Você está na página 1de 28

GUIA PARA

PROFISSIONAIS
CUIDADOS
PALIATIVOS
Uma visão
da FISIOTERAPIA
e da TERAPIA
OCUPACIONAL

C A R T I L H A S . 2 0 2 3
Você sabia que
todos eles estão
emCUIDADOS
PALIATIVOS?
Miguel, 7 anos, diagnosticado com
Leucemia Mielóide Aguda, sem
perspectiva de cura, em cuidados
paliativos

Estela, 19 anos, diagnosticada com


neuroglioblastoma, sem cura, em
cuidados paliativos.

José, 35 anos, diagnosticado com


Insuficiência Renal Crônica, dialítico em
cuidados paliativos.

Maria, 60 anos, diagnosticada com


Insuficiência Cardíaca Congestiva, em
cuidados paliativos.

João, 55 anos, diagnosticado com


Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica,
em cuidados paliativos.

Otávio, 75 anos, diagnosticado com


demência de Alzheimer, em cuidados
paliativos.
Hoje em dia, há várias ferramentas
para avaliarmos a necessidade de
um paciente receber a abordagem
em cuidados paliativos. Nesses
casos, normalmente considera-se
os seguintes questionamentos:

Quem é o paciente?
Qual a sua funcionalidade atual?
Qual é o seu diagnóstico?
Em qual fase encontra-se a
doença?

Os cuidados paliativos são


indicados para pacientes que
apresentam diagnóstico de
doenças graves potencialmente
fatais.
O que são
CUIDADOS
PALIATIVOS?
De acordo com a Organização
Mundial da Saúde (OMS), o
Cuidado Paliativo é a aborda-
gem que promove a quali-
dade de vida de pacientes e
seus familiares, que enfren-
tam doenças ameaçadoras
da continuidade da vida, por
meio da prevenção e do alí-
vio do sofrimento.

Segundo a International As-


sociation for Hospice and
Palliative Care (IAHPC), os cui-
dados paliativos são cui-
dados holísticos ativos de
indivíduos de todas as ida-
des, com sérios sofrimentos
relacionados à saúde, de-
vido a doenças graves, es-
pecialmente aqueles que
estão perto do fim da vida.

Eles têm como objetivo me-


lhorar a qualidade de vida dos
pacientes, familiares e cuida-
dores.
Princípios dos
CUIDADOS
PALIATIVOS
 Promover o alívio da dor e outros
sintomas desconfortáveis;

 Afirmar a vida e considerar a


morte como um processo natural da
vida;

 Não acelerar e nem adiar a morte;

 Incluir os aspectos psicológicos e


espirituais no cuidado ao paciente;

 Possibilitar com que o paciente


viva o mais ativamente possível, até
o momento da sua morte;
 Oportunizar suporte aos
familiares durante a doença do
paciente e no enfrentamento do
luto;

 Abordar de forma
multiprofissional, de acordo com
as necessidades dos pacientes
e de seus familiares, incluindo o
acompanhamento no luto;

 Melhorar a qualidade de vida


e influenciar de forma positiva no
curso da doença;

 Iniciar os cuidados paliativos


o mais precocemente possível,
juntamente com outras medidas de
prolongamento da vida, incluindo
as investigações necessárias
para melhorar a compreensão e
o controle de situações clínicas
estressantes.
MODELOS
DE ATUAÇÃO

Na primeira fase, o paciente


encontra-se no estágio inicial do
adoecimento, quando a terapia
modificadora da doença tem a
maior demanda. Nesse contexto, a
abordagem de cuidados paliativos
já pode ser iniciada.

Na segunda fase, com a evolução


da doença, a terapia modificadora
da doença pode não ser mais capaz
de cumprir o papel esperado. Então,
a abordagem do cuidado paliativo
passará a ser predominante.

Nos cuidados de fim de vida,


já não há benefícios no uso da
terapia modificadora de doença. O
tratamento se volta para a qualidade
de vida e o conforto do paciente.
Assim, os cuidados paliativos atuam
de forma exclusiva até depois da
morte do paciente, quando a equipe
segue acompanhando a família e a
rede de apoio.
Você sabia que
CUIDADOS
PALIATIVOS
é diferente de
EUTANÁSIA?
A eutanásia refere-se à prática
de atos pelos quais se abrevia a
vida de um enfermo incurável,
e ocorre de maneira controlada
e assistida por um especialista.
No Brasil, não há legislação que
tipifique a eutanásia, de modo
que o Código Penal aloca a con-
duta como homicídio privilegia-
do. Por outro lado, nos cuida-
dos paliativos, busca-se manter
a qualidade de vida do paciente
e de sua família em casos de do-
enças incuráveis, promovendo
conforto, autonomia e dignida-
de.

