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I. INTRODUÇÃO
(equipamento DISP), sendo 14 sensores em cada um. No T3 realizados em campo, com esses dois sistemas de detecção
empregaram-se 14 sensores do Sistema SDP2 (equipamento utilizados (SDP1 e SDP2), eles possuem desempenhos
SH II), conforme Fig. 3. semelhantes e apresentam resultados eficientes para a
Vale observar que foi utilizado, para registrar os ruídos aplicação dessa nova metodologia. Os sensores de emissão
originados por chuva (caso chovesse), mais um canal do acústica foram posicionados nos três equipamentos
SDP2, chegando-se assim a um total de 43 sensores. considerando-se:
A Fig. 4 ilustra os equipamentos em operação em a) as características construtivas dos equipamentos
subestação de energia elétrica da Celg, submetidos aos ensaios (projetos);
simultaneamente. Os dois sistemas de detecção foram b) as características operativas do sistema; e
adequadamente conectados à malha de aterramento elétrico da c) os históricos dos equipamentos submetidos aos ensaios.
subestação. As dimensões (largura “X”, altura “Y” e comprimento
“Z”) e os desenhos dos transformadores encontram-se,
respectivamente, na Tabela 2 e nas Fig. 6 e 7.
TABELA 2
DIMENSÕES DOS TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA
Transformadores X Y Z Diagonal
de potência (mm) (mm) (mm) (mm)
T1 e T2 5.660 3.230 1.872 6.780
T3 5.565 3.322 1.735 6.709
T1 T2 T3 H1 H2 H3
2500
42 sensores de emissão acústica nos transformadores, sendo 11
9
28 do Sistema SDP1 e 14 do Sistema SDP2, todos operando 8
em faixa entorno de 150 kHz, cujos valores são referentes às
frequências típicas de descargas parciais.
4052
H1 H2 H3
Sensores 8
460
de emissão
acústica 10
9 11
2026
Conforme é descrito na norma NBR 15633/2008 [7], os tanque principal do equipamento, de forma a gerar um sinal
sensores de emissão acústica foram distribuídos na superfície acústico que possa ser percebido pelos sensores distribuídos
externa do tanque dos equipamentos, de forma a permitir que ao longo do tanque do transformador. Os sinais detectados
todo o volume interno fosse monitorado, e também pelos vários sensores foram comparados, para verificar sua
respeitando distâncias menores que 3 metros entre os sensores. consistência.
As condições ambientais foram medidas em três pontos Procedeu-se ao teste de abrangência dos sensores com um
diferentes e próximos aos equipamentos, no início e no final dispositivo também desenvolvido nesta pesquisa (ilustrado na
do ensaio, e os valores médios de temperatura e de umidade Fig. 8-b), para possibilitar a repetibilidade nos procedimentos
relativa do ar foram de 27,2 ºC e 37,1%, respectivamente. de ensaio. Os resultados deste teste foram satisfatórios e foram
O serviço em campo com esses equipamentos energizados registrados no arquivo de aquisição.
foi realizado atendendo-se às exigências de segurança no Em seguida, realizou-se a configuração inicial do sistema
trabalho, sendo que todos os membros da equipe possuem de 28 canais e do sistema de 14 canais (mais um de chuva),
formação preceituada pela Norma Regulamentadora do ajustando-se a sensibilidade do sistema de modo a fornecer um
Ministério do Trabalho e Emprego – NR10 (Segurança em padrão claro de emissão acústica. A sugestão é evitar o ruído
Instalações e Serviços em Eletricidade) e utilizaram originado por outras fontes, proporcionando uma configuração
adequadamente todos os equipamentos de proteção individual otimizada, para a análise futura dos resultados do ensaio.
e de proteção coletiva [8]. Outro critério importante adotado Para a conferência da montagem e da configuração do
neste trabalho foi a instalação do sistema de detecção de DPs sistema, realizou-se um pré-ensaio de duas horas
no lado em que os para-raios são de invólucro polimérico, aproximadamente. O horário dos dois sistemas de detecção de
evitando-se proximidade com os de porcelana, para maior descargas parciais (SDP1 e SDP2) foi ajustado de acordo com
segurança à equipe e aos instrumentos durante os ensaios. o horário do Centro de Operação do Sistema (COS).
