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A EVOLUÇÃO DO DIREITO PREVIDÊNCIÁRIO: UMA ANÁLISE LÍQUIDA (OU


UMA ANÁLISE DE SUA LIQUIDEZ)

Carolina Möller Neves

Orientadora Profa. Ma. Patrícia Santos Martins

Canoas
Setembro / 2017
2

A EVOLUÇÃO DO DIREITO PREVIDÊNCIÁRIO: UMA ANÁLISE LÍQUIDA (OU


UMA ANÁLISE DE SUA LIQUIDEZ)

Carolina Möller Neves1

RESUMO

Palavras chave:

A EVOLUÇÃO DO DIREITO PREVIDÊNCIÁRIO: UMA ANÁLISE LÍQUIDA (OU


UMA ANÁLISE DE SUA LIQUIDEZ)

ABSTRACT

Keywords:

1
Advogada. Pós-graduanda em Direito Previdenciário (Uniritter). Contato:<carolinamollerneves@gma
il.com>.
3

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................4
2 O DIREITO PREVIDENCIÁRIO BRASILEIRO E SUAS MUTAÇÕES ......................
2.1 O SURGIMENTO E A SISTEMATIZAÇÃO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO
BRASIL ..........................................................................................................................
2.2 AS PRINCIPAIS TRANSFORMAÇÕES DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO
BRASILEIRO A PARTIR DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 .............................
3 3 A LIQUIDEZ DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO ......................................................
3.1 BREVE ANÁLISE DO CONCEITO DE “LÍQUIDO” APRESENTADO POR
ZYGMUNT BAUMAN ....................................................................................................
3.2 A LIQUIDEZ APLICADA AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO.....................................
4 CONCLUSÃO ............................................................................................................
5 REFERÊNCIAS ..........................................................................................................
4

1 INTRODUÇÃO
5

2 O DIREITO PREVIDENCIÁRIO BRASILEIRO E SUAS MUTAÇÕES

No presente capítulo se pretende analisar aspectos de evolução histórica do


Direito Previdenciário e as alterações ocorridas diante das mudanças legislativas.
Assim, em primeiro momento serão trazidos dados históricos a partir de um resgate
dos momentos mais relevantes da matéria; e, por fim, abordar as principais
alterações trazidas a partir da Constituição Federal de 1988.

2.1 O SURGIMENTO E A SISTEMATIZAÇÃO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO


BRASIL

O Direito Previdenciário é refletido, preponderantemente, na previdência


social, no âmbito brasileiro. Desta forma, não há como tratar deste ramo do direito
sem abordar sua instituição representativa. Por isso, para compreender a evolução
do Direito Administrativo, faz-se necessário a compreensão do surgimento e
transformações da previdência social, que serão analisados neste ponto, sob uma
perspectiva histórica.
O marco histórico da previdência social no Brasil ocorreu no ano de 1923 com
a criação da “Caixa de Aposentadoria e Pensões” (CAPs), por meio do projeto
legislativo apresentado pelo deputado paulista Elói Chaves, o qual originou o
Decreto Lei nº 4.682, de 24 de janeiro de 1923. Através desta legislação,
determinou-se, a instituição de um fundo de aposentadoria e pensões nas empresas
ferroviárias existentes no país (COHN, 1980, p. 5). Elói Chaves (apud STEPHANES,
1993, p. 97) baseou seu projeto em questões de ordem filosófica e humana, o que
evidenciou falta de imposição popular da época:

O homem não vive só para sí e para hora fugaz, que é o momento de


sua passagem pelo mundo. Ele projeta sua personalidade para o
futuro, sobrevive a si próprio em seus filhos. Seus esforços trabalho e
aspirações devem também visar, no fim da áspera caminhada, o
repouso, a tranquilidade. Os espinhos, as angústias só são
suportadas com a esperança do prêmio final, seja este embora
incerto e quase inatingido. O projeto vem satisfazer essas
necessidades imperiosas da alma humana, criando as pensões para
as famílias dos empregados de estrada de ferro e as aposentadorias
para estes.

O sistema elaborado por Elói Chaves foi expandido durante a década de 20.
Em 1926, a lei começou a englobar também os portuários e marítimos; em 1928, os
6

trabalhadores dos serviços de telégrafos. “Foram criadas as CAPs dos ferroviários,


seguidas por diversas outras, de forma que em 1936, já havia 183 entidades desta
natureza no Brasil” (SANTOS, 2009, p. 31).
Importa observar a sistematização das CAPs, modelo para as instituições
subsequentes. Seu financiamento era tripartite, dividida entre empregados (3%
sobre os vencimentos, sendo este percentual ampliado posteriormente), empregador
(1% da renda bruta da empresa, contudo não poderia ser inferior ao valor da
contribuição dos empregados) e Estado (pagos mediante recursos obtidos por “taxa
adicional sobre os serviços prestados pelas empresas a que as caixas pertenciam”)
(COHN, 1980, p. 6).
Com a criação do Ministério do Trabalho, em 1930, através do Decreto nº
19.433, restou estipulado que este trataria de temas referentes à ordem
previdenciária no país. Assim, surgiram os primeiros Institutos que asseguravam
direitos previdenciários a categorias profissionais, não mais restringindo benefícios a
trabalhadores de determinada empresa (COIMBRA, 2001, p. 34). Nesse sentido,
segundo Cohn (1980, p. 6), a partir da década de 30, com o fim das oligarquias e o
crescimento de classes assalariadas urbanas, a previdência social ganhou mais
notoriedade no âmbito estatal.
Assim, juntamente com as legislações que regram o trabalho, os IAPs –
Institutos de Aposentadorias e Pensões – foram desenvolvidos. 2 Diferentemente das
CAPs, o vínculo estabelecido pelos IAPs não era referente à empresa, mas sim, à
categoria profissional do trabalhador. Cabe ressaltar outra importante distinção, os
IAPs eram gerenciados pelo Estado, enquanto as CAPs eram administradas pelas
empresas. Logo, duas formas de previdência social coexistiam: a forma privada,
representada pela CAPs e a estatal, que corresponde aos IAPs. Frisa-se que
quando criados os IAPs, ainda permaneceu em funcionamento as Caixas de
Aposentadorias e Pensões (COHN, 1980, p. 6 - 8).
Importa, igualmente, referir que, conforme explana Cohn (1980, p. 9 - 10),
havia uma preocupação quanto à oposição a unificação das entidades

