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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE ENGENHARIA ELÉTRICA E COMPUTAÇÃO


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

Equações diferenciais ordinárias


Equações diferenciais de primeira ordem

Prof. Adolfo Herbster


24 de Novembro de 2021
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Lição atual: Introdução ao curso

“Querer pouca coisa


Querer este pouco apesar de tudo”

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Por que estudar equações diferenciais?

Por que sempre que um modelo matemático envolve a taxa de mudança de uma
variável com relação a outra, uma equação diferencial tende a aparecer (Nagle 1.1 -
pag. 2). Exemplos:
• dinâmica populacional;
• trajetórias ortogonais;
• sistema massa-mola;
• circuitos elétricos;
• equação da onda;
• modelo de dielétricos, condutores e plasmas.

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Por que estudar equações diferenciais?
Dinâmica populacional
Um modelo matemático para a dinâ-
mica da população de espécies em dis-
puta, uma das quais um predador, com
população x2 ptq e a outra sua presa,
com população x1 ptq, foi desenvolvido
de forma independente no início da dé-
cada de 1900 por A. J. Lotka e V. Vol-
terra. O sistema Volterra-Lotka para a
dinâmica da população de duas espé-
cies em disputa:

dx1
“ Ax1 ´ Bx1 x2 (1)
dt
dx2
“ ´Cx2 ` Dx1 x2 (2)
dt
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Por que estudar equações diferenciais?
Sistema massa-mola
Equação diferencial:

d2 x dx
m 2
`b ` kx “ 0, (3)
dt dt
k
Podemos reescrever da seguinte forma:

d2 x dx
` 2λ ` w2 x “ 0, (4)
m dt2 dt
x Solução da equação auxiliar:
a
b m1 “ ´λ ` λ2 ´ w 2 , (5)
a
m2 “ ´λ ´ λ2 ´ w2 , (6)

em que λ “ b{2a (constante de atenuação).


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Por que estudar equações diferenciais?
Circuitos elétricos
iptq “ 1{15e´5000t ´ 1{15e´20.000t A, t ě 0

40
R C
35
30
` ´ ` ´
vr ptq

iptq [mA]
` 25
vc ptq 20

V ptq´
` vl ptq L 15
10

´ 5
0 t [ms]
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1

Figura 1: Circuito RLC em série (direita) e sua resposta superamortecida (esquerda).

Equação diferencial (como resolver?):


d2 i R di i
` ` “0 (7)
dt2 L dt LC

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Por que estudar equações diferenciais?
Modelo de dielétricos

Um modelo simples para estimar as


propriedades dielétricas de um mate-
rial considera o movimento de uma
núvem de elétrons na presença de
um campo elétrico. Um simples mo-
delo da dinâmica da posição x da
núvem de elétron é
d2 x dx e
2
`γ ` ω02 x “ E, (8)
dt dt m

em que γ é a taxa de colisões (entre elétrons) por unidade de tempo, ω0 a frequência


natural de oscilação, e e m a carga e massa do eléctron respectivamente. Como
resolver?
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Por que estudar equações diferenciais?
Equação de onda

Partindo das equações de Maxwell para y


um meio dielétrico perfeito homogêneo, E
é possível obter a equação de onda1
H
z k̂
para o campo elétrico e magnético:

B2 E
∇2 E “ µ0 ε0 (9)
Bt2 x
B2 H
∇2 H “ µ0 ε0 2 (10)
Bt
em que µ0 e ε0 representam a permissividade elétrica e permeabilidade magnética, respec-
tivamente, no espaço livre e E e H representam, em ordem, o vetor intensidade de campo
elétrico e magnético. Como resolver aquelas equações diferenciais parciais?

1
A equação de onda é uma equação diferencial parcial linear de segunda ordem que descreve a
2
propagação de uma onda em um meio específico. Sua forma geral é BBt2u “ c2 ∇2 u.
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Equações algébricas e diferenciais
Variáveis dependentes e independentes

Equações algébricas: Equações diferenciais:

x2 ´ 4x ` 3 “ 0 y 2 ` 2y 1 “ 3y,
x2 ` x ` 0, 5 “ 0 f 2 pxq ` 2f 1 pxq “ 3f pxq,
d2 y dy
quais soluções ? 2
`2 “ 3y,
dx dx
quais soluções ?

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Equações algébricas
Solução

f pxq “ x2 ´ 4x ` 3 f pxq “ x2 ` x ` 0, 5
7
3 6
5
2 4
f pxq

f pxq
1 3
0 2
1
´1
0
´1
0 1 2 3 4 ´3 ´2 ´1 0 1 2
x x
(a) Equação algébrica 01. (b) Equação algébrica 02.

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Equações diferenciais
Solução - integração direta
x2
ypxq “ 2 `C
Exemplo 1:
dy 6
“x 5
dx
4
x2
Solução: ypxq “ 2 ` C, em que C é 3

ypxq
uma constante. 2
1
0
´1
´2
´3 ´2 ´1 0 1 2 3
x
C“1 C“0 C “ ´1

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O que usar de cálculo diferencial e integral?
• Derivadas das funções:
• xn ;
• sinpxq e cospxq;
• exppxq e lnpxq;
• Regras para derivadas de
• f pxq ` gpxq;
• f pxqgpxq e f pxq{gpxq;
• f pgpxqq;
• Teorema fundamental do cálculo:
żx
d
f pxq “ f ptqdt
dx a

Exemplo 2: Qual a equação diferencial ordinária cuja solução é


żx
ypxq “ ex´s qpsq ds ? (11)
0

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Classificação das equações diferenciais
Zill 1.1, Boyce 1.3, Nagle 1.1

1. equações diferenciais ordinárias (ODE) e parciais (PDE);


dypxq Bupx, yq Bupx, yq
“ aypxq ` gpxq - ODE, ` “ 0 - PDE,
dx Bx By

2. ordem;
dy d2 y dy
“ aypxq ` gpxq - primeira ordem, a 2 ` b ` cy “ 0 - segunda ordem,
dx dx dx
3. equações diferenciais lineares e não lineares;
dy dy
“ aypxq ` gpxq - linear, “ f pyq - não linear (f pyq “ sinpyq),
dx dx
4. sistemas de equações diferenciais;
dy
“ Aypxq, com ypxq “ ry1 pxq y2 pxq . . . yn pxqsT e A uma matrix n ˆ n.
dx
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Campos de direção
Zill 9.1, Boyce 1.1, Nagle 1.3

Para entender o comportamento de uma equação diferencial (suas soluções), não


é necessário resolver esta equação. É possível determinar um campo de direções,
calculando-se f px, yq para cado ponto px, yq:

dy
“ f px, yq. (12)
dx

Note que são calculados os coeficientes angulares. É possível verificar a estabili-


dade da solução a partir dos campos de direção1 .

