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METROLOGIA

AULA 2

Prof. Carlos Eduardo Costa


Prof. Emerson da Silva Seixas
CONVERSA INICIAL

A importância da Medição e da Metrologia

Uma das grandes certezas da tecnologia é que a metrologia é uma das


ciências correlatas mais importantes, pois é por meio dela que as demais
ciências podem ser desenvolvidas, inovadas e mesmo acreditadas por meio da
mensuração.
Desse modo, é dado crescente valor à metrologia, visto que o sucesso do
sistema metrológico possibilita a intercambiabilidade de peças e produtos,
situação essa que reduz consideravelmente os custos, influenciando
diretamente no poder de negociação entre as nações e sobre o seu Produto
Interno Bruto (PIB).
A rastreabilidade é outro fator preponderante quando tratamos de
negócios entre nações. Por este meio, é possível identificar, por meio da peça,
a organização responsável pelo produto, chegando até mesmo ao horário de sua
fabricação.
Isso cada vez mais conduz as organizações a utilizarem instrumentos
devidamente calibrados e sistemas acreditados internacionalmente, ainda que o
produto seja utilizado apenas no país.
Termos como exatidão e precisão devem ser entendidos e devidamente
aplicados, mitigando a possibilidade do erro grosseiro.
É também importante dizer que as situações supracitadas conduziram e
têm promovido alterações consistentes, sempre fundamentadas na terminologia
empregada em metrologia, por meio do Vocabulário Internacional de Metrologia
(VIM).
Esses tópicos, além de outros de mesma relevância, serão tratados nesta
etapa.

TEMA 1 – O PAPEL DA METROLOGIA NA ORGANIZAÇÃO

O PIB de um país está diretamente relacionado ao sucesso de suas


organizações, independentemente do porte e área de atuação, ao considerando
esse valor como a somatória de todos os seus recursos.
Diante do exposto, o sucesso econômico de um país está relacionado a
sua capacidade de fabricar e comercializar produtos e serviços que satisfaçam

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os padrões de qualidade aceitos internacionalmente. Dessa forma, cada vez
mais a metrologia é considerada um ponto estratégico para o desenvolvimento.
Nesse contexto, a metrologia é vital para os fabricantes, fornecedores e
consumidores de produtos e serviços.
Salientamos que manter um nível elevado de satisfação do cliente é um
desafio significativo para todas as organizações. Uma maneira de vencer tal
desafio é estabelecer e usar um código de conduta voltado para a satisfação do
cliente.
Indiscutivelmente, a metrologia é a base para o estabelecimento de
qualquer sistema de qualidade. Ela, como conhecemos hoje, facilita a
harmonização internacional das terminologias e definições utilizadas. Tal
padronização está fundamentada em três grandes instituições que creditam o
sistema:

1. O VIM – Vocabulário Internacional de Metrologia;


2. O GUM – Guia para Expressão da Incerteza de Medição, instituído em
1993;
3. A norma ISO Guia 25 (1978), que, revisada e ampliada, resultou na norma
ISO/IEC 17025 – Requisitos Gerais para a Competência de Laboratórios
de Ensaio e Calibração, de 2000.

Com certeza, a adoção dos documentos acima contempla a evolução e a


dinâmica do processo de internacionalização das sociedades tecnológicas,
favorecendo uma maior integração dos mercados, e a consequente otimização
dos custos envolvidos.
Conforme tratamos anteriormente, a metrologia é a ciência que estuda a
medição, por meio da identificação e aplicação de instrumentos, sistemas e
operadores.
Estudamos também a relevância da metrologia em nosso dia a dia, por
meio de muitas aplicações, e outras que ainda conheceremos no decorrer deste
estudo.
Como principal objetivo, a metrologia visa garantir a qualidade de
produtos e serviços por meio do controle dos instrumentos aplicados à medição,
iniciando-se na especificação da matéria-prima, seguindo durante todo o
processamento.

