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Capitulo II

Termodinâmica

Cap. 11
Alonso & Finn - Volumen III

Intro Mec Est – Mário E G Valerio – 2007/2


Introdução
• Duas formas de se abordar a Termodinâmica:
– Como uma ramo “independente” da Física, com postulados
próprios e seus domínios de validade
– Como uma “conexão” entre o mundo microscópico, da Mec
Estatística, com o mundo macroscópico, quase como um
subproduto desta.
• O livro texto usa este 2º enfoque.
• Termodinâmica como “ponte”
• Historicamente a Termodinâmica foi desenvolvida antes
nos séculos XVIII e XIX, durante o grande
desenvolvimento da “revolução industrial”, com a
máquina a vapor. Os principais pesquisadores foram
Carnot, Joule e Kelvin.
• Já a Mec Estatística começa no final do século XIX, com
Mayer, Boltzmann e Gibbs e se estabeleceu no século
XX com o conhecimento completo da estrutura da
matéria.
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Conservação de Energia num sistema não isolado

• Se o sistema é isolado ⇒ energia interna


U e o número de partículas se conserva.
• Podemos escrever a U como:
U = Ek int + Ep int
– Partículas interagem através da energia
potencial interna (em 1ª aproximação,
interação entre pares de partículas):
Ep int = ∑E
todos
pij e Ek int = ∑
todas as
Ek j
os partículas
pares

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• Consideraremos agora que o sistema é
‘parcialmente isolado’, ou seja, pode haver
interação com o exterior mas não pode haver
troca de partículas.
• As forças que atuam SOBRE o sistema podem
realizar trabalho.
• A U não vai se conservar, mas a energia total se
conserva, então devemos escrever:
U − U 0 = ωext
• Se as forças externas realizam trabalho SOBRE
o sistema, ωext>0 e U aumenta. Se o SISTEMA
REALIZA TRABALHO, ω ext<0 e U diminui.

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• Sistemas macroscópicos são constituídos de
muitas partículas e computar o trabalho
realizado por cada partícula ou sobre cada
uma das partículas é impossível.
• Podemos aproximar o ωext como uma soma
de dois termos:
– Um deles é o ‘trabalho mecânico’, ou
trabalho (W) associado com
simplesmente ‘trabalho’
deformações mecânicas, ou expansão de um
corpo ou de um gás, por exemplo.
– O outro termo é o ‘calor’
calor (Q) e engloba todos os
outros termos que não podem ser enquadrados
no primeiro caso.
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Sistema de muitas partículas e Trabalho
• No cálculo do trabalho, devemos prestar
atenção se o trabalho é feito PELO ou SOBRE o
sistema.
• Em máquinas térmicas, por exemplo, é mais
conveniente calcular o trabalho FEITO pelo
sistema, já que este é o objetivo da máquina.
– Lembrar que o trabalho feito PELO sistema diminui a
energia interna enquanto que o trabalho feito SOBRE
o sistema aumenta energia interna.
Usaremos a partir da
WSist = − WExt agora o símbolo W
como sendo o trabalho
feito pelo sistema.
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• Consideremos primeiro o exemplo da
expansão de um gás contido em um
reservatório com uma das paredes
móveis (êmbolo).
• O gás pode trocar energia através das
colisões das moléculas com as paredes dx
dV
do reservatório.
• Em cada ponto da parede atuam 
diversas forças decorrentes das F
colisões das moléculas do gás com as
moléculas da parede. Estas colisões
transferem energia e momento do gás
para a parede e vice-versa.
• Na parede móvel do pistão, as forças
que atuam em cada ponto, podem ser
somadas gerando uma resultante
indicada por F.
• A pressão P do gás é dada por: P=F/A,
onde A é a área do pistão.
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• Se a pressão do gás for maior do
que a pressão exterior, o gás
REALIZARÁ TRABALHO deslo-
cando o pistão móvel de uma
distância dx. dx
dV
• O trabalho feito pelo gás é então:

