Você está na página 1de 6

Um dos exemplos clássicos de força centrais é o problema de Kepler.

uma
força que pode ser derivada da função potencial de um campo conservativo
como: ~ ~
F = −∇(V )
sabemos que o torque é nulo em relação a força central pelo produto vetorial
~
dL
= ~τ = ~r × F~
dt
portanto o momento angular é conservado e é dado por:
L = mr2 θ̇

Que nos diz que a força central não realiza torque sobre o corpo, caso que
acontece com os planetas. Portanto estão num plano onde as componentes de
r e ṙ são perpendiculares a L. Outro fato importante notar é que o produto
r θ̇ = cte = A, de onde se deriva a segunda lei de Kepler, a relação da área
2

varrida pelo movimento planetário. No caso do problema de Kepler a força


e o potencial associado a ela são escritos pelas equações:
k
F~ = − 2 r̂
r
e k
V =−
r
onde k é uma constante de proporcionalidade do problema. Neste caso
k = Gm m em unidades SI. A lagrangiana em coordenadas polares para o
problema de Kepler é dada por:
1 2

1 k
L = m(ṙ2 + r2 θ̇2 ) +
2 r
aplicando a equação do momento angular a equação anterior pode ser escrita
como: 1 L k 2
L = mṙ2 + +
2 2mr2 r
como dito anteriormente no inicio deste Apêndice, é mais simples considerar
a equação da energia do sistema, que aqui é dada na forma
1 L2 k
E = mṙ2 + 2

2 2mr r
portanto podemos usar essa equação para resolver ṙ
 
E L2 2k
ṙ = 2 − 2 2+
m m r mr

1
usando a conservação do momento angular a variação dθ ca
L dr
dθ = 2
»
mr E
2m
2
− mL2 r2 + 2k
mr

Passando as grandezas L e m para a raiz


1 dr
dθ = 2
»
r 2 Em − r12 + 2mk
L2 L2 r

Fazendo a substituição de variável u = 1


⇐⇒ −du = dr
e aplicando a
substituição na equação dθ r r2

du
dθ = − »
Em 2mku
2 L2 − u2 + L2

resolvendo temos:
L2 u
−1
θ − θ0 = − arccos »mk +c
2EL2
1+ mk2

unindo as constantes dadas por θ + c = θ00 que é denido pelas condições


inicias. Isolando u e voltando a r
0

 
1 mk 2EL2
= 2 [1 + 1+ cos(θ − θ00 )] J.1
r L mk 2
A natureza da orbita descrita pela equação J.1 depende da energia do sis-
tema, comparando-a com a equação de uma seção cônica com foco na origem
 
mk 2EL2
[1 + 1+ cos(θ − θ00 )] = C[1 + e cos(θ − θ00 )]
L2 mk 2
e é chamado de excentricidade da seção cônica. Vemos que
 
2EL2
e= 1+
mk 2
portanto a excentricidade depende da energia do sistema. Quando e = 0 →
E=− a orbita descreve um circulo, e < 1 → E < 0 uma elipse, e > 1
mk2

→ E > 0 uma hipérbole e e = 1 → E = 0 uma parábola.


2L2

2
e>1

e=1

e<1 e=0 s

Figura J.1: Orbitas em função da excentricidade e


No caso da orbita circular as energia cinética e potencial são constante
no tempo, donde usando o teorema do virial tiramos que:
−V V
E =T +V = +V =
2 2
k
E=−
2r0
No movimento circular as forças centrais se anulem, portanto
L2 k
− 3 + 2 =0
mr0 r0

k L2
=
r02 mr03
então L2
r0 =
mk
que expressa a energia na forma
mk 2
E=−
2L2
Esse resultado é visto na condição do movimento circular descrito acima.
No movimento elíptico é possível mostrar que nos eixos principais depen-
dem somente da energia, nestes pontos a velocidade radial é nula, veja g.
J.2, portanto são raízes da equação:
L2 k
E− 2
+ =0
2mr r

3
c

semi-eixo maior
d b

semi-eixo menor

a
gura J.2. elipse nos pontos a, b, c e d a velocidade radial é nula.
dividindo os termos por E e multiplicando por r 2

kr L2
r2 + − =0
E 2Em
O coeciente no termo linear numa função quadrática é o negativo da soma
das raízes. Portanto, o eixo maior é dado por
r1 + r2
a=
2
então usando a relação do teorema do virial descrita anteriormente a energia
é descrita por
k
E=− J.2
2a
usando este termo na excentricidade
 