1
Maiores informações em Differential Equations and Linear Algebra - Strang
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Campos de direção
Zill 9.1, Boyce 1.1, Nagle 1.3

Exemplo 3:
y 1 “ ay Campo de direções (a = -3)
2
Solução: ypxq “ Ce´ax

x y f px, yq θ 1

ypxq
0

´1

´2
´2 ´1 0 1 2
x
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Campos de direção
Zill 9.1, Boyce 1.1, Nagle 1.3

Exemplo 4:
Campo de direções
y1 “ 2 ´ y 4

Solução: ypxq “ Ce´x ` 2


3
x y f px, yq θ

ypxq
2

0
0 1 2 3 4
x
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Campos de direção
Zill 9.1, Boyce 1.1, Nagle 1.3

Exemplo 5:
Campo de direções
y 1 “ 2xy 2

Solução: ypxq “ Ce x2

1
x y f px, yq θ

ypxq
0

´1

´2
0 1 2
x
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Campos de direção
Zill 9.1, Boyce 1.1, Nagle 1.3

Exemplo 6:
y1 “ y2 Campo de direções
1 4
Solução: ypxq “ C´x

x y f px, yq θ 3

ypxq
2

0
0 1 2 3 4
x
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Campos de direção
Zill 9.1, Boyce 1.1, Nagle 1.3

Exercício 1:
Campo de direções
1y 6
y “ p4 ´ yq
6
5
Solução: ypxq “
4

x y f px, yq θ 3

ypxq
2

´1
´1 0 1 2 3 4 5 6
x
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Campos de direção
Zill 9.1, Boyce 1.1, Nagle 1.3

Exercício 2: Campo de direções


a
1
y 1 “ x2 ` y 2

Solução: ypxq “
0.5

x y f px, yq θ

ypxq
0

´0.5

´1
´1 ´0.5 0 0.5 1
x
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Campos de direção
Zill 9.1, Boyce 1.1, Nagle 1.3

Exercício 3:
Campo de direções
1 1 1
y “
1 ` x2 ` y 2
0.8
Solução: ypxq “

0.6
x y f px, yq θ

ypxq
0.4

0.2

0
0 0.5 1 1.5 2
x
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Próxima aula

• Equações separáveis;
• Equações exatas.

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Lição atual: Equações separáveis e equações exatas

“Quaisquer que sejam as penas e dificuldades,


não te deixes dominar pela tristeza”

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Introdução

Na aula anterior, foram apresentadas as equações diferenciais (classificação) e o


campo de direções. A partir deste, é possível verificar algumas características da
solução, como a estabilidade, sem, entretanto, determinar as soluções.
Nesta aula serão apresentadas (e solucionadas) duas famílias de equações diferen-
ciais: equações separáveis e exatas.

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Equações separáveis: introdução
Zill 2.2, Boyce 2.2, Nagle 2.2

Equações diferenciais de primeira ordem separáveis são definidas como

dy gpxq
“ . (13)
dx f pyq

Portanto, é possível determinar a solução da equação anterior a partir de


ż ypxq żx
f pyqdy “ gpsqds. (14)
yp0q 0

Ou seja, determinar duas integrais.

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Equações separáveis
Zill 2.2, Boyce 2.2, Nagle 2.2

Exemplo 7: Determine a solução das seguintes equações diferenciais:


• y 1 “ ay - (linear);
• y 1 “ 2 ´ y - (linear);
• y 1 “ 2xy - (linear);
• y 1 “ y 2 - (não linear).

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Equações separáveis
Zill 2.2, Boyce 2.2, Nagle 2.2

Exemplo 8: Determine a solução e ilustre o campo de direções da equação


diferencial
dy x
“ . (15)
dx y
O que falar sobre o problema de valor inicial yp0q “ 0 ?
Exemplo 9: Resolva o problema de valor inicial
y´1
y1 “ , yp´1q “ 0. (16)
x`3

Exemplo 10: Determine a solução e ilustre o campo de direções da equação


diferencial
dy
“ y ´ y2. (17)
dx

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Equações exatas: derivadas parciais
Zill 2.4, Boyce 2.6, Nagle 2.4

Definição 01: Seja u uma função de duas variáveis. As derivadas parciais primeiras
de u em relação a x e y são funções ux e uy tais que

Bupx, yq upx ` h, yq ´ upx, yq


“ ux px, yq “ lim , (18)
Bx hÑ0 h
Bupx, yq upx, y ` hq ´ upx, yq
“ uy px, yq “ lim . (19)
By hÑ0 h

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Equações exatas
Derivadas parciais

Exemplo 11:

upx, yq “ x2 ` y 2 2

upx, yq
Como são definidas as derivadas parciais segundas ?
1

´1
0 ´0.5
´1 0
´0.5
0 0.5
0.5 x
1 1
y

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Equações exatas: introdução
Zill 2.4, Boyce 2.6, Nagle 2.4

Definição 02: Seja u uma função de duas variáveis. A diferencial total du da função
upx, yq é definida como

Bu Bu
du “ ux px, yqdx ` uy px, yqdy “ dx ` dy. (20)
Bx By

Ao supor que upx, yq “ C, em que C é uma constante, dividindo a equação anterior


por dx, tomando dy{dx “ y 1 , teremos

ux px, yq ` uy px, yqy 1 “ M px, yq ` N px, yqy 1 “ 0. (21)

Então, existe um conjunto de equações diferenciais que podem ser escritas na


forma de uma diferencial exata e, em seguida, integrá-la.

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Equações exatas
Zill 2.4, Boyce 2.6, Nagle 2.4

Teorema 1
Seja u uma função de duas variáveis x e y. Se u, ux , uy , uxy e uyx são contínuas
em uma região aberta R, então uxy “ uyx em toda R.

Teorema 2
Suponha que as primeiras derivadas parciais de M px, yq e N px, yq sejam contínuas
em um retângulo R. Então

M px, yqdx ` N px, yqdy “ 0 (22)

é uma equação exata em R se e somente se a condição de compatibilidade

BM px, yq BN px, yq
“ (23)
By Bx

for mantida para todo px, yq em R.


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Equações exatas
Exemplos

Exemplo 12: Verifique se a equação diferencial abaixo é exata.

3x2 ydx ` 4x3 dy “ 0

Exemplo 13: Determine a solução da equação diferencial.

p1 ` ex y ` xex yq dx ` pxex ` 2qdy “ 0. (24)

Exemplo 14: Determine a solução da equação diferencial.

p4x3 y 3 ` 3x2 qdx ` p3x4 y 2 ` 6y 2 qdy “ 0

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Exercícios
Exercício 4: Determine a solução das seguintes equações diferenciais e esboce
suas soluções:
• p1 ` xqdy ´ ydx “ 0;
• y 1 “ ´ xy , yp4q “ 3;
• y 1 “ y 2 ´ 4, yp0q “ ´2.

Exercício 5: A uma pequena mudança (pertubação) na condição inicial ou na


própria equação, frequentemente corresponde uma mudança radical na solução
de uma equação diferencial. Nos problemas a seguir, compare as soluções dos
problemas de valor inicial dados.
• y 1 “ py ´ 1q2 , yp0q “ 1;
• y 1 “ py ´ 1q2 ` 0, 01, yp0q “ 1;
• y 1 “ py ´ 1q2 , yp0q “ 1, 01;
• y 1 “ py ´ 1q2 ´ 0, 01, yp0q “ 1.

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Próxima aula

• Equações exatas;
• Fatores integrantes;
• Teorema da existência e unicidade.

34 / 114
Lição atual: Fatores integrantes, equações exatas e Teorema
da existência e unicidade

“Um conselho: desconfia das grandes facilidades”

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Introdução
Vimos na aula anterior, que a partir de uma função f px, yq definida em um intervalo
R, por exemplo
f px, yq “ xy ` ex “ C, px, yq P <, (25)
podemos chegar a uma equação diferencial ordinária (EDO) ao determinar o dife-
rencial total desta função. Logo:

Bf Bf
df “ dx ` dy “ 0 6
Bx By
py ` ex q dx ` xdy “ 0 M px, yqdx ` N px, yqdy “ 0 6
“ ‰
(26)
y ` ex
ˆ ˙
dy
` “ 0. (27)
dx x

Portanto, considerando uma EDO de primeira ordem, é possível encontrar uma


função f px, yq “ C (Eq. 25) cujo diferencial total seja idêntico à EDO em análise
(Eq. 27). A condição para que esta função exista é BM{By “ BN{Bx. Neste caso, a
EDO é chamada de exata.
36 / 114
Fatores integrantes: introdução
Zill 2.4, Boyce 2.6, Nagle 2.5

Em alguns problemas, a equação diferencial em análise não é exata. Por exemplo:

p3x ` 2y 2 qdx ` 2xydy “ 0, (28)

não é exata, pois


My “ 4y ‰ Nx “ 2y,
ou seja, BM{By ‰ BN{Bx. Entretanto ao multiplicar a equação diferencial anterior por
x, a equação resultante é exata. Mostre!