đW=Fdx=PAdx=PdV F
• onde dV=Adx é um pequeno
incremento de volume devido a
diferença de pressão do gás em
relação ao exterior.
• O trabalho total realizado pelo gás
após o término Vda expansão é
dado por: W = ∫ PdV′
V0
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• Para calcularmos o trabalho
precisamos conhecer a função
P(V).
• O trabalho feito SOBRE o sistema dx
dV
será dado por:
V

Wext = − W = − ∫ PdV′ F
V0

• “Exemplo 11.1”: expansão de um


gás a P constante:
P(V) = P = cte
V V
W= ∫ PdV′ = P ∫ dV′ = P ( V − V ) = P∆V
V0 V0
0

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• Exemplo 11.2: Gás expande-se seguindo
a relação de Boyle, PV=C=cte.
PV = C = cte
V
C
V
1
V
V
W = ∫ PdV′ = ∫ dV′ = C ∫ dV ′ = Cln  
V0 V0
V′ V0
V′  V0 

• O trabalho depende da relação V/V0,


chamada de relação de compressão (ou
expansão). Esta relação define a potência
de máquinas.

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Sistema de muitas partículas e Calor
• Trabalho realizado pelas forças que atuam nas
paredes fixas não gera trabalho macroscópico, fácil
de calcular como no caso do pistão.
• O trabalho nas demais paredes do reservatório
deveriam ser calculados levando-se em conta cada
uma das interações das moléculas do gás com as
moléculas das paredes e os deslocamento destas.
• IMPOSSÍVEL!!!
• Vamos definir uma nova grandeza macroscópica,
também ligada a energia, chamada CALOR que
engloba todas estas pequenas contribuições.
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Primeira Lei da Termodinâmica
• ‘A variação da Energia interna de um sistema é
igual ao calor trocado mais o trabalho realizado
sobre o sistema.’
U − U 0 = ∆U = Q + WExt
• Se o sistema ABSORVE calor (Q>0), a U
aumenta, e se o sistema PERDE calor (Q<0) a
U diminui.
• Como o trabalho feito PELO sistema (W) tem
mesmo módulo mas sinal contrário ao trabalho
feito SOBRE o sistema, podemos escrever:
U − U 0 = ∆U = Q − W
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• É importante notar que:
– A U depende SOMENTE DO ESTADO DO SISTEMA,
ou seja das condições nas quais o sistema se
encontra, esteja ele em equilíbrio ou não.
– O Q e W, por outro lado, dependem intrinsecamente
dos PROCESSOS de troca de energia e portanto
depende de como o sistemas sai de um estado e vai
até outro.
– Isto significa dizer que, as diversas formas possíveis
de um sistema ir de um estado 1 para um estado 2,
gerarão variações de energia interna ∆U=U2-U1
sempre iguais, apesar dos termos individuais Q e W
serem diferentes para cada caminho.
– Ou seja, a forma com que a energia trocada entre o
sistema e o exterior se divide em calor ou trabalho
depende do processo.

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• Um caso interessante é um processo
chamado de transformação cíclica, na
qual o sistema regressa a condição inicial
ao final do processo. Para este tipo de
ciclo:
U=U 0 ⇒ ∆U=0 ⇒ Q=W
• Ou seja, todo calor absorvido é convertido
em trabalho feito PELO sistema. Este é o
princípio de funcionamento das máquinas
térmicas.
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• Se a transformação sofrida pelo sistema é
infinitesimal, ou, dizendo de outra forma,
se o sistema é perturbado por uma
pequena ‘quantidade’, devemos escrever:
dU = đQ − đW
• Como U é uma função dos estado do
sistema, dU é uma diferencial exata. O
que não ocorre com Q e W que dependem
dos processos. Por isso escrevemos:
đQ e đW
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• “Exemplos”:
– Processos devidos a mudanças de volumes:

dU=đQ-pdV

– Uma pequena carga se movendo num campo


elétrico:

