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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – UNIJUÍ


DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA – DETEC
CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA – EGE

Aula 06
“PARÂMETROS DE LINHAS DE TRANSMISSÃO”
(Terceira Parte)

Disciplina: Análise de Sistemas de Energia Elétrica


Prof. Sandro A. Bock
Sandro.bock@unijui.edu.br
1. Capacitância - Conceitos
1.1 Aspectos Gerais

• A capacitância entre condutores de uma LT provém da diferença de


potencial ente eles.

• O valor da capacitância é função da bitola do condutor, do espaçamento


entre eles e da altura em relação à terra.

• Por definição, a capacitância C é a razão entre uma carga q e uma


diferença de potencial V, ou seja:

Q
C=
V
– A unidade de capacitância é conhecida como farad (F) e é igual a um Coulomb
por volt.
• A linha se comporta como se os condutores fossem placas de capacitores.

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1. Capacitância - Conceitos
1.1 Aspectos Gerais

• O cálculo da intensidade de campo elétrico a uma certa distância “x” do


condutor é realizado utilizando a Lei de Gauss:
® ®
e ò E d S = ò ldV =Q
S V

• ε é a permissividade do meio → e = e re 0
– ε0 é a permissividade do vácuo e vale 8,85x10-12 F/m.
– εr é a permissividade relativa do meio, sendo que para o ar seco vale 1,00054
e é normalmente aproximada para 1.

• E → Intensidade de campo elétrico.


• S→ Superfície Gaussiana.
• Q → Carga total contida em S.

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1. Capacitância - Conceitos
1.1 Campo elétrico em um condutor cilíndrico

• Para a solução da equação de Gauss, deve-se imaginar uma superfície


gaussiana, cilíndrica, concêntrica ao condutor e de raio igual a x:

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1. Capacitância - Conceitos
1.1 Campo elétrico em um condutor cilíndrico

• Tomando uma faixa da superfície gaussiana de comprimento diferencial


“dl” a equação fica:
e ò E 2pxdl = Q
S

• Integrando:
eE 2pxl = Q
Q
E= V
e 2pxl

• Considerando a carga por unidade de comprimento (1 metro):

q
E= V/m
e 2px

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1. Capacitância - Conceitos
1.2 Diferença de potencial entre dois pontos

• Considere a seguinte situação:

æ D2 ö
D2 D2
q q
V12 = V1 - V2 = ò Edx = ò e 2p x dx = e 2p ln çè D
D1 D1
÷V
1 ø

• Fazendo uma analogia mecânica:


– Campo elétrico → força
– Diferença de potencial → trabalho
– A diferença de potencial representa o trabalho para um mover uma carga
unitária (1 C) entre dois pontos.

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2. Capacitância de Linhas de Transmissão
2.1 Capacitância de uma linha monofásica

• Considere a LT de 1 metro de comprimento representada abaixo:


D

D D
q1 q1q æDö
V12 = ò Edx = òR e 2p x dx = ln ç ÷ V/m
e 2p è R1 ø
λ1 - λ2 R1 1

2xR1 2xR2 D D
q2 q2 æDö
V21 = ò Edx =
R2
ò e 2p x
R2
dx =
e 2p çè R2 ÷ø
ln V/m

V=0
• Aplicando a teoria da superposição:
q1 æDö q æR ö q æ D2 ö
V12 = V12( q1) + V12( q 2) = ln ç ÷ + 2 ln ç 2 ÷ V/m q1+q2=0 V12 = V12( q1) + V12( q 2) =
e 0 2p çè R1R2 ÷ø
ln V/m
e 0 2p è R1 ø e 0 2p è D ø

• Assim, tem-se a capacitância de uma linha monofásica dada por:


2pe 0 pe 0
C12 = F/m R1-=R2 C12 = F/m
æ D2 ö
ln æç ö÷
ln ç
D
÷
è R1R2 ø èRø

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2. Capacitância de Linhas de Transmissão
2.2 Capacitância de uma linha monofásica – Fase-Terra

• Considere a seguinte situação:

• O circuito pode ser representado por:


2pe 17,75p ´ 10-12
Can = Cbn = 2Cab = = F/m
æDö æDö
ln ç ÷ ln ç ÷
èrø èrø
0,0556 ´10 -3
Can = Cbn = Ccn = mF / m
æDö
ln ç ÷
èrø

Note que no caso da capacitância


emprega-se r e não r’

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2. Capacitância de Linhas de Transmissão
2.2 Capacitância de uma linha monofásica – Fase-Terra - Exemplo

• A reatância capacitiva fase-terra é dada por:


1 1, 7789 æDö
XC = = ´ 106 ln ç ÷ W.mi
2p fC f è rø
• Da mesma forma que para as reatâncias indutivas, a expressão da
reatância capacitiva fase-terra pode ser escrita como:
1, 7789 æ 1 ö 1,7789
XC = ´ 106 ln ç ÷ + ´ 106 ln ( D ) W.mi
f
14442444 è3rø f
14442444 3
X a' X d'

• X’a é a reatância capacitiva para um pé de afastamento e X’d é o fator de


espaçamento.

• r é o raio externo do condutor (se for encordoado, é uma aproximação


que leva a erros muito pequenos). Este valor é obtido na tabela de dados
dos condutores.

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2. Capacitância de Linhas de Transmissão
2.2 Capacitância de uma linha monofásica – Fase-Terra - Exemplo

• Determine a capacitância, reatância capacitiva e susceptância capacitiva por milha


de uma linha monofásica que opera a 60 Hz. O condutor é o Partridge e o
espaçamento entre centros dos condutores e de 20 ft.

• Para o condutor especificado, o diâmetro externo é de 0,64200’’. Portanto, o raio


externo é r = 0,02680ft.

• Capacitância entre condutores:


pe 8,85p ´ 10-12
Cab == = = 4, 2030 ´ 10 -12 F/m
æDö æ 20 ö
ln ç ÷ ln ç ÷
èrø è 0, 0268 ø
• ou, multiplicando por 1,609 tem-se Cab = 6,7626 10-9 F/mi. A capacitância fase-
terra é:
Can = 2Cab = 12,5252 ´ 10 -9 F/mi
1
XC = = MΩ.mi
2p fCab
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2. Capacitância de Linhas de Transmissão
2.2 Capacitância de uma linha monofásica – Fase-Terra - Exemplo

• Aplicando a fórmula direta:


1, 7789 æ 20 ö
XC = ´ 106 ln ç ÷ = 0,1961 MΩ.mi
60 è 0, 0268 ø
• Susceptância capacitiva:
1
BC = = 5,0985 ´ 10-6 S/mi
XC
• Da tabela A.3:
X a' = 0,1074 MΩ.mi

• Da tabela A.5, para D = 20’:

X d' = 0,0889 MΩ.mi

• Reatância capacitiva fase-terra total:

X a' + X d' = 0,1074 + 0,0889 = 0,1963 MΩ.mi

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2. Capacitância de Linhas de Transmissão
2.3 Capacitância em uma configuração múltiplos condutores

• Considere n condutores paralelos longos com cargas q1, q2, ...,qn


Coulombs/metro da figura:

• Supondo:
q1 + q2 + L + qn = 0

• Pode-se escrever:

1 n æ D j ,k ö
Vij = å k çD
2pe 0 k =1
q ln ÷V
è i ,k ø

• Note que quando k=i, Dii é a distância entre a superfície do condutor e seu centro,
denominado raio r.

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2. Capacitância de Linhas de Transmissão
2.4 Capacitância de uma linha Trifásica - Simétrica

• Estendendo análise realizado para o cálculo de capacitância de uma linha monofásica para o
caso trifásico, o potencial do ponto “P” tem três componentes, devido a cada uma das
distribuições de carga com densidades λ1, λ2 e λ3.

