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São Lourenço - MG - CEP: 37470-000
MATERIAL DO CURSO
FORMAÇÃO BÁSICA EM CUIDADO
COM A SAÚDE

APOSTILA
CUIDADOS PALIATIVOS
INTRODUÇÃO

Veremos nesse estudo:

• Cuidados paliativos;
• Princípios;
• Evolução dos cuidados paliativos;
• Ações paliativas;
• Realizando o tratamento paliativo;
• Objetivos;
• Assistência ao fim da vida;
• Últimas horas de vida;
• Cuidando dos familiares e cuidadores.

Boa leitura!
CUIDADOS PALIATIVOS

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em conceito definido em 1990 e


atualizado em 2002,

Cuidados Paliativos consistem na assistência promovida por uma equipe


multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e
seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da
prevenção e alívio do sofrimento, por meio de identificação precoce,
avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais,
psicológicos e espirituais. (WHO 1, 2002)

É uma abordagem que promove a qualidade de vida de pacientes e seus


familiares, que enfrentam doenças que ameacem a continuidade da vida,
através da prevenção e alívio do sofrimento. Requer a identificação
precoce, avaliação e tratamento da dor e outros problemas de natureza
física, psicossocial e espiritual.

Os cuidados paliativos devem incluir as investigações necessárias para o melhor


entendimento e manejo de complicações e sintomas estressantes tanto relacionados
ao tratamento quanto à evolução da doença.

Apesar da conotação negativa ou passiva do termo, a abordagem e o


tratamento paliativo devem ser eminentemente ativos, principalmente em
pacientes portadores de câncer em fase avançada, onde algumas
modalidades de tratamento cirúrgico e radioterápico são essenciais para
alcance do controle de sintomas. (2)

Considerando a carga devastadora de sintomas físicos, emocionais e psicológicos


que se avolumam no paciente com doença terminal, faz-se necessária a adoção
precoce de condutas terapêuticas dinâmicas e ativas, respeitando-se os limites do
próprio paciente frente a sua situação de incurabilidade.

A abordagem dos Cuidados Paliativos para o câncer do colo do útero segue os


princípios gerais dos Cuidados Paliativos, que são:

1
WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). National cancer control programmes: policies and managerial guidelines. 2.ed.
Geneva: WHO, 2002.
2
BRASIL. Cuidados paliativos: Conheça a abordagem dos Cuidados Paliativos para o câncer do colo do útero. (2022)
Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/gestor-e-profissional-de-saude/controle-do-cancer-do-colo-do-
utero/acoes/cuidados-paliativos Acesso: 29/03/2023.
• Fornecer alívio para dor e outros sintomas estressantes como astenia,
anorexia, dispnéia e outras emergências oncológicas.
• Reafirmar vida e a morte como processos naturais.
• Integrar os aspectos psicológicos, sociais e espirituais ao aspecto
clínico de cuidado do paciente.
• Não apressar ou adiar a morte.
• Oferecer um sistema de apoio para ajudar a família a lidar com a
doença do paciente, em seu próprio ambiente.
• Oferecer um sistema de suporte para ajudar os pacientes a viverem o
mais ativamente possível até sua morte.
• Usar uma abordagem interdisciplinar para acessar necessidades
clínicas e psicossociais dos pacientes e suas famílias, incluindo
aconselhamento e suporte ao luto.

O INCA oferece Cuidados Paliativos aos pacientes oncológicos atendidos em suas


Unidades Hospitalares no Rio de Janeiro, por meio de Unidade Especializada
denominada Hospital do Câncer IV. O HC IV é também espaço de ensino e pesquisa
sobre Cuidados Paliativos e promove debates e articulação em rede para expansão
desta área na política de saúde do Brasil.

PRINCÍPIOS

• PROMOVER alívio da dor e de outros sintomas desagradáveis;


• PREVENIR a ocorrência de novos problemas;
• MELHORAR a qualidade de vida e influenciar positivamente o curso
da doença;
• INTEGRAR os aspectos psicossociais e espirituais ao cuidado do
paciente;
• OFERECER suporte multiprofissional para atender as necessidades
dos pacientes e de seus familiares, incluindo acompanhamento no luto;
• NÃO antecipar ou postergar o processo natural da morte;
• LIDAR com os medos, as expectativas, as necessidades e as
esperanças;
• INICIAR os cuidados o mais precocemente possível, juntamente com
as investigações necessárias após o diagnóstico e a terapia modificadora
da doença;
• PREPARAR o paciente para a autodeterminação no manejo do final
da vida.

