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Canoas
Setembro / 2017
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RESUMO
Palavras chave:
ABSTRACT
Keywords:
1
Advogada. Pós-graduanda em Direito Previdenciário (Uniritter). Contato:<carolinamollerneves@gma
il.com>.
3
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................4
2 O DIREITO PREVIDENCIÁRIO BRASILEIRO E SUAS MUTAÇÕES ......................
2.1 O SURGIMENTO E A SISTEMATIZAÇÃO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO
BRASIL ..........................................................................................................................
2.2 AS PRINCIPAIS TRANSFORMAÇÕES DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO
BRASILEIRO A PARTIR DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 .............................
3 3 A LIQUIDEZ DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO ......................................................
3.1 BREVE ANÁLISE DO CONCEITO DE “LÍQUIDO” APRESENTADO POR
ZYGMUNT BAUMAN ....................................................................................................
3.2 A LIQUIDEZ APLICADA AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO.....................................
4 CONCLUSÃO ............................................................................................................
5 REFERÊNCIAS ..........................................................................................................
4
1 INTRODUÇÃO
5
O sistema elaborado por Elói Chaves foi expandido durante a década de 20.
Em 1926, a lei começou a englobar também os portuários e marítimos; em 1928, os
6
2
“Em 1933 foi criado o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos (IAMP), em 1934 foram
criados o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários (IAPB) e o Instituto de Aposentadorias
e Pensões dos Comerciários (IAPC); em 1936 foi criado o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos
Industriários (IAPI), entretanto em funcionamento em 1938, ano em que foi criado o Instituto de
Aposentadoria e Pensões dos Empregados de Transporte e Cargas (IAPETEC), que também
abrangia os condutores de veículos e os empregados em empresas de petróleo”. In: COHN, 1980, p.
6 e 7.
7
3
“Pelos anos de 1950, somente um terço dos trabalhadores brasileiros tinha cobertura de algum
instituto. Com o advento da LOPS, uniformizaram-se as contribuições e os planos de previdência dos
diversos institutos, tendo sido estendida a cobertura previdenciária aos empregadores e autônomos.
A LOPS, Lei nº 3.807, de 26/08/1960, foi regulamentada pelo Decreto nº 48.959-A, de 10 de setembro
do mesmo ano. As alíquotas foram fixadas entre 6% e 8% sobre a remuneração dos trabalhadores,
limitadas a 5 vezes o salário-mínimo, com igual participação das empresas”. In: SANTOS, 2009, p.
38.
8
4
“A permanência de ministérios setorizados e sem articulação entre eles na definição de uma política
de seguridade social reforça a fragmentação e independência de cada política. Além de ministérios
específicos, cada uma das políticas possui seus fundos orçamentários próprios e conselhos e
conferências também específicos”. In: Boschetti, 2003.
9
5
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos.Aqui temos que ver a referencia para coloca-la
completa.Podes retirar das referencias do autor que citaste Leiria
6
“O Programa de Ottawa de seguridade social para as Américas adotado pela 8ª Conferência dos
Estados da América, membros da Organização Internacional do Trabalho (OIT), celebrada na cidade
canadense de Ottawa nos dias 12 e 13 de setembro de 1966, estabeleceu: ‘A seguridade social deve
ser instrumento de autêntica política social, para garantir um equilibrado desenvolvimento
socioeconômico e uma distribuição eqüitativa da renda nacional. Em consequência, os programas de
Seguridade Social devem ser integrados na política econômica do Estado com o fim de destinar a
estes programas o máximo de recursos financeiros, compatíveis com a capacidade econômica de
cada país.’” In: Briguet et al., 2007, p. 2.
10
Com isso, ignorando a relevante questão social explicitas nas novas medidas
adotadas, numa análise econômica, é fácil observar que tais concessões trouxeram
um aumento de custos à Previdência. Assim sendo, segundo Santos, a previdência
perdeu sua condição “superavitária” (SANTOS, 2009, p. 39).
Conforme corrobora o estudo de Condé e Fonseca (2015, p. 173), observa-se
que “o desafio da Previdência brasileira quanto ao INSS tem origem nas opções
adotadas no pagamento de benefícios, algumas desde o fim da Assembleia
Constituinte em 1987 e 1988”. Segundo análise destes autores “a Previdência
apresenta déficit no saldo previdenciário e um superávit no saldo operacional”. O
saldo previdenciário se refere às contribuições de empregados, empregadores e
autônomos – montante sobre o qual seriam descontados os valores para pagamento
de benefícios. Contudo, conforme já mencionado, a Constituição prevê que a
Previdência Social, assim como a saúde e a assistência social englobam a
Seguridade Social. Desta forma, pode-se constatar que a base de financiamento que
11
deve ser considerada para fins de cálculos é a constitucional 7. Assim, “vista como
um todo, tornaria esse orçamento específico superavitário”.
