Este documento descreve a evolução do sistema de saúde brasileiro entre 1964 e 1988. Durante este período, o governo militar privatizou grande parte do sistema de saúde e priorizou os serviços de previdência social. Nos anos 1970 e 1980, o movimento sanitário emergiu para defender um sistema público e universal de saúde. A Constituição de 1988 finalmente estabeleceu o Sistema Único de Saúde para fornecer atenção médica gratuita e de qualidade para todos os cidadãos brasileiros.
Este documento descreve a evolução do sistema de saúde brasileiro entre 1964 e 1988. Durante este período, o governo militar privatizou grande parte do sistema de saúde e priorizou os serviços de previdência social. Nos anos 1970 e 1980, o movimento sanitário emergiu para defender um sistema público e universal de saúde. A Constituição de 1988 finalmente estabeleceu o Sistema Único de Saúde para fornecer atenção médica gratuita e de qualidade para todos os cidadãos brasileiros.
Este documento descreve a evolução do sistema de saúde brasileiro entre 1964 e 1988. Durante este período, o governo militar privatizou grande parte do sistema de saúde e priorizou os serviços de previdência social. Nos anos 1970 e 1980, o movimento sanitário emergiu para defender um sistema público e universal de saúde. A Constituição de 1988 finalmente estabeleceu o Sistema Único de Saúde para fornecer atenção médica gratuita e de qualidade para todos os cidadãos brasileiros.
A saúde publica parecia mergulhada em um silêncio profundo, ao passo que a
previdência social elaborava campanhas e mais campanhas no intuito de atrair os benefícios e mascarar o processo rígido e desagregante do sistema previdenciário. .
As principais medidas sociais praticadas foram o Fundo de Garantia por Tempo
de Serviço (FGTS), o Programa de Integração Social (PIS) e o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP), criados para aumentar a participação dos trabalhadores nos lucros das empresas e no crescimento da economia com a reformulação do sistema previdenciário a partir de 1970.
Unificaram-se os IAP’s no Instituto Nacional de Previdência Social (INPS),
centralizando a administração e os recursos com a uniformização dos serviços para todos os segurados com carteira assinada.
A universalização da cobertura ocorreu aos poucos, com a inclusão dos
acidentes de trabalho, a criação do Programa de Assistência ao Trabalhador Rural (PRORURAL), incorporação das empregadas domésticas e dos trabalhadores autônomos.
As principais características do sistema previdenciário nesse período eram:
– extensão da cobertura previdenciária a todos os trabalhadores formais
urbanos;
– altas taxas de acúmulo de capital pelas empresas produtoras e equipamentos
e medicamentos com organização médica voltada à lucratividade;
– atendimento médico diferenciado por clientela, nos moldes capitalistas.
Com a criação do INPS, o Estado alegou incapacidade de fornecer assistência
a todos os segurados, o que possibilitou a contratação de serviços terceirizados,
Com esse modelo o Ministério da Saúde, relegado a segundo plano, propôs um
plano privatizante do sistema, chamado de Plano Nacional de Saúde (PNS) em 1968, que venderia todos os hospitais federais para a iniciativa privada, ficando o Estado apenas com o financiamento dos serviços privados, em parte custeados pelos pacientes.
ORIGEM DO MOVIMENTO SANITÁRIO
Foi somente a partir de 1970 que os problemas de saúde se constituíram teórica e ideologicamente em pensamento social, com a criação dos Departamentos de Medicina Preventiva (DMP) nas faculdades de medicina em 1968, iniciando as bases de um movimento social para transformação do sistema de saúde vigente.
ARTICULAÇÃO DO MOVIMENTO SANITÁRIO
Com o passar dos anos, o regime foi ficando cada vez mais fechado, passou a censurar a liberdade de imprensa, cassação de direitos políticos, prisões arbitrárias de líderes e opositores ao regime.
A criação de um segundo Plano Nacional de Desenvolvimento (PND II)
reconheceu que a política social tem objetivos próprios e o desenvolvimento social ocorreria paralelamente e de acordo com o progresso econômico, priorizando a pós-graduação na área de educação e a assistência médica da previdência social na área da saúde.
Esse plano determinava dois campos: o Ministério da Saúde com medidas
voltadas para o coletivo e o Ministério da Previdência e Assistência Social voltado para o atendimento assistencialista individualizado aos trabalhadores formais.
A previdência social sofreu com a expansão da cobertura e da compra dos
serviços do setor privado, o que aumentava o orçamento e caracterizava a aliança de interesses privados e estatais com a consequente privatização dos serviços prestados, porém politicamente, agregou representantes de diversos segmentos sociais.
Continuando a política de privatização, criou-se o Plano de Pronta Ação (PPA)
no INPS, com o intuito de universalizar o atendimento médico especialmente de emergência, em que a previdência pagava pelo atendimento tanto à rede pública quanto à rede privada, independente do vínculo do paciente. A assistência era desenvolvida por três universos remunerativos: os serviços próprios ambulatoriais e hospitalares, os serviços contratados e os serviços conveniados.