De tal forma, a abordagem em


cuidados paliativos reconhece
que o agir médico não se encer-
ra com o diagnóstico de uma
doença incurável ou crônica.
VOCABULÁRIO
Ortotanásia:
etimologicamente, significa morte
correta, isto é, aquela que ocorre
no momento apropriado e com
os cuidados paliativos e curativos
necessários para a situação.

Eutanásia:
antecipação do momento da morte
na eventualidade de um fundamento
piedoso ou humanitário.

Distanásia:
postergação artificial do momento
da morte com o uso de medidas
desnecessárias e/ou fúteis que
aumentam um suposto quantitativo de
vida sem que haja preocupação com
a qualidade de vida e o conforto do
paciente.
O cuidado
paliativo
NÃO SE FAZ
SOZINHO!
O cuidado é focado na pessoa e não na
doença. Assim, para uma boa prática
de cuidado, é necessário boa comu-
nicação, vínculo, responsabilização
e respeito com o paciente, a famí-
lia e a rede de apoio. Desse modo, os
profissionais precisam atuar de forma
conjunta, integrando conhecimentos
técnicos e particularidades pessoais.

Dentre os profissionais que compõem


uma equipe, estão os fisioterapeutas
e terapeutas ocupacionais.
FISIOTERAPIA
e TERAPIA
OCUPACIONAL
nos CUIDADOS
PALIATIVOS
A atuação do fisioterapeuta dentro
da equipe responsável pela assistên-
cia em cuidados paliativos é manda-
tória e fundamenta-se em dois gran-
des pilares: a capacidade funcional e
a qualidade de vida do paciente, de
sua família e da própria equipe assis-
tencial.

Por sua vez, o terapeuta ocupacional


busca promover a funcionalidade
do indivíduo, considerando as capa-
cidades, as limitações e as dificulda-
des presentes, de forma a favorecer
a independência e a autonomia do
paciente nas ocupações e na manu-
tenção da realização de atividades
cotidianas significativas. Em sua atu-
ação nos cuidados paliativos, o tera-
peuta ocupacional deve facilitar o
processo de adaptação do paciente
e de seus familiares e cuidadores às
perdas ocasionadas pela evolução da
doença.

Evidências científicas mostram que


a capacidade funcional pode condu-
zir o paciente a uma percepção ne-
gativa de qualidade de vida, além de
aumentar a demanda de cuidados
por conta da dependência funcional.
Nesse contexto a fisioterapia tem pa-
pel importante para a prevenção, a
manutenção e, quando possível, o
restauro da condição funcional.
Já a abordagem do terapeuta ocupa-
cional é voltada para as ocupações do
indivíduo, considerando as possibili-
dades frente ao processo de adoeci-
mento. O terapeuta ocupacional tem
o papel de ajudar o paciente e seu
cuidador a lidar com as dificuldades,
com o intuito de incentivar o maior
nível de independência e autono-
mia no desempenho das ocupações
e promover o conforto, a dignidade
e a qualidade de vida do paciente e
de seus familiares e cuidadores.
Papel da
Fisioterapia nos
CUIDADOS
PALIATIVOS
 Avaliação e anamnese dos
aspectos físicos, psíquicos, sociais e
espirituais do paciente;

 Avaliação funcional detalhada,


com enfoque nas atividades de
maior interesse/desejo do paciente;

 Avaliação detalhada da
qualidade de vida do paciente,
sua família, cuidador e equipe
assistencial;
 Elaboração de um plano de
intervenção/cuidado de acordo com
as necessidades elencadas;

 Comunicação ativa, clara, gradual


e dirigida ao paciente, aos familiares,
cuidadores e aos demais membros
da equipe assistencial;

 Manutenção, maximização ou
até adaptação de atividades de
vida diária mediante a aplicação de
técnicas de conservação de energia,
nos casos em que a perda funcional
será irreversível e inevitável;

 Controle não farmacológico de


sintomas, como dor, náuseas, fadiga,
dispneia, obstipação, linfedema e
outros;

 Condicionamento da função
respiratória;
• Indicação do uso de assistência
ventilatória invasiva ou não invasiva
juntamente com a equipe médica;

• Ajuste de parâmetros ventilatórios


invasivos e não invasivos;