æ q æ 1 ö q2 æ 1 ö q3 æ 1 öö æ 1 ö
v p = çç 1 lnçç ÷÷ ÷
n
÷÷ + lnçç ÷÷ + lnçç Vi =
1
å k çd ÷V
÷ q ln
è 2pe 0 è d11 ø 2pe 0 è d12 ø 2pe 0 è d13 ø ø 2pe 0 k =1 è i ,k ø

q1 æ 1 ö q æ 1 ö q æ 1 ö
v1 = lnçç ÷÷ + 2 lnçç ÷÷ + 3 lnçç ÷÷
Não é possív el exibir esta imagem no momento.
2pe 0 è d11 ø 2pe 0 è d12 ø 2pe 0 è d13 ø
λ1 λ3
P d13 P
2xR1 2xR3 q1 æ 1 ö q æ 1 ö q æ 1 ö
v2 = ln çç ÷÷ + 2 ln çç ÷÷ + 3 ln çç ÷
2pe 0 è d 21 ø 2pe 0 è d 22 ø 2pe 0 è d 23 ÷ø
d12 P d23
λ2 q1 æ 1 ö q æ 1 ö q æ 1 ö
v3 = ln çç ÷÷ + 2 ln çç ÷÷ + 3 ln çç ÷
2pe 0 è d 31 ø 2pe 0 è d 32 ø 2pe 0 è d 33 ÷ø

2xR2

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2. Capacitância de Linhas de Transmissão
2.4 Capacitância de uma linha Trifásica - Simétrica

• Calculando d.d.p entre os ponto 1 e 2, tem-se:

1 n æD ö
Vij =
2pe 0
åq k ln ç j ,k ÷V
k =1 è Di ,k ø

æ q æ 1 ö q2 æ 1 ö q3 æ 1 ö ö æ q1 æ 1 ö q2 æ 1 ö q æ 1 öö
v1 - v2 = çç 1 lnçç ÷÷ + ln çç ÷÷ + lnçç ÷÷ ÷ - ç
÷ ç 2pe ln çç ÷÷ + ln çç ÷÷ + 3 ln çç ÷÷ ÷
÷
è 2pe 0 è 11 ø
d 2pe 0 è 12 ø
d 2pe 0 è 13 ø ø è
d 0 è 21 ø
d 2pe 0 è 22 ø
d 2pe 0 è 23 ø ø
d

æ q æd ö q æd ö q æ d öö
v1 - v2 = çç 1 ln çç 21 ÷÷ + 2 ln çç 22 ÷÷ + 3 ln çç 23 ÷÷ ÷÷
è 2pe 0 è d11 ø 2pe 0 è d12 ø 2pe 0 è d13 ø ø

• Expandindo para os demais pontos, obtém-se:

q1 æd ö q æd ö q æd ö
v2 - v3 = lnçç 31 ÷÷ + 2 lnçç 32 ÷÷ + 3 lnçç 33 ÷÷
2pe 0 è d 21 ø 2pe 0 è d 22 ø 2pe 0 è d 23 ø

q1 æd ö q æd ö q æd ö
v3 - v1 = ln çç 11 ÷÷ + 2 ln çç 12 ÷÷ + 3 ln çç 13 ÷÷
2pe 0 è d 31 ø 2pe 0 è d 32 ø 2pe 0 è d 33 ø

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2. Capacitância de Linhas de Transmissão
2.4 Capacitância de uma linha Trifásica - Simétrica

• Para um linha trifásica eqüilátera, tem-se

d11 = d 22 = d 33 = r d12 = d 23 = d 31 = D

æ q æDö q ærö q æ D öö q1 æDö q ærö


v1 - v2 = çç 1 ln ç ÷ + 2 ln ç ÷ + 3 ln ç ÷ ÷÷ ln ç ÷ + 2 ln ç ÷
è 2pe 0 è r ø 2pe 0 è D ø 2pe 0 è D ø ø 2pe 0 è r ø 2pe 0 è D ø

q1 æDö q æDö q æd ö q2 æDö q ærö


v2 - v3 = lnç ÷ + 2 lnç ÷ + 3 lnç ÷ ln ç ÷ + 3 ln ç ÷
2pe 0 è D ø 2pe 0 è r ø 2pe 0 è D ø 2pe 0 è r ø 2pe 0 è D ø

q1 ærö q æDö q æDö q1 ærö q æDö


v3 - v1 = ln ç ÷ + 2 ln ç ÷ + 3 ln ç ÷ ln ç ÷ + 3 ln ç ÷
2pe 0 è D ø 2pe 0 è D ø 2pe 0 è r ø 2pe 0 è D ø 2pe 0 è r ø