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Por meio dos exemplos expostos até agora, fica óbvia a importância da
metrologia. Nessa linha, é interessante verificar a origem, assim como conhecer
as grandes áreas relacionadas à metrologia (trataremos sobre ele no Tópico 2).
Há o dito popular de que “o cliente sempre tem razão”; atentemo-nos a
ele e aos sinais oriundos do mercado.
A NBR ISO 10001 – Gestão da qualidade: satisfação do cliente trata das
diretrizes para códigos de conduta para organizações, fornecendo orientações
para planejar, projetar, desenvolver, implementar, manter e melhorar os códigos
de conduta voltados à satisfação do cliente. Essa norma é aplicável a códigos
relacionados a produtos e serviços que contenham promessas feitas aos clientes
por uma organização por meio de validação da confiabilidade de seus produtos
e serviços. Uma breve conclusão sobre o tema: a metrologia tem papel
preponderante e estratégico, ferramenta indispensável no apoio à
competitividade, em especial do setor produtivo das organizações.
Considerando a metrologia como pilar essencial de sustentação para o
crescimento e inovação tecnológica, promoção da competitividade e criação de
um ambiente favorável ao desenvolvimento científico e industrial em todo o país
entre 2008 e 2012, foi disponibilizado esse documento, que estabelece as
diretrizes estratégicas para a metrologia brasileira. Por meio da NBR ISO 10001,
notamos situações de atualização de conceitos e estratégias, além de explicitar
alguns dos desafios e orientações relacionadas às novas e constantes
necessidades da metrologia para as organizações.

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Crédito: jannoon028/Shutterstock.

1.1 Hierarquia do sistema de rastreabilidade

Segundo Albertazzi e Souza (2008),

o controle da qualidade envolve um conjunto de operações de medição


com função de assegurar que os produtos fabricados por uma empresa
atendam plenamente as especificações técnicas para serem
introduzidos no mercado, sendo um requisito fundamental para a
sobrevivência de qualquer empresa.

Isso só é possível se os instrumentos utilizados estiverem de acordo com


padrões pré-definidos e calibrados, de modo a garantir as medidas obtidas
conforme as tolerâncias também pré-definidas. Essa situação é fundamentada
pelo Instituto Nacional de Metrologia e Qualidade (Inmetro), e sustentada pela
Rede Brasileira de Calibração (RBC), de modo a assegurar adequada prestação
de serviços metrológicos devidamente embasados para todas as áreas.
A calibração assegura a rastreabilidade dos padrões primários do Sistema
Internacional de Unidades (SI), por meio de uma cadeia contínua de
comparações e, como bônus, há confiabilidade e qualidade asseguradas nas
medições em sistemas produtivos.
A rastreabilidade cada vez mais tem se tornado importante, fato
demonstrado especialmente pelo já citado direito do consumidor, pelo Serviço
de Atendimento ao Cliente (SAC).

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Cabe ao Inmetro a responsabilidade de manter as unidades fundamentais
de medida no Brasil, garantindo assim a rastreabilidade conforme os padrões
internacionais e disseminá-las, com seus múltiplos e submúltiplos, até as
indústrias.
A RBC conta com uma rede de aproximadamente 500 laboratórios de
calibração acreditados pelo Inmetro.
A metrologia legal, é a área de destaque nesse caso, por estar atrelada
às exigências legais, técnicas e administrativas relativas às unidades de
medidas, aos instrumentos de medir e às medidas materializadas. Ela objetiva,
fundamentalmente, as transações comerciais nas quais as medições são
extremamente relevantes quanto à exatidão e lealdade.
A variabilidade dimensional é item intrínseco ao processo de fabricação.
Diante desse fato, é fundamental a aplicação da calibração e a avaliação da
incerteza dos instrumentos, situação que garante a qualidade metrológica e
padrões do processo de produção.
Por meio dela, observamos de 1 para 5 o grau de qualidade dos
instrumentos e sistemas. Quanto mais próximo ao topo da pirâmide, maiores
serão os custos envolvidos, devido a exigências específicas envolvendo mão de
obra qualificada, instrumentos e ambiente.
No caso desta etapa, destacamos os laboratórios de chão de fábrica, por
estarem estes ligados à metrologia industrial.
Porém, é fundamental observar sempre a relação com as demais
instâncias citadas na pirâmide solicitando trabalhos a empresas acreditadas. A
Figura 1 ilustra a hierarquia do sistema de rastreabilidade utilizado para acreditar
instrumentos e sistemas de medição.

