LABORATÓRIO DE PESQUISA E EXTENSÃO EM LINGUAGEM, DOR, VIOLÊNCIA
E SUBJETIVIDADE (LALDVS) Laboratório LINC – Linguagem Cognição e Cultura e ao Grupo de Pesquisa – GELP/COLIN
PALESTRA: Suicídio: uma questão Filosófica, Subjetiva e de Gênero
PROFA NODJA HOLANDA • Segundo Kovács (2013) o suicídio considerado por Camus como uma verdadeira questão filosófica, pois avalia se a vida vale ou não a pena ser vivida, inclui uma série de fatores complexos, cujos contornos são vagos e indefinidos. • Camus julga, portanto, que o sentido da vida é a questão mais decisiva de todas. O suicídio sempre foi tratado somente como um fenômeno social. Ao invés, para começar, da relação entre o pensamento individual e o suicídio. • Para Camus começar a pensar é começar a ser minado. A sociedade não tem muito a ver com esses começos. O verme se acha no coração do homem. É ali que é preciso procurá-lo. • Para Levy (1979) apud Kovács (2013), em seu artigo traz algumas definições sobre o suicídio, segundo o autor de modo mais genérico o suicídio é processo autodestrutivo, inconsciente, lento e crônico. Tentativas do suicídio são atos deliberados de autoagressão, a pessoa não tem certeza de sobrevivência, e uma consciência vaga de risco de morte. Levy(1979) apud Kovács (2013) o significado etimológico da palavra suicídio é composta pelas palavras sui ( de si mesmo) e caedes (ação de matar), logo, matar a si mesmo, que em 1778 a palavra foi incluída no dicionário francês. Embora a etimologia traga evidências, da ideia sobre suicídio, porém encontramos muitas controvérsias, assim como causas variadas, influências internas e externas de fatores sociais e motivações internas. Kovács (2013) afirma que alguns autores consideram que o suicídio pode ser validado quando o sujeito está consciente de seu ato. Assim como, deve estar lúcido quanto a realização de seu ato. Será que o indivíduo quer mesmo morrer ou viver? Em cada situação deve-se levar em conta a intencionalidade e letalidade do ato. Schneidmann e Farberow (1959) apud Kovács (2013) chamaram o suicídio de “ cry for help” , pois para os autores o sujeito que atenta contra a própria vida, tem o desejo de chamar a atenção das pessoas para suas necessidades, pode ser considerada como uma forma de comunicação, que busca maior valorização pessoal e amor. A situação é considerada como ambivalente entre o desejo de viver e morrer. De acordo com Kovács (2013 ) o suicídio pode ser um ato complexo, não pode ser considerado em todos os caso como psicose, ou como desordem social, nem como, pode ser avaliado de modo simplista ligando a um acontecimento como rompimento amoroso, ou outras perdas. Para autora, o processo pode ter tido início na infância, pois todos nós desejamos morrer quando estamos desesperados ou desanimados. Kastenbaum (1983) apud Kovács (2013) existem uma relação positiva entre o aumento da idade e a taxa de suicídio. Para o autor a velhice apresenta-se como maior índice de suicídio, pois é o momento da vida em que o indivíduo vive situações desvitalizantes provocadas pelo isolamento social, desemprego, aflições econômicas e perda de pessoas queridas. Kovács (2013) afirma que o suicídio quanto ao gênero, observou-se que homens se suicidam mais pelo fato hipotético de apresentarem um menor índice de intolerância à frustação. Considera que subgrupos minoritários encontram-se mais vulneráveis a situações tensionantes, portanto com alto risco de suicídio. Países como a Hungria, Japão e a Suécia apresentam maiores índices de suicídio, ligados às práticas educacionais ou à repressão das emoções. Segundo o portal G1 (2014), no Brasil em 2012, foram registradas 11.821 mortes por suicídio, sendo 9.198 homens e 2.623 mulheres ( taxa de 6,0 para cada grupo de 100 mil habitantes). O estudo demonstra que a cada 40 segundos uma pessoa comente suicídio, mas apenas 28 países possuem planos estratégicos de prevenção. Foi observado também, que a mortalidade de pessoas idosas, entre 70 anos ou mais é maior. Conforme Kovács (2013 ) foi observado que em relação ao estado civil, as taxas de suicídio são maiores entre pessoas sozinhas, solteiras, viúvos ou separados. Entre as profissões, verificou-se que a medicina tem o maior indicador de suicídio, relacionou o fato a tensão causada pela profissão, e ainda ao acesso mais fácil às drogas letais. Segundo Boris, Bloc e Teófilo ( 2012, p. 17) “a construção das subjetividades masculina e feminina se configura, em grande parte, a partir de uma série de rituais que marcam as experiências cotidianas de homens e mulheres, ensejando diferentes arranjos socioculturais e, consequentemente, com claras repercussões nas relações de gênero.” De acordo com Boris, Bloc