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Fatores integrantes
Zill 2.4, Boyce 2.6, Nagle 2.5

Portanto, é possível transformar uma equação diferencial de primeira ordem não


exata em uma forma exata multiplicando a equação diferencial por um fator inte-
grante µ px, yq. Ou seja,

µM px, yqdx ` µN px, yqdy “ 0. (29)

A condição para que a equação anterior seja exata é (mostre)

µy M ´ µx N “ µpNx ´ My q2 . (30)

Entretanto, determinar a solução da Eq. 29, em alguns casos, é tão difícil quanto da
Eq. 26. Portanto, é necessário realizar algumas simplificações.

2 Bu
É importante destacar que para uma função qualquer upx, yq considera-se as notações Bx
“ ux
Bu
e By
“ uy .
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Fatores integrantes
Zill 2.4, Boyce 2.6, Nagle 2.5

Simplificações:
1. O fator µ depende apenas de x. Neste caso, pMy ´ Nx q{N é independente de
y
ş My ´ Nx
µpxq “ e ppxqdx , ppxq “ . (31)
N
2. O fator µ depende apenas de y. Neste caso, pNx ´ My q{M é independente de
x ş Nx ´ My
µpyq “ e qpyqdy , qpyq “ . (32)
M
Quando a equação diferencial for linear do tipo:

y 1 ` P pxqy “ f pxq, (33)

qual será o fator integrante? E a solução?

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Fatores integrantes
Exemplos

Campo de direções
6

Exemplo 15: 4

ypxq
1 1 x
y 1 ` y “ e {3 , yp0q “ 1.
2 2
2

0
0 2 4 6
x
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Fatores integrantes
Exemplos

Campo de direções
0

´1
Exemplo 16:

ypxq
y 1 ´ 2y “ 4 ´ x, yp0q “ ´7{4. ´2

´3

´4
0 0.5 1 1.5 2
x
41 / 114
Fatores integrantes
Exemplos - equações lineares

Exemplo 17: Encontre a solução geral para

1 dy 2y
´ “ x cos x, x ą 0.
x dx x2

Exemplo 18: Determine a solução da equação diferencial ordinária abaixo.

dy 4
x ´ y “ x6 e x .
dx x

Exemplo 19: Determine a solução da equação diferencial abaixo

px ` yqdx ` x ln xdy “ 0,
1
considerando µpx, yq “ x em (0, 8).

42 / 114
Fatores integrantes
Exercícios

Exercício 6: Nos problemas a seguir, verifique se a equação dada é exata. Caso


afirmativo, resolva.
• p2x ´ 1qdx ` p3y ` 7qdy “ 0;
• p5x ` 4yqdx ` p4x ´ 8y 3 qdy “ 0;
• xy 1 “ 2xex ´ y ` 6x2 ;
• ptan x ´ sin x sin yqdx ` cos x cos ydy “ 0.

Exercício 7: Nos problemas a seguir, encontre o valor de k para que a equação


diferencial dada seja exata.
• py 3 ` kxy 4 ´ 2xqdx ` p3xy 2 ` 20x2 y 3 qdy “ 0;
• p2xy 2 ` yex qdx ` p2x2 y ` kex ´ 1qdy “ 0;
• p6xy 3 ` cos yqdx ` pkx2 y 2 ´ x sin yqdy “ 0.

43 / 114
Existência e unicidade
Zill 2.1, Boyce 2.4, Nagle 2.3

Todo problema de valor inicial tem exatamente uma solução (e.g. problemas físicos)?
Teorema 3 (Teorema de Picard - existência)
Se f px, yq é uma função definida em uma região retangular do espaço

R : a ă x ă b, c ă y ă d, (34)

que contém px0 , y0 q, então o problema de valor inicial

y 1 “ f px, yq, ypx0 q “ y0 , (35)

possui pelo menos uma solução em algum subintervalo aberto em pa, bq que contém x0 .

Teorema 4 (Teorema de Picard - unicidade)


Se ambas funções f px, yq e Bf{By são contínuas em R, então a Eq. 35 apresenta apenas
uma solução em algum subintervalo aberto em pa, bq que contém x0 .

44 / 114
Existência e unicidade de soluções

Exemplo 20: Determine a solução da equação diferencial

y1 “ y2, yp1q “ 1.

Exemplo 21: Determine a solução da equação diferencial


?
y 1 “ 2 y, yp0q “ 0.

Exemplo 22: Determine a solução da equação diferencial


ˆ ˙2
y
y1 “ ´ , yp0q “ 0.
x

45 / 114
Existência e unicidade de soluções
Exercícios
Exercício 8: Por inspeção, determine uma solução para a equação diferencial
não-linear y 1 “ y 3 que satisfaça yp0q “ 0. A solução é única?
Exercício 9:
• Considere a equação diferencial

y1 “ 1 ` y2. (36)
Determine uma região do plano xy tal que a equação tenha uma única solução
passando por um ponto (x0 , y0 ) da região.
• Formalmente, mostre que y “ tan x satisfaz a equação diferencial e a
condição inicial yp0q “ 0.
• Explique por que y “ tan x não é uma solução para o problema de valor inicial

y 1 “ 1 ` y 2 , yp0q “ 0, (37)
no intervalo (-2, 2).
46 / 114
Próxima aula

Aplicações:
• dinâmica populacional;
• trajetórias ortogonais.

47 / 114
Lição atual: Aplicações I: Dinâmica populacional e trajetórias
ortogonais

“O essencial para ti é compreender bem. Não te apresses.”

48 / 114
Introdução
Iniciamos o curso classificando as equações diferenciais a partir i) do número de
variáveis, ii) da ordem das derivadas e iii) da linearidade em relação à variável
dependente. Em seguida, estudamos dois tipos de equações diferenciais: i) as
equações separáveis e ii) as equações exatas.

É importante destacar que outros métodos de resolução, como o método das


equações homogêneas3 ou o método do fator integrante, são, na verdade, casos
particulares dos métodos já vistos.

Nas próximas duas aulas aplicaremos os métodos de resolução de equações


diferenciais já vistos, para resolução de três tipos de problemas: 1) dinâmica
populacional, 2) trajetórias ortogonais e 3) circuitos elétricos RC (resistor-capacitor)
ou RL (resistor-indutor).

3
Maiores detalhes ver Zill 2.3 e Nagle 2.6
49 / 114
Dinâmica populacional: introdução
Zill 3.3
As considerações são:

• Suposição inicial para dinâmica


populacional - crescimento exponencial:
1,000
dP ptq
“ kP (38)
dt 750

P ptq
• A solução é (equação separável):
500
kt
P ptq “ P0 e (39)
250
• Supondo que P p0q “ 100 e P p50q “ 1000
(para t em dias):
0
ln 10{50t
0 10 20 30 40 50
P ptq “ 100e (40) t
50 / 114
Dinâmica populacional: equação de Verhulst
Zill 3.3
De acordo com o modelo de crescimento populacional elaborado por Verhulst4 em
1838, as seguintes considerações são feitas:
• A população não pode crescer indefinidamente (e.g. limitada por competições);
• Quando a população é pequena, a taxa de variação é constante com o tamanho
da população;
• A medida que a população aumenta, a taxa de variação tende a zero;
• É possível representar a nova equação como (crescimento com limiar):
ˆ ˙
dP ptq P ptq
“k 1´ P ptq, (41)
dt Psat

em que k é a taxa de crescimento e Psat o nível de saturação.