EVOLUÇÃO DOS CUIDADOS PALIATIVOS

• Quando indicar: Os Cuidados Paliativos são indicados para todos os


pacientes com doença ameaçadora da continuidade da vida por qualquer
diagnóstico, com qualquer prognóstico, seja qual for a idade e a qualquer
momento da doença em que eles tenham expectativas ou necessidades
não atendidas.

Ao longo da evolução da doença, a intensidade dos cuidados é variável, sendo que


o foco e os objetivos vão progressivamente transitando de uma ênfase em
tratamentos modificadores da doença até abordagens com intenções
exclusivamente paliativas. Nesse processo, deve-se atentar também para as
demandas apresentadas pelos familiares e cuidadores, inclusive no período do luto.

Figura 1 – Benefício potencial dos cuidados paliativos para os pacientes em relação ao momento da doença

AÇÕES PALIATIVAS

O cuidado paliativo é realizado por meio da prevenção e alívio do


sofrimento, da identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de
dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais.
(ONCOCENTER3, 2020)

Ele deve ser feito necessariamente em equipe.

No mínimo, médico, enfermeiro e psicólogo devem estar integrados


prestando atendimento ao paciente e sua família; mas o fisioterapeuta,

3
ONCOCENTER, Clínica. O que são cuidados paliativos e como eles funcionam? (2020) Disponível em:
https://oncocentermedicos.com.br/o-que-sao-cuidados-paliativos-e-como-eles-funcionam/ Acesso: 29/03/2023.
fonoaudiólogo, assistente social, terapeuta ocupacional e até educador
físico podem fazer parte dessas equipes. (ONCOCENTER , 2020)

Por exemplo, um paciente com dificuldade de deglutição e com produção excessiva


de saliva, por uma cirurgia devido a um tumor de cabeça e pescoço, pode ser
avaliado por médico, fonoaudiólogo e nutricionista:

• O médico prescreverá um medicamento para auxiliar na diminuição de


saliva;
• O fonoaudiólogo avaliará e indicará o tipo de consistência de alimento, a
via de alimentação mais adequada;
• E o nutricionista orientará a dieta a ser seguida contemplando as
necessidades nutricionais e a via de alimentação disponível.
• Tudo isso considera a vontade do paciente e estágio da doença.
(oncocenter, 2020)

Os Cuidados Paliativos coexistem com as terapias modificadoras durante grande


parte da trajetória da doença.

Figura 2: Variação da necessidade de cuidados paliativos

A execução dos Cuidados Paliativos é efetiva quando realizada por uma equipe
multidisciplinar composta por: - médicos, enfermeiros, assistentes sociais,
psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, nutricionistas,
capelães e voluntários que sejam competentes e habilidosos nos aspectos do
processo de cuidar relacionados à sua área de atuação.
REALIZANDO O TRATAMENTO PALIATIVO

O cuidado paliativo pode ser integrado em qualquer momento do tratamento


oncológico com o objetivo de otimizar a qualidade de vida e controle de sintomas.

No entanto, a sua atuação aumenta no momento em que o tratamento


específico não traz o benefício esperado ou é necessária sua suspensão.
Afinal, não sendo possível promover o tratamento específico da doença que
traz os sintomas, é necessário o controle destes sintomas com outras
estratégias, sejam medicamentosas ou não.

O desenvolvimento da medicina causou a medicalização da morte.

Antigamente, pessoas idosas morriam em seus lares, rodeadas de filhos e


netos. Hoje, com o advento das UTIs, não é raro que os últimos suspiros
sejam dados numa cama de hospital, rodeados de tubos, agulhas e bipes.

O cuidado paliativo também aborda aspectos relativos a esses cuidados de fim de


vida.

A medicina ainda não detém a capacidade de cura de todas as doenças,


invariavelmente iremos sucumbir à morte e o cuidado paliativo traz essa
temática, considerada tabu, principalmente em nossa sociedade ocidental.

O Código de Ética Médica4 aborda o tema no capítulo I artigo XXII:

Nas situações clínicas irreversíveis e terminais, o médico evitará a


realização de procedimentos diagnósticos e terapêuticos desnecessários e
propiciará aos pacientes sob sua atenção todos os cuidados paliativos
apropriados.