2
“Em 1933 foi criado o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos (IAMP), em 1934 foram
criados o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários (IAPB) e o Instituto de Aposentadorias
e Pensões dos Comerciários (IAPC); em 1936 foi criado o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos
Industriários (IAPI), entretanto em funcionamento em 1938, ano em que foi criado o Instituto de
Aposentadoria e Pensões dos Empregados de Transporte e Cargas (IAPETEC), que também
abrangia os condutores de veículos e os empregados em empresas de petróleo”. In: COHN, 1980, p.
6 e 7.
7

previdenciárias, uma vez que seus regramentos eram baseados em dispositivo


legais distintos, também sofriam alterações em aspectos diferentes. Com isso,
“resultou uma abundância e emaranhado de dispositivos legais que reforçavam a
diferenciação entre as instituições previdenciárias quanto a qualidade e volume de
seus benefícios (aposentadorias e pensões) e serviços” disponibilizados. Desta
forma, a previdência social expôs as desigualdades econômicas presentes nas
diferentes categorias profissionais: como as contribuições eram realizadas mediante
a incidência de um “percentual sobre o salário dos empregados, aqueles institutos
que abrangiam uma categoria profissional mais privilegiada obtinham mais recursos
que os demais”.
A unificação da Previdência Social poderia ter sido concretizada em 1945,
quando foi editado o Decreto-Lei 7.526, que criou o Instituto dos Seguros Sociais do
Brasil, que englobou todas as entidades previdenciárias e de assistência social que
existiam. Contudo, o governo de 1946 não teve interesse em executar o referido
texto legal, que se manteve “letra morta”. Em 1947, foi apresentado outro “projeto de
lei que previa amparo de toda a população, sob moldes diversos, do qual resultou,
após prolongada tramitação e alongados estudos, a Lei 3.807, de 26/08/1960,
denominada Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS)”. 3 No entanto, esta lei não
unificou a gestão previdenciária no país, tampouco abrangeu toda população,
apesar de trazer “unidade de tratamento” aos denominados segurados e
dependentes (COIMBRA, 2001, p. 35).
A pretendida unificação somente se efetivou com a criação (em 1966) do
Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), o qual foi instalado em 1967 e
englobou numa mesma entidade todos os IAPs existentes. “A alíquota básica
passou para 8%, tanto para os trabalhadores, como para as empresas, [...] momento
em que desaparece a contribuição tripartite” (SANTOS, 2009, p. 38). O Decreto-lei
nº 72, de 21 de novembro e 1966 também “deu nova feição ao sistema jurisdicional
da previdência social, constituindo-o de Juntas de Recursos da Previdência Social e
Conselho de Recursos da Previdência Social” (COIMBRA, 2001, p. 35 - 36).

3
“Pelos anos de 1950, somente um terço dos trabalhadores brasileiros tinha cobertura de algum
instituto. Com o advento da LOPS, uniformizaram-se as contribuições e os planos de previdência dos
diversos institutos, tendo sido estendida a cobertura previdenciária aos empregadores e autônomos.
A LOPS, Lei nº 3.807, de 26/08/1960, foi regulamentada pelo Decreto nº 48.959-A, de 10 de setembro
do mesmo ano. As alíquotas foram fixadas entre 6% e 8% sobre a remuneração dos trabalhadores,
limitadas a 5 vezes o salário-mínimo, com igual participação das empresas”. In: SANTOS, 2009, p.
38.
8

Diante da evolução do sistema de proteção social e do redimensionamento do


Instituto Previdenciário, fez-se necessário a separação do Ministério do Trabalho e
Previdência Social, separando os assuntos de previdência e assistência social das
questões trabalhistas. Assim, no dia 1º de maio de 1974 foi criado o Ministério da
Previdência e Assistência Social (MPAS), a partir da Lei nº 6.036 (COIMBRA, 2001,
p. 36). Sob política deste Ministério, em 1977, o INPS foi dividido em três órgãos:

o INPS propriamente dito, encarregado dos pagamentos dos


benefícios previdenciários e assistenciais, o Instituto da
Administração da Previdência Social (IAPAS), com a função de
arrecadar e administrar os recursos do INPS; e o Instituto Nacional
da Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), encarregado
do sistema de saúde. Ao mesmo tempo, a assistência às populações
carentes ficou a cargo da Legião Brasileira de Assistência (LBA),
transferida em 1988 para a pasta de bem-estar social. (SANTOS,
2009, p. 38).

Posteriormente, em 1990, o INPS e o IAPAS foram incorporados e


transformados no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O INAMPS, no
entanto, foi abarcado pelo Ministério da Saúde (SANTOS, 2009, p. 38) 4.
Cabe inferir, que o sistema previdenciário, ora em análise, teve seu
desenvolvimento estrutural com vícios e erros, uma vez que não obedeceu a
características elementares universalmente utilizadas, que mereciam uma análise
mais profunda. “A prodigalidade [...] foi marcada pela ausência de uma relação
eqüitativa entre prêmio e risco, tendo em vista que a maioria dos novos benefícios
passou a constituir-se de alguma despesa imediata, sem que houvesse um mínimo
de carência”. A aposentadoria por velhice (hoje denominada aposentadoria por
idade), necessitava de apenas 5 anos de contribuição, por exemplo – além do
critério etário: 65 anos de idade para homens e 60, para as mulheres. Para
Stephanes (1993, p. 35 - 37), trata-se do “primeiro grande erro estratégico do
sistema da Previdência no Brasil”.
Segundo Leiria (2001, p. 123 - 124), o ordenamento jurídico é um sistema
dinâmico e, por isso, deve-se buscar o aprimoramento social e jurídico nas questões
atinentes ao direito previdenciário. Tendo em vista o direito previdenciário se
configura como um direito social, logo, também é reconhecido como um direito

4
“A permanência de ministérios setorizados e sem articulação entre eles na definição de uma política
de seguridade social reforça a fragmentação e independência de cada política. Além de ministérios
específicos, cada uma das políticas possui seus fundos orçamentários próprios e conselhos e
conferências também específicos”. In: Boschetti, 2003.
9

fundamental ao Estado Democrático de Direito. Desta forma, ao parafrasear Bobbio 5,


afirma que “problema não é o fundamento ou o reconhecimento desses direitos,
sequer a sua evolução causadora das grandes transformações do mundo moderno,
mas sim a forma, a maneira e o modo de garanti-lo e de os tornar efetivos”.
Portanto, podemos analisar que a Previdência Social no Brasil apresentou
diversos formatos até se aproximar do modelo atual – Instituto Nacional do Seguro
Social. Ainda, observamos que este sistema nem sempre observou regras
previdenciárias universais e deve estar em constante evolução, tendo em vista
pertencer sociedade dinâmica. Nesse contexto, passamos à apreciação das
principais transformações do Direito Previdenciário Brasileiro a partir da Constituição
Federal de 1988, a fim de observar qual a análise feita pelo legislador em busca da
garantia do direito fundamental à previdência, base do Estado Democrático de
Direito.

