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UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA

ICH- Instituto de Ciências Humanas

ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÕES PSICOLÓGICAS


ATUAÇÃO PSICOLOGICA EM CONTEXTOS DE ATENÇÃO À SAÚDE

IDENTIFICAÇÃO
INSTITUIÇÃO:
PRONTUÁRIO:

PACIENTE – V.B
SESSÃO – 01
DATA – 10/03/21
ESTAGIÁRIO – Fabio dos Santos Silva RA – D307AC0
SUPERVISOR - Marcelo M. S. Gianini – CRP 06/42144-7
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP
CENTRO DE PSICOLOGIA APLICADA TATUAPÉ

RELATÓRIO DE ATENDIMENTO PSICOLÓGICO

Prontuário:
Data: 10/03/2021
Paciente: Vivian Bearing
Área de atendimento: Instituto de Oncologia e Radioterapia de Guarulhos
Estagiário responsável: Fabio dos Santos Silva RA: D307AC0
Supervisor responsável: Marcelo M. S. Gianini – CRP 06/42144-7
Coordenador de CPA: Márcia Gabriel da Silva Rego – 06/20900-7

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

V. 48 anos, sexo feminino, não tem filhos, trabalha como professora. Foi
diagnosticada com câncer metástico avançado nos ovários e está em
tratamento quimioterápico intensivo. Não realizou nenhuma cirurgia e não
possui outras doenças.

DESCRIÇÃO DA DEMANDA

O diagnóstico da paciente não foi descoberto em estágios iniciais, sendo


perceptível apenas no quarto estágio, considerado um adenocarcinoma
insidioso. Ao se tratar de um tratamento de quimioterapia agressivo, os
sintomas como náuseas, vômitos, sensação de estar exausta e perda de
cabelo apareceram de forma abrupta. O processo de quimioterapia terá
conclusão dentro de oito meses.

PROCEDIMENTOS / CONDUTA

1ª Sessão: No primeiro contato com o médico que lhe deu a notícia


sobre seu estado de saúde, V. se mostrou apreensiva na tentativa de
processar tal informação tão inesperada e chocante. Esta primeira sessão teve
como objetivo coletar dados e informações pessoais da paciente e, em
seguida, descobrir quando e como foi a busca por ajuda médica até o momento
da descoberta do diagnóstico e como sua vida progrediu desde então.

EVOLUÇÃO PSICOLÓGICA

A paciente foi pega de surpresa neste primeiro momento, por não estar
esperando receber tal diagnóstico da forma que lhe foi apresentada. Porém,
não demonstrou raiva ou qualquer outro sentimento negativo ao ponto de negar
ou duvidar de sua condição.
A descoberta de seu atual grave estado de saúde a fez refletir sobre
diversos momentos de sua vida, em especial, aspectos como a falta de se ligar
afetivamente com outra pessoa e o modo como tratava seus alunos em sala de
aula. V. se considera uma pessoa difícil de lidar “... sei que não sou fácil. Uma
professora exigente. Intransigente” (sic).
Apesar de ser algo difícil de absorver, a paciente demonstra
compreensão e segue as orientações médicas para dar continuidade ao
tratamento. Entretanto, a falta de apoio familiar ou de amigos, juntamente com
a não existência de fé espiritual acabam contribuindo para sintomas
depressivos e até mesmo quadros de alucinações.
O tratamento de V. será dividido em oito ciclos de quimioterapia e será
administrado dose e agressividade total contra a doença. V. assinou um termo
de responsabilidade se habilitando a participar de uma pesquisa para saber
quais são as possíveis reações em um paciente que recebe tal dose intensiva
de tratamento.
V. relata sentir muito medo e não saber como será seu futuro, o que
antes do diagnóstico era evidentemente claro para ela, uma mulher
determinada, segura e confiante diante de suas responsabilidades. Porém,
após a descoberta do seu quadro clínico, passar praticamente o dia inteiro
deitada numa cama de hospital mediante a médicos que não estavam nem um
pouco preocupado com sua sanidade mental, apenas em obter dados para
contribuir na sua pesquisa, até então inédita, a faz pensar sobre seu passado,
refletindo em crises emocionais.
ANÁLISE