dU=đQ-Φ ε dq

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Representação Gráfica de Processos
• Um estado de equilíbrio de um sistema pode ser
descrito por um conjunto de variáveis macroscópicas ou
estatísticas.
• O conjunto mais comum é formado da T, V e P.
• As variáveis termodinâmicas não são todas indepen-
dentes e normalmente se relacionam através de de
expressões matemáticas chamadas EQUAÇÕES DE
ESTADO.
ESTADO
– Ex: Gás ideal: PV=nRT
• Um dos problemas fundamentais de Termodinâmica e
da Mec. Estatística é determinar as equações de estado
de um sistema físico porque destas equações é que são
obtidas as principais propriedades macroscópicas
mensuráveis.

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• Uma equação de estado pode ser escrita
genericamente como:
– f(P,V,T,...)=0
• Esta expressão representa uma
hipersuperfície no espaço formado pelas
variáveis de estado P,V,T, ..., chamada de T
superfície termodinâmica.
• Cada estado de equilíbrio do sistema é
representado então por um ponto neste S’
hiperespaço. S
• Qdo o sistema sofre uma transformação
ele passa de um estado de equilíbrio, V
representado pelo ponto S para outro,
representado pelo ponto S’.
• Via de regra as etapas intermediárias da
transformação de S →S’ não são estado P
de equilíbrio e não podem ser
representados como pontos na superfície
f(P,V,T,...)=0. Projeção da
transformação
S→
→S’no plano PxV

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• Qdo a as etapas intermediárias de uma
transformação são estados de equilíbrio, a
transformação S →S’ é representada por uma
curva sobre a superfície f(P,V,T, ...)=0.
• Uma transformação como esta acontece através
de etapas ‘infinitesimais’ de forma que as
mudanças no sistema são lentas o suficiente
para que o estado de equilíbrio seja atingido em
cada etapa.
• Esta classe de transformações são ditas
‘reversíveis’.
veis
• Se os estado intermediários da transformação
S →S’ não são estados de equilíbrio, então a
transformação é chamada de ‘irreversível’.vel
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P
V2
A(V1,P1) WA →B = ∫ PdV
V1
B(V2,P2)
Área sob a curva

∆U = U B − U A é o mesmo para os três caminhos!


W1 = ∫ PdV W2 = ∫ PdV W3 = ∫ PdV
1 2 3

W1 ≠ W2 ≠ W3
∴ Q1 = ∆U + W1 Q 2 = ∆U + W2 Q3 = ∆U + W3
⇒ Q1 ≠ Q 2 ≠ Q3

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Ciclo

∆U = U A − U A =0 !
Wciclo = ∫ PdV = ∫ PdV − ∫ PdV = área hachurada=Q
ciclo 1 2
ciclo

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Processos Especiais

•Consideraremos alguns processos infinite-


simais especiais relacionados com a
expansão/compressão de um gás:

dU=đQ-PdV

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1 Transformação isocórica
transformação a volume constante, dV=0
dU = đQ
•Integrando a expressão vem:
U − U0 = QV
•Definindo calor específico molar a volume constante cV
como sendo a quantidade de calor absorvido por um mol
da substância por unidade de variação de temperatura, a
volume constante:
1 đQ V 1  ∂U 
cV = = 
η dT η  ∂T  V
•η é o número de mols do sistema
•cV normalmente é uma função da temperatura e é
característica de cada substância

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2 Transformação Isobárica – P=cte
• Se P=constante, então dP=0 e podemos
escrever: dU P = đQ P − ( PdV )P
dU P = đQ P − d ( PV )P
đQ P = dU P + d ( PV )P
đQ P = d ( U + PV )P
đQ P = dH (1)
onde a entalpia H é:
H=U + PV
Integrando (1) vem:
H − H 0 =Q P
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• Qdo P= cte o trabalho é dado por:
WP = P ( V − V0 )
• Definindo agora calor específico a pressão
constante cP, como o calor absorvido por um
mol da substância por unidade de variação de
temperatura, a pressão constante:
1 đQ P 1  ∂H 
cP = = 
η dT η  ∂T  P
• Novamente cP é uma função da temperatura e é
característico da substância.
• cP e cV tem unidades de (JK-1mol-1), no MKSC,
ou (caloC-1mol-1).
• Água a 18oC e a P atmosférica constante,
possui cP=18,00 caloC-1mol-1.
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−2 o
c P = a + bT + cT cal/mol. C

