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Cartilha

da
Desconstrução
REDUÇÃO DE DANOS

Aracaju SE
2022
A presente cartilha foi
confeccionada a partir do relatório
de estágio das discentes do curso de
Serviço Social da Universidade
Federal de Sergipe. A cartilha é
produto parcial da intervenção de
estágio realizada no CAPS AD Vida,
após ser observada a importância de
divulgar e fortalecer a Redução de
Danos, considerando essa uma
importante estratégia em saúde
pública.
1 VOCÊ SABE O
QUE SÃO Droga pode ter
DROGAS? muitos significados,
dependendo do
tempo e o lugar em
que fazemos essa
pergunta.
A Organização Mundial de Saúde
(OMS) diz que substâncias que não
sejam produzidas pelo organismo e
que possuam a propriedade de atuar
no corpo, produzindo alterações em
seu funcionamento, é um tipo de
droga.

O café presente no dia a dia do brasileiro contém


cafeína, que é uma droga presente não somente
nele, mas em refrigerantes, chocolates e chás. Os
medicamentos que vemos em farmácias, lugares
que não por um acaso são também chamados
drogarias, são drogas. O álcool é uma droga, assim
como a nicotina presente nos cigarros. Isso porque
todas essas substâncias causam mudanças no
nosso corpo e no nosso comportamento.
MAS POR QUE VOCÊ PODE
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FUMAR UM CIGARRO DE
NICOTINA TRANQUILAMENTE
EM UMA PRAÇA E SE FIZER O
MESMO COM UM "BASEADO"
PODE TER PROBLEMAS COM
A POLÍCIA?

As drogas podem ser lícitas ou ilícitas,


ou seja, as que são permitidas por lei e
as que seu uso, venda ou fabricação são
proibidos por lei. Como exemplo de
drogas ilícitas temos a maconha, a
cocaína, heroína, entre outras.

O É F E IT A P O R C A U SA
ESSA DIVISÃ U E A LG UM A S
J U ÍZ O S Q
DO S PRE S A ÚDE?
U S A M À
DRO G AS C A

Não necessariamente. O álcool já foi


uma droga proibida durante alguns
anos, assim como a cocaína foi
legalizada por algum tempo, sendo até
mesmo utilizada na composição de
refrigerantes. Atualmente diversas
drogas estão presentes na composição
de medicamentos.
3 SO BRE O
O ESTIG MA
DE DR OG AS
USO

O estigma ao uso de drogas é nada mais que o preconceito


que a sociedade tem em relação às drogas. Essas ainda são
vistas por uma perspectiva conservadora e moralizante.
Por conta disso, o usuário de drogas é muitas vezes visto
como perigoso, violento, sem caráter, fraco, entre outros
estereótipos. Esse pensamento atinge em maior parte
pessoas que se encontram em situação de vulnerabilidade
social que, em sua grande maioria, são pretos e pobres.
Portanto, fatores como pobreza, raça e orientação sexual
favorecem a estigmatição das pessoas usuárias de drogas.

QUAIS AS
CONSEQUÊNCIAS
DO ESTIGMA DO Tais estigmas prejudicam a
USO DE DROGA?
autoestima, a inserção
comunitária e até mesmo pode
vir a agravar problemas de
saúde e sofrimento mental.
Por isso, é preciso informação
através de ações que
promovam a desmitificação
sobre o uso de drogas e investir
no cuidado sob a ótica da
universalidade e integralidade.
TE D ISS O , AS DROGAS
4
INDEPEN DE N
AU S AR A LG UM TIPO DE DANO.
PODEM C
A FIN A L, O Q UE É DANO?
MAS

Quando falamos em danos relacionados ao uso de


drogas, precisamos entender que se trata de prejuízos
que o consumo e/ou abuso, podem causar às várias
partes da vida de uma pessoa, a depender do contexto
e padrão de uso. Os danos para a saúde podem ser à
saúde mental, físicos e emocionais; além dos danos
sociais, com impactos em relacionamentos e emprego,
além de problemas legais e com a justiça.

