte norte) - extrativismo vegetal; MS e MT (pantanal) - pecuária;
GO, MS e MT (áreas dispersas no interior) -pecuária.
b) Médias e pequenas propriedades:
MS (sul, região de Dourados) - culturas diversificadas: café, milho e soja;
GO (Ceres) - culturas diversificadas.

Região Sul

Quanto à área ocupada, predominam no Sul as pequenas e médias propriedades.

Assim como a região Sudeste, esta região também destina parte de sua produção à indústria alimentícia, como
carnes, milho, soja e outros itens.

As grandes, médias e pequenas propriedades estão assim distribuídas:

a) Grandes propriedades: PR (norte) - soja e café;


PR (Mata de Araucária) - extrativismo madeira; RS (Campanha Gaúcha) - pecuária;
RS e PR - áreas de cultura de trigo.
b) Médias e pequenas propriedades:
RS, PR e SC (áreas de povoamento europeu) vinhedos, trigo, batata, arroz, milho, etc.

SISTEMAS AGRÍCOLAS DE PRODUÇÃO

Sistemas Agrícolas

Sistema agrícola é a combinação de técnicas e tradições utilizadas pelo homem nas suas relações com o meio
rural para obter os produtos de que necessita.

No Brasil são aplicados no campo vários tipos de sistemas agrícolas.

O sistema extensivo é o mais utilizado: apenas em certas áreas, como no Sul e Sudeste, são encontradas
propriedades utilizando com mais freqüência o sistema intensivo.

Também os sistemas chamados de roça e plantation são antigos no Brasil e até hoje empregados.
Veja abaixo os principais sistemas e suas caracterísiicas.

Sistema Intensivo

 Uso permanente do solo.


 Rotação de cultivos.
 Fertilizantes.
 Seleção de sementes.
 Seleção de espécies.
 Mecanização.
 Grande rendimento.
 Produção elevada por hectare.
 Mão-de-obra abundante e qualificada.

Terra escassa

O sistema intensivo pode ser caracterizado pela menor dependência do agricultor às condições naturais.

Quanto menor a dependência, mais intensivo será o sistema agrícola.

Sistema Extensivo
Desmatamento e coivara.
Esgotamento dos solos.
Rotação de solos.
Pequeno rendimento.
Produção por trabalhador.
Terra abundante.
Mão-de-obra escassa e não-qualificada.

Dentro do sistema extensivo surge o termo "roça" ou itinerante, onde as técnicas utilizadas são bastante
rudimentares com pouco ou nenhum adubo, levando a terra ao esgotamento e, posteriormente, ao abandono.

No Brasil, o sistema de roça é largamente encontrado, apresentando como resultado uma agricultura de baixos
rendimentos e produção irregular.

Plantation

 Predominantemente em áreas tropicais.


 Monocultura.
 Grandes estabelecimentos.
 Capitais abundantes.
 Mão-de-obra numerosa e barata.
 Alto nível tecnológico.
 Trabalho assalariado.
 Aproveitamento agroindustrial da produção.
 Cultivos destinados à exportação.
 Grande rendimento.

O sistema de plantation foi introduzido no Brasil na época colonial, com o cultivo da cana-de-açúcar. No entanto,
até hoje, este sistema é utilizado no cultivo do café, do cacau, da laranja, da soja e da própria cana.

Exploração da Terra

Distinguem-se no Brasil as seguintes modalidades de exploração da terra:

 exploração direta - quando é realizada pelo proprietário da terra;


 exploração indireta - pode ser por meio de:

- arrendamento - quando a terra é alugada por um certo tempo e preço;


- parceria - quando, por meio de contrato, a terra é cultivada e a produção é repartida na proporção estipulada
entre as partes. A forma mais comum é a meiação (metade), havendo também outras, como a terça, etc. Nesta
modalidade há também os "posseiros" ou ocupantes, lavradores sem terras que ocupam uma área para poder
plantar. Os assalariados podem ser mensalistas ou diaristas. Deste último grupo fazem parte os bóias-frias.

EXTRATIVISMO MINERAL

O extrativismo mineral consiste em retirar da natureza os recursos minerais necessários à sobrevivência ou ao


desenvolvimento da sociedade. A existência desses recursos em uma determinada área é uma decorrência dos
fenômenos geológicos ali ocorridos ao longo da história geológica da Terra. Portanto, nos minerais ocorrem natu-
ralmente, sem a participação do homem no processo de sua criação.

De um modo geral, os minerais encontram-se disseminados nas rochas, porém, em alguns casos, eles aparecem
em concentrações maiores, permitindo, assim, a sua exploração em bases econômicas.

Minerais
São compostos químicos inorgânicos com composição química geralmente definida.

Rochas

São conjuntos de minerais ou apenas um mineral consolidado. As rochas formam a parte essencial da crosta
terrestre. Quanto à origem, podem ser classificadas em três grupos:

 magmáticas ou ígneas;
 sedimentares;
 metamórficas.

Os principais minérios do Brasil

Dos diferentes minerais conhecidos no subsolo da Terra, cerca de 3.400 despertam interesse econômico, e
destes, pelo menos 50 aparecem no Brasil. De acordo com os estudos atuais e em relação às necessidades de
consumo do Brasil, podemos distribuir nossas reservas em:

Abundantes - quando ocorrem em quantidades suficientes para o consumo interno e exportação. Ex.: ferro,
manganês, calcário, bauxita, sal-gema, ouro e outros.

Suficientes - quando ocorrem em quantidade suficiente para o consumo interno. Ex: argila, chumbo, zinco e
amianto.

Carentes - quando ocorrem em quantidade insuficiente para o consumo interno. Ex: petróleo, carvão mineral.

O Brasil se destaca na produção mundial de minérios, ocupando boas posições. Pode-se citar (em 1992): bauxita -
4° lugar, cromo - 8° lugar, diamante - 7° lugar, estanho - 1° lugar, ferro - 3° lugar, manganês - 4° lugar, ouro - 4°
lugar e tungstênio - 8° lugar.

Minério da ferro

O ferro é obtido pela redução dos seus óxidos. Seus principais minérios são:

 magnetita, com 72,4% de teor de ferro;


 hermatita, com 70% de teor de ferro;
 limonita, com 59,9% de teor de ferro;
 siderita, com 48% de teor de ferro.

A ocorrência de minério de ferro no Brasil foi revelada no final do século XVIII e o seu aproveitamento teve início
na segunda década do século XIX, em Minas Gerais.

As grandes jazidas do Brasil encontram-se em MG (Quadrilátero do Ferro), PA (Serra dos Carajás) e MS (Morro
do Urucum).

Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais

Os principais depósitos de minério de ferro estão numa área de 8.000 km 2, compreendida entre as cidades de Belo
Horizonte, Congonhas do Campo, Mariana e Santa Bárbara, que constituem o chamado Quadrilátero Ferrífero ou
Central. Esta área é a principal produtora de minério de ferro no país, destinando-se à produção tanto vinculada ao
mercado interno como externo.

Destacam-se duas áreas de produção e escoamento do minério:


As jazidas do Vale do Rio Doce - destinam-se aos mercados interno e externo, sendo a produção escoada pela E.
F. Vitória-Minas (da CVRD) até o porto de Tubarão, ES. As principais empresas que atuam nesta área são:
Usiminas, Acesita, Belgo-Mineira (mercado interno) e CVRD (mercado externo).

As jazidas do Vale do Rio Paraopeba - também se destinam aos mercados interno e externo e cuja produção é
escoada pela E. F. Vitória-Minas até o porto de Tubarão e pela E. F. Central do Brasil até o Rio de Janeiro. As
principais empresas que atuam nessa área são: CSN e Cosipa (mercado interno) e Antunes e Hanna (mercado
externo).

Observação: a maior empresa produtora de minério de ferro do Brasil é a CVRD (Companhia Vale do Rio Doce),
que, em 1997, foi parcialmente privatizada em leilão.

Morro do Urucum em Moto Grosso do Sul

O estado de Mato Grosso do Sul possui grandes reservas de minério de ferro situadas no sul do estado, no
município de Corumbá. Entretanto, essas reservas apresentam algumas desvantagens, como grande distância
dos principais mercados de consumo e baixa qualidade de minério.

Serra de Carajás

Situa-se no município de Marabá, na bacia do rio Itacuinas, a 550 km de Belém. Constitui uma das maiores jazidas
de ferro do mundo, descoberta em 1967 pela Companhia Meridional de Mineração (subsidiária do U.S. STEEL
Corp.).

O escoamento do minério de ferro é feito por ferrovia, até o porto de Itaqui, no Maranhão.

O projeto Carajás é realizado pela CVRD.

Manganês

É um metal encontrado na crosta terrestre em formas combinadas (óxidos, silicatos, carbonatos, etc.) O principal
minério é a pirolusita. É usado, geralmente, na indústria siderúrgica, onde se utilizam 30 kg de manganês para
cada tonelada de aço. Devido ao grande emprego, é um minério estratégico, sendo que seus maiores consumido-
res (EUA, França, Inglaterra e Japão) não possuem grandes reservas (exceto EUA).

As principais jazidas brasileiras são:

Serra do Navio (Amapá)

É a principal produtora, correspondendo a 67% do total produzido no País. A exploração é feita pela ICOMT
(Indústria de Comércio e Minérios), sendo o minério transportado pela E. F. do Amapá, até o Porto de Santana
(AP). A produção visa ao mercado externo, particularmente os EUA.

Quadrilátero de Ferro

É a mais antiga área produtora no Brasil, porém as principais jazidas já foram exploradas. A principal área
produtora é o distrito de Conselheiro Lafaiete, responsável por 25% da produção nacional.

Morro do Urucum (MS)

A produção é pequena e escoada pelo rio Paraguai, através do Porto de Corumbá.

Serra dos Carajás (PA)


Segunda maior reserva brasileira.

Alumínio

O alumínio é um metal branco, leve e que não sofre corrosão. É utilizado pela indústria elétrica, de material, de
transporte, de construção civil, de utensílios domésticos, etc. Os principais produtores mundiais são: Austrália,
Guiné, Suriname, Rússia e Guiana. O principal minério é a bauxita, sendo as principais áreas de ocorrências:

Oriximiná (PA)

Uma das maiores reservas mundiais. O destino da produçâo visa à exportação e ao abastecimento das indústrias
nacionais. O projeto Trombetas utiliza energia proveniente da Hidrelétrica de Tucuruí (rio Tocantins - PA). A
bauxita de Oriximiná abastece o complexo industrial de alumínio - Alunorte e Albrás - no Pará, e também Alcoa, no
Maranhão (São Luís). O Pará é responsável por 86,5% da produção brasileira (1992).

Minas Gerais (Poços de Caldas, Ouro Preto e Mariana).


Participa com 26% da produção brasileira.

Serra dos Carajás (PA).

Chumbo

O principal minério do chumbo é a galena. Ele é utilizado na fabricação de baterias, cabos, isolantes, para a
radiação de raios X, etc. As principais áreas de ocorrência no Brasil são: Bahia, Boquira e Macaúbas (principal
área produtora), sendo responsável por 80% da produção brasileira - Paraná: Adrianápolis.

O Brasil importa o chumbo do Peru e México.


Maiores produtores mundiais: Austrália, Rússia, EUA, Canadá e México

Estanho

O principal minério do estanho é a cassiterita.


As principais áreas produtoras no Brasil são:

Rondônia

Vale dos rios Guaropé, Mamoré e Madeira - maioria do estanho brasileiro (13,5%).

Amazonas: 58,5% da produção nacional.

Pará - Mapuera (26,0%).

Cobre

É um metal não-ferroso muito utilizado como liga (bronze e latão) e em condutores elétricos.
O principal mineral do cobre é a calcopirita ou cuprita. No Brasil, as principais áreas de ocorrência são:
Rio Grande do Sul (Camaquã e Caçapava do Sul) - participa com 24% da produção brasileira.
Bahia (Caraíba) - possui as maiores reservas e participa com 75% da produção brasileira.
Pará (S. dos Carajás) – reservas menores.

Ouro
O Brasil possui a quarta maior produção mundial de ouro, após a África do Sul, os EUA e o Canadá (1992). Áreas
produtoras: Madeira, rio Tapajós, Alta Floresta (MS), Cumaru (PA), Jacobina (BA), Quadrilátero Ferrífero (MG),
Serra Pelada (fechada).

FONTES DE ENERGIA

As fontes de energia são elementos que podem contribuir para a realização do trabalho. O homem utilizou para
isso o seu esforço muscular ou animais domesticados, posteriormente a energia do vento (eólica) e a hidráulica
(aproveitando os rios). Foi com a Revolução Industrial, na segunda metade do século XVIII e no século XIX, que
surgiram as máquinas modernas movidas a energia elétrica obtida da queima do carvão, do petróleo (usinas,
termelétricas da força das águas (hidrelétricas) e, mais tarde, da fissão do átomo (usinas nucleares). Finalmente,
outras fontes alternativas foram surgindo, temendo-se o esgotamento das fontes não-renováveis. Devemos
destacar que as fontes de energia estão relacionadas ao tipo de economia, pois quanto mais industrializada for,
maior será o seu consumo energético. A expansão econômica e social verificada no País no decorrer das últimas
décadas vem exigindo importante desenvolvimento da nossa infra-estrutura, notadamente do setor energético.

Petróleo

64% 13% 7% 6% 4% 4% 2%
Oriente Médio América África Rússia América do Ásia e Europa
Latina Norte Oceania

A pesquisa de jazidas petrolíferas é feita no Brasil desde meados do século, passado por iniciativa privada. Só em
1907, com a criação do Serviço Geológico e Mineralógico, o governo começou a se preocupar com este programa,
passando, a partir de 1919, a fazer pesquisas infrutíferas, por serem realizadas com técnicas e equipamentos
deficientes. Na década de 30, alguns resultados começaram a surgir, principalmente com a perfuração do poço
Lobato, na, Bahia, o primeiro aberto no País.

Em vista das condições políticas nacionais e da grande importância do petróleo, em 1938 foram nacionalizadas as
jazidas petrolíferas. Nesse mesmo ano, foi criado o Conselho Nacional do Petróleo (CNP), principalmente na
Bahia, iniciando-se a fase de comercialização.

Em 1953, foi criada pelo governo a organização Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobrás). É uma sociedade mista, com
participação estatal de 51%.

Passaram, dessa data em diante, a ser monopólio da Petrobrás:

 pesquisa e exploração das jazidas;


 refinação (com exceção das refinarias particulares já instaladas);
 transporte de petróleo bruto e dos oleodutos;
 importação de petróleo bruto e derivados.

A partir de 1953, a Petrobrás conseguiu desenvolver-se gradativamente em todos os setores petrolíferos:


pesquisa, exploração, refinação, transporte e distribuição. Em 1976, com a assinatura de contratos de risco com a
Shell, Elf, British Petroleum e Exxon, o setor de pesquisa e exploração foi aberto à participação de empresas priva-
das.

EXPLORAÇÃO

As bacias de possível exploração de petróleo no Brasil são:

 Bacia Amazônica;
 Bacia Litorânea;
 Bacia Paranaense;
 Bacia Recôncavo Baiano.

Principais áreas produtoras continentais:

BA - Recôncavo Baiano: poços de Miranga, Água Grande, Buracica, D. João, Taquipe, Candeias;
AL - Poços de Coqueiro Seco e Tabuleiro do Martins;
SE - Poços de Catmópolis, Brejo Grande, Riachuelo e Treme;
MA - Barreirinhas;
AM - Vale Médio do rio Amazonas.

Produção no Brasil

Em 1996 a produção foi de, em média, 850 mil barris por dia. Isso representa aproximadamente 60% do petróleo
consumido diariamente; o restante é importado.

Atualmente, cerca de 70% do petróleo extraído no Brasil vem das plataformas marítimas, sendo a principal área
produtora, a Bacia de Campos. No continente, é a do Recôncavo Baiano.

Refinação

Atualmente, a Petrobrás tem onze unidades de refino, com capacidade para processar 1,4 milhões de barris/ dia.

Embora a Petrobrás, com a Lei n° 2.004, tenha recebido o monopólio do refino, o Governo manteve as autori-
zações concedidas a grupos privados antes daquela lei. A atual quebra do monopólio permitirá que outras empre-
sas do ramo possam participar de todo o processo petrolífero. O objetivo principal da quebra do monopólio é
buscar a auto-suficiência do produto, objetivo traçado pela ANP (Agência Nacional do Petróleo).

Eis a razão da existência de duas refinarias particulares: Ipiranga (RS) e Manguinhos (RJ), ambas de pequeno
porte.

As principais refinarias da Petrobrás são:

 Mataripe - Landulfo Alves (BA);


 Cubatão - Presidente Arthur Bernardes (SP);
 Duque de Caxias - Duque de Caxias (RJ):
 Betim - Gabriel Passos (MG);
 Canoas - Alberto Pasqualini (RS);
 Paulínea - Replan (SP);
 Manaus - Reman (AM), na qual a Companhia Estatal de Petróleo do Peru, a Petroperu, tem refinado parte
de sua produção;
 Araucária - Refar (PR) - Refinaria Getúlio Vargas;
 Henrique Lage - REVAP (S. José dos Campos - SP);
 União - Capuava (SP);
 ASFOR - Fábrica Nacional de Asfalto de Fortaleza - CE.

Observação:

A Petrobrás exporta diversos derivados de petróleo, como: óleo combustível, gasolina, querosene para avião, óleo
diesel e outros, principalmente para Nigéria, EUA, o Argentina, Holanda e outros países.

Transporte - Oleodutos

Transporta o óleo bruto da jazida à refinaria. Exemplo: Aracaju - Bahia.


Transporta o óleo dos terminais marítimos à refinaria. Exemplo: São Sebastião - Cubatão.
Transporta os produtos já refinados, até os postos de armazenagem para distribuição. Exemplo: Cubatão -
Capuava (SP).

Neste último caso, por um único oleoduto são transportados dois ou três produtos, desde que apresentem
densidades diferentes.

Esse transporte é feito por bombeamento controlado por "casas de bombas" que se comunicam com a refinaria e
levam, assim, o produto ao local destinado. Essas casas estão distribuidas a cada quilômetro, de acordo com a
topografia do local, mais ou menos acidentada, em maior ou menor número de casas.

O custo operacional dos oleodutos é muito baixo, por isso outros estão sendo programados.

 FRONAPE: Frota Nacional de Petroleiros, contando atualmente com 69 navios.


 Esses navios atendem ao comércio interno, transportando petróleo dos países exportadores e fazem
fretes para terceiras bandeiras, se bem que sejam em pequeno número.
 Os portos que comercializam o petróleo são os terminais marítimos, que já possuem oleodutos para a
condução do produto até o local desejado dentro do País. No Brasil, seis são importantes:
 Bahia - Terminal Alves Câmara;
 São Paulo - Terminal Almirante Barroso (São Sebastião);
 Rio de Janeiro - Terminal Almirante Tamandaré
 Sergipe - Terminal de Atalaia Velha;
 Rio Grande do Sul - Terminal Soares Dutra;
 Santa Catarina - Terminal de São Francisco do Sul.

Distribuição

O setor de distribuição dos derivados não é monopólio da Petrobrás. Existem várias empresas nacionais e
estrangeiras operando neste setor.

A participação da Petrobrás neste ramo é de aproximadamente 20%, com uma rede de postos de distribuição
muito grande e quatro companhias nacionais com um número de postos muito inferior.

As principais empresas estrangeiras são:

 Esso Brasileira de Petróleo S.A.;


 Shell do Brasil S.A;
 Texaco do Brasil S.A. Produtora de Petróleo;
 Cia. Atlantic de Petróleo.

Observação:

Os postos estão distribuídos por todo o Brasil.

As principais empresas nacionais são:

 Petrobrás Distribuidora S.A.;


 Distribuidora de Petróleo Ipiranga;
 Petrominas;
 Cia. São Paulo Distribuidora de Derivados de Petróleo.

Consumo
No início de 1992, o consumo diário era de 1.200.000 barris/dia; em 1999, o nosso consumo atingiu a cifra de 1,4
milhão de barris/dia, enquanto a nossa produção se aproximou de 1,1 milhão de barris/dia.

