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Organizadoras

Ranna Emanuelle Almeida


Lucimar Rosa Dias
Clarice Martins de Souza Batista
Cadernos de Resumo
I Seminário ErêYá

Desafios e perspectivas para uma Educação


Antirracista

Organizadoras
Ranna Emanuelle Almeida
Lucimar Rosa Dias
Clarice Martins de Souza Batista
GRUPO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS/NEAB
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

I Seminário ErêYá

Desafios e perspectivas para uma Educação


Antirracista

CADERNO DE RESUMOS
GRUPO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS/NEAB
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
Campo Rebouças
Curitiba, 27 e 28 de novembro de 2019

ORGANIZAÇÃO DO EVENTO

Coordenação:
Ranna Emanuelle Almeida
Lucimar Rosa Dias
Clarice Martins de Souza Batista

Comissão Organizadora:
Adriana Marques de Andrade
Aldia Mielniczki de Andrade
Andrea Barbosa de Andrade
Aparecido Vasconcelos de Souza
Clarice Martins de Souza Batista
Claudemira Vieira Gusmão Lopes
Cleci da Cruz Martins
Fernanda Fares Lippmann Trovão
Flávia Carolina da Silva
Lúcia Helena Xavier
Luana Batista Salça...
Lucimar Rosa Dias
Marlina Oliveira Schiessl
Ranna Emanuelle Almeida
Sandra Aparecida da Silva
Sandra Regina Alves Nascimento
Sara da Silva Pereira
Vanessa Gonçalves da Rocha

Comissão Científica:
Adriana Marques de Andrade
Aldia Mielniczki de Andrade
Andrea Barbosa de Andrade
Aparecido Vasconcelos de Souza
Clarice Martins de Souza Batista
Claudemira Vieira Gusmão Lopes
Cleci da Cruz Martins
Fernanda Fares Lippmann Trovão
Flávia Carolina da Silva
Lúcia Helena Xavier
Luana Batista Salça...
Lucimar Rosa Dias
Marlina Oliveira Schiessl
Ranna Emanuelle Almeida
Sandra Aparecida da Silva
Sandra Regina Alves Nascimento
Sara da Silva Pereira
Vanessa Gonçalves da Rocha

Comissão de decoração e ambientação


Sandra Regina, Sandra Aparecida e Clarice Martins de Souza Batista

Comissão de atendimento ao público


Luana Batista Salça e Ranna Emanuelle Almeida

Comissão de divulgação
Nicolly Gabrielle Lirman, Sara da Silva Pereira, Andrea Barbosa de Andrade

Cartaz de Divulgação e capa do caderno de resumos: Arte Visual de Nicolly Gabrielle


Lirman

Monitores/as:
Paulo Roberto de Souza Batista
Vanessa Aparecida Rodrigues
Ana Luisa Manfredini Araujo
Naiary Kaueny CalaZans Guimaraes
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ................................................................................................
MENSAGEM DA COMISSÃO ORGANIZADORA .................................................
PROGRAMAÇÃO ..................................................................................................
MESA REDONDA .................................................................................................
ÍNDICES DOS RESUMOS......................................................................................
RESUMOS SUBMETIDOS E DIALOGADOS EM RODA DE CONVERSA NOS GTS
E COORDENADORES DOS GTS.............................................................................
ATIVIDADES CULTURAIS ....................................................................................
HOMENAGENS.....................................................................................................
LANÇAMENTO DE LIVROS...................................................................................
REGISTRO POR FOTOGRAFIAS ........................................................................
MENSAGEM DA COMISSÃO ORGANIZADORA
Foi após uma jornada significativa de discussões, encontros e estudos em que o Grupo de
Estudos Erêyá reflete sobre os desafios e perspectivas para uma Educação Antirracista
que elabora o I Seminário ErêYá. Assim é com imenso prazer que os integrantes do Grupo
iniciam o processo de pensar o seminário, preparam os convites e recebem na UFPR, no
Campo Rebouças, em Curitiba, os 245 participantes, entre estes professores das redes
municipal e estadual, acadêmicos de licenciatura e pedagogia, estudantes de ensino médio e
professores universitários. O Seminário contou com a contribuição de 62 trabalhos/resumos.
Destes 51 foram dialogados nos GTs por seus autores. Este caderno de resumos traz os 51
resumos discutidos no Seminário. São 8 no GT 1, 15 no GT 2, 7 no GT 3, 1 no GT 4, 13 no
GT 5 e 7 no GT 6.
Pela quantidade de trabalhos/resumos percebe-se que o I Seminário Erêyá constitui-se em
um espaço para troca de experiências, promover o debate, para unir pessoas questionadoras
das injustiças sociais e propositoras de ações que visam uma educação antirracista.
Ressaltamos que a organização do evento é também uma forma de proporcionar aos
participantes do grupo a oportunidade de vivenciar uma forma de articulação entre os
Ereyanos, aprendizado para os iniciantes no grupo e amadurecimento para todos os
participantes, pois como nos ensina Paulo Freire “A alegria não chega apenas no encontro do
achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da
procura, fora da boniteza e da alegria.”
Decoramos o ambiente com materiais recicláveis, retornáveis, tecidos e plantas ornamentais
e plantas vivas para que o ambiente ficasse o mais acolhedor possível.
No final do Seminário o grupo preparou ambiente visual, perfumado e saboroso com mesas
com comidas e bebidas para comemorarmos a possibilidade de nos alimentarmos em união.
Coube desejar a todos e todas um ótimo evento com encontros agradáveis e de
enriquecimento pessoal e profissional.
Comissão Organizadora do I Seminário ErêYa.
PROGRAMAÇÃO

27/11 – 19h00 SALA 232B


Mesa redonda: A educação das Relações Étnico-Raciais:
experiências da prática pedagógica no Ensino Superior
19h-19h30- Abertura/ Apresentação cultural
Contação de história com Maria Eduarda do Rocio Ferreira

19h30m – 21h30h Mesa de debate: A educação das Relações Étnico-Raciais: experiências da


prática pedagógica no Ensino Superior

Profª Drª Andréa Maila Voss Kominek - Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Profª Drª Lucimar Rosa Dias - Universidade Federal do Paraná
Profº Dr Sérgio Luis do Nascimento - Pontifícia Universidade Católica do Paraná
Mediação – Profª Dout. Clarice Martins de Souza Batista

21h30 – 22h Lançamento de Livros


Atividade cultural – dança gafieira
Livros a serem lançados

28/11 – DIÁLOGO ENTRE OS TRABALHOS NOS GTS 18h30 às 21h00


Homenagem às pessoas importantes ao ErêYá
Encerramento: Profª Drª Lucimar Rosa Dias
Lanche coletivo
MESA REDONDA

A educação das Relações Étnico-Raciais: experiências da prática


pedagógica no Ensino Superior

Profª Drª Andréa Maila Voss Kominek - Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Profª Drª Lucimar Rosa Dias - Universidade Federal do Paraná
Profº Dr Sérgio Luis do Nascimento Pontifícia Universidade Católica do Paraná
Mediação – Profª Dout. Clarice Martins
ÍNDICE DE RESUMOS

GT1 - INFÂNCIAS E EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS

A LEI 10.639/2003 E A BNCC: POSSIBILIDADES DE TRABALHAR


EDUCAÇÃO ÉTNICO-RACIAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Flávia Rodrigues Lima da Rocha
Joana Marques de Lima Saar Xavier ..............................................................................

ANO ÁRABE: RELATO DE EXPERIÊNCIA


Leomari Schip
Luzilete Falavinha Ramos
Simone Marquito Caetano Ribas ...................................................................................

A EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ


DOS PINHAIS: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS, FORMAÇÃO DE PROFESSORES E
CURRÍCULO
Solange Aparecida Rosa ..............................................................................................

FAZENDO CIÊNCIA E ARTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL PARTINDO DE UMA


EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS
Geovane Santos da Silva ............................................................................................

BRANQUITUDE NA INFÂNCIA: PRINCÍPIOS PARA UMA EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA


Aldia Mielniczki de Andrade .........................................................................................

CULTURA AFRO-BRASILEIRA E AFRICANA NA EDUCAÇÃO INFANTIL DE


CRIANÇAS DE 0 A 3 ANOS: UM LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO
Luana Batista Salça.............................................................................................

NEGRITUDE NA EDUCAÇÃO INFANTIL: OLHARES E PERSPECTIVAS


Danielle Lourenço .................................................................................................
REFLEXÕES A PARTIR DA IMPLEMENTAÇÃO DE PRÁTICAS PROMOTORAS DE
IGUALDADE RACIAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Adriele Lia da Silva
Elaine Loungblood ..................................................................................................

GT2 - FORMAÇÃO DE PROFESSORES (AS) E EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES


ÉTNICO-RACIAIS

AS CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO DO MOVIMENTO SOCIAL NEGRO EDUCADOR


José Ediane Pereira da Silva ...................................................................................

CAMINHADA NEGRA POR CURITIBA


Maritana Drescher da Cruz .....................................................................................

COMO OS INTEGRANTES DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR COMPREENDEM ESTA


FORMAÇÃO DOCENTE PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS? UMA ANÁLISE DOS
DISCURSOS DOS DOCENTES EM FORMAÇÃO
Maísa Cardoso
Cloris Torquato ...........................................................................................................

EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS POR MEIO DOS NÚCLEOS DE


ESTUDOS AFRO-BRASILEIROS E INDÍGENAS
Flávia Rodrigues Lima da Rocha
Andressa Queiroz da Silva
Wálisson Clister Lima Martins ...................................................................................

O ENSINO DA HISTÓRIA E DA CULTURA AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA: EM


QUESTÃO O PAPEL DA COORDENADORA PEDAGÓGICA NA CONSTRUÇÃO DE UMA
PROPOSTA PEDAGÓGICA ANTIRRACISTA
Marlina Oliveira Schiessl
Tatiane Ventura ........................................................................................................

SOB MÚLTIPLOS VÉUS


Rozana Teixeira – Mestre Unisul
Tânia Mara Pacífico – Mestre UFPR .......................................................................

A COSMOLOGIA IORUBÁ EM SALA DE AULA: UMA CONTRIBUIÇÃO DIDÁTICA


Maristela Carlos
Naor Franco de Carvalho ......................................................................................

DESCOLONIZANDO O CONHECIMENTO: UM RELATO DE


EXPERIÊNCIA COM DOCENTES DO COLÉGIO ESTADUAL QUILOMBOLA
DIOGO RAMOS
Vanessa Gonçalves da Rocha ............................................................................
EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NAS LICENCIATURAS DA UFPR -
SETOR LITORAL
Eliane Martins da Silveira
Evandro Cardoso do Nascimento ........................................................................

O TRABALHO PEDAGÓGICO E O ESCRAVISMO COLONIAL: NA PERSPECTIVA DO


CONHECIMENTO E DA TECNOLOGIA ADVINDOS DO CONTINENTE AFRICANO
Clemilda Santiago Neto ........................................................................................

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES: BRINCADEIRAS E JOGOS


AFRICANOS
Giorgia Cristina Alves Bezerra
Karen Cristiane Kampa
Luciana Gotfrid Selinga .......................................................................................

OS MITOS, HISTÓRIAS E ITÃS PARA ENSINAR BOTÂNICA NO ENSINO


FUNDAMENTAL
Claudemira Vieira Gusmão Lopes .....................................................................

A EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ


DOS PINHAIS: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS, FORMAÇÃO DE PROFESSORES E
CURRÍCULO
Solange Aparecida Rosa ....................................................................................

REL(AÇÕES) ÉTNICO-RACIAIS: UM PERCURSO EDUCATIVO COM PROFISSIONAIS


DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
Maria Gabriela Neves
Allan Henrique Gomes .....................................................................................

SEMINÁRIOS E PALESTRAS COMO MEIO PARA DENUNCIAR E COMBATER A


INTOLERÂNCIA E DISCRIMINAÇÃO RACIAL
Paulo Antônio dos Santos ................................................................................

GT3 - POLÍTICAS PÚBLICAS E EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS

O CONTINENTE AFRICANO PARA ALUNOS DAS SÉRIES FINAIS DO ENSINO


FUNDAMENTAL
Deise Aparecida Olszevski Ferreira ...................................................................

MELANINADOS E MELANINADAS DO PARANÁ: PRESENÇA, BELEZA E


RESISTÊNCIA
Natalia Apolonia Belino Bonfim da Silva
Tânia Mara Pacífico ..........................................................................................
HISTÓRIAS AFRO-CURITIBANAS: RELATOS DE EFETIVAÇÃO DA LEI 10639/03 NA
REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE CURITIBA/PR
Valéria Pereira da Silva
Thaís Regina de Carvalho
Josiane Inácio dos Santos .......................................................................................

DISCUTINDO AS COTAS RACIAIS COM JOVENS NO ENSINO FUNDAMENTAL EM


ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
Sandra Aparecida da Silva ........................................................................................

EQUIPES MULTIDISCIPLINARES: DESAFIOS PARA A IMPLEMENTAÇÃO NA REDE


ESTADUAL DE ENSINO DO PARANÁ
Edna Aparecida Coqueiro .........................................................................................

ESCOLA (SEM?) PARTIDO COM UMA EDUCAÇÃO RACISTA


Clarice Martins de Souza Batista .............................................................................

COTAS RACIAIS: NECESSIDADE DE CONSCIENTIZAÇÃO NA FORMAÇÃO DOCENTE


Gleice Araújo ...........................................................................................................

GT 41 - MÍDIAS, RAÇA E EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS

HANS-JÜRGEN MASSAQUOI UM NEGRO NAZISTA: UMA ANÁLISE DA CONSTRUÇÃO


DA BRANQUITUDE
Jussara Marques de Medeiros .....................................................................

GT 5 - CINEMA, ARTES E LITERATURA DE TEMÁTICA AFRICANA E AFRO-


BRASILEIRA E A EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS

A CRIANÇA NEGRA CONTADORA DE HISTÓRIA E SUAS EXPERIÊNCIAS ESTÉTICAS


PROMOVIDAS A PARTIR DOS CONTOS TRADICIONAIS AFRICANOS – VIVÊNCIAS
EMANCIPADORAS ANTIRRACISTAS
Selma Soczecki Leal ...................................................................................................

A LITERATURA INFANTO JUVENIL COM TEMAS DE “HISTÓRIA SENSÍVEL” COMO


FONTE PARA O ENSINO DE HISTÓRIA
Rafaella Baptista Nunes
Ana Claudia Urban ......................................................................................................

1 Os GTs 4 e 5 foram unidos para o diálogo entre os trabalhos em uma sala para viabilizar a
interação entre os trabalhos. Neste momento com o título CINEMA, ARTES E LITERATURA DE
TEMÁTICA AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA E A EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-
RACIAIS.
DISCURSO E RELAÇÕES RACIAIS: A LITERATURA INFANTIL DE TEMÁTICA
AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA
Roberta Regina Chaves Veloso
Paulo Vinicius Baptista da Silva ................................................................................

LITERATURA AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA NA ESCOLA: DA ESCOLHA DAS


OBRAS A UMA PRÁTICA DE LETRAMENTO LITERÁRIO ANTIRRACISTA
Maria de Fátima Borges ............................................................................................

MEDIAÇÃO DE LEITURA: NARRATIVAS AFRO-BRASILEIRAS COMO ESTRATÉGIAS


DE ENFRENTAMENTO AO RACISMO NO COTIDIANO ESCOLAR
Aparecido Vasconcelos de Souza
Adriana Andrade
Lucia Helena ............................................................................................................

REPRESENTATIVIDADE NEGRA POR MEIO DA LITERATURA INFANTIL


Ana Paula dos Santos da Silva
Cleonice Marion Schneider ...................................................................................

UMA PROPOSTA DE ANÁLISE DE: EU SEI PORQUE O PÁSSARO CANTA NA GAIOLA,


DE MAYA ANGELOU
Jucelia da Silva Amaral .........................................................................................

USANDO A LITERATURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-


RACIAIS
Kátia Ap. do Nascimento Alves Velozo ................................................................

A ARTE VISUAL AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA NA EDUCAÇÃO BÁSICA:


APROPRIAÇÕES E SIGNIFICADOS NO ENSINO DA ARTE
Fernanda Fares Lippmann Trovão .......................................................................

O TEATRO COMO PORTA-VOZ DA EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA


Genice de Fátima Fortunato da Silva Fiaschi .....................................................

CONSTRUÇÕES ESTEREOTIPADAS DA IDENTIDADE NEGRA NAS ARTES VISUAIS


NO BRASIL
Kênia Cristina Líbero Robertina .........................................................................

RELIGIOSIDADE AFRO-BRASILEIRA NA OBRA DE RUBEM VALENTIM


Roberta K. S. Zimermann .................................................................................

AO ENSINAR A VER, APRENDER A VER-SE: A CONTRIBUIÇÃO DA ARTE PARA A


EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS
Jucimara Bengert Lima
Cleci da Cruz Martins ....................................................................................
GT 6 - MULHERES NEGRAS E A EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-
RACIAIS

EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NA PÓS-GRADUAÇÃO: EXPERIÊNCIA


EM CONSTRUÇÃO POR UMA PROFESSORA NEGRA
Lucimar Rosa Dias ..............................................................................................

TRAJETOS E CAMINHOS DO MOVIMENTO DE MULHERES NEGRAS EM


JOINVILLE/SC: COLETIVO ASHANTI - VALORIZAÇÃO E PROTAGONISMO
Ana Lucia Martins .............................................................................................

OJINJÉ: AMOR, CULTURA, EDUCAÇÃO E AXÉ


Isabel Cristina Ribeiro Rosa ..............................................................................

O EMPODERAMENTO NEGRO NO COMBATE AO RACISMO


Dirce Almeida Santos .......................................................................................

POR UMA PSICOLOGIA NÃO BRANCA


Erika Gomes da Fonseca
Talissa Cibele de Lima Santos
Norma da Luz Ferrarini ....................................................................................

DISCRIMINAÇÃO E PRECONCEITO EM AGENTES PENITENCIÁRIAS NEGRA.


Juliana da Rosa Elia
Gabriela Ormeño ..............................................................................................

PROJETO LEC³: EMPODERAMENTO ÉTNICO-RACIAL FEMININO


Dandara Arruda
Mayna de Aquino .............................................................................................
RESUMOS SUBMETIDOS E DIALOGADOS2

EM RODA DE CONVERSA NOS GTs3

GT
01
INFÂNCIAS E EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS

27/11 – 18:30-21:00 SALA 211

Coordenação: Doutoranda Flavia Carolina da Silva; Profª Mestranda Aldia Mielniczki de


Andrade; Mestranda Ãndrea Barbosa

O eixo deste grupo de trabalho Infância e Educação das Relações Étnico-Raciais abrange
comunicações orais e relatos de experiências que tratem temáticas da infância - desde a
primeira infância até o Ensino Fundamental. Tem como objetivo tratar temas que abordem a
relação entre crianças e crianças, crianças e adultos, práticas cotidianas com e para a infância,
interligados as questões raciais e suas implicações na vida e no cotidiano infantil, como:
infância e branquitude, boas práticas que envolvam a criança, a mídia, musicalização, literatura
infantil, ancestralidade e cultura africana para a infância, como forma de combater o racismo e
de reparação de direitos. O grupo de trabalho contemplará estudos, pesquisas e práticas
pedagógicas que abrangem a criança e seus direitos enquanto sujeito social, dialogando com a
diversidade, diferenças e desigualdades sociais, com ênfase na categoria das relações étnico-
raciais.