2.2 AS PRINCIPAIS TRANSFORMAÇÕES DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO


BRASILEIRO A PARTIR DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

Passando-se para uma análise histórica recente do Direito Previdenciário,


deve-se destacar as contribuições produzidas pela Constituição Federal de 1988, as
quais promoveram grande avanço nesta área. Tratam-se de previsões jurídicas que
moldam a forma como reconhecemos e entendemos a previdência atualmente.
Logo, é imprescindível examinar os principais entendimentos desenvolvidos a partir
da Carta Magna, conforme passaremos a verificar.
A Constituição Federal de 1988 trouxe universalidade para a seguridade
social6, a qual compreende os direitos: previdenciário, à saúde e à assistência.
(Constituição Federal de 1988, art. 194, caput e inciso I). No entendimento de
Santos (2009, p. 39), a Constituição propôs “a ideia que o Estado deve atender a
quem precisa e não somente quem contribui”, trazendo “uma série de

5
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos.Aqui temos que ver a referencia para coloca-la
completa.Podes retirar das referencias do autor que citaste Leiria
6
“O Programa de Ottawa de seguridade social para as Américas adotado pela 8ª Conferência dos
Estados da América, membros da Organização Internacional do Trabalho (OIT), celebrada na cidade
canadense de Ottawa nos dias 12 e 13 de setembro de 1966, estabeleceu: ‘A seguridade social deve
ser instrumento de autêntica política social, para garantir um equilibrado desenvolvimento
socioeconômico e uma distribuição eqüitativa da renda nacional. Em consequência, os programas de
Seguridade Social devem ser integrados na política econômica do Estado com o fim de destinar a
estes programas o máximo de recursos financeiros, compatíveis com a capacidade econômica de
cada país.’” In: Briguet et al., 2007, p. 2.
10

generosidades, cristalizando outras, que acabaram influindo negativamente no


resultado do orçamento do INSS”, conforme lista a seguir:

Piso de um salário mínimo para todos os beneficiários, inclusive o


aposentado rural, que antes era de meio salário-mínimo. Estendeu,
ainda, o direito à aposentadoria rural para ambos os cônjuges.
Correção de todos os salários de contribuição para efeito de cômputo
do salário-benefício. Esta sim, uma medida indispensável para
corrigir os efeitos perversos da inflação.
Redução de cinco anos para os trabalhadores rurais de ambos os
sexos na aposentadoria por idade.
Aposentadoria por tempo de serviço com 35 e 30 anos, homem e
mulher, com redução de cinco anos para professores de ambos os
sexos.
Aposentadoria proporcional aos 30 e 25 anos de serviço, para
homens e mulheres, respectivamente.
Criação do plano de benefícios, unificado para trabalhadores rurais e
urbanos (SANTOS, 2009, p. 39).

Com isso, ignorando a relevante questão social explicitas nas novas medidas
adotadas, numa análise econômica, é fácil observar que tais concessões trouxeram
um aumento de custos à Previdência. Assim sendo, segundo Santos, a previdência
perdeu sua condição “superavitária” (SANTOS, 2009, p. 39).
Conforme corrobora o estudo de Condé e Fonseca (2015, p. 173), observa-se
que “o desafio da Previdência brasileira quanto ao INSS tem origem nas opções
adotadas no pagamento de benefícios, algumas desde o fim da Assembleia
Constituinte em 1987 e 1988”. Segundo análise destes autores “a Previdência
apresenta déficit no saldo previdenciário e um superávit no saldo operacional”. O
saldo previdenciário se refere às contribuições de empregados, empregadores e
autônomos – montante sobre o qual seriam descontados os valores para pagamento
de benefícios. Contudo, conforme já mencionado, a Constituição prevê que a
Previdência Social, assim como a saúde e a assistência social englobam a
Seguridade Social. Desta forma, pode-se constatar que a base de financiamento que
11

deve ser considerada para fins de cálculos é a constitucional 7. Assim, “vista como
um todo, tornaria esse orçamento específico superavitário”.
No entanto, o estudo de Matos et al. (2013, p. 306 – 307) dispõe que a partir
da Constituição de 1988, “verificou-se uma deterioração nas contas previdenciárias
que culminou com o déficit em 1995, persistindo até os dias atuais”. Para estes
autores, “a Emenda Constitucional nº 20 de 1998 e a Lei Complementar n.º
9.876/99, normativos que surgiram com a finalidade de imprimir ações inibidoras à
concessão de benefícios sem sua devida fonte de custeio e à aposentadoria
precoce”. Ademais, destacam questões índices demográficos de diminuição
natalidade e aumento da longevidade, que aumentam custos previdenciários e reduz
a base de financiamento8.
Corroborando com o entendimento de Matos et al., Santos (2009, p. 122 -
123) compreende que o déficit previdenciário está é provocado, principalmente,
pelos beneficiários rurais, pois quanto a estes “os aumentos reais do salário-mínimo
produziram maior reflexo. O salário-mínimo mais que dobrou em termos reais entre
1994 e 2008, estando nele enquadrada a quase totalidade dos aposentados da zona
rural”. Para este autor, parte da doutrina não entende que há déficit na previdência,
pois:

estão vinculadas à seguridade social (previdência, saúde e


assistência social) diversas contribuições. O DIEESE defende essa
tese, o que faz mediante demonstrações, onde estão incluídas na
receita da segurid\\ade as DRUs (desvinculações de receitas
orçamentárias). Quando, do resultado apurado pelo DIEESE, se
deduz os valor das DRUs e se desconsidera a CPMF, que foi extinta
posteriormente, desaparece o superávit (SANTOS, 2009, p. 123).

Em contrapartida, Boschetti (2003, p. 58 - 76) explica que “as produções


teórico-acadêmicas sobre a temática, e mesmo os planos e relatórios

7
“Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos
termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I - do empregador, da empresa e da
entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais
rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço,
mesmo sem vínculo empregatício; b) a receita ou o faturamento; c) o lucro; II - do trabalhador e dos
demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão
concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201; III - sobre a receita de
concursos de prognósticos. IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele
equiparar. § 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à
seguridade social constarão dos respectivos orçamentos, não integrando o orçamento da União.
[...]”. In: CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, 1988.
8
Tratam-se dos mesmos fundamentos da atual proposta de reforma, disponíveis para consulta no site
da Previdência Social. In: PREVIDÊNCIA SOCIAL, 2017.
12

governamentais, restringe a seguridade social ao seguro previdenciário, ou analisa