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3 Transformação isotérmica – T=cte
• Para um GÁS IDEAL a energia interna U
só depende da T:
3
U= kT
• Então: 2
dU T = 0
đQ T = đWT ou Q T = WT

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4 Transformações Adiabáticas
• Transformações nas quais não há troca de calor.
Portanto: đQ = 0 a

• Assim:
dU a = −đWa

• A expressão acima indica que o trabalho realizado


pelo sistema é feito as custas do aumento ou
diminuição da energia interna do sistema.
• Para um gás ideal, isso significa que a temperatura
deve diminuir durante uma expansão adiabática
e aumentar durante uma compressão adiabática.

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Entropia e 2ª Lei da Termodinâmica
• Definindo a Entropia como sendo:
S=klnP
• Onde P é a probabilidade da partição correspondente ao
estado do sistema
• Esta definição é conveniente para o estudo de
processos.
• Se um sistema isolado está em equilíbrio, ele estará na
partição mais provável, ou seja, na partição com valor
máximo de P, e portanto, valor máximo de S.
• Se um sistema isolado não está em equilíbrio, ele estará
numa partição com valor menor de P, e portanto de S.
Se não for perturbado, o sistema evoluirá naturalmente
para o estado de máxima S.

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• A entropia é uma função do estado do sistema,
só depende de qual partição foi escolhida pelo
sistema
• Portanto, S não depende dos processos, mas
somente dos estados iniciais e finais do sistema
numa transformação (seja ela reversível ou
não).
• Se o sistema é composto por dois subsistemas,
1 e 2, cada um deles em estados com
probabilidades P1 e P2, a probabilidade total do
sistema é:
P = P1P2
S=klnP =kln (P1P2 ) =klnP1 +klnP2
A Entropia é
S=S1 +S2 aditiva !!!
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• Quando um sistema esta isolado e em equilíbrio,
a partição correspondente ao sistema é a mais
provável e portanto S é máxima.
• As transformações que podem acontecer num
sistema isolado e em equilíbrio são aquelas nas
quais dS=0, e estas são transformações
reversíveis.
• Se um sistema isolado não está em equilíbrio, a S
será menor do que a do equilíbrio. O sistema
deve evoluir naturalmente para o estado de
equilíbrio, e portanto dS≥0
• 2ª lei da termodinâmica:
– Em um sistema isolado, os processos que podem
ocorrer com maior probabilidade são aqueles nos
quais a Entropia aumenta ou permanece constante.
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• Este enunciado deve ser interpretado estatisti-
camente já que os processos que DIMINUEM a
entropia não são impossíveis, mas de menor
probabilidade de ocorrer.
• Qto maior for a diminuição causada na entropia,
menor deve ser a probabilidade do processo
ocorrer.
• Num sistema isolado e em equilíbrio, diminuir a
entropia significa dizer que o sistema deve sair da
partição de maior probabilidade e ir para uma
partição de menor probabilidade.
• A segunda lei da termodinâmica expressa um fato
bem conhecido de que em um sistema isolado
existe uma tendência bem definida de ocorrência
dos processos, ou de evolução do sistema. E esta
tendência é a de sempre aumentar a entropia.
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• Se um sistema NÃO está isolado, mas em
contato com outro, sua entropia pode
diminuir. No entanto, a entropia do outro
sistema deve variar também.
• Consideremos um sistema isolado com
dois subsistemas com S1 e S2. Então:
dS=dS1 +dS2 ≥ 0
• Se o processo for reversível, dS=0 e se for
irreversível, dS>0