2 As interações no Seminário com os trabalhos submetidos ocorreram por forma de diálogos em que
cada autor explicava para os participantes suas colocações. Diálogo sempre proposto por Paulo Freire.
3 O evento contou com o recebimento de 62 resumos, dos quais 48 foram dialogados com no evento.
A LEI 10.639/2003 E A BNCC: POSSIBILIDADES DE TRABALHAR

EDUCAÇÃO ÉTNICO-RACIAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Flávia Rodrigues Lima da Rocha 4


Joana Marques de Lima Saar Xavier5

A Educação Infantil é a primeira fase da Educação Escolar, conforme prevê a Lei de


Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996.É importante e necessário que
desde o início as crianças tenham acesso a uma educação antirracista e que promova
a valorização da diversidade humana, das múltiplas identidades e das diferenças.
Esta proposta de trabalho tem como objetivo trabalhar a Lei 10.639/2003 na
Educação Infantil, valorizando a cultura africana e afro-brasileira e usando o currículo
para discutir identidade, diversidade, racismo e preconceito na infância. A
metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica e a criação de possibilidades de
atividades/experiências que possam contribuir com a educação para as relações
étnico-raciais desde a primeira infância. Como fundamentação teórica, utilizamos:
(GOMES, 1996, p. 69), (MUNANGA, 2005 p. 15), (GOMES, 2007, p.8), (SILVA, 2011,
p.14), (BRASIL, 2018, p.15) e (ACRE, 2018, p. 04).O currículo a que se tem acesso,
desde a Educação Infantil é predominante e quase que exclusivamente eurocêntrico,
trazendo a população negra quase sempre associada apenas à escravidão e/ou a
situações de inferioridade, onde aparecem poucas ou não aparecem experiências
positivas sobre a diversidade cultural africana e afro-brasileira, e prevalecemos
conceitos estereotipados acerca da população negra ou em torno da África como
lugar de miséria e doenças, abordagens que não positivam a identidade, dificultando
assim a construção da identidade das crianças negras. Mesmo com as conquistas do
Movimento Negro, o povo negro continua como sujeito com espaços silenciados no
currículo, nas páginas dos livros e nos discursos de professores(as). A BNCC
estabelece dez competências, essas competências norteadoras dão muitas aberturas
para a aplicação da Lei 10.639/2003 em todo o currículo. Competências que
começam na Educação Infantil, e o alcance das mesmas dar-se-á a partir dos seis
direitos de aprendizagem propostos para a Educação Infantil: conviver, brincar,
explorar, participar, expressar e conhecer- se. Com base nestes pressupostos, um
professor com a devida formação antirracista pode desenvolver
experiências/atividades que garantam o cumprimento dos mesmos (que constam em
cada Campo de Experiências da BNCC). E por meio desses direitos de aprendizagem
construiu-se propostas de atividades/experiências que oportunizem às crianças,
negras e brancas, uma educação para as relações étnico-raciais. Através das

4
UFAC. Graduada em História, Professora, flavia_rocha80@hotmail.com
5
UFAC. Graduada em História, Professora, joanamarx@gmail.com
sugestões de atividades que serão propostas, esperançamos como principal
resultado que todas as crianças cresçam com autoestima positiva, valorizando sua
identidade, sua ancestralidade e a diversidade humana.

Palavras-chave: Lei 10.639/2003. Educação Infantil. BNCC.

ANO ÁRABE: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Leomari Schip6
Luzilete Falavinha Ramos7
Simone Marquito Caetano Ribas8

Este é um relato de experiência realizada no ano de 2016 com alunos do 1º e 2º anos


do Ensino Fundamental I, dentro do Projeto de Educação em Direitos Humanos da
SME, por ocasião dos 40 anos de fundação da escola. O trabalho aqui relatado é um
recorte do trabalho maior que envolveu toda a escola. Com o uso de diversas
metodologias pedagógicas tais como rodas de conversa, análise de fontes históricas,
uso de literatura árabe, parceria com instituições que acolhem refugiados sírios em
Curitiba, troca de cartas entre os alunos e as crianças refugiadas, entre outros,
pretendeu-se, de forma geral e a partir do estudo da biografia do patrono da
escola promover ações pedagógicas e lúdicas que favorecessem o estudo da cultura
árabe de modo a desmistificar estereótipos e ampliar o conhecimento da contribuição
dessa etnia para a formação da cultura brasileira. Além disso, objetivou-se também a
discussão da questão dos refugiados sírios em nossa cidade, principalmente a
questão infantil. Tais objetivos contemplam a perspectiva de COOPER (2012) que
afirma que descobrir o passado envolve descobrir sobre a história de sua própria
cultura e outras culturas, sobre a história da comunidade na qual mora e o passado
de sua família. Partindo da ideia contida nas Diretrizes Curriculares para a Educação
Municipal de Curitiba (2006) de que a partir de saberes historicamente situados e de
práticas educacionais pautadas na cooperação, na colaboração, no respeito mútuo,
no respeito à diversidade étnico- racial e cultural, na inclusão irrestrita, nos valores
éticos e na preservação da vida, é
que se pensou neste projeto como uma possibilidade de levar as crianças a
conhecerem o “diferente” presente no seu cotidiano, o autoconhecimento e a

6
SME - Graduada em Pedagogia pela UFPR, pós-graduada em Psicopedagogia, Professora do
Fundamental I da Rede Municipal de Educação de Curitiba, leomarischip@hotmail.com
7
SME - Graduada em Arte- Educação pela FAP, mestranda em Educação: Teoria e Prática do Ensino
pela UFPR, Professora do Ensino Fundamental I da Rede Municipal de Educação de Curitiba,
luzifal@yahoo.com.br
8
SME - Graduada em Pedagogia, pós-graduada em Educação Especial pela PUC-PR, Professora
do Fundamental I da Rede Municipal de Educação de Curitiba, monymarca@yahoo.com.br
construção de novos e diferentes saberes. O estudo da criança árabe e sua cultura
trouxe à tona a desmistificação do estereótipo atribuído ao povo árabe, possibilitando
o estudo de conceitos relacionados ao preconceito, ao racismo, a diversidade
buscando chegar o mais próximo do que Baibich (2012) chama de pedagogia do
antipreconceito. O contato dos alunos com crianças refugiadas sírias criou o que se
pode chamar de empatia e favoreceu novas aprendizagens dentro da perspectiva em
que segundo RÜSEN (2010) a consciência histórica vem à tona ao contar narrativas,
isto é, histórias, que são uma forma coerente de comunicação, pois se referem à
identidade histórica de ambos: comunicador e receptor.

Palavras-chave: Cultura Árabe. Crianças. Refugiados.

A EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NO MUNICÍPIO DE SÃO


JOSÉ DOS PINHAIS: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS, FORMAÇÃO DE
PROFESSORES E CURRÍCULO

Solange Aparecida Rosa9

Esta pesquisa teve por objeto identificar a política de formação continuada


empreendida pela Secretaria Municipal de Educação (SEMED) de São José dos
Pinhais com o propósito de formar professoras/es para trabalhar com a educação
para as relações étnico-raciais. O recorte temporal foi o período de 2013 a 2016 e as
principais referências para análise foram as legislações educacionais que tratam do
tema, especialmente, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (alterada pelas leis
10.639/03 e 11.645/08) e o Plano Nacional de Implementação das Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino
de História e Cultura Afro-brasileira e Africana (PNI-DCN-ERER) de 2009. Foram
utilizados como ferramentas metodológicas para essa pesquisa a análise qualitativa,
análise documental de legislações educacionais do município. Realizamos oito
entrevistas semiestruturadas, sendo sujeitas/os: duas chefes de departamentos
(educação infantil e ensino fundamental) e seis coordenadoras/es de área/disciplina
que desenvolvem a formação continuada no município. Baseado no estudo das
fontes, documentos e nas entrevistas realizadas é possível afirmar que entre os anos
de 2013 a 2016 aconteceram ações de formação continuada que se referem à
educação para as relações étnico-raciais. A matriz curricular foi o principal vetor
dessas ações e práticas desenvolvidas nas escolas, porque indica conteúdos sobre
populações indígenas e negra brasileira e africana. Os conteúdos estão presentes
nas disciplinas de matemática, ensino religioso, artes, sobretudo, e em maior ênfase

9
Mestre em educação (UFPR). Especialização em educação das Relações Étnico-raciais
(UFPR).Formada em pedagogia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR)
na disciplina de história que trata da diversidade da população brasileira de forma
mais equânime. Os dados coletados indicam que, mesmo sem uma política
sistematizada de aplicação da legislação antirracista, a educação das relações étnico-
raciais não está ausente do currículo do município, seja a partir da organização
curricular ou ainda pelas ações isoladas de algumas professoras e professores que
desenvolvem o trabalho efetivo em suas salas de aula. Um dos limites da pesquisa
foi não ter realizado entrevista com as/os professoras/es, já que isso daria um
panorama maior da efetivação da política da ERER. Outra limitação constatada é a
não formação específica das/os coordenadoras/os área que realizavam a formação
continuada no município

Palavras-chave: Formação de Professoras/es. Educação paras as relações étnico-


raciais. Políticas Educacionais. Currículo.

FAZENDO CIÊNCIA E ARTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL PARTINDO DE UMA


EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS

Geovane Santos da Silva10

O presente trabalho visa relatar a experiência com crianças de 4 a 5 anos de idade


da Educação Infantil, o período corresponde ao ano de 2018. Trata-se de um relato
de experiência que teve origem em um projeto pedagógico institucional que tem como
objetivo geral promover a educação para as relações étnico-raciais, porém para
adequar o projeto a realidade da turma, foram estabelecidos os seguintes objetivos
específicos: identificar as influências da cultura africana na cultura brasileira; explorar
a temática das relações étnico-raciais para promover a ciência e arte. A metodologia
é de natureza participativa, onde o professor atua como mediador e a criança atua
como protagonista na construção do conhecimento. Entre os recursos didáticos e
pedagógicos utilizamos destacamos: o livro Bruna e a galinha d’Angola (ALMEIDA,
2000), mapas Mundi, Continente Africano, Brasil, Angola e Diáspora Africana (A Cor
da Cultura, 2013). Para fundamentação teórica no que tange as relações étnico-
raciais utilizei textos de (SILVA JÚNIOR, 2012), (ARAUJO; SILVA, 2012), (SECAD,
2006), no que se refere ao delineamento de conteúdos e metodológica de ensino está
fundamentada em (PINHAIS, 2013), Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação
Infantil (MEC, SEB, 2010) e BNCC(2017). Os resultados revelaram que as crianças
quando provocadas conseguem apontar elementos culturais afro-brasileiros, também
demonstram que as relações étnico-raciais abrem um leque de possibilidades para
um trabalho interdisciplinar, com permitindo não só o ensino de conteúdo científico,
mas também possibilitou despertar nas uma postura investigativa e também

10
UFPR – Mestrando em Educação em Ciências e em Matemática, Orientadora Profa. Dra. Camila
Silveira da Silva, geovanecwb@gmail.com
discussões sobre ciência e tecnologia o que desencadeou numa exploração de
diferentes recursos para um fazer artístico voltado para a temática.

Palavras-chave: Relações Étnico-raciais. Ciência e Arte. Educação Infantil.

BRANQUITUDE NA INFÂNCIA: PRINCÍPIOS PARA UMA EDUCAÇÃO


ANTIRRACISTA

Aldia Mielniczki de Andrade11

A partir de diálogos sobre branquitude, pensando na lógica do racismo que está


presente na vida de forma implícita ou explícita, continuamos a nos classificar por
raças o que causa impactos na vida de cada um de nós de acordo com nossa
pertença racial. Parte-se do problema que o racismo é estrutural e estruturante, mas
o que isso quer dizer? Que é preciso pensar no racismo a partir das estruturas sociais
e como a sociedade trata o racismo impondo normativas de branquitude que
privilegiam os brancos desde o período colonial num país que é constituído em sua
grande maioria por pretos ou pardos. É preciso pensar de que forma costuma-se tratar
as questões raciais na educação infantil. Na maioria das vezes parte-se de questões
da negritude com abordagens relacionadas à violência, pobreza, baixo índice de
acesso à creche. Faz-se necessário tencionar metodologias que discutam questões
da branquitude na infância e a percepção do privilégio branco, a partir da consciência
de que ser branco carrega significados que vão além da cor de pele, demonstrar que
é imprescindível a mudança de postura dos educadores quanto a forma de
nortear/planejar o trabalho realizado “com e para as crianças” no interior das
instituições educativas. Se o branco é privilegiado por sua cor de pele, precisa
compreender que também faz parte de uma raça, que sua racialidade não é invisível.
Essa temática ainda é pouco discutida na educação, explana assim a necessidade
de estudos sobre identidade racial branca para uma educação antirracista com a
elaboração de estratégias coletivas da gestão e dos professores para analisar como
organizam os ambientes (salas, corredores, refeitórios, banheiros, murais),escolha
dos temas discutidos nas formações em serviço, currículos, encaminhamentos
pontuais realizados com situações percebidas com crianças brancas e negras, as
formas de tratamento entre as crianças, como forma de superação do racismo. A
presente discussão, está embasada nas produções teóricas que tratam essa temática
como Cintia Cardoso (2018), Lourenço Cardoso (2010), Flavio Santiago (2014), Maria
Aparecida da Silva Bento (2014), Lucimar Rosa Dias (2012), Fulvia Rosemberg
(2014) e bell hooks (2013). A partir dos estudos que vêm sendo realizados, com as
práticas pedagógicas observadas em cotidianos de creches conclui-se que estudos
da branquitude são essenciais para tornar as experiências infantis plurais,

11
Membra grupo de Estudos ErêYá,
mestranda em Educação na UFPR, Pedagoga de
Educação Infantil na Rede Municipal de Curitiba. aldiaandrade@gmail.com
conscientizando a criança branca de seu papel antirracista desde pequena e em
contrapartida dando visibilidade ao pertencimento racial de cada ser humano.

Palavras-chave: Branquitude. Educação infantil. Educação antirracista.

CULTURA AFRO-BRASILEIRA E AFRICANA NA EDUCAÇÃO INFANTIL DE


CRIANÇAS DE 0 A 3 ANOS: UM LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO

Luana Batista Salça12

A obrigatoriedade do ensino da história e cultura africana e afro-Brasileira, tem


promovido o acesso ao direito de (re) conhecimento a história e cultura de um dos
povos que compõem a nação brasileira. Com foco neste assunto originou-se o projeto
de pesquisa: O que dizem as crianças pequenas sobre a cultura afro- brasileira e
africana? Uma incursão pela creche. Este projeto buscou analisar como se dá
apropriação da cultura africana e afro-brasileira na educação infantil, entre crianças
de 0 a 3 anos. Esta pesquisa tem como objetivo apresentar uma revisão de literatura
com foco em trabalhos que abordassem a cultura africana e afro-Brasileira e o que
psicologia tem contemplado em seus estudos sobre a formação identitária de crianças
pequenas de 0 a 3 anos no período temporal de 2008 a 2018. Os bancos dados
utilizados foram: Google Acadêmico e Periódicos Eletrônicos em Psicologia (Pepsic).
Os resultados apontaram que as produções analisadas tiveram uma preocupação em
torno da educação de crianças 0 a 3 anos sobre o ensino da temática. Outro
apontamento é que nem sempre o assunto é visto como algo importante ou
necessário dentro do próprio corpo escolar. Verificamos também que algumas
creches só fazem a aplicação da Lei 10.639/03 em datas específicas ou tratam o
assunto sem dar a complexidade necessária. Portando, as creches em sua maioria
continuam a ter um olhar etnocêntrico. Por fim, não encontramos nenhuma menção
da psicologia sobre o assunto, sendo assim verificado uma carência no que refere-se
ao tema.

Palavras-chave: Creche. Lei 10.639/03. Crianças Pequenas. Relações étnicos-


raciais.

NEGRITUDE NA EDUCAÇÃO INFANTIL: OLHARES E PERSPECTIVAS

Danielle Lourenço13

12
Membra grupo de Estudos ErêYá, Bolsista da Fundação Araucária, Graduanda em psicologia na
UFPR.
13
UFPR - Graduada em Pedagogia, pós-graduada em Educação Especial e Inclusão pela Faculdade
de Pinhais e Neuroaprendizagem pela Faculdade São Braz. Cursista no curso de Aperfeiçoamento em
Educação, Pobreza e Desigualdade Social pela UFPR. Vice-diretora pela Secretaria de Estado da
O trabalho acima intitulado objetivou realizar uma breve análise acerca das
implicações relacionadas aos tensionamentos estabelecidos nas relações raciais no
Centro Municipal de Educação Infantil Aprendendo e Crescendo, localizado no
município de Pinhais. A pesquisa se fez ao longo de seis meses do corrente ano,
observando-se crianças haitianas de dois a três anos de idade nas interações e
brincadeiras no cotidiano e, na realização de entrevistas com algumas famílias
haitianas e educadores. O trabalho surge da necessidade posta nos espaços
educativos sobre a ausência de problematização em torno concepção de negritude e
desigualdade social presente no contexto da creche e das políticas públicas de
atendimento à população negra, sobretudo do combate às desigualdades de acesso,
permanência e sucesso na educação infantil. Embora muito se busque refletir sobre
a diferença e a desigualdade já identificadas e instauradas, verifica-se que muitos
profissionais da educação, por vezes, não se colocam na condição de olhar, no
sentido social, para os sujeitos com os quais contribui para a formação todos os dias.
Conforme Rosemberg (2014) aborda, neste contexto, nem mesmo políticas
afirmativas ainda dão conta de superarmos, enquanto nação, o racismo, assim, se faz
urgente pensar desde a educação infantil sobre os dados que ainda reforçam a
segregação e a exclusão de negros e aspectos que levem, ainda que
involuntariamente, à perpetuação do racismo nas relações. Isso posto, ao longo da
observação e das conversas informais com as famílias haitianas, muito se refletiu
acerca da função social da educação para essas crianças pequenas, negras e pobres.
Sobre como as famílias destas crianças se percebem neste contexto, bem como
sobre suas perspectivas de presente e futuro. Com base nas conversas com as
famílias, foram realizadas ainda formações continuadas com os educadores atuantes
na unidade educacional que buscou, coletivamente, estratégias pedagógicas de
visibilidade e protagonismo das crianças haitianas a partir de vivências lúdicas que
também traduziam um pouco de suas culturas como forma, inicial, de busca da
diminuição da desigualdade racial provocada pela diferença, a partir do
reconhecimento da diversidade.

Palavras-chave: Educação Infantil. Haitianos. Pobreza. Desigualdade Social.

REFLEXÕES A PARTIR DA IMPLEMENTAÇÃO DE PRÁTICAS PROMOTORAS


DE IGUALDADE RACIAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Adriele Lia da Silva14

Educação do Paraná, Pedagoga da Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Pedagoga no CMEI


Aprendendo e Crescendo da Secretaria Municipal de Educação de Pinhais. E-mail:
danielle.lorenco@escola.pr.gov.br
14
FAINSEP – Graduada em Pedagogia, Professora, adrielelia@hotmail.com
Elaine Loungblood15

O relato de experiência trata-se de um resgate do trabalho realizado por duas


professoras que atuam no CMEI Nossa Senhora de Fátima na turma do Pré II, que
apresentam reflexões a partir de práticas para educação das relações étnico-raciais
no espaço da educação infantil. No momento atual , o grupo apresenta harmonia nas
brincadeiras, em roda conversam diariamente sobre o respeito às diferenças e
qualidades que cada um possui, ao guardar os brinquedos cantarolam frases
completas de músicas africanas do cancioneiro infantil, reconhecem elementos da
cultura africana nas ações lúdicas realizadas fora do CMEI, sugerem o uso dos
bonecos que valorizam as diferenças em diversos momentos do cotidiano, nos
registros em desenho é possível observar pertencimento e identidade, pois utilizam
diversos tons de pele nas representações. No relato, a equipe resgata registros
realizados a partir do ano de 2017, e através das fotos e documentação realizam a
reflexão de que essa realidade se tornou possível, através do olhar sensível as ações
das crianças, que diversas vezes trouxeram situações constrangedoras, e que com
conhecimento e formação foi possível intervir, transformar e ampliar conhecimento
sobre a temática. Através das fotos e registros, é possível observar a escuta ativa
utilizada no planejamento das práticas pedagógicas e as várias atividades que
contemplaram as relações étnico raciais. Conclui-se que os adultos se tornam
reprodutores de novas possibilidades, o que levou as crianças a constituírem
identidades positivas, pois neste percurso valorizou-se as diferenças e a cultura
africana, desenvolvendo assim um comportamento pautado na igualdade.