Carvão mineral

Sabemos que o hemisfério sul é pobre em carvão mineral, se comparado ao hemisfério norte. Essa desigualdade
está ligada a fenômenos geológicos. Assim, o Brasil não faz exceção nesse aspecto. É também pobre em jazidas
carboníferas (pelo menos considerando-se as jazidas conhecidas até hoje).

As nossas principais jazidas estão localizadas no Sul do País, numa formação que data do permocarbonífero,
entre o cristalino da Serra do Mar e a Bacia Sedimentar Paranaense.

Brasil: Produção de Carvão Mineral


Santa Catarina .......................................... 61%
Rio Grande do Sul .................................... 36%
Paraná ........................................................ 3%
Fonte: IBGE - 1994

Principais Depósitos

Santa Catarina
1.205.000.000 tonetadas, localizadas no vale do rio Tubarão e proximidades.

Rio Grande do Sul

1.932.000.000 de toneladas, localizadas no vale do Jacuí e proximidades.


Foi localizada uma jazida de linhito no alto Amazonas, mas ainda não foi avaliada.

A exploração do carvão mineral, no Brasil, efetivou-se a partir de 1942, em Santa Catarina, quando foi iniciada a
instalação da Cia. Siderúrgica Nacional (primeiro alto-forno a coque no Brasil), em Volta Redonda.

A partir dessa data, a nossa produção tem cresclcio de forma bastante lenta, devido a uma série de problemas já
citados.

ELETRICIDADE

A energia elétrica é um dos fatores básicos para o desenvolvimento de um país. Isto é tanto verdade que, se
observarmos os países desenvolvidos, notaremos que o consumo de energia elétrica por pessoa será bastante
alto em relação aos países menos desenvolvidos.

A energia elétrica pode provir de usinas hidrelétricas, termelétricas e nucleares. As usinas hidrelétricas aproveitam
energia potencial da água (queda de água). As usinas termelétricas aproveitam a energia resultante da queima de
óleos, carvão mineral, carvão vegetal, lenha, etc., e as nucleares utilizam urânio, tório, etc.

O Brasil, tendo constituição hidrográfica importante e em sua maioria rios de planalto, evidentemente possui um
alto potencial hidrelétrico, que é de 150.000.000 kw, colocando-se em 3° lugar nesse particular, após Rússia e
Canadá. A distribuição do potencial hidrelétrico por bacia hidrográfica apresenta-se na seguinte ordem:

BACIA POTENCIAL CONFIRMADO ESTIMADO


Amazônia 16.799,4 36.993,5
Prata 10.819,1 6.530,5
São Francisco 3.058,8 1.255,5
Tocantins 9.284,2 1.525,4
Embora esse potencial fosse alto, a capacidade de produção instalada era de 8.828.400 kw (1970), passando para
31.725.000 kw em 1980.

Quanto à termeletricidade, o Brasil possui capacidade instalada de 4.249.000 kw (1980), aproveitando como
matéria-prima o petróleo, o carvão mineral e a lenha.

Essa predominância de usinas hidrelétricas é fácil de compreender, se atentarmos para os grandes recursos
hidrográficos do Brasil de um lado, e os pequenos recursos em petróleo e carvão mineral, de outro; se bem que a
opção para se instalar uma usina leva em consideração outros fatores, tais como: tipo de consumo de eletricidade
durante o ano, quantidade de consumo, custo de instalações, etc.

O elevado potencial hidrelétrico dos rios brasileiros explica por que a geração de eletricidade no País é prove-
niente, principalmente, de usinas hidrelétricas (93%) em menor escala de origem termelétrica (6,3%).

Energia Solar

Esta é, sem dúvida, a mais limpa e mais barata forma de obtenção de energia. Mas, infelizmente, com a tecnologia
atualmente disponível é completamente inviável o grande consumo industrial, pois não se consegue obter este tipo
de energia em larga escala, ainda que, segundo alguns cálculos, a energia solar que atinge a Terra em apenas
sete dias seja equivalente a toda energia acumulada nas reservas minerais fósseis do planeta. Estamos, por
enquanto, restritos a calculadoras e pequenos instrumentos. Nos EUA, um pequeno avião para um único
tripulante, construído em fibras sintéticas e movido a energia solar, conseguiu percorrer uma longa distância voan-
do a poucos metros acima do solo. Atualmente, a Austrália promove uma corrida de automóveis solares que, se
não podem ser comparados ao rendimento dos modelos tradicionais, têm apresentado sensíveis progressos nos
últimos eventos.

Urânio e os Reatores Nucleares

O urânio é um combustível nuclear (material radioativo ou atômico) extraído da uranilita ou pechblenda e de outros
minérios. Aparece em rochas eruptivas e nos pigmatitos, porém as maiores concentrações estão nas rochas
sedimentares. O urânio natural é uma mistura dos isótopos U234+ U235+ U238.

As reservas brasileiras de urânio em 1978 atingiram 142.000 t, destacando-se as seguintes áreas: Poços de
Caldas e Quadrilátero Ferrífero (MG), Figueira (PR), Campos Belos (GO), Lagoa Real (BA), e Itatiaia (CE),
Surucucus (RR) e Espinhares (PB). O reator é uma fornalha onde se utiliza o combustível nuclear para a produção
de calor que vai aquecer na caldeira a água para a turbina. Esta, por sua vez, move o gerador que produz a
energia elétrica. O conjunto é uma máquina térmica com a fornalha substituída pelo reator nuclear. Os reatores
podem ser de fissão ou fusão, sendo que o último ainda está em fase de pesquisa.

As Vantagens e Desvantagens do Uso de Energia Nuclear

Vantagens:

 permite grande concentração energética;


 independe dos fatores meteorológicos;
 flexibilidade na localização das usinas;
 reduzida poluição atmosférica.

Desvantagens:

 auto custo inicial na implantação;


 segurança - perigos de defeitos técnicos, sabotagens, etc.;
 resíduos radiativos (lixo nuclear);
 elevado preço da energia.

Usinas Nucleares

A Nuclebrás prevê a construção de diversas usinas nucleares no Brasil.

Usina de Angra dos Reis - Unidade I (Almirante Álvaro) é a primeira usina do Complexo Angra dos Reis, situada
na praia de Itaoma; foi inaugurada no início de abril de 1982, já fornecendo energia elétrica ao sistema de
transmissão de Furnas.

Usina de Angra dos Reis unidade II e III - essas usinas resultam do acordo de cooperação firmado com a
Alemanha, ao passo que a Angra I é de fabricação norte-americana (westinghouse ). A Usina Angra III teve seu
contrato cancelado por decreto presidencial em 1993.
Usina de Peruíbe e Iguape - em fase de estudos e implantação, também se incluem no acordo Brasil Alemanha.
Todas essas usinas geram discussões por parte de organizações ambientalistas pelo comprometimento da
qualidade de vida do homem e de outras espécies, por atingirem áreas de preservação ambiental.

INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA

EVOLUÇÃO HISTÓRICA E PRINCIPAIS SETORES

Conceito
Indústria pode ser entendida como ato de transformar matérias-primas em bens de produção e de consumo.

Tipos de Indústria

De um modo geral, as indústrias podem ser divididas em:

Extrativas:
- mineral
- vegetal
Transformação:
- bens de produção
- bens de consumo
duráveis
não-duráveis

Indústrias extrativas: extraem produtos sem alterar suas características.


Indústrias de transformação: são as que convertem as matérias-primas obtidas da natureza em objeto útil para o
homem. Dividem-se em: bens de produção e bens de consumo.
Indústrias de tecnologia de ponta e a bélica: envolve robótica, informática e armamentos.
d) De base ou pesada: quando se preocupa em obter bens de produção ou de cpaital. São exemplos deste tipo
de indústrias as máquinas, geradores, turbinas, etc...
Leve ou de bens de consumo: Duráveis e não-duráveis.

Bens de Produção

São também chamados de bens de capital, bens de equipamento, indústrias pesadas e indústrias de base. São
indústrias que produzem "produtos" (matérias-primas e equipamentos) para outras indústrias. Exigem grande
investimento. Ex.: siderurgia, metalurgia, mecânica, naval, etc.

Bens de Consumo
São indústrias que produzem "produtos" voltados diretamente para o consumo da população. Essas indústrias
produzem bens de consumo duráveis (eletrodomésticos, automóveis, eletrônicos, móveis, etc.) e não-duráveis
(remédios, bebidas, alimentos, vestuário, etc.).

Evolução Indusstrial no Brasil

Até 1808, pode-se dizer que não havia propriamente indústrias no País, resumindo-se esta atividade à produção
de tecidos grosseiros e de uns poucos artigos de natureza artesanal.

Após 1808, apesar de liberação da atividade industrial que até então havia sido impedida pela metrópole, o
desenvolvimento industrial não tomava impulso devido à falta de infra-estrutura interna e à concorrência dos pro-
dutos externos, sobretudo ingleses.

Com a introdução do café em SP e a conseqüente chegada dos imigrantes, houve certa expansão do mercado
interno consumidor, além da disponibilidade de capitais e melhores transportes. Começam a surgir alguns setores
industriais de necessidade mais imediata e de menor custo como: alimentícios, têxtil, de material de construção,
etc.

Em 1850 havia no país:

 02 fábricas de tecidos;
 10 indústrias de alimentos;
 02 indústrias de caixas e caixões;
 05 indústrias metalúrgicas;
 07 indústrias químicas.

No final do século XIX, o desenvolvimento industrial foi pequeno, apesar das medidas protecionistas adotadas pelo
governo para proteger a indústria nacional da concorrência externa.

A partir da Primeira Guerra Mundial, a atividade industrial apresentou uma certa expansão, pois já que não podia
contar com as importações européias, procurava desenvolver aqui alguns setores industriais.

A crise 1929/1930 e a Segunda Guerra Mundial marcaram outra fase de crescimento industrial, sobretudo em SP,
RS e MG. Após 1940, surgem outros tipos de atividades industriais, já que antes dominavam indústrias apenas de
bens de consumo.

Em 1942, ocorre a construção da Cia. Siderúrgica Nacional. Inicia-se a produção de aço em grande escala, que
abre novas perspectivas para a expansão industrial brasileira.

A década de 1950 ainda enfrenta problemas e obstáculos, como falta de energia e deficiente rede de transportes e
comunicações, que vão ser tratados por Juscelino em seu plano de Metas - além disso, o desenvolvimento
industrial passa a ser dependente do capital externo. Nessa fase, o governo optou pela indústria de bens de
consumo duráveis, como as indústrias automobilísticas e de eletrodomésticos, além de setores básicos e energia
elétrica através da criação de várias empresas Cemig - Furnas, etc.).

A década de 60 é representada por um período de crise e estagnação da atividade industrial. Essa fase marca
uma economia associada e dependente do capital externo, e o Estado como forte centralizador e controlador dos
setores econômicos básicos.

A década de 70 caracteriza-se por uma maior diversificação da produção industrial e, conseqüentemente, das
exportações que até hoje têm nos manufaturados o seu maior peso.
O Brasil, bem como a maior parte dos países de industrialização recente, apresenta um grande peso na economia
estatal. Durante as décadas de industrialização acelerada tem que criar a infra-estrutura básica necessária e isto
incluía siderúrgicas, estradas e outras.

O conceito moderno de economia e Administração Pública tomou este sistema obsoleto e o Estado, que já foi visto
como tábua de apoio para a economia do país, passou a ser visto como um grande estorvo.

Não faltam argumentos pró-privatizações, bem como argumentos contra. No entanto, os custos para a manu-
tenção de um sistema evidentemente ineficiente, inchado de funcionários desnecessários e uma estrutura de co-
mando montada apenas com critérios políticos, parecem ter se tornado insustentáveis para um país que procura
uma nova colocação no mundo.

O critério das privatizações foi muito contestado, pois muitas estatais foram vendidas para outras estatais ou fundo
de pensões de funcionários de estatais e a entrada de "moedas podres", nos leilões, sugeria que nem tudo estava
às claras nessas transações. No entanto, algumas das empresas já privatizadas começam a apresentar um
desempenho compatível com as regras básicas do capitalismo. A Mafersa, fabricante de vagões, apresenta lucros
após anos de prejuízo enquanto estatal. A Usiminas aumentou sua produtividade e reduziu um terço seu
endividamento, entre outros exemplos.

Distribuição Geográfica da Atividade Industrial

A grande região industrial do país é a região Sudeste, onde se destacam São Paulo, Rio de Janeiro e Minas
Gerais. O centro econômico do Brasil, bastante urbanizado e industrializado, é constituído por São Paulo e Rio de
Janeiro.

Região Sudeste

É a responsável por mais da metade de toda a atividade industrial e, sozinha, consegue cerca de 3/4 do valor da
produção industrial.

Essa concentração no SE é devida a vários fatores, tais como:

 sistemas de transporte e comunicação mais desenvolvidos;


 maior produção energética;
 maior e mais diversificado mercado consumidor;
 maior concentração de capitais;
 maior concentração de mão-de-obra;
 melhor nível de vida e poder aquisitivo.

Destaques do Sudeste

São Paulo

O Estado de São Paulo é o maior destaque. Concentrando cerca de 40% dos estabelecimentos industriais do país;
48% do pessoal ocupado em indústrias; 53% do valor da produção industrial.

A grande São Paulo, sobretudo os municípios do ABC, Diadema, Osasco, Guarulhos e outros, possui a maior
concentração industrial do país e da América Latina.

Ainda no Estado de São Paulo, outros centros industriais importantes, situam-se normalmente ao longo dos
principais eixos rodoviários ou rodoferroviários. São eles:

 Anhangüera - Campinas, Americana, Limeira, Piracicaba, Ribeirão Preto.


 Dutra - Jacareí, São José dos Campos, Taubaté.
 Washington Luís - Rio Claro, São Carlos, Araraquara, São José do Rio Preto.
 Raposo Tavares - Sorocaba, Itapetininga, Presidente Prudente.
 Anchieta - Cubatão, Santos, São Bernardo.

As indústrias do Estado de São Paulo caracterizam-se pela diversificação: metalurgia, química, alimentícia, têxtil,
transporte, construção, farmacêutica, etc.

Minas Gerais

Vem aumentando a cada ano o valor da produção industrial e a área de influência industrial da Grande Belo
Horizonte. O Centro Industrial de Contagem, próximo a Belo Horizonte, é diversificado e foi criado em 1970, em
Betim. Sua posição é apoiada na abundância de recursos minerais, sobretudo no minério de ferro, justificando o
primeiro lugar na produção de aço do país.

Rio de Janeiro

A maior concentração industrial coincide com o Grande Rio-polindustrial. Destaques na indústria naval e no
turismo.

Região Sul

Apesar da antigüidade da ocupação industrial (o início está ligado à colonização européia), a Região Sul tem
apenas 20% de participação no processo industrial. É a segunda região mais industrializada.
As indústrias mais importantes são as de bens de consumo: as alimentícias destacam-se no RS, como frigoríficos,
couros, vinícola; as têxteis em SC; e madeira no PR

No RS, os centros mais industrializados são: Grande Porto Alegre, Caxias do Sul, Pelotas, Rio Grande, etc. Em
SC, por sua vez, destacam-se: Joinville, Blumenau (têxtil); Criciúma e Tubarão (carvão). Já no PR tem-se Curitiba,
pólo industrial, além de centros no norte do Estado.

Região Nordeste

É a terceira mais industrializada; as maiores aglomerações industriais se concentram no Recife e Salvador. A


industrialização do NE está ligada à construção da usina hidrelétrica de Paulo Afonso, à criação dos distritos
industriais, como Cabo, Paulista, Jaboatão, etc., em PE, e Centro Industrial de Aratu e do Polo Petroquímico de
Camaçari na Bahia. Destaca-se, também, a concentração industrial em Fortaleza.

Principais Indústrias

A indústria de transformação é a que mais se destaca, conforme os dados a seguir:

% s/ os estabelecimentos % s/ o pessoal % s/ o valor da


industriais ocupado produção industrial
a) extrativo mineral 1,9% 1,7% 1,5%
b) transformação 98,1% 98,3% 98,5%

A indústria alimentícia tem a maior participação em pessoal ocupado e número de estabelecimentos. A indústria
metalúrgica é a segunda em número de pessoal ocupado e valor de produção industrial.

Alimentícias

Abrange diversos ramos, tais como: laticínios, conservas, frigoríficos, bebidas, massas, moinhos, óleo, etc. Está
entre as mais antigas do País. Apesar de estar disseminada por quase todo o País, é em SP que se verifica a sua
maior concentração. Destaques: Carnes (frigoríficos): Araçatuba e Barretos (SP), Rio Grande e Pelotas (RS),
Campo Grande (MS). Bebidas: Caxias do Sul, Bento Gonçalves (RS), Jundiaí, São Roque Ribeirão Preto (SP).
Laticínios: Sul de MG, Vale do Paraíba (SP e RJ), grandes centros. Açúcar: Paraíba (SP), Campos (RT), Maceió
(AL).

Automobilística

A produção automobilística sofreu um grande crescimento desde 1958, colocando-se, atualmente, entre as dez
maiores empresas do mundo, sendo superada apenas por Japão, EUA, Alemanha, Inglaterra, França, Itália, Ca-
nadá e Rússia. As principais empresas automobilísticas são:

a) Volkswagen do Brasil - SP;


b) General Motors do Brasil - SP;
c) Ford Motores do Brasil - SP;
d) Mercedes-Benz do Brasil - SP;
e) Fábrica Nacional de Motores - RJ;
f) Fiat do Brasil - MG; e
g) Volvo do Brasil - PR.

A indústria automobilística foi implantada na segunda metade da década de 1950, durante o governo de Juscelino
Kubitschek. Os principais fatores associados à implementação da indústria automobilística foram:

1. desenvolvimento da metalurgia e siderurgia;


2. as já existentes indústrias de montagem de veículos no Brasil;
3. existência de indústrias de autopeças;
4. mercado consumidor em SE;
5. desenvolvimento do setor rodoviário; e
6. criação do GEIA (Grupo Executivo da Indústria Automobilística).
7. primeira indústria – Vemag – foi instalada em 1956, e em 1958, a Volkswagen.
Com isso desenvolvem-se indústrias ligadas ao setor automobilístico, como: vidros, artefatos de borracha, couro,
material elétrico, metalurgia leve, etc.

A maior concentração ocorre em São Paulo graças a maior disponibilidade de mão-de-obra, indústrias de
autopeças, proximidades da Cosipa e do Porto de Santos, existência de energia elétrica, etc.

Atualmente o Brasil está entre os maiores produtores mundiais, com uma produção anual de cerca de 1 miIhão de
veículos.

Siderurgia

Foi somente a partir de 1917 que se instalou no País, por iniciativa da Cia Siderúrgica Belgo-Mineira, localizada
inicialmente em Sabará (MG) e depois em Monlevade (MG). Aproveitando a abundância de minério de ferro
existente em Minas Gerais, outras siderúrgicas foram se instalando na região, e, durante muito tempo, Minas Ge-
rais foi o único centro siderúrgico do País. As causas que retardaram a implantação da siderurgia foram a
escassez de carvão mineral, a falta de mão-de-obra e de capitais, além da ausência de indústrias capazes de
consumir a produção.

A partir de 1942, a siderurgia tomou grande impulso com a instalação da Cia. Siderúrgica Nacional (estatal) na
localidade de Volta Redonda, no Vale do Paraíba fluminense. Sua localização obedecia à situação intermediária
entre as jazidas de carvão (SC) e as áreas produtoras de minério de ferro (MG); ao ponto de encontro entre a
Central do Brasil e a Rede Mineira de Viação; à proximidade dos maiores centros industriais e consumidores do
País; à abundância de energia elétrica; e, por fim, à maior disponibilidade de mão-de-obra.

A elevada taxa de crescimento alcançada por este setor deve-se a vários fatores, tais como:
1. desenvolvimento das atividades industriais de base. as quais passaram a consumir a produção
siderúrgica;
2. rápido desenvolvimento do setor de construção civil;
3. grande apoio governamental;
4. aumento do consumo de produtos industrializados;

O principal problema que afeta a indústria siderúrgica é o fornecimento de matérias-primas (carvão mineral), sendo
por isso, muito grande o consumo de carvão vegetal.

Observações:

94% da produção siderúrgica concentra-se no SE


As maiores produções siderúrgicas são obtidas pela Usiminas, CSN e Cosipa.