• Análise da equação diferencial (soluções de equilíbrio, nível de saturação);
4
Pierre-François Verhulst (1838). Notice sur la loi que la population poursuit dans son
accroissement. Corresp. Math. Phys. 10. [S.l.: s.n.] pp. 113–121.
51 / 114
Dinâmica populacional: equação de Verhulst
Zill 3.3
Solução da equação diferencial:

P0 Psat
P ptq “ . (42)
P0 ` pPsat ´ P0 qe´kt

Exemplo 23: O modelo logístico foi aplicado á população de linguados gigantes


em determinadas áreas do Oceano Pacífico. Sabendo que:
• k “ 0, 71/ano;
• Psat = 80,5 ˆ 106 kg;
• P0 “ 0, 25Psat ;
Determine:
• A biomassa 2 anos depois (0,5797);
• O instante τ para o qual P pτ q “ 0, 75Psat (3,095 anos).

52 / 114
Dinâmica populacional
Exemplo

1.5

1.25

1
P ptq{Psat

0.75

0.5

0.25

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8
t

53 / 114
Trajetórias ortogonais: introdução
Zill 3.1

Outro problema importante é determinar trajetórias ortogonais. Por exemplo, supo-


nha que uma partícula de massa m descreve uma trajetória ypxq “ sinpxq. Qual a
trajetória ortogonal à ypxq em todo x?
• A equação que define um conjunto de curvas (para cada valor de C):

f px, y, Cq “ 0. (43)

• Para determinar, para cada curva, uma trajetória ortogonal, é necessário que o
produto entre os coeficientes de inclinação seja igual a -1, ou seja:

mnew “ ´1{mold . (44)

54 / 114
Trajetórias ortogonais
Exemplo
Exemplo 24: Determine a trajetórtia ortogonal de
y “ C sinpxq. (45)

• Primeiro passo: diferenciar a equação em relação à variável x;


dy d cospxq
“ C rsinpxqs “ loomo
C on cospxq “ y “ y cotpxq. (46)
dx dx sinpxq
y{ sinpxq

• Segundo passo: determinar a E.D. do novo conjunto de curvas:


dy 1 1 tanpxq
“ ´ dy “ ´ “´ . (47)
dx {dx y cotpxq y
• Terceiro passo: determinar as soluções da equação diferencial resultante
(neste caso, equação separável):
a
y “ ˘ 2 lnp| cospxq|q ` C1 . (48)
55 / 114
Trajetórias ortogonais
Exemplo - gráfico

´3π ´2π ´π ´π ´2π ´3π


´2

´4

´6

56 / 114
Trajetórias ortogonais
Exemplo
Exemplo 25: Determine a família de trajetórias ortogonais da família de curvas
y “ Cx2 .
Exemplo 26: Determine a família de trajetórias ortogonais da família de curvas
y 2 ´ 2Cx “ C 2 .
2
6
1.5
4
1

0.5 2

0 0

−0.5 −2
−1
−4
−1.5
−6
−2
−2 −1.5 −1 −0.5 0 0.5 1 1.5 2 −6 −4 −2 0 2 4 6

2
(a) Exemplo 01: y “ Cx (b) Exemplo 02: y ´ 2Cx “ C 2
2

57 / 114
Trajetórias ortogonais
Exercícios
Exercício 10: Encontre e esboce as trajetŕias ortogonais da família de hipérboles
c1
y“ . (49)
x
Exercício 11: Vimos no cálculo que, para um gráfico de uma equação polar
r “ f pθq,

r “ tan φ, (50)
dr
em que φ é um ângulo positivo anti-horário entre a reta radial e a reta tangente.
Mostre que duas cruvas polares r “ f1 pθq e r “ f2 pθq são ortogonais em um ponto
de interseção se, e somente se,
ptan φ1 qptan φ2 q “ ´1. (51)

Exercício 12: Encontre as trajetórias ortogonais de


r “ c1 p1 ´ sin θq . (52)
58 / 114
Próxima aula

Circuitos elétricos RC e RL sem excitação.

59 / 114
Lição atual: Aplicações II: Circuitos elétricos

“Lembre-se da lebre e da tartaruga: aquela ocupa-se de tudo exceto de seu trabalho.”

60 / 114
Introdução

Na aula anterior aplicamos os conceitos de EDO (primeira ordem) estudados até


aqui para resolver problemas de dinâmica populacional e trajetórias ortogonais.
Nesta aula, iremos aplicar os mesmos conceitos no estudo de circuitos elétricos
de primeira ordem, ou seja, circuitos resistivos e capacitivos (RC), ou circuitos
resistivos e indutivos (RL).

61 / 114
Circuito elétrico RC
Introdução

A corrente em um capacitor (capacitância C) é

dvc ptq vr ptq ´


ic ptq “ C . (53) `
dt
Considerando que vptq “ vr ptq ` vc ptq e que `

a corrente no resistor (resistência R) é igual à vptq` iptq vc ptq


corrente no capacitor, a equação diferencial que ´
descreve o circuito RC é: ´
dvc ptq 1 1
` vc ptq “ vptq. (54) Figura 4: Circuito RC.
dt RC RC
Há diferentes formas de excitação vptq (e.g. im-
pulso, degrau, constante, senoidal e exponen-
cial).
62 / 114
Circuito elétrico RC
Análise da equação
É importante observar que a Eq. 54 tem o formato

dy
´ ay “ f ptq, (55)
dt
em que a é uma constante. Esta equação, como visto na aula 045 , é uma equação
linear. Neste caso, a solução da Eq. 55 é formada
“ ‰ por duas outras soluções: “ uma‰
solução associada à equação homogênea yn ptq e uma solução particular yp ptq
devido à nova entrada f ptq. Neste caso, a função f ptq permite novas entradas para
t ą 0.

A entrada f ptq é uma fonte se somada, e um sorvedouro se subtraída da equação


diferencial em análise. Por exemplo, em um banco monetário, f ptq representa a
taxa de novos depósitos ou retiradas ao longo do tempo, enquanto a a constante de
crescimento (juros).
5
Fatores integrantes, equações exatas e Teorema da existência e unicidade.
63 / 114
Circuito elétrico RC
Portanto, a solução da Eq. 55 é (substitua nesta equação!)

yptq “ yn ptq ` yp ptq. (56)

A solução da equação dy{dt “ ay (homogênea) é yn ptq “ yp0qeat , que cresce de


forma exponencial se a ą 0 ou decresce da mesma forma se a ă 0. Ao lembrar que
a solução de uma equação linear é6
«ż ff
t
1
yptq “ µpsqf psqds ` yp0q , (57)
µptq 0

em que yp0q é a condição no instante t “ 0, e como µptq “ e´at , a solução geral é


żt
at at
yptq “ yp0qe
loomoon ` e e´as f psqds (58)
0
looooooooomooooooooon
yn ptq
yp ptq

6
É utilizado o método do fator integrante.
64 / 114
Circuito elétrico RC
Formas de excitação

Quando a matemática é aplicada à ciência e engenharia, os problemas não envol-


vem qualquer função f ptq. Determinadas funções f ptq são mais importantes. Estas
funções são constantemente encontradas em matemática aplicada, por exemplo:

Função constante f ptq “ q


Função degrau em T f ptq “ Hpt ´ T q
Função delta em T f ptq “ δpt ´ T q
Função exponencial f ptq “ eat
Função senoidal f ptq “ A cos pωtq ` B sin pωtq

Nesta aula, as três primeiras funções serão consideradas como fonte de excitação
em um circuito RC. Em seguida, na próxima aula, as duas últimas funções serão
adotadas no mesmo problema (circuito RC), entretanto, utilizando um novo método
de resolução.