Palavras-chave: Educação infantil. Educação Antirracista. Relações Étnico- Raciais.

15
UFPR - Graduanda em Pedagogia, Professora, elaineioungblood@hotmail.com
GT
02
FORMAÇÃO DE PROFESSORES (AS) E EDUCAÇÃO PARA AS
RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS16

27/11 – 18:30-21:00 SALA 223

Coordenação: Profª Doutoranda Marlina Oliveira; Mestranda. Vanessa Rocha; Profª Dra
Claudemira Vieira Gusmão Lopes

A complexidade das relações raciais em nossa sociedade teve como pano de fundo o processo
de escravização de africanos que foram trazidos ao Brasil de forma compulsória. Por um lado,
esse fato criou, após séculos de história, naquele que foi escravizado e em quem escravizou,
representações sociais e subalternização e, por outro lado, fez com que negros e negras lutassem
contra esses processos de violência física e simbólica presentes inclusive na educação escolar.
Nesse contexto, é que se forjaram leis, decretos e pareceres para que fosse implementado nas
escolas uma educação que promovesse a igualdade das relações raciais. Esse processo
demandou das universidades muitas pesquisas. Nesse sentido, o Grupo de Trabalho “Formação
de Professores e a Educação das Relações Étnico-Raciais – ERER ” tem como objetivo
apresentar esses estudos, seja por meio de pesquisas em andamento ou de relato de
experiências, desde que voltados à Formação de Professores na perspectiva da ERER,
privilegiando processos formativos desde a Educação Básica até o Ensino Superior. A
relevância dessa temática reside no fato da mesma apresentar a possibilidade de visibilizar e
(re)conhecer o grande esforço teórico que os pesquisadores vem fazendo nessa área,
principalmente no que tange à formação de professores e professoras dos diferentes níveis
educacionais.

16Como o GT de Formação de Professores teve 18 trabalhos, para viabilizar a participação de todos


as discussões dos trabalhos foram divididas em dois grupos e salas GT2 A e GT 2 B.
RESUMOS

AS CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO DO MOVIMENTO SOCIAL NEGRO


EDUCADOR

José Ediane Pereira da Silva17

O estudo objetiva apresentar as análises e reflexões presentes na obra O Movimento


Negro Educador: saberes construídos nas lutas pela a emancipação (GOMES, 2017).
O tema foi trabalhado no curso da Formação Ação Disciplinar (FAD) 2018, na área
da disciplina de História, no Núcleo de Educação de Toledo-Pr. Naquela oportunidade
a formação possibilitou apresentar a temática aos profissionais da área de História e
construir um debate voltado sobre a importância das lutas do movimento social negro,
como um dos meios educativo e emancipatório da sociedade brasileira. As
informações bem como as reflexões materializadas no livro citado e analisadas
durante o (FAD) apresento nesta comunicação, como um objeto de pesquisa
preliminar, na tentativa de analisar como um corpus na perspectiva da teoria da
Análise do Discurso. O discurso presente na obra apresenta variações de sentidos
prontificados por algum ponto de referência que se apresentam nas lutas do
movimento social negro como elementos característicos que se materializa por meio
das manifestações que se expressam. Este discurso materializado e registrado na
memória passa a influenciar o viver, criar, fazer e o relacionar dos sujeitos que
vivenciam as lutas e por outro lado estes passam por meio de alguma forma expressar
e propagar as referências recebidas como condições de produção de uma dada
realidade. No livro Análise de Discurso: princípios e procedimentos (ORLANDI,
2005)destaca que as condições de produção, compreendem fundamentalmente os
sujeitos e a situação, ou seja, como os sujeitos se veem dado há uma situação criada
independente de si e que, no entanto faz sentido para o seu viver. Esta compreensão
do sentido está no sujeito no seu subconsciente construído pelo conhecimento do
contexto sócio-histórico ideológico dado em alguma situação e amalgamado em sua
memória e desta processa-se a ação que permite a materialização dos discursos que
apresentam como realidade. Nesta perspectiva propõe-se um estudo na tentativa de
identificar as condições de produção que permitem a afirmação da existência do
Movimento Social Negro Educador.

Palavras-chave: Movimento Social Negro. Discurso. Condições de produção.

17
UNIOESTE – Grupo de Estudos e Pesquisa em Análise do Discurso (GEPADI) Cascavel-Pr. Mestre em
Sociedade, Cultura e Fronteiras . Professor: História e Língua Portuguesa. E-mail: profdionemcr@seed.pr.gov.br
CAMINHADA NEGRA POR CURITIBA

Maritana Drescher da Cruz18

Esse trabalho é um relato de experiência de formação de professoras (es) intitulada


“caminhada negra por Curitiba” realizada no Colégio Estadual Vereador Raulino
Costacurta, localizado no município de Colombo. Tal proposta é um recorte do trajeto
original elaborado pelo “projeto da Linha Preta”. Inicialmente seria realizada com
estudantes como parte das ações da equipe multidisciplinar desse colégio. Entretanto
alterou-se o público alvo da atividade durante o decorrer do ano pela necessidade de
formação para professoras (es) que compunham a equipe. A proposta alia-se ao
pensamento de (GOMES, 2017)que nos diz que “na luta pela superação desse
quadro de negação de direitos e de invisibilização da história e da presença de um
coletivo étnico-racial que participou e participa ativamente da construção do país”. Tal
formação tinha como objetivo contribuir para os processos formativos das professoras
(es) para ERER e percorrer os lugares de presença negra e sua participação na
construção de Curitiba, atividade realizada em cumprimento a lei 10.639/03 que
segundo (GOMES ,2017) “foi no início do terceiro milênio que uma demanda
educacional do Movimento Negro desde os anos de 1980 foi finalmente contemplada”
. A caminhada foi realizada no centro histórico de Curitiba no dia 26 de outubro de
2019 como parte integrante de processos formativos propostos pela SEED as (aos)
professoras (es) e funcionárias(os) do colégio. Percorremos alguns pontos da “linha
preta” iniciando pela Associação 13 de maio, onde fomos recebidas (os) pelo Sr.
Álvaro da Silva, presidente daquela associação que dividiu conosco um pouco das
histórias de resistências. Ao passamos pelas Ruínas do São Francisco, Igreja do
Rosário, Bebedouro, Gameleiras sagradas, Arcadas do pelourinho e Água pro morro
fizemos paradas seguidas de breves explicações. Dessa experiência transbordam
relatos fecundos, que compartilho aqui algumas frases: “Após essa caminhada, tudo
começa a ter sentido e ocupar lacunas abertas pela falta de informação”, “ a 13 de
maio mostrou-me que não apenas culturas européias contribuíram para nossa
cultura”, “eu não imaginava que influência negra em Curitiba era tão forte”, “temos
que apresentar essas riquezas aos nossos alunos” .Considera-se que a experiência
foi percebida como enriquecimento ao apresentar uma parte da (Curitiba negra) que
essas professoras e professores desconheciam.

Palavras-chave: Linha preta. Formação de professores.

18
Mestra no Programa de Pós-Graduação em Educação: Teoria e Prática de Ensino – Mestrado Profissional da
Universidade Federal do Paraná. Professora da Rede Estadual de educação/PR. E-mail:
maritana.historia@gmail.com
COMO OS INTEGRANTES DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR COMPREENDEM
ESTA FORMAÇÃO DOCENTE PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS? UMA
ANÁLISE DOS DISCURSOS DOS DOCENTES EM FORMAÇÃO

Maísa Cardoso19
Cloris Torquato20

Esta pesquisa é um recorte de uma tese de doutorado, cuja temática é a formação


docente para as relações étnico-raciais na Equipe Multidisciplinar (EM). Neste artigo,
focaremos nos resultados de um dos objetivos da pesquisa: analisar como a formação
é compreendida pelos interlocutores dos encontros da EM. Entendemos a
necessidade de pensar aspectos da implementação de políticas afirmativas dos
últimos anos, principalmente as ações afirmativas legais como as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino
de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana e as Diretrizes para Educação Escolar
Indígena, como também as Leis Nº 10.639/03 e Nº 11.645/08. A Equipe
Multidisciplinar (EM), criada no Paraná em 2010 (COQUEIRO et al., 2013), visa
implementar essas políticas, construindo um contexto contínuo de discussão étnico-
racial nas escolas públicas paranaenses. A partir de uma Análise Dialógica,
fundamentada nas discussões do Círculo de Bakhtin (BAKHTIN, 2010, 2002, 2003;
BAKHTIN/VOLOCHINOV, 2006), pudemos perceber novas perspectivas formativas,
de modo a partir da realidade e das questões docentes, contemplando suas
demandas e contradições específicas da formação antirracista. Dentre os
embasamentos para discussão, estão as discussões da Educação para as Relações
Étnico-raciais (QUIJANO, 1992; GONÇALVES e SILVA, 2007; MUNANGA, 2005;
MUNDURUKU, 2012; BANIWA, 2006); Formação docente e saberes docentes
(TARDIF, 2014; FREIRE, 2002). No campo da Linguística Aplicada, esta pesquisa
qualitativa etnográfica gerou dados em reuniões no processo anual da equipe.
Algumas conclusões foram apontadas quanto a esse objetivo: a EM é reforçada como
contexto de formação antirracista na escola, sendo compreendida pelos interlocutores
como lugar de construção de relatos subjetivos sobre discriminação racial, bem como
lugar de ressignificação das identidades étnico-raciais; dentre as identidades raciais
mais representadas nos trechos de enunciados, estão a identidade do homem/povo
negro e da mulher negra, sendo os discursos sobre a identidade indígena ora
silenciados ora imersos em visões essencialistas.

Palavras-chave: Formação docente. Relações étnico-raciais. Análise dialógica.

19
UFPR –Doutora em Letras, Professora da Secretaria de Educação do Paraná, isamahisa@gmail.com
20
UFPR–Doutora em Letras ,Professora orientadora, clorisporto@gmail.com
EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS POR MEIO DOS NÚCLEOS DE
ESTUDOS AFRO-BRASILEIROS E INDÍGENAS

Flávia Rodrigues Lima da Rocha21


Andressa Queiroz da Silva22
Wálisson Clister Lima Martins23

Os Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabis) são unidades formadas


dentro das Instituições de Ensino Superior, desde as universidades aos institutos
federais, desde meados do século XX, a princípio com estudos apenas voltados para
o campo afro-brasileiro, tendo a temática indígena acrescentada no decorrer dos
anos. O Neabi da Universidade Federal do Acre (Ufac) foi institucionalizado no final
de 2018, embora nesta instituição já venha desenvolvendo políticas de promoção de
igualdade racial há algum tempo, inclusive no campo da formação de professores.
Entretanto, desde sua institucionalização o Neabi/Ufac fortaleceu seu histórico de
formação para a educação das relações étnico-raciais (ERER) e no ano de 2019
desenvolveu diversos tipos de formação para um público muito diversificado, desde
assessores pedagógicos do estado à alunos de graduação e comunidade externa. É
importante ressaltar que as formações oferecidas pelo Neabi/Ufac vêm cumprir
importante papel na busca de uma educação antirracista e no rompimento com um
currículo tradicionalmente eurocêntrico, buscando assim suprir de alguma forma,
ainda que limitada, a ausência desses conteúdos em todas as esferas da educação,
desde a Básica ao Ensino Superior, muito embora a LDBN/1996 obrigue e ensino de
história e cultura africana, afro-brasileira e indígena. Este trabalho objetiva mapear as
formações ministradas pelo Neabi/Ufac, bem como oferecer uma reflexão crítica
sobre a importância destas formações e compreender os desafios que tais formações
enfrentam para poderem se concretizar. Esta pesquisa foi desenvolvida por meio de
análise das atas das reuniões dos núcleos, que contenham as agendas, os
planejamentos e as avaliações ministradas pelo Neabi, bem como por depoimentos
de membros que participam ativamente destas atividades formativas. Esta pesquisa
é apoiada principalmente em Gomes (2017, p. 14) que defende o papel do movimento
negro brasileiro como educador, produtor de saberes emancipatórios e um
sistematizador de conhecimentos sobre a questão racial no Brasil; e em Rodrigues;
Cardoso; Silva (2019, p.21), que discutem o potencial formativo dos Neabs em ERER
dentro de suas instituições. Essa pesquisa demonstrou que a formação do Neabi/Ufac

21
Ufac–Licenciada em História, Mestre em Letras. Doutorando em Educação, pela UFPR, Professora de História,
Coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas da Universidade Federal do Acre,
flavia_rocha80@hotmail.com
22
Ufac – Licenciada em Letras/Português, Mestranda em Letras: linguagens e identidades. Professora de
Português da Secretaria de Educação e Esporte do Estado do Acre. Membra do Núcleo de Estudos Afro-
Brasileiros e Indígenas da Universidade Federal do Acre. andressa.queiroz.silva@hotmail.com
23
Ufac – Licenciado em História, Mestrando em Educação. Membro do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e
Indígenas da Universidade Federal do Acre.wclmarti’ns@gmail.com
ampliou as possibilidades de formação para ERER não apenas em quantidade de
atividades formativas, mas em alcance e diversidade de público, dada a
institucionalização do núcleo, bem como em qualidade, devido ao formato agregador
que ganhou o Neabi/Ufac, por meio de seu estatuto, permitindo assim uma riqueza
maior na diversidade de conteúdos, devido à diversidade dos sujeitos que o compõe.

Palavras-chave: Neabi/Ufac. Formação em ERER. Movimento Negro Educador.

O ENSINO DA HISTÓRIA E DA CULTURA AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA:


EM QUESTÃO O PAPEL DA COORDENADORA PEDAGÓGICA NA
CONSTRUÇÃO DE UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA ANTIRRACISTA

Marlina Oliveira Schiessl24


Tatiane Ventura25

Este trabalho tem por objetivo apresentar uma experiência de Coordenação


Pedagógica e o trabalho sobre a Educação das Relações Étnico-Raciais
desenvolvido em um contexto de Ensino Fundamental numa Escola Pública Municipal
em Brusque/SC. Temos por objetivo apresentar os procedimentos utilizados na
construção dessa proposta de trabalho que envolveu estudantes, professores de
diferentes componentes curriculares e a comunidade escolar no processo de ensino
da História e da Cultura Afro-Brasileira em uma Rede Municipal que não possui a
tradição de contemplar a temática em questão de maneira sistematizada. Desse
modo, por meio de um relato de experiência, evidenciaremos os processos
desencadeados e os procedimentos adotados nesta realidade escolar, a partir da
atuação da coordenadora pedagógica, para desenvolvimento desta proposta que
esteve inserida neste contexto educacional durante o ano letivo. Os resultados
demonstraram que este trabalho contribuiu para construção de uma educação
antirracista extremamente potente, pois, inseriu os diferentes sujeitos educacionais
em um processo auto formativo e contribuiu para que estudantes, professores e
comunidade escolar ampliassem o conhecimento em torno da cultura africana e afro-
brasileira.

24
Coordenadora Pedagógica atuante no segmento da Educação Infantil da Rede Municipal deBrusque.
Licenciada em Pedagogia pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões- URI Campus
Erechim. Mestra em Educação pela Universidade Federal da Fronteira Sul- UFFS Campus Erechim. Doutoranda
em Educação pela Universidade Federal do Paraná. E-mail: marlinachiessl@gmail.com
25
Coordenadora Pedagógica atuante no segmento do Ensino Fundamental - Anos Finais na Rede Municipal de
Brusque - Licenciada em História pela Unifebe - Brusque. Especialista em Educação Especial e em Gestão e
Coordenação escolar pela Sensupeg, E mail: prof.tativentura@hotmail.com
Palavras-chave: Educação das Relações Étnico-Raciais. Coordenação Pedagógica.
Educação Antirracista.

SOB MÚLTIPLOS VÉUS

Rozana Teixeira – Mestre Unisul26


Tânia Mara Pacífico – Mestre UFPR27

O presente artigo é resultado de uma pesquisa realizada em dois colégios públicos


nas cidades de Pontal do Paraná e Curitiba-Pr. Envolveu um grupo de alunos dos
anos finais do Ensino Fundamental e um aluno do Ensino Médio. Os objetivos deste
trabalho foram apresentar e discutir a interseccionalidade da diferença na diversidade
envolvendo a aprendizagem de alunos representantes da negritude e da branquitude
(surdez x negritude; surdez x branquitude; negritude x altas habilidades). Para isso
procuramos responder as seguintes indagações: As condições de aprendizagem de
um aluno negro surdo são semelhantes a aprendizagem de um aluno surdo
representante da branquitude? A diferença é encarada como um grande desafio de
aprendizagem independente da diversidade? Os aportes teóricos que respaldaram a
fundamentação deste artigo sobre diferença; diversidade; interseccionalidade;
racismo foram: Carlos Scliar (1999); Kimberlé Crenshaw (2002); W.E. Du Bois (1999);
Frantz Fanon (2008); Fernandes (2003); Gomes (2012); Cardoso (2010); Lopes
(2002). A pesquisa se situa no campo investigativo qualitativo e o instrumento de
investigação foi um questionário semi estruturado aplicados com a direção e equipe
pedagógica das escolas em questão. Os resultados indicam que: professores e
pedagogos apresentaram uma sensibilidade maior para ir em busca de soluções para
os problemas de aprendizagem do aluno surdo/branco; professores e pedagogos
apresentaram uma insensibilidade, intolerância com as necessidades e suportes para
a efetivação da aprendizagem do aluno negro/surdo; professores e pedagogos
desacreditavam do diagnóstico de altas habilidades apresentado pelo aluno
negro/altas habilidades. A conclusão é que tanto os alunos negros/surdos e negro
com altas habilidades, quanto seu colega surdo/branco, não tiveram uma
aprendizagem condizente com o que diz o Estatuto da Pessoa com Deficiência, se
depararam com professores e pedagogos despreparados, sem condições de realizar
os ajustes pedagógicos necessário para que a aprendizagem fosse eficiente,
produzindo aprendizes autônomos. Entretanto, o pertencimento etnicorracial se
revelou o véu com espessura maior que produziu desequilíbrio e se mostrou
desencadeador de uma série de dificuldades e sobreposição preconceitos sofridos

26
Rozana Teixeira.
27
Taniapacífico@hotmail.com
pelos alunos negros nas suas diferenças. A branquitude foi aflorada de duas
maneiras: na ação dos professores em seus cuidados maiores com o aluno
surdo/branco como representante da espécie e na preocupação em defender um
semelhante.

Palavras-chave: Diferença. Diversidade. Negritude. Branquitude.

A COSMOLOGIA IORUBÁ EM SALA DE AULA: UMA CONTRIBUIÇÃO


DIDÁTICA

Maristela Carlos28
Naor Franco de Carvalho29

A lei 10.639/03 que versa sobre a obrigatoriedade da História e Cultura Afro-brasileira


na educação básica não é cumprida por muitos(as) docentes em sala de aula. Devido
a essa constatação, é necessária a afirmação de dispositivos como atividades
pedagógicas que sensibilizem docentes e discentes para uma maior compreensão
sobre a temática. Neste sentido, este trabalho faz a proposição de uma intervenção
pedagógica que instrumentalize os educadores para uma ação que promova o
reconhecimento da cultura afro-brasileira. A pretensão é aproximar educadores e
posteriormente educandos das concepções culturais, mitológicas e religiosas dos
iorubás – povos localizados na Nigéria e na Republica de Benin e que se fixaram no
Brasil devido à diáspora. Esta abordagem estimulará o (re)conhecimento dos mitos e
fazeres místicos iorubanos - os quais são experienciados através da existência dos
orixás (deuses do panteão iorubá). Como metodologia o professor deverá
primeiramente fazer a leitura do texto “A menina esquecida” contido no capítulo 1 do
livro Aimó: Uma viagem pelo mundo dos orixás”, escrito pelo sociólogo Reginaldo
Prandi (PRANDI, 2017); posteriormente o docente estimulará uma roda de conversa
com os estudantes sobre o entendimento e reflexão do texto, bem como o
entendimento dos mesmos sobre a existência mitológica dos orixás; neste momento
é necessário que o educador busque um conhecimento a priori e dialogue com os
estudantes sobre a cultura iorubá e sua mitologia, bem como a presença dessa
mitologia e sua atuação no contexto brasileiro devido a diáspora africana – a
cosmovisão iorubá-descendente (ALCANFOR, BASSO, 2019, p.2). Como
desdobramento dessa primeira ação, o professor aproximará os estudantes do
panteão de alguns orixás da mitologia iorubana( Obatalá, Exu, Nanã, Iansã, Ifá,
Oxossi, Ogum, Xangô, Obá, Olodumare, entre outros) através do uso de imagens
sobre os mesmos, bem como a história que os perpassa. Esta atividade será
finalizada com uma ação teatral, na qual os estudantes farão uma interpretação do

28
UFPR - Graduado em 2012. Professora, marisprod@gmail.com
29
UEL - Graduado em 2013. Professor, naorufranco@gmail.com
texto anteriormente trabalhado e apresentarão à comunidade escolar. Essa
contribuição pedagógica pretende trazer como resultado uma experiência (DEWEY,
2011) tanto nos educadores quanto nos educandos sobre a riqueza mitológica e
religiosa, a qual provoque nos mesmos um atravessamento positivado a respeito da
cultura africana e afro-brasileira.