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Figura 1 – Hierarquia do sistema de rastreabilidade

Fonte: VIM, 2012.

De acordo com a norma ISO 8402 (ABNT, 2000), “rastreabilidade é a


capacidade de traçar o histórico, a aplicação ou a localização de um item através
de informações previamente registradas”.

1.2 A importância da metrologia para a organização

Por meio da rastreabilidade, torna-se possível traçar o histórico e,


consequentemente, localizar uma peça ou produto por meio de informações
previamente registradas em documentação impressa ou digital. A situação, além
de garantir a qualidade interna, traz confiabilidade ao cliente.
No caso específico dos instrumentos de medição internos à organização,
por meio da documentação é possível verificar se eles estão em acordo com um
valor de referência conhecido, ou a que distância de um valor verdadeiro essa
medida está sendo reproduzida.
Cada vez mais torna-se impossível imaginar a atualidade sem o controle
dimensional, independentemente da área, (industrial, comercial e no
desenvolvimento de novos produtos).
Do mesmo modo, é impossível imaginar um sistema assegurado de
qualidade sem o domínio do controle dimensional, fato que só se faz possível
por meio da aplicação correta da metrologia.
Por incrível que pareça, alguns ainda consideram o departamento da
qualidade somente um custo para a empresa; porém, quando ocorrem falhas
nessa área, toda a organização entra em risco, uma vez que produto fora da
especificação gera retrabalho, refugo, atraso de entrega e a indesejável

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insatisfação do cliente. A somatória desses pontos, sim, resultam no aumento de
custos, onerando departamentos, podendo levar a organização como um todo a
situações, às vezes, irreversíveis.
De acordo com Juran (1999), se uma empresa, por decisão própria, não
planejar oferecer a qualidade dos produtos e serviços, consequentemente, a
baixa qualidade resultante do processo interno trará como resultado a
insatisfação externa (do cliente).
Especialmente em empresas ligadas à produção de peças, estima-se que
entre 10% e 15% dos custos estejam relacionados de modo direto ou indireto, à
medição. Esses custos se distribuem nos valores dos instrumentos, adequação
de ambientes, qualificação da mão de obra, auditorias e as consequentes
certificações.
De acordo como o CONMETRO, estima-se que cerca de 4 a 6% do PIB
dos países industrializados sejam dedicados aos processos de medição. Esses
consideráveis valores são cada vez mais imprescindíveis, uma vez que são
responsáveis pela produção exigida de bens com considerável precisão de
produtos, abrangendo todos os aspectos teóricos e práticos, sobre a qualidade.
Isso é fundamental, diante da competitividade das organizações em todo o
mundo.
Reconhecendo a metrologia como a ciência da medição, considerando-a
como base para a manufatura de todo conjunto de peças, independentemente
se lote unitário (como uma turbina hidrelétrica ou um satélite), ou de milhares de
peças (como a indústria automotiva, ou a linha branca – eletrodomésticos, e a
linha amarela – de máquinas e implementos agrícolas). Outra forma de definição
para a produção é a produção seriada (ou em massa).
Observe que, independentemente do número de peças a serem
fabricadas, é grande a responsabilidade sobre o controle dimensional,
considerando sempre a obediência às medidas e considerações de projeto.
Essa situação está intrinsecamente ligada à filosofia da organização;
nesse caso, mais relacionada aos valores que ela preza manter diante do
mercado, local, nacional ou internacional.
O sistema metrológico industrial assegurado por entidades, como Inmetro,
ABNT e NRs, sustenta a organização em termos de confiabilidade do cliente,
tornando-a diferenciada em relação à concorrência, situação favorável a sua
manutenibilidade orçamentária.