No entanto, o estudo de Matos et al. (2013, p. 306 – 307) dispõe que a partir
da Constituição de 1988, “verificou-se uma deterioração nas contas previdenciárias
que culminou com o déficit em 1995, persistindo até os dias atuais”. Para estes
autores, “a Emenda Constitucional nº 20 de 1998 e a Lei Complementar n.º
9.876/99, normativos que surgiram com a finalidade de imprimir ações inibidoras à
concessão de benefícios sem sua devida fonte de custeio e à aposentadoria
precoce”. Ademais, destacam questões índices demográficos de diminuição
natalidade e aumento da longevidade, que aumentam custos previdenciários e reduz
a base de financiamento8.
Corroborando com o entendimento de Matos et al., Santos (2009, p. 122 -
123) compreende que o déficit previdenciário está é provocado, principalmente,
pelos beneficiários rurais, pois quanto a estes “os aumentos reais do salário-mínimo
produziram maior reflexo. O salário-mínimo mais que dobrou em termos reais entre
1994 e 2008, estando nele enquadrada a quase totalidade dos aposentados da zona
rural”. Para este autor, parte da doutrina não entende que há déficit na previdência,
pois:
7
“Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos
termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I - do empregador, da empresa e da
entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais
rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço,
mesmo sem vínculo empregatício; b) a receita ou o faturamento; c) o lucro; II - do trabalhador e dos
demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão
concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201; III - sobre a receita de
concursos de prognósticos. IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele
equiparar. § 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à
seguridade social constarão dos respectivos orçamentos, não integrando o orçamento da União.
[...]”. In: CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, 1988.
8
Tratam-se dos mesmos fundamentos da atual proposta de reforma, disponíveis para consulta no site
da Previdência Social. In: PREVIDÊNCIA SOCIAL, 2017.
12
9
“A Constituição falava de gestão em conjunto com a sociedade. Apesar de a emenda estabelecer o
modelo acima proposto, o caráter democrático e descentralizado da administração não foi atendido
na formação do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), pois o governo manteve seus seis
representantes, enquanto os aposentados e pensionistas, os empregadores e os trabalhadores em
atividade mantiveram três representantes cada um”. In: Ugino e Marques, 2012, p. 29-30.
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ponderação dos motivos que fazem a sociedade se revelar líquida. A partir desta
análise inicial sobre os pensamentos do sociólogo, é possível avançar para uma
compreensão destas metáforas, sob a ótica da evolução do Direito Previdenciário.
Tal tema constará no subtítulo seguinte.
Sob essa perspectiva, pode-se contatar que a previdência social é “uma área
de atuação eminentemente populista, utilizada ora como mecanismo de controle, ora
como de mobilização, não só das classes assalariadas [...], mas aqui também de
diferentes facções partidárias”. Com isso, considera-se “que a previdência social se
configura essencialmente como um elemento estratégico acionado [...] para fazer
frente a momentos agudos do processo político” tanto quando intentado por liberais
11
“Sabemos que até recentemente a composição etária da nossa população, como da maioria dos
demais países, principalmente os menos desenvolvidos, costumava ser representada por uma
pirâmide. A base, ampla, era formada pelas crianças e jovens, O corpo correspondia à população
economicamente ativa, pelo menos em potencial. No topo ficavam as pessoas idosas, cujos
contingentes iam diminuindo até o vértice, que representava um número muito pequeno de pessoas
em idade bem avançada”. In: LEITE, 1993, p.16.
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ou conservadores. Este ardil utilizado pelo Legislativo, juntamente com seu vínculo
com o Executivo, resulta na “mobilização das classes assalariadas” e “divergências
de interesses entre as classes dominantes”. Desta forma, salienta-se que “A
temática da previdência social tende a ser equacionada muito mais marcadamente
em termos de barganhas políticas inter-partidárias, do que conforme linhas bem
definidas de atuação partidária” (COHN, 1980, p. 160 - 161).