Palavras-chave: Lei 10.639/03. Proposta pedagógica. Mitologia africana.

DESCOLONIZANDO O CONHECIMENTO: UM RELATO DE


EXPERIÊNCIA COM DOCENTES DO COLÉGIO ESTADUAL QUILOMBOLA
DIOGO RAMOS
Vanessa Gonçalves da Rocha 30

O texto “Descolonizando o Conhecimento: Um relato de experiência com docentes do


Colégio Estadual Quilombola Diogo Ramos” é resultado de uma atividade de
formação continuada envolvendo docentes da Educação Escolar Quilombola, da
Comunidade Quilombola de João Surá, município de Adrianópolis-Paraná. O objetivo
principal deste relato é destacar a experiência formativa envolvendo discussões
acerca da concepção decolonial que permeia as práticas educativas que ocorrem no
colégio supracitado. A atividade ocorreu a partir da leitura e discussão dos textos
“Descolonizando o Conhecimento” de Grada Kilomba e “Interculturalidade Crítica e
Pedagogia Decolonial: in-surgir, re-existir e re-viver” de Catherine Whalsh. Por tratar
de discussões tão pertinentes ao contexto em que o colégio está inserido, os diálogos
foram gravados e sistematizados, e, por meio das falas transcritas no texto completo
do relato, pôde-se perceber como o corpo docente se mostra engajado na luta por
uma educação emancipadora que permite aos/às estudantes falarem e serem
ouvidos/as sobre seus saberes ancestrais, permitindo assim a intertextualidade entre
tais saberes e a cientificidade presente no processo de ensino e aprendizagem.

Palavras-chave: Decolonial. Descolonizar. Práticas Pedagógicas. Docentes.

30
Graduada em Letras, Professora da rede estadual do Paraná, mestranda em Educação pela Universidade
Federal do Paraná. E-mail: vanessagondaro@gmail.com
EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NAS LICENCIATURAS DA
UFPR - SETOR LITORAL.

Eliane Martins da Silveira31


Evandro Cardoso do Nascimento32

Um dos grandes passos em direção a luta contra o racismo no Brasil foi a criação da
lei 10.639/2003, que trata de políticas afirmativas que tem o objetivo de reparar
desacertos históricos que por muito tempo segregam a população negra. Mas ainda
existem muitos desafios a serem superados, como, por exemplo, a formação docente
adequada para trabalhar questões étnico-raciais na educação básica (MULLER et.
al.,2013). Esse trabalho objetiva investigar a presença de menções de conteúdos
necessários para trabalhar a Educação das Relações Étnico-Raciais (ERER) nos
Projetos Pedagógicos dos Cursos (PPC) das licenciaturas da UFPR Setor Litoral,
avaliando se os docentes dessa instituição estão trabalhando de acordo com o
previsto na legislação. Para identificar a presença da abordagem da temática nos
PPCs foi utilizados o software QDA Miner visando analisar e classificar menções de
temas relativos nos referidos documentos. Os cursos analisados foram Artes,
Ciências, Educação do Campo, Educação Física, Geografia e Linguagem e
Comunicação, constituindo todas as licenciaturas do setor. Ao todo foram
encontrados 39 menções dentre os PPCs analisados. A licenciatura que menos
apresentou resultados foi o de Ciências, com apenas 3 casos encontrados, sendo 2
delas classificadas como grupos de apoio. Essa característica apresenta fragilidades
quanto à efetividade na formação dos discentes, pois se trata de uma organização da
instituição, e não um componente obrigatório do curso. Geografia e Educação do
Campo foram os que mais previam o atendimento da temática diretamente em seus
módulos, apresentando os maiores números de casos, com 9 e 11 respectivamente.
Os cursos intermediários como artes e Educação Física, apesar de apresentarem 6 e
5 menções respectivamente, se destacam por expor menções na maioria das
categorias. Linguagem e Comunicação também apresentou 5 menções. Conclui-se
que a maioria das licenciaturas do setor atentou-se a inclusão das leis em seus PPCs,
com menções diretas às legislações ou aos seus textos. Os cursos mais atentos foram
Geografia e Educação do Campo, enquanto Ciências e Linguagem e Comunicação
apresentaram um número baixo de menções, e de maneira questionável. Desta
forma, identifica-se que a UFPR Setor Litoral apresenta uma desigualdade no
atendimento ao exigido pelas referidas leis, quanto aos seus cursos. Assim,
questiona-se se a universidade está formando futuros professores preparados para
auxiliar na construção da identidade dos alunos negros do litoral paranaense.

Palavras-chave: Relações Étnico-Raciais. Formação de Professores. Educação.

31
UFPR - Graduanda em Ciências, Discente, eliane.silveira94@gmail.com.br
32
UFPR - Graduado em História, Professor, evandrohistoria@hotmail.com
O TRABALHO PEDAGÓGICO E O ESCRAVISMO COLONIAL: NA
PERSPECTIVA DO CONHECIMENTO E DA TECNOLOGIA ADVINDOS DO
CONTINENTE AFRICANO.

Clemilda Santiago Neto33

A Formação continuada a ser levada a efeito com professores do Fundamental I e II,


da Rede Pública Estadual, no ano de 2020, está na perspectiva do refletir sobre o
“apagamento” da trajetória histórica e cultural de negros e negras escravizados na
colônia portuguesa chamada Brasil. É necessário o entendimento de que esses
homens e mulheres, oriundos do continente africano, foram selecionados pelo
conhecimento técnico que possuíam. De acordo com o Professor Doutor Henrique
Cunha Júnior, em seu artigo: Tecnologia Africana e o Escravismo Criminoso: “Como
eram feitos os diversos trabalhos, quais técnicas, as origens destas técnicas e quem
os fazia é uma discussão pouco realizada na nossa historiografia. Importante para a
compreensão ampla do nosso passado da formação da nossa cultura e história
(CUNHA JR,2015). Discutir sobre o processo de desqualificação social de negras e
negros, no período da escravização e também no pós-abolição o que gerou, na
sociedade brasileira, pensamentos de inferiorização e subalternização desta
população. Produzir de forma conjunta questionamentos sobre as produções de
alguns autores, como; Campos Neto (2018), que em A Fantástica Filosofia Grega
Clássica dos séculos VIII-V A.C, defendem que somente os gregos produziam
filosofia, ou seja, somente os gregos trabalhavam com a racionalidade científica,
induzindo assim ao pensamento que em África não existia filosofia e nem
conhecimento dentro da racionalidade científica. Immanuel Kant (1724-1804), por
exemplo, presença obrigatória nos currículos dos cursos de filosofia e livros no Brasil
e no mundo afora, na sua obra Observações Sobre o Sentimento do Belo e do
Sublime, de 1764, diz que: Os negros da África não possuem, por natureza, nenhum
sentimento que se eleve acima do ridículo. Resultado esperado: Novas perspectivas
de enfoque em sala de aula sobre o trabalho realizado por escravizados no Brasil
Colônia.

33
Historiadora, Especialista em Educação Patrimonial, clemilda.santiago@gmail.com
Palavras-chave: Trabalho pedagógico. Formação continuada. Apagamento.

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES: BRINCADEIRAS E JOGOS


AFRICANOS

Giorgia Cristina Alves Bezerra34


Karen Cristiane Kampa35
Luciana Gotfrid Selinga36

No Município de Araucária, a Secretaria Municipal de Educação (SMED), por meio do


Departamento de Articulação Pedagógica, ofertou, durante o ano de 2019, aos
professores que atuam nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental e na Educação
Infantil (Infantil 4 e 5) com o Componente Curricular de Educação Física, uma
formação de quatro horas sobre Jogos e Brincadeiras Africanas; participaram dessa
formação um total de 130 professores. Vale ressaltar que grande parte desses
professores não possuem graduação nessa área, tendo formação em Pedagogia ou
ainda em outras licenciaturas. Essa formação teve o objetivo de apresentar para
esses profissionais possibilidades de Jogos e Brincadeiras da Cultura Africana para
desenvolverem com seus alunos nas Unidades Educacionais, atividades que utilizam
materiais de fácil acesso e que não requerem muitos recursos ou espaço físico amplo.
Essa formação faz parte da proposta do Município, que prevê, ao longo do ano letivo,
encontros para capacitação dos professores de acordo com a área em que estão
atuando e são ministradas por profissionais da SMED. Nesse momento, foi levado ao
grupo a temática das Leis nº 10.639/2003 e nº 11.645/2008, que tratam da História e
Cultura Africana, Afro-brasileira e Indígena, e assim abordada a Unidade Temática
“Brincadeiras e Jogos”, que faz parte da “Organização Curricular de Araucária: um
compromisso com o direito ao conhecimento” (2019), documento municipal norteador
da educação que está atualizado de acordo com (BNCC). Essa formação foi teórico-
prática e os jogos apresentados eram fundamentados, apresentando-se a localização
geográfica e a qual grupo africano estes faziam parte, embasados na organização de
Débora Alfaia da Cunha e nomeados de “Brincadeiras africanas para a educação
Cultural” (2016). Os jogos foram selecionados para que atendessem diferentes faixas
etárias, que pudessem ser realizados em espaços amplos ou reduzidos e até mesmo
dentro da sala de aula, com ou sem uso de materiais que, em sua maioria, são
elementos presentes na natureza, visto que a Cultura Africana traz esta característica
à grande parte das atividades. Os Jogos trabalhados foram Terra-Mar, Pegue o
bastão, Amarelinha Africana, Ntsa e Wotswang Le Lesapo (cachorro que rouba o

34
PUCPR- Graduada em Educação Física, Professora, giorgia.bezerra@educacao.araucaria.pr.gov.br
35
UFPR- Graduada em Letras, Professora, karen.kampa@educacao.araucaria.pr.gov.br
36
PUCPR- Graduada em Matemática, Professora, luciana.selinga@educacao.araucaria.pr.gov.br
osso) e Mamba. Após essa formação obtivemos retorno positivo dos professores que
aplicaram esses jogos nas unidades educacionais, sendo alguns desses aplicados e
organizados no recreio dirigido, como intervenção para uma Escola Ativa.

Palavras-chave: Formação de Professores. Cultura Africana. Jogos e Brincadeiras.

OS MITOS, HISTÓRIAS E ITÃS PARA ENSINAR BOTÂNICA NO ENSINO


FUNDAMENTAL

Claudemira Vieira Gusmão Lopes37

O objetivo deste texto é refletir sobre a possibilidade de se usar as histórias, mitos e


itãs como estratégia para ensinar botânica e promover a igualdade das relações
étnico-raciais por meio de valores civilizatórios africanos ou indígenas. Até hoje
prepondera entre os professores e nos livros didáticos o ensino da botânica numa
perspectiva ocidental. Assim, a taxonomia e a botânica sistemática ainda hoje
nomeiam e classificam os seres vivos baseados no modelo criado por Linnaeus no
século XVIII, o considerando o pai da Taxonomia. Obviamente, que com o avanço da
ciência, atualmente essas classificações levam em consideração outras relações
evolutivas, estabelecidas por meio de anatomia, composição do DNA e
comportamento, entre os grupos. Entretanto, outros povos, além dos europeus,
contribuíram com seus conhecimentos para a classificação dos seres vivos, dentre
eles, africanos e indígenas. Como será que esses povos classificavam os seres
vivos? Quais os valores civilizatórios presentes nessas classificações que poderiam
contribuir para o ensino de ciências e biologia? Essa pesquisa, por meio de revisão
de literatura, encontrou muitos artigos, dissertações e teses sobre esse assunto.
Evidenciou-se a contribuição dos povos africanos e indígenas não só na classificação
dos seres vivos, como também herdamos modelos civilizatórios baseados na
oralidade, ancestralidade e outros valores civilizatórios. Constatou-se que é possível
ensinar botânica por meio de histórias, mitos e itãs africanos, um exemplo, é a lenda
de Ossaim e Oferenda, que ao evidenciar que para os africanos de origem Nagô, o
conceito de cura é mais amplo do que aquele presente na sociedade ocidental, pois
segundo o mito, não adianta ter o princípio ativo da erva, se não existir o poder da
palavra, expresso na oração. Nesse caso, a palavra tem o poder de despertar o
princípio ativo da planta para que a cura aconteça.

Palavras-chave: Valores civilizatórios. Formação de professores. Promoção da


igualdade racial.

37 Claudemira.lopes@bol.com.br
A EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NO MUNICÍPIO DE SÃO
JOSÉ DOS PINHAIS: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS, FORMAÇÃO DE
PROFESSORES E CURRÍCULO.

Solange Aparecida Rosa38

Esta pesquisa teve por objeto identificar a política de formação continuada


empreendida pela Secretaria Municipal de Educação (SEMED) de São José dos
Pinhais com o propósito de formar professoras/es para trabalhar com a educação
para as relações étnico-raciais. O recorte temporal foi o período de 2013 a 2016 e as
principais referências para análise foram as legislações educacionais que tratam do
tema, especialmente, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (alterada pelas leis
10.639/03 e 11.645/08) e o Plano Nacional de Implementação das Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino
de História e Cultura Afro-brasileira e Africana (PNI-DCN-ERER) de 2009. Foram
utilizados como ferramentas metodológicas para essa pesquisa a análise qualitativa,
análise documental de legislações educacionais do município. Realizamos oito
entrevistas semiestruturadas, sendo sujeitas/os: duas chefes de departamentos
(educação infantil e ensino fundamental) e seis coordenadoras/es de área/disciplina
que desenvolvem a formação continuada no município. Baseado no estudo das
fontes, documentos e nas entrevistas realizadas é possível afirmar que entre os anos
de 2013 a 2016 aconteceram ações de formação continuada que se referem à
educação para as relações étnico-raciais. A matriz curricular foi o principal vetor
dessas ações e práticas desenvolvidas nas escolas, porque indica conteúdos sobre
populações indígenas e negra brasileira e africana. Os conteúdos estão presentes
nas disciplinas de matemática, ensino religioso, artes, sobretudo, e em maior ênfase
na disciplina de história que trata da diversidade da população brasileira de forma
mais equânime. Os dados coletados indicam que, mesmo sem uma política
sistematizada de aplicação da legislação antirracista, a educação das relações étnico-
raciais não está ausente do currículo do município, seja a partir da organização
curricular ou ainda pelas ações isoladas de algumas professoras e professores que
desenvolvem o trabalho efetivo em suas salas de aula. Um dos limites da pesquisa
foi não ter realizado entrevista com as/os professoras/es, já que isso daria um
panorama maior da efetivação da política da ERER. Outra limitação constatada é a
não formação específica das/os coordenadoras/os área que realizavam a formação
continuada no município.

38
Mestre em educação (UFPR). Especialização em educação das Relações Étnico-raciais (UFPR).Formada em
pedagogia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Palavras-chave: Formação de Professoras/es. Educação paras as relações étnico-
raciais. Políticas Educacionais. Currículo.

REL(AÇÕES) ÉTNICO-RACIAIS: UM PERCURSO EDUCATIVO COM


PROFISSIONAIS DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
Maria Gabriela Neves39
Allan Henrique Gomes40

Diante dos impactos que as relações étnico-raciais têm na vida da população negra,
e a emergência da ampliação do debate para a Assistência Social, buscou-se
investigar as perspectivas dos trabalhadores do Sistema Único de Assistência Social-
SUAS de Joinville. A investigação realizou-se meio a pesquisa-intervenção a partir da
aplicação de oficinas estéticas com seis sujeitos representativos da rede SUAS.
Ocorreram três oficinas mediadas por atividade criativas seguidas de discussão
acerca do tema relações étnico-raciais. A pesquisa trouxe como resultados o próprio
percurso com os trabalhadores que possibilitou discussões acerca da temática, bem
como a pensabilidade da prática destes na assistência. Outro resultado refere-se ao
uso de dispositivos psicossociais como instrumento de mediação educativa. A
mediação audiovisual, a narrativa oral e o jogo, mostraram-se efetivos recursos
metodológicos para a discussão da temática com os trabalhadores. Por fim a
pesquisa colocou em evidência a escassez do debate étnico-racial em vários âmbitos
incluindo o SUAS. E justificou a necessidade de criação de mais espaços de
discussão sobre a temática na cidade, bem como implementação de espaços de
educação continuada para esses profissionais aperfeiçoarem suas práticas. As
oficinas foram realizadas com profissionais da assistência, mas facilmente podem ser
aplicadas aos profissionais da educação a fim de pensar em uma prática mais
sensível a todas as pessoas e cores.

Palavras-chave: Relações étnico-raciais. Oficinas Estéticas. Educação Continuada.

39
Faculdade Guilherme Guimbala - Graduado em 2017. Psicóloga, gabrielapsi@outlook.com

40
FURB – Doutor em 2017. Psicólogo e Professor Universitário
SEMINÁRIOS E PALESTRAS COMO MEIO PARA DENUNCIAR E COMBATER A
INTOLERÂNCIA E DISCRIMINAÇÃO RACIAL

Paulo Antônio dos Santos41

Neste relato de experiência venho compartilhar experiência de meu percurso na


educação. Depois de atuar por 29 anos em sala de aula como professor de Língua
Inglesa, fui convidado a compor uma equipe de professores que promoviam
seminários e palestras em escolas da rede municipal de Araucária. Com o apoio da
direção, equipe pedagógica e multidisciplinar, realizei atividades em inúmeras
escolas, com crianças do ensino fundamental I e II. O objetivo principal era denunciar
e combater toda forma de intolerância e discriminação racial, através de
documentários que a mídia disponibiliza nas redes sociais. A experiência foi muito
bem sucedida por conta da forma como as crianças entenderam e reagiram diante de
tantos fatos que envolviam o bullying, a injúria, o racismo e a discriminação racial.
Elas reconhecem que a origem deste mal do milênio, tem a origem no seio familiar,
passa despercebido pela crença religiosa e vai ter o seu clímax do conflito da relação
interpessoal no ambiente escolar. Se não bem resolvidas, poderão repercutir
negativamente para o resto da vida de um indivíduo seja ou não negro. Embora eu
seja um professor, em minha vida acadêmica, eu jamais me deparei com literaturas
que despertassem o desenvolvimento da "consciência negra". Em outro contexto
após realizar abordagem com turmas de Ensino Médio e sentir que a temática não
interessava tanto para jovens com esta faixa etária me coloquei a questionar a nível
de município: como os estudantes do Ensino Médio correspondem a abordagens que
tratam das temáticas raciais no município de Araucária? Como atuam as equipes
multidisciplinares no ensino fundamental e médio no município de Araucária? Pelas
minhas experiências tenho a hipótese de que os professores que participam da
equipe multidisciplinar nos colégios têm mais comprometimento em realizar
abordagens correspondente ao atendimento a legislação 10639/03. Como militante
de uma ONG, eu me considero alguém que cursou uma graduação na escola da vida
para viver e entender as lutas e as vitórias das minorias discriminadas.