Apesar das pessoas com graves problemas


com drogas possam apresentar
comportamentos parecidos, cada uma
delas é diferente. Por exemplo, há pessoas
que conseguem fazer o uso controlado do
álcool, enquanto outras pessoas não
possuem essa mesma relação com a droga
e não conseguem controlar esse uso.
5 A relação de cada pessoa com a droga
depende do contexto e do seu padrão de uso.
Podendo ter baixos riscos ou não.

O ser humano ao longo da história


sempre usou o que chamamos drogas,
mas com características e significados
diferentes ao longo do tempo.
Por sua vez, a dependência às drogas é
um fenômeno complexo que envolve
várias causas.

Padrões de uso
Uso: Existem vários padrões de relação com as drogas
e nem todos são problemáticos, isso tanto para as
drogas lícitas quanto às ilícitas. Inclusive, a maior parte
de usuários/as/es não chegam a desenvolver
dependência. Ainda que mesmo o uso ocasional possa
causar algum dano, como os casos de acidente de
trânsito causados por motoristas sob efeito de álcool.
Uso abusivo (uso nocivo): É um padrão no qual a droga
causa um dano físico e/ou mental da pessoa e que não
esteja presente três ou mais sinais da da dependência
no período de um ano.
Dependência: É a partir de uma avaliação e diagnóstico
que pode-se diferenciar o abuso e a dependência.
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A Classificação Internacional de Doenças
(CID-10) aponta alguns critérios para o
diagnóstico de dependência, alguns sinais são:
A pessoa sente um forte desejo por usar a
droga e dificuldade em controlar seu
comportamento de consumi-la;
Abstinência quando não utiliza;
Consumo cada vez em maior quantidade para
atingir os efeitos esperados;
Abandono de interesses recreativos em favor
da droga;
Persistir no uso mesmo com consequências
danosas.

Não somente a forma de usar


uma droga é diferente, mas as
pessoas são diferentes umas das
outras, com histórias de vida e
trajetórias únicas. E a estratégia
de redução de danos valoriza
essa singularidade.
7 AFINAL O QUE É A
REDUÇÃO DE
DANOS?
(RD)

A RD é uma forma
ética e responsável
de lidar com a
relação entre as
pessoas e as
drogas.

Um conjunto de ações que


permitem reduzir os riscos no
consumo de drogas.
É uma ESTRATÉGIA DE SAÚDE
PÚBLICA, que respeita e estimula o
autocuidado e autonomia. Reduzir
danos também é uma nova forma
de pensar as políticas públicas
sobre drogas.

A RD surge em oposição às es
tratégias de proibição e com
base na tolerância e compree
nsão da diversidade. Sendo
essencial continuar oferecendo
serviços de saúde para todas
as pessoas que tem problemas
com drogas.
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Mesmo que para algumas pessoas
o ideal seria se relacionar de forma menos abusiva com
as drogas, isso pode ser
muito difícil, demorado ou não pode acontecer. Por isso é
necessário os serviços de saúde serem ofertados
inclusive para aquelas pessoas que não querem ou não
conseguem interromper o uso dessas substâncias. O
oferecimento
desses serviços pode evitar que se exponham a
situações de risco e possibilitar sua aproximação das
instituições, abrindo a possibilidade de que peçam ajuda
posteriormente.

Nem todas as pessoas querem ou


conseguem parar o uso de drogas, cada
usuário/a/e de drogas possui suas
próprias demandas. A RD propõe a
construção de um projeto de vida para
essas pessoas, de modo que elas se
relacionem de forma mais saudável com a
droga.
9 As estratégias de RD
podem contribuir para que
uma pessoa que se
relacione abusivamente
com o álcool continue
fazendo uso sem ter tantos
danos associados.