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2. Capacitância de Linhas de Transmissão
2.4 Capacitância de uma linha Trifásica - Simétrica

• Considere os fasores de tensão:

Vab = VanÐ0o - Van Ð - 120o V


3Van = (Vab + Vac )
Vac = Van Ð0 - VanÐ - 240
o o
V

• Pode-se mostrar que: Van =


1
(Vab - Vca )
3

æ ö
• Fazendo as substituições: 1 1 ç æ Dö æ rö æ rö æ D ö÷ qc = -( qa + qb )
van = ç qa lnç ÷ + qb lnç ÷- qa lnç ÷ - qc lnç ÷ ÷
3 2pe 0 ç 14è4r4 ø244è4 D3ø144è4 D ø 444 è4r3ø ÷
ç 42 ÷
è Vab Vca ø
3
1 æDö q æDö
van = qa ln ç ÷ = a lnç ÷ V
6pe 0 è r ø 2pe 0 è r ø

• Assim, a capacitância fase-terra para uma linha simétrica é dada por:


2pe 0
Can = = F/m
æDö
ln ç ÷
èrø
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2. Capacitância de Linhas de Transmissão
2.5 Capacitância de uma linha Trifásica - assimétrica

• Considere a seguinte linha trifásica:

• Hipóteses:
– os condutores têm o mesmo raio r
– linha é transposta (igual ao caso da indutância) → obtém-se a capacitância média

• Considerando a transposição, a linha pode ser separada em três trechos distintos:


– Para o trecho 1 em que a fase a esta na posição 1, b na posição 2 e c na posição 3, tem-
se:

1 æ æ r ö æ d 23 ö ö
ç qa ln æç 12 ö÷ + qb ln ç
d
÷
vab,1 =
2pe 0 çè ç d ÷ c çç d ÷÷ ÷
÷ + q ln
è r ø è 12 ø è 31 ø ø

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2. Capacitância de Linhas de Transmissão
2.5 Capacitância de uma linha Trifásica - assimétrica

• Analogamente para os outros 2 trechos:

1 æç æ d 23 ö æ r ö æ d 31 ö ö
vab, 2 = q ln ç +
÷ b ç
q ln ç ÷
÷ + q ln çç ÷÷ ÷
2pe 0 çè ÷
a c
è r ø è 23 ø
d è 12 ø ø
d

1 æç æ d 31 ö æ r ö æ d12 ö ö
vab,3 = q ln ç ÷ + q ln ç
ç ÷
÷ + q ln çç ÷÷ ÷
ç
2pe 0 è
a
è r ø
b c ÷
è d 31 ø è d 23 ø ø

• A tensão Vab é a média das tensões nos três trechos:

1 æç æç 3 d12 d 23d 31 ö æ öö
vab =
1
3
(
vab1 + vab2 + vab3 = ) qa ln
2pe 0 ç çè r
÷ + qb ln ç
÷
r
ç3 d d d
÷÷
÷÷
è ø è 12 23 31 øø

• Analogamente par Vca :


1 æç æ ö æ 3 d12 d 23d 31 öö
1
3
(
vca = vca1 + vca2 + vca3 =
2pe 0 ç
)qa ln ç
ç
r ÷
÷
+ qc lnç
ç r
÷÷
÷÷
è d12 d 23d 31 ø è øø
3
è

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2. Capacitância de Linhas de Transmissão
2.5 Capacitância de uma linha Trifásica - assimétrica

• Lembrando que:
æq ö
van =
1
(vab - vca ) Can = çç a ÷÷
3 è Van ø

• tem-se normalmente (para carga equilibrada → qa + qb + qc = 0):

2pe 0
Can = Cbn = Ccn = F/m
ln( Deq / r )

• em que Deq = 3 D12 D23 D31 é o espaçamento eqüilátero da linha.