65 / 114
Circuito elétrico RC
Tensão de excitação constante - f ptq “ q
Quando a função f ptq é constante (em um circuito RC, significa que a tensão de
excitação é constante), a equação diferencial resultante é:

dy
´ ay “ q. (59)
dt
Neste caso, a solução é
q ´ at ¯
yptq “ yp0qeat ` e ´1 . (60)
a
Ao aplicar estas equação em um circuito RC, cuja equação diferencial que define a
tensão sobre o capacitor é a Eq. 54, com tensão de excitação constante vptq “ v e
tensão inicial v0 [yp0q], a solução é
´ ¯
t t
vc ptq “ v0 e´ {RC ` v 1 ´ e´ {RC . (61)

66 / 114
Circuito elétrico RC
Tensão de excitação constante - f ptq “ q

A partir da Eq. 61, podemos observar que:


• Para t “ 0, a tensão sobre o capacitor é vc ptq “ v0 ;
• Quando t Ñ 8, o primeiro termo, relacionado com a solução da equação
homogênea associada tende à zero, por outro lado, o segundo termo (a
solução particular) tende à tensão de excitação, ou seja, vc ptq “ v.
Estas observações são ilustradas no gráfico seguinte, a partir do campo de direções,
para diferentes valores de excitação (v) e condição inicial (v0 ).

67 / 114
Circuito elétrico RC
Tensão de excitação constante - f ptq “ q

Campo de direções: vc ptq1 “ 1{RC rv ´ vc ptq].


6

4
1{RC = 20 ; v “ 4 V ; v0 “ 0 V
vc ptq [V]

3 1{RC = 10 ; v “ 4 V ; v0 “ 0 V
1{RC = 5 ; v “ 4 V ; v0 “ 0 V
2 1{RC = 5 ; v “ 4 V ; v0 “ 5 V
1{RC = 5 ; v “ 4 V ; v0 “ ´2 V
1

´1
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6
t [s]

68 / 114
Circuito elétrico RC
Tensão de excitação degrau - f ptq “ Hpt ´ T q

A função degrau Hptq “salta” de 0 para 1 em t “ 0. O efeito desta função é


semelhante à atuação de uma chave elétrica de liga-desliga. O segundo gráfico
representa uma função degrau deslocada em T segundos, cujo valor é alterado de
0 para 1 em t “ T .

Hpt ´ T q
Hptq

t“0 t“0 t“T

69 / 114
Circuito elétrico RC
Tensão de excitação degrau - f ptq “ Hpt ´ T q
A tensão de excitação: vHpt ´ T q.
• Solução geral (mostre):
v “ v0 “ 4 V - RC = 0,1 - T “ 0.5 s
´ t{RC
vc ptq “ ke v on
looomooon ` loomo (62) 5
yn ptq yp ptq
4
• Descarga v “ 0 e vc p0q “ v0 :

vc ptq [V]
3
´ t{RC
vc ptq “ v0 e (63)
2
• Carga v “ v0 e vc p0q “ 0:
´ ¯ 1
´t
vc ptq “ v0 1 ´ e {RC (64)
0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
t [s]
70 / 114
Circuito elétrico RC
Tensão de excitação degrau - f ptq “ Hpt ´ T q

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2


4
Tensão [V]

2 t [s] t{RC vc ptq{v0 vc ptq{v0

0 0 0 0 1
´2 0,1 1 0,63 0,37
0,2 2 0,86 0,14
´4 0,3 3 0,95 0,05
4 0,4 4 0,98 0,02
Corrente [mA]

2 0,5 5 0,9933 0,0067


0 0,6 6 0,9975 0,0025
v “ v0 “ 4 V - RC = 0,25 - T “ 0.6 s
´2
´4
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2
t [s]
71 / 114
Circuito elétrico RC
Tensão de excitação delta - f ptq “ δpt ´ T q

A função delta δptq é sempre nula, exceto em t “ 0. Diferentemente da excitação


degrau, que é contínua para t ě 0, a excitação δptq é complemente concentrada
em t “ 0. Da mesma forma que para a função degrau em T , a função delta em
T [δpt ´ T q] apresenta as mesmas característica que a função δptq, entretanto em
t “ T.

O melhor entendimento desta função é por meio de suas integrais:


ż8 ż8 ż8
δptqdt “ 1, δptqF ptqdt “ F p0q, δpt ´ T qF ptqdt “ F pT q
´8 ´8 ´8

72 / 114
Circuito elétrico RC
Tensão de excitação delta - f ptq “ δpt ´ T q

A tensão de excitação: vδpt ´ T q.


• Solução geral (mostre e ilustre o gráfico):
t 1
vc ptq “ ke´ {RC ` ve´ {RC pt´T q H pt ´ T q (65)

• Para vc p0q “ v0 :
t 1
vc ptq “ v0 e´ {RC ` ve´ {RC pt´T q H pt ´ T q (66)

73 / 114
Circuito elétrico RC
Visão do sistema - RC = 0,1 - vc p0q “ 4 V - v “ 4 V - T “ 0.5 s

4 4

vc ptq [V]
vptq [V]

Circuito RC
´ t{RC
2 vc ptq “ ke `v 2

0 0
0.1 0.3 0.5 0.7 0.9 0.1 0.3 0.5 0.7 0.9

t [s] t [s]

4 Circuito RC 4

vc ptq [V]
vptq [V]

´t{RC
vc ptq “ v0 e `
2 2
ve´ {RC pt´T q H pt ´ T q
1

0 0
0.1 0.3 0.5 0.7 0.9 0.1 0.3 0.5 0.7 0.9

t [s] t [s]

74 / 114
Circuito elétrico RC
Atividades

Exercício 13: Determine a solução de equilíbrio da equação diferencial definida


pela Eq. 62. Em seguida, determine o ponto (e o valor) de máxima variação da
tensão no capacitor.
Exercício 14: Determine a equação diferencial que descreve a corrente de um
indutor em um circuito RL. Para determinar a solução da equação diferencial,
considere que a tensão da fonte é constante. Analise duas situações i) quando a
tensão é constante e igual a v0 e ii) quando a tensão é nula.

75 / 114
Próxima aula

Método dos coeficientes a determinar (equações diferenciais não homogẽneas).

76 / 114
Lição atual: Método dos coeficientes a determinar

“A precipitação é um grave erro, pois idéias e opiniões são aceitas sem a necessária análise
e reflexão.”

77 / 114
Método dos coeficientes a determinar
Zill 4.4, Nagle 4.4, Boyce 3.6

Vimos na aula anterior, que a solução tensão sobre um capacitor em um circuito


RC é definida como:
dvc ptq 1 1
` vc ptq “ vptq. (67)
dt RC RC
Esta equação é da forma
dy
´ ay “ f ptq, (68)
dt
em que a é uma constante e f ptq uma função contínua em R. Esta equação, como
visto na Aula 047 , é uma equação linear. Neste caso, a solução da Eq. 68 é formada
“ ‰
por duas outras soluções:“ uma‰solução associada à equação homogênea yn ptq
e uma solução particular yp ptq devido à nova entrada f ptq. Neste caso, a função
f ptq permite novas entradas para t ą 0.

