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Suicídio e Depressão

Disciplina – Estudos de integralidade

Profa. Responsável: Gisele O´Dwyer

Estágio Docente: Maria Fernanda Coutinho

Rio de Janeiro
2018
 Suicídio e sua definição
Expressão comportamento suicida.
 O suicídio é uma das dimensões do comportamento suicida que inclui um
continuum de comportamentos que vão desde ideação suicida, passando por
ameaças, planos, tentativas de suicídio até o desfecho, qualquer que seja o
grau de intenção letal e de conhecimento do verdadeiro motivo desse ato
(DE-LEO et al, 2006).
 Continuum: ideação - planejamento - tentativa (BOTEGA et al, 2015).
 Experiência de "querer morrer" inclui uma vasta gama de cognições e
comportamentos de intensidades variadas, ao mesmo tempo em que
envolve, no ato, fatores da mais diversa e complexa natureza.
 Suicídio não é uma doença, mas um desfecho que pode ocorrer pela
combinação de múltiplos fatores.
Magnitude
Suicídio como problema de Saúde Pública

 Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio


representa 1,4% de todas as mortes em todo o mundo, tornando-
se, em 2012, a 15a causa de mortalidade na população geral;
 entre os jovens de 15 a 29 anos, é a segunda principal causa de
morte. (Brasil, 2017).
 No Brasil, entre 2011 e 2016, identificaram-se 48.204 (27,4%)
casos de tentativa de suicídio, sendo 33.269 (69,0%) em mulheres e
14.931 (31,0%) em homens. (notificação no SINAM casos de
violências interpessoais ou autoprovocadas) (Brasil, 2017).
 Taxas mais elevadas nas regiões Sul e Centro-Oeste, em cidades de
pequeno e médio porte populacional;
Magnitude
Suicídio como problema de Saúde Pública
 Meios: variam de acordo com a cultura e o acesso que se tem a eles.
(Botega, 2015)
 No BR:
Enforcamento: 47%
Armas de fogo: 19%
Envenenamento: 14%
Entre Homens: Predomínio de métodos mais drásticos - enforcamento
(58%), uso de arma de fogo(19%).
Entre Mulheres: Predomínio de métodos não violentos
(autoenvenenamento e ingestão excessivas de medicamentos).

No espectro do comportamento autoagressivo, o suicídio é a ponta


de um iceberg.
Imagem cedida pelo Prof.Dr.Neury Botega, UNICAMP, adaptada pelo grupo de pesquisa

ATENDIDOS EM
PRONTO-SOCORRO

TENTA-
3 TIVA
DE VETOR DE
SUICÍDIO INTERVENÇÃO &
PREVENÇÃO
5 PLANO

17
PENSAMENTO

De cada 100 habitantes


Magnitude
Suicídio como problema de Saúde Pública

 Apesar da subnotificação dos casos em todo mundo, os dados


globais apontam números preocupantes;

 impacto social e econômico significativo (utilização de serviços de


saúde, efeito psicológico e social sobre indivíduo e familiars e ônus
decorrente de incapacitação de longa duração);
Suicídio e os Transtornos Mentais
 Na América do Norte: até 2/3 das pessoas que cometeram suicídio
tiveram contato com um professional de saúde por queixas físicas
ou emocionais no mês anterior à sua morte;
 Pacientes são silenciosos e podem ser mal avaliados;
 Perdas ou condições sociais, por si só, não podem explicar um
suicídio;
 Apesar de o suicídio envolver questões socioculturais,
psicodinâmicas, filosófico-existenciais e ambientais, na quase
totalidade dos casos o transtorno mental é um fator
vulnerabilizador que necessita estar presente para que, culmine no
suicídio do indivíduo, quando somado a outros fatores.
Suicídio e Transtornos Mentais
Análise de 15.629 suicídios na população geral brasileira