cada uma das políticas que a compõe isolada e autonomamente”, o que estaria
gerando no país diversas reformas no âmbito previdenciário, “sob a alegação de um
suposto déficit entre receita e despesa desta política social”. Observa-se, ainda, que
“As análises setorizadas existentes indicam que, no âmbito da previdência, um dos
principais paradoxos é a exclusão quase que total dos trabalhadores e
empregadores (principais "financiadores") da gestão da política”. Desta forma, a
previdência é mantida e voltada para seus contribuintes e dependente, porém “as
decisões a respeito do conteúdo e abrangência dos direitos e modalidade de
financiamento [...] são tomadas pelo aparato tecno-burocrático estatal, baseadas em
análises e cálculos técnicos pretensamente neutros [...]”.
Diante das diferentes reflexões apresentadas, deve-se considerar que “A
seguridade social como política social é método de economia coletiva”. Assim, frente
à economia coletiva, há comprometimento à solidariedade social, a qual “consiste na
contribuição da maioria em benefício da minoria. A previdência social, enquanto
integrante da seguridade social, atua como instrumento de redistribuição da riqueza
nacional [...]”. Frisa-se, ainda, que “A escolha da política social dependerá muito da
concepção que se tem sob a responsabilidade do Estado [...]”. (BRIGUET et al.,
2007, p. 2 - 3).
Neste sentido, Leiria (2001, p. 184) expõe que “Não há lugar, pois, para
fórmulas e ritos despidos do objetivo final de obtenção do justo”. Para o autor, no
Direito Previdenciário “está evidenciada a convivência do Estado de Direito com o
Estado do Bem-Estar Social, deve o intérprete superar a hermenêutica de bloqueio,
passando à hermenêutica de legitimação das aspirações sociais”. Logo, “Não há
lugar, nestes casos, para interpretações supressivas ou de caráter eminentemente
processual, no sentido de colocar o instrumento acima do bem da vida perseguido”.
Por isso, deve-se dar relevância e prioridade à “efetividade do direito social
garantido, que é o da sobrevivência do cidadão, beneficiário da Previdência Social”.
Conforme relata Stephanes (1993, p. 42 - 44), a crise na previdência social é
cíclica, e ocorre há muitos anos. Os motivos variam desde “imprevisão, falta de rigor
técnico, erros, fraudes, desvio de recursos e baixa qualidade nos serviços
prestados”, que podem ser observados devido a “Má gerência, problemas
circunstanciais e estruturais”. O autor ainda observa que:
13

Apesar dessas constatações, pouco tinha sido feito, com


competência, na direção certa. Sempre que surgiam problemas
financeiros eles eram resolvidos pelo lado da receita, com o
contribuinte pagando a conta, e pelo lado da despesa, através da
prática do achatamento dos benefícios, [...] (STEPHANES, 1993, p.
44).

Diante da análise produzida por Stephanes (1993, p. 42 - 44). é possível


perceber que ainda temos as mesmas adversidades no âmbito da previdência
social, além da propensão das modificações atingirem diretamente o contribuinte,
especialmente por alterações quanto aos benefícios. Trata-se de um tema latente,
que passaremos a analisar neste capítulo.
A Emenda Constitucional 20 de 1998, foi a primeira grande reforma da
Previdência Social após a Constituição de 1988, Ugino e Marques (2012, p. 28 - 29)
citam como principais alterações trazidas ao texto constitucional: (a) Tempo de
contribuição mínimo de 30 anos para mulheres e 35 anos para homens, para
obtenção da aposentadoria por tempo de contribuição; (b) “Regra de acesso da
aposentadoria proporcional por tempo de contribuição: mínimo de 53 e 48 anos de
idade com tempo de contribuição mínimo de 35 e 30 anos para homens e mulheres,
respectivamente”; (c) Idade de 60 anos para mulheres e 65 anos para homens, para
aquisição da aposentadoria por idade; (d) “Regra de acesso para aposentadoria
especial para professor(a): 30 e 25 anos de contribuição para homens e mulheres,
respectivamente”; (e) Novo valor ao teto previdenciário; (f) Modificação do cálculo de
benefícios; (g) “Introdução da tributação dos benefícios previdenciários. Na
Constituição, não era tributado o benefício das pessoas com mais de 65 anos de
idade”; (h) Previsão da Previdência Complementar; (i) “Mudança na base de
financiamento”; (j) “a receita das contribuições sobre o rendimento do trabalho ficou
[...] vinculada ao pagamento dos benefícios do RGPS [...] essas contribuições
integravam o conjunto de receitas que sustentavam o financiamento da Seguridade
Social”; (k) “Administração quadripartite da previdência social, com participação dos
trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do governo nos órgãos
colegiados”9. 

9
“A Constituição falava de gestão em conjunto com a sociedade. Apesar de a emenda estabelecer o
modelo acima proposto, o caráter democrático e descentralizado da administração não foi atendido
na formação do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), pois o governo manteve seus seis
representantes, enquanto os aposentados e pensionistas, os empregadores e os trabalhadores em
atividade mantiveram três representantes cada um”. In: Ugino e Marques, 2012, p. 29-30.
14

Outra grande reforma da Previdência Social surgiu com o advento do fator


previdenciário, por meio da Lei 9876 de 1999. A fim de buscar um equilíbrio
financeiro ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS), o fator previdenciário foi
uma estratégia para “reduzir as aposentadorias precoces”, uma vez que sua
aplicação pode diminuir o valor do benefício da aposentadoria por tempo de
contribuição. Efetivamente, “o fator previdenciário representou uma espécie de
pedágio, que reduz o benefício do segurado que antecipa seu pedido de
aposentadoria”. Contudo, “mesmo reconhecendo que o fator proporcionou uma
economia para os cofres públicos, a sua implantação não conseguiu promover o
equilíbrio entre as receitas e as despesas do RGPS”. Ainda, observou-se que “após
a implantação do fator previdenciário, houve aumento do pagamento dos benefícios,
podendo indicar que a implantação do fator previdenciário não foi capaz de
desestimular as aposentadorias precoces”, não tendo, portanto, alcançado deu
objetivo (LIMA et al., 2012, p. 128 - 141).
A Emenda Constitucional nº 41 de 2003, trouxe diversas medidas importantes
à Previdência Social, abordadas por Ugino e Marques (2012, p. 35):

As diversas manifestações contrárias à aprovação do projeto de


reforma foram deixadas de lado e as principais medidas aprovadas
foram: a) limitação do provento dos servidores da União, dos estados
e dos municípios do valor não superior aos dos ministros do
Supremo Tribunal Federal; b) introdução da contribuição dos inativos
e pensionistas, além dos servidores ativos, de forma a assegurar um
regime de previdência de caráter contributivo e solidário; c)
estabelecimento de teto do benefício de R$ 2.400,00 para os
ingressantes no setor público e no setor privado; d) a aposentadoria
integral passa a ter condicionantes mínimos de dez anos de carreira,
20 anos de serviço público e cinco anos no cargo de referência, 35 e
30 anos de contribuição e 60 e 55 anos de idade (para homens e
mulheres, respectivamente); e) o cálculo do benefício passa a ser
feito pela média das contribuições para os servidores que não
cumpriram ainda os requisitos da aposentadoria integral; f) fim da
paridade entre ativos e inativos para os futuros inativos e
pensionistas e indexação dos benefícios de aposentadoria e pensão
à inflação; g) introdução de nova base de cálculo das pensões: o
benefício será igual à remuneração ou ao provento do servidor
falecido até o teto do RGPS (R$ 2.801,82), acrescido de 70% da
parcela excedente a este limite; h) introdução da previdência
complementar facultativa via fundos de pensão a todos os servidores
públicos na modalidade de contribuição definitiva.