7
Fatores integrantes, equações exatas e Teorema da existência e unicidade.
78 / 114
Método dos coeficientes a determinar
Funções admitidas
Vimos também que se a tensão de excitação for do tipo constante, degrau ou
impulso, a solução é conhecida. Entretanto, se a excitação for do tipo senoidal ou
exponencial? Por exemplo

pRCq vc1 ` vc “ A cos pωtq, (69)

como determinar a solução particular da Eq. 69? Neste caso aplicamos o método
dos coeficientes a determinar (ou coeficientes indeterminados).

Este método de resolução consiste em admitir que a solução particular seja definida
como
yp ptq “ Af ptq, (70)
em que A é o coeficiente a determinar a partir da substituição de yp na equação
diferencial não homogênea8 .
8
Maiores detalhes serão abordados na Unidade 02.
79 / 114
Método dos coeficientes a determinar
Exemplos
Determine a solução geral das equações diferenciais abaixo por meio do método
dos coeficientes a determinar.
Exemplo 27:
y 1 ´ 2y “ 3et . (71)

Exemplo 28:
y 1 ` 4y “ 5 cosptq. (72)
Neste caso, considere que a solução particular é do tipo A cos pωtq ` B sin pωtq.
Exemplo 29:
y 1 ´ 3y “ e´3t . (73)

Exemplo 30:
y 1 ´ 3y “ e3t . (74)
Neste último exemplo, o sistema resultante não apresenta solução para yp ptq “ Ae3t .
Considere que a solução particular é do tipo Ate3t .
80 / 114
Aplicação III: circuito elétrico RC
Excitação senoidal

Considere o circuito elétrico ilustrado na figura


ao lado. A tensão vptq é definida como:
`
vr ptq ´
vptq “ A cos pωtq . (75)
`
A solução da equação diferencial que descreve
o circuito RC é (atividade 01 - final da nota de vptq`
´ iptq vc ptq
aula)
´
vc ptq “ k1 e´τ t ` vc,p ptq,
Aτ “ ‰
vc,p ptq “ 2 2
τ cospωtq ` ω sinpωtq , Figura 5: Circuito RC.
ω `τ
« ˆ ˙ff
Aτ ´1 ω
vc,p ptq “ ? cos ωt ´ tan . (76)
2
ω `τ 2 τ

81 / 114
Aplicação III: circuito elétrico RC
Excitação senoidal

Portanto, a solução geral é


» fi
ˆ ˙ffi
Aτ — ω ffi
vc ptq “ k1 e´τ t ` ? cos —ωt ´ tan´1 ffi . (77)

ω 2 ` τ2
loooomoooon – τ fl
looooomooooon
G α

É importante observar que a solução da equação diferencial homogênea associada pode


ser desprezada quando t « 5{τ . Portanto, para valores elevados de t, a solução particular
descreve bem a tensão sobre o capacitor. Outras considerações são importantes:
• Para um valor constante de ω, quanto maior o valor de τ (menor valor de RC), maior
a amplitude e menor a fase;
• Para um valor constante de τ , quanto maior a frequência angular da excitação, menor
a amplitude de vc ptq e maior a fase.

82 / 114
Circuitos elétricos
Excitação senoidal
Exemplo 31: Considere um circuito RC com τ “ 10 (RC = 0,1). A frequência do sinal de
excitação senoidal é igual a 2 rad/s com tensão máxima de pico igual a 5 V. Determine a
tensão sobre o capacitor. Considere que yp0q “ 0.

5
vc ptq
3 vptq
Solução:

vc ptq [V]
1
vptq “ 5 cos p2tq
G “ 4, 9 ´1

´3

´5
1 2 3 4 5 6
t [s]

83 / 114
Circuitos elétricos
Excitação senoidal
Exemplo 32: Considere um circuito RC com τ “ 1 (RC = 1). A frequência do sinal
de excitação senoidal é igual a 2 rad/s com tensão máxima de pico igual a 5 V.
Determine a tensão sobre o capacitor. Considere que yp0q “ 0.

5
vc ptq
3 vptq
Solução :

vc ptq [V]
1
vptq “ 5 cos p2tq
G “ 2, 23 ´1

´3

´5
1 2 3 4 5 6
t [s]
84 / 114
Circuitos elétricos
Excitação senoidal
Exercício 15: Considere um circuito RC com τ “ 10 (RC = 0,1). A frequência do
sinal de excitação senoidal é igual a 8 rad/s com tensão máxima de pico igual a 5 V.
Determine a tensão sobre o capacitor. Considere que yp0q “ 0.

5
vc ptq
3 vptq
Solução:

vc ptq [V]
1
vptq “ 5 cos p8tq
G “ 3, 9 ´1

´3

´5
1 2 3 4 5 6
t [s]
85 / 114
Atividades
Exercício 16: É possível expressar a função

yptq “ M cos pωtq ` N sin pωtq , (78)

como
yptq “ G cos pωt ´ αq . (79)
Mostre que é possível esta transformação e determine a expressão para G e α.
Exercício 17: Determine a solução da seguinte equação diferencial:

y 1 ` Ay “ B ` C cos pωtq . (80)

Exercício 18: Considere um circuito RC com τ “ 10 (RC = 0,1) e vptq “ 4 `


0, 25 cosp4tq. Determine e esboce a tensão sobre o capacitor. Considere que
yp0q “ 0.

86 / 114
Próxima aula

Solução de equações diferenciais de primeira ordem não lineares:


• equação diferencial de Bernoulli;
• equação diferencial de Ricatti.

87 / 114
Lição atual: Equações de Bernoulli e Riccati

“Julgue a árvore pelos seus frutos.”

88 / 114
Solução de equações não lineares

Vimos na aula passada o método dos coeficientes indeterminados (ou coeficientes


a determinar), utilizado para solucionar determinadas equações diferenciais não
homogêneas. Em seguida, aplicamos este método para solucionar a equação
diferencial que descreve a tensão sobre o capacitor de um circuito RC, cuja tensão
de excitação (tensão da fonte) é senoidal ou exponencial.

Nesta aula, estudaremos dois tipos de equações diferenciais: a equação diferencial


de Bernoulli e de Riccati. Esta primeira surge, por exemplo, em problemas de dinâ-
mica populacional, enquanto a segunda equação ocorre (também) em problemas
de controle ótimo linear9 . É importante destacar que ambas equações diferenciais
são não lineares.

9
Abou-Kandil, H. et al. Matrix Riccati Equations in Control and Systems Theory, Springer Science
& Business Media, 2003.
89 / 114
Equação diferencial de Bernoulli
Zill 2.6; Kent 2.6

A equação diferencial
dy
` P pxqy “ f pxqy n , (81)
dx
em que n é um número inteiro, é chamada de equação diferencial de Bernoulli10 .
Se y ‰ 0 e n ‰ 0 e n ‰ 1, podemos dividir a equação anterior por y n :

dy ´n
y ` P pxqy 1´n “ f pxq. (82)
dx
Se hpxq “ ypxq1´n , implica que

dh dy dy 1 dh
“ p1 ´ nqy ´n ñ y ´n “ . (83)
dx dx dx 1 ´ n dx

10
http://mathworld.wolfram.com/BernoulliDifferentialEquation.html
90 / 114
Equação diferencial de Bernoulli
Zill 2.6; Kent 2.6

A equação resultante é expressa como

dh
` N pxqh “ M pxq, (84)
dx
com N pxq “ P pxqp1´nq e M pxq “ f pxqp1´nq. Observe que buscamos linearizar a
equação diferencial original (não linear). Esta prática (de tornar linear ou aproximar
por uma função linear a função não linear original) é comum em engenharia.