Sem diagnóstico 3.2%


Transtornos do humor
35.8%

Transtornos de
personalidade
11.6% +
Esquizofrenia
10.6%
Transtornos relacionados
ao uso de substâncias
22.4%
Bertolote e cols., 2003
Suicídio e Depressão
 
 Histórico de tentativa de suicídio ou a presença de um transtorno
mental são os maiores indicadores de risco;
 A associação entre depressão e suicídio é inequívoca, sendo a
condição que mais predispõem ao suicídio;
 O risco de suicídio aumenta mais de 20 vezes em indivíduos com
episódio depressivo maior, e é ainda maior em sujeitos com
comorbidade com outros transtornos psiquiátricos ou doenças clínicas
(Lönnqvist, 2000).
 Diagnóstico tardio, a carência de serviços de atenção à saúde mental e
a inadequação do tratamento agravam a evolução da doença e, em
consequência, o risco de suicídio.
Depressão
  Generalização da depressão – diagnóstico, estado de espírito
 ...a depressão como patologia com entidade própria e independente da
subjetividade, que emerge na mídia como o mal quase epidêmico desse
fim de século, parece ser um subproduto contemporâneo do casamento
entre o neoliberalismo globalizante e o capital com os avanços das
ciências neurobiológicas (Quinet, 2002).
  É fato que a tristeza está presente nos dias atuais, como a expressão da
dor dos sujeitos de existir em uma sociedade neoliberal, ainda que
escondida atrás da máscara da depressão.
 Medicalizar X Medicar/tratar
Depressão

 Trata-se de possibilitar ao sujeito que sofre acessar uma via que vá da


dor de existir à alegria de viver.
 A presença de sintomas depressivos não significa necessariamente a
existência de um transtorno.
 A noção de depressão foi construída ao longo do tempo e está
profundamente articulada ao paradigma psiquiátrico vigente.
 A questão maior do ponto de vista clínico/psiquiátrico é justamente saber
como esse sujeito lida com a dor, a tristeza, a angústia: é isso que
fornecerá pistas se cabe ou não um diagnóstico do DSM - Depressão.
Depressão
 O termo depressão foi usado pela primeira vez em meados do século
XIX, na expressão depressão mental, fazendo referência ao estado
cerebral subjacente.
 Nessa época a depressão aparece ligada a quadros psicóticos ou
ciclotímicos (fase maníaca e fase depressiva), contudo ainda não
separados propriamente como categoria nosológica.

 Foi a partir da primeira metade do século XX, com Kurt Scheider, e


impulsionados com o advento do primeiro antidepressivo –
Imipramina-, que os quadros depressivos passam a ser detalhados
através da psicopatologia (GONÇALVES, 2007).
Depressão
 A depressão aparecerá como entidade nosológica a partir do DSM III-
Depressão Maior (FACÓ, 2007, p.107), pertencente ao grupo dos
transtornos afetivos.
 DSM IV e DSMIV TR- Transtorno Depressivo Maior (depressão).
 Do ponto de vista psicopatológico, as síndromes depressivas têm
como elementos mais salientes o humor triste e o desânimo.
Entretanto, elas caracterizam-se por uma multiplicidade de sintomas
afetivos, instintivos e neurovegetativos, ideativos e cognitivos,
relativos à autovaloração, à vontade e à psicomotricidade. Também
podem estar presentes, em formas graves de depressão, sintomas
psicóticos (delírios e/ou alucinações), marcante alteração psicomotora
(geralmente lentificação ou estupor) e fenômenos biológicos
(neuronais ou neuroendócrinos) associados (DALGALARRONDO,
2008).
Depressão
 Do ponto de vista psicológico, as síndromes depressivas têm uma
relação fundamental com as experiências de perdas significativas
reais ou simbólicas (DALGALARRONDO, 2008).
 A prevalência na população geral para transtornos depressivos tem
alcançado números entre 4% e 10%.
 Uma em cada 20 pessoas é atingida por um episódio depressivo
durante o curso da vida, e, em cada 50 casos diagnosticados com a
patologia, um necessita de internação, e 15,0% dos deprimidos
graves cometem suicídio (CUNHA; BASTOS; DUCA, 2012).
 depressão é sabidamente uma patologia com alto índice de melhora
quando (PINTO, 2007).
Depressão e TMC na Atenção Básica