A descoberta do diagnóstico de V. a fez passar por modificações


significativas em sua vida, desde a mudança de rotina até mesmo sua
percepção em relação ao mundo. Porém, suas funções psíquicas sofreram
pouca, ou nenhuma alteração, consegue compreender de fato o que está
acontecendo com seu corpo e a importância de manter o tratamento, mesmo
duvidando da real intenção dos médicos, se é apenas em razão da ciência e
pesquisa, ou se estão em busca de melhorar a qualidade de vida da paciente.
Sua racionalidade permanece inabalada, apesar das crises
emocionais que lhe consome, consegue optar sem muito questionamento
sobre as medidas que serão tomadas caso seu coração pare de bater, V.
escolhe à não reanimação, o que reflete no diálogo que teve com a enfermeira
que cuidava do seu caso: Ao receber uma resposta negativa quando
perguntado para ela sobre seu estado de saúde e se a doença estava sendo
curada, V. replica: “Eu sabia” (sic).
Esta medida de não reanimação está se popularizando mundialmente,
Na Argentina, em 2001, foi firmado o Código de Ética Médica para a equipe de
saúde e está presente, no Livro II “Do Exercício profissional”, Capítulo V, o
Artigo 83, que dá ao paciente o direito de não prorrogar a sua enfermidade
(BANDEIRA, 2014)
A descoberta de um diagnóstico de câncer já é algo assustador, ainda
mais quando isso se faz presente em um estado avançado e praticamente
incurável. Algo que pode diminuir o sofrimento do paciente e auxiliá-lo no
enfrentamento da doença é em relação ao apoio familiar e de amigos, ou até
mesmo a presença de fé naquilo além do palpável.
Algo que não acontece com V. não há um ser, físico nem espiritual,
presente em sua vida que lhe possa fornecer segurança emocional, alguém
capaz de ser empático à sua saúde física e mental. O apoio social também
exerce uma função mediadora, contribuindo na manutenção da saúde, e
permite que as pessoas contornem a possibilidade de adoecer como resultado
de determinados eventos da vida, como a perda do emprego, ou da
capacidade de trabalhar, o falecimento de uma pessoa querida, uma ação de
despejo, etc. (VALLA, 1998).
CONCLUSÃO
Mesmo a questão de a doença ser um grande determinante para mudar
radicalmente sua vida, a paciente consegue demonstrar interesse e aceitação
em participar de um projeto de pesquisa que visa saber quais os possíveis
efeitos que um paciente sofrerá ao receber dose total de quimioterapia durante
oito meses seguidos. Apesar de demonstrar crises emocionais, a paciente está
consciente do seu quadro de saúde e consegue se manter no tratamento até o
momento final.

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Fabio dos Santos Silva
Estagiário – Psicologia da Saúde e Hospitalar
RA – D307AC0

____________________________
MARCELO M. S. GIANINI
Supervisora – Psicologia da Saúde e Hospitalar
CRP 06/42144-7
Bibliografia:
BANDEIRA, Amanda Gabriela Giusti; CABRAL, Suzane; PANKA, Mariane.
ORDEM DE NÃO REANIMAR EM PAÍSES LATINO-AMERICANOS. Revista
Brasileira de Enfermagem. Mar. 2010. Disponível
em:https://portalperiodicos.unoesc.edu.br/anaisdemedicina/article/view/4683/23
08
PIETRUKOWICZ , MARCIA CRISTINA LEAL CYPRIANO. APOIO SOCIAL E
RELIGIÃO: UMA FORMA DE ENFRENTAMENTO DOS PROBLEMAS DE
SAÚDE. 2001. Disponível em:
https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/4610/2/213.pdf

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