41
Professor de inglês aposentado da rede municipal de Araucária. Membro fundador da ACNAP (Associação
Cultural de Negritude e Ação Popular) desde 1990. Contato: lucasdea@hotmail.com
GT
03
POLÍTICAS PÚBLICAS E EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES
ÉTNICO-RACIAIS

27/11 – 18:30-21:00 SALA 230

Coordenação: Doutoranda Clarice Martins de Souza Batista; Especialista Cleci da Cruz


Martins

Este grupo de trabalho tem como objetivo a apresentação de comunicações orais ou relatos de
experiências compreendendo a temática de políticas públicas e educação para as relações
étnico-raciais, seja com análise da legislação propriamente dita ou com as aplicações destas
nos espaços educativos e sociais. O GT acolhe trabalhos acadêmicos, projetos desenvolvidos
por movimentos sociais ou outras instituições, que abordem temas ligados à promoção da
igualdade racial, enfrentamento ao racismo, políticas públicas, ações afirmativas, entre outras.
O GT pretende reunir pessoas da sociedade civil, movimentos sociais, estudantes,
pesquisadoras/es e professoras/es de todos os níveis e modalidades de ensino, assim como
integrantes de outros espaços de educação não formal que se interessem em contribuir com
seus relatos sobre a temática.
RESUMOS

O CONTINENTE AFRICANO PARA ALUNOS DAS SÉRIES FINAIS DO ENSINO


FUNDAMENTAL

Deise Aparecida Olszevski Ferreira42

A disciplina de Geografia, aborda como conteúdo estruturante do oitavo ano do ensino


fundamental, o estudo das principais características físicas, culturais, políticas e
socioeconômicas do Continente Africano. Entende-se que, muitas vezes, a
abordagem realizada tende a reforçar apenas os problemas enfrentados pela
população africana, resultantes, principalmente, da colonização europeia realizada
efetivamente durante o século XIX. Desse modo, observou-se a importância de
encontrar formas de estudo onde os alunos pudessem desconstruir essa imagem
negativa, explicando os fatores motivacionais dos conflitos, falta de recursos e
pobreza, porem dando destaque aos principais recursos naturais, a cultura, os países
mais privilegiados economicamente, as diversas paisagens e a igualdade racial. Esse
projeto foi intitulado de “África: Expectativa x Realidade” e, após analisar as
características gerais do continente, os alunos foram orientados a realizar atividades
práticas, que foram expostas em um dos blocos do Colégio Estadual Professora
Marilze da Luz Brand, localizado em Araucária/PR, organizadas na seguinte
sequência: elaboração de ilustrações com os conhecimentos prévios a respeito da
África; pintura de mandalas africanas para serem utilizadas no portal de abertura da
exposição; pesquisa escrita acerca dos principais problemas enfrentados pelo
continente (fome, doenças, guerras, escravidão) e os motivos; Bandeiras de todos os
países, organizadas em móbile; confecção de maquetes representando os principais
recursos minerais (diamante, prata, petróleo, ouro e urânio); pesquisa escrita com
imagens, sobre os países mais desenvolvidos economicamente; maquetes ilustrando
as principais paisagens e atrações turísticas (Egito, Deserto do Saara, Savanas,
Seichelles, Madagascar) elaboradas com materiais recicláveis ou alternativos;
concurso de frases combatendo o preconceito racial e pesquisa sobre a biografia de
pessoas negras que se destacaram mundialmente em diversos setores e movimentos
como Nelson Mandela, Rosa Parks, Barack Obama, Zumbi dos Palmares, Will Smith,
Morgan Freeman, Mae Jemison, Jesse Owens, dentre outros. Após a realização de
todas as atividades mencionadas, os alunos compararam os seus conhecimentos
prévios com a realidade apresentada, atingindo assim o objetivo principal de que os
fatores positivos se sobressaíssem aos negativos, e também, as demais séries do

42
UTP - Graduada em Geografia.Pós-graduada em Metodologia do ensino de história e Geografia pela
Uninter e Educação de Jovens e Adultos, pela Faculdade São Braz, Professora,
deiseols.ferreira@hotmail.com
Colégio bem como a comunidade em geral, prestigiaram a exposição que marcou o
encerramento das atividades letivas do ano de 2018.

Palavras-chave: África. Aspectos positivos. Desconstruir.

MELANINADOS E MELANINADAS DO PARANÁ: PRESENÇA, BELEZA E


RESISTÊNCIA

Natalia Apolonia Belino Bonfim da Silva 43


Tânia Mara Pacífico 44

A presença marcante de melanina na pele, juntamente com a estética dos cabelos, é


um dos maiores fatores de discriminação, inclusive dentro das escolas. No Paraná, a
história do estado contada sob o véu do eurocentrismo, do racismo estrutural e
institucional e da desvalorização da oralidade na cultura ocidental levou à
invisibilidade da população negra, reforçando o mito de uma população
predominantemente branca , de olhos claros e origem europeia. Apesar desse
quadro, a estética negra está presente em nosso estado, sendo um importante fator
de resistência. Assim, propusemos para a efetivação do artigo 26-A da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação (LDB), modificado pelas Leis 10.639/2003 e
11.649/06, da Resolução 01/2004 e Parecer 03/2004 - CNE, atividades que iniciem
com o conceito de melanina) e, utilizando um recorte local e afrocêntrico, contemplem
a história e cultura africana e afro-brasileira do Paraná, com ênfase na presença de
melanina, estética negra e resistência. Segundo Braga, (2015, p.18), os conceitos de
beleza são construídos historicamente e [...] se desfazem em momentos seguintes,
transformam-se, carregam novos sentidos, procuram novos padrões, apresentam-se
e materializam-se de modos distintos. Esse trânsito, no entanto, traz memórias e,
portanto, continuidades em relação ao momento anterior. Dessa forma, iniciamos
nosso trabalho com a estética negra do período escravocrata, e terminamos na
atualidade, onde a valorização da mesma é estratégia de resistência e
transformação, através, por exemplo, do afrofuturismo. Para a proposta de trabalho
foi utilizada a Metodologia da Problematização, evitando a abordagem descritiva e
repetitiva e levando as envolvidas e envolvidos a tomarem consciência de seu meio
e atuar intencionalmente para transformá-lo de maneira crítica. A base para aplicação
da Metodologia da Problematização é o Arco de Maguerez, que, segundo Bordanave
e Pereira (1995) se faz por meio de cinco etapas, que são: observação da realidade,
identificação de problemas (pontos-chave), teorização ( referencial teórico), hipóteses

43
UFPR - Graduada em Biologia, Especialista em Genética para professores, Professora,
nataliabonfim@yahoo.com
44
UFPR – Mestre em Educação, Pedagoga, tpmpacifico@gmail.com
de aplicação (planejamento) e aplicação à realidade. O presente trabalho faz parte do
Caderno Pedagógico Oralidades Afroparanaenses, produzido em 2018, sendo que a
prática pedagógica encontra-se em andamento e as atividades propostas pelos
estudantes estão sendo planejadas para aplicação à realidade. A principal proposta
é desfile que retrata as diversas fases da Estética Negra no Brasil, com ênfase no
Paraná, que deve ocorrer no dia vinte e três de novembro do corrente ano.

Palavras-chave: Política Pública. Melanina. Estética Negra. Resistência. Presença


Negra.

HISTÓRIAS AFRO-CURITIBANAS: RELATOS DE EFETIVAÇÃO DA LEI 10639/03


NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE CURITIBA/PR

Valéria Pereira da Silva45


Thaís Regina de Carvalho46
Josiane Inácio dos Santos47

Esse trabalho irá apresentar uma das ações da Coordenadoria de Equidade Família
e Rede de Proteção (CEFAR) da Secretaria Municipal da Educação de Curitiba/PR,
a qual tem como objetivo efetivar políticas e práticas pedagógicas de prevenção,
promoção, proteção, defesa e reparação de direitos humanos. Direitos que, embora
estejam postos na Constituição Federal (1988), historicamente não são para todas/os.
Nesta perspectiva será socializado no “I Seminário do ErêYá – Desafios e
perspectivas para uma Educação Antirracista” a proposta de organização e
elaboração de histórias afro-curitibanas que busca contemplar a implementação da
Lei 10639/03, a qual altera o artigo 26-A da Lei de Diretrizes e Bases da Educação e
torna obrigatório o ensino de história e cultura africana e afro-brasileira. A referida
ação ocorreu no ano de 2019 juntamente com a Assessoria de Políticas de Igualdade
Racial através da solicitação de narrativas e registros de contos, lendas e memórias
afro-curitibanas para as unidades educacionais da Rede Municipal de Ensino de
Curitiba; pesquisadores/as sobre relações raciais; integrantes do Movimento Negro,
dentre outros. Foram recebidas 64 histórias e os materiais foram coletados de forma
online. Os relatos exibiram lições de: coragem, persistência, resiliência, bem como
semelhanças no que se refere à ocupação dos espaços públicos e privados, às

45
Secretaria Municipal da Educação de Curitiba - Graduada em Pedagogia, Professora,
valeriasilvapedagoga@gmail.com
46
Secretaria Municipal da Educação de Curitiba; Universidade Federal do Paraná - Graduada em
Pedagogia, Professora, trcarvalho.p@gmail.com
47
Secretaria Municipal da Educação de Curitiba - Graduada em Pedagogia, Professora,
josianeinsantos@sme.curitiba.pr.gov.br
profissões e às dores. A coletânea das narrativas afro-curitibanas também provocou
reflexões sobre as experiências cotidianas de racismo, discriminação e preconceito
que a população negra enfrentou e continua enfrentando. Esse movimento
proporcionou alguns desdobramentos tais como: uma performance na I Jornada
Curitibana – Equidade, Família e Rede de proteção II Fórum Transformando
Realidades: Equidade na Educação, II Fórum da Rede de Proteção; um encontro de
autoras/es negras/os que compartilharam aspectos sobre as suas vivências na
elaboração das narrativas; uma possível publicação do material. A partir da
experiência de organização das histórias afro-curitibanas foi possível promover uma
ação de combate ao preconceito, discriminação, além do fortalecimento e promoção
de grupos silenciados.

Palavras-chave: Políticas e práticas pedagógicas. Histórias afro-curitibanas. Lei


10639/03.

DISCUTINDO AS COTAS RACIAIS COM JOVENS NO ENSINO FUNDAMENTAL


EM ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

Sandra Aparecida da Silva48

Apresento relato de experiência de intervenção pedagógica realizada com turma do


nono ano do fundamental, com o intuito de discutir o racismo e a necessidade de
cotas para o ingresso da população negra em universidades e serviços públicos.
Antes traçarei perfil pessoal, do colégio e dos alunos. Sou professora de História com
especialização em educação das relações étnico-raciais pela UFPR, leciono em
escola estadual de Almirante Tamandaré para alunos do ensino fundamental e médio.
A partir da percepção de que é preciso estimular a reflexão e autorreconhecimento
de raça de maneira a valorizar a cultura dos negro observamos a importância da
aplicação da lei 10.639/2003 que determina – “[...] a obrigatoriedade de estudo da
História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra
brasileira e o negro na formação da sociedade nacional [...]” (BRASIL, 2003). Na era
de múltiplas tecnologias em que os jovens estão conectados e precisam ser
estimulados de maneiras diversas, as produções audiovisuais podem ser um ótimo
recurso pedagógico, é possível fazer um trabalho rico em que os resultados se
mostram efetivos. O tema desenvolvido com os alunos nesta experiência pedagógica

48
Eu sou Sandra Aparecida da Silva, professora da rede estadual de educação do estado do Paraná, leciono
para as séries finais do ensino fundamental e para o ensino médio. Formada em História pelas Faculdades
Integradas Espírita, com especialização em Relações Étnico-raciais pela UFPR (NEAB). Participante do Grupo de
Estudos e Pesquisas EreYá (UFPR).
foram as cotas raciais que tem sido alvo de discussões e polêmicas desde que
surgiram como possibilidade de ingresso da população negra em universidades e
cargos públicos conforme determina a lei 12.711/2012. O filme utilizado foi “Doze
Anos de Escravidão” (2013) dirigido por Steve McQueen. Além do filme, fez-se análise
da lei em questão e de texto da época pós-abolição da escravidão (Crônica de
Machado de Assis, 1888). Houve rica discussão entre os jovens mediada pela
professora que conduzia os questionamentos e reflexões sobre a necessidade de
políticas de combate ao racismo. Os pontos mais debatidos entre os estudantes foram
as ideias de igualdade e equidade, questionamentos sobre se as cotas não seriam
uma forma de discriminação, pois muitos percebiam assim, outro ponto essencial na
discussão foi a autopercepção do “ser negro ou não negro” devido a miscigenação e
a negação da ancestralidade negra, muitos alunos questionavam sua negritude no
sentido de tomar consciência disso. Concluiu-se que é relevante a aplicação da lei
10.639/2003 nas escolas quando feita de maneira a formar cidadãos conscientes da
importância da população negra em toda as fases da História do Brasil, tendo assim
subsídios para formarem opiniões e construírem uma visão de justiça social e
histórica em relação aos negros.

Palavras-chave: Cotas Raciais. Ensino Fundamental. Justiça Social.

EQUIPES MULTIDISCIPLINARES: DESAFIOS PARA A IMPLEMENTAÇÃO NA


REDE ESTADUAL DE ENSINO DO PARANÁ.

Edna Aparecida Coqueiro 49

O presente relato trata-se da trajetória das Equipes Multidisciplinares - EM como


política publica educacional e ação afirmativa, cuja função é organizar e subsidiar o
trabalho pedagógico para a implementação das Leis nº 10.639/2003 e nº 11.645/2008
no currículo escolar da rede estadual da educação básica do Paraná e escolas
conveniadas. Um processo que teve início em 2010, por meio da Resolução
3399/2010 – SUED/SEED e a Instrução 010/2010 - SUED/SEED, em cumprimento a
Deliberação 04/2006 do Conselho Estadual de Educação do Paraná. As EM atuam
no espaço escolar como estratégia de articulação, capacitação e produção de
conhecimentos envolvendo os diferentes seguimentos dos profissionais da educação
e comunidade, na perspectiva de debater e executar ações para a efetivação da
Educação das Relações Étnico-Raciais e do ensino de História, Cultura Afro-
Brasileira, Africana e Indígena no currículo escolar. É um marco histórico no processo
educativo que tem como premissa desenvolver uma educação antirracista. A proposta

49
UFSC – Graduada em Ciências Sócias, 1985, professora, edilogia215@gmail.com
apresenta o trabalho desenvolvido pela Coordenação da Educação das Relações
Étnico – Raciais e Escolar Quilombola/CEREQ/DEDI/SEED, de 2014 a 2019, período
da minha atuação nesse espaço como Coordenadora da política de reconhecimento
e valorização da cultura e da população negra. O processo teve como objetivo buscar
eficiência e eficácia na organização e funcionamento, na formação continuada e
prática pedagógica almejando resultados efetivos na compreensão do papel da
política pública, das responsabilidades de cada segmento profissional e do
compromisso com a superação das desigualdades raciais dentro e fora da escola. As
EM passam por reorganização na composição, considerando o porte das escolas e
respeitando a representatividade dos seguimentos (Orientação 001/2014 –
DEDI/CERDE/CEEI). A formação continuada é reestrutura em encontros presenciais
e posteriormente semipresenciais, obrigatórios para a rede estadual, da mesma
forma, a prática pedagógica demanda exclusividade para discussão e ação sobre a
temática étnico racial, intensificando a mobilização e o fomento do diálogo, a garantia
da qualidade do ensino em todas as disciplinas curriculares, a produção e a
multiplicação de conhecimentos e as soluções para os conflitos raciais no ambiente
escolar (Orientação 002/2014 – DEDI/CERDE/CEEI). Tais procedimentos resultaram
em mudanças qualitativas e quantitativas, ou seja, maior comprometimento com a
política, com destaque para alguns Núcleos Regionais de Educação e em significativo
aumento do numero de escolas com EM e do número de participantes na formação
continuada.

Palavras-chave: Equipe Multidisciplinar. Educação. Relações Étnico-Raciais.

ESCOLA (SEM?) PARTIDO COM UMA EDUCAÇÃO RACISTA

Clarice Martins de Souza Batista50

Neste texto abordamos o Movimento Escola sem (?) Partido 51 (ES?P) relacionado
ao racismo por ele divulgado com destaque para os livros didáticos. Partimos da
premissa que ao questionar as resistências negras e fatos históricos já apurados que
denunciam a barbárie da escravidão brasileira o Movimento fere o estado democrático
de direito. O movimento iniciado Miguel Nagib em 2004 que diz ter sido movido pela
discordância de uma aula de história da filha, o mesmo argumento usado pela

50
Professora da Rede Municipal de Curitiba. Pesquisadora do grupo de estudos ErêYá/UFPR. E-mail:
clarice_batista@hotmail.com
51
Adotamos as grafias Escola sem (?) Partido ou ES?P para questionar a isenção do movimento que
embora possua uma perspectiva política e ideológica evidente reivindica uma neutralidade que não
existe em sua produção.
fundadora do “No indocrination” Luann Wright nos Estados Unidos da América. Ela
ficou incomodada pela forma crítica que aparecia o racismo no material apresentado
ao seu filho. Tais movimentos são inspirados no Macarthismo que de acordo com
Santos (2019, p.293). O movimento levou uma década sem expansão significativa
de ideias entre o período de 2004 a 2014. Porém, atualmente passados 15 anos do
Movimento e 5 anos de proposições dos primeiros projetos pelo Brasil afora ocorrem
situações de “fiscalização” do trabalho de professores/as. Além do cerceamento
docente destacamos outra dimensão pouco discutida que é o racismo que o
movimento tem propagado. Situação que vai na contramão da Constituição Federal
de 1988 quanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) número 9394/96 que
defendem a educação escolar como espaço de combate ao racismo e não de
propagação deste e põe em xeque o estado democrático de direito. A ascensão de
dirigentes políticos relacionados com o Movimento fortalece esta vertente do ES?P.
De modo a exemplificar nosso argumento que há propagação do racismo e negação
a uma educação antirracista, trazemos o exemplo do blog “De olho no Livro Didático”
da página do Movimento encontram-se vários prints de livros didáticos criticados por
Orley José da Silva professor municipal em Goiânia (GO) e doutorando em ciências
da religião (PUC/ Goiás). Em novembro de 2018, publica uma série de prints com os
quais tenta provar que existe uma “hegemonia cultural africana e indígena” 52. Silva
(2018) só questiona textos em livros didáticos quando estes abordam o processo de
escravidão, direito à terra da comunidade quilombola, a inclusão da história de
negros/as e indígenas em uma perspectiva de resistência. Percebe-se desrespeito a
presença de conteúdos garantidos pela legislação brasileira. A concepção de
educação do ES?P não permite a análise crítica e não considera os direitos humanos.

Palavras-chave: Escola sem Partido. Racismo Estrutural. Ações Afirmativas. Livro


Didático.

52
http://deolhonolivrodidatico.blogspot.com
COTAS RACIAIS: NECESSIDADE DE CONSCIENTIZAÇÃO NA FORMAÇÃO
DOCENTE

Gleice Araújo 53

Este relato de experiência vem trazer um momento de minha formação que me levou
a problematizar a necessidade de se abordar políticas de ações afirmativas nos
cursos de Licenciaturas, destacando o curso de Pedagogia. Sou estudande no curso
de Pedagogia em uma faculdade privada localizada na região metropolitana de
Curitiba/Paraná e ao ministrar um seminário para a minha turma sobre cotas raciais
juntamente com algumas colegas após estudos e pesquisas sobre a temática. A
abordagem corria bem com as atenções voltadas para o grupo até porque se tratava
de uma temática que gera polêmicas e opiniões divergentes. Eu estava bastante
empolgada com uma expectativa positiva por se tratar de um público de profissionais
que estão se preparando para atuação como educadores, mediadores na formação e
no futuro de cidadãos que precisam refletir criticamente sobre a vida, a sociedade e
para o mercado de trabalho. No entanto minha expectativa se tornou em decepção a
partir de uma simples pergunta que fiz ao público: Quem é a favor das cotas raciais?
Foi quando percebi que 70% da turma não era a favor. A discussão tomou tamanha
proporção que mal conseguimos fazer o desfecho do tema. Tal comportamento
evidenciado me levou a uma pergunta: Como podemos vencer a desigualdade num
país em que os futuros profissionais da educação carregam consigo o descaso
referente a desigualdade racial e social? Como falar de educação transformadora sem
superar esses paradigmas? Essas reflexões são embasadas em reflexões sobre uma
educação emancipadora de Paulo Freire e Legislação como: LDB 9394/96, Lei
10639/03, Lei nº 12.711/12. Essa situação me leva a refletir sobre a necessidade de
abordagens referente a políticas afirmativas na Educação Básica e Ensino Superior
com a abordagem ao contexto histórico brasileiro. É preciso portanto repensar no
outro. É preciso de fato refletir a respeito da expressão “Educação para todos”.