 A depressão na população geral é uma das apresentações clínicas


mais comuns que os médicos da atenção primária são chamados a
diagnosticar e tratar, levando-se em conta o alto índice de
comorbidade (20-45,0%) com doenças sistêmicas, crônicas e
debilitantes (SILVA, 2005).
 não necessariamente a depressão se apresenta de modo mais
estruturado, no sentido de conformar um transtorno psiquiátrico
propriamente dito.
 Os transtornos mentais comuns são repletos de queixas somáticas,
porém sem qualquer patologia orgânica associada que os justifiquem
(CHIAVERINI ET AL., 2011) e representam 50% dos casos que
chegam à AB procurando ajuda para seu sofrimento emocional,
sendo que desses casos 30% apresentam remissão dos sintomas ao
ser acolhido pela equipe individualmente ou em grupo.
Depressão e TMC na Atenção Básica
 Esses casos podem ser compreendidos como reações normais às
dificuldades da vida, mas demandam acolhimento, escuta e
tratamento por parte dos profissionais de saúde que os recebem.
 Atenção especial para que o sintoma que chega à UBS (Unidade
Básica de Saúde) não seja medicalizado e o sujeito em sofrimento
seja ouvido em suas demandas
 Nem sempre demandam intervenções psicológicas estruturadas, mas
quando identificado a necessidade das mesmas é fundamental
encaminhamento (CHIAVERINI ET AL., 2011).
 Dificuldade em função da apresentação que esses quadros assumem,
não se enquadrando às classificações nosológicas, a partir de critérios
e categorias definidos a priori.
Depressão e TMC na Atenção Básica
 Dificuldade dos médicos da AB: saber se trata-se de quadros mais
estruturados de transtornos mentais ou se há risco para desenvolvê-
los, ou se tratam-se de transtornos mentais que podem encontrar
resolução através de intervenções mais simples.
 A importância de separar os TMCs dos quadros de depressão
estruturados, diz respeito a maneira como serão conduzidas as
medidas de intervenção
 os transtornos mentais comuns são a demanda de saúde mental
característica da atenção primária e por isso podem e devem ser
tratados pelos profissionais dessas equipes - VÍNCULO.
 profissionais devem estar aptos a realizar as intervenções.
Beck Depression Inventory - BDI (Beck et al., 1961)
versão revisada (Beck et al., 1979)