Distribuição espacial das usinas siderúrgicas

As siderúrgicas distribuem-se pelo espaço independentemente da localização do carvão mineral, pois as maiores
produções desse produto vêm do sul, e é no SE que se encontra a maior produção de aço.
Portanto, outros foram os fatores responsáveis por esta localização. E, sobretudo, a presença de minério, como o
ferro e o manganês e o mercado consumidor, que regem tal distribuição.
A produção atual de aço bruto situa-se perto de 25 bilhões de toneladas, colocando o Brasil entre os 10 maiores
produtores do mundo. Enquanto o consumo per capita de aço dos países desenvolvidos, como EUA, Japão,
Rússia, Alemanha, gira em torno de 400 a 500 kg/hab/ano, a produção brasileira é de cerca de 100 kg/hab/ano.

Os problemas da nossa indústria e atualidades sobre o setor


Apesar do franco desenvolvimento industrial experimentado pelo País nas últimas décadas, vários são os
problemas que o afetam, destacando-se os seguintes:
- Quanto à energia: empregamos ainda elevada quantidade de lenha como fonte energética.
- Quanto ao capital: escasso, não permitindo grandes investimentos por parte dos particulares, o que permite
grande participação de capitais estatais e estrangeiros.
- Quanto ao equipamento: a produção da indústria de máquinas e equipamentos ainda é insuficiente, sendo
necessária a importação em larga escala.
- Quanto aos transportes: o sistema ferroviário e o hidroviário são deficientes.
- Quanto ao mercado consumidor: ainda restrito, apesar de estar em crescimento.

TRANSPORTES

O desenvolvimento do sistema de transportes no Brasil está intimamente ligado à evolução da economia brasileira.
Portanto, de início, integram-se ferrovias e portos na comercialização agrícola destinada à exportação.
Posteriormente, com a acelerada industrialização, por meio de um processo de substituição de importações, o
sistema de transportes teve de fazer frente aos fluxos adicionais de bens intermediários e finais, para atendimento
do mercado interno.

O transporte rodoviário desempenhou papel fundamental nesse estágio de desenvolvimento econômico. Em


virtude da grande extensão territorial do Brasil, as imensas distâncias que separam as diversas regiões, que difi-
cultam a implantação de meios de transporte rápidos, eficientes e baratos para o escoamento das produções e
dos passageiros, se constituem num grave problema para o País.

Os fatores que devem ser considerados para a análise das necessidades e do trabalho das vias de transporte são
muitos, podendo ser citados:

 relevo;
 egetação;
 navegabilidade dos rios;
 distância;
 custo de instalação;
 custo de manutenção;
 intensidade do fluxo de mercadoria e pessoas
 isolamento de algumas áreas.

Na década de 60, foi criado o Geipot - Grupo Executivo da Política dos Transportes - de modo a impulsionar o
setor. A crise mundial de combustíveis também determinou uma nova orientação mais ampla e eficiente, em
termos de transportes, apesar de a rodovia ter sido o setor que mais cresceu nos últimos anos e que mais se des-
taca.
A política de transportes implantada no Brasil está voltada fundamentalmente para o setor rodoviário, consumindo
grande quantidade de diesel e gasolina, num país que ainda depende de grande importação de petróleo.

Transporte ferroviário

A nossa primeira ferrovia foi construída pela Imperial Companhia de Estradas de Ferro, fundada pelo Visconde de
Mauá, ligando o Porto de Mauá, na Baía de Guanabara, à Serra da Estrela, no caminho de Petrópolis. Tinha uma
extensão de 14,5 km e bitola de 1 m ( 1854).

Logo a seguir, outras surgiram no NE, Recôncavo Baiano e, principalmente, em São Paulo, para servir à economia
cafeeira, então em franco desenvolvimento (estradas do café). Eram, em geral, construídas ou financiadas por
capitais ingleses que visavam somente à satisfação de seus interesses comerciais, sem o mínimo de planeja-
mento.

Entre 1870 e 1920, vivíamos uma verdadeira "era de ferrovias", sendo que o crescimento médio destas era de
6.000 km por década.

1855 - E.F. D. Pedro II (E.RC.B.)


1868 - E.F. Santos-Jundiaí
1868 - Cia. Paulista de Estradas de Ferro
1872 - Cia. de Estradas de Ferro de São Paulo -Rio de Janeiro
1872 - Cia. Mogiana de Estrada de Ferro

Após 1920, com o advento do automóvel, as ferrovias entram numa fase de estagnação, não se recuperando até
hoje.

A situação do setor de transporte ferroviário é grave, sendo que em 1960 tinha 38,2 mil km de extensão, sofrendo,
a partir de então, um processo sistemático de deterioração. Sua extensão diminuiu para 29,7 mil km em 1985 e,
após modesta recuperação, atingiu 30,3 mil km em 1993 (mesma extensão que possuía em 1924).

O Brasil é um país pobre em ferrovias e as mesmas se encontram irregularmente distribuídas pelo território. En-
quanto a Região Sudeste concentra quase a metade das ferrovias, as regiões Norte e Centro-Oeste concentram
juntas menos de 10%.

TRANSPORTE RODOVIÁRIO E OUTROS

Evolução rodoviária

As estradas brasileiras, como dissemos, sofreram um colapso entre 1860-1920. Com a introdução dos automo-
tores, a situação inverteu-se, vivendo o país, até os dias atuais, uma verdadeira "era de rodovias".

Aquelas antigas estradas transitáveis só no período de estiagem passaram a ser melhoradas, enquanto outras
surgiam rapidamente, em diferentes regiões do país. A partir de 1937, com a criação do Departamento Nacional
de Estradas de Rodagem (DNER), iniciaram-se melhoramentos referentes à pavimentação, que se intensifica ain-
da hoje, e à produção do asfalto e cimento, por parte das indústrias brasileiras. Mesmo assim, os custos operacio-
nais são altos.

Em 1993, a extensão de nossas rodovias era de 1.824.363 km, o que dá uma média de 185 m/km 2 aproxima-
damente.

- Do total, 9% da extensão rodoviária brasileira ainda está na fase de planejamento.


- Das atuais rodovias em tráfego, a distribuição se faz da seguinte maneira:

Jurisdição federal - 6%
Jurisdição estadual - 10%
Jurisdição municipal - 84%

Sendo que 90% ainda se encontram não pavimentadas.

Quanto à distribuição pelo território, a Região Sudeste é a que possui a maior extensão, com 30% do total,
demonstrando mais uma vez os desequilíbrios regionais.

Acompanhando o aumento na extensão das rodovias, a frota nacional de veículos também vem crescendo
rapidamente, atendida quase que totalmente pela produção brasileira.

Os veículos de passeio representam 70% da frota nacional, enquanto os de transporte coletivo representam pouco
mais de 1%.

As rodovias federais estão divididas em 5 tipos, a partir de 1967.

Rodovias radiais ................ (de BR-1 a BR-100)


Rodovias longitudinais ........... (de BR-101 a BR-200)
Rodovias transversais ............ (de BR-201 a BR-300)
Rodovias diagonais ............... (de BR-301 a BR-400)
Rodovias de ligação .......... (de BR-401 em diante)

As Rodovias Radiais saem todas de Brasília. A sua numeração é contada a partir do sentido Norte, aumentando
no sentido horário.
As Rodovias Longitudinais são traçadas no sentido dos meridianos, isto é, cruzam o país na direção nortesul. A
sua numeração aumenta de leste para oeste, como os meridianos.
As Rodovias Transversais cruzam o Brasil na direção leste-oeste. A sua numeração aumenta de norte para sul.
As Rodovias de Ligação são aquelas que unem duas rodovias entre si. São numeradas de BR-401 a BR-500,
como, por exemplo, a BR-401, que vai de Boa Vista (RR) até a fronteira com a Guiana, como uma extensão de
140 km.

Conformc se percebe no mapa, as rodovias prestam-se à integração nacional, lado a lado, com as torres metálicas
de Embratel - Empresa Brasileira de Telecomunicações, que interligam, cada vez mais, os pontos mais distantes
do país com telefone e televisão.

Observação

Em 1982, o DNER deu início à execução do Agrovias (Programa Nacional de Rodovias Alimentadoras). Esse
programa destina-se a permitir a construção de rodovias integrantes das redes: Federal, Estadual e Municipal, que
tenham como função básíca assegurar o transporte e o escoamento de carga do meio rural para pólos urbanos ou
para vias de transportes de longa distância.

Rodovia inaugurada em maio de 1982, ligando, inicialmente, SP a Guararema, passou a se chamar Rodovia
Ayrton Senna. Além de acabar com o congestionamento da Via Dutra, próximo à Metrópole Paulista, possibilitou o
rápido escoamento da produção agrícola de toda a região do Vale do Paraíba, facilitando ainda o acesso ao litoral
norte e ao Aeroporto Internacional de Guarulhos.

Navegação fluvial e marítima

Navegação fluvial

Os rios tiveram um papel importante na ocupação do território brasileiro. Através do Tietê, Amazonas e São
Francisco, efetuou-se a ocupação de vastas porções do território. Atualmente é o sistema de menor participação
no transporte de mercadorias. A navegação fluvial vê-se prejudicada pelo fato de a maior parte dos rios serem de
planalto e os rios de planície situarem-se afastados das áreas mais desenvolvidas.

Os rios de planalto não impedem definitivamente a navegação, porém sua navegabilidade depende da construção
de canais laterais, comportas (eclusas). É o caso da eclusa da Barra Bonita no Tietê, de Jupiá no Paraná, além de
outras projetadas.

Navagação marítima

Pela posição que o Brasil ocupa no Oceano Atlântico, com um perímetro costeiro de 7.400 km e possuindo a
economia voltada para o litoral, era de se esperar que a nossa Marinha Mercante fosse muito desenvolvida. Po-
rém, isso não acontece. Possuímos 376 embarcações, com mais de 100 toneladas, que deslocam 144.000
toneladas.

Essa Marinha Mercante precária constitui-se num dos pontos de estrangulamento da nossa economia. Vários são
os problemas que dificultam o desenvolvimento da Marinha, entre os quais:

 embarcações velhas (em média 44 anos de uso);


 deficiência das instalações portuárias;
 problemas tarifários;
 desorganização administrativa.

O setor de transporte marítimo conta com dois importantes órgãos:

 a Sunamam - Superintendência Nacional da Marinha Mercante, que tem como objetivo reorganizar o setor;
 o Geicon - Grupo Executivo da Indústria da Construção Naval, que cuida do Planejamento, da execução e
renovação das embarcações.

Em parte, os problemas estão sendo resolvidos pelo Fundo Portuário Nacional.

A ampliação de estaleiros, por meio da política da Sunamam deverá solucionar grande parte dos problemas
referentes às embarcações, esperando-se, num futuro próximo, a renovação quase total da frota.

A navegação é feita sob duas modalidades:

 Navegação de longo curso ou internacional


 No Brasil, a navegação de longo curso estava sendo feita pelo Lloyd Brasileiro com cerca de 84
embarcações e pela Fronape (Frota Nacional de Petroleiros) que possui 80 embarcações.
 Atualmente a navegação vive um momento de crise, sendo que a necessidade nacional de navegação é
suprida por navios estrangeiros fretados, o que representa importante saída de divisas dos cofres públicos.
 Quanto à Fronape, todo o petróleo bruto e os derivados importados são, praticamente, transportados por
esta companhia.
 As principais empresas de navegação de longo curso no Brasil são:
 Fronape - petróleo e minério de ferro.
 Lloyd Brasileiro - máquinas e produtos agrícolas.
 Docenave - Vale do Rio Doce Navegação S/A - minérios.

Navegação de cabotagem

É a navegação que liga os diversos portos brasileiros entre si. Podendo ser feita somente por navios nacionais,
segundo dispositivos constitucionais. Porém, devido às deficiências da nossa Marinha Mercante, mais de 50% de
tonelagem é transportada por embarcações estrangeiras.

Entre as principais companhias que exploram esse tipo de navegação, temos:

 Lloyd - Cia. Costeira de Navegação.


 Aliança - Cia. Baiana de Navegação.
 Cia. Paulista de Navegação.

Portos

Em grande parte, como já dissemos, as deficiências apresentadas pela nossa Marinha Mercante devem-se às
instalações portuárias que são precárias. Dentre os diversos portos marítimos e fluviais, dois podem ser considera-
dos de primeira categoria: Santos e Rio de Janeiro.

Os maiores portos em carga (tonelagem).

Ao lado dos portos de múltiplas funções, em virtude de serem escoados produtos variados, existem os portos
especializados:

 Santana (Macapá, AP) - manganês.


 Areia Branca (RN) - sal marinho.
 Malhado (Ilhéus, BA) - cacau.
 Tubarão e Vitória (ES) - ferro de MG.
 Sepetiba (RJ) - minério de ferro.
 Itajaí (SC) - pescado.
 S. Sebastião (SP) - petróleo.
 S. Francisco do Sul (SC) - madeira.
 Maceió (AL) - açúcar e petróleo.
 S. Luís-Itaqui (MA) - ferro de Carajás (PA).

O complexo portuário-industrial de Sepetiba (RJ), inaugurado em maio de 1982, receberá, inicialmente, carvão
metalúrgico e energético, destinados ao parque siderúrgico da Região Sudeste.

Deverá estar capacitado também para a futura movimentação de minério de ferro, destinado à exportação,
designando o movimento desses produtos no ponto do Rio de Janeiro.

Sepetiba estará destinado à movimentação de granéis e insumos básicos industriais, enquanto o porto do Rio de
Janeiro restringir-se-à ao manuseio de cargas mais nobres.

O porto de Sepetiba articular-se-à com a Ferrovia do Aço, através da malha ferroviária existente, passando por
Japeri e Volta Redonda, o que tornará possível o escoamento do minério de ferro de MG. E, através de Itutinga,
fará a conexão com a malha ferroviária do Centro-Oeste, permitindo a futura exportação, por Sepetiba, da
produção agrícola do cerrado (GO, MG).

Corredor de exportação
Foi estabelecido, por intermédio do Ministério dos Transportes, o programa de corredores de exportação que,
melhorando a infra-estrutura viária, desde áreas de produção até certos portos selecionados, visam à redução dos
custos dos transportes de bens destinados à exportação .

Corredor de exportação do Rio Grande

Esse corredor destina-se a estimular as exportações de sua área de influência, compostos predominantemente de
produrtos manufaturados, como calçados e artigos de couro.

Corredor de exportação de Paranaguá

Podem, se relacionar como principais produtos de exportação nesse corredor, o café, o algodão, a soja, o milho, e,
potencialmente, o sorgo, a carne, a madeira. As rodovias componentes desse corredor formam um feixe
convergente na cidade de Curitiba, de onde parte a estrada de acesso ao porto de Paranaguá.

Corredor de exportação de Santos

A área de influência do Porto de Santos compreende todo o Estado de São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul e
Minas Gerais.

Entre os produtos primários de exportação, pelo volume, destacam-se: café, milho, algodão e carne.

Também muito variada é a pauta de exportação de produtos manufaturados.

Corredor de exportação de Vitória-Tubarão

A área de influência desse corredor é formada pelos Estados do Espírito Santo, de Minas Gerais e do Rio de
Janeiro.

Esse corredor contempla o Quadrilátero Ferrífero, bem como as áreas com potenciais para a exportação de
madeira, carne, cereais, além de outros produtos manufaturados.

Transporte aéreo

Desde a década de 20, foi grande o desenvolvimento do transporte aéreo brasileiro, devido à grande extensão do
Brasil e da fundação da Varig (Viação Aérea Riograndense), em 1927.

Atualmente, o Brasil está entre os grandes países nesse ramo, sendo várias as empresas nacionais e inter-
nacionais que exploram o transporte aéreo.

Entre os fatores que permitem o desenvolvimento da aviação comercial, temos:

 grande extensão territorial;


 condições climáticas favoráveis;
 relevo de baixa altitude e aplainado;
 ausência de outros tipos de transportes capazes de ligar as diferentes áreas do país.

Atualmente as principais empresas são: Varig, a Vasp, a Transbrasil, TAM.

Surgem no país várias empresas de táxis-aéreos. Em 1969, foi criada a Embraer (Empresa Brasileira de
Aeronáutica), com sede em São José dos Campos (SP). Nesta área funcionam, como um conjunto, o CTA (Centro
Técnico Aero-espacial), o ITA (Instituto Técnico de Aeronáutica), o IPD (Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento)
e o IAA (Instituto de Atividades Aeroespaciais).
Com a finalidade de implantar, administrar e explorar a infra-estrutura aeroportuária do Brasil, foi criada, em 1972,
a Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária).
Atualmente, estão sendo produzidos no Brasil vários tipos de aviões.

A frota nacional é composta por mais de 120 unidades de grande porte (Boeing, MD-11, Fokker, DC-9, Airbus).

Principais aeroportos do Brasil:

Congonhas........................ São Paulo (SP)


Viracopos .......................... Campinas (SP)
Galeão ............................... Rio de Janeiro (RJ)
Santos Dummont ............... Rio de Janeiro (RJ)
Dois de Julho .................... Salvador (BA)
Brasília .............................. Distrito Federal (DF)
Pampulha ........................... Belo Horizonte (MG)
Guararapes ........................ Recife (PE)
Salgado Filho .................... Porto Alegre (RS)
Afonso Pena ..................... Curitiba (PR)
Eduardo Gomes ................. Manaus (AM)
Val-de-Cãs ......................... Belém (PR)
Pinto Martins .................... Fortaleza (CE)
Tirirical .............................. São Luís (MA)
Cumbica ............................ Guarulhos (SP)

ASPECTOS GEOGRÁFICOS DO CEARÁ

O Ceará integra a Região Nordeste do Brasil, uma das cinco grandes regiões geográficas definidas pelo IBGE
juntamente com as regiões Norte, Sudeste, Sul e Centro-Oeste.. Esta classificação é bastante utilizada como
base estatística e para fins estatísticos, didáticos e de planejamento

O Estado do Ceará está localizado entre os paralelos de 2° 46‟ e 7° 52‟de latitude Sul e os meridianos de 37°14‟e
41°24‟de longitude Oeste. Essa posição geográfica insere todo o seu território na Zona Intertropical, com
temperaturas elevadas, chuvas irregulares secas periódicas e forte insolação durante a maior parte do ano.

A Região Nordeste ocupa 18,28 % do território nacional, é formada por nove Estados, todos banhados pelo
Oceano Atlântico e foi a primeira área de ocupação européia do Brasil e durante três séculos, foi a região mais
populosa e rica do Brasil. Em 2000, de acordo com o último Censo Demográfico do IBGE, apresentava 47.741.711
habitantes, o que correspondia a 28, 12 % da população brasileira

GEOLOGIA

Na estrutura geológica cearense encontramos a predominância de rochas cristalinas como gnaisses migmatitos
granitos, anfibólios xistos filitos e quartzitos, sendo as bordas do Estado de formação sedimentar.

1 - Coberturas sedimentares Paleozóicas – Formação Serra Grande, Grupo Jaibaras onde são encontradas as
grandes reservas de calcário que abastecem a fabrica de cimento Poti, localizada em Sobral.
2 - Coberturas sedimentares Mesozóicas – Bacia de Araripe e Bacia de Icó-Iguatu
3 -·Coberturas sedimentares Cenozóicas – praias, dunas (acumulações eólicas) manguezais (planícies
fluviomarinhas) e aluviões (planícies fluviais )

As principais jazidas e depósitos minerais do Estado são:

1. Importantes depósito de manganês nos municípios de Aracoiaba e Pacajus.


2. Jazida de calcário de Gonçalves Alves: localizadas nos municípios de Freixeirinha, Coreaú e Sobral nas
localidades denominadas Pedra do Fogo e Curral de Pedras.
3. Província pegmática de Solonópoles: Berilo, Cassiterita, Muscovita, Espodomênio, Ametista, etc.
3. Depósito de magnesita da Região Centro/Sul: área José de Alencar - Iguatu
4. Depósito de barita da fazenda Canaã: Parambu.
5 Jazida de calcário de Gonçalves Alves: localizadas nos municípios de Freixeirinha, Coreaú e Sobral nas
localidades denominadas Pedra do Fogo e Curral de Pedras.
6. Depósito de diatomitos distribuídos na faixa costeira em depósitos de fundo de lagoas e cursos d´água,
associados a lentes de argila sendo utilizada na industria de abrasivos e filtros .
7. Jazida de cobre de pedra-verde: localizada no distrito de Tubarão em Viçosa do Ceará
8. Jazida de urânio de Itataia: localizada na Serra do machado, no município de Santa Quitéria

RELEVO

O relevo do Estado do Ceará apresenta características determinadas principalmente por fatores geológicos,
estruturais e climáticos onde podemos destacar as bacias sedimentares e escudo cristalino
As unidades morfo-estruturais representam setores de macro-estruturas definidas a nível dos escudos e das
bacias sedimentares.