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2. Capacitância de Linhas de Transmissão
2.5 Capacitância de uma linha Trifásica – Assimétrica - Exemplo

• Determine a capacitância e a reatância capacitiva por milha da linha trifásica mostrada a


seguir. O condutor e CAA Drake, o comprimento da linha e de 175 milhas e a tensão normal
de operação e 220 kV a 60 Hz. Determine também a reatância capacitiva total da linha e a
potência reativa de carregamento.

• Da tabela A.3, o diâmetro externo do condutor é 1,108”. O raio externo em pés é:


1,108' '
r= = 0,0462'
2
• Espaçamento eqüilátero equivalente:

Deq = 3 20 ´ 20 ´ 38 = 24,7712'
• Capacitância:
2pe 0
Can = = 8,8482 ´ 10 -12 F/m
ln(24,7712 / 0,462)
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2. Capacitância de Linhas de Transmissão
2.5 Capacitância de uma linha Trifásica – Assimétrica - Exemplo

• Pelas tabelas A.3 e A.5 (usando interpolação):

X a' = 0,0912 ´ 106 ü


ý Þ X = + X '
+ X '
= 0,1865MWmi
X d = 0,0953 ´10 þ
' 6 C a b

• Reatância total da linha:


XC
X= = 1065,7143W
175
• Para o calculo da corrente de carregamento, considere a seguinte situação:

Van 220 ´ 103 / 3


I car = = 119,2 A Q3f = 3Vab I car = 45,4 Mvar
X 1035,7143
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2. Capacitância de Linhas de Transmissão
2.6 Influência do solo

• Considere a seguinte linha monofásica isolada:

• As linhas de campo elétrico são normais as equipotenciais.

22/08/2014 Análise de Sistemas de Energia Elétrica 22


2. Capacitância de Linhas de Transmissão
2.6 Influência do solo

• Para um condutor carregado e isolado, as linhas de fluxo do campo elétrico são


radiais e ortogonais às superfícies cilíndricas em torno do condutor.

• O nível de potencial da terra altera a distribuição das linhas de fluxo e superfícies


equipotenciais e, assim, as linhas de fluxo de campo elétrico devem cortá-la
ortogonalmente.

• A capacitância efetiva pode ser calculada pelo método das cargas imagens de
Kelvin.

• Normalmente, para análise em regime permanente equilibrado o efeito da terra e


dos cabos de cobertura pode ser desprezado (distância entre condutores <
distância do condutores à superfície do solo).

22/08/2014 Análise de Sistemas de Energia Elétrica 23


2. Capacitância de Linhas de Transmissão
2.6 Influência do solo

• Caso a linha esteja suficientemente perto do solo, tem-se:

• O solo também é uma superfície equipotencial, causando uma distorção nas linhas
de campo elétrico, que serão normais a ele.
– A proximidade do solo altera o formato das linhas de campo elétrico, portanto
altera a capacitância.
– O efeito é maior quanto mais próxima a linha estiver do solo.

22/08/2014 Análise de Sistemas de Energia Elétrica 24


2. Capacitância de Linhas de Transmissão
2.6 Influência do solo

• Imagine uma continuação das linhas de campo elétrico abaixo do solo e simétrica ao
plano do solo (como em um espelho), terminando em cargas sob o solo:

• As cargas sob o solo são denominadas cargas imagem.


• Pode-se remover a linha do solo e calcular a diferença de potencial e a capacitância da
maneira usual (método das imagens).

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2. Capacitância de Linhas de Transmissão
2.6 Influência do solo

• s

n
qj æ 1 ö
Vi = å ln ç ÷÷ V
2pe ç x
j =1 0 è i, j ø

l é 1 1 1 1ù
v1 = - - +
2pe 0 êë R1 M úû
ln ln ln ln
D 2H M = 4H 2 + D2

l é 1 1 1 1 ù
v2 = êln - ln - ln + ln
2pe 0 ë D R2 M 2 H úû

22/08/2014 Análise de Sistemas de Energia Elétrica 26


2. Capacitância de Linhas de Transmissão
2.6 Influência do solo

• A d.d.p entre 1 e 2 é dada por:

l æç æ D 2 ö æ H 2 öö l æç æ D 2 ö æ (2 H )2 ö ö
v1 - v2 = ln çç 2 ÷÷ + ln çç 2 ÷÷ ÷÷ V v1 - v2 = ln çç 2 ÷÷ + ln çç ÷÷ V
2 ÷÷
ç
2pe 0 è è r ø ç
2pe 0 è è r ø è 4H + D ø ø
2
è M øø