Este questionário consiste em 21 grupos de afirmações. Depois de ler


cuidadosamente cada grupo, faça um círculo em torno do número (0, 1, 2
ou 3) próximo à afirmação, em cada grupo, que descreve melhor a maneira
que você tem se sentido na última semana, incluindo hoje. Se várias
afirmações num grupo parecerem se aplicar igualmente bem, faça um
círculo em cada uma. Tome cuidado de ler todas as afirmações, em cada
grupo, antes de fazer sua escolha.
1 - Tristeza
• 0 Não me sinto triste.
• 1 Eu me sinto triste grande parte do tempo.
4 – Perda de prazer
• 2 Estou sempre triste. • 0 Continuo sentindo o mesmo prazer que
• 3 Estou tão triste ou infeliz que não consigo sentia com as coisa de que eu gosto.
suportar. • 1 Não sinto tanto prazer com as coisas
  como costumava sentir.
2 - Pessimismo • 2 Tenho muito pouco prazer nas coisas que
• 0 Não estou desanimado (a) a respeito do meu eu costumava gostar.
futuro • 3 Não tenho mais nenhum prazer nas coisas
• 1 Eu me sinto mais desanimado (a) a respeito do que costumava gostar. 
meu futuro como de costume
• 2 Não espero que as coisas deem certo para mim. 5 – Sentimentos de culpa
• 3 Sinto que não há esperança quanto ao meu • 0 Não me sinto especialmente culpado(a).
• 1 Eu me sinto culpado(a) a respeito de
futuro. Acho que só vai piorar.
várias coisas que fiz e/ou que deveria ter
feito.
3 – Fracasso passado • 2 Eu me sinto culpado(a) na maior parte do
• 0 Não me sinto um(a) fracassado(a). tempo
• 1 Tenho fracassado mais do que deveria. • 3 Eu me sinto sempre culpado(a).
• 2 Quando penso no passado vejo muitos
fracassos.
• 3 Sinto que como pessoa sou um completo
fracasso
6 – Sentimentos de punição 9 - Pensamentos ou desejos suicidas
• 0 Não acho que esteja sendo punido(a). • 0 Não tenho nenhum pensamento de me
• 1 Acho que posso ser punido(a). matar.
• 2 Acho que vou ser punido(a). • 1 Tenho pensamento de me matar, mas não
• 3 Acho que estou sendo punido(a). levaria isso adiante.
  • 2 Gostaria de me matar.
7- Autoestima • 3 Eu me mataria se tivesse oportunidade.
• 0 Não me sinto decepcionado comigo
mesmo. 10 - Choro
• 1 Estou decepcionado comigo mesmo. • 0 Não choro mais que chorava antes.
• 2 Estou enojado de mim. • 1 Choro mais agora do que costumava
• 3 Eu me odeio. chorar.
  • 2 Agora, choro o tempo todo.
8 - Autocrítica • 3 Sinto vontade de chorar, mas não
• 0 Não me sinto de qualquer modo pior que consigo.
os outros.

 
• 1 Sou crítico em relação a mim por minhas
fraquezas ou erros.
• 2 Eu me critico por todos os meus erros. 11- Agitação
• 3 Eu me culpo por tudo de ruim que
• 0 Não me sinto mais inquieto(a) ou
acontece.
agitado(a) do que me sentia antes.
• 1 Eu me sinto mais inquieto(a) ou
agitado(a) do que me sentia antes.
• 2 Eu me sinto tão inquieto(a) ou agitado(a)
que é difícil ficar parado(a).
• 3 Estou tão inquieto(a) ou agitado(a) que
tenho que estar sempre me mexendo ou
fazendo alguma coisa
12 – Perda de interesse 15 – Falta de energia
• 0 Não perdi o interesse pelas outras pessoas ou por • 0 Tenho tanta energia hoje como sempre
minhas atividades. tive
• 1 Estou menos interessado pelas outras pessoas ou • 1 Tenho menos energia do que costumava
coisas do que costumava estar. ter.
• 2 Perdi quase todo o interesse pelas outras pessoas ou • 2 Não tenho energia suficiente para fazer
coisas. muita coisa.
• 3 É difícil me interessar por alguma coisa. • 3 Não tenho energia para mais nada.
 