Os fatores estruturais têm relação direta com as macro-estruturas como escudos e de bacias sedimentares. As
diferenciações petrográficas, a evolução paleogeográficas, bem como as diversificações locais de clima e de
vegetação, diferenciam a evolução morfogenética. Sob esse ponto de vista é possível a identificação das
seguintes

UNIDADES MORFOLÓGICAS DO CEARA:

1. Os maciços residuais – estruturas cristalinas pré-cambrianas


2. As depressões sertanejas - estruturas cristalinas pré-cambrianas
3. As planícies litorâneas – estruturas sedimentares quaternárias
4. Os glacis pré-litorâneos - estruturas sedimentares terciárias
5. Os planaltos sedimentares - estruturas sedimentares antigos

Maciços Residuais

São elevações também denominadas de serras encontradas na Depressão Sertaneja, onde podemos destaca: O
Maciço de Baturité, Maciço da Meruoca-Rosario, Serra de Pereiro, Serra do Estevão, Serradas Matas, Serra do
Machado, Pedra Branca, entre outras.

As planícies litorâneas.

Nas planícies costeiras, além dos ecossistemas manguezais, há diversas áreas que se destacam pela riqueza
paisagística de suas praias e dunas compostas por sedimentos argilosos, argilo-arenosos ricos em matéria
orgânicos. Nestas planícies formam-se os manguezais que funcionam como habitat de inúmeros animais
aquáticos e terrestre como peixes, moluscos, crustáceos aves e outros animais de pequeno porte.

A planície litorânea com o cordão de dunas só chega a ter continuidade interrompida pela presença de planícies
fluviais e flúvio-marinhos, ou ainda pela penetração até o mar dos sedimentos mais antigos pertencentes ao grupo
barreiras.

Os glacis pré-litorâneos

Superfície com caimento topográfico sua e para a linha de costa desenvolvida em sedimentos recentes em
interflúvios tabulares. O topo dos glacis pré-litorâneos apresenta neosolos quartzânicos e Argissolos vermelho-
amarelados espessos, revestidos por vegetação de tabuleiro, caatinga litorânea e cerrados.
Os planaltos sedimentares

Destacam-se como unidades mais representativas: a Ibiapaba, o Araripe e a Chapada do Apodi.

O Planalto da Ibiapaba: apresenta fisionomia em forma de cuesta e corresponde a um das mais importantes
compartimentos do relevo do território cearense.

De leste para oeste, a morfologia é caracterizada por uma sucessão de vales e de interflúvios tabulares onde as
diferenciações edáficas trazem mudanças nos tipos de ocupação agrícola. Dada a adoção de técnicas agrícolas
rudimentares, há uma tendência generalizada para a degração dos recursos naturais renováveis, com a
diminuição progressiva da produtividade agrícola.

A Chapada do Araripe:

É um planalto sedimentar pertencente à Bacia do Araripe que teve origem no Período Cetáceo. Situado na parte
sul do Estado Ceará fronteira com Pernambuco. Das encostas voltadas para o Vale do Cariri. Jorram muitas
nascentes que condicionam o escoamento subperene de diversos cursos d´água drenam a região caririense.

A Chapada do Apodi:

Superfície baixa, com níveis altimétricas inferiores a 100 metros em rochas da bacia mesozóica potiguar capeada
por calcários (Formação Jandira ) sobrepostos aos arenitos da Formação Exu.Apresenta clima semi-árido devido á
baixa altitude que dificulta a formação de barlavento e por ser uma estrutura sedimentar apresenta poucos
recursos hídricos superficiais
.
Maciços Residuais

Áreas serranas dispersas pela depressão sertaneja, localizadas próximas ao litoral, com níveis altimétricos entre
600-900 m; relevos fortemente dissecada em colinas, cristas e lombas alongadas em rochas do embasamento
cristalino; rede fluvial densa de padrão dendritico e, eventualmente, dendritico-retangular, entalhando vales
profundos em forma de V; nos relevos colinosos e nas lombas predominam Argissolos vermelho-amarelos que
têm fertilidade natural média à alta; nas vertentes mais íngremes e nas cristas ocorrem solos rasos (Litólicos) e
afloramentos rochosos; nas áreas de suavização do relevo há desenvolvimento de planícies alveolares que têm
solos aluviais associados a materiais coluviais oriundos das vertentes limítrofes; revestimento vegetal com
remanescentes de matas pluvionebulares; uso agrícola com lavouras variadas prevalecendo a cafeicultura
bananicultura, horticultura e orelicultura.

As depressões sertanejas

Correspondem a amplas superfícies de aplainamento que foram elaboradas sob condições climáticas semi-áridas.
Nessas condições, produziu-se um trabalho erosivo intenso, rebaixando o relevo, principalmente nas áreas de
rochas menos resistentes. Tais ações se manifestam inicialmente pelo intemperismo físico predominante, que age
desagregando as rochas mais superficiais durante a estação seca prolongada. Quando isso ocorre, os detritos das
rochas são em seguida transportados pelo escoamento superficial, para as partes mais baixas, a exemplo das
enxurradas de curta duração. Desses processos surgem os pedimentos que em conjunto constituem o chamado
pediplano sertanejo.

A quase totalidade dessa unidade geomorfológica desenvolve-se em terrenos cristalinos, fazendo exceção apenas
pela inclusão de algumas pequenas bacias sedimentares como as de Jaibaras e Iguatu -Icó.

O processo evolutivo dos pediplanos está intimamente ligado às características climáticas e de vegetação das
depressões sertanejas semi-áridas.

As planícies fluviais ocupam extensões bastante restrita sendo os solos aluviais, hidromórficos e halomórfico os
dominantes, sendo quase sempre recobertos pela mata galeria dos carnaubais.

As depressões sertanejas se colocam como vastas superfícies de aplanamento, onde o trabalho erosivo truncou
indistintamente estas rochas. Surgem assim os “inselbergs” ou campos de “inselbergs” dos quais os de Quixadá e
Irauçuba são mais representativos.

CLIMAS
Os condições climas do Ceará estão influenciados por diferentes sistemas de circulação atmosférica, que
associados aos fatores geográficos, tornam sua climatologia bastante complexa

A circulação atmosférica encontra-se regida pelos deslocamentos das massas de ar, destacando-se no Estado, a
Massa Equatorial Atlântica (mEa) e a Massa Equatorial Continental (mEc). São também de representativa
influência as penetrações das massas frias provenientes do Sul, bem como a penetração da convergência
intertropical (CIT). Destaque-se tambem a influência dos ventos alísios de NE (quentes e úmidos) e os SE
(quentes e secos), provocando nas áreas de convergências as descontinuidades climáticas com grandes
variações no Estado.

Tipos de Climas

Conforme mostra o MAPA do Estado do Ceará apresenta 5 tipos climáticos distintos, caracterizados por condições
de temperatura e pluviosidade bastante particulares.

Clima Tropical sub-quente úmido - Ocorre nas regiões onde os índices pluviométricos são superiores a 1350
mm anuais e a temperatura média é inferior a 22°C. Este tipo climático abrange alguns municípios localizados na
Serra de Baturité e no Planalto da Ibiapaba.

Clima Tropical quente e úmido – Localiza-se nas áreas serranas, onde os índices pluviométricos são superiores
a 1350 mm anuais e a temperatura média é maior que 22°C. Este tipo climático predomina nas Serras de
Uruburetama, Meruoca, Baturité, Ibiapaba, além de serras menores, tais como a de Maranguape e Pacatuba.

Clima Tropical quente sub-úmido -Ocorre no reverso da Ibiapaba, na Chapada do Araripe, nas Serras do
Pereiro, Uruburetama, Meruoca e em grande parte do litoral, incluindo a capital do Estado. Os índices
pluviométricos variam em tomo de 1000 e 1350 mm anuais e as temperaturas médias são superiores a 24°C.

Clima Tropical semi-árido brando - Tem sua área. de abrangência em parte da zona litorânea e sublitorâneos e
nas áreas mais rebaixadas ou estornos de serra. Nestes locais os índices pluviométricos variam entre 850 mm e
1000 mm anuais com medias térmicas superiores a 24º C, atingindo com freqüência valores maiores que 26ºC.
Os ventos alísios e as brisas marítimas e terrestres contribuem para amenizar a temperatura nas áreas litorâneas.

Clima Tropical Semi-árido – Ocupa grande parte do interior do Estado, onde a quantidade de chuva é menor que
850 mm anuais e a temperatura média é maior que 226ºC. Nas áreas de ocorrência deste tipo climático, as secas
são severas, deixando os açudes sem água, causando muitos prejuízos às atividades agrárias, gerando uma
situação critica aos municípios atingidos, comprometendo a sobrevivência dos trabalhadores rurais que vivem do
cultivo da terra e da criação de animais

Distribuição das precipitações

As chuvas mais abundantes e melhor distribuídas, verificam-se no litoral e nas serras mais altas, enquanto que a
maior irregularidade e escassez verifica-se Depressão Sertaneja.

A medida que se penetra para o interior do Estado, as precipitações declinam, excetuando-se algumas manchas
de isoietas mais elevadas, decorrentes naturalmente, de fatores locais: influências orográficas, como é o caso da
região do Cariri e Serra do Pereiro.

Dentre os municípios mais chuvosos destacam-se: São Benedito com 2062mm; Ibiapina com 1774,6mm; Aratuba
com 1727,9mm e Ubajara com 1441,1 mm.

A maior escassez de chuvas ocorre nos municípios são: Parambu com 532,6mm; Independência com 550,5mm;
Campos Sales com 583,1 mm; Aiuaba com 598,8mm; Tauá com 595,0mm, localizados na porção oeste do Estado
e Irauçuba com 518,4mm anuais, situados no sertão centro-norte.
VEGETAÇÃO

A Caatinga: Retratando as condições edafoclimáticas, o Estado do Ceará apresenta como formação vegetal
predominante no sertão semi-árido de solo raso e impermeável, a caatinga, que tem como característica o fato de
ser xerófila e caducifólia, revestindo os aplainamentos sertanejos, os serrotes, as serras secas e as vertentes
ocidentais das serras úmidas.
A formação cactácea (mandacaru, faxeiro, xiquexique ), a jurema, a sabiá, o marmeleiro e o pereiro, são exemplos
típicos da formação das caatingas.

As matas úmidas: (floresta subperenifólia tropical) localiza-se sobre os setores mais elevados das serras
cristalinas e nas vertentes superiores, no Norte do planalto da Ibiapaba e da Chapada do Araripe. As espécies
mais comuns são: jatobá, maçaranduba, murici etc. Já as matas secas (floresta subcadicifólia tropical pluvial)
ocupam os níveis inferiores dos relevos cristalinos e portanto a retaguarda da floresta antes citada. As espécies
encontradas são: angico-vermelho, gonçalo-alves, aroeira, mulungu, sipauba, catolé etc.

Nas planícies aluviais, aliadas às altas temperaturas encontra-se as matas de carnaubais onde são comuns nos
alto e médio curso dos rios Jaguaribe e Acaraú.

Outras formações vegetais comuns no Ceará são:

Mata Ciliar: As espécies vegetais que compõem a mata ciliar localizam-se nas planícies fluviais dos baixos cursos
dos rios mais importantes do Estado, tais como o Jaguaribe, o Acaraú, o Coreaú, o Curu, o Pirangi, o Aracatimirim
e o Aracatiaçu, além dos rios menores. As espécies vegetais da mata ciliar são adaptadas aos solos salinos de
várzeas e dentre estas se destaca a carnaúba, aproveitada para o extrativismo da cera e da palha, além da
madeira.

A mata seca: encontra-se nas áreas de altitudes mais baixas, à retaguarda da mata úmida, onde a pluviosidade
apresenta índices menores, a temperatura é mais elevada e a umidade do ar mais baixa. Os solos apresentam-se
mais rasos, com maior quantidade de fragmentos de rocha. Esta mata aparece nas serras de Baturité, Meruoca,
Uruburetama, na Chapada do Araripe e no Planalto da Ibiapaba. Ocorrem também nas serras do Pereiro, das
Matas e do Machado.

Carrasco: encontra-se sobre o reverso do Planalto da Ibiapaba e sul da Chapada do Araripe. É uma formação
xerófila encontrada nas proximidades dos municípios de Viçosa e São Benedito.

Mangues: formação vegetal encontrado em planícies flúvio-marinhos de solos halófilos. Restrito as regiões
tropicais, o manguezal revela um profundo poder de adaptação às duras condições, essencialmente adversas, nas
quais tem se estabelecido. Além da importância econômica pelo teor em tanino existente nas plantas de mangue,
o ambiente favorece a alta proliferação de crustáceos.

Cerradão: encontra-se sobre a Chapada do Araripe, no nível de 800 a 900 metros. Entre as espécies vegetais
encontram-se o piqui, o visqueiro, o angelin, o murici etc.

Cerrado: encontra-se em manchas esparsas "ilhadas" pela caatinga e em trechos do tabuleiro litorâneo. A
ocorrência no interior cearense localizam-se nos municípios de Lavras da Mangabeira, Aurora, Granjeiro, Várzea
Alegre, Farias Brito, Cedro e Jucás.

HIDROGRAFIA

O regime hidrológico dos cursos d'água no Estado é condidonado, é principalmente afetado, dentre outros fatores,
pela má regularidade das chuvas e pelas condições geológicas das áreas onde se situam as diversas bacias
hidrográficas.
Os curso naturais são de regime sazonal (intermitente) sendo que os rios Jaguaribe, Acaraú e o Curu são
perenizados pelos açudes Castanhão, Orós, Araras e Pentecostes, respectivamente.

A rede hidrográfica é aqui considerada, através das seguintes bacias:

1. Bacia do Jaguaribe
2. Bacia do Acaraú
3. Bacia do Curu
4. Sub bacia do Poti
5. Bacia dos rios litorâneos: - Bacia do Pacoti, Choro, Pirangi - Cocó - Bacia do Aracatiaçu - Bacia do Coreaú -
Bacia do Ceará - Bacia do S. Gonçalo.

Bacia do Jaguaribe

Com uma extensão de 860 km aproximadamente, o rio Jaguaribe é o maior rio do Estado, tem sua nascente na
Serra do Calogi - Joaninha. Os seus tributários principais da margem esquerda, são os rios Truçu, Banabuiú e
Palhano, enquanto na margem direita são os rios dos Bastiões e Salgados. Está limitado ao sul pela chapada do
Araripe e pelo Apodi e serra dos Bastiões a nordeste, enquanto a serra do Padre e do Braga limitam a Sudeste.

O aproveitamento dos recursos hídricos é principalmente realizado, através do barramento dos seus principais
cursos d'água, podendo ser citados como principais obras os açudes Castanhão (Alto Santo) Orós (Orós),
Banabuiú (Quixadá) e Cedro (Quixadá).

Bacia do Acaraú

A bacia do Acaraú ocupa uma área de aproximadamente 14.000 km² que perfaz cerca de 10% da área do Estado,
sendo mais ampla no seu alto curso e estreitando-se próximo a costa. Apresenta um padrão de drenagem
predominantemente angular, são evidentes as feições estruturais tipo riacho fenda.

O seu principal rio, o Acaraú, tem sua origem na serra das Matas, em altitudes maiores que 500 m, seguindo ao
Norte para Sul próximo a sua nascente, tomando a seguir os sentidos Oeste, Noroeste e Norte até a costa. Tem
como principais afluentes, o riacho dos Macacos e rio Groaíras.

Os principais açudes desta bacia são: Araras (Reriutaba) Ayres de Souza (Sobral).

Bacia de Coreaú

Drena uma área de 10.500 Km² e engloba além dela própria, algumas pequenas bacias que deságuam
diretamente no Oceano, dentre as quais destacam-se a dos rios Timonha, Remédio, Pesqueira e a do Riacho
Parazinho.

O Coreaú, rio mais importante da j bacia, tem suas nascentes localizadas no Planalto da Ibiapaba.

Vários são os açudes construídos na bacia, destacando-se o Itauna, o Gangorra e o Angicos. Grande parcela da
demanda da água da região, voltada principalmente para o abastecimento humano, é atendida por lagoas, sendo
as principais: a Grande, a da Moréia, a do Boqueirão e a da Jijoca.

Bacia do Curu

Com 250 km de extensão o rio Curu tem como principais afluentes os rios Canindé, Capitão-Mor e o rio Caxitoré.

Está limitado ao Sul pela Serra do Machado, à Sudeste pela Serra das Matas, à Oeste pelo Maciço de
Uruburetama, enquanto a faixa Leste está limitada pelo maciço de Baturité.
Seus principais açudes são: Caxitoré (Pentecostes), General Sampaio (Gen.Sampaio), Pereira de Miranda
(Pentecostes).

Bacia Hidrográfica do Rio Parnaíba

A bacia do rio Parnaíba ocupa áreas dos estados do Ceará e Piauí. A parte drenada em território cearense
corresponde a 16.901 Km² , sendo formada pelas bacias dos rios Poti e Macambira, incluindo o conjunto de
subbacias pertencentes aos rios Longá e Pirangi. É a única unidade hidrográfica não contida integralmente no
Estado do Ceará. Dos vários açudes construídos em território cearense, 70% do potencial armazenado
encontram-se em açudes de grande porte, destacando-se o Jaburu I o Jaburu II e o Barra Velha.

O rio Poti tem sua origem no Estado do Ceará, pelas confluências dos riachos Correntes e do Meio, segue para o
Estado do Piauí, onde deságua no rio Parnaíba. A Sub Bacia do Poti apresenta apenas um reservatório
importante, o açude Realejo, localizado no município de Crateús.

Bacia Metropolitana

A bacia Metropolitana agrupa um conjunto de 16 bacias independentes que drenam uma área de 15.085 Km²,
sendo elas: São Gonçalo, Jereraú, Cauipe, Juá, Ceará, Maranguape, Cocó, Coaçu, Pacoti, Catu, Caponga Funda,
Caponga Roseira, Malcozinhado, Choró, Uruaú e Pirangi.

Com exceção das bacias formadas pelos rios Chorá, Pirangi, Pacoti e São Gonçalo, as demais bacias
apresentam, de uma maneira geral, pequeno porte, mas são importantes pelo fato de drenarem áreas de elevado
contigente populacional, constituindo-se no principal manancial hídrico para a demanda de água na Região
Metropolitana de Fortaleza.

Na bacia Metropolitana foram construídos muitos açudes destacando-se, ainda, inúmeras lagoas, tais como a de
Messejana, a do Banana, a Precabura, a Sapiranga, entre outras, sendo importantes locais de lazer, de pesca e
de reserva de água para consumo humano. Os açudes mais importantes são o sistema Pacoti-Gavião-Riachão, e
o Acarape do Meio, responsáveis pelo abastecimento de água de Fortaleza, Caucaia e Maracanaú, incluindo o
Distrito Industrial. Além destes, integra esse sistema o açude Pacajus, constituído no rio Choró, que complementa
o abastecimento daqueles locais.

Bacias do Litoral

Sob esta denominação, agrupa-se um conjunto de bacias que drenam no sentido sul-norte, desaguando no
Oceano Atlântico. As principais bacias do litoral são as dos rios Aracatimirim, Aracatiaçu, Mundaú e Trairi.

Destacam-se, nesta bacia, os açudes Mundaú e São Pedro Timbaúba . É considerável o volume de água
acumulado em lagoas que respondem por aproximadamente 30% do abastecimento. As principais são as lagoas
dos Almacegas, dos Mercês, da Sabiaguaba e do Humaitá.