• E a capacitância de fase será dada por:


2pe 0
C= F/m
æD 2
ln çç 2 ´
(2 H ) ö÷
2

èr (2 H )2 + D 2 ÷ø

Observa-se que a consideração do efeito da presença da terra aumenta a


capacitância.

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2. Capacitância de Linhas de Transmissão
2.6 Influência do solo

• A figura a seguir mostra o valor da capacitância em função da altura da


linha em relação ao solo:

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2. Capacitância de Linhas de Transmissão
2.6 Influência do solo – Exemplo Linha Monofásica

• No exemplo anterior foi determinada a capacitância entre condutores de uma


linha monofásica que opera a 60 Hz com condutores Partridge e espaçamento
entre centros dos condutores de 20 ft. Foi obtido o valor Cab = 4,2030 10-12 F/m.

• Determine da capacitância levando em conta o efeito do solo e calcule a


capacitância da linha, supondo que ela esteja a 30 pés ( 10 metros) e 90 pés ( 30
metros) acima da terra.

2pe 0
C= F/m
æ D2
ln çç 2 ´
(2H )
2
ö
÷
2 ÷
è r (2 H )2
+ D ø

22/08/2014 Análise de Sistemas de Energia Elétrica 29


2. Capacitância de Linhas de Transmissão
2.6 Influência do solo

• Efeito do solo sobre a capacitância de linhas trifásicas.

• Obtendo-se uma expressão para a capacitância que leva em conta as distâncias


entre os condutores e as distâncias entre os condutores e as imagens:
2pe 0
C= F/m
æ Deq 3H1 H 2 H 3 ö
lnç ÷
ç r H12 H 23 H 31 ÷ø
è
3

22/08/2014 Análise de Sistemas de Energia Elétrica 30


2. Capacitância de Linhas de Transmissão
2.6 Influência do solo – Exemplo - Linha Trifásica

• Considera a linha de transmissão representada da figura abaixo.

D D q1 æ 2H ö q2 æ D1 ö q3 æ D2 ö
v1-terra = ln ç ÷ + ln ç ÷ + ln ç ÷
q1 q2 q3 2pe 0 è R ø 2pe 0 è D ø 2pe 0 è 2 D ø
Cargas Reais
q1 æD ö q æ 2H ö q æD ö
v2-terra = ln ç 1 ÷ + 2 ln ç ÷ + 3 ln ç 1 ÷
2pe 0 è D ø 2pe 0 è R ø 2pe 0 è D ø

q1 æD ö q æD ö q æ 2H ö
2H D1 D2 v3-terra = ln ç 2 ÷ + 2 ln ç 1 ÷ + 3 ln ç ÷
2pe 0 è 2 D ø 2pe 0 è D ø 2pe 0 è 2 H ø

Terra
Assumindo-se:
R = 0,5in
D = 20 ft
2 H = 50 ft
-q1 -q2 -q3 D1 = 502 + 202 = 53,8 ft
Cargas Imagens D2 = 502 + 402 = 64 ft
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2. Capacitância de Linhas de Transmissão
2.6 Influência do solo – Exemplo - Linha Trifásica