Palavras-chave: Formação docente. Cotas raciais. Educação Antirracista.

53
Acadêmica em Curso de Pedagogia. Contato: gleiceaaraujo@yahoo.com.br
GT
04
GT 4 MÍDIAS, RAÇA E EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS

27/11 – 18:30-21:00 SALA 244


Coordenação: Profª Drª Luani Liz de Souza e Fernanda Fares Lippmann Trovão

O Grupo de Trabalho Mídias, Raça e Educação para as Relações Étnico-raciais propõe promover o
debate qualificado sobre os processos de comunicação na sociedade brasileira, as relações sociais, a
produção cultural e simbólica nas mídias e o uso das tecnologias digitais na educação para as relações
étnico-raciais, além de abordar a presença das imagens na formação humana, discutindo “o que vemos,
e o que nos olha” na sociedade por e através das lentes midiáticas e as tensões que se dão nas relações
de poder/dominação associada a produção cultural (cultura popular X indústria cultural), instancias de
legitimação e construção da realidade. E tem como objetivo reconhecer práticas pedagógicas nas escolas
e em diferentes espaços educativos, nos movimentos sociais e em pesquisas que ampliem as
possibilidades de uma formação imagética positivada da negritude, desconstruindo os ruídos e
estereótipos produzidos no campo da indústria cultural do cinema, das mídias sociais, digitais e
televisivas sobre o homem, a mulher e a criança negra.

RESUMO

HANS-JÜRGEN MASSAQUOI UM NEGRO NAZISTA: UMA ANÁLISE DA


CONSTRUÇÃO DA BRANQUITUDE

Jussara Marques de Medeiros 54

54
UFPR – Doutoranda em Educação., Professora no Curso de Serviço Social no Centro Universitário
Internacional (Uninter), Assistente Social na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR)
,email: jussarammdias@gmail.com
Este trabalho tem como objetivo refletir sobre a construção da branquitude a partir da
trajetória de Hans-Jürgen Massaquoi, que relata sua história como alemão negro em
uma Alemanha Nazista. A metodologia utilizada será uma análise bibliográfica,
utilizando a história do autor e conceitos como raça e branquitude. Para compreender
este fato, torna-se fundamental discutir sobre o conceito de raça, visto que esta é
construída social e historicamente, apresentando diferentes formas de racialização.
Para Guimarães(2003) a biologia e a antropologia física criaram a ideia de raças
humanas, dividindo os seres humanos em subespécies como o mundo animal,
associando essas diferenças a diferentes desenvolvimento de valores morais, dotes
psíquicos e intelectuais entre seres humanos.. Porém destaca que foi esta ideia de
raça que fundamentou um racismo doutrinário, hierarquizando sociedades e
populações humanas. Esta ideia dá sentido ao racismo e a um problema conhecido
por alguns autores como branqueamento. Ao descrever este problema, Bento aponta
suas características, mostrando como este é considerado constantemente como um
problema do negro, que ficaria desconfortável com suas condições e tentaria
miscigenar-se com ele, para diluir suas características raciais. E o branco pouco
apareceria neste contexto, sendo considerado um modelo universal. Para a autora, o
branqueamento foi um modelo inventado e mantido pela elite brasileira e apontado
por esta mesma elite como um problema do negro.Assim, pensando no conceito de
branquitude, o autor Cardoso (2010, pg 611) o conceitua como “um lugar de privilégios
simbólicos, subjetivos, objetivo, isto é, materiais palpáveis que colaboram para
construção social e reprodução do preconceito racial, discriminação racial “injusta” e
racismo. Pensando nestes conceitos, a partir da história de Hans-Jürgen Massaquoi,
publicado na revista Aventuras da História, podemos identificar como se dá a
construção de branquitude. O alemão era filho de uma alemã branca e de um liberiano
negro e não acreditava ser diferente de outras crianças alemãs até que em 1934
soube não ter sido aprovado na Hitlerjugend — a Juventude Hitlerista, organização à
qual todas as crianças eram incentivadas a se filiar porque “não era digno”.
Considerando esta história, conclui-se que sua trajetória mostra como a cor de sua
pele determina seu lugar na sociedade alemã.

Palavras-chave: Raça. Racismo. Branquitude.


GT
05
LITERATURA DE TEMATICA AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA E EDUCAÇÃO
DAS RELAÇÕES ÉTNICO – RACIAIS

27/11 – 18:30- 21:00 SALA 244


Coordenação: Mestra Sara da Silva Pereira; Mestre Aparecido Vasconcellos

Este GT tem como principal objetivo fomentar estudos acerca da literatura infantil de temática
da cultura africana e afro-brasileira. Esta nomenclatura se refere a um tipo de literatura que
apresenta uma perspectiva de resistência aos estigmas e de engajamento à insurgência, opondo-
se à subalternização e à hierarquização. Nesta categoria incluem-se os livros que apresentam
personagens negros em diferentes situações e protagonizando papel de destaque, bem como
descrições que retratam a valorização fenotípica dos protagonistas, realçando a beleza negra; o
enredo com perspectivas outras, inserindo temáticas que vão além da discriminação racial,
evidenciando questões como a resistência negra e a religiosidade de matriz africana. São obras
em que tanto o texto quanto a ilustração apresentam uma perspectiva da valorização desses
elementos culturais, havendo nessa produção uma variação qualitativa, porém nenhuma
literatura que trate os elementos culturais afro-brasileiros de forma negativa, subalternizada ou
estigmatizada poderia entrar nesta categoria.
Nos interessam práticas pedagógicas de qualquer nível e modalidade de ensino, relatos de
experiências e produções acadêmicas que tenham como foco principal a literatura de temática
da cultura africana e afro-brasileira, uma vez que ela reflete outro lado da história, construindo
uma narrativa distinta da hegemônica através da resistência às formas de opressão, da riqueza
cultural e de uma representação mais positiva dos personagens negros. Por isso, a relevância
em ampliar as pesquisas acerca dessa literatura, rompendo com os modelos de representações
que inferiorizam os negros e suas culturas e que contribuem para a manutenção de discursos
racializantes.
RESUMOS

A CRIANÇA NEGRA CONTADORA DE HISTÓRIA E SUAS EXPERIÊNCIAS


ESTÉTICAS PROMOVIDAS A PARTIR DOS CONTOS TRADICIONAIS
AFRICANOS – VIVÊNCIAS EMANCIPADORAS ANTIRRACISTAS

Selma Soczecki Leal

O objetivo do relato é mostrar como o trabalho lúdico com os contos tradicionais


africanos tem o poder de revelar discursos estereotipados e ainda como a criança
negra contadora de histórias pode se reconhecer culturalmente para então se
apropriar da criação de sua arte, e por meio dela despertar a experiência estética em
si e em seu público, de modo que essa experiência contribua com o processo da
educação emancipatória antirracista. Esse trabalho não só atende a Lei Federal n.°
10.639/03, que inclui no currículo oficial a obrigatoriedade da temática História e
Cultura Afro-Brasileira e a Lei Federal n.° 11.645/08, como resgata a sabedoria
ancestral desse povo. O relato é baseado em autores como (GOMES, 2002, p.44) e
(ZILBERMAN, 1989, p.49), e nas vivências da professora pesquisadora responsável
pelo projeto “Arte de contar histórias” e das crianças contadoras de histórias do
município de Araucária. A metodologia de pesquisa foi baseada em rodas de
conversas sobre a cultura africana; diálogos estabelecidos após a exposição de
vídeos que retratam a África que ninguém mostra; e uma exposição oral das
percepções apreendidas após a narração dos contos africanos de tradição oral
“Anansi o Velho Sábio” e “Quibungo”. Além disso, foram registrados depoimentos e
reações do público ao escutar a criança negra contadora de história. De forma lúdica,
os dois contos trazem personagens que vencem desafios por meio da sabedoria,
criando na criança estruturas internas para que ela observe sua realidade e veja que
é possível fazer movimentos em prol de uma mudança. Os resultados mostraram que
os contos tradicionais africanos, além de encantar pela riqueza da sabedoria
ancestral, também têm o potencial de desvelar discursos estereotipados e racistas.
Conclui-se que a atividade com a literatura de tradição oral africana é um instrumento
para promover debates antirracistas e ainda, ao se apropriar da arte de contar contos
de sua própria cultura a criança negra desperta em si e no público uma experiência
estética que contribui para torná-la sujeito da sua própria história, uma vez que a
contadora de história relatada saiu do seu espaço comunidade/escola, no qual sofreu
preconceito, para narrar para públicos como os que participaram da Semana da
Educação para as Relações Étnicos-Raciais – ERER no município de Araucária/2019
e os que vão participar do I Seminário Erêya – Desafios e Perspectivas para uma
Educação Antirracista promovido pela UFPR.

Palavras-chave: Contos africanos. Contadores de histórias. Educação antirracista.


A LITERATURA INFANTO JUVENIL COM TEMAS DE “HISTÓRIA SENSÍVEL”
COMO FONTE PARA O ENSINO DE HISTÓRIA

Rafaella Baptista Nunes55


Ana Claudia Urban56

O projeto tem como objeto o uso da literatura infanto-juvenil com temas de “História
Sensível” como fonte historiográfica. O principal objetivo é analisar em que medida o
uso das fontes de literatura ficcional que contemplam temas da “História Sensível”
podem contribuir para o aprendizado do Ensino de História dentro da perspectiva da
Educação Histórica, levando em consideração o caráter híbrido da obra, assentada
em uma dimensão em que o histórico e o mítico se conjugam formando um discurso
intertextual. Busca-se traçar uma relação entre o seu uso como fonte histórica e a
viabilidade de sua utilização na aprendizagem histórica e na construção do
conhecimento histórico, bem como a sua ligação ao público infanto juvenil. Para isso,
procura dialogar acerca das narrativas ficcionais, os temas considerados como
“História Sensível” partindo dos livros disponibilizados pelo Programa Nacional
Biblioteca na Escola e o Programa Nacional do Livro Didático – Literatura. Entende-
se aqui, uma possibilidade para se trabalhar a Educação para as Relações Étnico
Raciais, partindo dos movimentos de resistência. Para isso, se fará uso da
metodologia de discussão acerca das narrativas – literária e histórica, análise do
discurso das obras que ainda serão selecionadas e a sua viabilidade como fonte
historiográfica, visando uma educação emancipadora.

Palavras-chave: Literatura Infanto-Juvenil. História Sensível. Fonte Histórica.

55
Licenciada e Bacharela em História pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), licenciada em Pedagogia pelo Centro
Universitário UNINTER. Pesquisadora do Laboratório de Pesquisa em Educação Histórica (UFPR), mestranda bolsista
(CAPES/PROEX) do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPR. ORCID iD: https://orcid.org/0000-0002-6168-7948.
nunes.rafaellab@gmail.com
56
Doutora em Educação. Professora da Universidade Federal do Paraná – Setor de Educação. Professora do Programa de
Pós-Graduação em Educação, do Mestrado Profissional em Ensino de História e Professora de Metodologia e Prática de
Docência de História. Pesquisadora do Laboratório de Pesquisa em Educação Histórica (LAPEDUH – UFPR). ORCID iD:
https://orcid.org/0000-0001-9957-8838. claudiaurban@uol.com.br
DISCURSO E RELAÇÕES RACIAIS: A LITERATURA INFANTIL DE TEMÁTICA
AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA

Roberta Regina Chaves Veloso57

Paulo Vinicius Baptista da Silva58

Este trabalho é resultado do projeto de pesquisa: “Discurso e relações raciais”, que


teve como principal objetivo a análise dos discursos especificamente nas relações
entre negros e brancos, através de veículos como a mídia, os livros didáticos, livros
de literatura Infantil e Juvenil entre outros. Aqui, especificamente, tratamos da
literatura infantil de temática africana e afro-brasileira. A pesquisa se deu em um
estudo em rede envolvendo as seguintes universidades: Universidade Federal de
Santa Catarina; Universidade Federal do Espírito Santo e Universidade do Estado da
Bahia, tendo como pesquisadoras responsáveis: Eliane Santana Dias Debus, Debora
Cristina de Araujo e Maria Anória de Jesus Oliveira, respectivamente. A primeira
etapa da pesquisa consistiu em um mapeamento da produção do mercado editorial
brasileiro na literatura infantil sobre livros de temática africana e afro – brasileira que
valorizassem a diversidade étnico-racial, e o ensino para a Educação das Relações
Étnico-raciais. Assim, foi realizada a seleção desse acervo, a separação dos títulos
por autores e em seguida a leitura das obras. Após essa etapa, foram selecionadas e
analisadas obras de autoras e autores afro-brasileiros: Nilma Lino Gomes, Patricia
Santana, Madu Costa, Maria do Carmo Galdino, dentre outros. A principal fonte de
consulta e pesquisa foi o acervo infantil do NEAB – Núcleo de Estudos Afro–
Brasileiros da Universidade Federal do Paraná. . A segunda etapa consistiu na
produção de resenhas sobre as obras selecionadas, considerando especificidades
como: ilustrador/a, qualidade e clareza nas ilustrações, número de páginas, cor/etnia
do/a autor/a, nacionalidade do/a autor/a, qualidade do material, narrador/a. Através
deste levantamento foi possível aferir um tímido aumento da produção de obras que
abordam a literatura infantil com a temática da cultura africana e afro-brasileira pelo
mercado editorial, além da ampliação do conhecimento dos pesquisadores bolsistas
envolvidos na pesquisa.

Palavras-chave: Literatura Infantil. Cultura africana e afro-brasileira.

57
Formada em pedagogia na Universidade Federal do Paraná. Atualmente mestranda do Programa
de Pós Graduação em Educação da mesma universidade, na Linha: Diferença, Diversidade e
Desigualdade Social.
58
Pesquisador do Núcleo de Estudos Afro Brasileiros e do Programa de Pós-graduação em Educação.
Doutor em Psicologia Social e Professor da UFPR - Universidade Federal do Paraná.
LITERATURA AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA NA ESCOLA: DA ESCOLHA
DAS OBRAS A UMA PRÁTICA DE LETRAMENTO LITERÁRIO ANTIRRACISTA

Maria de Fátima Borges59

Este trabalho tem por objetivo apresentar uma análise sobre como a questão da
escolha de livros literários da temática africana e afro-brasileira foi tratada dentro do
espaço de formação de professores/as e de estudantes de uma turma de formação
de docentes do município de Araucária. Considerando que a escola, principalmente
a pública, constitui-se, geralmente, como um dos poucos espaços de propagação de
cultura para a maioria das crianças e adolescentes no Brasil, pensar a Literatura como
um aliado na construção de uma consciência voltada para o respeito à diversidade e
para a promoção de atitudes antirracistas deve ser uma das premissas de todos os
professores envolvidos na promoção da educação para as relações étnico-raciais.
Sendo assim, partindo da ideia de que a seleção de obras de Literatura permeia, na
maioria das vezes, uma ideia preconcebida do que é positivo ou negativo com relação
à busca por ações afirmativas, é necessário analisar em que medida essas escolhas
refletem o anseio de se colocar o negro como protagonista das histórias que são
contadas para nossos alunos. Isso porque, trabalhar na escola o protagonismo da
pessoa negra requer, além de abordagens que envolvam a cultura africana e afro-
brasileira, apresentar situações em que as personagens sejam inseridas em
contextos de vivências cotidianas, ou simbólicas, de forma afirmativa, como é o caso
do livro “Menino Nito”, de Sonia Rosa e “Mil e uma estrelas”, de Marilda Castanha.
Tendo em vista o exposto, durante o trabalho de análise de algumas obras, percebeu-
se que a perspectiva da representação do negro na literatura infantil e juvenil ainda
parte de ideias estereotipadas sobre o papel desse grupo na sociedade. Assim,
representações que privilegiam, ainda, papéis secundários ou exóticos são vistas
como “naturais” pela maioria das pessoas presentes no momento de formação, não
causando o estranhamento necessário para um trabalho de letramento literário
antirracista. Naturalmente que uma análise mais aprofundada e dentro de um espaço
maior de tempo de pesquisa pode levar a conclusões mais consistentes e, talvez,
diversas da apresentada aqui. Para fins da análise aqui proposta, utilizaram-se as
postulações de Mikhail Bakhtin (1992), no que se refere à relação do leitor com a obra
literária, Eduardo de Assis Duarte (2011), sobre o conceito de literatura afro-brasileira,
e Ione da Silva Jovino (2006; 2017), sobre a questão específica da presença de
personagens negras na literatura infantil e juvenil.

59
Graduada pela UFPR 2008 em Letras-Português; professora da Rede Municipal de
Araucária, mfb.fatimaborges@gmail.com
Palavras-chave: Literatura Infantil e Juvenil. Literatura Africana e Afro-Brasileira.
Educação para as Relações Étnico-Raciais.

MEDIAÇÃO DE LEITURA: NARRATIVAS AFRO-BRASILEIRAS COMO


ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO AO RACISMO NO COTIDIANO
ESCOLAR

Aparecido Vasconcelos de Souza60


Adriana Andrade61
Lucia Helena62

O objetivo desta pesquisa é demonstrar o resultado de uma atividade interdisciplinar


por meio das narrativas literárias da escritora afro-brasileira Conceição Evaristo nas
aulas de Arte com os alunos dos segundos anos de ensino médio. A atividade foi
realizada no Colégio Estadual de Ensino Fundamental e Médio Desembargador
Armando Guilherme Maranhão, cidade de Curitiba. De acordo com a lei de nº
10.639/2003, é obrigatório trabalhar conteúdos artísticos, culturais e literários com os
alunos do ensino fundamental e médio, para que eles possam entender o processo
de formação de suas identidades e o modo como se sentem pertencentes a uma
cultura. Visando estabelecer um diálogo sobre a realidade social do bairro em que os
educandos (as) estão inseridos (as) e os contos do Livro Olhos D’ Água (2016), em
um primeiro momento foi realizada uma exposição didática sobe a vida da escritora e
de seu contexto de escrita, em seguida uma leitura dramática do conto: Olhos D´Agua.
Durante o momento de mediação conversamos sobre as impressões que os (as)
educandos e educadores (as) tiveram acerca do sentido da narrativa. Eles (as)
levantaram temas como: êxodo rural, racismo estrutural que justifica a desigualdade
social e a violência, a condição do (a) negro (a) nas periferias, o machismo, a memória
como construção da identidade e denúncia. Assim, compreende-se que atividades

60
cidomarchetaria@gmail.com
61
adri.marx@yahoo.com.br
62
luhexa@hotmail.com
como essa, que contribuem para o trabalho crítico, são de fundamental importância
para a formação da consciência e enfrentamento ao racismo no cotidiano escolar.

Palavras-chave: Arte. Literatura afro-brasileira.