POPULAÇÃO

O Ceará é o terceiro Estado mais populoso do Nordeste, sendo superado apenas pelos estados de Pernambuco e
Bahia, contando no censo de 2000 com uma população de 7.430.661 habitantes.

ESTADOS POPULAÇÃO RESIDENTE


Maranhão 5.651.475 habitantes
Piauí 2.843.278 habitantes
Ceará 7.430.661 habitantes
Rio Grande do Norte 2.776.782 habitantes
Paraíba 3.443.825 habitantes
Pernambuco 7.918.344 habitantes
Alagoas 2.822.621 habitantes
Sergipe 1.784.475 habitantes
Bahia 13.070.250 habitantes
Nordeste 47.741.711 habitantes
Fonte: IBGE. Censo Demográfico, 2000.

De acordo com pesquisas realizada\s pelo IBGE, em 2000, 28,82% dos cearense residem em sua capital,
Fortaleza, uma das três metrópoles nordestinas e a maior cidade brasileira, com 2.141.402 habitantes.

POPULAÇÃO DA REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA

Fortaleza 2.141.402 habitantes


Caucaia 250.479 habitantes
Aquiraz 60469 habitantes
Maranguape 88.135 habitantes
Pacatuba 51.696 habitantes
Maracanaú 179.732 habitantes
Gaíuba 19.994 habitantes
Eusébio 31.500 habitantes
Itaitinga 29.217 habitantes
São Gonçalo do Amarante 35.608 habitantes
Horizonte 33.790 habitantes
Pacajus 44.700 habitantes
Chorozinho 18.707 habitantes
Total 2.985.319 habitantes

Fonte : IBGE. Censo demográfico, 2000

Mesmo sendo o Estado do Ceará bastante populoso, verdadeiros vazios demográficos podem ser verificados em
maior do seu território. Esta irregular distribuição decorre principalmente de condições naturais desfavoráveis,
condições econômicas e sociais precárias, decorrentes de políticas públicas ineficazes.

POP-ULAÇÃO DAS MESORREGIOES CEARENSES - 2000

DISCRIMINAÇÃO POPULAÇÃO %NO TOTAL DO ESTADO


RESIDENTE
Ceará 7.433.661 100,00
Noroeste Cearense 1.178.307 15,85
Norte Cearense 876.403 11,79
Metropol.de Fortaleza 2.095.319 40,16
Sertões Cearenses 814.125 10,95
Jaguaribe 484.830 6,52
Sul Cearense 357.360 4,80
Sul Cearense 789.262 10,62
Fonte : IBGE. Censo demográfico, 2000

Nos últimos 30 anos verifica-se uma redução da participação da população cearense na população brasileira,m
em decorrência da queda da taxa de fecundidade no período fértil (15 a 49 anos). Embora a taxa de crescimento
populacional do Ceará tenha decrescido um pouco, ela ainda permanece elevada em relação aos demais estados
nordestinos.
ESTADOS TAXA DE
1960/70 CRESCIMENTO 1970/80 1981/90 1991/00
Maranhão 1,84 2,93 1,98 1,53
Piauí 3.07 2,44 1,73 1,08
Ceará 2,84 1,95 1,70 1.73
R.G. do Norte 3,07 2,05 2,22 1,56
Paraíba 1,76 1,52 1,32 0,82
Pernambuco 2,34 1,76 1,36 1,17
Alagoas 2,36 2,24 2,18 1,29
Sergipe 1,82 2,38 2,478 2,01
Bahia 2,38 2,35 2,08 1,08
Fonte : IBGE. Censo demográfico,1970, 1980, 1991 E 2000

O Estado do Ceará vem apresentando uma acentuada queda nas taxas de fecundidade, natalidade e mortalidade
infantil, bem como uma elevação na esperança de vida ao nascer

DINÂMICA POPULACIONAL DO CEARÁ - 1970 a 2001

Taxa de Taxa de Taxa de Esperança de


Ano Fecundidade Natalidade Mortalidade Vida ao nascer
(Filhos por (Por 1000 habitantes) infantil (anos)
mulher) (por 1000
nascidos )
1970 7,50 51,80 156,50 43,10
1980 6,60 - 140,10 46,90
1991 3,50 20,70 65,00 54,00
2001 2,80 27,10 25.00 66.70
Fonte : IBGE. Censo demográfico, 2000 SINTESE DOS INDICADORES SOCIAIS

Ao longo dos anos, é constatado que, embora a base da pirâmide ainda permaneça larga, ela vem diminuindo
gradativamente, em decorrência da redução da taxa de natalidade, face ao planejamento familiar. Constata-se,
ainda, no novo perfil da população cearense, alargamento da parte intermediária é do topo da pirâmide,
ocasionado pelo crescimento da população adulta e idosa. A tendência é ocorrer, com o passar dos anos, o
envelhecimento da população, em razão da fracas reposição dos nascimentos. A população cearense começa a
ingressar na chamada transição demográfica, com diminuição da natalidade e da mortalidade e aumento gradual
da expectativa de vida.

Três fatos se destacam no período 1970/ 2000: a acentuada queda da população jovem, passando de 56,40 %
para 44,64 %; o aumento da população adulta, passando de 38,20 % para 46,21 %; o crescimento da população
idosa, o qual passa de 5,40 % para 8,85 %.

URBANIZAÇÃO

O crescimento da população urbana é muito maior do que o crescimento da população rural. Ele significa,
também, mudanças no modo de ser e de viver das pessoas, e implica no aumento de demandas sociais ligadas ao
trabalho, à habitação, à educação, à saúde, à cultura e ao lazer.

No Ceará, tem ocorrido aumento contínuo e intenso da população urbana e, em decorrência, diminuição da
população rural.

O processo de urbanização vem ocorrendo por todo o território nacional, de tal modo que, desde 1970, a maior
parte da população brasileira já vivia em cidades. No Ceará, este processo se dá mais tardiamente, pois, conforme
foi constatado, só em 1980 a população urbana ultrapassa a população rural.

De acordo o Censo Demográfico do IBGE de 2000, a população urbana é de 71,53% enquanto a população rural
caiu para 28.47%
ECONOMIA CEARENSE

A economia cearense apresenta setores voltados para atividades tradicionais e outros modernos com modernas
tecnologias, abrangendo desde a exploração dos recursos naturais aos diferentes tipos de beneficiamentos, a
comercialização, a transformação industrial e a multiplicidade de serviços capazes de atender às várias demandas
da população do estado.

AGRICULTURA

O Estado do Ceará possui uma área de aproximadamente 14,8 milhões de hectares. De acordo com o censo do
IBGE de 1995-1996 o número de estabelecimentos rurais do Ceará é de 339.602, que ocupam uma área de
8.963.842 hectares. Segundo revela este censo, nos dois primeiros estratos de área, os estabelecimentos O a
menos de 10 e 10 a menos de 100 hectares, estão 245.312 e 76.199 estabelecimentos rurais, respectivamente, ou
seja, estes são os detentores do maior número de estabelecimentos, correspondendo a 72,3% e 22,5% e que
somados equivalem a 321.511 estabelecimentos rurais do Ceará

A agricultura cearense apresenta-se, de uma maneira geral, em forma de culturas combinadas, estabelecendo
padrões variados em cada município. Isso constituí-se num fator limitante, pois traz o empirismo dos antigos
hábitos, que interferem diretamente na absorção de novas tecnologias agrícolas. Um outro fator restritivo é a falta
de semente à disposição do agricultor em tempo hábil, acarretando o emprego de sementes de baixo padrão
genético e baixo poder germinativo.

ALGODÃO

O algodão herbáceo, de ciclo curto da lavoura temporária, ainda não alcançou o patamar registrado em 1985. A
partir do final da década de 1980, quando da crise da praga do “bicudo”, o algodão registrou grave baixa na
produção. Atualmente, são grandes as expectativas de que o algodão herbáceo retome seu lugar entre os
principais produtos cearenses. Medidas oficiais estão sendo tomadas de incentivo ao plantio, financiamento e
distribuição de um tipo de semente resistente ao bicudo e à seca. A retomada da produção do algodão traz novas
expectativas para os agricultores e para a indústria têxtil local.

BANANA

O Ceará é um grande produtor de banana. Os dados apresentados indicam aumento nos itens quantidade
produzida, área colhida e rendimento por hectare. Seu cultivo se dá, principalmente, nos perímetros irrigados dos
rios Jaguaribe e Acaraú, nas vertentes íngremes das serras úmidas nas proximidades do litoral, ocasionando
desgaste e esgotamento do solo.
A cultura da banana é explorada em quase todo o Estado, e é considerada hoje, uma opção extremamente
vantajosa para o pequeno agricultor, destacando-se os municípios de Uruburetama, Itapajé, Ibiapina, Caucaia,
Palmácia, Guaramiranga e Maranguape, como os mais importantes produtores.

COQUEIRO

A área plantada com coqueiro no Ceará tem tido aumento significativo no decorrer dos últimos anos. O litoral leste
do Estado tem apresentado as melhores condições para o cultivo do coqueiro. Os municípios de maior produção
no Estado são: Aracati, Caucaia e Fortaleza.

Os coqueiros são habitualmente agrupados em dois tipos: o gigante e o anão. Podendo-se acrescentar um terceiro
tipo, o hídrico, designado de semi-gigante ou médio anão. Além do porte, as diferentes variedades apresentam
características distintas na produtividade, cor externa do fruto imaturo, espessura da casca, cor das folhas,
espessura do mesocarpo etc.

CAJU
A castanha de caju, por muitos anos principal produto da pauta de exportação do Ceará, era obtida através do
método tradicional de coleta, atividade típica do extrativismo. A organização da cultura do caju em extensa faixa do
litoral e tabuleiros pré-litorâneos garante a permanência do Ceará como principal produtor brasileiro. A formação
de plantios planejados dirigidos à agroindústria da castanha de caju, através de incentivos fiscais e financeiros da
SUDENE, inicia-se na década de 1960. Nos últimos anos, ao cessarem os subsídios para o plantio, a produção e
o rendimento começaram a cair. Registra-se o abandono de muitos plantios, elevado índice de mortalidade de
plantas devido ao efeito das secas periódicas, incidência de pragas e doenças e envelhecimento dos plantios da
Região.

A maior concentração da cultura, no Estado, situa-se nas zonas litorâneas e os municípios, maiores produtores,
conforme dados do IBGE (1985) são: Aracati, Itapipoca, Pacajus, Redenção, Aracoiaba e Acaraú.

IRRIGAÇÃO E FRUTICULTURA: AGRICULTURA MODERNA

A afirmação do agronegócio inseriu na pauta política a necessidade de ações específicas voltadas para agestão
das águas, levando-se em conta que o Estado possui considerável capacidade de armazenamento hídrico em
seus açudes, mesmo que essa armazenagem alcance momentos críticos nos longos períodos de estiagem.

O uso racional e uma gestão das águas de maneira mais democrática têm sido uma exigência social. Neste
sentido, vêm-se registrando algumas respostas públicas, privadas e experiências comunitárias onde se observa a
implementação de métodos e técnicas inovadoras no processo de cultivo e comercialização especialmente de
frutas. A irrigação tem mostrado a possibilidade de garantir o aumento da produção e da produtividade, abrindo
novos horizontes e alternativas de uso e ocupação da terra, gestão da água e geração de emprego e renda.
Voltado para a exportação, esse setor moderno busca conquistar novos mercados na comercialização de frutas
frescas, sucos, polpas e, mais recentemente, flores tropicais e temperadas – rosas, gipsófilas, gérberas, antúrios,
crisântemos, bromélias, entre outras, além de cultivo em vazias. O objetivo é inserir no mercado antigos e novos
produtos com maior valor agregado na produção, logo, mais competitivos.

A irrigação é a chave da fruticultura, setor da agricultura caracterizado pela modernização tecnológica, atração e
incorporação de capital. A irrigação tem garantido a obtenção de elevados níveis de produtividade no cultivo de
frutas tropicais de alta qualidade, graças às seguintes condições edafoclimáticas semi-áridas: ~ constância do
calor, alta luminosidade, baixa umidade relativa do ar. O clima semi-árido, associado à irrigação possibilita a
produção de frutas durante a maior parte do ano, com alto teor de açúcar, baixa incidência de pragas e doenças e,
conseqüentemente, redução dos custos de produção.

O novo modelo de agricultura irrigada proposto pelo governo estadual com base em modelo empresarial deverá
tomar o Estado um grande produtor de fruta~ tropicais. Empresas internacionais e grupos nacionais e locais estão
sendo atraídos pelos incentivos e possibilidades de realização de investimentos, pelo fato da fruticultura contar
com mercado valorizado e consumo em expansão em nível nacional e internacional Pesquisas indicam que a
fruticultura irrigada poderá se tomar um dos setores mais produtivos do Estado, Melão, banana, mamão, acerola,
graviola, coco, goiaba limão, abacaxi, manga, uva e maracujá, são produtos que estão sendo bem adaptados a
esta modalidade de cultivo, com alto rendimento por hectare.

Segundo a SEAGRI – Secretaria de Agricultura Irrigada do Governo do Estado, o Ceará possuía, em 2003, 65.394
ha de área irrigada, enquanto que em 1999 ocupava 53.907 ha, o que significa um aumento percentual de 21,3%.

A irrigação surge como possibilidade alvissareira, diante do quadro agrícola estadual, pouco promissor, em que
seca, flagelo e fome se associam às condições sociais e econômicas precárias de um expressivo segmento
populacional do Estado, constituído pela população rural. É neste sentido que as mudanças e inovações
introduzidas com a irrigação são esperadas e bem vindas desde que:

Não acirrem a concentração de renda no meio rural, beneficiando empresários, empresas agrícolas e
agroindustriais, em detrimento dos pequenos produtores.
Garantam a modernização da estrutura produtiva sem agravar as desigualdades e condições sociais dos
trabalhadores rurais.

Utilizem práticas agrícolas sustentáveis, quanto às formas de uso, manejo dos solos, utilização de insumos
artificiais e maquinários.

REFORMA AGRARIA

No Ceará, a reforma agrária decorre da situação de extrema pobreza a que está submetida a população rural,
constituída majoritariamente por trabalhadores sem-terra. Segundo dados do IPLANCE, em 1999 a agropecuária
cearense absorvia 39,0% da I população economicamente ativa e gerava somente I 5,58% do PIB do estado.
Deste contingente, 76,6% i são constituídos por trabalhadores rurais sem-terra. Neste contexto, a reforma agrária
surge como uma „i medida necessária para promover mudanças num quadro caracterizado pela alta concentração
da terra, técnica rudimentar, baixa produtividade agrícola que resultam em pobreza e êxodo rural.

A luta pelo acesso à terra, a insistente organização e mobilização dos integrantes da CPT – Comissão Pastoral da
Terra e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, com apoio de amplos segmentos sociais de
outras categorias e com forte simpatia da população urbana, têm conduzido a alguns ganhos no

PECUÁRIA BOVINA

Praticada, de modo geral, de forma serni-extensiva a pecuária estende-se praticamente por toda a superfície no
Ceará, sendo que os maiores rebanhos de bovinos encontram-se nas áreas do Sertão Central e no Sertão dos
Inhamuns, correspondendo aos municípios mais extensos do Estado onde predomina uma estrutura latifundiária
Nas áreas voltadas para a o à produção de leite, encontram-se raças melhoradas, cujo manejo e tipicamente
intensivo, destacando-se principalmente a Região Metropolitana de Fortaleza, sertões, Quixeramobim e o baixo e
médio Jaguaribe.

SUÍNOS

A criação de suínos pode ser encontrada em toda a extensão do território cearense, com tudo os melhores
rebanhos sejam encontrados no Litoral de Camocim e Acaraú, Fortaleza sertões de Crateús e Sobral, com
117cas, as quais agrupam cerca de 35% do total do rebanho.

Maior parte do rebanho suíno do Estado são criados em fundo de quintal, com alimentação baseada em restos de
comidas, sem controle de reprodução e com instalações precárias.
CAPRINOS E OVINOS
Os caprinos e ovinos estão entre os rebanhos que melhor se adaptam às precárias condições de semi-aridez do
Sertão Nordestino. Os caprinos e ovinos são fontes de proteína animal de fundamental para a dieta sertaneja e
nos últimos anos vem adquirindo expressão nos principais centros urbanos em decorrência da melhoria da
qualidade dos rebanhos.

INDÚSTRIA

No Ceara, em geral identificam-se três períodos de implantação industrial que correspondem ma momentos
distintos da divisão internacional e nacional do trabalho: o primeiro inicia-se no final do século XIX e estende-se
até a década de 50 do século passado; o segundo, corresponde aos anos de 1960 até meados da década de 198,
quando começa o terceiro período, ainda em curso.

O primeiro período caracteriza-se pela implantação das primeiras industrias, sobretudo têxteis, de óleo vegetal
alem de couros e peles, Estas industrias rescaldavam-se na abundancia de matéria-prima de origem agrícola e
pastoril, com destaque para a expressiva produção de algodão no Ceará.
A matriz característica do primeiro período industrial mantém-se até o final dos anos 1950, quando o Brasil passa
por grandes transformações associadas ao processo de industrialização com conseqüente acumulação de capital,
sobretudo no sudeste, enquanto deterioravam-se as condições econômicas do Nordeste, ampliando o fosso
econômico entre o sudeste e o restante do Brasil. No Ceara, a precária infra-estrutura e o deficiente suprimento de
energia elétrica retardam a industrialização.

O segundo período de industrialização do Ceará e marcado pela criação da Sudene, agência de desenvolvimento
regional responsável pela implementação dessa política de industrialização, foi o primeiro órgão de planejamento
regional criado no Brasil. Assim, o governo brasileiro estabelece nova forma de atuar na região.

O Estado brasileiro edita uma lei (34/18) estabelecendo a dedução de imposto de renda de pessoas jurídicas e,
posteriormente, de pessoas físicas que se disponham a aplicar tais deduções em empreendimentos industriais no
Nordeste. Através desse mecanismo, recursos provenientes principalmente do sudeste, onde se concentra a maior
parte das indústrias, são canalizados para o Nordeste havendo assim uma integração espacial entre estas regiões,
mediada pelo capital.

Espacialmente, os incentivos direcionam-se principalmente para a Bahia, Pernambuco e Ceará. No Ceará, as


indústrias instalam-se, em um primeiro momento, em Fortaleza e, mais tarde, em municípios de sua região
metropolitana (Maracanaú - onde é instalados o Distrito Industrial - Caucaia e Horizonte). Tal localização deve-se
às facilidades encontradas na capital (serviços, infra-estrutura e equipamentos). Ocorre na região Nordeste uma
especialização quanto aos tipos de investimento. Na Bahia, desenvolvem-se atividades voltadas para a produção
de bens de consumo intermediário, com base na petroquímica, enquanto em Pernambuco e no Ceará predominam
as industrias leves

Por um lado, a proposta de industrialização para o Nordeste visava modernizar as indústrias tradicionais que
estavam obsoletas em relação ao parque industrial brasileiro, não podendo competir com as fábricas do sudeste
(indústrias têxteis, por exemplo) e, por outro, favorecer a implantação de gêneros mais modernos como a
metalurgia, material elétrico e material de embalagens. Deste modo, a modernização implementada através dos
incentivos fiscais possibilita a implantação de gêneros tradicionais como o têxtil, mas, desta feita, pautados em
novas e modernas tecnologias. No Ceará, desenvolve-se um pólo têxtil e de confecções considerado como um
dos mais importantes do setor no âmbito regional e também nacional. Neste período, também merecem destaque
o setor de beneficiamento de castanha de caju e a pesca e exportação de lagosta.

Mas a maioria da população permanece em situação de grande pobreza; a concentração de renda se amplia e os
tão debatidos desequilíbrios regionais do país se mantêm.

O terceiro período de implantação industrial no Ceará teve inicio por volta da segunda metade da década de 1980,
intensificando-se nos anos 1990, num contexto de reestruturação da economia mundial.