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A metrologia está diretamente ligada à qualidade, sendo primordial para
o sucesso da organização, independentemente da área de atuação e volume de
produção.
Somando-se aos pontos tratados aqui e ao Recall, considerado
anteriormente, a metrologia também é responsável direta por resguardar os
princípios éticos e morais da organização, item também relacionado aos valores
da empresa.
A Figura 2 ilustra fases distintas da revolução industrial. Observe as
seguinte perguntas para reflexão:

1. Entre as fases aqui consideradas, em qual sua organização está?


2. O que você tem feito para haver mudança de estágio?
3. Quais são as vantagens, uma vez alcançado o progresso?

Figura 2 – Estágios da Revolução Industrial

Crédito: Olivier Le Moal/Shutterstock.

Ressaltamos que erros ou desvios dimensionais fazem parte do processo,


das máquinas e ferramentas, e são, consequentemente, transferidos para as
peças. Logo, é imprescindível conhecer tais desvios, suas causas e
consequências, procurando sempre mantê-los sob controle funcional e custos
admissíveis para a organização e usuários.

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TEMA 2 – CONCEITUAÇÃO DE METROLOGIA E SISTEMA DE MEDIÇÃO

Com o crescente aumento populacional, é cada vez mais necessário o


desenvolvimento de máquinas e equipamentos direcionados ao aumento da
produção com qualidade, fato conhecido como produtividade.
Até o momento, estudamos diversas vezes a definição de metrologia,
considerando-a como a ciência que estuda e desenvolve instrumentos e
sistemas que possibilitam o reconhecimento das dimensões, pesos,
temperaturas, volumes, grau de aspereza ou rugosidade, entre outras
características de peças ou produtos, independentemente do estado da matéria
(sólido, líquido, gasoso ou pastoso).
Conforme vimos anteriormente, os erros são inerentes ao processo de
fabricação e também da medição. Entre as diversas causas de erros, destacam-
se as atribuídas a dois fatores:

1. Erros gerados por fatores externos ligados ao ambiente (temperatura,


pressão, umidade, ruídos, poeira, flutuação de tensão de alimentação), e
pela má definição do mensurando (erros geométricos e complexidade
geométrica).
2. Erros gerados pelo instrumento de medição: erro de zero, erro de
histerese, erro de paralaxe, (erro do operador em relação à posição de
medição).

O conceito de medir traz, em si, uma ideia de comparação, sendo que tal
comparação sempre é realizada tomando por referência um padrão idoneamente
reconhecido e aceitável. No caso da indústria de fabricação por usinagem, por
exemplo, utiliza-se o paquímetro quadrimensional para a verificação de
diâmetros e comprimentos. De modo geral, a dimensão de uma determinada
característica de um produto, é obtida por meio de:

1. Definição das unidades padronizadas, conhecidas como unidades de


medida, que permitem a conversão de abstrações em grandezas
quantificáveis, como o comprimento.
2. Disponibilidade de instrumentos, calibrados em termos de capacidade
para a medição dessas unidades de medidas padronizadas.
3. Uso desses instrumentos para quantificar ou medir as dimensões do
produto ou do processo em análise.

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4. Leitura e registro dos dados obtidos por meio das medições realizadas
pelos instrumentos de medição.

A atividade de medir e analisar os resultados da medição de uma peça ou


produto é um processo que precisa ser devidamente gerenciado e documentado.