REPRESENTATIVIDADE NEGRA POR MEIO DA LITERATURA INFANTIL

Ana Paula dos Santos da Silva63


Cleonice Marion Schneider64

Quando falamos em representatividade negra, percebemos o quanto o assunto é


falado, porém, muitas pessoas não conhecem o seu significado e o quanto a temática
é importante para a construção da identidade negra. Sendo assim, decidimos
trabalhar a temática em sala de aula com as crianças, por meio da literatura.
Escolhemos uma autora negra, paranaense e que o principal protagonista do seu
livro, fosse negro também, valorizando assim, a beleza negra. O objetivo principal
dessa pesquisa foi enfatizar de forma positiva a representatividade negra, para que
as crianças negras pudessem se identificar e ter uma visão de mundo mais realista.
O livro escolhido foi “CADA UM É DE UM JEITO, CADA JEITO É DE UM”, da autora
Lucimar Rosa Dias. Lucimar é professora universitária, militante ativista do movimento
negro e autora de dois livros infantis, ambos, com personagens negros. Para a
realização do trabalho, utilizamos a seguinte metodologia: iniciamos o assunto em
uma roda de conversa em sala, enfatizando o dia da consciência negra e a sua
importância. Logo, as crianças fizeram alguns questionamentos, referentes aos tons
de pele. Em seguida, apresentamos para as crianças o livro, fazendo a leitura do
mesmo e realçando que a autora do livro e a personagem principal, eram negras.
Durante a semana, a autora Lucimar foi convidada a fazer uma visita em nossa
unidade, onde a mesma aceitou e foi muito gratificante recebê-la. Dentre os
resultados alcançados, destacamos: as crianças ficaram eufóricas ao conhecer uma
autora de verdade, uma vez que realizamos uma roda de conversa, juntamente com
a autora, onde a mesma conversou com as crianças sobre a personagem principal de
seu livro; as crianças interagiram e fizeram diversos questionamentos e relatos sobre
o livro, para a autora. Foi uma experiência muito positiva e significativa para todos.

63
ISE SION - Graduada em pedagogia, professora, anapaula944@gmail.com
64
FACULDADES SÃO BRAZ - Graduada em pedagogia, professora, cleoniceschneider@gmail.com
Palavras-chave: Representatividade negra. Literatura infantil. Protagonismo negro.

UMA PROPOSTA DE ANÁLISE DE: EU SEI PORQUE O PÁSSARO CANTA NA


GAIOLA, DE MAYA ANGELOU

Jucelia da Silva Amaral65

A pesquisa apresenta inicialmente a obra: Eu sei Porque o Pássaro canta na gaiola,


de Maya Angelou, publicada em 1969 pela escritora negra americana, na qual trás
sua vida descrita em forma de romance. O romance não é somente uma autobiografia,
pois o que a autora narra se trata de fatos históricos reais, vivenciados pela
comunidade negra nos EUA e de como esses fatos impactam a vida de milhares de
homens e mulheres afro-descendentes no mundo. A escrita trata de assuntos como:
racismo, sexismo, infância, preconceito, elitismo, educação e de como essas
situações são vivenciadas por afro-americanos em ambiente racista. Nesta pesquisa,
focalizamos algumas personagens negras femininas a fim de demonstrar que
Angelou trata a questão feminina de modo bastante procedente uma vez que dá voz
a essas personagens, demonstrando o poder feminino nas comunidades negras. O
objetivo seria a discussão do papel das personagens femininas, as vozes de
representatividade femininas afro-americanas, apresentadas no livro. Em especial
entre os anos de 1928 à 1943 anos em que se passam as narrativas. A obra retorna
às lembranças mais antigas de Angelou, que aos três anos foi abandonada pela mãe
e passou a morar com a avó no Sul segregado, construção da identidade étnico-racial
na infância, racismo, sistema educacional, segregação racial, violência de gênero,
empoderamento feminino e superação de limitações impostas pela cor.
Observaremos até que ponto a obra literária contribuiu e contribui até hoje, para se
compreender a história e as origens das relações raciais, a discriminação na infância
e a resistência feminina expostos no texto. Para o desenvolvimento do trabalho, será
utilizada a pesquisa bibliográfica, com coleta, análise e resumo de informações de
textos, documentários e historiografia dos temas abordados na obra. Comparar
opiniões e fatos já citados por outros autores, confrontando-os com a realidade atual.
Como fundamentação teórica, utilizaremos a perspectiva de Mikhail Bakhtin,
procurando tratar das relações entre texto e contexto levando-se em consideração
fatos históricos. As vozes sociais, especialmente as femininas e do distanciamento
exotópico. (...) O discurso do herói sobre si mesmo é impregnado sobre si mesmo é
impregnado do discurso do autor sobre o herói; o interesse( ético-cognitivo) que o
acontecimento apresenta para a vida do herói é englobado pelo interesse que ele

65
UNIANDRADE - Graduada em Letras, Português/Inglês. Mestranda em Teoria Literária.
juceamaral@yahoo.com.br
apresenta par a atividade artística do autor. ( BAKHTIN, 1992,p.34). Todos temos uma
história de vivida, alguns com momentos mais tristes, outros mais alegres, desafios
que só quem passa pode mensurá-los. Cada indivíduo sabe o peso que pode
suportar. O grande desafio é justamente como contar sua história.

Palavras-chave: Representatividade feminina. Identidade étnico-racial. Violência de


gênero.

USANDO A LITERATURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL PARA AS RELAÇÕES


ÉTNICO-RACIAIS

Kátia Ap. do Nascimento Alves Velozo66

O presente trabalho trata-se de um relato de experiência realizado durante o ano de


2018 com uma turma de Educação Infantil na cidade de Pinhais. O trabalho tem
origem em um projeto pedagógico que teve como objetivo geral conhecer as
contribuições históricas e culturais do povo africano, e como objetivos específicos:
valorizar a cultura africana e afro-brasileira; utilizar de diferentes recursos
pedagógicos para que as crianças possam conhecer o Continente Africano e a
Nigéria. Como metodologia optou-se por iniciar com a exploração das obras: O Natal
de Nken (SUNNY, 2014) e as Aventuras de Torty a tartaruga (SUNNY, 2018), depois
abordamos um pouco sobre o continente africano em relação aos seus aspectos
geográficos, fauna e flora, e mais uma vez recorremos a literatura infantil utilizando o
livro Obax (NEVES, 2010). Como culminância do trabalho desenvolvido com as
crianças, as atividades foram expostas na Feira do Conhecimento, aberta a
comunidade. Os resultados evidenciam as potencialidades da literatura infantil para o
sucesso de uma prática pedagógica comprometida com a educação que valorize as
relações étnico-raciais.

Palavras-chave: Literatura Infantil. Educação Infantil. Relações Étnico-raciais.

66
PINHAIS – Especialista em Contação de História e Literatura Infantil e Graduada em Pedagogia,
Educadora Infantil da Rede Municipal de Pinhais,katianascimentoalvesvelozo@gmail.com
A ARTE VISUAL AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA NA EDUCAÇÃO BÁSICA:
APROPRIAÇÕES E SIGNIFICADOS NO ENSINO DA ARTE

Fernanda Fares Lippmann Trovão67

O presente trabalho verificou apropriações para a arte africana e afro-brasileira


utilizadas no ensino de Arte no município de Curitiba, considerando a lei 10.639/2003
e as diretrizes estabelecidas pelo Parecer 003/2004. Observou quais os discursos e
significados realizados pelos(as) professores(as) da disciplina, nos anos finais do
ensino fundamental, a partir de obras de artes visuais correspondentes à temática. A
metodologia de pesquisa se caracterizou como descritiva e de abordagem qualitativa,
inicialmente com análise documental referente ao componente curricular e aos
aspectos da legislação. Para compreender a visão dos(as) professores(as) foi
realizada a coleta e análise de dados a partir de questionários e entrevistas em grupo
com imagens de obras de arte visuais africanas e afro-brasileiras, fundamentadas no
conceito das visualidades. O campo teórico se constituiu no diálogo entre as
visualidades e a educação para as relações étnico-raciais, e nas possibilidades
antirracistas para o ensino de Arte. Contemplou aspectos racializados nas formas de
ver a arte africana e afro-brasileira, sugerindo uma visualidade racializada. Discorreu
sobre as características afro-brasileiras a partir de possíveis interações com a
legislação e o rompimento com aspectos negativos sobre a raça negra. A pesquisa
alcançou respostas coerentes com os pressupostos iniciais afirmando que as
apropriações no ensino de Arte respondem a um pensamento de características
racistas, tendendo por vezes a uma visualidade racializada por parte dos(as)
professores(as) para as obras de arte. Observou uma manutenção de estereótipos
negativos para a população negra respaldados principalmente na falta de formação,
diálogo e interação com a legislação. Destacou uma ilusão de neutralidade pelos
participantes, sugerindo uma negação ao diálogo sobre a dinâmica das relações
raciais e sustentando o racismo nas instituições de ensino, privando os(as) alunos(as)
de uma educação crítica, democrática e antirracista. Notou-se, em contrapartida, a
demanda emergente de formação continuada no município e de pesquisa para uma
prática docente a favor da temática, uma vez que os(as) professores(as) querem, em
sua maioria, corresponder às diretrizes da lei.

Palavras–chave: Lei 10.639/2003. Ensino de Artes Visuais. Cultura Visual. Arte


Africana e Afro-Brasileira. Visualidades Racializadas.

67
ftrovao2012@gmail.com
O TEATRO COMO PORTA-VOZ DA EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA

Genice de Fátima Fortunato da Silva Fiaschi68

O presente resumo refere-se a como o projeto de teatro: “Vida em cena” pode


através da experiência estética ampliar o conhecimento dos estudantes , nos
aspectos intelectuais, emocionais, físicos, culturais e antirracista. A proposta atende
ao disposto na Lei Federal n.° 10.639/03, que inclui no currículo oficial a
obrigatoriedade da temática História e Cultura Afro-Brasileira. O projeto integra o
CMEC (Centro Municipal de Educação Cultural) e faz parceria com outras unidades
educacionais do município de Araucária, é ofertado em contraturno escolar.
Participaram desta atividade estudantes do teatro ll, na faixa etária de 10 a 16 anos.
Com os objetivos de: promover o desenvolvimento da reflexão crítica e autoestima do
estudante no aspecto antirracista, na perspectiva da experiência estética, por meio
do teatro; identificar as relações de raça presentes nas narrativas referentes às
vivências pessoais dos estudantes; instigar reflexões antirracistas frente às ações de
preconceito racial no ambiente escolar; desenvolver linguagem própria na perspectiva
de criação artística. O início foi marcado por uma roda de conversa onde os
estudantes puderam falar sobre o que é racismo; sua identidade e sobre ações
racistas presenciadas pelos mesmos. Nesta conversa surgiram perguntas sobre:
abolição da escravidão, o que é ser negro, como o negro e a negra são retratados
nas mídias e nos ambientes de poder bem como atitudes antirracistas. O segundo
passo foi pesquisa e discussão no grupo relacionado as questões levantadas. O
resultado das reflexões foram transformados em um texto teatral. O grupo ensaiou o
texto através de leitura dramática e improvisações teatrais e farão a apresentação da
peça para a comunidade. Os autores principais que fundamentam esta prática são:
(BOAL, 1991 p.173; 2009, p.230); (GOMES,2005, p. 43 e 46); (ASSIS; DIAS, 2019,
p.6). Os resultados obtidos no trabalho foram o esclarecimento do protagonismo
negro no processo de abolição, conhecimento dos termos negro e pardo, autoestima
dos estudantes ao se reconhecerem como negro e negra e criação de uma pequena
peça teatral. Conclui-se que através do teatro é possível promover uma educação
antirracista tão necessária em nosso país onde o racismo se afirma principalmente
por sua negação e atinge a todos.

Palavras-chave: Antirracista. Estética. Teatro. Educação.

68
Pós-Graduada em Arte-Educação – Professora do Curso de teatro - “Vida em Cena” - do Centro
Municipal de Educação Cultural Lucy Moreira Machado – Educação Multidisciplinar – CMEC/Araucária.
E-mail: genicefortunato@gmail.com
CONSTRUÇÕES ESTEREOTIPADAS DA IDENTIDADE NEGRA NAS ARTES
VISUAIS NO BRASIL

Kênia Cristina Líbero Robertina69

No ano de 2019 completou-se quinze anos do marco antirracista na educação, a


implementação da lei 10.639/03 que tornou obrigatório o ensino de história e cultura
africana e afro-brasileira em todo o Currículo Escolar. Porém, ainda é comum
encontrar professores de todas as áreas, reproduzindo aulas, quase que
completamente eurocêntricas. Apontando arte-educação como meio e professor de
arte como o locutor, que por muitas vezes não referencia artistas negros ou não
apresenta a pessoa negra de forma positiva no momento de leitura de obra é que foi
feito o recorte limitador para a questão em pauta neste texto. Deste modo, estes
escritos referem-se a uma pesquisa monográfica sobre as construções
estereotipadas da identidade negra nas artes visuais no Brasil, que teve como objetivo
reconhecer que obras sobre pessoas negras reforçam a identidade estereotipada
destes que permanecem em subjugação social, marginalizados e vítimas do racismo
estrutural. O levantamento bibliográfico, apresentou confirmações do pressuposto,
conduzindo o olhar às necessidades de mudanças e as possibilidades de
transformação na forma de trabalhar positivamente a arte-educação.

Palavras-chave: Construções estereotipadas. Identidade. Arte-educação.

RELIGIOSIDADE AFRO-BRASILEIRA NA OBRA DE RUBEM VALENTIM

Roberta K. S. Zimermann70

A cultura africana está presente em nosso cotidiano. Está nos costumes, nas comidas
típicas, no vestuário, na religião, na arte. Faz parte de nossa história, mas é pouco
conhecida e estudada em sala de aula. A partir da Lei federal 10.639/03, torna-se
obrigatório o ensino da cultura afro-brasileira e africana nas escolas de ensino regular.
O desafio é desmistificar as ideias estabelecidas ao longo de anos em relação à
cultura africana. Surge a necessidade de um currículo de arte voltada para a fruição
e produção da arte afro-brasileira. Artistas plásticos como Mestre Didi, Heitor dos
Prazeres, Djanira da Motta e Silva, Emanoel Araújo e Rubem Valentim têm como

69
keniacristina83@hotmail.com
70
UEPG – Especialista em História, Arte e Cultura, professora estatutária do Estado do Paraná,
betazim@hotmail.com
temas a cultura afro-brasileira. Pesquisando e observando estes e outros artistas,
percebemos a riqueza de material que temos em mãos para trabalhar em sala de
aula. O Projeto de pesquisa foi referente à arte e o sincretismo religioso presentes
nas obras do artista baiano Rubem Valentim. Signos do candomblé e da Umbanda
compõem suas pinturas e esculturas, com formas geométricas abstratas e coloridas.
Sua produção permitiu trabalhar em sala de aula a religiosidade de origem africana,
partindo dos símbolos das ferramentas dos orixás, Valentim brinca com a forma e a
composição, reestruturando e dando nova plasticidade a esses signos. Partindo da
proposta metodológica de Panofsky, historiador de arte e crítico, pesquisador do
método iconológico, primeiramente o aluno deve aprender a olhar as imagens,
interpretá-las, analisá-las, identificando linhas, formas e cores. Para essa etapa foram
usadas quatro obras do artista. Numa segunda etapa foram apresentados aos alunos
símbolos do Candomblé e da Umbanda, para que pudessem identificar esses
elementos nas obras, buscando familiaridade entre os dois universos, da arte e da
religião. A terceira etapa foi à contextualização, complementando com a biografia do
artista e sua importância social e cultural. O resultado foi à releitura feita pelos alunos,
utilizando como suporte folha A4 e lápis de cor. Os trabalhos serão expostos no mês
da consciência negra, em Novembro, juntamente com outros trabalhos desenvolvidos
na escola. Os livros de pesquisa utilizados foram os da biblioteca da escola, Olhar a
África, fontes visuais para sala de aula (CLARO, 2012), Culturas africanas e afro-
brasileiras em sala de aula, (FELINTO, 2012) e Mitologia dos Orixás (PRANDI, 2001).

Palavras-chave: Religiosidade afro-brasileira. Rubem Valentim. Arte e religião.

AO ENSINAR A VER, APRENDER A VER-SE: A CONTRIBUIÇÃO DA ARTE


PARA A EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS

Jucimara Bengert Lima71


Cleci da Cruz Martins72

O presente trabalho relata a experiência de formação em Arte de educadores,


professores e pedagogos da Educação Infantil, Ensino Fundamental e Educação
Especial da Rede Municipal de Ensino de Araucária – PR e se propõe a apresentar a
importância dos cursos e oficinas, bem como alguns resultados. Tem-se como

71
SMED/Araucária – Graduada em Artes Visuais(UTP), Especialista em Cultura e Criação(SENAC),
Mestre em Educação(UFPR). Formadora dos profissionais da educação da Rede Municipal de Ensino
de Araucária – PR. jucimara.lima@educacao.araucaria.pr.gov.br
72
SMED/Araucária – Graduada em Ciências Sociais (UNIOESTE) e Matemática (UNIPAR),
Especialista em Políticas Educacionais(UFPR), Coordenadora das Equipes para Educação das
Relações Étnico-Raciais. cleci.martins@educacao.araucaria.pr.gov.br
principal objetivo no processo de formação continuada, a formação integral dos
sujeitos, muito especialmente nestes tempos em que se avolumam as preocupações,
visto o quadro agudo de desigualdades socioculturais que vivemos e ante os desafios
que o futuro próximo nos coloca (GATTI, 2016, p.162). A exigência posta pelas Leis
10.639/03 e 11.645/08 direcionou a inclusão do Ensino de História e Cultura Afro-
Brasileira, Africana e Indígena nos cursos realizados aos profissionais de educação a
partir dos anos 2000, nos quais buscou-se apresentar sugestões de atividades, na
intenção de superar a negação histórica da presença do negro/a na arte nacional, e
na construção/formação da sociedade brasileira possibilitando assim que as crianças
conheçam sua história e nela passem a se reconhecer (FELINTO, 2012).
Compreende-se que formações dos profissionais da educação precisam, além de
oferecerem domínio e atualização técnico/pedagógico, proporcionar reflexões sobre
a educação das relações étnico-raciais apresentando conteúdos relevantes a serem
abordados, com o intuito de superar a visão eurocêntrica e o preconceito da produção
artística, tomada como “primitiva”(SILVA & CALAÇA, 2006, p. 23). O ensino da arte
pode colaborar na formação humana integral, imprescindível para ver além das
aparências, por ser um conhecimento que promove a aproximação entre indivíduos,
ao favorecer a percepção de semelhanças e diferenças entre culturas, pois a
produção artística e as concepções estéticas se aproximam pela parte humana que
expressam (OSTROWER,1986, p. 102). Sendo assim, a formação em Arte abre
possibilidades de conhecer e promover reflexões, possibilitando mudanças na forma
de ver e estar no mundo. O profissional da educação se depara com a revisão de
seus conceitos e preconceitos, para poder ensinar crianças e adolescentes a
enxergarem e compreenderem as diferentes facetas do racismo e a forma pelo qual
ele estrutura as relações sociais, principalmente as estabelecidas pela instituição
escolar. Assim, a formação em arte pode proporcionar ao adulto que ensina, a
oportunidade de ver-se como é em realidade. Ao enxergar o racismo que cada um
ainda carrega, auxiliado pelo conhecimento que a arte revela, criam-se alguns dos
principais recursos necessários para poder combatê-lo. E deste ponto, poder ensinar.

Palavras-chave: Formação de professores. Arte africana. Arte afro-brasileira.


GT 06

MULHERES NEGRAS E A EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS

27/11 – 18:30-21:00 SALA 234

Coordenação: Mestranda Lucia Helena Xavier; Mestranda Adriana Marques

Este grupo de trabalho tem como objetivo a apresentação de comunicações orais de práticas
educativas realizadas na educação formal ou em outros espaços educativos, trabalhos
acadêmicos, projetos desenvolvidos por movimentos sociais ou outras instituições, que
abordem temas ligados ao feminismo negro narrando estratégias de luta da mulher negra contra
o racismo e sexismo. Além de outras iniciativas que tratem da história de mulheres negras, com
foco na educação das relações étnico-raciais. O GT pretende reunir pessoas da sociedade civil,
movimentos sociais, estudantes, pesquisadoras/es e professoras/es de todos os níveis de ensino,
que dialoguem sobre vivências, saberes, lutas e resistências evidenciando o protagonismo da
mulher negra.