13 – Indecisão
• 0 Tomo decisões tão bem quanto antes.
16 – Alterações no padrão do sono
• 1 Acho mais difícil tomar decisões agora do que antes. • 0 Consigo dormir tão bem como o
• 2 Tenho mais dificuldades de tomar decisões agora do
habitual
que antes. • 1 Não durmo tão bem como costumava
• 3 Tenho dificuldades para tomar qualquer decisão. • 2 Acordo 1 a 2 horas mais cedo do que
habitualmente e acho difícil voltar a
14 - Desvalorização dormir
• 0 Não me sinto sem valor. • 3 Acordo várias horas mais cedo do que
• 1 Não me considero hoje tão útil ou não me valorizo costumava e não consigo voltar a dormir
como antes.  
• 2 Eu me sinto com menos valor quando me comparo
17 - Irritabilidade
com outras pessoas. • 0 Não fico mais irritado(a) do que o
• 3 Eu me sinto completamente sem valor.
habitual.
• 1 Estou mais irritado(a) do que o
habitual.
• 2 Estou muito mais irritado(a) do que o
habitual.
• 3 Fico irritado(a) o tempo todo.
18 - Alterações do apetite 21 – Perda de interesse por sexo
• 0 O meu apetite não está pior do que o habitual. • 0 Não notei qualquer mudança recente no
• 1 Meu apetite não é tão bom como costumava ser. meu interesse por sexo.
• 2 Meu apetite é muito pior agora. • 1 Estou menos interessado(a) por sexo do
• 3 Absolutamente não tenho mais apetite. que costumava estar.
  • 2 Estou muito menos interessado(a) por
19 – Dificuldade de concentração sexo agora.
• 0 Posso me concentrar tão bem quanto antes. • 3 Perdi completamente o interesse por
• 1 Não posso me concentrar tão bem quanto antes. sexo.
• 2 É muito difícil pra mim manter a concentração
de alguma coisa por muito tempo.
• 3 Eu acho que não consigo me concentrar em
nada.
 
20 - Cansaço ou fadiga
• 0 Não estou mais cansado(a) ou fatigado(a) do que
o habitual.
• 1 Fico cansado(a) ou fatigado(a) mais facilmente
do que o habitual.
• 2 Eu me sinto muito cansado(a) ou fatigado(a)
para fazer muitas coisas que costumava fazer.
• 3 Eu me sinto muito cansado(a) ou fatigado(a)
para fazer a maioria das coisas que costumava
fazer.
 
Resultados e Discussão
Resultados e D
Resultados Quantitativos
Tabela 7- Distribuição de pacientes em TARV por resultado do instrumento de
rastreamento de sintomas depressivos em pacientes que iniciaram TARV em 2014
no CSEGSF (n=18). Período: 2014-2015.
Sujeito Resultado BECK
1 05 pontos Ausência de sintomas
2 00 pontos Ausência de sintomas
6 17 pontos Sintomas leves a moderados
7 38 pontos Sintomas graves
10 04 pontos Ausência de sintomas
11 49 pontos Sintomas graves
12 47 pontos Sintomas graves
13 00 pontos Ausência de sintomas
14 04 pontos Ausência de sintomas
15 10 pontos Ausência de sintomas
16 01 pontos Ausência de sintomas
19 00 pontos Ausência de sintomas
20 16 pontos Sintomas leves a moderados
23 20 pontos Sintomas leves a moderados
24 30 pontos Sintomas graves
25 01 pontos Ausência de sintomas
27 14 pontos Ausência de sintomas
28 04 pontos Ausência de sintomas
Fonte: BDI II
Resultados e Discussão
Resultados e D
Resultados Quantitativos

Is
cussao
- Prevalência de depressão: 22,24% (sintomas graves)
- 61,10% - ausência de sintomas de depressão
- 16,66% - sintomas leves a moderados (P6, P20e P23)
- 22,24% - sintomas graves (P7, P11, P12 e P23)
Resultados e Discussão
Resultados e D
Resultados Quantitativos

Is
Meu mundo acabou, pra mim naquele momento eu não me via
cussao
mais normal. Acabou, fiquei sem chão. Vários pensamentos,
não tinha ninguém pra falar...Eu não sou mais normal, que eu
tenho limitações, que eu não sou mais uma pessoa que posso
fazer certos tipos de coisas (P11).