ROJETO TERAP ÊUT ICO


P
SINGULAR (PTS)

Entre as estratégias de cuidado em saúde mental está o


PTS. No CAPS ele é construído em conjunto pela equipe
multidisciplinar, usuário/a/e e sua rede de apoio, num
processo de corresponsabilização.
O PTS busca, entre outras coisas, estimular a autonomia e
a inclusão social, através de ações que fortalecem a
construção do projeto de vida de cada pessoa. Nele é
levado em consideração a SINGULARIDADE de cada
usuário/a/e, tomando por base o CONTEXTO ao qual ele/a
está inserido.
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QUAIS ESTRATÉGIAS DE
REDUÇÃO DE DANOS

Estratégias terapêuticas:
• Estimular o fortalecimento da rede de apoio;
• Estimular o fortalecimento da autonomia;
• Incluir atividades que envolvam educação,
esporte, cultura e lazer.

Estratégias sociais:
• Geração de trabalho e renda
• Investimento em políticas públicas
• Investimento em pesquisa
• Campanhas de conscientização do uso de
substâncias psicoativas
11 Estratégias em saúde:
• Manter-se sempre hidratado
• Ter uma alimentação balanceada
• Fazer acompanhamento médico
• Não compartilhar agulhas e seringas
• Use camisinha

Usar piteiras
Não trague longas;
com força; Use sedas
Não segure finas;
fumaça; Para
Use filtros. compartilhar
use piteiras
individuais.

Intercale o
Usar canudo álcool com
descartável; bebidas não
Não usar alcoólicas;
nota de Evite misturar
dinheiro álcool e
para cheirar; outras
drogas.
ir a s e st ra tégias?
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Como ating
a ju d a e sp ec ia lizada
Busque
CAPS Vida:
(79)3179-3770
CAPS Primavera:
(79)3179-4621
• Os CAPS AD (Álcool e Drogas):
Dispositivo do SUS que atende usuários de todas as
faixas etárias que apresentam prejuízos decorrentes
do uso álcool e outras drogas.
• Programa de Redução de Danos:
Os redutores de danos trabalham junto com usuários de álcool
e outras drogas promovendo a articulação com os serviços de
saúde e ações educacionais e culturais que possibilitam a
ampliação do repertório de vida. Os redutores de danos atuam,
principalmente, nas cenas de uso e no território.
•Os CRAS e CREAS:
Dispositivos da assistência social para pessoas em situações
de vulnerabilidade, violência e violação de direitos.
•Centro POP:
Atendimento especializado para população em situação
de rua. Centro Pop distribui tikets para refeições do
restaurante popular.
•A Unidade de Saúde da Família (USF):
Porta de entrada do SUS. Acesso gratuito e universal. Procure a
mais próxima. Fornece camisinhas gratuitamente.
•Restaurante Popular Padre Pedro:
Fornecimento de almoço e jantar a 1 real.
REFERÊNCIAS
LIMA, E. H. Educação em saúde e uso de
drogas: Um estudo acerca da
representação das drogas para jovens em
cumprimento de medidas
socioeducativas. Belo Horizonte, 2013.
NICASTRI, S. Drogas: classificação e efeitos
no organismo. In: SENAD. Prevenção
ao uso indevido de drogas: Capacitação para
Conselheiros e Lideranças
Comunitárias. Brasília, 3. ed. 2011, p. 17 – 38.
PASSOS, E. H; SOUZA, T. P. Redução de
danos e saúde pública: construções
alternativas à política global de “guerra às
drogas”. Revista Psicologia &
Sociedade, p. 154-162.
PETUCO, D. As três ondas da Redução de
Danos no Brasil. Boletim do Instituto
Saúde, vol. 21, no. 2, p. 94-103.
RIBEIRO, M. M. Drogas e redução de danos:
análise crítica no âmbito das ciências
criminais. Tese de Doutorado. Faculdade de
Direito da USP, São Paulo, 2012.
VENÂNCIO, R. P; CARNEIRO, R. Álcool e
drogas na história do Brasil. São
Paulo: Alameda, 2005.
Equipe
Idealizadora
Thamires Santos Fernandes
Vitória Beatriz Santana Alves
(Estagiárias de Serviço Social)

Maísa Aguiar Santana


(Assistente Social - Supervisora
Técnica)

Nailsa Maria Souza Araújo


(Assistente Social - Supervisora
Acadêmica)

CAPS ad Vida
(Equipe Multiprofissional)

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