RESUMOS

EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NA PÓS-GRADUAÇÃO:


EXPERIÊNCIA EM CONSTRUÇÃO POR UMA PROFESSORA NEGRA

Lucimar Rosa Dias73

A presente apresentação tem por objetivo expor uma proposta de pesquisa que
buscará refletir sobre a experiência de cinco anos de uma docente negra que
ministrou a disciplina Educação das Relações Raciais no programa de pós-graduação

73
UFPR
em educação da Universidade Federal do Paraná. Toma-se como referencial teórico
especialmente Nilma Lino Gomes (2012), Paulo Freire (2009) Gloria Ladson-Billings
(2008), bell hooks (1994) e Boaventura de Souza Santos (1989). A pesquisa será
realizada por meio de análise documental: serão analisados os Projetos Curriculares
do Programa para identificar o início da inserção desta disciplina no currículo do
programa, a linha na qual se apresentava e as ementas trabalhadas. Além disso serão
contactado por meio de questionário online os ex- alunos que desta disciplina no
período de 2014 a 2019 para compreender quais foram as apreensões deste sobre
os modos como a disciplina foi trabalhada, a bibliografia, a metodologia, a fim de
apreender se de fato ela cumpriu o papel de instituir aulas-emacipatórias trazendo
outras linguagens para tratar os temas pertinentes ao campo acadêmico ao qual a
disciplina se destina, estimulando os mestrando e doutorandos a pensarem
criticamente os modos pelos quais produzem ciência e como tal produção se articula
com a perspectiva postulada pelos estudos do pensamento negro.

Palavras-chave: Educação das Relações Étnico-raciais. Professora Negra. Ensino


Superior. Educação Emancipatória.

TRAJETOS E CAMINHOS DO MOVIMENTO DE MULHERES NEGRAS EM


JOINVILLE/SC: COLETIVO ASHANTI - VALORIZAÇÃO E PROTAGONISMO

Ana Lucia Martins74

Tenho por objetivo apresentar a experiência de formação de um Coletivo de Mulheres


Negras na cidade de Joinville/SC – o Coletivo Ashanti. Este coletivo surgiu inspirado
em organizações e movimentos de mulheres negras de outros estados. A partir de
minha percepção (a autora) e de outras mulheres negras, verifica-se que o
protagonismo de mulheres negras em Joinville é pouco valorizado. As mulheres
negras têm pouca inserção social política, cultural e econômica. Seja nos meios de
comunicação social, oficial ou nos documentos históricos que registram a história da
cidade e a história das mulheres. Nesse contexto, nasceu em 2014, com o firme
objetivo de pautar o lugar das mulheres negras no Município de Joinville - o Coletivo
Ashanti. As ações iniciais, começaram a partir de encontros semanais, afim de se
delinear o caráter e a identidade do Coletivo. Temas como saúde, violência contra
mulher, estética e cultura pautaram as primeiras ações. Parcerias estabelecidas com
órgãos sociais do Município propiciou o avanço e o reconhecimento do Coletivo como
espaço de valorização da Mulher Negra em Joinville. A participação em diferentes
eventos, ocuparam a agenda das Mulheres Ashanti. Formação continuada, Rodas de

74
Professora Ana Lucia Martins.
Conversas, Seminários, Encontros, Mesas de Debate, Cine Debate, Sarau,
Conferências Municipais, Estaduais e Nacionais, a participação em Conselhos,
Organizações e Fóruns alcançou a visibilidade esperada, bem como se cumpriram as
metas e objetivos estabelecidos na sua criação. Os resultados são expressos a partir
da consolidação do Coletivo na sociedade de Joinville e para isso destaco alguns
exemplos: O compromisso assumido na marcha das Mulheres Negras, nos
Seminários de Saúde, nas Conferências e Encontros de organizações não
Governamentais foram cumpridos, a mobilização e o empoderamento de mais
mulheres negras por meio de informações, debates, encontros e formações
permanecem. Em 2018, pela primeira vez, o Coletivo foi premiado no SIMDEC,
Sistema Municipal do Desenvolvimento da Cultura, o projeto ofereceu oficinas
diferenciadas entre essas o Corte e Costura que teve continuidade em 2019,
resultando na expansão com nova parceria e ampliação no atendimento a jovens e
mulheres haitianas. Por fim, alcançada a visibilidade é indispensável pensar novas
estratégias para garantir a participação das mulheres negras em espaços antes nunca
ocupados, empoderar outras mulheres, fortalecer a participação de mulheres da
periferia, imigrantes e anônimas, ampliar a comunicação, buscar novas metodologias
de mobilização que se consolide em um movimento permanente e crescente.

Palavras-chave: Mulheres Negras. Identidade. Afirmação.

OJINJÉ: AMOR, CULTURA, EDUCAÇÃO E AXÉ

Isabel Cristina Ribeiro Rosa75

O presente trabalho consiste num relato de experiência das ações desenvolvidas pela
Ojinjé. A Associação de cultura e tradições de matriz africana Ojinjé está localizada
em Navegantes, litoral de Santa Catarina e nasceu do amor de uma avó que sonhou
em manter viva a memória de seu neto. Menino de riso solto, alegria contagiante e
carinho pulsante, João Marcelo sempre possuiu um olhar perspicaz para as mazelas
que acometem a nossa sociedade. Uma criança adiantada para o seu tempo, nos
deixou cedo, mas durante o pouco tempo em que aqui permaneceu muito nos ensinou
e para que essas lições de amor e esperança não fossem esquecidas, começamos a
desenvolver um trabalho voltado à população carente. O objetivo da associação é
promover o acesso à cultura, prestando apoio e orientação aos costumes, hábitos e
comportamentos da cultura africana, buscando a preservação, desenvolvimento e
manutenção das manifestações afro-brasileira. Dentre as ações que realizamos

75
Ekedi Cristina, integrante de Comunidade Tradicional de Terreiro e líder de Movimento Social.
Costureira. Contato: ojinjeculturaafro@gmail.com.
estão: apoio escolar, inglês, artesanato, reciclagem e meditação. A cultura afro-
brasileira é contemplada através da seguinte metodologia: aulas de capoeira, que
com a prática as crianças aprendem história, musicalidade, ritmo e dança; confecção
de máscaras africanas; leitura e contação de histórias dentro da temática; confecção
e comercialização de trajes africanos; culinária de terreiro e participação em cirandas
e brincadeiras africanas. Para desenvolver esse trabalho, nos pautamos em
pesquisadoras como: Caputo (2012), Dias (2012), Romão (2009), Pereira (2017), com
o intuito de fundamentar nossas ações. O resultado desse trabalho já nos rendeu
muitos frutos: parcerias com o Centro Universitário Avantis, que além de apoio às
ações tem oferecido tratamento dentário a nossas crianças; a declaração de entidade
pública, o que nos possibilita ampliar nossa participação social; a melhoria dos
serviços oferecidos através de parcerias com profissionais renomados, como Cris
Medeiros e Amanda Theo; a ampliação do atendimento que hoje conta com cerca de
60 crianças; a divulgação, valorização e desmistificação de nossa cultura, muitas
vezes vista como exótica e até marginalizada pela população local. Sabemos que não
é tarefa fácil promover a cultura quando essa é de matriz africana, mas acreditamos
no poder da educação como forma de transformação social e de combate ao racismo.

Palavras-chave: Educação. Cultura. Temática africana e afro-brasileira.

O EMPODERAMENTO NEGRO NO COMBATE AO RACISMO

Dirce Almeida Santos76

Esse relato trata de uma ação que realizo há sete anos dentro do município de São
José dos Pinhais e que tem o objetivo de empoderar os negros que aí residem. Os
desafios de ser uma mulher negra no Brasil são imensos, como enfatiza Gomes
(1995). Por sentir duramente esses desafios e não desejar que meus netos sofram os
mesmos tipos de preconceito e racismo que tenho enfrentado ao longo de minha vida
é que comecei essa luta. Acredito que ninguém respeita um negro que não seja
empoderado, pois mesmo com tantas políticas de ações afirmativas ainda é mínima
a representatividade negra em diversas áreas e o racismo nos ronda
incessantemente. Senti isso duramente quando ingressei na câmara de vereadores
de São José dos Pinhais. Fui protagonista: única negra a atuar numa função que não
estava diretamente ligada à faxina. Era visível a indignação de muitos diante de uma

76
Assessora parlamentar; líder dos movimentos sociais: Respeito não tem cor e
afroempreendedorismo são-joseense. Contato: dirce-santos@hotmail.com
assessora negra com lugar de fala no plenário. Não satisfeita, senti que precisava
compartilhar essa luta com outros negros para crescermos juntos. Assim, estando
numa situação de privilégio, comecei a organizar eventos na câmara para reunir esse
povo, utilizando palestras, oficinas e roda de conversa como metodologia, para juntos
debatermos a situação do negro em nosso município. Palestrantes como: Herivelto
Oliveira, Dulcinéia Novaes, Brinsan Ferreira N'Tchalá, Sara da Silva Pereira e outras
referências em estudos em torno de uma educação antirracista, fundamentaram as
ações desenvolvidas. Dentre esses eventos, destaco: o desfile “Um passo para a
igualdade”, que reuniu negros e negras numa festa de alegria e cores; os encontros
em alusão ao “Dia Internacional contra a Discriminação Racial” e a concessão de
honraria aos negros que se destacaram no município. Dentre os resultados deste
trabalho, destaco a criação do grupo “Respeito não tem cor” e do
“Afroempreendedorismo”. O primeiro reúne a população negra numa rede social em
que partilhamos desde vagas de emprego até ações solidárias e principalmente
palestras para ampliar o conhecimento. O segundo reúne os afroempreendedores e
promove ações que visam o fortalecimento destes empreendimentos dentro e fora do
município. Tenho orgulho em dizer que muitos negros estão empregados graças a
essas ações; em nossos encontros é visível que os participantes apresentam uma
estima elevada e demonstram orgulho em serem protagonistas de suas vidas, pois
sabemos que somente com educação é que poderemos construir uma sociedade
antirracista.

Palavras-chave: Empoderamento. Afroempreendedorismo. Educação.

POR UMA PSICOLOGIA NÃO BRANCA

Erika Gomes da Fonseca 77


Talissa Cibele de Lima Santos78
Norma da Luz Ferrarini79

O epistemicídio pode ser compreendido pelo ato ideológico e estrutural de negar,


ocultar e/ou desqualificar as contribuições não brancas e ocidentais, especialmente
as africanas e afrodescendentes, enquanto patrimônio intelectual. (Boaventura, 1997;
Carneiro, 2005). Ainda nesse sentido, o epistemicídio cumpre-se igualmente no
embranquecimento das ementas dos cursos universitários, quando o estudo de

77
UFPR - Graduanda em Psicologia., Bolsista PIBIS, erikalilac12@gmail.com
78
UFPR - Graduanda em Psicologia., Bolsista PIBIS, talissacls@gmail.com.br
79
UFPR - Docente do Departamento de Psicologia UFPR. Diretora acadêmica do CEAPPE e vice-
coordenadora do MediAÇÃO.
autores não brancos não se realiza. Gabriel e Silva (2018) afirmam que, nos cursos
de Psicologia, em especial, são pouquíssimas as grades curriculares que possuem
disciplinas em Educação sobre as relações étnico-raciais, ou com temáticas
semelhantes no que concerne às questões afrodescendentes. Haja visto que o curso
de Psicologia da Universidade Federal do Paraná não é exceção à realidade, uma
das autoras suscitou a discussão sobre o epistemicídio vivenciado, especialmente,
nas ementas das disciplinas do curso, organizando, então, com outros estudantes,
uma hora-aula sobre Psicologia e Negritude em uma das disciplinas obrigatórias
oferecidas - momento esse endossado pela recusa dos discursos racistas presentes
na mesma. Posteriormente, a partir das repercussões geradas por essa hora-aula,
bem como pela participação das duas autoras deste estudo no projeto de pesquisa-
intervenção “MediAÇÃO: mediando conflitos étnicos e raciais na universidade”, uma
das Professoras supervisoras do mesmo nos convidou para dar uma aula de duas
horas, sobre Negritude e Identidade, para os estudantes da disciplina obrigatória
Psicologia Social, objetivando a diminuição da formação e educação essencialmente
embranquecida, a qual é passada aos alunos do curso. Para ministrar a aula, que
simbolicamente ocorreu no Dia dos Professores desse ano, os principais autores
escolhidos foram Césaire (2010), Fanon (2008), Guimarães (1999), Mbembe (2014),
Rayara (2018), Schucman (2016) e Ciampa (1994), sendo que, para realização da
aula, utilizou-se a metodologia expositiva, com a participação ativa dos estudantes,
além de as autoras terem construído dois casos de história de vidas negras reais,
inspirados no modelo do livro A estória do Severino e a história da Severina: um
ensaio de Psicologia Social, de Ciampa (2009). Considera-se que um dos melhores
resultados decorrentes desta aula, foi o convite direcionado às duas autoras para
fazerem parte da organização da ementa e do método didático da primeira disciplina
optativa sobre a temática racial do curso de Psicologia da UFPR. Assim que,
parafraseando Gabriel e Silva (2018), a experiência aqui relatada expõe a
potencialidade de a Psicologia tornar-se uma ciência antirracista, bem com incitar a
descolonização da psiquê e dos saberes.

Palavras-chave: Psicologia. Negritude. Identidade.

DISCRIMINAÇÃO E PRECONCEITO EM AGENTES PENITENCIÁRIAS NEGRA.

Juliana da Rosa Elia80


Gabriela Ormeño81

80
UFPR - Graduada em Pedagogia, mestranda do setor de Educação. julianaeliacwb@gmail.com
81
UFRJ - Graduada em Psicologia, Mestrado em Educação Especial e Doutorado em Psicologia pela
Universidade Federal de São Carlos.Com Doutorado Sanduíche na Universidade Autônoma de
Barcelona. Atualmente é Professora do Departamento de Educação da Universidade Federal do
Paraná. gabrielareyesufpr@gmail.com
As agentes penitenciárias femininas, executam suas funções de trabalho em um
ambiente extremamente problemático do sistema carcerário, no entanto, são pouco
conhecidas e compreendidas, pois recai sobre elas um olhar de subjugação de
desrespeito e sobretudo de preconceito, fatores esses multiplicados, quando se diz
respeito às agentes penitenciárias negras. Santos e Albuquerque, 2019. No estado
do Paraná os agentes penitenciários, tem sob sua guarda em média 12,7 presos onde
desempenham a função de vigiar os custodiados. O presente estudo objetiva
identificar os aspectos raciais. Participaram três agentes penitenciárias negras de 39,
44 e 51, dessas duas eram mães, totalizando quatro filhos, todas já atuam como
agentes entorno de 10 anos, com ensino médio completo, lotadas na unidade
prisional feminina de Piraquara-PR. Foi aplicado um questionário visando entender
se a questão racial teve interferência na vida e nas funções laborais. Os dados
apontam que duas participantes sofreram preconceito, desde a época escola: P1:
“Sofri todos, fui adotada, sou descendente de negros, tenho cabelo ruim, pobre, minha
principal alimentação era na escola, os amigos sabiam”. Além disso a p1 e p2 não se
sentiam acolhidas pelas escolas onde estudarão, quando questionadas sobre o papel
da escola e se elas mudariam algo nas escolas todas foram unânimes em dizer que
a escola precisa ter mais diálogo, afetividade e respeito. Com relação aos
preconceitos dentro do trabalho, todas, declararam que já sofreram muitos
preconceitos por serem mulheres e negras, principalmente no início das suas
carreiras, por estarem em um ambiente majoritariamente masculino. O preconceito
racial ainda se encontra em alguns casos abstruso, porém existente, onde pode ser
observado no baixo número de agentes penitenciárias negras e no baixo número de
agentes negras nos cargos de chefias. As funções desempenhadas por elas podem
acarretar ao estresse e ao uso e abuso de substâncias legais e ilegais, deste modo o
estudo propõem uma breve reflexão para as formações desses servidores como
amparos para eles.

Palavras-chave: Mulheres negras. Preconceito racial. Agentes penitenciárias.


PROJETO LEC³: EMPODERAMENTO ÉTNICO-RACIAL FEMININO

Dandara Arruda82
Mayna de Aquino83

Ao considerar que mais da metade da população brasileira se vê como negra/parda,


54% segundo PNAD (IBGE, 2016), é inegável a falta de representatividade deste
povo na sociedade. Desde os primórdios da história da civilização nega-se a esses o
direito de serem quem são e, de terem aceitação de seu biotipo natural: cor da pele
e cabelo crespo/cacheado. Ao observar os dados da pesquisa “A Representatividade
da Mulher Negra nas Propagandas de Produtos Para Cabelo” (ARRUDA, 2017)
constatou-se que mulheres negras, ainda não se vêm representadas e, que além de
serem negadas, são construídas de forma estereotipada, dentro de um padrão
eurocêntrico, difícil de ser atingido. Assim, com o objetivo de trazer a jovens negras
periféricas, de 10 a 17 anos, debates sobre a negação do biotipo da mulher negra, o
cancelamento da cultura afro e as dividas históricas existentes em nosso contexto
civilizatório, foi criado o LEC³, projeto que visa empoderar através de eventos
culturais, em ONG’s e escolas, sendo: palestras sobre a história da África e suas
riquezas; oficinas de finalização capilar (cabelo crespo e cacheado) e aula de auto
maquiagem, específica para pele negra. Para verificar a percepção da sociedade
relativa ao projeto e poder implementá-lo, uma pesquisa quali-quanti (CRESWEEL,
2010; 2014) foi realizada para analisar o perfil sociodemográfico dos respondentes,
suas preferências e seus interesses em apoiar o LEC³. Um formulário virtual
estruturado via Google Forms, constituído de 17 questões foi aplicado no período de
30 de outubro de 2019 a 04 de novembro 2019 e difundido via redes de contato das
autoras, obtendo 51 respondentes. Os principais resultados apontam que a negação
da história e da cultura do povo negro, bem como políticas públicas de incentivo
étnico-raciais, existe e pode influenciar no desenvolvimento identitário dessa
população e, que empresas/marcas precisam entendê-los não apenas como um nicho
de mercado, mas, como maioria social para representá-lo, o que confirma o objetivo
do projeto.

Palavra-chave: Empoderamento. Étnico-racial. Jovens negras periféricas.

82
IFPR - Técnico em Eventos., Estudante e UNINTER - Graduada em Publicidade e Propaganda,
dandararruda@hotmail.com.
83
IFPR - Mestre em TURISMO., Professora, mayna.aquino@ifpr.edu.br.
ATIVIDADES CULTURAIS

27/11/2019 – Abertura – Contação de Histórias com Maria Eduarda do Rocio Ferreira

27/11/2019 – Encerramento – Dança de Gafieira - Bruno Henrique Pereira Braga e


Renata Kauane
HOMENAGENS

Prêmio Dona Diva Guimarães – homenageadas Dona Diva Guimarães e Maria


Eduarda do Rocio Ferreira
LANÇAMENTO DE LIVROS

No fio do Horizonte: educadoras da primeira infância e o combate ao racismo –


Lucimar Rosa Dias

A Lei 11645/08: uma década de avanços, impasses, limites e possibilidades –


Giovani José da Silva e Marinelma Costa Meireles (organizadores)

Reflexões e experiências na construção de uma educação antirracista no contexto


do grupo de estudos e pesquisas ErêYá – Lucimar Rosa Dias e Clarice Martins de
Souza Batista

Que pira é essa – Florêncio Rekayg Fernandes

Ẽg jykre sinvi - nossas belas histórias - Florêncio Rekayg Fernandes


REGISTRO POR FOTOGRAFIAS
Ninguém caminha sem aprender a caminhar, sem aprender a fazer o caminho caminhando,
refazendo e retocando o sonho pelo qual se pôs a caminhar. Paulo Freire - Pedagogia da Esperança.

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