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• Exemplo 11.3: Obter a entropia de um
sistema isolado e em equilíbrio que
obedece a estatística de Maxwell-
Boltzmann.
g ni i N −Ei kT
S = k lnP P =∏ ni = gie
i ni ! Z

• Exemplo 11.4: Obter a entropia de um gás


ideal:
3

3 V ( 2πmkT ) 2

U = NkT Z=
2 h3

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• Exemplo 11.5: Expansão livre de um gás
ideal.
1 2

V V 2V

(
S1 = kN ln vT
3
2
)+S 0 (
S 2 = kN ln 2 vT
3
2
)+S 0

∆S = S 2 − S1 = kN ln 2 vT ( 3
2
)+S 0 (
− kN ln vT
3
2
)−S 0

∆S = kN ln 2 > 0

Compressão espontânea de um gás ideal: ∆S′ = S1 − S 2 = −kN ln 2 < 0

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• Analisando agora sob o ângulo das
probabilidades ...
∆S = S 2 − S1 = k ln P2 − k ln P1
P2
Expansão Livre ∆S = k ln
P1
P2 P2 1023
∴ k ln = kN ln 2 ⇒ N
=2 ≈2
P1 P1
N~1023, isso explica porque o gás se expande tão rapidamente qdo
a parede é removida
P2
∆S′ = k ln
P1
Compressão Espontânea
P1 1
= 2− N ≈ 1023
P2 2
Altamente improvável !!!!
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Entropia e Calor
• Consideremos um sistema inicialmente em
equilíbrio estatístico.
• Vamos considerar agora que este sistema sofre
uma transformação infinitesimal como
conseqüência da interação com o meio exterior.
• A transformação gera uma modificação
infinitesimal nos números de ocupação dos
níveis (ni) e nos próprios níveis de energia (Ei).
dU = ∑ n i dEi + ∑ Ei dn i
i i

• Esta equação é válida para todos os tipos de


processos, seja reversível ou irreversível.
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• Vamos considerar apenas transformações
reversíveis.
• Isto significa que o processo é lento o
suficiente para que em todas as etapas do
processo, o sistema encontra-se em
equilíbrio.
dU = ∑ n i dEi + ∑ Ei dn i
i i

Modificação da energia interna devido Modificação da energia interna do


as modificações nos níveis de energia sistema devido a redistribuição das
do sistema. partículas nos níveis de energia
disponíveis.

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• Analisando o 1º termo:
• Na dedução dos níveis de energia de uma
partícula numa caixa de dimensões a3, obtivemos:
πk x πk y πk z
ψ k k k ( x, y, z ) = Csen 1 sen 2 sen 3
1 2 3
a b c
π2  2 2 π2  2 2
E k1k 2 k3 =
2ma 2
( k 1 + k 2
2 + k 2
3 ) =
2ma 2
k

• Então um incremento da no tamanho da caixa,


induzirá uma diminuição dE na energia de cada
nível.
• Ou seja, a mudança da energia interna devido ao
termo n dE ∑i
i i

• se deve a modificação do volume do recipiente.


• Este 1º termo então corresponde a variação da U
devido ao trabalho.
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• Comparando então com as 2 expressões para dU, vem:

dU = đQ − đW đW = −∑ n i dEi e
i

dU = ∑ n i dEi + ∑ Ei dn i
i i
đQ = ∑ Ei dn i
i

• Estas expressões permitem uma interpretação melhor para


o calor e trabalho feitos pelo ou sob o sistema em termos
dos parâmetros microscópicos e estatísticos.

• O trabalho está associado com a modificação dos níveis de


energia do sistema devido a modificações do volume
enquanto que o calor trocado esta relacionado com a
redistribuição das partículas nos níveis de energia.