A aprovação da lei 6.229 em 1975, criou o Sistema Nacional de Saúde (SNS),
numa tentativa de conciliar os diferentes interesses, deixou com o Ministério da Saúde a saúde coletiva e com o Ministério da Previdência a saúde individual. A partir daí, o Ministério da Saúde aumentou a cobertura das ações, principalmente nas áreas rurais, e a difusão dos programas tradicionais com imunização, vigilância epidemiológica e assistência materno-infantil. Isso, contudo, não mudou o modelo de atenção à saúde, mas interferiu na mudança da arena política da saúde.
O movimento sanitário foi um movimento de profissionais da saúde e pessoas
vinculadas ao setor, que compartilhavam a abordagem médico-social da saúde e que através de práticas políticas, ideológicas e teóricas, buscava transformar a saúde no Brasil, para melhoria das condições de atenção e saúde da população, estabelecendo o direito de cidadania.
Foram três as vertentes desse movimento que se distinguem por:
1 – Movimento Estudantil e o Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (CEBES): Difundiam a teoria da medicina social, debatendo os determinantes sociais, econômicos e políticos da estrutura da saúde e as práticas de saúde comunitária que se desenvolviam, reunindo estudantes, professores e profissionais. O CEBES apresentou uma proposta que depois foi aprovada como princípio na Constituição de 1988 que dizia que a “saúde é direito de todos e dever do Estado”.
2 – Movimentos de Médicos Residentes e de Renovação Médica:
Estes movimentos trouxeram a atuação trabalhista, questionando as regras de controle das relações de trabalho existentes e renovando o conceito de sindicato para os profissionais médicos, fazendo com que houvessem greves como forma de reivindicação dos direitos trabalhistas e remunerativos.
3 – Docência e Pesquisa (Academia):
Nessa vertente construiu-se o marco teórico do movimento, com a formação de agentes multiplicadores e formadores desse marco, foi a base de consolidação do movimento, oferecendo suporte teórico às propostas transformadoras.
O FIM DO REGIME E A CRISE DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
A partir de 1978, com o governo do General Figueiredo, a crise econômica que assolava o mundo chegou ao nosso país, fazendo com que crescesse nossa dívida externa e a instabilidade social. A Crise instalada tinha como características o arrocho salarial, desemprego e as profundas desigualdades sociais recorrentes do modelo econômico.
Com o ideário de “Saúde para todos em 2000”, divulgado pela Organização
Mundial de Saúde (OMS), na Conferência de Alma Ata em 1978, criou-se o Prevsaúde, uma proposta racionalizadora, favorecendo o setor público, democrática em sua essência, mas com resistências dos setores privatizantes e conservadores do setor.
Em 1982 foi criado o Programa de Ações Intergradas de Saúde (PAIS),
universalizando a assistência médica e hierarquizando o controle às prefeituras que recebiam pelos serviços prestados por produção atendendo toda à população independente de vínculo previdenciário, enquanto que a previdência social prestava atendimento apenas aos segurados formais. Em 1984, foi transformado em AIS, modificando a estratégia de atenção, o que privilegiava o setor público, numa tentativa de democratização e descentralização dos serviços. Tinha por base a responsabilização do setor publico com a definição de propostas partindo do perfil epidemiológico, a regionalização e hierarquização de todos os serviços públicos e privados.
As IAS privilegiaram a atenção à saúde em nível municipal e estadual,
passando os postos de saúde a oferecer assistência médica além dos demais programas de saúde, legitimando a participação de entidades da sociedade civil na formulação de políticas públicas de saúde. A partir daí, a centralização e a implementação de propostas de articulação interinstitucional e de estratégias de unificação do sistema de saúde passaram a ser o foco, contudo as disputas entre ministérios continuaram, agora mais fortes e por mais recursos.
Toda essa movimentação na saúde galgou desenvolvimento no último
semestre do sistema de governo militar autoritário, com a participação do movimento da Reforma Sanitária e demais setores da sociedade brasileira na campanha pelas “Diretas Já!”, trabalhando um novo projeto de saúde baseado em um regime democrático e justo.
A CONSTITUIÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
A 8ª Conferência Nacional de Saúde, reuniu profissionais, prestadores de serviços da saúde do setor e usuários do sistema de saúde, o que pela primeira vez foi extraordinário. A partir dessa conferência a organização, deliberação e representação das conferências passando a ser modelo para as demais, perdurando até hoje. Essa conferência não se restringiu ao momento de sua realização, mas iniciou com pré-conferências estaduais, passando pela conferência em si e se desdobrou até 1987, com a discussão de temas em particular com saúde da mulher e do trabalhador.
Em 1987 foram criados através de decreto os Sistemas Unificados e
Descentralizados de Saúde (SUDS), para diminuir os gastos previdenciários estaduais, transferir recursos de saúde para estados e municípios, gerenciamento único em cada esfera de governo e transferir para os níveis descentralizados o controle do setor privado. Mas os políticos locais e o setor privado travaram resistência ao sistema imposto já que ameaçava os interesses individuais.
A Constituição de 1988, promulgada pelo então presidente José Sarney,
considerava a saúde um direito de todos e dever do Estado em seu artigo 196, criando o SUS, universalizando a atenção à saúde através dos princípios da descentralização, integralidade e participação popular. Em 1989, uma lei complementar deveria regular o SUS e esta foi promulgada em 1990 sob o nome de Lei Orgânica da Saúde (leis 8.080 e 8.142 de 1990), servindo de base legal para a organização do novo sistema de saúde nacional e universal: o SUS.
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