Persistência do impacto:
...eu não consigo trabalhar...eu só choro...se eu soubesse que
parando hoje eu morreria amanhã, já teria parado. Não faço
questão de viver assim (P11).
Fatores que podem impedir à detecção e
prevenção do suicídio
 Estigma e sigilo;
 
 Dificuldade em procurar ajuda;

 Falta de conhecimento e atenção sobre o suicídio por parte dos


profissionais de saúde;
 
 O suicídio consumado não é um evento frequente (as tentativas e a
ideação suicida são MUITO mais comuns!).
Avaliação Circunstancial

 DEPRESSÃO
 
 DESESPERANÇA
 
 DESAMPARO
 
 DESESPERO
Manejo do suicídio
 Existem três características próprias do estado em que se encontra a
maioria das pessoas sob risco de suicídio:
 Ambivalência (possibilita prevenção): é atitude interna característica
das pessoas que pensam em ou que tentam o suicídio. Quase sempre
querem ao mesmo tempo alcançar a morte, mas também viver.
 Impulsividade: o suicídio pode ser também um ato impulsivo. Como
qualquer outro impulso, o impulso de cometer suicídio pode ser
transitório e durar alguns minutos ou horas.
 Rigidez/constrição: o estado cognitivo de quem apresenta
comportamento suicida é, geralmente, de constrição, ou seja, tudo ou
nada e por vezes sem saída
 
Manejo do suicídio

 A maioria das pessoas com idéias de morte comunica seus pensamentos e


intenções suicidas.
 
 Fique atento às frases de alerta!!!!  

“Eu preferia estar morto”.


“Eu não posso fazer nada”.
“Eu não agüento mais”.
“Eu sou um perdedor e um peso pros outros”.
“Os outros vão ser mais felizes sem mim”.
Manejo do suicídio
 O principal objetivo na intervenção na crise suicida: MANTER O
PACIENTE SEGURO!

 Internação involuntária em hospital seguro no caso de pacientes de alto


risco.

 O paciente deve ser reavaliado diariamente.

 Pós-tentativa: avaliação médica e estabilização (ações prioritárias!)


 
Manejo do suicídio
 

 Pacientes com comportamento suicida ou ideação suicida que não


requerem internação: deve-se buscar a cooperação da família ou de outras
pessoas importantes
 A segurança toma a precedência da confidencialidade!
 Prover ambiente seguro e compreensivo;
 Cuidadores devem ser alertados a remover riscos potenciais do ambiente
do paciente;
 O risco de suicídio deve ser constantemente reavaliado e decisões sobre
movimentação e atividades devem ser baseadas nesta revisão.
 
Manejo do suicídio
Erradicar:
-Armas de fogo e armas brancas
-Medicamentos ao alcance do paciente ou de
outras pessoas de casa
-Gás, inseticidas, “chumbinho”
 
Modificar:
-Circunstâncias arquitetônicas (altura)
-Trajeto em ruas de movimento, obstáculos,
trilhos, vãos, abismos no percurso
 
Medidas de proteção
 

Bons vínculos afetivos;

Sensação de estar integrado a um grupo ou comunidade;

Religiosidade robusta;

Ausência de doença mental;

Estar empregado;

Gravidez;

Crianças em casa;

Relação terapêutica positiva.


Facilitadores
 Transtornos mentais (depressão, alcoolismo);
 Personalidade impulsiva e agressiva;

 Tentativa de suicídio anterior (>risco);


 Uso de substâncias;

 Doença Crônica;

 Dor Crônica;

 Eventos ou perdas recentes levando a humilhação, vergonha ou desespero;


Conclusão
 O contato inicial é muito importante

1. Mostre que você se importa:


2. Pergunte sobre suicídio:
3. Procure ajuda imediatamente:
 Garantir que é possível obter ajuda e que você ajudará;
 Ganhe confiança e peça informações que possam ser úteis nessa hora
(telefone de parentes ou amigos);
 Nunca deixe a pessoa ir embora sozinha sem avisar a algum
responsável e também à clínica;
 Se amigos e parentes estiverem próximos faça encontrar a pessoa.
11/04/2023
Referências Bibliográficas
Botega, N.J. Crise suicida: avaliação e manejo. Porto Alegre: Artmed, 2015.
• CUNHA, R. V. da; BASTOS, G. A. N.; DUCA, G. F. D. Prevalence of depression and
associated factors in a low income community of Porto Alegre, Rio Grande do Sul.
Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 15, n. 2, p. 346–354, 2012.
•  CHIAVERINI et al. Guia prático de matriciamento em saúde mental. Brasília:
Ministério da Saúde: Centro de Estudo e Pesquisa em Saúde Coletiva, 2011.
• DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais.
Rio de Janeiro: Artmed ed., 2008.