Esta fase se caracteriza pela redução da capacidade de intervenção do estado federal, os governos estaduais
assumem papel de comando, a partir de novas alianças das elites econômicas e políticas locais, na condução de
ações voltadas para o desenvolvimento. Nesta ótica, a recomposição de forças no Ceará possibilita a ascensão ao
poder de representantes da elite empresarial, congregados pelo CIC (Centro Industrial do Ceará), que
estabelecem estratégias pautadas em três vetores de desenvolvimento: o incentivo ao turismo, ao agronegócio e à
industrialização. Com relação ao desenvolvimento industrial, o estado do Ceará, considerando o contexto
econômico denominado “guerra fiscal”, empreende ações que visam ao mesmo tempo a atração de indústrias e a
materialização de suas estratégias de incremento do turismo e do agronegócio.

A guerra fiscal surge como uma tentativa dos governos de atraírem novos investimentos e conseqüentemente
obterem um aumento da receita fiscal.

No Ceará, o estado “oferece um pacote generoso” de benefícios fiscais e a facilidade de exportação, face a
proximidade da Europa e dos Estados Unidos". Todavia, os baixos salários representam uma de suas principais
vantagens para a atração de indústrias que empregam muitos trabalhadores. (Folha de São Paulo, 19 set 1999).
Atraídas pelos incentivos governamentais vieram para o Ceará, em especial, indústrias têxteis, de calçados,
vestuário, alimentos e material de embalagem. A industria de calçados foi fortemente dinamizada com a
implantação de grandes fábricas, empregando acima de 1000 pessoas. Atualmente, o Ceará ocupa o 3º lugar no
ranking nacional, perdendo apenas para o Rio Grande do Sul e São Paulo "(...) tanto pelo volume de força de
trabalho como pela modernização com relação ao padrão existente no final da década de 1980" (MENELEU
NETO, 2000, p. 59).

Em matéria divulgada pelo jornal Diário do Nordeste, em março de 1999, o então secretário de Desenvolvimento
Econômico do Ceará afirma terem sido atraídas para o estado entre os anos 1994-1999, cerca de 432 novas
indústrias, representando 4,7 bilhões de dólares.

Os investimentos efetivados ou ainda programados para o Ceará, estão concentrados na região metropolitana de
Fortaleza, especialmente: São Gonçalo do Amarante, onde localiza-se o Porto do Pecém; Macaranaú; Caucaia;
Fortaleza; Aquiraz; Eusébio e Horizonte (Diário do Nordeste, 18 jun. 2001).

ASPECTOS HISTÓRICOS DO CEARA

Segundo historiadores, as expedições dos espanhóis Vicente Pinzon e de Diogo Lepe desembarcaram nas costas
cearenses antes da viagem de Cabral ao Brasil. A primeira, num cabo identificado como o da Ponta Grossa, no
Município de Icapuí, e a segunda, na Barra do Ceará, em Fortaleza. Tais descobrimentos não puderam ser
oficializados devido ao Tratado de Tordesilhas.

A ocupação efetiva do território cearense começou em 1603 com a bandeira de Pero Coelho de Souza que fundou
o Forte de São Tiago, na Barra do Ceará. A posse oficial do Ceará deu-se com Martins Soares Moreno, (o
Guerreiro Branco), que aqui chegou em 20 de janeiro de 1612 e fundou o forte de São Sebastião, no antigo local
onde fora erguido o Forte de São Tiago.

Em 1637 chegam os holandeses que domina durante sete anos. Em 1644 foram expulsos pelos índios com a
destruição do Forte de São Sebastião. Após cinco anos de sua retirada os holandeses voltaram ao Ceará
comandados por Matias Beck, na ocasião em que ergueram o Forte Shoonemborch, às margens do Rio Pajeú, de
onde se originou a cidade de Fortaleza. A explusão definitiva dos holandeses ocorreu em 1654 pelo comandante
português Álvaro de Azevedo Barreto, que muda o nome do Forte para Nossa Senhora da Assunção.

A criação do município de Fortaleza se deu a 13 de abril de 1726, quando a povoação do Forte foi levada à
condição de vila. Somente em 1823 o Imperador Dom Pedro I elevou a vila à categoria de cidade. Durante o
Segundo Império, o Intendente Antônio Rodrigues Ferreira e o Arquiteto Adolfo Hebster realizaram obras
urbanísticas transformando Fortaleza em uma das principais cidades do país. Atualmente, o Estado do Ceará é
composto por 184 municípios com autonomia político-administrativa.

A história de Fortaleza se confunde largamente com a história do Ceará, terra de índios dos troncos tupi
(tabajaras, parangabas, parnamirins, paupinas, caucaias, potiguaras, paiacus, tapebas) e jê (tremembés,
guanacés, jaguaruanas, canindés, genipapos, baturités, icós, chocós, quiripaus, cariris, jucás, quixelôs, inhamuns),
os quais, embora dizimados em grande parte, fazem sua cultura estar presente até a atualidade, em hábitos,
comida, medicina e arte populares, nomes, vocabulário e etnia.

Foi em 1884 que se fez a abolição da escravatura no Ceará, quatro anos antes do dia 13 de maio da abolição
brasileira. Este fato lhe valeu o nome dado por José do Patrocínio de Terra da Luz, e fez aumentar os ânimos de
todos os abolicionistas do Brasil. Até Victor Hugo mandou da França suas saudações aos cearenses.

Provavelmente, foi Américo Vespúcio o primeiro europeu a passar ao longo da costa cearense, em meados de
1499, quando percorria todo o litoral norte do Brasil, a partir do cabo Santo agostinho no Rio Grande do Norte.
Dois meses antes de Pedro Álvares Cabral partir de Lisboa, o navegador espanhol Vicente Yañez Pinzón, num
roteiro semelhante a Américo Vespúcio, desembarcou no litoral cearense, no cabo do Mucuripe em Fortaleza,
conforme alguns, ou no cabo de Ponta Grossa em Aracati, conforme outros.
Na primeira década, após o descobrimento do Brasil, o Ceará estava exposto à sorte de piratas franceses, e
continuando sob domínio dos nativos, tupis à beira-mar e jés ( ou tapuias) no interior. Em 1534, a coroa
portuguesa, no intuito de marcar o domínio das terras descobertas, implantou o sistema de capitanias no Brasil, e
em 1535 concedeu a Antônio Cardoso de Barros a Capitania do Siará, que nunca se importou em tomar posse
desse feudo. No entanto, desempenhou na Bahia o cargo de provedor-mor e, em 1556, ao retornar para Portugal,
teve a mal sorte do navio naufragar nas costas de Alagoas e ser devorado pelos índios, junto com o bispo D. Pero
Fernandes Sardinha.

O Ceará voltou a entrar na história em 1603, em pleno domínio espanhol de Felipe III, quando Pero Coelho de
Sousa obteve do governador geral Diogo Botelho a permissão de colonizar o Siará Grande, partindo do Rio
Grande do Norte. Chamou a colônia de Nova Lusitânia e o arraial projetado na foz do rio Ceará de Nova Lisboa, a
atual região da Barra do Ceará. Aventurou-se com seus soldados e ajuda de índios tabajaras e potiguaras sertão
adentro e enfrentou os franceses liderados por Adolphe Membille que, a partir do Maranhão invadiram o sul.
Deteve-os às margens do rio Parnaíba. Por falta de recursos e a primeiraforte seca, de que se tem notícia nesta
região, retirou-se em 1607 para a Parraíba.

No mesmo ano, os padres Francisco Pinto e Luís Filgueiras iniciaram seus trabalhos de catequese dos índios na
região, com relativo sucesso. Na trilha de Pero Coelho de Sousa atravessaram o território de leste a oeste, até
chegarem à serra da Ibiapaba, onde fundaram um povoado, logo atacado por índios tocarijus, morrendo Francisco
Pinto a tacape. Luís Filgueiras, junto com um punhado de índios fiéis, retirou-se para as proximidades da foz do rio
Ceará, fundando outro povoado, o de São Lourenço. Temendo a agressão de índios, no entanto, em agosto de
1608 se retira, para retornar a Pernambuco, e mais tarde, após naufrágio na ilha de Marajó, foi outro devorado a
ser devorado pelos nativos.

É Martins Soares Moreno que pode ser considerado o verdadeiro fundador do Ceará. Jovem soldado sob ordens
de Pero Coelho de Sousa, destacou-se pela amizade que matinha com os índios, imitando seus costumes.
Chegou de volta ao Ceará no início de 1612, em companhia do padre Baltazar João Correia e seis soldados
construiu um pequeno forte, chamado de São Sebastião, novamente, na foz do rio Ceará. Após combates com os
franceses no Maranhão e tentativas rechaçadas de invasão dos holandeses, foi a Portugal e obteve em 1619 a
carta régia como senhor da Capitania do Siará, aonde voltou em 1621, para fixar-se por vários anos, consolidando
e fazendo florescer sua capitania. Os amores de Martins Soares Moreno por uma índia, serviram de tema para o
romance Iracema, de José de Alencar, escritor cearense.

Os holandeses de pernambuco, que já tinham colocado sob seu domínio as regiões até o Rio Grande do Norte,
em 1637 desembarcaram no Mucuripe (atual região do porto de Fortaleza), sediando e tomando o forte na foz do
rio Ceará, do qual foram expulsos pelos próprios índios em 1644. Voltaram em 1649 sob ordens de Matias Beck.
Construíram na enseada do Mucuripe, junto ao rio Pajeú, uma fortificação, à qual deram o nome de
Schoonenborch, em homenagem ao seu governador em Pernambuco. O forte tornou-se centro de atividades
miiltares e dos trabalhos de exploração das minas de prata na serra de Maranguape.

Em 1654, no entanto, os holandeses foram expulsos do Brasil pelos portugueses e, assim, também entregaram o
forte a eles, mudando o nome, na época em que o português Álvaro de Azevedo Barreto foi capitão-mor do Ceará,
para Fortaleza da Nossa Senhora da Assunção, dando origem ao futuro nome da capital cearense. O forte,
construído em madeira, se manteve, de reforma, até 1812, quando outro, de alvenaria, o substituiu. O povoado
que começou a florescer em volta, se desenvolveu gradativamente para a cidade de Fortaleza. A vila de Fortaleza
foi instalada em abril de 1726 e tornou-se cidade, por ordem régia, em 17 de março de 1823, com o nome de
Fortaleza de Nova Bragança.

Nessa primeira fase da história cearense, o pouco desenvolvimento regional se manteve na orla marítima,
baseado no plantio da cana-de-açúcar. Porém, informados das excelentes pastagens e do bom clima dos sertões
do Ceará, aventureiros de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Bahia começaram a ocupar os espaços,
expulsando os índios ou, quando possível, domesticando-os para o trabalho, instalando currais, logo oficializado
como sesmarias.
Assim, a partir da última década do século XVII, durante aproximadamente quarenta anos, acelerou-se a
interiorização, a aprtir duma economia essencialmente pecuarista. Os currais se transformaram gradativamente
em fazendas. O boi virou grande moeda da época, garantindo a alimentação e subprodutos baseados no seu
couro, como roupa, sapato, chapéu, gibão e perneira. Os rebanhos eram objeto de largo comércio com
Pernambuco, de onde vinham tecidos, louças, ferramentas e outras utilidaes indispensáveis para a vida nas
fazendas.

Mais tarde em vez de transportar o boi pelas suas próprias pernas, a experiência demonstrou ser mais fácil abatê-
lo no seu lugar de origem, salgar-lhe a carne e transportá-lo para os centros de consumo, originando, assim, um
intensivo comércio com a zona açucareira de Pernambuco. O boi era transportado para as cidades portuárias,
abatido, salgado e despachado, transformando os portos de Aracati, Acaraú e Camocim nos principais da região.
Este processo da carne charqueada manteve-se florescente no Ceará, até a grande seca no final do século XVIII,
quando os rebanhos se aniquilaram, em consequência de três anos de ausência de chuvas.

Assim , o Ceará, voltado para a pecuária e agricultura de subsistência, sem grandes plantações de açúcar, ouro e
outras riquezas de seu tempo, atravessou obscuramente a época da colonização, encerrando sua Segunda fase
histórica, dependendo sucessivamente do Maranhão, Pará e Pernambuco.

Somente em 1799, o rei nomeou o primeiro governador, Bernardo Manuel de Vasconcelos, que instalou a capital
em Aquiraz, transferida em 1810 para Fortaleza.

Outras vilas, no entanto, começaram a se formar junto às fazendas e encruzilhadas no interior. Uma das regiões
mais prósperas se tornou o Cariri, tendo como centro a vila do Crato, fundada por uma missão franciscana. Icó
prosperou como entreposto comercial, entre o Cariri e o litoral. Aracati era porto de mar, por onde se exportava o
couro e o charque.

Nesta época também, e na sucessão dos próximos governadores, iniciou o comércio direto com a Europa, que
antes era canalizado exclusivamente pelo porto de Recife, fato que intensificou a exportação de produtos locais. O
algodão começou a fazer parte da riqueza geral e, até recentemente, de excelente qualidade, disputava os
mercados europeus, tendo sido o principal produto de exportação do Ceará. Com o franqueamento dos portos
brasileiros em 1808, reforçaram-se as trocas com o Reino Unido e, a seguir, com os Estados Unidos e Portugal.

O Ceará - foi formado pela miscigenação de colonizadores europeus, indígenas catequizados e aculturados após
grande resistência à colonização de negros e mulatos que viviam como trabalhadores livres ou como escravos. O
povoamento do território foi e tem sido bastante influenciado pelo fenômeno natural da seca.

Com uma colonização portuguesa complexa e conturbada, marcada pela resistência dos nativos e pelas
dificuldades de adaptação dos portugueses às condições particulares do território, formou-se uma sociedade rural
baseada, sobretudo na pecuária, assim como na agricultura, em especial nos vales úmidos e serras.

A elite latifundiária, através de seu poder econômico e de complexas relações de parentesco e afilhadagem,
possuía controle de quase todos os aspectos da vida social. Os "coronéis" mantinham em suas propriedades
muitos dependentes que lhes prestavam serviços ou entregavam parte de sua produção em troca da posse de um
lote de terra, em regime praticamente semifeudal, além de trabalhadores assalariados. A escravidão africana,
embora de menor importância, foi praticada ao longo de séculos, principalmente nas áreas onde a agricultura
floresceu.

O desenvolvimento independente do Ceará começaria apenas depois de sua separação de Pernambuco em 1799,
e sua história foi sempre marcada por lutas políticas e movimentos armados. Essa instabilidade prolongou-se
durante o Império e a Primeira República, normalizando-se depois da desconstitucionalização do País em 1945.

As secas, os conturbados fatores sociais e econômicos do Estado acarretaram eventos importantes na história
desse povo, como o cangaço, os movimentos messiânicos, a emigração para à Amazônia e para outros Estados,
inclusive os do Sudeste do Brasil. Historicamente um dos locais mais miseráveis do País, o Ceará tem passado
por grandes transformações desde a década de 1950, progressivamente se tornando um Estado
predominantemente urbano, mais industrializado e com crescente desigualdade regional e de renda.

Era Colonial

As terras atualmente pertencentes ao Ceará foram doadas, em 1535, a Antônio Cardoso de Barros, mas este não
se interessou em colonizá-las e nem sequer chegou a visitar a capitania, embora tivesse ocupado o cargo de
provedor-mor da Bahia no governo geral de Tomé de Sousa. Cardoso de Barros, inclusive, faleceu em 1556, ao
lado do primeiro bispo do Brasil dom Pero Fernandes Sardinha, devorado pelos índios Caetés, após um naufrágio
na costa de Alagoas (por: Farias Airton de).

A primeira tentativa séria de colonização portuguesa ocorre com Pero Coelho de Sousa, que lidera a primeira
bandeira feita em 1603, demonstrando por isso certo interesse de Portugal em colonizar o Ceará.

A missão dos bandeiristas era explorar o rio Jaguaribe, combater piratas, "fazer a paz" com os indígenas e tentar
encontrar metais preciosos. Partindo da Paraíba, à frente de 200 índios "mansos" (já submissos ao conquistador)
e de 65 soldados (entre os quais o jovem Martim Soares Moreno), Pero Coelho atingiu pelo litoral a serra de
Ibiapaba, onde travou combate com os índios Tabajaras e alguns franceses, então aliados.

Derrotando os adversários, Pero Coelho tentou seguir para o Maranhão, mas só atingiu o rio Parnaíba (Piauí), pois
seus homens, cansados, maltrapilhos e famintos recusaram-se a prosseguir viagem. De retorno ao litoral, o
capitão-mor fundou o Forte de São Tiago, às margens do Rio Ceará e o povoado de Nova Lusitânia. Ficou ali
pouco tempo. Os índios, ressentidos com o comportamento brutal dos "civilizados" europeus passaram a atacar o
Fortim. Pero, então, retirou-se para o rio Jaguaribe, construindo nas margens deste o forte de São Lourenço.

Contudo, a pesada seca de 1605 a 1607 (a primeira registrada pela historiografia local) e os persistentes ataques
indígenas levaram Pero Coelho a deixar o Siará em dolorosa caminhada, na qual pereceram de fome e sede
alguns soldados e seu filho mais velho. Dirigindo-se ao forte do Reis Magos no rio Grande do Norte e depois
Paraíba e Europa, Pero Coelho faleceu em Lisboa, pobre, após tentar cobrar de Portugal os pagamentos pelos
serviços prestados nas terras cearenses. Fracassava, assim, a tentativa pioneira de ocupação do "Ceará Grande".
(Por: Farias de Airton; Historia do Ceará; p. 14 e 15).

Diante do fracasso de Pero Coelho de conquistar as nações indígenas, em 1607 foi enviado os padres Jesuítas
Francisco Pinto e Luís Figueira com o intuito de evangelizar os sivícolas. Estes avançaram até a Chapada da
Ibiapaba, onde ficou até a morte do padre Francisco Pinto em outubro do mesmo ano.

O padre Luís Figueira retorna para o Rio Grande do Norte. Posteriormente, relatou sua empreitada em Relação do
Maranhão, o primeiro texto escrito sobre o Ceará. Figueira, todavia, não foi muito feliz no relacionamento com os
nativos brasileiros. Anos depois, em 1643, vítima de um naufrágio na Ilha de Marajó, foi morto e devorado pelos
índios Aruás.

Em 1612, sob o comando de Martim Soares Moreno (considerado posteriormente o "fundador" do Ceará), foi
construído, às margens do Rio Ceará, o Forte de São Sebastião, local conhecido atualmente como Barra do Ceará
(divisa entre os Municípios de Fortaleza e Caucaia).

A colonização portuguesa da região, iniciada no século XVII, foi dificultada pela forte oposição das tribos indígenas
e as invasões de piratas europeus. O estabelecimento europeu só tomou impulso com a construção, na
embocadura do riacho Marajaitiba, do forte holandês Schoonenborch, que em 1654, foi tomado pelos portugueses
e passou a ser chamado Fortaleza de Nossa Senhora de Assunção.

Em volta dessa Fortaleza formou-se a segunda vila do Ceará, a vila do Forte, ou Fortaleza. Depois de muita
disputa política entre Aquiraz e Fortaleza, a última passou a ser a capital do Ceará, oficialmente a partir de 13 de
abril de 1726 (Data em que se comemora o aniversário da cidade).
Houve duas frentes de ocupação portuguesa do território cearense: a do sertão-de-fora, controlada por
pernambucanos que vinham pelo litoral; e a do sertão-de-dentro, dominada por baianos. Graças à pecuária e aos
deslocamentos de pessoas das áreas então mais povoadas, praticamente todo o Ceará foi ocupado ao longo do
tempo, levando ao nascimento de várias cidades importantes nos cruzamentos das principais estradas utilizadas
pelos vaqueiros, como Icó.

Ao longo do século XVIII, a principal atividade econômica cearense foi a pecuária, levando muitos historiadores a
falarem que o Ceará se transformou em uma "Civilização do Couro", pois a partir do couro se faziam praticamente
todos os objetos necessários à vida do sertanejo através de um rico artesanato.

O comércio do charque foi decisivo para a vida econômica do Ceará ao longo do século XVIII e XIX. Com ele
passou a existir uma clara divisão do trabalho entre as regiões do Estado: no litoral se encontravam as
charqueadas e, no sertão, as áreas para criação de gado bovino. O charque também permitiu o enriquecimento de
proprietários de terras e de comerciantes, bem como o surgimento de um pequeníssimo mercado interno local.

