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ROTEIRO DE ESTUDO - PSICOLOGIA HOSPITALAR

O que são CP?


Abordagem que promove a qualidade de vida de pacientes e seus familiares
diante de situações que ameaçam a continuidade da vida, através da
prevenção e alívio do sofrimento. Requer a identificação precoce, avaliação e
tratamento impecável da dor e outras situações angustiantes de natureza
física, psicossocial e/ou espiritual.

Quando os CP são indicados? Onde podem ser feitos?


Os cuidados paliativos são indicados para toda doença com caráter ameaçador
à vida. Podem ser utilizados em diferentes contextos e instituições, no domicílio
da pessoa portadora de doença crônica-degenerativa ou em fase terminal, na
instituição de saúde onde está internada ou em uma unidade específica dentro
da instituição de saúde destinada exclusivamente para esta finalidade.

O que é a morte moderna e quais as suas qualificações?


Modelo de morte eminentemente curativa, no qual o doente não é ativo.
Ato prolongado gerado pelo desenvolvimento tecnológico; fato científico gerado
pelo aperfeiçoamento da monitoração; fato passivo já que as decisões
pertencem aos médicos e aos familiares e não ao enfermo; ato profano por não
atender a crenças e a valores do paciente; fato de isolamento já que o ser
humano morre socialmente em solidão.

O que é dor total e qual o tratamento indicado? Quem a definiu?


Cicely Saunders definiu que é um tipo de dor vivenciada pelo doente no fim da
vida. Uma dor complexa, incluindo aspectos físicos, mentais e espirituais, um
novo quadro clínico, diante do qual os profissionais prestam uma assistência à
totalidade do doente.

O que é Ortotanásia, eutanásia e distanásia? Qual a relação com CP?


Ortotanásia - visa aliviar o sofrimento de um doente terminal através da
suspensão de tratamentos extraordinários que prolongam a vida, mas são
incapazes de curar ou trazer melhorias práticas.
Eutanásia - consiste em acabar com o sofrimento de uma pessoa doente, cujo
prognóstico é fatal ou que está em estado de coma irreversível, sem chances
de sobreviver, apressando a sua morte ou dando-lhe meios de o conseguir. A
eutanásia visa induzir a morte precoce de uma maneira suave e sem dor, com
a finalidade de acabar com o sofrimento do paciente através da sua própria
morte.

Distanásia - prolongamento do processo da morte através de tratamentos


extraordinários que visam apenas prolongar a vida biológica do doente. Seu
objetivo é o prolongamento máximo da vida. Também pode ser definida como o
adiamento da morte através de métodos reanimatórios.

O que é o PPS e como é utilizado em CP?


Escala de avaliação funcional do paciente. O PPS pode ser utilizado como
instrumento de comunicação, descrevendo rapidamente o estado funcional
atual do paciente. É útil como critério de avaliação da capacidade de trabalho e
tem valor prognóstico, quando associado a outros sintomas como edema,
delirium, dispnéia e caquexia.

O que é CP precoce, complementar, predominante e exclusivo?


CP precoce – fase em que o paciente é portador de uma doença que ameaça
sua vida, mas apresenta bom status funcional de acordo com PPS ou Escala
KPS (>60%). A prioridade é o tratamento curativo ou restaurativo, utilizando os
princípios da beneficência e autonomia. Nesse momento é improvável que a
morte ocorra em decorrência de sua doença de base, mas em caso de
instabilidade clínica aguda, deve ser encaminhado para UTI e receber suporte
avançado de vida em caso de PCR. O prognóstico nesta fase é estimado em
meses a anos.

CP complementar – fase em que o paciente é portador de uma doença que


ameaça sua vida, mas apresenta status funcional intermediário de acordo com
PPS ou Escala KPS (entre 40-60%). Nesse momento é improvável que o
paciente possa responder de maneira completa ou satisfatória ao tratamento
curativo. No entanto pode se beneficiar de procedimentos ou tratamentos
invasivos que proporcionem melhora de sintomas e qualidade de vida,
respeitando o desejo do paciente ou de seus representantes legais. Em caso
de instabilidade clínica aguda, a transferência para UTI deve ser ponderada,
levando-se em consideração as condições potencialmente reversíveis,
podendo ser definido limite de esforço terapêutico. O prognóstico é estimado
em semanas a meses.

CP predominante – fase em que o paciente é portador de uma doença que


ameaça sua vida, mas apresenta baixo status funcional de acordo com PPS ou
Escala KPS (<40%), sendo identificados critérios de irreversibilidade da doença
de base. Todas as ações devem buscar a melhor qualidade de vida possível e
o controle de sintomas desconfortáveis (tratamento de infecções, correção de
distúrbios hidroeletrolíticos, analgesia etc.), utilizando os princípios da
autonomia e não maleficência. Não adicionar ou manter terapias fúteis. Não
deve ser encaminhado para UTI, respeitando o desejo do paciente ou de seus
representantes legais. O prognóstico é estimado em dias a algumas semanas.