GONÇALVES, M.L.F.E. DSM e Depressão: dos sujeitos singulares aos transtornos


universais. Rio de Janeiro: UERJ, 2007.

QUINET, A(org.). Extravios do desejo: depressão e melancolia. Rio de


Janeiro: Rios Ambiciosos, 2002.

37
11/04/2023
Referências Bibliográficas
• PINTO, D.S et al. Sexualidade e vulnerabilidade ao HIV em saúde mental:
um estudo de base etnográfica de instituições psiquiátricas. Cad. Saúde
Pública, Rio de Janeiro, v.23, n.9, p.2224-2233, set. 2007.
SILVA, J.R. A depressão e a adesão ao tratamento da infecção pelo HIV.
São Paulo: USP, 2005.

38
“Reasons for Living Inventory” - Itens selecionados de
uma escala de sobrevivência e coping (Chiles JA &
Strosahl, KD).

• (2) Eu acho que consigo aprender a lidar com os meus


problemas
• (3) Eu acho que tenho controle sobre a minha vida e meu
destino
• (12) A vida é tudo que eu tenho e é melhor do que nada
• (13) Eu tenho planos que pretendo realizar
• (35) Eu ainda tenho muitas coisas para fazer
• (37) Eu estou feliz e contente com a minha vida
• (40) Eu tenho esperança que as coisas melhorarão e o futuro
será melhor
• (44) Eu acredito que eu posso encontrar um propósito para
viver; uma razão para viver
Suicide Ideation Scale, Aaron Beck et al.
Escala de Ideação Suicida de Beck (SSI, Beck)

Beck, A T, Kovacs M. Weissman, A. Assessment of suicidal Intent: The


scale for suicide ideation. J.Consult & Clin. Psychol.,1979,47,343-352.

Tradução e adaptação: Carlos Estellita-Lins, FIOCRUZ/ ICICT;


1. Desejo de viver
• Como está sua vontade de viver?
• De ontem para hoje você sente vontade de viver?
• Hoje você sente vontade de viver?
• Como está seu desejo de viver?
• Você sente vontade de viver?
2. Desejo de morrer
• Você sente vontade de morrer?

• De ontem para hoje você sentiu vontade de


morrer?

•O que pesa mais forte sua vontade de viver ou


de morrer?

• Você sente vontade de não estar aqui?


3. Razões para viver ou morrer

• O que pesa mais forte a razão para viver ou pra


morrer?

• Ou você acha que tem mais razões para morrer ou


viver?
4. Desejo de fazer tentativa ativa
de suicídio
• Está tendo algum pensamento de tentar se matar de ontem
para hoje?
• Está com vontade de fazer alguma tentativa de se matar?
• Você teve vontade de se matar de ontem para hoje?
• Você está tendo algum pensamento ruim de tentar se
matar?
• 5. Desejo passivo de suicídio
Já pensou em atravessar a rua sem se cuidar(distraidamente)?
• Você tem se descuida de sua vida, desejando que algo aconteça
com sua vida e você venha a morrer?
• Você deseja que algo aconteça com você e acabe com sua vida?
• Você deseja que alto aconteça a você e provoque sua morte?
• Você se descuida com você mesmo até algo acontecer?
• Você se descuida às vezes até a ponto de ter risco de morrer?
• Você ta desistindo, deixa de ter certos cuidados com a vida?
• Você toma atitudes para a sorte decidir que você vai viver ou
morrer?
6. Duração de ideação ou desejo suicida

• Quanto tempo dura o sua vontade de morrer?