Durante o auge do comércio do charque, a principal cidade cearense foi Aracati, de onde eram exportadas, mas
também floresceram outros centros regionais, como Sobral, Icó, Acaraú, Camocim e Granja. A era do charque se
finda depois das secas de 1790/93, que devastam o estado e impossibilitam a continuação da pecuária cearense.
Com este evento a produção do charque mudou para o Rio Grande do Sul.

Outras cidades nasceram a partir de aldeamentos indígenas, onde os nativos eram confinados sob o controle de
jesuítas, responsáveis por sua catequização e aculturação. Este foi o caso de cidades importantes como Caucaia
(outrora chamada Soure), Crato, Pacajus, Messejana e Parangaba (as duas últimas atuais bairros de Fortaleza).

Os indígenas cearenses foram, em sua maior parte, massacrados, embora tenham resistido até os dias de hoje.
Um dos maiores exemplos de sua resistência foi a Guerra dos Bárbaros, na qual indígenas de diversas tribos
(Kariri, Janduim, Baiacu, Icó, Anacé, Quixelô, Jaguaribara, Kanindé, Tremembé, Acriú, etc.) se uniram para lutar
contra os conquistadores portugueses, resistindo bravamente durante quase 50 anos.

O Ceará torna-se administrativamente independente de Pernambuco em 1799. Nas décadas anteriores, o cultivo
do algodão começou a despontar como uma importante atividade econômica, gerando um período de
prosperidade para a capitania. Com a recuperação da cotonicultura dos Estados Unidos da América, o algodão e o
próprio Ceará entrou em crise, o que explica o envolvimento de cearenses na Revolução Pernambucana de 1817
e na Confederação do Equador.

Movimentos independentistas e Império

O século XIX também foi marcado por alguns movimentos revolucionários e conflitos. Em 1817, alguns cearenses,
liderados pela família Alencar, apoiaram a Revolução Pernambucana. O movimento, no entanto, ficou restrito ao
Cariri e, especialmente, à cidade do Crato, e foi rapidamente sufocado. Em 1824, já após a independência, os
mesmos ideais republicanos e liberais apareceram num movimento mais amplo e organizado: a Confederação do
Equador.

Aderindo aos revoltosos pernambucanos, várias cidades cearenses, como Crato, Icó e Quixeramobim,
demonstraram sua insatisfação com o governo imperial. Após choques com o governo provisório controlado pelo
Imperador Dom Pedro I, foi estabelecida a República do Ceará em 26 de agosto de 1824, tendo Tristão Alencar
como presidente do Conselho que governaria a província.

A forte repressão das forças imperiais, no entanto, derrotou rapidamente o movimento rebelde devido a diversos
motivos: a superioridade militar das tropas do governo imperial; a pouca participação popular; as principais
lideranças terem sido presas ou mortas.
Outro conflito que se destacou na história cearense foi a Sedição de Pinto Madeira, um violento conflito entre a vila
do Crato, liderada por liberais republicanos (com maior destaque para a família Alencar), e a de Jardim,
praticamente dominada por Pinto Madeira, de caráter absolutista e autoritário.

As duas elites locais disputavam pelo controle político do Cariri cearense. Por fim, os cratenses contrataram o
mercenário francês Pierre Labatut e, reagindo com um exército formado por sertanejos humildes, renderam os
jardinenses. Pinto Madeira foi julgado sumariamente no Crato, após ser considerado culpado pela morte do liberal
José Pinto Cidade.

Também no século XIX, o Ceará sofreu um verdadeiro boom econômico durante o período da Guerra de
Secessão (1861-1865) nos EUA, que, afetando a cotonicultura norte-americana, abriu o mercado mundial para o
algodão cearense.

Foi nesse período que Fortaleza desbancou Aracati do posto de cidade principal do Ceará: o algodão substituía o
charque em importância econômica. Porém, a Grande Seca (1877/78/79), interfere na agricultura do algodão,
Fortaleza foi invadido pelas vítimas da estiagem, uma grande parte da população cearense emigra para a
Amazônia e assim contribui no boom do primeiro Ciclo da Borracha. E a partir desta seca o Ceará passa a ser
fator de atenção dentro da política nacional.

Depois do outro período de seca o Império iniciou projetos sociais e de infraestrutura (Açude do Cedro), para
amenizar as consequências das estiagens, fato que resultou com criação da Comissão de Açudes e Irrigação
(atualmente DNOCS).

No século XIX, um movimento de grande importância aconteceu no Ceará: a campanha abolicionista, que aboliu a
escravidão no estado em 25 de março de 1884, antes da Lei Áurea, que é de 1888. Foi, portanto, o primeiro
estado brasileiro a abolir a escravatura. Dentro do Ceará, o primeiro município a abolir a escravatura foi Acarape,
que depois do evento, passou a ser chamado de Redenção.

O abolicionismo foi favorecido pela pouca importância da escravidão na economia cearense relativamente às
outras regiões do Brasil. Contou com o apoio da Maçonaria e até mesmo de grupos formados por mulheres da
elite do Estado. Além da pequena quantidade de escravos, quando da campanha abolicionista, muitos escravos
eram vendidos para o trabalho em outras províncias com maior demanda de trabalho compulsório.

Pela grande dificuldade em atracar navios, devido ao mar bravio, a capital cearense era um péssimo ancoradouro,
o que fazia dos jangadeiros um elemento de suma importância para a economia local, já que o embarque e
desembarque no porto de Fortaleza tinha que ser feito por meio de embarcações pequenas e insubmersíveis
conhecidas como jangadas, e a forte campanha abolicionista, em 1881, convenceram os jangadeiros cearenses a
não mais realizar o transporte de escravos para terra firme. Sob o lema

"No Ceará não se embarcam mais escravos", o movimento, comandado pelo jangadeiro Francisco José do
Nascimento, o "Dragão do Mar", hoje nome de um centro cultural da cidade de Fortaleza, ganhou significativa
simpatia da população cearense.

República Velha

Após a proclamação da República no Brasil, em 1889, o quadro político-econômico do Ceará começou a se


transformar. Alguns anos depois, teria início à poderosa oligarquia acciolina, que recebeu esse nome por ser
comandado pelo comendador Antônio Pinto Nogueira Accioli, que governou o estado de forma autoritária e
monolítica entre 1896 e 1912.

A situação de desesperadora miséria e abandono social era uma marca profunda do Ceará nessa época, o que
levou ao surgimento de diversos movimentos messiânicos ao longo do século XIX e XX, tendo como líderes
religiosos Antônio Conselheiro (que formaria na Bahia o arraial de Canudos), Padre Ibiapina, Padre Cícero, Beato
Zé Lourenço, etc. Surgiu também outro meio de escapar da miséria: o cangaço. Muitos homens formaram grupos
de cangaceiros que saqueavam vilas, assaltavam e amedrontavam a todos.

Além desses eventos em 1896 começou a ser construída a ferrovia Sobral-Crateús por Antônio Sampaio Pires
Ferreira, onde logo se estabeleceria em suas margens a cidade de Pires Ferreira.
O século XX, para o Ceará, foi marcado pelos ciclos de poder dos "coronéis" e por enormes transformações de
ordem social e econômica. O século se iniciou no contexto da oligarquia acciolina, comandada, direta ou
indiretamente, por Nogueira Accioli de 1896 a 1912. Durante esse período, a família Accioli controlou, literalmente,
todas as esferas do poder cearense, desde os altos escalões do Governo estadual até as delegacias.

Então se vivia uma conturbada e violenta campanha eleitoral no Ceará, graças ao Salvacionismo pretendido pelo
presidente Hermes da Fonseca, que procurava enfraquecer as oligarquias regionais contrárias ao seu poder.
Dentro da política das Salvações, foi lançada a candidatura de Franco Rabelo para o governo, enquanto Accioli
apontava como seu candidato Domingos Carneiro. Em Fortaleza, houve uma passeata de crianças em favor de
Franco Rabelo, a qual foi repreendida duramente pelas forças policiais, causando a morte de algumas crianças e
ferindo outras tantas.

Em consequência, a população fortalezense se revoltou contra o governo, mergulhando a capital em verdadeiro


estado de guerra civil durante três dias. Accioli teve, então, que renunciar ao governo cearense, tendo como
garantia o direito de permanecer vivo e poder fugir do Estado. Franco Rabelo foi eleito para governar o Ceará logo
em seguida, mas acabou sendo deposto por outra revolta, a Sedição de Juazeiro, entre 1913 e 1914.

Juazeiro do Norte era uma cidade recém-emancipada do Crato. Seu surgimento se deveu ao carismático Padre
Cícero, que, após ter ficado famoso devido ao suposto milagre da Beata Maria de Araújo (cuja hóstia teria se
transformado em sangue), conquistou uma imensa massa de sertanejos pobres e religiosos.

Muitos passaram a morar em Juazeiro, de modo que em pouco tempo o local possuía milhares de moradores.
Como não tinha o apoio da alta hierarquia católica, Padre Cícero procurou evitar que Juazeiro tivesse o mesmo fim
trágico de Canudos e aliou-se ao poder político dos coronéis, posicionando-se ao lado da oligarquia de Nogueira
Accioli. Embora mantendo a proximidade com o povo, o padre tornou-se, para alguns, um "coronel de batinas".

Franco Rabelo havia, em pouco tempo, perdido o apoio de muitos políticos que o haviam ajudado a chegar ao
poder - a Assembleia Legislativa tentou até mesmo, sem sucesso, votar o impeachment do "salvacionista".

Os oposicionistas tentaram, então, convocar extraordinariamente a Assembleia Legislativa em Juazeiro e


cassaram o mandato de Rabelo. Este, que tinha ainda bastante apoia em Fortaleza, mandou tropas para Juazeiro
do Norte, pretendendo derrotar os golpistas.

Os sertanejos, incitados pelo Padre Cícero e pelos coronéis, acreditaram ser aquela uma agressão contra o
"Padim Ciço". Iniciou-se um verdadeiro clima de guerra santa em Juazeiro.

Após meses de combate, os seguidores de Padre Cícero venceram as tropas de Rabelo e iniciaram uma longa
marcha até Fortaleza, obrigando Rabelo a renunciar ao governo cearense.

Após a Sedição de Juazeiro, estabeleceu-se certo equilíbrio entre as oligarquias cearenses, não havendo mais
conflitos militares entre elas. O povo, no entanto, continuou reprimido e sem voz.

Estado Novo

A situação política no Ceará se modificaria bastante com a Revolução de 1930, que levou ao poder Getúlio
Vargas. Durante 15 anos, governaram o Estado interventor do Governo Federal. O primeiro interventor no Ceará
foi Fernandes Távora, mas ele governou por pouco tempo, pois continuou com as práticas clientelistas e corruptas
da República Velha.
Os interventores não tardaram a se acomodar com as elites locais. O quadro político cearense esteve, nesse
período, influenciado por duas associações: a Liga Eleitoral Católica (LEC), que, por seus vínculos religiosos e
apoio dos latifundiários interioranos, obteve grande penetração no eleitorado cearense e apoiou segmentos
fascistas que organizaram a Ação Integralista Brasileira (AIB) no Ceará; e a Legião Cearense do Trabalho (LCT),
organização operária conservadora, corporativista, anticomunista e antiliberal (na prática, fascista) que existiu no
Ceará entre 1931 e 1937.

A LCT, após o exílio de seu líder Severino Sombra por ter apoiado a Revolução Constitucionalista de São Paulo
em 1932, foi perdendo poder. Ao voltar do exílio, Sombra abandonou a LCT e fundou a Campanha Legionária,
mas não teve sucesso, pois a Igreja prestava agora apoio à AIB e começavam a surgir entidades operárias de
esquerda no Estado. Em 1937, por fim, todas as associações de orientação fascista (LCT, AIB e Campanha
Legionária) foram extintas pelo Estado Novo de Getúlio Vargas.

Durante a seca de 1915 e, novamente na estiagem de 1932, foram criados campos de concentração no Ceará. O
objetivo destes, era impedir que retirantes fugindo da seca e da fome, chegassem às grandes cidades. Estes
locais de confinamento eram conhecidos como os currais do governo.

Um importante movimento social no período varguista foi o Caldeirão. De forma semelhante a Canudos, ele reuniu
cerca de 3 mil pessoas sob a liderança do beato Zé Lourenço, paraibano que chegara a Juazeiro por volta de 1890
e era seguidor de Padre Cícero.

Aconselhado por Padre Cícero a se estabelecer na região e trabalhar com algumas das famílias de romeiros,
arrendou um lote de terra no sítio Baixa Danta, em Juazeiro do Norte. O sítio prosperou e começou a desagradar à
parte da elite, sendo difamado pelos adversários políticos de Padre Cícero. Isso culminou na exigência do dono do
sítio Baixa Danta de que os camponeses e o beato deixassem a terra.

Instalando-se no sítio Caldeirão, no Crato, propriedade de Padre Cícero, os camponeses formaram uma pequena
sociedade coletiva e igualitária, prosperando tanto que chegaram a vender os excedentes nas cidades vizinhas. O
sítio tornou-se, portanto, um "mau exemplo" para os sertanejos e desagradou fortemente à Igreja e aos
latifundiários que perdiam a mão-de-obra barata. As difamações culminaram com a acusação de que o beato Zé
Lourenço era agente bolchevique!

Quando Padre Cícero morreu, em 1934, as terras foram herdadas pelos padres salesianos, e os camponeses do
Caldeirão ficaram desamparados. Em setembro de 1936, a comunidade é dispersa e o sítio é incendiado e
bombardeado. Zé Lourenço e seus seguidores rumaram, então, para uma nova comunidade. Alguns dos
moradores, no entanto, resolveram se vingar e realizou uma emboscada, matando alguns policiais, o que foi
respondido com um verdadeiro massacre de camponeses pelos contingentes policiais (estima-se entre trezentos e
mil mortos).

O início dos anos 1940, no Ceará, foi influenciado pela Segunda Guerra Mundial e as implantações decorridas
pelos Acordos de Washington. Em Fortaleza, foi montada uma base norte-americana, mudando os hábitos locais e
empolgando a população, que passou a realizar diversos atos, manifestos e passeatas contra o nazismo.

O Serviço Especial de Mobilização de Trabalhadores para a Amazônia - SEMTA foi criado e teve sua sede em
Fortaleza. Este realizou uma forte propaganda governamental a qual estimulava os sertanejos a migrar para a
Amazônia, onde estes se tornaram os Soldados da Borracha do Exército da Borracha, isto é, explorariam o látex
das seringueiras.

Milhares de cearenses emigraram para o Norte, muitos dos quais morreram. Porém, estas mortes não foram em
vão, já que, graças aos soldados da borracha e sua mais-valia, os Estados Unidos e Aliados puderam combater os
exércitos do Eixo sem os seringais da Ásia para abastecê-los.

A luta contra o nazismo e o posicionamento contraditório do governo brasileiro (uma ditadura de base fascista
dentro do País lutando contra regimes autoritários fascistas no exterior) precipitou a derrocada do Estado Novo.
Formaram-se os diversos partidos novos, como a UDN, o PSD, o PCB e o PSP. A UDN e o PSD, partidos
conservadores e elitistas, dominariam o cenário político cearense pelas próximas décadas, enquanto o PSP,
chefiado por Olavo Oliveira, seria, ao menos nos anos 1950, o "fiel da balança" nas disputas eleitorais. O primeiro
governador após a redemocratização foi Faustino Albuquerque, da UDN. Vale lembrar que, apesar de todas as
transformações políticas, o Ceará era então um dos locais mais miseráveis do Brasil.

República Nova

O período de República Nova no Ceará tem início com a eleição de Faustino de Albuquerque pela UDN. Durante
seu governo, nas eleições de 1950, o candidato udenista a presidência, Eduardo Gomes, obteve a maior votação
colocando Getúlio Vargas em 3º colocado no estado. Para a direção do governo estadual é eleito Raul Barbosa
que foi um dos reesposáveis, junto com os parlamentares cearenses, pela campanha de obtenção da sede do
Banco do Nordeste do Brasil, fundado em 1952, para Fortaleza. No mesmo ano o governo federal inaugurou
oficialmente o Porto do Mucuripe. Em seu entorno foram instalados usinas termoelétricas para dotar Fortaleza de
energia elétrica em abundância.

Durante a década de 1950 surgiram ou se fortaleceram vários dos maiores grupos econômicos do Ceará: Deib
Otoch, J. Macêdo, M. Dias Branco, Grande Moinho Cearense e Edson Queiroz. Paulo Sarasate foi o terceiro
governador eleito no período. Ainda na década de 1950 tem início uma nova onda migratória para vários estados e
regiões. Em uma década, entre 1950 e 1960, o estado decaiu a taxa de representação da população brasileira, de
5,1% para 4,5%. Em 1955 a cearense Emília Barreto Correia Lima foi eleita Miss Brasil.

Em 1958 foi eleito Parsifal Barroso que teve a ajuda do governo federal para combater as mazelas decorrentes de
secas, sendo a principal obra o Açude Orós inaugurado em 1961. Em Fortaleza foi inaugurado o Cine São Luís. O
governador inicia a construção da nova sede do governo, o Palácio da Abolição, em 1962 e no mesmo ano é
criado o Banco do Estado do Ceará (BEC).

Em 1963 Virgílio Távora foi eleito governador do Ceará. Seu mandato foi até o fim em 1966, mesmo com o
surgimento da Ditadura militar em 1964. Seu governo foi marcado pela criação do "PLAMEG I" - Plano de Metas
do Governo que visou à modernização da estrutura do estado com a ampliação do porto do Mucuripe e a
transmissão da energia de Paulo Afonso. Foi criado ou instalado também em seu governo o Distrito Industrial de
Maracanaú, o BEC, a CODEC e da Companhia DOCAS do Ceará. Com o AI-2, Virgílio aderiu à ARENA, e seu
vice Figueiredo Correia ao MDB.

Governo militar

Plácido Castelo foi eleito pela Assembleia Legislativa em 1966. Durante seu governo houve perseguição política a
deputados e várias manifestações com a prisão e tortura de estudantes e trabalhadores, tendo ocorrido inclusive
atentados à bomba em Fortaleza. Criado o BANDECE e a pavimentação da rodovia CE-060, a rodovia "do
algodão". Também tem início as obras do estádio Castelão.

Durante o governo de César Cals se sucedeu o auge da repressão militar. Vários cearenses de esquerda
estiveram envolvidos na Guerrilha do Araguaia. Cals procurou governar tecnocraticamente, formando sua própria
facção política rompendo com Virgílio Távora. Seu sucessor, Adauto Bezerra (mandato de 1975 a 1978) não
acontecem grandes mudanças. Adauto volta-se politicamente para o interior com a criação de uma secretaria de
assuntos municipais. Renuncia seu mandato para se eleger deputado federal. O vice-governador Waldemar
Alcântara toma posse e termina o mandato.

Virgílio Távora retorna ao governo em 1979 sendo o último eleito indiretamente e resgata seu primeiro governo
com a criação do PLAMEG II. Inicia a industrialização da região noroeste do Ceará e cria o PROMOVALE
(projetos de irrigação) e sua esposa, a primeira dama Luiza Távora implementa projetos sociais como a Central de
Artesanato do Ceará. Seu governo foi marcado pela ausência, quase que total, de oposição na Assembleia,
nomeações aproximadas de 16.000 pessoas para cargos públicos e várias greves.
Gonzaga Mota foi eleito pelo voto popular tomando posse em 1983 e rompe com os coronéis anteriores para criar
seu próprio grupo político. Seu rompimento rendeu-lhe ataques do regime militar com a suspensão de verbas
federais.

Nova República

A insatisfação com a política praticada durante a ditadura militar e o movimento de redemocratização impulsionam
as transformações no poder político, com a decadência da hegemonia tradicional do coronelismo.

Gonzaga Mota deixa o governo com pagamentos atrasados ao funcionalismo e descontrole nas contas públicas,
mas seu candidato, o empresário Tasso Jereissati, consegue se eleger com a promessa de modernizar a
administração pública, afastando-se do clientelismo dos governos anteriores; promover a austeridade fiscal; e
desenvolver a economia estadual. A nova gestão passa a se autodenominar "Governo das Mudanças". Nas duas
décadas seguintes, Jereissati e seus aliados passam a deter a hegemonia política no Estado, e rapidamente
perdem a aliança com partidos chamados de esquerdas, mas também muitíssimos corruptos, como o PT e o
PCdoB comunistas.