91 / 114
Equação diferencial de Bernoulli
Exemplos
Exemplo 33: Resolver a equação diferencial:
dy y
` “ xy 2 .
dx x
Exemplo 34: Mostre que a equação
ˆ ˙
dP ptq P ptq
“k 1´ P ptq, (85)
dt Psat
em que k é a taxa de crescimento e Psat o nível de saturação11 , é uma equação
diferencial de Bernoulli. Em seguida, determine sua solução.
Exemplo 35: Resolver a equação diferencial:
dy y 1
` “ 2.
dx x xy
11
Dinâmica populacional: equação de Verhulst
92 / 114
Equação diferencial de Bernoulli
Exemplos

3 3
CD CD
CD CD
2 C=1 2 C=1
C = −1 C =−1
1 1

0 0

−1 −1

−2 −2

−3 −3
−3 −2 −1 0 1 2 3 −3 −2 −1 0 1 2 3

(a) Exemplo 33: dy{dx ` y{x “ y 2{x. (b) Exemplo 33: dh{dx ´ 1{xh “ ´1{x.

93 / 114
Equação diferencial de Riccati
Zill 2.6; Kent 2.6
A equação diferencial não linear

dy
“ P pxq ` Qpxqy ` Rpxqy 2 (86)
dx
é conhecida como a equação diferencial de Riccati12 . Suponha que haja uma solução par-
ticular da equação anterior representada por yp pxq. A solução geral pode ser representada
por
ypxq “ yp pxq ` upxq. (87)
Ao substituir a solução ypxq na equação diferencial diferencial de Riccati, chegamos a
equação diferencial de Bernoulli com n “ 2 (mostre):

du
“ rQpxq ` 2yp Rpxqsu ` Rpxqu2 . (88)
dx
em que N pxq “ ´pQpxq ` 2yp Rpxqq e M pxq “ Rpxq.
12
http://mathworld.wolfram.com/RiccatiDifferentialEquation.html
94 / 114
Equação diferencial de Riccati
Exemplos

Exemplo 36: Determine a solução da


seguinte equação diferencial de Ricatti: 5
CD
y 1 “ 2 ´ 2xy ` y 2 . (89) CD
c=1
c=5
c = −5
Exemplo 37: Resolver a equação c = −1
diferencial: 0
dy
“ ´2 ´ y ` y 2
dx
com yp pxq “ 2.
Solução:
−5
−5 0 5
1
ypxq “ 2 ` . Figura 7: Exemplo 37: dy{dx “ ´2 ´ y ` y . 2
Ce´3x ´ 1{3

95 / 114
Exercícios

Exercício 19: Determine a solução das equações diferenciais de Bernoulli dadas:


• xy 1 ` y “ y ´2 ;
` ˘
• y 1 “ y xy 3 ´ 1 ;
• x2 y 1 ` y 2 “ xy.

Exercício 20: Determine a solução das equações diferenciais de Ricatti dadas (y1
é uma solução conhecida para a equação):
• y 1 “ ´2 ´ y ` y 2 , y1 “ 2;
• y 1 “ e2x ` p1 ` 2ex qy ` y 2 , y1 “ ´ex ;
• y 1 “ ´ x42 ´ x1 y ` y 2 , y1 “ x2 .

96 / 114
Próxima aula

Métodos iterativos:
• método de Picard;
• método de Euller.

97 / 114
Lição atual: Método da iteração de Picard e Método de Euller

98 / 114
Introdução
Nas aulas anteriores, estudamos as equações diferenciais lineares

y 1 ` P pxqy “ f pxq, (90)

cuja solução geral é «ż ff


x
1
ypxq “ µpsqf psq ds ` y0 . (91)
µpxq x0

Caso seja possível determinar, de forma analítica, o fator µpxq e a integral da Eq. 91, a
solução da Eq. 90 é conhecida. Da mesma forma estudamos as equações diferenciais não-
lineares de Bernoulli e Riccati, apresentando o método geral de solução destas equações.
Entretanto, como determinar a solução da equação diferencial não linear

y 1 ` sin y “ x ? (92)

Nesta aula conheceremos dois métodos iterativos de solução de equações diferenciais


ordinárias de primeira ordem.

99 / 114
Método de iteração de Picard
Zill 2.8

A solução de uma equação diferencial

y 1 “ f px, yq, ypaq “ b, (93)

é (a partir do teorema fundamental do cálculo)


żx
ypxq “ ypaq ` f ps, ypsqqds. (94)
a

Então é possível determinar a solução tomando sucessivas substituições (método


de iteração de Picard13 ).

13
Este método é utilizado na demonstração do Teorema de Picard (Existência e Unicidade).
100 / 114
Método de iteração de Picard
Zill 2.8
Uma primeira aproximação de ypxq pode ser obtida a partir de
żx
` ˘
y1 pxq “ y0 ` f x, y0 pxq dx. (95)
x0

Quando repetimos o procedimento, uma outra função é definida por


żx
` ˘
y2 pxq “ y0 ` f x, y1 pxq dx. (96)
x0

Dessa maneira, obtemos uma sequência de funções y1 pxq, y2 pxq, . . . , yn pxq em que
o n-ésimo termo é definido por:
żx
“ ‰
yn pxq “ y0 ` f x, yn´1 pxq dx. (97)
x0

101 / 114
Método de iteração de Picard
Exemplo
Exemplo 38: Determine a solução a equação diferencial

y 1 “ y, yp0q “ 1,

pelo método de interação de Picard.


Exemplo 39: Determine a solução a equação diferencial pelo método de interação de
Picard da equação diferencial

y 1 “ 2xpy ` 1q, yp0q “ 0.

Exemplo 40: Use o método de Picard para encontrar as aproximações y1 , y2 , y3 e y4 .

y 1 “ y ´ 1, yp0q “ 2.

Exemplo 41: Use o método de Picard para encontrar as aproximações y1 , y2 , y3 e y4 .

y 1 ` sin y “ x, yp0q “ 0.

102 / 114
Método de iteração de Picard
Exemplo 40

Solução:

ypxq “ 1 ` ex (98)
4
Aproximação:
y1 pxq
yn pxq “ 2 ` x ` x2{2 ` x3{6 ` . . .

ypxq
y2 pxq
“ 1 ` 1 ` x ` x2{2 ` . . . ` xn{n! y3 pxq
ÿ8 2 ypxq
“1` xn{n!
n“0
“ 1 ` ex . (99)
0
´2 ´1 0 1 2
x

103 / 114
Método de iteração de Picard
Série de Taylor
A série de Taylor de uma função real ou complexa f pxq, infinitamente diferenciável em a (número real
ou complexo) é definida como uma série de potências
8
f 1 paq f 2 paq f 3 paq ÿ f pnq paq
f paq ` px ´ aq ` px ´ aq2 ` px ´ aq3 ` ¨ ¨ ¨ “ px ´ aqn . (100)
1! 2! 3! n“0
n!

Série de Taylor de funções frequentemente utilizadas:


• Função exponencial:
8
ÿ xn x2 x3
ex “ “1`x` ` ` ¨¨¨ (101)
n“0
n! 2! 3!
• Função logaritmo natural:
8
ÿ xn x2 x3
lnp1 ` xq “ p´1qn`1 “x´ ` ´ ¨¨¨ . (102)
n“1
n 2 3

• Séries binomiais:
˜ ¸
8
˜ ¸ n
α α n
ÿ α ź α´k`1 αpα ´ 1q ¨ ¨ ¨ pα ´ n ` 1q
p1 ` xq “ x , com “ “ . (103)
n“0
n n k“1
k n!