Importa frisar, ainda, as mudanças trazidas pela Emenda Constitucional 47 de


2005, que “instituiu alíquotas diferenciadas de acordo com a atividade econômica, o
15

grau de utilização de mão de obra e o porte da empresa”. Nesse sentido,


beneficiaram-se empresas e cooperativas de pequeno porte e rurais. Além disso,
houve uma “inclusão previdenciária aos portadores de deficiência, aos trabalhadores
de baixa renda e aos sem renda própria (incluindo as donas de casa e os
trabalhadores informais urbanos)”. Para esses foram “garantidas alíquotas e
carências inferiores às vigentes para os demais segurados do RGPS” (Ugino e
Marques, 2012, p. 36). Consoante o que foi exposto é possível observar que o
Direito Previdenciário contemporâneo possui como base a Constituição Federal de
1988.
Já as questões de reformas previdenciárias sempre foram constantes e
debatidas até mesmo antes da promulgação da Constituição de 1988. Há
divergência na doutrina, quanto a um dos maiores fundamentos para alteração
legislativa, qual seja, o déficit previdenciário. Contudo, ao analisarmos a previdência
como uma política social, verifica-se que não se pode fazer uma análise meramente
econômica, diante do relevante fim social a que a Previdência se destina.
Ademais, concluiu-se que houveram importantes reformas previdenciárias,
que trouxeram novos aspectos a Previdência atual. Essas reformas tanto ampliaram
a proteção social, como em parte também reduziram direitos. No entanto, ainda é
possível constatar a utilidade da Previdência Social da distribuição de renda. No
próximo capítulo, analisar-se-á a teoria dos sistemas sociais do sociólogo Niklas
Luhmann, a fim de compreender a necessidade das alterações das normas de
Direito Previdenciário.

3 A “LIQUIDEZ” DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

No presente capítulo se pretende propor reflexões acerca de conceitos que


podem estar vinculados ao “direito adquirido”, e as diversas alterações já ocorridas
no direito previdenciário. Para isto, em um primeiro momento serão abordados
conceitos e peculiaridades contidos na doutrina de Zygmunt Bauman, e,
posteriormente, tratar da aplicação da “liquidez” de Bauman ao Direito
Previdenciário, que por sua característica de “longo prazo”, aparentemente seria
contrastante com a referida liquidez.
16

3.1 BREVE ANÁLISE DO CONCEITO DE “LÍQUIDO” APRESENTADO POR


ZYGMUNT BAUMAN

Para melhor entendimento a respeito da liquidez que vivenciamos em nossa


sociedade contemporânea, faz-se necessária a compreensão da obra do sociólogo
Zygmunt Bauman, que reflete a respeito desta temática. Trata-se de uma análise
sob uma ótica sociológica, porém com conteúdo transdisciplinar, aplicável a várias
áreas do conhecimento. Como o direito está intimamente ligado à sociedade, as
ciências sociais acompanham as tendências jurídicas, conforme passaremos a
examinar.
O sociólogo Zygmunt Bauman possui uma compreensão do mundo pós-
moderno, retratada nos termos “líquido” e “fluído”. Cuida-se de um estudo no qual é
demonstrado o “dinamismo do processo de transição entre a modernidade e a fase
atual”. Segundo o autor, a solidez representa estagnação e resistência a mudanças.
Assim, explica-se que “O derretimento dos sólidos levou à progressiva libertação da
economia de seus tradicionais embaraços políticos, éticos e culturais”. Dessa forma,
“A ‘‘vontade de liberdade’’, para Bauman é o esteio da modernidade líquida, que se
opõe à segurança construída em torno de uma vida social estável, na ordem
moderna”.  (BASÍLIO, 2010, p. 439 - 440).
Nessa esteira, Zygmunt Bauman (2011, p. 7 - 8) explica que o líquido não “se
imobiliza, nem conserva sua forma por muito tempo”, desta premissa surge a análise
sobre o mundo líquido: “Tudo ou quase tudo em nosso mundo está sempre em
mudança” e por isso reforça o autor, “esse mundo, nosso mundo líquido moderno,
sempre nos surpreende; o que hoje parece correto e apropriado amanhã pode muito
bem se tornar fútil, fantasioso ou lamentavelmente equivocado”. Diante disso,
acredita-se que as pessoas devem estar sempre preparadas para as mudanças e,
em função disso, sempre procuram ter conhecimento do que possivelmente possa
vir a acontecer.
Ressalta-se a distinção entre sólidos e líquidos, qual seja, quando uma força
é realizada contra um líquido – diante de sua fluidez – este sofre uma alteração
devido a tal pressão, em contraposição ao sólido, que possui maior estabilidade.
Diante disso, observa-se que “os líquidos, diferentemente dos sólidos, não mantêm
sua forma com facilidade [...] os fluidos não se atêm muito a qualquer forma e estão
17

constantemente prontos (e propensos) a mudá-la”. Assim, é possível constatar que


os sólidos se preservam no tempo com impactos menos significantes, enquanto os
líquidos são instantâneos e o tempo tem uma grande relevância em sua
apresentação (BAUMAN, 2001, p. 7 - 8).
Nessa senda, é imperioso ressaltar o entendimento de Bauman (2001, p. 8 -
9), que permite elucidar as causas que originaram a aplicação dos conceitos
líquidos, ora em comento, aos tempos modernos:

Os fluidos se movem facilmente. Eles “fluem”, “escorrem”, “esvaem-


se”, “respingam”, “transbordam”, “vazam”, “inundam”, “borrifam”,
“pingam”; são “filtrados”, “destilados”; diferentemente dos sólidos,
não são facilmente contidos – contornam certos obstáculos,
dissolvem outros e invadem ou inundam seu caminho. Do encontro
com sólidos emergem intactos, enquanto os sólidos que
encontraram, se permanecem sólidos, são alterados – ficam
molhados ou encharcados. A extraordinária mobilidade dos fluidos é
o que os associa à idéia de “leveza”. Há líquidos que, centímetro
cúbico por centímetro cúbico, são mais pesados que muitos sólidos,
mas ainda assim, tendemos a vê-los como mais leves, menos
“pesados” que qualquer sólido. Associamos “leveza” ou “ausência de
peso” à mobilidade e à inconstância: sabemos pela prática que
quanto mais leves viajamos, com maior facilidade e rapidez nos
movemos (BAUMAN, 2001, p. 8 - 9).