L2
e= 1−
mka
escrevendo na forma
L2
= a(1 − e2 ) J.3
mk
Tem-se a relação dos raios da elipse em função da eq. J.1 dada por
a(1 − e2 )
r=
1 + e cos(θ − θ00 )
De onde vemos que se e = 0 temos um circulo de raio a, quando θ − θ = 0 0

ou π o corpo se encontra nas distancias apsidais e quanto maior e < 1 maior 0

será a diferença dos raios a e b de uma elipse. Queremos saber também qual
a função temporal, podemos usar a equação:
 
dr E L2 2k
= 2 − 2 2+
dt m m r mr

4
dr
dt = » J.4
E L2 2k
2m − m2 r 2
+
Podemos usar uma variável conhecida como anomalia excêntrica ψ, que es-
mr

tabelece a relação:
r = a(1 − e cos(ψ)) J.5

Em orbitas elípticas ao redor do sol quando ψ −→ 0, tem-se o ponto de


periélio e ψ −→ π o ponto de afélio. Agora através da eq. J.4 vamos resolver
a função temporal no problema de Kepler em orbitas elípticas. considerando
t = 0 e passando
0 para fora da raiz
2
m
… Z r
m dr
t= »
2 r0 E− L2
+ k
2mr2 r

Sabemos a relação para a elipse de E e L dada em J.2 e J.3, aplicando isso


temos uma função descrita por
… Z r
m dr
t= »
2 r0 k −r2
[( 2a ) − a(1−e2 )
+ r]
r2 2

reorganizando camos com


… Z r
m rdr
t= »
2k r0 r− r2
− a(1−e2 )
2a 2

Podemos substituir os termos r pela relação com a anomalia excêntrica em


J.5, onde dr = ae sin(ψ)dψ , quando ψ vai de 0 a um angulo qualquer temos
um tempo t, se ψ vai de 0 a 2π tem-se o período da orbita, usando também
esse fato temos
… 2π
a(1 − e cos(ψ))ae sin(ψ)dψ
Z
m
τ= »
2k 0 cos(ψ))2
a(1 − e cos(ψ)) − (a(1−e2a − a(1−e2 )
2

a2 (1 − e cos(ψ))e sin(ψ)dψ
… Z
m
τ= pap
2k 0 2 2(1 − e cos(ψ)) − (1 − e cos(ψ))2 − (1 − e2 )

a2 (1 − e cos(ψ))e sin(ψ)dψ
… Z
m
τ= pap
2k 0 2 2 − 2e cos(ψ)) − 1 + 2e cos(ψ) − 2e2 cos2 (ψ) − 1 + e2
… Z 2π 2
m a (1 − e cos(ψ))e sin(ψ)dψ
τ= pap 2
2k 0 e (1 − cos2 (ψ))
que pode ser escrita como
2


a2 (1 − e cos(ψ))e sin(ψ)dψ
… Z
m
τ= pa» 2 2
2k 0 e sin (ψ)
2

5
por m … 3 Z 2π
m a2
τ= √ (1 − e cos(ψ))dψ
2k 2
temos o período de revolução dada por:
0


m 3
τ= a 2 2π
k
Este mesmo resultado por ser obtido através da relação descrita no inicio
deste texto, onde a areá percorrida é
dA 1 L
= r2 θ =
dt 2 2m
na revolução completa tem-se
Z τ Z τ
dA L
dt = dt
0 dt 0 2m
L
A= τ
2m
sabendo que a área de uma elipse é dada por: A = πab e a relação de a
ebé
elipse
 
1 L2
b = a2
mk
logo  
L2

2m 3 m 3
τ= πa 2 = a 2 2π
L mk k
A terceira lei de Kepler estabelece a razão do período ao quadrado com
o semi-eixo maior ao cubo é uma constante, como podemos ver
τ2 m
3
= cte = 4π 2
a k

Problema do espalhamento
O problema de espalhamento envolve uma força central repulsiva ou não
que desvia um corpo de sua trajetória retilínea. Usa-se para descrever este
problema um feixe uniforme de partículas que possuem mesma massa e en-
ergia, este feixe é caracterizado por uma intensidade I que dene uma quan-
tidade de partículas que cruzam uma área por unidade de tempo. Ao passar
por uma região que atua um campo de força central as partículas serão es-
palhadas, denimos uma função
N dΩ
σ(Ω)dΩ =
I

Você também pode gostar