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Método de iteração de Picard
Série de Taylor - funções trigonométricas

8
ÿ p´1qn 2n`1 x3 x5
sin x “ x “x´ ` ´ ¨¨¨ for all x (104)
n“0
p2n ` 1q! 3! 5!

8
ÿ p´1qn 2n x2 x4
cos x “ x “1´ ` ´ ¨¨¨ for all x (105)
n“0
p2nq! 2! 4!

8
ÿ p2nq! x3 3x5
arcsin x “ x2n`1 “x` ` ` ¨¨¨ for |x| ď 1 (106)
n“0
4n pn!q2 p2n ` 1q 6 40

π
arccos x “ ´ arcsin x
2
8
π ÿ p2nq! π x3 3x5
“ ´ x2n`1 “ ´x´ ´ ´ ¨¨¨ for |x| ď 1 (107)
2 n“0 4n pn!q2 p2n ` 1q 2 6 40

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Método de iteração de Picard
Série de Taylor - funções hiperbólicas

8
ÿ x2n`1 x3 x5
sinh x “ “x` ` ` ¨¨¨ for all x (108)
n“0
p2n ` 1q! 3! 5!

8
ÿ x2n x2 x4
cosh x “ “1` ` ` ¨¨¨ for all x (109)
n“0
p2nq! 2! 4!

8
ÿ p´1qn p2nq!
arsinh x “ x2n`1 for |x| ď 1 (110)
n“0
4n pn!q2 p2n
` 1q

Mais informações: https://en.wikipedia.org/wiki/Taylor_series

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Método de iteração de Picard
Exercícios

Exercício 21: Utilize o método de Picard para determinar y1 , y2 , y3 , e y4 das


equações diferenciais abaixo. Determine o limite da sequência yn pxq quando
n Ñ 8.

y 1 “ ´y, yp0q “ 1 (111)


1
y “ 2xy, yp0q “ 1 (112)
1 2
y “ ´y , yp0q “ 0. (113)

Exercício 22: Utilize o método de Picard para encontrar y1 , y2 e y3 do problema

y 1 “ 1 ` y 2 , yp0q “ 0. (114)

Em seguida resolva o problema de valor inicial por um dos métodos desta unidade
e compare com o resultado obtido pelo método iterativo de Picard.
107 / 114
Método de Euller
Zill 9.2; Kent 1.4; Boyce 2.7
O método de Euller consiste em determi-
nar a solução ypxq em x0 ` h a partir do
problema de valor inicial f pxq
dy ypxq
“ f px, yq, ypx0 q “ y0 . (115) ε
dx y1
A partir do gráfico é possível estimar o valor
de y1 como

y1 “ y0 ` hf px0 , y0 q . (116) y0

Quanto menor h, menor o valor de ε “


|ypxq ´ y1 |, ou seja, menor o erro da aproxi-
mação. De forma geral: x
x0 x0 ` h
yn`1 “ yn ` hf pxn , yn q , n “ 0, 1, 2, ¨ ¨ ¨ .
(117)
108 / 114
Método de Euller
Exemplo 42: Considere o problema de valor inicial:
1
y 1 ` y “ 3 ` e´x , yp0q “ 1.
2
Determine i) a solução analítica, a solução numérica para ii) h “ 0, 1, iii) h “ 0, 05,
iv) h “ 0, 025 e v) h “ 0, 001. Ilustre o resultado por meio de um gráfico e uma
tabela. O intervalo de análise é 0 ď x ď 5.
A solução analítica do problema de valor inicial é (mostre)

ypxq “ ´3e´0.5x ´ 2e´x ` 6

A função de recorrência é definida como


” ı
yn`1 “ yn ` h 3 ` e´xn ´ 0.5yn ,
xn`1 “ xn ` h “ x0 ` h pn ` 1q .

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Método de Euller
Exemplo

Para h “ 0, 1:
• yp0q = 1,0000;
“ ‰
• yp0, 1q “ yp0q ` 0, 1 3 ` e´x0 ´ 0.5yp0q “ 1, 3500;
“ ‰
• yp0, 2q “ yp0, 1q ` 0, 1 3 ` e´x1 ´ 0.5yp0, 1q “ 1, 6730;
“ ‰
• yp0, 3q “ yp0, 2q ` 0, 1 3 ` e´x2 ´ 0.5yp0, 2q “ 1, 9712;
• ...
“ ‰
• yp0, 9q “ yp0, 8q ` 0, 1 3 ` e´x8 ´ 0.5yp0, 8q “ 3, 3440;
“ ‰
• yp1, 0q “ yp0, 9q ` 0, 1 3 ` e´x9 ´ 0.5yp0, 9q “ 3, 5175;

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Método de Euller
Exemplo
É importante destacar que para um passo de cálculo igual a 0,1, são necessárias
50 iterações para chegar ao limite superior de análise. Entretanto, para h “ 0, 001
são necessárias 5000 iterações!

x ypxq h “ 0, 1 h “ 0, 05 h “ 0, 025 h “ 0, 001


0,0 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000
1,0 3,4446 3,5175 3,4805 3,4624 3,4517
2,0 4,6257 4,7017 4,6632 4,6443 4,6331
3,0 5,2310 5,2918 5,2612 5,2460 5,2370
4,0 5,5574 5,6014 5,5793 5,5683 5,5617
5,0 5,7403 5,7707 5,7555 5,7479 5,7433
Tabela 1: Resultado da aplicação do método de Euller para resolução numérica da EDO do Exem-
plo 42.

111 / 114
Método de Euller
Exemplo
7
6
5
4
ypxq

3
ypxq
2 h“1
h “ 0, 5
1
h “ 0, 1
0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
x
Figura 8: Método de Euller aplicado ao Ex. 42.

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Método de Euller
Exercícios
Nos próximos exercícios, utilize a linguagem Python ou MatLab para resolução numérica.
Exercício 23: Considere o problema de valor inicial

y 1 “ x2 ` y 2 , yp0q “ 1. (118)

Use o método de Euller com h “ 0, 1; 0, 05; 0, 025 e 0,01 para explorar a solução desse
problema para 0 ď x ď 1. Qual a sua melhor estimativa para o valor da solução em x “ 0, 8?
Em x “ 1? Apresente o campo de direções da equação em análise.
Exercício 24: Considere o problema de valor inicial

y 2 ` 2xy
y1 “ , yp1q “ 2. (119)
3 ` x2
Use o método de Euller com h “ 0, 1; 0, 05; 0, 025 e 0,01 para explorar a solução desse
problema para 1 ď x ď 3. Qual a sua melhor estimativa para o valor da solução em x “ 2, 5?
Em x “ 3? Apresente o campo de direções da equação em análise.

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Método de Euller
Exercícios

Exercício 25: Considere o problema de valor inicial

y 1 ` sin y “ x, yp0q “ 0. (120)

Use o método de Euller com h “ 0, 1; 0, 05; 0, 025 e 0,01 para explorar a solução
desse problema para ´2 ď x ď 2. Qual a sua melhor estimativa para o valor da
solução em x “ 0.5? Em x “ 2? Apresente o campo de direções da equação em
análise.
Para maiores informações, sobre resolução numérica de EDO:
http://blogs.mathworks.com/loren/2015/09/23/ode-solver-selection-in-matlab/
?s_tid=srchtitle.

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