Corroborando com o entendimento de Bauman, Leão (2009, p. 173)


materializa os conceitos líquidos, ora em análise, ao considerar que sociedade
contemporânea “cria condições materiais e emocionais extremamente velozes, mais
velozes do que seria necessário para consolidação em hábitos e rotinas das formas
de viver, agir ou sentir”. Leão ainda afirma que, esta velocidade atinge, inclusive
nossos conhecimentos, uma vez que as “capacidades transformam-se rapidamente
em incapacidades, as formas de ação envelhecem antes de serem aprendidas por
completo e é impossível aprender com a experiência”. Com isso, percebe-se esta
instabilidade em vários aspectos da vida, diante de “condições de incerteza
constante”. Diante desses aspectos, argumenta-se que a vida compreende “uma
sucessão de inícios e reinícios”, sendo que “habilidades e conceitos se tornam
obsoletos assim como produtos de consumo ditados pela moda, atingindo mesmo
nossas casas, roupas, diversões e qualificações profissionais”.
Nesse contexto, as organizações sociais, ao passar da fase sólida para
líquida, “não podem mais manter sua forma por muito tempo [...] pois se decompõem
e se dissolvem mais rápido que o tempo que leva para moldá-las e, uma vez
18

reorganizadas, para que se estabeleçam”. Ademais, a redução da segurança


garantida pelo Estado abala a solidariedade, os relacionamentos sociais “se tornam
cada vez mais frágeis e reconhecidamente temporários”. O mercado (mão-de-obra e
mercadorias) aumenta ainda mais a segregação social 10. Diante disso, “A
‘sociedade’ é cada vez mais vista e tratada como uma ‘rede’ em vez de uma
‘estrutura’ (para não falar em uma ‘totalidade sólida’): ela é percebida como uma
matriz de conexões e desconexões aleatórias” (BAUMAN, 2007, p. 7 - 9).
Dessa forma, a insegurança é uma característica da pós-modernidade, uma
vez que “Em um mundo globalizado, a sociedade não é mais protegida pelo Estado,
ou pelo menos é pouco provável que confie na proteção oferecida por este”.
(BASÍLIO, 2010, p. 438). Quanto à posição estatal, observa-se, que o poder –
anteriormente ligado diretamente à política do Estado-nação – “se afasta na direção
de um espaço global [...] enquanto a política [...] é incapaz de operar efetivamente
na dimensão planetária, já que permanece local”. Diante da nova perspectiva de
separação entre poder e política, os órgãos do Estado tendem “a abandonar,
transferir ou [...] ‘subsidiar’ e ‘terceirizar’ um volume crescente de funções que
desempenhavam”. (BAUMAN, 2007, p. 8).
Ressalta-se, ainda, o entendimento de Leão (2009, p.173 - 174) para quem “A
dificuldade das economias avançadas em alavancar o crescimento de forma
10
“Bauman describe y analiza con su metáfora de la liquidez algunas de las características de las
sociedades actuales: la desregulación de las instituciones que antes daban piso al orden social como
la Iglesia, la Familia y el Matrimonio, la Escuela y el Estado; el primado del individualismo como una
lógica propia de la modernidad líquida que rebasa la construcción del individuo, propia de la
Modernidad llamada por contraste "sólida"; el imperio de la racionalidad mediática, la
espectacularización de la vida cotidiana y la lógica del episodio como mecanismos de huida del
anonimato contemporáneo gracias a fenómenos como el reality o las redes sociales; la fragilidad de
los vínculos humanos explicada con teorías neuroquímicas de la infidelidad y evidenciada en la alta
tasa de uniones maritales y divorcios; el consumismo como criterio de vida en comunidad, la
emergencia de una sociedad de consumidores y las consecuencias de un sociedad regida por el
principio de una demanda permanentemente insatisfecha; las paradojas de la modernidad líquida:
mayor discurso securitario y mayores miedos, más "contactos" y menos contacto, múltiples ofertas de
felicidad y mayores desórdenes psicológicos y anímicos” (GONZÁLEZ, 2013, p. 539). Tradução livre:
Bauman descreve e analisa com sua metáfora de liquidez algumas das características das
sociedades atuais: a desregulamentação de instituições que anteriormente deram lugar à ordem
social, como a Igreja, a Família e o Casamento, a Escola e o Estado; a primazia do individualismo
como uma lógica própria da modernidade líquida que vai além da construção do indivíduo,
característica da modernidade chamada pelo contraste "sólido"; o império da racionalidade da mídia,
a espetacularização da vida cotidiana e a lógica do episódio como mecanismos de escape do
anonimato contemporâneo graças a fenômenos como a realidade ou as redes sociais; a fragilidade
dos vínculos humanos explicada com teorias neuroquímicas de infidelidade e evidenciada na alta taxa
de uniões e divórcios conjugais; o consumismo como critério da vida em comunidade, o surgimento
de uma sociedade de consumo e as consequências de uma sociedade governada pelo princípio de
uma demanda permanentemente insatisfeita; os paradoxos da modernidade líquida: maior discurso
de segurança e maiores medos, mais "contatos" e menos contato, múltiplas ofertas de felicidade e
maiores distúrbios psicológicos e emocionais.
19

sustentável em uma sociedade com dominância crescente de mercados livres,


desregulação da previdência social, do trabalho”, entre outros fatores, são
responsáveis liquidez social. Neste sentido, “a desregulação em uma sociedade
avançada dos mecanismos de seguridade social que promoviam proteção para seus
membros e uma possibilidade de planejar e prever sua vida, pelo menos em grande
medida” seria foco de uma “instabilidade aguda que atinge cada cidadão
individualmente, cada vez mais só diante das condições de sua vida material, social,
emocional, e assim por diante”. Dessa forma, compreende-se que a segurança não
efetivada pelo Estado, compreende pontos além da polícia ostensiva e ordens de
seguranças correlatas.
Assim, um mundo que pode ser administrado, que é previsível, baseado em
uma solidez confiável é fundamento para o desejo de derreter os sólidos
deteriorados da pós-modernidade. Por isso, “as lealdades tradicionais, os direitos
costumeiros, e as obrigações” deveriam ser derretidos para ser construída “uma
nova ordem (verdadeiramente sólida!) era necessário primeiro livrar-se do entulho
com que a velha ordem sobrecarregava os construtores”. Desta forma, derretem-se
a “obrigações ‘irrelevantes’”, as “obrigações éticas” e, assim, mantém-se apenas o
“‘nexo dinheiro’”. Logo, “a rede de relações sociais” ficava “nua, desprotegida,
desarmada e exposta, impotente para resistir às regras de ação e aos critérios de
racionalidade inspirados pelos negócios quanto mais para competir efetivamente
com eles” (BAUMAN, 2001, p.10).
Dessa maneira, o “derretimento dos sólidos” firmou uma “nova ordem”,
fundada primordialmente em pilares econômicos. Tal “ordem deveria ser mais
‘sólida’ que as ordens que substituía, porque, diferentemente delas, era imune a
desafios por qualquer ação que não fosse econômica”. As forças políticas e morais
não tiveram forças para modificar a nova ordem, “essa ordem veio a dominar a
totalidade da vida humana porque o que quer que pudesse ter acontecido nessa
vida, tornou-se irrelevante e ineficaz no que diz respeito à implacável e contínua
reprodução dessa ordem” (BAUMAN, 2001, p.10-11).
Diante do exposto, pode-se perceber que as metáforas apresentadas por
Zygmunt Bauman, no decorrer deste capítulo possuem grande expressividade
prática, pois retratam a realidade contemporânea. Percebe-se, então, a existência
de um mundo líquido, mutável, incerto, onde há uma necessidade de reflexão sobre
o agir da sociedade. As análises realizadas pelo autor estimulam a percepção e a
20

ponderação dos motivos que fazem a sociedade se revelar líquida. A partir desta
análise inicial sobre os pensamentos do sociólogo, é possível avançar para uma
compreensão destas metáforas, sob a ótica da evolução do Direito Previdenciário.
Tal tema constará no subtítulo seguinte.