TEMA 3 – PRINCIPAIS TERMOS E DEFINIÇÕES APLICADOS NA


METROLOGIA

O Inmetro tem por premissa principal a disseminação da cultura


metrológica em todos os âmbitos da pesquisa, desenvolvimento e aplicação da
metrologia, considerando os muitos benefícios que essa ciência traz ao ser
humano e ao meio ambiente.
Para a concretização da afirmação acima, é fundamental a aplicação de
uma terminologia única para todos os usuários da metrologia. Tal fato tornou-se
realidade, e tem se consolidado diante da tradução e liberação para divulgação,
com a devida indicação da origem do documento:

1. Título original em inglês: International Vocabulary of Metrology Basic and


general concepts and associated terms - JCGM 200:2012.
2. Traduzido por: grupo de trabalho luso-brasileiro ISBN: 978-85-86920-09-7.
3. Identificação: VIM – Vocabulário Internacional de Metrologia: conceitos
fundamentais e gerais e termos associados. Primeira edição luso-
brasileira.

Salientamos que os termos utilizados pelo VIM indicam que não há


diferença fundamental nos princípios básicos de medição em física, química,
medicina laboratorial, biologia ou engenharia. Ou seja, ele envolve as três
categorias da metrologia: científica, legal e industrial. Tais áreas da metrologia
serão tratadas posteriormente.
Na sequência, alguns dos principais termos definidos pelo VIM e
amplamente aplicados em todas as áreas da metrologia.

1. Metrologia – Ciência da medição e suas aplicações. A metrologia


engloba todos os aspectos teóricos e práticos da medição,
independentemente da incerteza de medição e do campo de aplicação.
2. Medição – Processo de obtenção experimental de um ou mais valores
que podem ser, razoavelmente, atribuídos a uma grandeza.

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3. Mensurando – Grandeza que se pretende medir.
4. Princípio de medição – Fenômeno que serve como base para uma
medição.
5. Método de medição – Descrição genérica de uma organização lógica
de operações utilizadas na realização de uma medição.
6. Procedimento de medição – Descrição detalhada de uma medição de
acordo com um ou mais princípios de medição e com um dado método
de medição, baseada em um modelo de medição e incluindo todo cálculo
destinado à obtenção de um resultado de medição.
7. Procedimento de medição de referência – Procedimento de medição
considerado capaz de fornecer resultados de medição adequados para
a avaliação da veracidade de medição de valores medidos obtidos a
partir de outros procedimentos de medição para grandezas de mesma
natureza, em calibração, ou em caracterização de materiais de
referência.
8. Procedimento de medição primário – Procedimento de medição de
referência utilizado para obter um resultado de medição sem relação
com um padrão de uma grandeza de mesma natureza.
9. Exatidão de medição – Grau de concordância entre um valor medido e
um valor verdadeiro de um mensurando.
10. Precisão de medição – Grau de concordância entre indicações ou
valores medidos, obtidos por medições repetidas do mesmo objeto ou
em objetos similares, sob condições especificadas.
11. Erro de medição – Diferença entre o valor medido de uma grandeza e
um valor de referência.
12. Erro sistemático – Componente do erro de medição que, em medições
repetidas, permanece constante ou varia de maneira previsível.
13. Tendência de medição – Estimativa de um erro sistemático.
14. Erro aleatório – Componente do erro de medição que, em medições
repetidas, varia de maneira imprevisível.
15. Condição de repetibilidade de medição – Condição de medição em
um conjunto de condições, as quais incluem o mesmo procedimento de
medição, os mesmos operadores, o mesmo sistema de medição, as
mesmas condições de operação e o mesmo local, assim como medições

