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Disciplina: Saúde Coletiva

Tema: Reforma Sanitária e Criação do SUS


Reforma Sanitária

A reforma sanitária foi feita visando à criação do SUS. Representou um


reordenamento ideológico e institucional. Ideológico devido aos
princípios fundantes da política de saúde, que são completamente
alterados, e institucional em função da criação do sistema único.
 Sistema universal e igualitário, contudo, parte significativa dos
cidadãos continua fora desse sistema, abrigada em planos de saúde
privados. Relação de público e privado na assistência a saúde.
 Como historicamente a assistência a saúde foi construída no país?
Linha do Tempo sobre Saúde no Brasil
INPS
Era Vargas IAPs
1966

A pressão popular força a Unificação de todos os


Benefício era vinculado Institutos no Instituto
transformação do CAPS
ao contrato de trabalho Nacional de Previdência
(Caixas de Aposentadorias
formal (seguro) e não Social (INPS). Cobertura
e Pensões) em Instituto de
como de direito de de todos os assalariados
Aposentadorias e Pensões -
cidadania. urbanos.
IAPS

1966: Expansão da assistência médica e da assistência privada. Berço dos planos de saúde.
Assistência a Saúde
 Inicialmente as empresas médicas geriam a assistência médica para as empresas
empregadoras. Mais tarde, terceirizam para empresas médicas;
 Como reação às empresas médicas, ainda surgem as Unimeds, cooperativas de
trabalho médico, com igual atuação, mas tendo o trabalho sob controle dos
médicos e não de empresários de outros setores.
Num primeiro momento essa dinâmica é atrelada à política pública, por meio
dos convênios. Depois, as empresas tornam-se independentes do governo e
passam a prescindir de seus incentivos financeiros. Então, se num momento a
assistência empresarial era complementar à assistência pública, passa a ser
suplementar, ou seja, passa a ter independência, vida própria e adquire
importância como política de pessoal.
Linha do Tempo sobre Saúde no Brasil
Constituição
Anos 70/80 Década de
Federal de
1980
1988

Incentivos fiscais dados às


Movimento Sanitário: empresas. Dedução do gasto
propostas inovadoras no com a assistência à saúde Constituição Cidadã.
sentido de um sistema para seus empregados e, Ampliação de direitos,
de saúde universal e de portanto, obter redução no inclusive, da saúde.
caráter igualitário. imposto de renda.

1986: 8ª Conferência Nacional de Saúde


8ª Conferência Nacional de Saúde (1986)

• 1) Saúde como direito;


• 2) Reformulação do Sistema Nacional de Saúde; e
• 3) Financiamento do setor.
Constituição Federal de 1988

Assistência
Social

Saúde Previdência

Seguridade
Social
Linha do Tempo sobre Saúde no Brasil
1990 1998 1999

Lei de Regulamentação Criação da Agência


Instituição do
do Setor Privado de Nacional de Saúde
Sistema Único de
Saúde* Suplementar (ANS)
Saúde (SUS)

*Lei nº 9.656, de 03 de junho de 1998. Dispõe sobre os planos e seguros privados de assistência à saúde.
Criação do SUS

Se deu a partir da Constituição Federal de1988, que define a saúde como
direito de todos e dever do Estado. Aqui já se observa um dos princípios
do Sistema Único de Saúde, a universalidade.

Lei nº8080/90: conhecida como Lei Orgânica da Saúde. Dispõe sobre as condições
para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento
dos serviços correspondentes. Institui o Sistema Único de Saúde (SUS).

Lei nº 8.142/90: dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema


Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos
financeiros na área da saúde.
Princípios do SUS

Universalidade

Integralidade

Equidade
Considerações sobre o SUS

Houve, portanto, de fato uma situação de ruptura com os princípios


que embasavam a política de saúde, mas também alguma
continuidade; uma confluência de fatores favoreceu a inovação
institucional – entre eles o processo de democratização no qual foram
possíveis a democratização da saúde e a constituição de novos atores
coletivos.

A mudança faz-se então limitada em alguma medida pela estrutura antiga


e não é capaz de desmontá-la. Constituiu-se, de fato, uma dupla
trajetória da política de saúde no país: pública e privada.
Considerações sobre o SUS

 SUS é organizado segundo as diretrizes de descentralização, atendimento


integral e participação da sociedade. Antes havia o Instituto Nacional de
Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), órgão federal
completamente centralizado, e o SUS vai para os municípios brasileiros,
concretizando a ideia do atendimento integral em todos os níveis de
complexidade da atenção e da participação da sociedade, que reflete
todo o contexto de democratização, da ação de movimentos sociais para
ampliação da democracia.
 Simultaneamente, porém, a constituição define que a iniciativa privada é
livre no setor; o caráter complementar do setor privado prestador de
serviço. Com isso, priorizou-se a rede pública e privada sem fins lucrativos.
Considerações sobre o SUS

 Financiamento: a Constituição decide como competência dos três entes


federados, com recurso dos seus orçamentos e contribuições sociais previstas
no então criado orçamento da seguridade social.
 É importante ressaltar que o contexto, tanto nacional quanto internacional, foi
muito desfavorável. Como alegavam na época vários liberais, nossas reformas
estavam na contramão da história: o mundo todo discutindo a diminuição do
papel do Estado e nós implantando uma Constituição que ampliava o
papel do Estado e a responsabilidade estatal na provisão de várias
políticas públicas.
Contexto de crise fiscal e econômica, que levou a várias políticas de ajuste,
com cortes das despesas públicas, particularmente das despesas com políticas
sociais.
Considerações sobre o SUS

 Rede de serviços. O problema não é a rede ser privada ou pública. O


importante é que se consiga garantir o interesse público, sua prevalência
sobre os interesses privados, o que se faz por meio da regulação, o que
ainda hoje é bastante frágil.
 A implementação do SUS ocorre paralelamente à discussão da
assistência médica supletiva, constituída pelos planos privados de saúde.
 Sua implantação, de qualquer forma, foi separada. São modelos e
concepções diferentes: um é direito do consumidor e defende o mercado;
o outro é direito de cidadania, obrigação do Estado.
Considerações sobre o SUS

 Expansão efetiva de ações e serviços públicos de saúde no território


nacional.
 Diretriz da participação social: a criação dos conselhos de saúde. Um
arcabouço institucional e decisório, portanto, muito interessante.
Conferências funcionam na avaliação e elaboração de diretrizes para a
política de saúde nos níveis nacional, estaduais e municipais.
 Política de saúde (antes centrada nos hospitais): fortalecimento das ações
de caráter preventivo.
 Federalismo: composto por três entres: a União, os estados e os
municípios. A União tem mais poder, mas os outros entes têm certa
autonomia.
TODOS pelo SUS! (Será?)

Os gestores – ainda que seja por questões de sobrevivência política – são


defensores de mais recursos para o SUS, de mais atenção para o SUS.
 Os conselheiros de saúde são novos atores constituídos na trajetória do SUS e são
também atores importantes.
 Alguns movimentos sociais em saúde agregam uma série de entidades e atores
diversificados; a própria Frente Parlamentar de Saúde no Congresso tem certa atuação.
 Os prestadores de serviço – não por ideologia, mas por questão de sobrevivência
também –são defensores do SUS. É lógico que eles são apoiadores ambíguos, porque
servem a dois senhores, plano de saúde e o serviço público.
 Financiamento. Emenda Constitucional 95/2016 (conhecida como PEC da Morte).
Instituição de novo regime fiscal que congela os investimentos em saúde, educação e
outras áreas sociais por vinte anos!!!

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