3.2 A LIQUIDEZ APLICADA AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

Em um mundo líquido, onde impera instabilidade nas ações humanas, nada


pode ser considerado previsível e, com isso, gera-se uma grande sensação de
insegurança. Essa sensação permeia toda a sociedade, seja em aspectos
individuais ou coletivos, na esfera política, econômica ou social. E, em razão disso,
não há como não considerar a liquidez jurídica, a fluidez das leis e dos sistemas
interligados e inter-relacionados. Nesse contexto, surge o desígnio de analisar o
direito previdenciário sob as perspectivas líquidas do mundo pós-moderno descrito.
A mais recente proposta de alteração a legislação previdenciária ainda carece
de apreciação e está prevista na Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 287
de 2016, pode ser acompanhada na página eletrônica da Câmara dos Deputados
(citar o site). Tal PEC representa a instabilidade do sistema, que como observado no
primeiro capítulo já teve diversas alterações. Ainda, pode-se constar a insegurança
jurídica que estão submetidos os segurados da Previdência Social, que lidam
diariamente com a incerteza inerente ao mundo líquido.
Segundo a exposição de motivos realizada pelo Ministro de Estado da
Fazenda, Henrique de Campos Meireles (5 dez. 2016), identifica como razões para
alterar a legislação previdenciária a diminuição da fertilidade; o aumento da
expectativa de sobrevida de 1980 a 2015 em 6,4 anos da população com 65 anos; a
projeção de haver menor número de ativos e, maior quantidade de beneficiários em
2060. Entre as propostas de modificações apresentadas no referido documento,
estão: a fixação de uma idade mínima para aposentadoria por tempo de
contribuição, igualdade de gênero; modificação das regras previdenciárias relativas
ao trabalhador rural a fim de “igualar a idade mínima dos trabalhadores urbanos e
rurais, bem como instituir uma cobrança individual mínima e periódica para o
segurado especial”, além de alterações aos benefícios de pensão por morte e de
prestação continuada.
21

Análises muito semelhantes já foram realizadas em 1993, quando foi


estudado o envelhecimento da população devido aos avanços da medicina,
aumentando o número, principalmente, de aposentados do sistema previdenciário.
Conforme explora Leite, havia uma desvalorização dos idosos, tanto na
sociedade em geral, como no núcleo familiar, acarretando a internação destes em
asilos ou até mesmo sua mudança de cidade, estado e, por vezes, inclusive, de
país. Desde então já era observada a “inversão da pirâmide etária” 11, devido a
atenuação da natalidade e a majoração expectativa de vida. Diante disso, percebeu-
se haver o aumento do “custo da aposentadoria” e, devido à redução de criança e
jovens, sustentou-se a “compensação da maior despesa com os idosos pela
redução das despesas com os menores, ou seja, a substituição de uns inativos por
outros”, porém na concepção do autor seria “que a aposentadoria exclusivamente
por tempo de serviço deixe de existir” (LEITE, 1993, p. 13 - 17; 34 - 38; 41).
Nesse sentido, cabe ressaltar o entendimento de Cohn (1980, p. 159 – 160):

Não se pode, contudo, esperar uma completa consonância entre


propostas surgidas da dinâmica da prática política das classes
assalariadas e as propostas do interior das instituições
previdenciárias e do seu desdobramento no Legislativo. Embora
estreitamente vinculados, este contém uma dinâmica própria, e que
abrange um campo muito maior de práticas políticas. Noutros termos,
ao acompanharmos as atuações parlamentares em função das
propostas de alteração dos dispositivos legais que regem o sistema
previdenciário, independentemente de sua origem, temos que levar
em conta não só as relações Executivo-Legislativo, como a própria
dinâmica interpartidária. Em decorrência disso teremos vários
momentos de distanciamento não só entre esses poderes como
também entre reivindicações das classes assalariadas e sua
absorção – pelo menos em termos de debates – pelo Legislativo.

Sob essa perspectiva, pode-se contatar que a previdência social é “uma área
de atuação eminentemente populista, utilizada ora como mecanismo de controle, ora
como de mobilização, não só das classes assalariadas [...], mas aqui também de
diferentes facções partidárias”. Com isso, considera-se “que a previdência social se
configura essencialmente como um elemento estratégico acionado [...] para fazer
frente a momentos agudos do processo político” tanto quando intentado por liberais

11
“Sabemos que até recentemente a composição etária da nossa população, como da maioria dos
demais países, principalmente os menos desenvolvidos, costumava ser representada por uma
pirâmide. A base, ampla, era formada pelas crianças e jovens, O corpo correspondia à população
economicamente ativa, pelo menos em potencial. No topo ficavam as pessoas idosas, cujos
contingentes iam diminuindo até o vértice, que representava um número muito pequeno de pessoas
em idade bem avançada”. In: LEITE, 1993, p.16.
22

ou conservadores. Este ardil utilizado pelo Legislativo, juntamente com seu vínculo
com o Executivo, resulta na “mobilização das classes assalariadas” e “divergências
de interesses entre as classes dominantes”. Desta forma, salienta-se que “A
temática da previdência social tende a ser equacionada muito mais marcadamente
em termos de barganhas políticas inter-partidárias, do que conforme linhas bem
definidas de atuação partidária” (COHN, 1980, p. 160 - 161).
Outra análise sobre a propensão de alterações na legislação previdenciária é
estruturada por Stephanes (1993, p. 29 - 31) que expõe que “ Quando o sistema era
considerado jovem, ou desenvolvia-se numa conjuntura econômica favorável, gerou
saldos que deveriam constituir-se em reservas [...]. Entretanto, esses saldos sempre
foram utilizados para outras finalidades”. Contudo, para estabilidade do sistema é
necessário que este esteja “perfeitamente estruturado, sem privilégios, com baixos
custos operacionais, sem fraudes, numa conjuntura econômica estável, economia
em crescimento, com níveis adequados de distribuição de renda”. Ademais, frisa-se
que o autor considera como “característica fundamental dos sistemas
previdenciários [...] a fixação de uma idade mínima para aposentadoria”.
Ainda, frisa-se que, segundo o entendimento de Stephanes (1993, p. 63):

como regra geral, os problemas da previdência só merecem


destaque e são colocados à discussão da sociedade nos momentos
de crise, quando a mídia explora o assunto. Passado o “momento”, o
tema é esquecido e só volta a ser lembrado na crise seguinte.