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repetidas no mesmo objeto ou em objetos similares durante um curto
período de tempo.
16. Repetibilidade de medição – Precisão de medição sob um conjunto de
condições de repetibilidade.
17. Condição de reprodutibilidade – Condição de medição em um
conjunto de condições, as quais incluem diferentes locais, diferentes
operadores, diferentes sistemas de medição e medições repetidas no
mesmo objeto ou em objetos similares.
18. Incerteza de medição – Parâmetro não negativo que caracteriza a
dispersão dos valores atribuídos a um mensurando, com base nas
informações utilizadas.
19. Hierarquia de calibração – Sequência de calibrações desde uma
referência até o sistema de medição final, em que o resultado de cada
calibração depende do resultado da calibração precedente.
20. Rastreabilidade metrológica – Propriedade de um resultado de
medição pela qual tal resultado pode ser relacionado a uma referência
por uma cadeia ininterrupta e documentada de calibrações, cada uma
contribuindo para a incerteza de medição.
21. Rastreabilidade metrológica a uma unidade medida – rastreabilidade
metrológica em que a referência é a definição de uma unidade de medida
através da sua realização prática.
22. Verificação – Fornecimento de evidência objetiva de que um dado item
satisfaz requisitos especificados
23. Validação – Verificação na qual os requisitos especificados são
adequados para um uso pretendido.
24. Padrão – Materialização da unidade. Como exemplo, citamos o metro,
unidade de referência para o Sistema Internacional (SI). O metro
considerado padrão tem o comprimento de um metro, considerando, no
momento da mensuração, uma determinada temperatura, a uma
determinada pressão e devidamente postado sobre dispositivo de
fixação. É importante também considerar que a alteração de qualquer
um desses parâmetros influenciará no comprimento original do metro-
padrão.

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Os pontos acima citados correspondem ao resumo de algumas
atribuições para o alcance e manutenção da almejada difusão da metrologia e
consequente grau de qualidade.
De acordo com Albertazzi e Souza (2008), a manutenção da
confiabilidade metrológica de sistemas de medição é a principal motivação para
a realização periódica da calibração dos instrumentos empregados para a
medição.

3.1 Calibração, de acordo com o VIM

Conjunto de operações que estabelece, sob condições especificadas, a


relação entre os valores indicados por um instrumento de medição, sistema de
medição, ou valores representados por uma medida materializada, ou um
material de referência, e os valores correspondentes das grandezas
estabelecidos por padrões.

3.2 Vantagens da calibração dos instrumentos

Quando devidamente aplicada, a calibração dos instrumentos resulta em


considerável retorno financeiro, com geração de lucro, maior confiabilidade e
credibilidade diante da acirrada competição entre as organizações.
As Figuras 3 e 4 ilustram situações referentes à calibração de
instrumentos. Na Figura 3, a calibração de um micrômetro digital; na Figura 4, a
calibração de um relógio comparador. Em ambos os casos, verificamos a
utilização de bloco padrão (elemento considerado de referência).

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Figura 3 – Calibração de instrumento (I)

Crédito: Rito Succeed/Shutterstock.

Figura 4 – Calibração de instrumento (II)

Crédito: abolotskikh Sergey/Shutterstock.

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Ainda sobre a calibração, ressaltamos a importância da rastreabilidade
dos padrões – instrumentos, equipamentos e sistemas – utilizados como
referência quando da realização.
A Norma ISO 8402 define rastreabilidade como sendo a capacidade de
traçar o histórico, a aplicação e a consequente localização de uma peça,
(produto) por meio de informações previamente registradas. Essa situação é
fundamental, por exemplo, quando da necessidade de um recall (como
estudamos anteriormente).

TEMA 4 – EXATIDÃO E PRECISÃO

Apresentaremos as definições de exatidão e precisão, de acordo com o


Inmetro. Interessante citarmos que ambos mostram a proximidade de uma
medida para um valor real. Observe a semelhança entre os termos, consideração
que induz pessoas leigas a substituírem um termo pelo outro, considerando-os
como sinônimos. Porém, é importante considerar a distinção entre eles quando
se trata de utilizá-los relacionados a medições científicas. Durante a realização
de uma medição qualquer, tanto a exatidão, quanto a precisão, devem ser
almejadas, considerando a metrologia como a ciência da medição.
Especialmente quando utilizados para aplicações de tecnologia, tanto a
exatidão, como a precisão, devem ser consideradas, diante da constante
necessidade de repetidas medições, aplicações estatísticas, ou científicas. Para
tanto, podemos utilizar o dimensionamento do erro percentual.
A Figura 5 ilustra uma flecha no centro, mostrando o acerto desejado ao
alvo. Nesse caso, a posição da flecha, indica a exatidão no lançamento.