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• Provar que num sistema isolado que segue Exemplo 11.6
a estatística de Maxwell-Boltzmann e que
sofre transformações reversíveis
somente, um incremento na entropia do
đQ
sistema esta associado com a troca de
dS =
calor da seguinte forma: T
U
Sistema em equilíbrio que obedece M.-B.: S=
+kNlnZ+kN
T
dU U dZ
Para um transformação infinitesimal com N constante.: dS= - dT+kN
T T2 Z
dEi − Ei kT Ei − Ei kT
Como Z = ∑ g i e
− Ei kT
dZ = − ∑i i kT
g e + ∑i i kT2 e dT
g
i

dZ 1 N  dT  N 
= − ∑  g i e − kT  dEi + 2 ∑  g i e − kT  Ei
Ei Ei
kN
Z T i Z  T i Z  dZ đW dT
kN = + 2U
kN
dZ 1 dT
= − ∑ n i dEi + 2 ∑ n i Ei
Z T T
Z T i T i

dU U đW dT dU đW đQ
dS = − 2 dT + + 2U dS = + ⇒ dS =
T T T T T T T

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• Lembrar que a equação só vale đQ
dS =
para processos reversíveis ! T
• Se a transformação em questão
for, por exemplo, processos de
expansão compressão de um dU = TdS − PdV
gás podemos escrever:
 ∂U   ∂U 
• Por outro lado: dU =   dS −   dV
 ∂S  V  ∂V S
1  ∂S  ∂
• Então: =  =k ( lnP )V
T  ∂U  V ∂U
 ∂U 
P = − 
 ∂V S
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1  ∂S  ∂
=  =k ( lnP )V
T  ∂U  V ∂U
• Esta expressão indica que na grande maioria
dos casos, a temperatura é positiva porque a
probabilidade de uma determinada partição
em geral cresce com o aumento da energia
interna.

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• Suponha um sistema dentro de uma caixa de dimensões fixas (V cte!!).
Isso significa que os possíveis níveis de energia do sistema são fixos e
a única forma de aumentar U é promovendo algumas partículas de um
estado de E menor para um E maior.
• Para um dado valor de U, em geral, n1>n2>n3>n4..., se o sistema está
em equilíbrio. Supondo, por simplicidade, que g1=g2=g3=g4...=1, a
probabilidade de uma dada partição é:
1
P =
n1 !n 2 !n3 !
• Se agora aumentarmos um pouco o valor de U, promovendo 1 partícula
do 1º nível para um nível qquer teremos a nova probabilidade P’
1
P ′=
( n1 − 1) !n 2 !n3 ! ( n + 1) !
• Então:
P′ n1 !n 2 !n3 ! n  ! n1
= =
P ( n1 − 1) !n 2 !n3 ! ( n  + 1) ! ( n  + 1)
• Como em geral n1>>nl, teremos P’>P o que significa que P cresce com
aumento de U, mantendo V constante, e portanto T>0
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• Mas isso nem sempre é válido !!!!
• Se o sistema tiver poucos níveis de
energia disponíveis, por exemplo, pode
acontecer de P diminuir com o aumento
de U.
• Neste caso, a T<0!!!
• Algum exemplo conhecido????
P

T>0 T=0 T<0

U
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Entropia e Processos especiais
• Qdo um sistema sofre uma transformação
reversível indo do estado 1 para o estado 2,
temos: 2 2 2
đQ đQ
∫1 dS = ∫1 T ⇒ S2 − S1 = ∫1 T
• O 1º membro da igualdade representa o fato de
que S independe dos processos e somente dos
estados inicial e final do sistema.
• O 2º membro, por outro lado, depende do
processo em si, já que o calor trocado depende
de como o sistema vai de 1 para 2.

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• Numa transformação isotérmica, T=cte,
então:
2 2
đQ T 1
S 2 − S1 = ∫ ⇒ S 2 − S1 = ∫ đQT
1
T T1
1
S 2 − S1 = QT ⇒ QT = T ( S 2 − S1 )
T
• Esta expressão indica que em uma
transformação isotérmica a entropia do
sistema aumenta se o calor é absorvido e
diminui se o calor é cedido pelo sistema,
considerando que T é positiva !!!