Após a montagem do sistema de detecção, foi executada O período de tempo para o monitoramento depende das
uma verificação do acoplamento dos sensores e da condições operativas do equipamento e deve ser estabelecido
continuidade do circuito. Para isso, uma onda acústica caso a caso. Por isso, após as verificações e ajustes, com a
reprodutível foi gerada pela quebra de uma ponta de grafite confirmação de bom desempenho da instalação e da
2H, com 0,3 mm de diâmetro, sobre a parede do tanque, ao configuração, iniciou-se o ensaio, com o período total de
lado de cada sensor [7]. Assinale-se que foi quebrado sempre monitoramento estabelecido em 24 horas.
o mesmo comprimento de grafite (2 mm ou 3 mm, como é Cabe ressaltar que, durante a realização deste ensaio
recomendado), em um mesmo ângulo e orientação. A (conforme ilustra a Fig. 9), amostras de óleo dos três
amplitude do pico, detectada desse evento simulado, foi de equipamentos foram retiradas para a análise de gases
aproximadamente 90 dB e não houve variação maior que 3 dB dissolvidos (cromatografia) no laboratório da concessionária.
na média de todos os sensores. Essa verificação deve ser
repetida imediatamente sempre que houver indicações da
possibilidade de uma mudança na eficiência do acoplamento
ou na continuidade do circuito.
Sendo assim, para a realização deste teste (de verificação
das respostas dos sensores), foi utilizado um dispositivo
desenvolvido pela própria equipe para a quebra uniforme do
grafite, conforme ilustra a Fig. 8-a. A análise dos resultados
mostrou que os sensores estavam acoplados devidamente, uma
vez que as diferenças entre as médias das leituras individuais
de cada sensor, em relação à média geral, foram menores que
3 dB, valor este adotado neste trabalho.
IV. RESULTADOS
Os resultados das atividades detectadas nos três
transformadores de potência trifásicos T1, T2 e T3, de
33,33 MVA, 138kV/13,8 kV, monitorados simultaneamente
pelos dois Sistemas de Detecção de DPs, são apresentados nas
Figura 8. Dispositivos: (a) de acoplamento; e de (b) abrangência. Fig. 10, 11 e 12, respectivamente.
Posição Y
Posição Y
Posição Z Posição Z
Posição X
Posição X
(a) (b)
Fig. 11. Transformador de potência trifásico T2 - gráficos: (a) do canal 8; e b)
TRANSFORMADOR T1, CANAL 3
das coordenadas em três dimensões;.
70
(b)
70
T1, Sensor de No 5
60
50
40
HITS
30
20
10
0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360
-10
ANGULO (GRAUS)
Ângulo (graus)
Posição X Posição Z
(c)
Fig. 10. Transformador de potência trifásico T1 - gráficos: (a) das
Fig. 12. Transformador de potência trifásico T3 – gráfico das coordenadas em
coordenadas em três dimensões; b) do canal 3; e c) do canal 5.
três dimensões.
1000
500
desses equipamentos encontram-se nos componentes
enrolamentos, buchas e comutadores de derivação,
0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 componentes esses que são os mesmos apontados no trabalho
-500
ANGULO (GRAUS)
realizado pelo CIGRE [3].
Ângulo (graus) Os parâmetros que indicam a necessidade de intervenção
(a) num determinado transformador que foi submetido ao ensaio
6
de descargas parciais pelo método de emissão acústica são: parciais por emissão acústica como técnica preditiva em manutenção de
transformadores de potência imersos em óleo”, Dissertação de Mestrado,
presença significativa de atividades detectadas de descargas
Escola de Engenharia Elétrica e de Computação, Universidade Federal de
parciais e/ou resultados críticos da cromatografia. Goiás, 2009.
No caso analisado, os resultados da aplicação da [3] I.A. Metwally, “Failures, Monitoring and New Trends of Power
metodologia apresentada, diante dos resultados dos ensaios de Transformers”, Potentials IEEE, vol. 30, pp. 36-43, Jun. 2011.
[4] C.H.B. Azevedo, A.P. Marques and C.J. Ribeiro, “Methodology for the
emissão acústica nos transformadores de potência trifásicos,
detection of partial discharges in power transformers using the acoustic
são os seguintes: method”, in Proc. EUROCON 2009 Conference, Saint Petersburg,
a) na proximidade dos canais 3 e 5 do Transformador T1 Russia, May, 2009.
(Fig. 10), na região do comutador de derivações em [5] Associação Brasileira de Normas Técnicas, “NBR 6940: Técnicas de
ensaios elétricos de alta tensão – medição de descargas parciais”, ABNT,
carga, podem-se identificar atividades características de
Rio de Janeiro, Brasil, 1981.
descargas parciais (hits com defasagens de 180 graus). [6] IEEE Guide for the Detection and Location of Acoustic Emissions from
Os demais canais só apresentam ruído, como, por Partial Discharges in Oil-Immersed Power Transformers and Reactors,
exemplo, ruído mecânico em virtude da atuação do IEEE Standard C57.127™-2007.