• Substituindo-se os valores nas equações, tem-se


é v1-terra ù é 7,10 0,99 0, 47 ù é q1 ù
êv ú = 1,8 ´ 1010 ê 0,99 7,10 0, 99 ú ´ ê q ú
ê 2-terra ú ê ú ê 2ú
êë v3-terra úû êë 0, 47 0,99 7,10 úû êë q3 úû
• Invertendo-se a matriz, obtém-se (q=CV):
é q1 ù é 7, 98 -1, 06 -0,38ù é v1-terra ù
ê q ú = 10-12 ê -1,06 8,12 -1, 06 ú ´ ê v ú
ê 2ú ê ú ê 2-terra ú
êë q3 úû êë -0,38 -1, 06 7,98 úû êë v3-terra úû
• Os elementos das diagonais principais em ambas as matrizes são dominantes de
modo que adotar a seguinte aproximação:
é q1 ù é 7,98ù é v1-terra ù
ê q ú = 10-12 ê 8,12 ú ´ ê v ú
ê ú 2
ê ú ê 2 -terra
ú Cmédia = 8, 03 ´ 10-12 F / m
êë q3 úû êë 7,98úû êë v3-terra úû
22/08/2014 Análise de Sistemas de Energia Elétrica 32
2. Capacitância de Linhas de Transmissão
2.6 Influência do solo – Exemplo - Linha Trifásica

• Uma forma alternativa de ser resolver o problema é considerar que a linha é


transposta.
• Dessa forma, tem-se:
é q1 ù é v1-terra ù é q3 ù é v3-terra ù é q2 ù é v2-terra ù
êq ú = C ´ êv ú; êq ú = C ´ êv ú; êq ú = C ´ êv ú
ê ú 2 ê 2 - terra ú ê ú 1 ê 1- terra ú ê ú 3 ê 3- terra ú
êë q3 úû êë v3-terra úû êë q2 úû êë v2-terra úû êë q1 úû êë v1-terra úû
14442444 3 144 42444 3 144 42444 3
secção I secção II secção III

• Considerando-se a fase 1:
é q1I ù é 7, 98v1-terra -1, 06v2-terra -0, 38v3-terra ù
ê II ú -12 ê
q
ê 1 ú = 10 -1, 063-terra 8,12v1-terra -1, 06v2 -terra ú
ê ú
ê q III ú êë -0,382-terra -1,06v3-terra 7, 98v1-terra úû
ë 1 û
• Somando-as:
( )
1012 q1I + q1Ii + q1III = ( 7,98 + 8,12 + 7,98) v1-terra - 2,5 ´ (v2-terra + v3-terra )

( v1-terra + v2-terra + v3-terra ) = 0


14444 4244444 3
(q 1
I
+ q1Ii + q1III ) = 8,86 ´ 10 -12
v1-terrap
sist.trif.equilibrado 3
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2. Capacitância de Linhas de Transmissão
2.7 Condutores múltiplos por fase

• Para n condutores, considera-se que a carga em cada um seja de qa/n (para a


fase a)

• O procedimento para a obtenção da capacitância é semelhante ao que já foi feito


até agora e o resultado final é:
2pe 0
Can = F/m
æD ö
lnçç eq
s
÷÷
è DsC ø
s
DsC = rd ® dois condutores por fase
s
DsC = 3 rd 2 ® três condutores por fase
s
DsC = 1,094 rd 3 ® quatro condutores por fase
• Os DsbC são RMG modificados em relação aos RMG usados no cálculo das
indutâncias, pois o raio externo substitui o raio efetivo.

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2. Capacitância de Linhas de Transmissão
2.7 Condutores múltiplos por fase - Exemplo

• Determine a reatância capacitiva por fase da linha trifásica mostrada a seguir.

Condutor ACSR Pheasant


d = 45 cm
D=8m
Comprimento da linha l = 160 km
• Da tabela A.3, o raio externo em metros é:

1,382 ´ 0,3048
r= = 0,0176m
2 ´12
• RMG modificado:
b
DsC = 0,0176 ´ 0,45 = 0,0890m

• Espaçamento eqüilátero equivalente:

Deq = 3 8 ´ 8 ´ 16 = 10,0794 m

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2. Capacitância de Linhas de Transmissão
2.7 Condutores múltiplos por fase - Exemplo

• Capacitância:
2pe 0
C= = 11,7570 ´10 -12 F/m
ln(10,0794 / 0,089)
• Reatância capacitiva por unidade de comprimento:

1
XC = = 225,6173MWm = 0,1402MWmi
2pfCan

• Reatância da Linha:
X 225,6173MWm
XC = = = 1410,11W
l 160000m

22/08/2014 Análise de Sistemas de Energia Elétrica 36


2. Capacitância de Linhas de Transmissão
2.8 Síntese das relações DMG e RMG.

• Distância Média Geométrica


– A distância média geométrica para um circuito trifásico, cujos espaçamentos estão representados
na figura abaixo, pode ser obtida por:

DMG = 3 D1- 2 ´ D2-3 ´ D1-3


• Distância Média Geométrica Própria
– pode ser obtida, para os cabos múltiplos apresentados abaixo, da seguinte
maneira:

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3 Indução de Campo Magnético
3.1 Aspectos Gerais

• Campos magnéticos de LTs induzem tensões em objetos que estejam em


suas proximidades, tais como: cercas metálicas, canos metálicos e fios
telefônicos.

• Campos magnéticos e elétricos podem ter efeitos biológicos em seres


humanos, especificamente, sobre a composição do sangue, as funções
neuronais, o crescimento, o comportamento e o sistema imunológico.

• Os efeitos de longo prazo são objeto de diversas pesquisas em todo o


mundo.

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4 Indução Eletromagnética de LTs
4.1 Aspectos Gerais

• As LTs de alta tensão induzem correntes em objetos que estejam na área


de ação de seus campos elétricos (veículos, edificações e objetos de
tamanho comparável).

• O corpo humano é afetado pela exposição à descargas elétricas de objetos


carregados pelo campo elétrico de LTs (correntes ou centelhamento).

• A densidade de correntes elétricas induzidas em humanos por campos


elétricos de LTs são, em geral, muito maiores que aquelas induzidas por
campos magnéticos.

• O campo elétrico na proximidade de uma LT pode ser obtido


representando-se o efeito da terra por cargas imagens localizadas abaixo
dos condutores, com profundidade igual a altura destes.

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5. Efeito Corona
5.1 Aspectos Gerais

• Ionização que ocorre em área próxima a superfície do condutor quando o


gradiente de potencial (intensidade de campo elétrico) desta superfície
ultrapassa a rigidez dielétrica do ar em torno deste ambiente.

• A rigidez dielétrica do ar sob condições normais de temperatura e pressão


e tempo bom é cerca de 30 kV/cm.

• Corona produz perdas de potência, ozônio, ruído audível (semelhante ao


zumbido) na vizinhança da LT, e interferências em rádio e televisão.

• As perdas por efeito corona são muitas vezes superior em condições de


mau tempo, quando comparadas a condições de bom tempo.

• O vento, bem como a umidade e densidade do ar, influenciam o efeito


corona.

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5. Efeito Corona
5.1 Aspectos Gerais

• O efeito corona é função do tipo e diâmetro do condutor,das


condições de sua superfície e da configuração da LT.

• Qualquer irregularidade na superfície dos condutores, tais com


partículas de poluição, influenciam o gradiente de potencial e
pode tornar-se um ponto de fonte de descarga.

• As cadeias de isoladores contaminadas por pó ou depósito de


produtos químicos causam a redução da tensão disruptiva e
aumentam as perdas por efeito corona.

• Em áreas poluídas os isoladores devem ser observados e lavados


periodicamente.

• O efeito corona pode ser reduzido aumentando-se a bitola do


condutor e usando-se feixe de condutores.

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Referências

• Apresentação baseada em:


– Sistemas de Energia Elétrica I. Notas de Aula – Prof. Carlos A. Castro –
UNICAMP, 2008.
• Demais Referências:
– OLLEL, E. Introdução à Teoria de Sistemas de Energia Elétrica. São
Paulo : McGraw-Hill.
– GRAINGER, J., STEVENSON, W. Power Systems Analysis: Introdução a
Sistemas Elétricos de Potência. São Paulo : McGraw-Hill.
– KINDERMANN, G. LUZZATTO, S. Curto circuito. São Paulo : Edgard
Blucher.
– Alcir J. Monticelli, Ariovaldo V. Garcia. Introdução a Sistemas de
Energia Elétrica. Campinas – SP: Editora Unicamp, 2003

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