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Figura 5 – Indicação de exatidão

Crédito: Chuenmanuse/Shutterstock.

A Figura 6 apresenta três alvos distintos, com pontos posicionados em


diferentes localizações, indicando, consequentemente, resultados também
distintos, de acordo com o objetivo do responsável pelos lançamentos. O alvo à
esquerda apresenta os pontos próximos, porém, distantes do alvo central; nesse
caso, os acertos são considerados como exatos, porém não precisos. O alvo ao
centro apresenta os pontos distantes entre si e, ao mesmo tempo, distantes do
centro, indicando que os lançamentos não são precisos, nem exatos. Por fim, o
alvo à direita mostra os pontos próximos entre si e, ao mesmo tempo, no centro
do alvo. Essa situação indica que os lançamentos foram exatos e precisos.

Figura 6 – Indicação de precisão

Crédito: Patricia F. Carvalho/Shutterstock.

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Observando as duas figuras anteriores e os conceitos verificados no VIM,
podemos concluir que:

1. Exatidão é a proximidade de uma medida específica do valor considerado


padrão.
2. Precisão é a proximidade de um dado conjunto de valores, sem importar
a que distância está do padrão.

Ainda sobre as Figuras 5 e 6, podemos concluir que a exatidão mede a


proximidade do resultado desejado, e a precisão apresenta a proximidade entre
os valores (medidos), ou a extensão da capacidade da reprodutibilidade.
Quando a precisão é alta, significa que a variação entre as medidas foi
limitada e, quando os valores são precisos, eles diferem entre si devido a um
erro aleatório (normalmente de responsabilidade do operador).

4.1 Sobre os erros

O erro durante o processo de medição, apesar de indesejável, é inevitável,


devendo então ser considerado, identificado e minimizado ao máximo possível.
Apesar das muitas possibilidades de ocorrência de erros durante a
verificação dimensional, dois tipos de erros se sobressaem, por afetarem
diretamente a exatidão e a precisão:

1. Erro sistemático – É a média que resultaria de um infinito número de


medições do mesmo mensurando, efetuadas sob condições de
repetitividade, menos o valor verdadeiro do mensurando.
2. Erro aleatório – É o resultado de uma medição menos a média que
resultaria de um infinito número de medições do mesmo mensurando,
efetuadas sob condição de repetitividade.

A repetitividade, de acordo com o VIM, corresponde ao grau de


concordância entre os resultados de medições sucessivas de um mesmo
mensurando, efetuadas sob as mesmas condições de medição, como mesmo
procedimento de medição, mesmo operador do instrumento ou sistema, mesmo
instrumento ou sistema de medição, mesmas condições, mesmo local e medição
realizada em curto período de tempo.
Quanto aos erros e instrumentos, ou sistemas de medição empregados:

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1. A exatidão se preocupa com erros causados por instrumentos defeituosos
ou sistemas inadequados, medindo o viés estatístico.
2. A precisão foca nos erros aleatórios, medindo a variação estatística.

TEMA 5 – ÁREAS DE ATUAÇÃO DA METROLOGIA

Independentemente da área de atuação, é impossível imaginar o dia a dia


sem a metrologia. Na sequência, por meio da apresentação dos três grupos
fundamentais da metrologia, confirmamos sua abrangência e importância.
No Quadro 1, são apresentadas as três grandes áreas de atuação da
metrologia – a científica, a industrial e a legal, e seus respectivos campos de
atuação.

Quadro 1 – Três grandes áreas da metrologia

Área Atuação
Utiliza instrumentos laboratoriais, pesquisas e metodologias científicas, que têm por
Científica

base padrões de medição nacionais e internacionais, visando ao alcance de altos


níveis de qualidade metrológica.

Responsável pelos instrumentos e sistemas de medição utilizados em processos


Industrial

industriais, sendo, desse modo, responsável pela garantia da qualidade do produto


acabado.

Responsável pelo controle e fiscalização dos instrumentos e medidas relacionadas


Legal

ao consumidor.