• Promoção de autonomia,
conforto, bem-estar, dignidade,
funcionalidade e qualidade de vida;

• Incentivo à convivência em
comunidade;

• Orientações acerca de técnicas


de mobilização do paciente nos
diferentes cenários assistenciais,
para garantir a segurança nas
transferências e na deambulação e
para a redução do risco de quedas;
• Ensino/orientação de estratégias
e abordagens à família e aos
cuidadores em cada fase de
evolução do cuidado, seja durante
uma internação ou para facilitação
do cuidado em domicílio;

• Disseminação da informação
científica nos diferentes meios de
acesso à informação, em especial
na graduação, a fim de que os
novos profissionais possam iniciar
a carreira profissional conhecendo
a importância da fisioterapia nos
cuidados paliativos.
Papel da
Terapia
Ocupacional
nos CUIDADOS
PALIATIVOS
 Realizar avaliação abrangente
do paciente de forma a identificar a
história de vida; queixas do paciente
e de seus familiares e/ou cuidadores;
disfunções sensoriais, cognitivas e
perceptivas; grau de independência e/
ou autonomia nas atividades de vida
diária; presença de sintomas e/ou
desconfortos; análise ambiental; rede
de suporte familiar e/ou cuidadores.
No processo avaliativo o terapeuta
ocupacional precisa considerar o
diagnóstico, o prognóstico e a fase da
doença do paciente;
 Construir um plano de cuidado
individualizado a partir das demandas
identificadas no processo de avaliação.
O plano de cuidados precisa ser
dinâmico e poderá sofrer mudanças
com o surgimento de novas demandas
e de alterações decorrentes do
processo de adoecimento;

 Melhorar o desempenho
ocupacional nas atividades de vida
diária a partir de treinos, uso de
adaptações e realização de orientações,
frente as perdas decorrentes do
processo de adoecimento;

 Realizar atividades terapêuticas que


busquem favorecer a funcionalidade
do indivíduo e que considerem o
conforto e a qualidade de vida;

 Estimular a manutenção de funções


cognitivas, sensoriais e perceptivas;
 Orientar quanto a estratégias
de manejo do tempo, conservação
de energia, proteção articular e
simplificação de atividades de forma a
favorecer a reestruturação da rotina do
indivíduo;

 Favorecer o posicionamento do
paciente no leito, treino de mudanças
de posição e transferências nas
atividades de vida diária;

 Orientar e indicar dispositivos de


tecnologia assistiva, considerando
diagnóstico, prognóstico, conforto,
autonomia e maior independência
possível do indivíduo;

 Confeccionar, indicar e utilizar


dispositivos de tecnologia assistiva
com o intuito de prevenir o surgimento
de agravos como deformidades,
contraturas, lesões por pressão e dor;
 Estimular a manutenção e/ou
inclusão de atividades de lazer e a
participação na comunidade;

 Orientar quanto a adaptações


no ambiente domiciliar de modo
a promover a segurança e a
funcionalidade e facilitar a realização
dos cuidados com o indivíduo;

 Acolher, orientar e capacitar


familiares e cuidadores para a
realização dos cuidados de forma a
favorecer a diminuição da sobrecarga
familiar, organizar a rotina de cuidados
e favorecer a funcionalidade, o
conforto, a prevenção de agravos e a
segurança do paciente nas atividades
de vida diária;

 Auxiliar o paciente e os
familiares/cuidadores no processo
de reestruturação da rotina, frente as
perdas decorrentes do processo de
adoecimento.
REFERÊNCIAS
CARVALHO, et al... Manual da
residência de cuidados paliativos:
abordagem multidisciplinar.
Barueri, SP, Manole, 2018.

CARVALHO, R. T.; PARSONS, H.


A. (Org.) Manual de Cuidados
Paliativos. ANCP. 2.ed. São Paulo: s.
n., 2012.

CASTILHO, R. K., SILVA, V. C. S., PINTO,


C. S. Manual de cuidados paliativos/
Academia Nacional de Cuidados
Paliativos. Rio de Janeiro: THENEU,
2021.

DADALTO, LUCIANA. Cuidados


paliativos: aspectos jurídicos.
Indaiatuba: Editora Foco, 2021. 320 p.
Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia
Ocupacional da 4a Região
Rua da Bahia, 1148, sala 816, Centro
30.160-906 – Belo Horizonte | MG
crefito4.gov.br (31) 3218-7400
(31) 99584-5961
@crefito4 TV Crefito-4

Você também pode gostar