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CUIDADOS PALIATIVOS:

uma reflexão importante


Prof. Fabiana Floriani
Antigamente, os indivíduos morriam em
suas residências, com a presença de
amigos e familiares. Nos dias de hoje, as
pessoas vivenciam esse processo
internados em hospitais, cercado por
aparelhos. Esse modelo de morte é
denominado “morte moderna”. Com isso, o
homem moderno vive como se jamais
fosse morrer, e a morte se torna algo
distante. Isto acontece devido ao avanço
das tecnologias, dos estudos genéticos e da
biomedicina, que traz a percepção de que a
vida se prolonga e a morte se distancia
É importante conceber a
morte como um processo e
não como um fim, pois
considerando que o paciente
é um ser social e histórico,
cuidá-lo em seu momento
final significa entendê-lo,
ouvi-lo e respeitá-lo.
O processo de morrer e a morte do
outro, muitas vezes, despertam
sentimentos de medo, raiva, impotência,
insegurança, estando mais relacionado à
perda e à separação do que a um
processo natural da vida.
O conceito de "cuidados paliativos" é designado para
ação de uma equipe multiprofissional a pacientes fora
de possibilidades terapêuticas de cura. A palavra
"paliativa" é originada do latim palliun,
que significa manto, proteção, ou seja,
proteger aqueles em que a medicina curativa já não
mais acolhe.
São medidas que oferecem a
melhoria da qualidade de vida dos
pacientes e seus familiares no
momento do enfrentamento do fim
da vida, por meio da identificação
precoce, da prevenção do alívio da
dor e do sofrimento, avaliação e
tratamento adequado aos problemas
físicos, possibilitando o
enfrentamento com maior atenção
psicossocial e espiritual.
A TERAPIA É FOCADA NA PESSOA E
NÃO NA DOENÇA.
Os cuidados paliativos merecem especial
atenção para o controle e o manejo da dor,
CONTROLE DA FADIGA E CONFUSÃO MENTAL, a
higiene do paciente e do seu ambiente, a
construção de vínculos, o compartilhamento das
decisões com o paciente, a atenção aos seus
desejos, às respostas honestas e atenção aos
limites dos profissionais e cuidadores.
Por vezes, o paciente fora das possibilidades terapêuticas de
cura é considerado como “terminal”, remetendo à falsa
imagem de que nada mais pode ser feito. Contudo, o
paciente paliativo apresenta fragilidades e limitações
bastante específicas de naturezas física, psicológica, social e
espiritual que devem ser assistidas, não apenas em sua fase
terminal, mas durante todo o percurso da doença.
Para definir os cuidados paliativos, a Enfermagem trabalha a
partir da noção de um cuidado mais humanizado, não como
uma obrigação, mas como um ato de respeito e
solidariedade.
A atuação da Enfermagem paliativa consiste no
conhecimento da fisiopatologia das doenças malignas
degenerativas, anatomia e fisiologia humana, nos fármacos
utilizados no controle dos sintomas, artifícios de conforto,
bem como a competência de estabelecer boa comunicação.
ATENÇÃO AS DEMANDAS
ESPIRITUAIS
É preciso olhar para as necessidades não ditas, compreender o que se
oculta atrás das palavras, entender os processos da morte e do morrer
para que se torne capaz de auxiliar os pacientes na sua finitude, pois o
conhecimento insuficiente destes aspectos poderá levar a um
distanciamento do paciente como uma forma de proteção por não
saber enfrentar tal situação e uma falha na prestação do cuidado
singular e integral, tão almejado pela Enfermagem
Em situações delicadas como na terminalidade da
vida, se observa o desejo do paciente de estar
com a família e resolver assuntos que ainda não
foram resolvidos, mas, para isso, se deseja
privacidade e tranquilidade.
A necessidade de se reconhecer a finitude da vida humana é
de extrema importância, a fim de evitar sua conservação de
forma incondicional. Deve-se aplicar todas as medidas
necessárias e disponíveis para melhorar a qualidade de vida
do paciente paliativo e não sua quantidade de vida.
A boa morte ou morte digna tem sido associada ao conceito
de ortotanásia. Etimologicamente, ortotanásia significa
morte correta, de forma natural. Isso se traduz na morte
desejável, na qual não ocorre o prolongamento da vida
artificialmente, através de procedimentos e aparelhos que
acarretam aumento do sofrimento do paciente, o que altera
o processo natural do morrer.
A terminalidade da vida é um momento difícil para os familiares, ver
seu familiar em processo de cuidado paliativo, sabendo que não há
nada a ser feito para reverter essa situação.
Dessa forma, para os familiares, o conforto é ver que o paciente, seu
ente querido, nesses seus últimos dias de vida, esteja sendo bem
cuidado.

LUTO
ANTECIPADO
Em relação às dificuldades enfrentadas pelos próprios enfermeiros
durante o cuidado do paciente paliativo, estes ressaltam a
comunicação das más notícias, tanto para o paciente quanto para o
familiar, a sensação de fracasso por não poder fazer “nada”, a falta de
tempo para prestar um cuidado mais qualificado e, por vezes, a não
cooperação dos familiares no cuidado do paciente paliativo.
Cabe aos profissionais de saúde, atentar para as práticas
humanísticas que envolvem os cuidados paliativos, como
saber ouvir, ofertar suporte e apoio, respeitar decisões, estar
presente e ter empatia com o paciente e familiares.
Com isso, tanto paciente e família quanto o profissional se
fortalecerão e poderão encontrar a melhor forma de
enfrentamento diante do processo de morte e morrer.
Isto se configura no princípio de humanização da assistência,
indispensável nos cuidados paliativos.

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