Fonte: VIM, 2012.

Ressaltamos que a desejada busca pela qualidade engloba desde os


requisitos para o produto, até a definição completa do processo de medição –
instrumento de medição, método de medição, condições ambientais, operador
do instrumento e o item que estamos medindo – necessário para mensurar essa
qualidade.
Somado aos pontos acima, também é interessante informar que a
garantia de qualidade está atrelada aos pontos a seguir, especialmente quando
nos referimos aos instrumentos de medição.

1. Seleção dos laboratórios de calibração e ensaio que possam auxiliar na


definição e melhoria dos processos de medição.

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2. Calibração dos instrumentos de medição na faixa adequada e com níveis
de incerteza conhecidos.
3. Análise dos certificados de calibração, relatórios de ensaio e definição dos
erros máximos permitidos, requisitos de resolução, faixa de medição e
precisão.
4. Implementação de um sistema de gestão de medição em acordo a norma
ABNT NBR ISO 10012 – Sistemas de gestão de medição.

Outra situação de extrema relevância, na observação do estabelecimento


de um sistema de qualidade apurada, corresponde à fidelidade da
documentação relacionada à manufatura. A esse respeito, notamos a
importância dos dados estatísticos de processo de produção considerando o
Controle Estatístico do Processo (CEP) e as Cartas de Controle, por exemplo, e
do processo de medição (MSA).
A Figura a seguir mostra um conjunto de instrumentos, e dois conjuntos
de bloco padrão. Sobre a mesa, estão também os sistemas de armazenamento,
tanto dos blocos, como dos paquímetros.

Crédito: Rito Succeed/Shutterstock.

O Inmetro é referência do conceito de qualidade em nosso país, sendo o


responsável pelas três grandes áreas da metrologia (científica, industrial e legal).

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Sugestão:

A partir de agora, preste atenção as suas aquisições. Observe se elas


possuem o selo do Inmetro, pois ele indica que o produto foi testado por
laboratório credenciado, não oferecendo riscos ao usuário e com risco nulo ou
minimizado em relação ao ambiente.

FINALIZANDO

Nesta etapa, estudamos que:

1. O PIB de um país está relacionado ao seu grau de comprometimento com


a qualidade de seus produtos, segurança do usuário e controle ambiental.
2. A qualidade e, consequentemente, o sistema metrológico, são de
fundamental importância para o sucesso de uma organização, visto que
estão diretamente relacionados à satisfação do cliente.
3. Impossível imaginar o mercado globalizado sem as três grandes áreas da
metrologia – científica, industrial e legal –, dado que elas interagem entre
si, sendo fundamentais para o relacionamento – desenvolvimento,
fabricação e consumo.

Revise quantas vezes forem necessárias!

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REFERÊNCIAS

ALBERTAZZI, A.; SOUSA, A. R. Fundamentos de metrologia científica e


industrial. Barueri: Manole, 2008.

FELIPE. O que é metrologia? Equipe de Avaliação de Conformidade do


Inmetro, 13 jun. 2010. Disponível em:
<https://inmetro2010.blogspot.com/2010/06/o-que-e-metrologia.html>. Acesso
em: 2 nov. 2022.

Inmetro – Instituto Nacional de Metrologia e Qualidade. Vocabulário


internacional de termos fundamentais e gerais de metrologia: Portaria n.
29/1995. 5. ed. Rio de Janeiro: Inmetro/SENAI, 2007.

JURAN, J. M., GODFREY, B. A. Juran’s Quality Handbook. 5. ed. New York,


McGraw-Hill, 1999.

LIRA, F. A. Metrologia na indústria. 7. ed. revisada e atualizada. São Paulo:


Érica, 2010.

TOLEDO, J. C. Sistemas de medição e de metrologia. Curitiba: InterSaberes,


2014.

VIM – Vocabulário Internacional de Metrologia. Conceitos fundamentais e


gerais e termos associados. 1. Ed. luso-brasileira. Duque de Caxias: Inmetro,
2012.

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