Com isso, observa-se que se o cenário de crise seja política, econômica ou


social propicia lutas liberais. Num contexto onde “o desmoronamento dos vínculos
sociais que regiam o Estado do Bem-Estar – centrado no Pleno Emprego e em
formas de sociabilidade estáveis e de larga duração, que passam agora a serem
líquidas, flexíveis e de curto prazo”, identifica-se “fragilidades de garantia” de direitos
instituídos. As instabilidades geradas pelo ultraliberalismo global “desencadeiam
patologias sociais e miséria por todo o planeta”. Diante disso, “uma governabilidade
[...], centrada em mínimos éticos a serem compartilhados [...], depende, por outro
lado, da adoção de um movo modelo de seguridade social que envolva e atinja o
coração desse capitalismo desumanizado” (ESTEVES; D’ANGELO, 2014, p.13-14;
19).
Nesse sentindo, destaca-se a compreensão de Bauman (2001, p. 211 - 212),
para quem “Nos tempos modernos, a nação era a ‘outra face’ do Estado e a arma
23

principal em sua luta pela soberania sobre o território e a sua população”. Assim,
pode-se dizer que grande “parte da credibilidade da nação e de seu atrativo como
garantia de segurança e de durabilidade deriva de sua associação íntima com o
Estado e – através dele – com as ações que buscam construir a certeza e a
segurança dos cidadãos”. Segundo o autor, “O Estado não pode esperar muito do
potencial mobilizador da nação de que ele precisa cada vez menos”, uma vez que o
exército patriota está sendo trocado por “unidades high techs elitistas, secas e
profissionais”. Diante disso, “a riqueza do país é medida, não tanto pela qualidade,
quantidade e moral de sua força de trabalho, quanto pela atração que o país exerce
sobre as forças friamente mercenárias do capital global”.
Quanto às várias previsões demonstradas ao longo deste ponto, justificativas
modernas e pós-modernas de alterações de direitos, Bauman possui um
entendimento que deve ser salientado. Para o autor, “sistemas complexos com uma
quantidade de variáveis mutuamente independentes, é e continuará a ser, para
resumir, imprevisível. Não só imprevisível [...] pela nossa ignorância, negligência ou
estupidez, mas pela própria natureza dos sistemas” (efeito borboleta). O sociólogo é
preciso ao afirmar que “O futuro é imprevisível porque, pura e simplesmente, ele é
indeterminado”. Exemplifica-se que apesar de haver previsão do tempo, estamos
habituados à incerteza climática. Por isso, constata-se que “Insegurança no presente
e incerteza no futuro são nossos companheiros constantes na jornada de viver”.
Ainda, dispõe o autor que “o futuro, enquanto for futuro, não existe” (BAUMAN,
2011, p. 132 - 135).
Na mesma linha de pensamento, expõe-se que o cálculo de risco pode ser
traduzido como autoconfiança ou arrogância numa tentativa de calcular o
incalculável. A probabilidade surge como uma “previsibilidade confiável”, uma forma
de “levar a humanidade para bem perto de uma condição de certeza, ou pelo menos
da alta probabilidade de fazer prognósticos corretos – e, assim, ‘ter o controle’”. No
entanto, os possíveis riscos “são inominados até que nos atinjam, imprevisíveis e
incalculáveis”. Diante disso, tem-se que os riscos não ocorrem mais numa sociedade
ou Estado, mas sim numa esfera global. Então, “o tipo ideal de risco, os perigos [...]
e a estreiteza dos instrumentos humanos de autogoverno não são previsíveis nem
calculáveis. Por isso mesmo também não são administráveis. Governá-los é uma
tarefa grandiosa” (BAUMAN, 2011, p. 136 - 140).
24

Logo, no cenário do direito previdenciário é correto afirmar, considerando-se os


conceitos de direito adquirido, expectativa de direito e os pensamentos de Bauman,
que, as alterações legislativas, representam a liquidez do sistema previdenciário,
que alteram, independente da anuência de seus segurados, diretamente o conjunto
de benefícios, bem como os requisitos para sua implementação. Ademais, à luz dos
dizeres de Bauman, também é correto afirmar que, as referidas reformas, atuam
como um sistema de pressão, que atende aos interesses de gestão, ao envolver
decisões políticas e discussões econômicas, distantes da realidade da grande
maioria de seus segurados. Na continuação podes comentar algo, se quiseres sobre
o segundo link que te mandei em comentário “ os impactos da reforma para as
mulheres”. Ao comentar, ficará interessante se trouxer os dados comparativos da
realidade brasileira e dos demais países, já que a PEC utiliza este comparativo.

https://s3.amazonaws.com/academia.edu.documents/35702629/
conpedi_PB_com_identificacao.pdf?
AWSAccessKeyId=AKIAIWOWYYGZ2Y53UL3A&Expires=1510097558&Signature=
DE38XmEBYi8aCQ%2BGYym%2BcB6I6S0%3D&response-content-
disposition=inline%3B%20filename
%3DOS_MOVIMENTOS_EMANCIPATORIOS_CONTRA-HEGE.pdf
Juliana Teixeira Esteves ; Isabele Moraes D’Angelo
OS MOVIMENTOS EMANCIPATÓRIOS CONTRA-HEGEMÔNICOS DESENCADEADOS A PARTIR DO
SÉCULO XIX E AS PREVISÕES CONTEMPORÂNEAS: A Força das Multidões na reconfiguração da
Seguridade Social

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Projetos/ExpMotiv/EMI/2016/140.htm exposição
de motivos EMI nº 00140/2016 MF Brasília, 5 de Dezembro de 2016.

Trechos para colocar no artigo:

Conforme explana Cohn, “segundo dados do IBGE relativos 1923, ano de


criação da primeira instituição previdenciária no Brasil, até 1960, a despesa com
25

assistência médica, embora oscilando, tende a aumentar em termos absolutos”


(1980,p. 7-8).

“Não obstante um traço comum persiste: é o regime de capitalização.


Vejamos em que consiste. Tanto as CAPs como os IAPs, mesmo
tendo sido criados com a finalidade precípua de cobrir
aposentadorias e pensões e secundariamente assistência medica,
tinham que enfrentar a questão dos recursos necessários para essa
cobertura. Como sua fonte de recursos tinha seu principal suporte na
contribuição do empregado, sendo os salários baixos, o montante de
recursos não seria volumoso. Soma-se a isso o fato de que a
tendência da parcela dos segurados inativos era a de aumentar
no decorrer do tempo em proporção maior que a de segurados
ativos” (COHN, 1980, p. 8-9). Grifou-se.

“[...] a política social [...] não se dá isoladamente. Quando analisada sem que
se esclareçam suas conexões com a política econômica, trabalhista e partidária, ela
perde significado, por fazer parte de um conjunto muito maior e mais complexo”
(COHN, 1980, p.16).
26

CONCLUSÃO
27

REFERÊNCIAS

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