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• Numa transformação adiabática reversível,
dQa=0 então:
2
đQa
S 2 − S1 = ∫ ⇒ S 2 − S1 = 0
1
T
S = constante !
• Ou seja, transformações adiabáticas
reversíveis são também isoentrópicas.
• No entanto, uma transformação adiabática
vel não será necessariamente
irreversível,
isoentrópica (a expressão entre S e Q só
vale para processos reversíveis !!!!)

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• A expressão đQ
dS =
T
• Pode ser reescrita como: Q= ∫ TdS
1→ 2

• O que indica que o calor trocado na


transformação do estado 1 para o estado 2, pode
ser obtido através da área sob a curva que
representa a transformação reversível 1→2 num
diagrama T x S.
T
1
2

S
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• Num ciclo fechado:
∆U = U A − U A =0 !
Wciclo = ∫ PdV = ∫ PdV − ∫ PdV = área hachurada=Q
ciclo 1 2
ciclo

• Olhando do aspecto da Entropia...:


T
A ∆S = S A − S A =0 !
Q
B
Qciclo = ∫ TdS = ∫ TdS − ∫ TdS = área =W
ciclo 1 2
ciclo

Intro Mec Est – Mário E G Valerio – 2007/2


Exemplo 11.7: Ciclo de Carnot – Transformação cíclica reversível.
Dois processos isotérmicos: A→B e C→D
Dois processos adiabáticos (ou isoentrópicos ): B→C e D→A

Durante a etapa A→B, a entropia aumenta e o sistema absorve


uma quantidade de calor Q1.

Durante a etapa C→D, a entropia diminui e o sistema perde


uma quantidade de calor Q2.

Durante as duas etapas adiabáticas não existe calor trocado.


Q1
∆S AB =
T1 Q1 Q 2 Q1 Q 2
∆Sciclo =0= − ⇒ =
∆S BC = 0 T1 T2 T1 T2
Q2
∆SCD = − Esta expressão é valida independente
T2
da substância usada!
∆S DA = 0

Intro Mec Est – Mário E G Valerio – 2007/2


• Para o caso de um gás, o ciclo envolve expansões e
compressões e o sistema realiza trabalho.
• O Calor total trocado, Q=Q1-Q2, corresponde a área do
retângulo ABCD da figura e é equivalente ao trabalho feito
pelo gás.
• Então: Q=W=(T1-T2)(S1-S2)
• Por outro lado, o calor absorvido pelo gás na 1ª etapa do
ciclo é: Q1=T1(S1-S2).
• A eficiência de uma máquina é dada pela relação entre o
trabalho executado pelo sistema e a a energia entregue ao
sistema.
• Uma máquina a gás que opera segundo um ciclo de
Carnot, a eficiência é dada por:
W ( T1 − T2 )( S 2 − S1 ) ( T1 − T2 )
ε= = =
Q1 T1 ( S 2 − S1 ) T1
• Assim, podemos ver que a eficiência de uma máquina
térmica que opera com um gás seguindo o ciclo reversível
de Carnot, é independente do gás usado e depende
somente das temperaturas usadas.
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• Exemplo 11.8: Desmagnetização T B≠0
adiabática. B=0
• Se uma substância paramagnética B A
é colocada na presença de um
campo B, a ação do campo produz
orientação dos dipolos, diminuindo C
a S do sistema (curva B≠0). S

• Suponha agora que um sistema de partículas paramagnéticas


esta no estado A sem campo e que um campo é aplicado
isotermicamente, levando o sistema de A→B.
• Se o campo B for anulado adiabaticamente, ou seja,
isoentropicamente (supondo as tranformações sempre
reversíveis), o sistema sofrerá a transformação B→C.
• O ponto C da curva B=0, tem temperatura bem inferior ao
ponto A e se produz como efeito final um resfriamento do
sistema
• Este ciclo pode ser repetido várias vezes, sempre diminuindo
T.
• Este método é usado para
Intro Mec se obter
Est – Mário temperaturas
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