• Deontem para hoje quanto tempo dura o seu
pensamento de vontade de morrer?
• Deontem par hoje quanto tempo dura o seu
pensamento de vontade de se matar?
• Quando vem o pensamento de se matar quanto tempo
dura?
• Quando você pensa em morrer quanto tempo você
reflete (pensa) sobre isso?
7. Freqüência dos pensamentos
suicidas

• De ontem para hoje você pensou muitas vezes nisso?


• De ontem para hoje quantas vezes pensou em se matar?
• De quanto em quanto tempo esses pensamentos vêem?
8. Atitude diante da ideação ou
desejo de morrer
• De ontem para hoje você pensou em morrer e lutou contra
esse pensamento?(razões para viver)
• Quando pensa em morrer você luta contra essa idéia?
• O que você faz quando tem esses pensamentos?
9. Controle sobre ação suicida ou desejo de passagem ao ato

• Você acha que controla essa vontade? (atenta para a sua


ambivalência?)

• Você acha que consegue controlar?


10. Obstáculos para tentativa
ativa
• O que te impede de se matar?
• O que impede você de fazer esse ato?
• Você pensa no que te impede de você se matar?
• Existe alguma coisa que te empeça de tentar se matar?
• O que faz você não se matar?
• O que te segura aqui?
11. Motivo para tentativa contemplada/ em questão/ planejada

• Para que lhe serviu essa tentativa de se matar?


• O que te levou a tentar a se matar?
• Qual a vantagem de se matar?
• O que você ganha tentando em se matar?
• Para que serve essa tentativa?
12. Especificidade e planejamento da tentativa contemplada

• Você planejou como se matar?

• Você pensou em como se matar? (planejou/não planejou/


planejou com detalhes)?
13. Disponibilidade e oportunidade
para tentativa contemplada

• Antecipou oportunidades no futuro?


• Como seria sua tentativa de se matar? (ferramentas
disponíveis?)
• Como seria?
• Você teve a chance real de se matar?
• Você tem os objetos disponíveis para se matar?
• Você tem as coisas ao seu alcance para se matar?
• Você tem as coisas à mão para se matar?
• Você tem o momento ideal para se matar?
14. Senso de capacidade para conduzir a tentativa

• Você acha que consegue?


• Você acredita que vai tentar?
• Você pensa que consegue?
• Você acredita que consegue se matar?
• Você acredita que consegue morrer?
15. Expectativa ou antecipação da tentativa efetiva

• Você acredita que vai tentar?


• Você tem uma data para isso?
• Você está esperando um momento para isso?
• Você está esperando que isso aconteça um momento
certo?
• Você fica esperando que isso realmente aconteça?
16. Preparação real para tentativa contemplada/em questão/planejada

• Você se preparou para isso?


• Como?
• Você se preparou para essa tentativa?
• Você reuniu as coisas necessárias para essa tentativa?
• Você juntou as coisas todas necessárias para sae matar?
17. Bilhete suicida

• Você deixou algum bilhete?


• Você comunicou de alguma maneira que? Você elaborou
um aviso?
• Você deixou algum recado?
• Você pensou ou criou alguma forma de despedida?
• Você deixou algum recado?
• Você deixou algum recado para se despedir?
18. Atos finais antecipando morte

• Vocêpensou em alguns planos (cuidados para depois


de sua morte?)?
• Tomou alguma providencia (preparação) para depois de
sua morte?
• Vocêfez algum arranjo para depois de sua morte/ Você
pensou em algum cuidado para depois de sua morte?
• Você fez algum acerto?
• Você deixou as coisas arrumadas?
19. Dissimulação ou ocultamento
da tentativa contemplada

• Índice de fidedignidade (o paciente revela as idéias


claramente ou não ?)

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