CP exclusivo – fase em que o paciente é portador de uma doença que


ameaça sua vida, mas apresenta baixo status funcional de acordo com PPS ou
Escala KPS (<40%) e declínio rápido e irreversível do estado geral. Esta piora
acentuada pode ser evidenciada pelo comprometimento do nível da
consciência e instabilidade cardiopulmonar. Suspender todas as terapias fúteis,
focando exclusivamente no controle de sintomas. Não deve ser encaminhado
para UTI, respeitando o desejo do paciente ou de seus representantes legais.
O prognóstico é estimado em horas a poucos dias.

Quais são os 5 estágios do processo de finitude e quem os definiu?


Elizabeth Kübler-Ross definiu o processo de finitude em 5 estágios:

Negação e isolamento: relaciona-se à incapacidade do ser humano de aceitar


o fim da própria existência. É uma defesa temporária que age como um pára-
choque após notícias inesperadas, que permite ao paciente se recuperar com o
tempo. É comum o paciente buscar outros diagnósticos, na esperança de que a
primeira conclusão seja um erro. Em geral, no próximo momento o paciente se
desliga da negação e se apropria mais do isolamento.

Raiva: em geral, a raiva é das pessoas que estão à sua volta: dos médicos por
não diagnosticarem a tempo da cura, dos familiares, das pessoas que estão
sadias, das pendências. O paciente diante de tal indignação sente raiva de
tudo e de todos, descarregando essa raiva nas pessoas próximas, fazendo
com que algumas se afastem, sejam elas familiares ou equipe de assistência.
Diante de tanta raiva o sentimento retorna para o paciente, alimentando seu
comportamento hostil.

Barganha: o paciente tenta adiar a morte fazendo tratos com Deus, com a
família e com os médicos, a partir de promessas em ser uma pessoa boa se os
dias de sua vida forem prolongados. Ele acredita que com bons argumentos e
mais calma chegará a um acordo para que prolongue a chegada dos últimos
momentos. Nesses casos o paciente sempre jura não pedir outro adiamento
caso seu pedido seja alcançado.

Depressão: uma sensação de perdas iminentes, podendo ser perdas materiais


ou emocionais. Logo, o enfermo passa a uma depressão preparatória,
proveniente de uma situação real, na qual está prestes a perder tudo e todos
que ama.

Aceitação: estágio de tranquilidade onde o paciente aceita sua doença,


limitações e possibilidades, quando existem. O enfermo deseja ficar cada vez
mais só, sem as perturbações do cotidiano; começa a perder a vontade de
conversar.

O que faz o psicólogo na UTIN/UTIPED? Quais medidas são


humanizáveis?

Qual o papel do psicólogo hospitalar nos casos de pacientes com


comportamento suicida? Como ocorre a comunicação entre a equipe
nestes casos?
Seu papel é oferecer apoio emocional, realizando uma escuta ativa, com
interesse genuíno em contribuir com a recuperação do paciente, dando espaço
para a pessoa falar sobre as circunstâncias pessoais e sociais emergentes,
trabalhando os sentimentos suicidas. O psicólogo deve classificar o risco do
paciente para novo evento (leve, moderado e alto) e comunicar a equipe. Além
disso pode focalizar aspectos positivos da pessoa, ajudando na recuperação
da confiança em si mesma, focalizando a ambivalência sentida pelo indivíduo
entre viver e morrer, até que o desejo de vida se fortaleça. Deve explorar
alternativas ao suicídio, estabelecendo um vínculo forte com o paciente para
que no momento em que o desejo de morte retornar ele tenha possibilidade de
dividir essas ideias com o psicólogo e refrear o ato suicida. O psicólogo deve
entrar em contato com as referências afetivas da pessoa e reforçar seu apoio.
Só expondo o que for crucial para o tratamento do paciente, mantendo o sigilo
profissional. Deve orientar familiares sobre medidas de prevenção, como
acesso a meios letais, explicando que o profissional está ali para ajudar. E
também deve fazer contato e dialogar com os profissionais do serviço de
referência, visando à alta articulada e a continuidade de cuidados.
O psicólogo deve sempre contribuir com a equipe multidisciplinar por meio do
compartilhamento do conhecimento científico e com a valorização do
atendimento humanizado para o paciente com comportamento suicida e seus
familiares. Devem ser realizadas orientações sobre restrição de métodos letais
e sobre a importância de uma referência afetiva no processo de hospitalização.

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