e Teófilo ( 2012, p.17) “ a construção da subjetividade masculina, apontando as dificuldades atuais vividas pelo homem, a necessidade de diferenciação em relação à mulher e o fato de que, ao contrário dela, ele é construído negativamente, ou seja, não deve ser um bebê, não deve ser uma mulher e não deve ser um homossexual. Destaca que tal fenômeno é engendrado pelo patriarcado, que define e controla as relações sociais de gênero há séculos.” Para os autores Boris, Bloc e Teófilo ( 2012, p. 17) “afirma que, embora tal sistema sociocultural venha perdendo sua força, favorecendo a expressão de algumas capacidades socialmente consideradas “femininas”, por outro lado, vem deixando os homens confusos devido à crescente multiplicidade dos papéis de gênero, o que tem caracterizado, para diversos pensadores sociais, uma crise da subjetividade masculina. Finalmente, denuncia o contexto de violência frequente em que ainda são construídos os homens, na atualidade.” A realidade brasileira quanto ao suicídio chama atenção em vários pontos, Kovács (2013) afirma que a primeira delas é quanto ao suicídio indígena, pois acreditava-se que as sociedades consideradas como primitivas estaria a salvo. Porém, conforme a psicóloga da FUNAI, Maria Aparecida Costa, as histórias de enforcamentos entre os índios guaranis da reserva de Dourados é antiga. A psicóloga atribui ao fenômeno o contato com as cidades, o abandono das tradições e cultos, o afastamento dos rituais e quebra do contato com as raízes. Outro ponto avaliado por Kovács foi que suicídio entre adolescentes apresentam preocupações, principalmente nos grandes centros urbanos. Biderman (2013) afirma que o suicídio é uma das primeiras causas de morte em homens jovens nos países emergentes, no Brasil 26 mortes por dia. A taxa aumentou 30% nos últimos 25 anos entre os adolescentes. (Documentário - Elena,de Petra Costa) Segundo Bueno (2016) o Ceará registrou 533 casos de suicídios em 2015, ficando no ranking do primeiro estado do nordeste, com o crescimento de 9.2% em relação ao ano anterior. O número aumentou em todo o país, mas segundo o PRAVIDA, Fábio Gomes de Matos, no Ceará o aumento foi maior, devido a degradação e desestruturação familiar, abuso de álcool e droga e falta de estrutura de saúde pública para tratar de transtornos associados ao suicídio. Segundo Fábio Gomes de Matos. existem dois grupos preditores do suicídio, que são os que tentam previamente e os que têm problemas associados aos transtornos mentais, onde podemos citar cinco deles: a depressão, o transtorno bipolar, o abuso de álcool e outras drogas, esquizofrenia e o transtorno de personalidade, principalmente o borderline. Entendemos que o suicídio está relacionado a uma questão filosófica, pois avalia se a vida vale ou não apena ser vivida. Assim, podemos refletir que o suicídio pode ser considerado um ato autodestruitivo, uma consciência vaga do risco de morte. O fenômeno possui causas variadas, pode ser influenciado por fatores externos ou internos. A situação é considerada como ambivalente entre o desejo de viver e morrer. Com o estudo foi observado que existe um maior percentual de homens que praticam o suicídio, a construção da subjetividade masculina, vem apontando as dificuldades atuais vividas pelo homem, a necessidade de diferenciação em relação à mulher. O suicídio entre adolescentes apresentam preocupações, principalmente nos grandes centros urbanos, no Ceará o indicador maior devido a degradação e desestruturação familiar, abuso de álcool e droga e falta de estrutura de saúde pública. BORIS, Georges Daniel Janja Bloc; BLOC, Lucas Guimarães; TEÓFILO, Mario Cezar Carvalho. Os rituais da construção da subjetividade masculina In: O público e o privado, n. 19, Janeiro/Junho, p. 17 – 31, 2012. BIDERMA, Iara. Taxa de suicídio entre jovens cresce 30% em 25 anos no Brasil. Folha de São Paulo on-line, São Paulo, 11/06/2013, (caderno equilíbrio e saúde) disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2013/06/1292216-para- cineasta-que-fez-filme-sobre-suicidio-da-irma-desinformacao-leva-a-tragedia.shtml acessado em: 07/09/17 KOVÁCS. Maria Júlia. A morte e o desenvolvimento humano. 5. ed.(reimpr 2008) São Paulo: Casa do psicólogo, 2013. http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/cidade/ceara-e-o-1-do- nordeste-em-suicidios-1.1645843 BUENO, Samira. Governar pelo medo ou pela lei? In: Anuário de Segurança Pública 2016 p.29 – 37 Disponível em http://www.forumseguranca.org.br/storage/10_anuario_site_18-11-2016-retificado.pdf acessado em 07/09/17 http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2014/09/brasil-e-o-8-pais-com-mais- suicidios-no-mundo-aponta-relatorio-da-oms.html