OBJETIVOS

• O cuidado paliativo visa aliviar o sofrimento causado por uma doença


grave e potencialmente fatal;
• Leva em consideração além dos sintomas físicos, aspectos
psicológicos, sociais e espirituais;

4
CEM. Código de Ética Médica. (2023) Disponível em:
https://portal.cfm.org.br/images/stories/biblioteca/codigo%20de%20etica%20medica.pdf Acesso: 29/03/2023.
• Prioriza uma comunicação clara com o paciente e sua família,
considerando sua vontade e seus valores;
• Evita expor o paciente a procedimentos e intervenções que não tenham
um objetivo claro em diminuir sintomas e aliviar sofrimento.
(ONCOCENTER, 2020)

ASSISTÊNCIA AO FIM DA VIDA

A “fase final da vida” é conhecida como aquela em que o processo de morte


ocorre de forma irreversível e o prognóstico de vida pode ser definido em
dias ou semanas. Nesse momento, os Cuidados Paliativos se tornam
indispensáveis e complexos em razão do objetivo de suprir a demanda de
atenção específica e contínua ao doente e à sua família, prevenindo e/ou
reduzindo o sofrimento, com o intuito de melhorar a qualidade de vida e de
morte. A condução de cada caso deve ser acordada entre paciente,
familiares e equipe de saúde.

As Diretivas Antecipadas de Vontade são definidas pelo Conselho Federal de


Medicina como o conjunto de desejos manifestados pelo paciente sobre cuidados e
tratamentos que o mesmo aceita ou não receber, no momento em que estiver
incapacitado de expressar, livre e autonomamente, sua vontade.

As ações nesse período têm como objetivo otimizar o controle de sintomas.


O alívio da dor e outros sintomas do paciente e de seus familiares devem
ser priorizados. Deve-se avaliar também a redução de procedimentos
invasivos e uso de medicações que não acrescentam benefícios relevantes
ao paciente portador de doença em estágio avançado.

É importante oferecer também orientações ao paciente a respeito das pendências e


providências legais.

Esse período é necessário para que se possam estreitar laços familiares e


com pessoas significativas, como também é tempo relevante para
investimento em suas crenças religiosas.

ÚLTIMAS HORAS DE VIDA

As últimas horas da vida geralmente são acompanhadas de mudanças


rápidas na condição do paciente e na capacidade da família de lidar com a
proximidade da morte. Por isso, esse período deve ser acompanhado pela
equipe de saúde com reavaliação regular do plano de cuidados.
Alguns sinais e sintomas como astenia, dor, mudanças no padrão respiratório e
redução no nível de consciência, são comuns nessa fase e precisam ser avaliados e
abordados. É necessário ainda que os familiares e cuidadores sejam orientados,
evitando e amenizando o sofrimento e as dúvidas.

CUIDANDO DOS FAMILIARES E CUIDADORES

Além do paciente, o cuidador não pode ser negligenciado no cenário dos


Cuidados Paliativos, seja ele formal (contratado para desempenhar um
serviço) ou informal (geralmente um familiar). A progressão de uma doença
incurável e o agravo à dependência que ela acarreta no indivíduo doente
exigem de quem cuida disposição e saúde emocional, e após a morte,
enfrentar o sofrimento da perda. Um cuidador em sobrecarga precisa zelar
para manter-se saudável e para o alcance máximo do potencial de cuidar.
Algumas estratégias podem ser adotadas para evitar o esgotamento, como
frequentar grupos de apoio a cuidadores, assim como ter uma rotina de
lazer e de descanso.

Além disso, é essencial falar francamente sobre as dificuldades e sobre os sentimentos envolvidos no
cuidado do paciente.

É indispensável fornecer auxílio aos familiares e cuidadores no período pós-óbito.


Existem estratégias presencias, como visitas em domicílio e consultas, contato
telefônico e grupos de apoio mútuo que podem ser oferecidas pelos profissionais, de
maneira a facilitar o processo de ajuste às mudanças causadas pela perda do
paciente.
CONCLUINDO

Vimos nesse estudo:

• Cuidados paliativos;
• Princípios;
• Evolução dos cuidados paliativos;
• Ações paliativas;
• Realizando o tratamento paliativo;
• Objetivos;
• Assistência ao fim da vida;
• Últimas horas de vida;
• Cuidando dos familiares e cuidadores.

Bons estudos!
REFERÊNCIAS

BRASIL. Cuidados paliativos: Conheça a abordagem dos Cuidados Paliativos para


o câncer do colo do útero. (2022) Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-
br/assuntos/gestor-e-profissional-de-saude/controle-do-cancer-do-colo-do-
utero/acoes/cuidados-paliativos Acesso: 29/03/2023.

CEM. Código de Ética Médica. (2023) Disponível em:


https://portal.cfm.org.br/images/stories/biblioteca/codigo%20de%20etica%20medica.
pdf Acesso: 29/03/2023.

WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). National cancer control programmes:


policies and managerial guidelines. 2.ed. Geneva: WHO, 2002.
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