O Ceará recebe os primeiros carros importada da marca russa Lada. Os "Governos das Mudanças" priorizam o
aumento dos investimentos públicos e privados em infraestrutura e nos setores industrial e de serviços, enquanto
o agropecuário permanece à margem. Politicamente, há uma relativa diminuição de poder dos "coronéis", com
ampliação do poder do grande empresariado.

O saneamento das contas estaduais - atingido, em parte, pela diminuição das despesas com o funcionalismo
público através de demissões e achatamentos salariais - garantem superávits entre 1988 e 1994, mas com a
consolidação do Plano Real volta-se a uma predominância de déficits.

O Estado se beneficia também da guerra fiscal que então se iniciava o que, somado à mão-de-obra barata, atrai
várias indústrias, as quais se concentram em algumas poucas cidades. O crescimento médio do PIB, de 4,6%, é
superior à média nacional e nordestina nos anos 1990, continuando a tendência iniciada na década de 1970. As
ações do governo, aliado aos esforços do empresariado local, e os incentivos de instituições de grande
importância na história econômica recente do Ceará, como o BNB e a SUDENE, foram determinantes para tal
desempenho.

O forró eletrônico se populariza na década de 1990, e o Ceará começa a despontar, seguindo a tendência do
litoral nordestino, como um grande polo de turismo no Brasil. Ao longo dos anos 1990, com ações como o
Programa de Saúde da Família (PSF), o Estado também realiza grandes avanços na redução da mortalidade
infantil. A migração em direção a Fortaleza segue forte, tendo em vista o persistente atraso do interior em
comparação com o forte crescimento da capital. A segurança pública torna-se muito mais problemática entre 1990
e 2003, com a taxa de homicídios subindo de 8,86 para 20,15 por 100 mil habitantes, um aumento de 127%.

O estado do Ceará mesmo com todas as promessas políticas, mais de 90% de seus municípios continua sem
infraestrutura, como rede de esgoto e até mesmo agua encanada, apenas as cidades praianas tiveram poucas
mudanças, mas o saneamento básico deixa muito a desejar. O crime e a corrupção política tomou conta do estado
do Ceará.
Mais historia,

Bandeira do Ceará
Brasão

Segundo historiadores, as expedições do espanhol Vicente Pinzon e de Diogo Lepe desembarcaram nas costas
cearenses antes da viagem de Cabral ao Brasil. A primeira, num cabo identificado como o da Ponta Grossa, no
Município de Icapuí, e a segunda, na Barra do Ceará, em Fortaleza. Tais descobrimentos não puderam ser
oficializados devido ao Tratado de Tordesilhas.

A ocupação efetiva do território cearense começou em 1603 com a bandeira de Pero Coelho de Souza que fundou
o Forte de São Tiago, na Barra do Ceará. A posse oficial do Ceará deu-se com Martins Soares Moreno, (o
Guerreiro Branco), que aqui chegou em 20 de janeiro de 1612 e fundou o forte de São Sebastião, no antigo local
onde fora erguido o Forte de São Tiago.

Em 1637 chegam os holandeses que domina durante sete anos. Em 1644 foram expulsos pelos índios com a
destruição do Forte de São Sebastião. Após cinco anos de sua retirada os holandeses voltaram ao Ceará
comandado por Matias Beck, na ocasião em que ergueram o Forte Shoonemborch, às margens do Rio Pajeú, de
onde se originou a cidade de Fortaleza. A explosão definitiva dos holandeses ocorreu em 1654 pelo comandante
português Álvaro de Azevedo Barreto, que muda o nome do Forte para Nossa Senhora da Assunção.

A criação do município de Fortaleza se deu a 13 de abril de 1726, quando a povoação do Forte foi levada à
condição de vila. Somente em 1823 o Imperador Dom Pedro I elevou a vila à categoria de cidade. Durante o
Segundo Império, o Intendente Antônio Rodrigues Ferreira e o Arquiteto Adolfo Hebster realizaram obras
urbanísticas transformando Fortaleza em uma das principais cidades do país. Atualmente, o Estado do Ceará é
composto por 184 municípios com autonomia político-administrativa.

A história de Fortaleza se confunde largamente com a história do Ceará, terra de índios dos troncos tupi
(tabajaras, parangabas, parnamirins, paupinas, caucaias, potiguaras, paiacus, tapebas) e jê (Tremembé,
guanacés, Jaguaruana, Canindé, jenipapos, baturités, icós, chocós, quiripaus, cariris, jucás, quixelôs, inhamuns),
os quais, embora dizimados em grande parte, fazem sua cultura estar presente até a atualidade, em hábitos,
comida, medicina e arte populares, nomes, vocabulário e etnia.

Foi em 1884 que se fez a abolição da escravatura no Ceará, quatro anos antes do dia 13 de maio da abolição
brasileira. Este fato lhe valeu o nome dado por José do Patrocínio de Terra da Luz, e fez aumentar os ânimos de
todos os abolicionistas do Brasil. Até Victor Hugo mandou da França suas saudações aos cearenses.

Provavelmente, foi Américo Vespúcio o primeiro europeu a passar ao longo da costa cearense, em meados de
1499, quando percorria todo o litoral norte do Brasil, a partir do cabo Santo Agostinho no Rio Grande do Norte.
Dois meses antes de Pedro Álvares Cabral partir de Lisboa, o navegador espanhol Vicente Yañez Pinzón, num
roteiro semelhante a Américo Vespúcio, desembarcou no litoral cearense, no cabo do Mucuripe em Fortaleza,
conforme alguns, ou no cabo de Ponta Grossa em Aracati, conforme outros.

Na primeira década, após o descobrimento do Brasil, o Ceará estava exposto à sorte de piratas franceses, e
continuando sob domínio dos nativos, tupis à beira-mar e jés (ou tapuias) no interior. Em 1534, a coroa
portuguesa, no intuito de marcar o domínio das terras descobertas, implantou o sistema de capitanias no Brasil, e
em 1535 concedeu a Antônio Cardoso de Barros a Capitania do Siará, que nunca se importou em tomar posse
desse feudo. No entanto, desempenhou na Bahia o cargo de provedor-mor e, em 1556, ao retornar para Portugal,
teve a má sorte de o navio naufragar nas costas de Alagoas e ser devorado pelos índios, junto com o bispo D.
Pero Fernandes Sardinha.

O Ceará voltou a entrar na história em 1603, em pleno domínio espanhol de Felipe III, quando Pero Coelho de
Sousa obteve do governador geral Diogo Botelho a permissão de colonizar o Siará Grande, partindo do Rio
Grande do Norte. Chamou a colônia de Nova Lusitânia e o arraial projetado na foz do rio Ceará de Nova Lisboa, a
atual região da Barra do Ceará. Aventurou-se com seus soldados e ajuda de índios tabajaras e potiguara sertão
adentra e enfrentou os franceses liderados por Adolphe Membille que, a partir do Maranhão invadiram o sul.
Deteve-os às margens do rio Parnaíba. Por falta de recursos e a primeira forte seca, de que se tem notícia nesta
região, retirou-se em 1607 para a Paraíba.

No mesmo ano, os padres Francisco Pinto e Luís Filgueiras iniciaram seus trabalhos de catequese dos índios na
região, com relativo sucesso. Na trilha de Pero Coelho de Sousa atravessaram o território de leste a oeste, até
chegarem à serra da Ibiapaba, onde fundaram um povoado, logo atacado por índios tocarijus, morrendo Francisco
Pinto a tacape. Luís Filgueiras, junto com um punhado de índios fiéis, retirou-se para as proximidades da foz do rio
Ceará, fundando outro povoado, o de São Lourenço. Temendo a agressão de índios, no entanto, em agosto de
1608 se retira, para retornar a Pernambuco, e mais tarde, após naufrágio na ilha de Marajó, foi outro devorado a
ser devorado pelos nativos.

É Martins Soares Moreno que pode ser considerado o verdadeiro fundador do Ceará. Jovem soldado sob ordens
de Pero Coelho de Sousa destacou-se pela amizade que matinha com os índios, imitando seus costumes. Chegou
de volta ao Ceará no início de 1612, em companhia do padre Baltazar João Correia e seis soldados construiu um
pequeno forte, chamado de São Sebastião, novamente, na foz do rio Ceará. Após combates com os franceses no
Maranhão e tentativas rechaçadas de invasão dos holandeses, foi a Portugal e obteve em 1619 a carta régia como
senhor da Capitania do Siará, aonde voltou em 1621, para fixar-se por vários anos, consolidando e fazendo
florescer sua capitania. Os amores de Martins Soares Moreno por uma índia serviram de tema para o romance
Iracema, de José de Alencar, escritor cearense.

Os holandeses de Pernambuco, que já tinham colocado sob seu domínio as regiões até o Rio Grande do Norte,
em 1637 desembarcaram no Mucuripe (atual região do porto de Fortaleza), sediando e tomando o forte na foz do
rio Ceará, do qual foram expulsos pelos próprios índios em 1644. Voltaram em 1649 sob ordens de Matias Beck.
Construíram na enseada do Mucuripe, junto ao rio Pajeú, uma fortificação, à qual deram o nome de
Schoonenborch, em homenagem ao seu governador em Pernambuco. O forte tornou-se centro de atividades
militares e dos trabalhos de exploração das minas de prata na serra de Maranguape.

Em 1654, no entanto, os holandeses foram expulsos do Brasil pelos portugueses e, assim, também entregaram o
forte a eles, mudando o nome, na época em que o português Álvaro de Azevedo Barreto foi capitão-mor do Ceará,
para Fortaleza da Nossa Senhora da Assunção, dando origem ao futuro nome da capital cearense. O forte,
construído em madeira, se manteve de reforma, até 1812, quando outro, de alvenaria, o substituiu. O povoado que
começou a florescer em volta, se desenvolveu gradativamente para a cidade de Fortaleza. A vila de Fortaleza foi
instalada em abril de 1726 e tornou-se cidade, por ordem régia, em 17 de março de 1823, com o nome de
Fortaleza de Nova Bragança.

Nessa primeira fase da história cearense, o pouco desenvolvimento regional se manteve na orla marítima,
baseado no plantio da cana-de-açúcar. Porém, informados das excelentes pastagens e do bom clima dos sertões
do Ceará, aventureiros de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Bahia começaram a ocupar os espaços,
expulsando os índios ou, quando possível, domesticando-os para o trabalho, instalando currais, logo oficializado
como sesmarias.

Assim, a partir da última década do século XVII, durante aproximadamente quarenta anos, acelerou-se a
interiorização, a partir duma economia essencialmente pecuarista. Os currais se transformaram gradativamente
em fazendas. O boi virou grande moeda da época, garantindo a alimentação e subprodutos baseados no seu
couro, como roupa, sapato, chapéu, gibão e perneira. Os rebanhos eram objeto de largo comércio com
Pernambuco, de onde vinham tecidos, louças, ferramentas e outras utilidades indispensáveis para a vida nas
fazendas.
Mais tarde em vez de transportar o boi pelas suas próprias pernas, a experiência demonstrou ser mais fácil abatê-
lo no seu lugar de origem, salgar-lhe a carne e transportá-lo para os centros de consumo, originando, assim, um
intensivo comércio com a zona açucareira de Pernambuco. O boi era transportado para as cidades portuárias,
abatido, salgado e despachado, transformando os portos de Aracati, Acaraú e Camocim nos principais da região.
Este processo da carne charqueada manteve-se florescente no Ceará, até a grande seca no final do século XVIII,
quando os rebanhos se aniquilaram, em consequência de três anos de ausência de chuvas.

Assim, o Ceará, voltado para a pecuária e agricultura de subsistência, sem grandes plantações de açúcar, ouro e
outras riquezas de seu tempo, atravessou obscuramente a época da colonização, encerrando sua Segunda fase
histórica, dependendo sucessivamente do Maranhão, Pará e Pernambuco.

Somente em 1799, o rei nomeou o primeiro governador, Bernardo Manuel de Vasconcelos, que instalou a capital
em Aquiraz, transferida em 1810 para Fortaleza.

Outras vilas, no entanto, começaram a se formar junto às fazendas e encruzilhadas no interior. Uma das regiões
mais prósperas se tornou o Cariri, tendo como centro a vila do Crato, fundada por uma missão franciscana. Icó
prosperou como entreposto comercial, entre o Cariri e o litoral. Aracati era porto de mar, por onde se exportava o
couro e o charque.

Nesta época também, e na sucessão dos próximos governadores, iniciou o comércio direto com a Europa, que
antes era canalizado exclusivamente pelo porto de Recife, fato que intensificou a exportação de produtos locais. O
algodão começou a fazer parte da riqueza geral e, até recentemente, de excelente qualidade, disputava os
mercados europeus, tendo sido o principal produto de exportação do Ceará. Com o franqueamento dos portos
brasileiros em 1808, reforçaram-se as trocas com o Reino Unido e, a seguir, com os Estados Unidos e Portugal.

Missão Velha

Visão geral da cidade de Missão velha


Bandeira desconhecida
Brasão desconhecido
Bandeira desconhecida Brasão desconhecido
Hino
Aniversário 11 de julho (criação da comarca)
Fundação 28 de janeiro de 1748 (267 anos)
Emancipação 8 de dezembro de 1864 (150 anos)
Gentílico missaovelhense
Padroeiro(a) Nossa Senhora da Luz (anterior) São José (atual)
Prefeito(a) Tardiny Pinheiro Roberto (PT)
(2013–2016)
Localização
Localização de Missão Velha
Localização de Missão Velha no Ceará
Missão Velha está localizado em: Brasil

Missão Velha
Localização de Missão Velha no Brasil
07° 15' 00" S 39° 08' 34" O
Unidade federativa Ceará
Mesorregião Sul Cearense IBGE/2008[1]
Microrregião Cariri IBGE/2008[1]
Região metropolitana Cariri
Municípios limítrofes Norte: Aurora e Caririaçu;
Sul: Brejo Santo, Porteiras e Jardim;
Leste: Milagres, Abaiara;
Oeste: Juazeiro do Norte e Barbalha.
Distância até a capital 535 km
Características geográficas
Área 651,108 km² [2]
População 34 258 hab. IBGE/2010[3]
Densidade 52,61 hab./km²
Altitude 360 m
Clima Tropical semiárido brando
Fuso horário UTC−3
Indicadores
IDH-M 0,631 médio PNUD/2000[4]
PIB R$ 171 811 mil IBGE/2011[5]
PIB per capita R$ 4 993,93 IBGE/2011[5]
Página oficial
Prefeitura www.missaovelha.ce.gov.br
Câmara www.missaovelha.ce.leg.br

Missão Velha é um município brasileiro do estado do Ceará. Localiza-se a uma latitude 07º14'59" sul e a uma
longitude 39º08'35" oeste, estando a uma altitude de 360 metros. Sua população estimada em 2004 era de 34.309
habitantes. Possui uma área de 533,95 km². Localiza-se na Região Metropolitana do Cariri.

Missão Velha possui patrimonios naturais como a cachoeira de Missão Velha e pontos onde há uma grande
concentração de fósseis. Por esses e outros motivos, Missão Velha faz parte do único Geopark da América
Latina,[6] criado pelo governo do estado do Ceará.

História

Segundo uma das versões, o Cariri cearense foi colonizado por emissários da Casa da Torre, um deles, João
Correia Arnaud, chegou à região no início do Século XVIII, vindo da região de Inhambupé na Bahia e considerado
descendente de Diogo Álvares Correia, o Caramuru, um dos primeiros brancos a se fixarem no Brasil. Um jovem
escravo fugido foi criado pelos índios cariris, um grupo refugiado do Planalto da Borborema pela penetração dos
brancos, ao qual se agregaram quilombolas e outras tribos. Com a guerra entre estes cariris, que deram nome a
região, e os guerreiros Cariús, aquele escravo, que sabia falar português, foi nomeado emissário. Em apoio aos
cariris, João Correia Arnaud e outros vaqueiros foram enviados com homens, armas de fogo e títulos conseguidos
pelos D‟Ávila, iniciando a colonização do lugar, fundaram igrejas e estabeleceram as primeiras fazendas, sendo
este ou seu homônimo o fundador desta cidade de Missão Velha.

Serviços Públicos

O Governo Estadual do Ceará tem no município os seguintes postos de saúde: Missão Velha, Jamacaru, de Sítio
Aleixo, Riacho Seco e o Centro de Saúde Dra. Raimunda Alves de Oliveira. A Prefeitura Municipal Mantém: Órgão
Municipal de Saúde de Missão Velha. Há ainda o ambulatório mantido pelos servidores do Sindicato dos
Trabalhadores Rurais.

Eventos

Festa de São José (19 de março)


Coroação de Nossa Senhora 31 de maio
Festival de Quadrilhas Juninas (junho)
Festival Regional de Música Popular (novembro)
Vaquejada (julho)por tradição no primeiro final de semana do mês de julho
Dia do Município (11 de julho).

Atrativos turísticos
Cachoeira de Missão Velha localizada no Sítio Cachoeira a 6 km da sede da cidade.

Praça Nossa Senhora de Fátima localizada nas ruas: Afonso Ribeiro; Padre Fêlix desembargador Juvêncio
Santane e a Avenida Cel. José Dantas no centro da cidade.

Igreja Matriz de São José localizada na Praça Monsenhor Horácio.

Parque de Eventos Pinheirão localizado na nova Avenida por trás do Estádio Valdomiro Dantas.
Vaquejada anual no parque local.

Festa de São José, o dia do Santo Padroeiro da cidade e da Igreja é comemorado em 19 de março.
III Corrida de rua Farmácias Santa Cecília http://www.farmaciasantacecilia.com.br/ em 7 de setembro de 2015.

O Padroeiro São José

Sua festa é comemorada no dia 19 de março, e sua devoção em Missão Velha se iniciou com a construção da
Igreja Matriz de São José, antes a padroeira da cidade era Nossa Senhora da Luz, e o primeiro padre foi o Padre
Gonçalo Coelho de Lemos.

Missão Nova

Missão Nova é um distrito de Missão Velha. O surgimento do povoado de Missão Nova aconteceu primeiramente
com a criação de uma pequena igreja e, posteriormente, em seu desenvolvimento, o surgimento de uma vila ou
povoado. Na época a maioria das cidades e povoados do Cariri nascia e crescia à sombra das igrejas católicas,
sob o signo da cruz dos colonizadores que aqui chegavam pregando o catolicismo. Uma igreja e uma praça era
regra geral nas povoações antigas. Os templos, seculares ou regulares, raramente eram sobrepujados em
importância por qualquer outro edifício. Em torno da capela foram se construindo casas, a Prefeitura, a Câmara.

A primeira padroeira de Missão Velha, Nossa Senhora da Luz e o seu atual padroeiro São José

Obras estruturantes

O município de Missão Velha integra a Região Metropolitana do Cariri, atualmente composta por nove municípios
com destaque para Juazeiro do Norte. Estas duas cidades se comunicam apenas por via férrea e estradas
carroçais. Há uma grande perspectiva de desenvolvimento com a construção da Ferrovia Trasnordestina e a
Transposição das Águas do Rio São Francisco via Bacia do Rio Salgado. O Aeroporto Regional do Cariri é um
importante equipamento localizado a leste do município de Juazeiro, possui acesso asfaltado até a sede deste
município e luta-se atualmente[quando?] por seu prolongamento em direção à cidade de Missão Velha, que
permitiria um acesso rápido entre as duas cidades, alavancando o crescimento da área entre os dois municípios.
O local também têm estudos favoráveis para a implantação de um Distrito Industrial, baseado na infra-estrutura
disponível e em implantação. O Metrô do Cariri, obra inaugurada entre as estações Crato e Fátima, em Juazeiro
do Norte, também pode ser prorrogado, aproveitando-se o leito natural do ramal ferroviário entre Juazeiro e
Missão Velha, beneficiando localidades intermediárias, como: Pedrinhas, Sabiá, Arraial, etc… Por todos estes
motivos Missão Velha precisa aproveitar o diminuto espaço territorial do município polo da região, Juazeiro do
Norte, para crescer por contiguidade, a exemplo de Crato e Barbalha, cidades conurbadas com Juazeiro.

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