[7] IEEE Guide for Partial Discharge Measurement in Liquid-Filled Power
comutador de derivações em carga;
Transformers and Shunt Reactors, IEEE Standard C57.113-1991- R2002,
b) no Transformador T2, no canal 22 (canal 8 da Fig. 11-b), Dec. 2002.
na região do comutador de derivações em carga, verifica- [8] Associação Brasileira de Normas Técnicas, “NBR 15633: Ensaio não
se uma quantidade maior de hits com defasagens de 180 destrutivo – Emissão acústica – Detecção e localização de descargas
parciais e anomalias térmicas e mecânicas (DPATM) em transformadores
graus, relacionadas às atividades de descargas parciais;
de potência e reatores isolados a óleo”, ABNT, Rio de Janeiro, Brasil,
c) no transformador T3 (Fig. 12), não foram observadas 2008.
indicações evidentes de sinais que estejam associados à [8] Ministério do Trabalho e Emprego (2011, jul.), “Norma Regulamentadora
ocorrência do fenômeno de descargas parciais. NR 10: Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade”.
Disponível em: www.mte.gov.br
Sendo assim, diante dos resultados do ensaio e das
observações dos gráficos de apoio às análises, desenvolvido
nesta pesquisa, fica evidente a presença de atividades de VIII. BIOGRAFIAS
descargas parciais em pequena intensidade nos
Cláudio Henrique Bezerra Azevedo, nascido em
transformadores T1 e T2, recomendando-se um Goiânia, Goiás, em 27/05/1961.
acompanhamento periódico criterioso, de acordo com o Mestre em Engenharia Elétrica pela Escola de
cronograma de manutenção preventiva da empresa. Engenharia Elétrica e de Computação (EEEC) da
Universidade Federal de Goiás (UFG) e graduado
Nas Fig. 10, 11 e 12, destaca-se a importância da análise (1983) em Engenharia Elétrica na EEEC/UFG.
comparativa entre equipamentos similares, proporcionando Atua no Setor de Engenharia de Manutenção da
maiores informações de referência para análise dos resultados. CELG Distribuição S.A.
Vale observar que os três equipamentos têm a mesma idade
(seis anos) e estão submetidos às mesmas condições André Pereira Marques, nascido em Araguari,
operativas e climáticas. Minas Gerais, em 25/02/1961.
Mestre (2004) em Engenharia Elétrica pela
A viabilidade técnica dessa metodologia ficou evidenciada Escola de Engenharia Elétrica e de Computação
nos resultados dos ensaios obtidos em campo, em que sua (EEEC) da Universidade Federal de Goiás (UFG) e
utilização permitiu alcançar uma maior qualidade e eficiência graduado (1984) em Engenharia Elétrica na
nos diagnósticos dos equipamentos e maior acerto nas EEEC/UFG.
Atua no Setor de Engenharia de Manutenção da
tomadas de decisão. Tais características fazem dessa nova CELG Distribuição S.A. e também é professor do
metodologia uma importante ferramenta da área de Curso de Eletrotécnica do Instituto Federal de
manutenção. Portanto, trata-se de metodologia que também se Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG).
mostra plenamente viável economicamente, uma vez que os
diagnósticos e as ações de manutenção elaboradas com base José Augusto Lopes dos Santos, nascido em
nos seus resultados podem evitar os altos custos decorrentes Porto, Portugal, em 28/07/1954.
Graduado (1982) em Engenharia Elétrica pela
de desligamentos indesejados no sistema elétrico de potência. Escola de Engenharia Elétrica e de Computação
(EEEC) da Universidade Federal de Goiás (UFG).
VI. AGRADECIMENTOS Gerencia e atua no Setor de Manutenção de
Subestações da CELG Distribuição S.A.
Ao Setor de Engenharia de Manutenção e ao Setor de
Manutenção de Subestações, ambos da CELG Distribuição –
CELG D, e à Escola de Engenharia Elétrica e de Computação
da Universidade Federal de Goiás (EEEC/UFG).
Cacilda de Jesus Ribeiro, nascida em Matão, São
Paulo, em 08/08/1971.
VII. REFERÊNCIAS Doutora (2002) e pós-doutora (2004) em
[1] C.J. Ribeiro, A.P. Marques, D.C.P. Souza, C.H.B. Azevedo, B.P. Engenharia Elétrica pela Escola de Engenharia de
Alvarenga and R.G. Nogueira, “Faults and Defects in Power Trans- São Carlos da Universidade de São Paulo.
formers – A Case Study”, in Proc. Electrical Insulation Conference – Atua como professora adjunta na Escola de
EIC 2009, Montreal, Canada, June 2009. Engenharia Elétrica, Mecânica de Computação
[2] C.H.B. Azevedo, “Metodologia para a eficácia da detecção de descargas (EMC) da Universidade Federal de Goiás (UFG).