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PBE e TAB

Descrição: Leonardo Costa (fisioterapeuta de Atibaia - SP) e Renato Silva (psiquiatra


de Uberlândia - MG) em live do Instagram no dia 10/05/22 sobre Práticas Baseadas em
Evidência e Transtorno Afetivo Bipolar

Link da live: https://www.instagram.com/tv/CdZZ17Ngtb7/?igshid=YmMyMTA2M2Y=

Tópicos

Rapport inicial

- Esporte como forma de aumentar repertório para tolerar frustração (efeitos de P-, P+ e
extinção —> respondentes, supressão de operantes)

Pandemia e Saúde Mental

- Dificuldade de estabelecer o normal e o patológico —> ex. Medo de morrer (fora da


pandemia, pode não ser tão frequente na população: patológico / na pandemia: pode ser
normal, isto é, mais frequente na população)
- Estabelecimento do que é “normal” a partir da frequência de determinado comportamento
na população geral e no indivíduo em questão
- Aumento da frequência de TOC, TAG e depressão na pandemia.
- Vulnerabilidade genética: desencadeamento de transtornos ou agravamento do quadro na
pandemia.

Demandas no consultório psiquiátrico

- Demandas principais na pandemia (2021): ansiedade, depressão e uso de álcool


- 4ª onda da pandemia: saúde mental. “Descarga emocional” após a vivência da situação
aversiva (perigosa).
- Número de suicídio reduz em situações críticas, de alerta, e aumenta após as situações.

Resistência à busca de psiquiatras

- Ausência de marcador biológico para identificação do transtorno, diferentemente de outras


especialidades médicas, dificulta a aceitação e busca de tratamento psiquiátrico.
- Diagnósticos psiquiátricos são realizados, atualmente, exclusivamente partir da
identificação de sintomas clínicos —> diagnóstico depende dos métodos empregados pelo
clinico.
- Pode haver comorbidades. Os sintomas de ansiedade e depressão, por exemplo,
apresentam intersecção.
- *** “Transtorno” VS “Doença” —> transtornos não são doenças porque não é possível,
através das tecnologias atuais, discriminar as causas fisiopatológicas que produzem os
sintomas.

TAB tipo 1 e TAB tipo 2

- tipo 1: ausência de sono, aumento de “impulsos”, mais energia —> mania


- Falta de replicabilidade ao longo do tempo —> diagnósticos mudam de critérios na
Psiquiatra.
- A mania foi descrita a cerca de 2000 anos e seus critérios de identificação permanecem
até hoje.
- A duração de fase depressiva é maior do que a fase maníaca.
- A diferença entre a depressão e TAB está na fase maníaca. A distinção é realizada a partir
da busca episódios maníacos na vida do cliente. Apenas uma fase “ativada” já é suficiente
para determinar o diagnóstico de TAB, segundo Silva (2022).
- É possível realizar diagnóstico em apenas uma consulta, mas não é a regra. A média de
tempo para diagnóstico do tipo 1 é de 9 anos, mundialmente. O tipo 2 é de 13 anos.

Quando a pessoa vai ao médico, de fato?

- Fator complicador: na fase “ativada”, não há o sofrimento ao indivíduo, diferentemente da


fase depressiva (“egossíntonica”)—> aumento da grandiosidade, expansividade dificulta a
compreensão da própria condição.
- Taxa de divórcio em pessoas com TAB: 3 vezes a mais do que a pop. geral, em casos
mais claros. Em casos mais sutis (tipo 2), em que os sintomas confundem-se com a
“personalidade”, a proporção vai para 6 vezes.
- O tipo 2 pode sofrer mais, em função do diagnóstico tardio.

Opções terapêuticas baseadas em evidências ao TAB: farmacológicas e não


farmacológicas

- TAB é essencialmente neurobiológico, apesar de ainda não haverem marcadores


neurobiológicos ao seu diagnóstico.
- Medicamentos: estabilizadores de humor e antipsicóticos atípicos. As vezes, utiliza-se
antidepressivos, necessariamente acompanhados com estabilizadores de humor, para
evitar agravamento do quadro.
- Terapia Cognitivo Comportamental: mais evidências científicas
- Regulação do ritmo biológico: alimentar-se, regular horário de sono, de acordar…
- Exposição à luz pela manhã: a incidência solar é um aspecto que implica no TAB, em
função de alteração do núcleo supraquiasmático.
- A exposição ao sol é mais determinante em população que mora em locais de alta latitude
do globo (distantes da linha do equador).
Síntese

- TAB não é apenas medicamento, o que conduziria uma resposta parcial. São necessários
ajustes ambientais e de estilo de vida (programação de contingências).
- Tratamentos: medicamentos, TCC, regulação do ritmo biológico, questão nutricional.
- Resumo: remédio + estilo de vida de uma pessoa “militarmente” saudável: que não bebe,
certinho, come certo, acorda na hora certa, faz atividade física…
- Peso maior: dificuldade cognitiva maior, dada as fases de humor, períodos depressivos.

Intervenções pseudocientificas ao TAB: alerta

- Estudo com pessoas com depressão grave e placebo: houve melhora em 30% dos casos.
—> o efeito placebo é elevado na área de saúde mental.
- Iridologia: tratamento que envolve análise da íris —> nenhuma evidência
- Óleos essenciais: placebo.
- Óleo de lavanda: estudos para insônia —> evidências incertas.
- Terapias que não são Cognitivo Comportamental —> baixa evidência científica
- Contestação familiar: sem evidência
- Psicanálise: baixa evidência em comparação com TCC.
- Reiki: sem evidência científica
- Homeopatia: sem evidência científica

“Mal não faz”: faz mal

- Prescrição do placebo: único benefício é o efeito colateral. Que é uma probabilidade.


- Aumento do intervalo para o diagnóstico a partir da busca de tratamentos
pseudocientíficos: maior sofrimento e maiores prejuízos pessoais, profissionais,
acadêmicos, financeiros, conjugais…
- “Pra mim funcionou”: não significa nada. Não é evidência. Não houve comparação com
placebo, padrão ouro, com grupo controle…
- Método científico apresenta limitações, mas é o melhor que possuímos até o momento. É
método que aumenta a probabilidade da pessoa melhorar efetivamente.

Terapias não farmacológicas

- Basear-se em ensaios clínicos randomizamos para tomar decisões clínicas


- Buscar informações na Cochrane Library
- Buscar metanalises
- É necessário seguir evidências quando existem evidências. E existem evidências na área
de saúde mental.
- Na saúde mental, ainda não é consenso utilizar metanalises para conduzir casos clínicos.

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