Outra análise sobre a propensão de alterações na legislação previdenciária é
estruturada por Stephanes (1993, p. 29 - 31) que expõe que “ Quando o sistema era
considerado jovem, ou desenvolvia-se numa conjuntura econômica favorável, gerou
saldos que deveriam constituir-se em reservas [...]. Entretanto, esses saldos sempre
foram utilizados para outras finalidades”. Contudo, para estabilidade do sistema é
necessário que este esteja “perfeitamente estruturado, sem privilégios, com baixos
custos operacionais, sem fraudes, numa conjuntura econômica estável, economia
em crescimento, com níveis adequados de distribuição de renda”. Ademais, frisa-se
que o autor considera como “característica fundamental dos sistemas
previdenciários [...] a fixação de uma idade mínima para aposentadoria”.
Ainda, frisa-se que, segundo o entendimento de Stephanes (1993, p. 63):
principal em sua luta pela soberania sobre o território e a sua população”. Assim,
pode-se dizer que grande “parte da credibilidade da nação e de seu atrativo como
garantia de segurança e de durabilidade deriva de sua associação íntima com o
Estado e – através dele – com as ações que buscam construir a certeza e a
segurança dos cidadãos”. Segundo o autor, “O Estado não pode esperar muito do
potencial mobilizador da nação de que ele precisa cada vez menos”, uma vez que o
exército patriota está sendo trocado por “unidades high techs elitistas, secas e
profissionais”. Diante disso, “a riqueza do país é medida, não tanto pela qualidade,
quantidade e moral de sua força de trabalho, quanto pela atração que o país exerce
sobre as forças friamente mercenárias do capital global”.
Quanto às várias previsões demonstradas ao longo deste ponto, justificativas
modernas e pós-modernas de alterações de direitos, Bauman possui um
entendimento que deve ser salientado. Para o autor, “sistemas complexos com uma
quantidade de variáveis mutuamente independentes, é e continuará a ser, para
resumir, imprevisível. Não só imprevisível [...] pela nossa ignorância, negligência ou
estupidez, mas pela própria natureza dos sistemas” (efeito borboleta). O sociólogo é
preciso ao afirmar que “O futuro é imprevisível porque, pura e simplesmente, ele é
indeterminado”. Exemplifica-se que apesar de haver previsão do tempo, estamos
habituados à incerteza climática. Por isso, constata-se que “Insegurança no presente
e incerteza no futuro são nossos companheiros constantes na jornada de viver”.
Ainda, dispõe o autor que “o futuro, enquanto for futuro, não existe” (BAUMAN,
2011, p. 132 - 135).
Na mesma linha de pensamento, expõe-se que o cálculo de risco pode ser
traduzido como autoconfiança ou arrogância numa tentativa de calcular o
incalculável. A probabilidade surge como uma “previsibilidade confiável”, uma forma
de “levar a humanidade para bem perto de uma condição de certeza, ou pelo menos
da alta probabilidade de fazer prognósticos corretos – e, assim, ‘ter o controle’”. No
entanto, os possíveis riscos “são inominados até que nos atinjam, imprevisíveis e
incalculáveis”. Diante disso, tem-se que os riscos não ocorrem mais numa sociedade
ou Estado, mas sim numa esfera global. Então, “o tipo ideal de risco, os perigos [...]
e a estreiteza dos instrumentos humanos de autogoverno não são previsíveis nem
calculáveis. Por isso mesmo também não são administráveis. Governá-los é uma
tarefa grandiosa” (BAUMAN, 2011, p. 136 - 140).
24
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Juliana Teixeira Esteves ; Isabele Moraes D’Angelo
OS MOVIMENTOS EMANCIPATÓRIOS CONTRA-HEGEMÔNICOS DESENCADEADOS A PARTIR DO
SÉCULO XIX E AS PREVISÕES CONTEMPORÂNEAS: A Força das Multidões na reconfiguração da
Seguridade Social
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Projetos/ExpMotiv/EMI/2016/140.htm exposição
de motivos EMI nº 00140/2016 MF Brasília, 5 de Dezembro de 2016.
“[...] a política social [...] não se dá isoladamente. Quando analisada sem que
se esclareçam suas conexões com a política econômica, trabalhista e partidária, ela
perde significado, por fazer parte de um conjunto muito maior e mais complexo”
(COHN, 1980, p.16).
26
CONCLUSÃO
27
REFERÊNCIAS
BAUMAN, Zygmunt. Tempos líquidos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2007.
LIMA, Vaz de; WILBERT, Marcelo Driemeyer; PEREIRA, José Matias; PAULO,
Edilson Paulo. O impacto do fator previdenciário nos grandes números da
previdência social. Revista Contabilidade & Finanças, São Paulo, v. 23, n. 59, p.
128 - 141, mai./ago. 2012. ISSN 1808-057X.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
311X2008001100021&lang=pt
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